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Critérios de formulação de indicadores e Modelos de gestão estratégica da qualidade SST Cassol, Mauricio Critérios de formulação de indicadores e Modelos de gestão estratégica da qualidade / Mauricio Cassol Ano: 2020 nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Critérios de formulação de indicadores e Modelos de gestão estratégica da qualidade 3 Apresentação Neste material, veremos alguns critérios de formulação de indicadores e modelos de gestão estratégia da qualidade. Você já se perguntou para que servem os indicadores? E como e por quem eles são criados? Ao longo de nossos estudos, veremos as respostas para esses questionamentos. Para isso, estudaremos alguns fatores-chave de desempenho e alguns indicadores da qualidade. Depois, veremos o que são os sistemas estratégicos de medição de desempenho e como são utilizados. Por fim, finalizaremos os nossos estudos vendo as relações de causa e efeito entre os indicadores. Vamos lá? Fatores-chave de desempenho e indicadores da qualidade Quando se trata da gestão e controle da qualidade por meio de indicadores da qualidade e do desempenho, devemos definir indicadores para cada uma das dimensões críticas de desempenho da qualidade, quais sejam: qualidade em si mesma, confiabilidade, flexibilidade e custo, que podem ser desdobradas em muitas medidas detalhadas ou podem ser agregadas em medidas compostas, como satisfação do consumidor, nível de serviço geral ou agilidade na operação (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). Um dos problemas ao desenvolver um sistema de medidas de gestão do desempenho eficiente e eficaz é ter, por um lado, poucas medidas-chave de desempenho (simples e diretas, mas que não são capazes de refletir os objetivos globais da organização) e, por outro lado, ter muitas medidas detalhadas (complexas e difíceis de gerenciar, mas capazes de refletir muitas nuances do desempenho) (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). De maneira geral, um equilíbrio entre medidas simples e complexas, de desempenho global ou mais localizadas, será alcançado ao garantir que haja uma ligação clara e direta entre a estratégia geral de operações e os indicadores-chave de desempenho (Key Performance Indicators – KPI), que represente os objetivos estratégicos e 4 o grupo de medidas que são usadas para dar vida a cada indicador-chave de desempenho (SLACK; BRANDON-JONES; JOHNSTON, 2015). Segundo Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015), no processo de formulação de indicadores, devemos responder a três questões genéricas, observadas na figura a seguir. Questões-chave para o processo de formulação de indicadores Que fatores devem ser observados e incluídos como medidas de desempenho? Quais são os fatores de desempenho mais importantes? Que medidas detalhadas usar? Formulação de indicadores Fonte: Adaptada de Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015). Além disso, há cinco perspectivas-chave de desenho em operações e qualidade que podem ser compostas de medidas de menor abrangência e focalizadas em processos específicos. O quadro a seguir apresenta os principais indicadores da qualidade e do desempenho considerando as cinco perspectivas-chave de desempenho em gestão de operações e da qualidade. Indicadores-chave de desempenho em qualidade Objetivos de desempenho Indicadores-chave Qualidade número de defeitos por unidade. Nível de reclamação do consumidor. Nível de refugo. Solicitações de garantia. Tempo médio entre falhas. Grau de satisfação do consumidor. 5 Velocidade tempo do consumidor em fila. Lead time de pedido. Frequência de entregas. Tempo de atravessamento real x panejado. Tempo de ciclo. Confiabilidade % de pedidos entregues com atraso. Tempo médio de atraso de pedidos. % de produtos em estoque x vendas. Desvio médio de promessas de entrega. Aderência à programação. Flexibilidade tempo de desenvolvimento de produtos. Faixa de produtos ou serviços. Tempo de mudança de máquina. Tamanho médio de lote. Tempo para aumentar a taxa de produção. Custo variações de custos frente ao orçado. Utilização de recursos. Produtividade da mão de obra. Valor agregado. Eficiência em custos. Custo por hora de operação. Fonte: Slack, Brandon-Jones e Johnston (2015, p. 565). Conforme o quadro, os cinco objetivos de desempenho – qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo – podem ser desdobrados em medidas mais pontuais. 6 Sistemas estratégicos de medição de desempenho Os indicadores de desempenho precisam ser abordados de forma sistêmica e apresentar um alinhamento com a estratégia empresarial. De outra forma, se observados isoladamente, corre-se o risco de formar uma falsa imagem de que a otimização das partes esteja promovendo a otimização da empresa como um todo, o que nem sempre é verdade (TOLEDO et al., 2014). Para que ocorra a otimização das partes do sistema como um todo, é necessário que haja um processo de medição de desempenho que garanta melhor controle do desempenho global da organização. Só assim será possível visualizar tanto os resultados dos indicadores individuais quanto o relacionamento desses com a estratégia (TOLEDO et al., 2014). Modelos como o performance pyramid promovem o desdobramento vertical e horizontal dos indicadores de desempenho, atuando como um “mapa” que guia a tomada de decisões e ações do negócio e que é composto de vários elementos, como demonstra a figura a seguir. Modelo performance pyramid Visão Mercado Qualidade Entrega Tempo de ciclo Satisfação do cliente Satisfação do cliente Flexibilidade Operações O bj et iv os Eficácia externa Eficácia interna Produtividade Finanças In di ca do re s de D es em pe nh o Fonte: Toledo et al. (2014, p. 370). Como é possível observar, o performance pyramid propõe o desdobramento da visão da empresa, em termos de objetivos de mercado (externos) e financeiros (internos); para o sistema operacional do negócio, em termos de satisfação do 7 cliente (externa), flexibilidade e produtividade (interna); e para os departamentos e centros de trabalho, em termos de qualidade e entrega (externa) e tempo de ciclo e perda (interna) (TOLEDO et al., 2014). As medidas de desempenho externas focam a eficácia, enquanto as internas focam a eficiência (TOLEDO et al., 2014). A frequência com que ocorrem as etapas sistemáticas da medição de desempenho precisa ser adequada às necessidades de cada empresa. Além disso, os resultados precisam ser divulgados de forma simples e com apelo visual para que o entendimento e a consequente tomada de decisão e ação sejam otimizadas (TOLEDO et al., 2014). Diante disso, temos o Balanced Scorecard (BSC). Conheça mais sobre ele na sequência. Balanced scorecard (BSC) traduz a missão e a estratégia das organizações por meio de um conjunto amplo de medidas de desempenho, que atua como base para um sistema de medição e gestão estratégica. Clie nte Balanced scorecard Processo M edida s Sucesso Operação Crescimento Meta O BSC mede o desempenho organizacional sob quatro perspectivas-chave equilibradas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento. 8 O BSC permite que as empresas acompanhem o desempe- nho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis fundamentais para o crescimento futuro (KAPLAN; NORTON, 1997). Observe, na figura a seguir, a visão e a estratégica como núcleos do BSC. Visão e estratégia como núcleos do balanced scorecard Clientes “Para alcançarmos nossa visão, como deveríamos ser vistos pelos nossos clientes?” Visão e Estratégia Ob jet ivo s Ind ica do res Me tas Ini cia tiv as Processos Internos “Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em que deve- mos ser excelentes?” Ob jet ivos Ind ica do res Me tas Ini cia tiv as Aprendizado e Crescimento “Para alcançarmos nossa visão, como sustaremos a nossa capacidade de mudar e melhorar?” Ob jet ivo s Ind ica do res Me tas Ini cia tiv as Finanças “Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveríamos ser vistos pelos nossos acionistas?” Ob jet ivo s Ind ica do res Me tas Ini cia tiv as Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 10). Como se pode observar na figura, os objetivos e medidas de um BSC são estabelecidos a partir da visão e estratégia da empresa. Esses objetivos e seus respectivos indicadores focalizam o desempenho organizacional sob as quatro perspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e crescimento. Assim, os objetivos e medidas utilizadas no BSC não se limitam a um conjunto aleatório de medidas de desempenho financeiro e não financeiro. 9 O BSC deve traduzir a missão e a estratégia de uma unidade de negócios em objetivos e medidas tangíveis. As medidas apresentam o equilíbrio entre indicadores externos voltados para acionistas e clientes e as medidas internas dos processos críticos de negócios, inovação, aprendizado e crescimento (KAPLAN; NORTON, 1997). Atenção O BSC é mais que um sistema de medição de desempenho que utiliza medidas táticas ou operacionais. Empresas inovadoras estão utilizando-o como um sistema de gestão estratégica para administrar a estratégia no longo prazo. Elas vêm adotando a filosofia do BSC para viabilizar processos gerenciais críticos, como: • elucidar e demonstrar a visão e a estratégia; • informar e integrar objetivos e medidas estratégicas; • planejar, elucidar metas e alinhar as iniciativas estratégicas; • aperfeiçoar o feedback e o aprendizado estratégico. As relações de causa e efeito Segundo Kaplan e Norton (1997, p. 30), “[...] estratégia é um conjunto de hipóteses sobre causas e efeitos”. Um sistema de medição deve explicitar as relações (hipóteses) entre os objetivos (e as medidas) nas quatro perspectivas, para que elas possam ser gerenciadas e validadas. Assim, a cadeia de causa e efeito deve passar por todas as quatro perspectivas do BSC. Por exemplo: o retorno sobre o capital investido (ROCE) pode ser uma medida do BSC na perspectiva financeira. O vetor dessa medida (impulsionador) poderia ser a repetição e a ampliação das vendas aos clientes existentes, resultado de muita lealdade conquistada desses clientes. Portanto, a lealdade dos clientes, que está presente como medida na perspectiva clientes do BSC, impulsiona o ROCE, que representa o desempenho financeiro da organização, conforme demonstra a figura a seguir: 10 Relações de causa e efeito entre indicadores nas quatro perspectivas estratégicas de desempenho do BSC Financeira Clientes Processos Internos Aprendizado e Crescimento ROCE Retorno sobre o capital investido Lealdade dos clientes Competência dos colaboradores Pontualidade das entregas Qualidade dos processos Ciclo dos processos Fonte: Kaplan e Norton (1997, p. 31). Podemos interpretar as relações de causa e efeito entre os indicadores nas quatro perspectivas do BSC da seguinte forma: • se aumentarmos as competências de nossos colaboradores por meio de capacitações, aumentaremos, por consequência, os níveis de qualidade dos nossos processos e diminuiremos os ciclos dos processos; • isso, por sua vez, melhorará a pontualidade de nossas entregas, aumentando a lealdade de nossos clientes; • em decorrência do aumento da lealdade, haverá também o aumento do índice de repetição e a ampliação das vendas para nossos clientes e nossas recei- tas, aumentando, assim, o nosso resultado financeiro. 11 Fechamento Neste material, conhecemos alguns critérios para a formulação de indicadores e modelos de gestão estratégica da qualidade. Como vimos, é importante que as empresas criem indicadores para cada uma das dimensões críticas de desempenho da qualidade. Sabendo disso, conhecemos as cinco perspectivas-chave de desempenho em gestão de operações e da qualidade: qualidade, velocidade, confiabilidade, flexibilidade e custo. Também vimos que os indicadores de desempenho precisam ser trabalhados de forma sistêmica e nunca isolados. Finalmente, encerramos os nossos estudos conhecendo algumas ferramentas para analisar indicadores – tais como o modelo de performance pyramid e o balanced scorecard (BSC), que também auxiliam nas tomadas de decisões – e, por fim, analisamos como acontece a relação de causa e efeito entre os indicadores. Referências KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. SLACK, N.; BRANDON-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. Rio de Janeiro: Atlas, 2015. TOLEDO, J. C. et al. Qualidade: gestão e métodos. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
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