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I) Os fitonematoides em geral são classificados como endoparasitas, que invadem os tecidos radiculares e fica grande parte do seu ciclo de vida dentro das raízes das plantas, ou ectoparasitas, que geralmente alimentam-se externamente a raiz. Os nematoides alimentam-se nas raízes por meio de um estilete que é inserido nas células das raízes para remover o conteúdo celular. Desta maneira impedem a absorção de água e nutrientes pelas plantas. Em sua maioria, os fitonematoides tem tamanho microscópico, variando o comprimento do corpo de 0,2 a 3,0 mm; algumas exceções – como espécies dos gêneros Longidorus, Paralongidorus e Tubixaba – podem chegar a 10-12 mm. Duas referências visuais bem simples para esse reduzido tamanho: os fitonematoides são bem menores e mais esguios que um fio de cabelo humano e mesmo exemplares medindo 1,5 mm de comprimento podem passar facilmente pelo buraco de uma agulha. Vale frisar que as fêmeas no geral são maiores que os correspondentes machos. A forma do corpo largamente predominante é a filiforme (ou fusiforme), mas há exceções a essa regra, podendo–se encontrar fêmeas sexualmente maduras obesas, com formatos aberrantes que lembram limão, rim, esfera, pêra e outros. Os machos são sempre filiformes, indiferente ao fato de se alimentarem ou não sobre as plantas hospedeiras. Fitonematoides são incolores, exceto as fêmeas obesas filiadas a certos gêneros, que são brancas enquanto vivas (Meloidogyne, Heterodera) e se tornam amareladas, douradas ou pardo- escuras (Heterodera, Globodera) após a morte. Uma região escura observada em espécimes filiformes, que se estende por até 2/3 do comprimento, consiste do conteúdo interno do tubo digestório, que é vista em função da transparência da parede do corpo. São organismos subcilíndricos, comparáveis estruturalmente a um modelo formado por dois tubos, um (externo: a parede do corpo) contendo o outro (interno: basicamente, o sistema digestório) e o espaço intermediário (o pseudoceloma) preenchido por um fluído mantido sob adequada pressão. Tal simples modelo estrutural para o corpo tem sido a causa apontada mais frequentemente para explicar a uniformidade morfológica observada no filo Nematoda. Embora não se possam distinguir regiões no corpo, uma parte “anterior”, compreendendo cavidade bucal e esôfago (com respectivos anexos), e outra “caudal”, incluindo a porção final a partir do ânus, têm sido reconhecidas pelos nematologistas. Em secção transversal, o corpo exibe contorno circular e quatro setores podem ser definidos: dorsal, ventral e dois laterais. E como identificar tais setores ao se examinar espécimes em vista longitudinal? Para tanto, recorre-se à localização das aberturas naturais do nematoide - poro excretor, ânus e, nas fêmeas, também a vulva – que estão tipicamente presentes no lado ventral. É importante ressaltar que, nos nematoides em geral (fitonematoides incluídos), não se conhecem os sistemas respiratório e circulatório, ou seja, não há órgãos especializados destinados ao exercício de tais funções. As trocas gasosas, usualmente, se dão por difusão pelo tegumento. A parede do corpo dos Fitonematoides serve como interface entre o nematoide e o ambiente que o envolve. É um órgão complexo constituído de camada elástica, não celular, a cutícula (dividida em saber, epicutícula, exocutícula, mesocutícula e endocutícula), sob a qual se localiza a epiderme (camada fina, metabolicamente ativa, de células multinucleadas, que produz as secreções responsáveis pela formação e manutenção da cutícula). O tegumento atua como barreira eficiente que: i) protege o nematoide de substâncias nocivas ocorrentes no meio externo; e ii) sendo permeável, regula a entrada e a saída de substâncias no corpo. Como estrutura elástica, tem participação também na locomoção do nematoide. O pseudoceloma é preenchido por um fluido que banha todos os órgãos e desempenha papel importante na manutenção de uma elevada pressão interna. O sistema digestório é composto de três partes: i) estomodeo, compreendendo cavidade bucal (= estoma) e esôfago; ii) mesêntero, representado pelo intestino em quase toda a sua extensão; e iii) proctodeo, incluindo a porção final do intestino - o reto - e o ânus. O Sistema excretor-secretor tem a função de coletar os produtos finais do metabolismo, remover-lhes as toxinas e eliminá-las do corpo. O sistema nervoso funciona como receptor dos diferentes tipos de estímulos providos pelo ambiente, conduzindo-os a um órgão central responsável por identificá-los e produzir adequadas respostas aos mesmos, transmitidas até estruturas, como músculos e glândulas, capazes de executá- las. II) Gênero Heterodera É um gênero de nematódeos da família Heteroderidae. Os membros do gênero são parasitas obrigatórios e diferentes espécies atacam diferentes culturas vegetais e frequentemente causam grande prejuízo econômico. O gênero é único entre os gêneros de nematódeos por causa da habilidade das fêmeas de se transformar em um cisto marrom duro que protege os ovos que foram formados dentro do corpo dela. Esta habilidade lhe confere a capacidade de sobreviver por anos sob condições ambientais inadequadas e na ausência da hospedeira. Uma das principais espécies deste gênero é a Heterodera glycines Ichinohe, 1952 e é conhecida como o nematóide de cisto da soja. O ciclo de vida desta espécie pode durar 24 a 30 dias sob ótimas condições, no verão. Consequentemente, duas a quatro gerações por estação de crescimento são possíveis. De ovo a ovo, o ciclo varia de 15 a 24 dias (o máximo de eclosão ocorre com temperatura diurna de 26 °C, em combinação com uma noturna de 22 °C, sendo mais estimulada por plantas após a floração do que por plantas no estádio vegetativo). As perdas mais severas em soja estão associadas a solos arenosos. . Assim, uma cultivar de soja suscetível, semeada no final da época recomendada, possibilitaria o desenvolvimento de três gerações. Mas, se uma cultivar tardia for semeada no início da época recomendada, esta forneceria alimento para, pelo menos, seis gerações. O maior número de ovos é alcançado no final do período da safra da soja em regiões de verão seco e quente. O desenvolvimento inclui quatro ecdises, sendo que o II estágio Juvenil que é a fase infectante. Este eclode e sai do cisto, colocando-se em posição paralela ao eixo principal da raiz, com a região anterior próxima ao cilindro central. As larvas das fêmeas gradativamente adquirem o formato de limão, rompendo o córtex radicular, emergindo à superfície, permanecendo apenas a região anterior embutida nos tecidos, com o restante do corpo à mostra, fora da raiz (Figura 1). https://pt.wikipedia.org/wiki/Ovo Figura 1 - Ciclo de vida de Heterodera glycines. Fonte: AGRIOS (2005). Os machos, após atingirem o estágio adulto, abandonam as raízes. As fêmeas fertilizadas produzem e armazenam os ovos no interior de seu corpo e, após a sua morte, sua cutícula altera-se quimicamente, adquirindo coloração marrom e transformando-se em uma estrutura protetora rígida, denominada cisto, com mais ou menos 500 ovos, que podem permanecer viáveis por até sete anos, mesmo sem a presença de um hospedeiro. Após a fecundação, os ovos maturam dentro do corpo da fêmea que degenera a uma massa gelatinosa, que serve de proteção para os ovos. Pode também ser coberta pela "camada sub-cristalina", possivelmente produzida por um fungo simbionte. Quando as partes infectadas da planta se degeneram os cistos são liberados no solo. Dentro deles se desenvolvem os II estágios Juvenis, os quais então escapam para o solo, onde podem viver por alguns meses, até um ano, sem se alimentar, penetrando num novo hospedeiro quando o encontram. Na ausência de condições favoráveis os cistos secos podem viver por até sete anos, apesar de o número de ovos viáveis neles diminuir.Referências AGRIOS, G.N. Plant Pathology. 5th Ed. Amsterdam. Elsevier Academic Press. 2005. CUNHA, Rafael Pereira; Maia, Gerliane Lorena; Rodacki, Marcelo Eduardo Prado; Silva, Gilson Soares da; Meyer, Maurício Conrado. Ciclo de vida de Heterodera glycines raça 9 em soja no Estado do Maranhão Summa Phytopathologica Set 2008, Volume 34 Nº 3 Páginas 262 - 264 LIRA, V. L. Caracterização morfométrica e molecular de populações de Pratylenchus coffeae e reações de leguminosas e gramíneas ao parasitismo. 2013. 59 f. Dissertação (Mestrado: Área de concentração em Saúde Humana e Meio Ambiente) – Universidade Federal de Pernambuco – CAV, Vitória de Santo Antão, 2013. OLIVEIRA, C. M. G. Aplicação conjunta de técnicas moleculares e taxonomia clássica na resolução de problemas taxonômicas de nematoides. Tropical Plant Pathology, Brasília, DF, v. 35, p. 58, 2010. https://www.agrolink.com.br/problemas/nematoide-de-cistos-da-soja_3092.html (acesso em 21 de abril de 2021) https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/pimenta/arvore/CONT000gn0k9b x902wx5ok0liq1mqut1365k.html (acesso em 21 de abril de 2021) http://www.google.com/search?q=%22Cunha,%20Rafael%20Pereira%22 http://www.google.com/search?q=%22Maia,%20Gerliane%20Lorena%22 http://www.google.com/search?q=%22Rodacki,%20Marcelo%20Eduardo%20Prado%22 http://www.google.com/search?q=%22Rodacki,%20Marcelo%20Eduardo%20Prado%22 http://www.google.com/search?q=%22Silva,%20Gilson%20Soares%20da%22 http://www.google.com/search?q=%22Meyer,%20Maurício%20Conrado%22 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-54052008000300012&lang=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-54052008000300012&lang=pt https://search.scielo.org/?lang=pt&q=au:Meyer,%20Maur%C3%ADcio https://search.scielo.org/?lang=pt&q=au:Meyer,%20Maur%C3%ADcio https://www.agrolink.com.br/problemas/nematoide-de-cistos-da-soja_3092.html https://www.agrolink.com.br/problemas/nematoide-de-cistos-da-soja_3092.html https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/pimenta/arvore/CONT000gn0k9bx902wx5ok0liq1mqut1365k.html https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/pimenta/arvore/CONT000gn0k9bx902wx5ok0liq1mqut1365k.html