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APS Toxicologia

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Atividade Prática Supervisionada 
 
Nome: Rafaela Ravasio RA: 6004475 
Curso: Farmácia/Matutino - Matéria: Análises Toxicológicas e Ambientais 
 
O doping nos esportes é algo que as autoridades procuram combater há vários 
anos, no entanto os atletas têm sempre conseguido encontrar novas substâncias, 
estratégias e métodos para conseguir evadir o sistema. O esforço das autoridades 
tem sido constante, procurando que a detecção analítica seja mais eficaz. Em 
paralelo, novas estratégias têm sido utilizadas como o passaporte biológico, para 
conseguir reunir um conjunto de dados mais amplo e assim obter um combate mais 
efetivo. O objetivo para o futuro é que se possa assistir a uma prática desportiva 
limpa, apesar do caminho parecer demonstrar que os atletas se encontram sempre 
um passo a frente. 
1 O uso de doping traz sérias consequências para a saúde das pessoas, afetando a 
corrente sanguínea e alguns órgãos do corpo. Nos atletas traz benefícios no 
momento, pois os deixa mais ativos e dá um estímulo para lutar e vencer os 
desafios, porém, com o passar do tempo deixa marca, prejudicando seu corpo e 
impedindo de continuarem participando de seus esportes preferidos e que trazem 
realização pessoal. O uso dessas substâncias em alta quantidade pode até mesmo 
levar à morte. 
2 Com base em seus conhecimentos adquiridos ao longo do curso e através da 
realização de pesquisas em materiais apropriados analise o caso clínico abaixo: 
 
“Homem, 25 anos, sem fatores de risco cardiovascular ou outros antecedentes 
patológicos relevantes conhecidos. Dos seus hábitos se destacavam a prática de 
fisiculturismo e o consumo regular, nos seis meses anteriores, de esteroides 
anabolizantes, hGH (hormônio do crescimento humano) e clembuterol. O último 
ciclo, iniciado seis semanas antes do episódio aqui descrito era constituído por: 
oxandrolona 40 mg/dia (todos os dias); clembuterol 0,08 mg/dia (todos os dias); 
mesterolona 50 mg/dia (todos os dias); hGH 10 UI/dia (todos os dias); nandrolona 
600 mg/dia (2x/semana); cipionato de testosterona 400 mg/dia (2x/semana); 
estanozolol 100 mg/dia (3x/semana); drostanolona 200 mg/dia (3x/semana); 
trembolona 200 mg/dia (3x/semana); propionato de testosterona 100 mg/dia 
(3x/semana); boldenona 400 mg/dia (2x/semana); e metenolona 200 mg/dia 
(2x/semana). Negou hábitos tabágicos ou consumo de outras drogas. Iniciou 
queixas de dor intensa no peito sem irradiação ou outra sintomatologia 
acompanhante, que durou cerca de duas horas e que associou a fadiga muscular 
após um treinamento. Cerca de 24 horas após o episódio inicial, houve recorrência 
da dor que agravava com a inspiração (diferente da dor inicial), pelo que recorreu ao 
Serviço de Urgência. Quando da admissão no Serviço de Urgência, encontrava-se 
assintomático e o exame objetivo revelou estabilidade hemodinâmica e febre 
(38,4°C), não apresentando outras alterações relevantes. O eletrocardiograma 
(ECG) mostrava ritmo sinusal, 83 b.p.m., com sinais de infarto das paredes inferior e 
posterior em fase subaguda. Analiticamente apresentava elevação dos marcadores 
de necrose do miocárdio: CPK de 1987 UI/L (valor de referência (vr) < 172 UI/L); 
troponina I de 48,97 ng/mL (vr < 0,05 ng/mL) – valor à admissão e que 
posteriormente apresentou um padrão decrescente; BNP de 115 pg/mL (vr < 100 
pg/mL) e PCR de 33,3 mg/L (vr < 7,5 mg/L), com pico máximo no internamento de 
204,4 mg/L. O estudo da coagulação era normal. Iniciou dupla antiagregação 
plaquetar com ácido acetilsalicílico e clopidogrel e anticoagulação com 
fondaparinux. Foi admitido na Unidade de Cuidados Intensivos Cardíacos com o 
diagnóstico de IM (infarto do miocárdio) e cerca de 48 horas após o início dos 
sintomas realizou angiografia coronariana que mostrou uma imagem sugestiva de 
trombo intraluminal, que não condicionava estenose (oclusão) significativa. Não 
revelou alterações sugestivas de doença coronariana epicárdica aterosclerótica. 
Dado o trombo ser de pequenas dimensões, foi decidido manter a anticoagulação 
até o final da internação, continuando com a dupla antiagregação em doses de 
manutenção. Ao longo da internação, o paciente apresentou evolução clínica 
favorável, tendo-se mantido elétrica e hemodinamicamente estável, sem recorrência 
da dor e com melhora analítica. Iniciou seguimento em consulta de Cardiologia, 
verificando–se que um ano após a alta hospitalar se mantinha abstinente 
relativamente a substâncias anabolizantes e assintomático do ponto de vista 
cardiovascular. O ECG e o ecocardiograma realizados na última consulta 
mantinham as alterações descritas previamente. Realizou também uma prova de 
esforço que não mostrou alterações sugestivas de isquemia do miocárdio.” 
 
Agora com base no caso clínico e em suas pesquisas responda as perguntas a 
seguir: 
1. Apesar da sua raridade, já foram descritos alguns casos de IM em indivíduos 
jovens, sem fatores de risco cardiovasculares e que utilizavam esteroides 
anabolizantes. Ainda que não seja totalmente compreendida a relação causa efeito, 
proponha duas hipóteses para explicar os seus efeitos adversos cardiovasculares. 
Resposta: De acordo com o texto de caso clínico, podemos dizer que o hGH está 
ligado a complicações cardiovasculares. O excesso desse hormônio pode causar o 
aumento da frequência cardíaca e do débito cardíaco, em sequência a hipertrofia 
ventricular concêntrica e disfunção diastólica, em alguns casos isquemia/necrose e 
insuficiência cardíaca promovidas pelo paciente e função sistólica prejudicada. Além 
disso podemos citar tambem do clembuterol, quando tomado por via oral, aparenta 
ter um potencial anabólico para ajudar a aumentar massa muscular. 
2. Se caso o indivíduo descrito no caso clínico fosse um atleta profissional quais 
seriam as medidas de punição dos órgãos responsáveis? Cite as punições nos 
níveis nacionais e internacionais. 
Resposta: Certas ações podem constituir violações das regras antidoping sob o 
Regulamento Antidoping Brasileiro (CBA). Para o indivíduo descrito no caso clínico, 
suas penalidades em nível nacional seriam: Presença de substância proibida 
derivada de seu metabólito em amostra do atleta (Artigo 114 do CBA); Uso ou 
tentativa de uso de substância ou método proibido pelo atleta (artigo 166 do CBA). 
Sua penalidade pode resultar na perda de uma medalha ou posição no ranking, 
desqualificação da competição e não ser mais relevante para o esporte. 
Internacionalmente as regras antidoping previstas no Código Mundial Antidoping da 
WADA como penalidade seria “Presença de uma substância proibida na 
Amostra de urina ou sangue do atleta.” 
Para mais informações visitar o site: https://www.cob.org.br/pt/cob/antidoping ou 
https://www.gov.br/abcd/pt-br/composicao/regras-antidopagem-legislacao-
1/codigos/copy_of_codigos/codigo_brasileiro_antidopagem_aprovado_cne_diagram
ado_jan_2021.pdf 
3. Quais são as metodologias analíticas mais recomendadas para a análise das 
substâncias encontradas no sangue do paciente descrito no relato de caso? 
Descreva desde a melhor amostra biológica (relacionando com biodisponibilidade 
da substância e sua estabilidade pelo tempo de uso), a metodologia de extração 
(para favorecer uma dosagem até mesmo em pequenas quantidades na matriz 
biológica citada) até a melhor metodologia analítica (relacionando com sensibilidade 
de análise, rapidez da liberação do resultado e confiabilidade em relação a reações 
cruzadas – falsos positivos e falsos negativos). 
Resposta: A detecção que se baseia na pesquisa de biomarcadores específicos, e 
que tal como utilizado na prática clínica normal, procuram-se alterações nestas 
moléculas que vão ser indicativas de recurso a uma prática dopante. Ao contrário do 
que era habitual está-se perante uma forma de detecção indireta 
As próprias características da GH endógena dificultam a detecção, uma vez que é 
uma substância secretada de forma pulsátil, o que origina concentrações 
sanguíneas muito variáveis, dificultando a interpretação de resultados obtidos.Uma 
das formas encontradas para ultrapassar as dificuldades analíticas acima referidas 
foi a pesquisa de biomarcadores. Em resposta ao aumento da concentração de GH, 
algumas proteínas que são libertadas por intervenção direta da GH vão aparecer 
aumentadas. A grande vantagem obtida é o aumento do tempo de detecção, uma 
vez que a IGFI atinge o seu máximo 2 semanas após a administração de GH e a P-
III-NP entre 4 a 6 semanas. 
4. Estamos agora em época de Jogos Olímpicos e podemos perceber que por conta 
das punições a Rússia foi impedida de levar seus atletas para competirem pelo país. 
Segundo a Corte Arbitral do Esporte (CAS), as autoridades russas adulteraram um 
banco de dados do laboratório de testes de Moscou antes de entregá-lo aos 
investigadores da Agência Mundial Antidoping (WADA) em 2019, o qual continha 
evidências prováveis para processar violações de doping de longa data. Isso foi a 
gota d´água, depois de todo o escândalo que já tinha ocorrido em 2015. Na ocasião, 
veio a público o escândalo de doping institucionalizado no país, inclusive com 
suporte do governo local. Por conta disso os atletas russos que não tiveram ligação 
comprovada com o escândalo puderam participar das Olimpíadas de Tóquio com a 
nomenclatura de Atletas Olímpicos Russos (ROC) no português. Tomando por base 
suas experiências pessoais você julga essa decisão correta ou não? Justifique sua 
resposta. 
Resposta: Com certeza uma decisão correta, a adulteração de testes laboratoriais é 
considerada grave pela Agência Mundial Antidoping (WADA). 
Segundo o site Ge.Globo emitiu uma notícia com informações sobre o caso: 
“Segundo a Corte Arbitral do Esporte (CAS), as autoridades russas 
adulteraram um banco de dados do laboratório de testes de Moscou 
antes de entregá-lo aos investigadores da Agência Mundial 
Antidoping (WADA) em 2019, o qual continha evidências prováveis 
para processar violações de doping de longa data. Isso foi a gota 
d´água, depois de todo o escândalo que já tinha ocorrido em 2015. 
https://www.cob.org.br/pt/cob/antidoping
https://www.gov.br/abcd/pt-br/composicao/regras-antidopagem-legislacao-1/codigos/copy_of_codigos/codigo_brasileiro_antidopagem_aprovado_cne_diagramado_jan_2021.pdf
https://www.gov.br/abcd/pt-br/composicao/regras-antidopagem-legislacao-1/codigos/copy_of_codigos/codigo_brasileiro_antidopagem_aprovado_cne_diagramado_jan_2021.pdf
https://www.gov.br/abcd/pt-br/composicao/regras-antidopagem-legislacao-1/codigos/copy_of_codigos/codigo_brasileiro_antidopagem_aprovado_cne_diagramado_jan_2021.pdf
Na ocasião, veio a público o escândalo de doping institucionalizado 
no país, inclusive com suporte do governo local.” 
 
Objetivos de aprendizagem: 
- Analisar possíveis danos à saúde relacionado ao abuso de substâncias de doping - 
Conhecer aspectos éticos do doping 
- Diferenciar as metodologias analíticas para avaliação de substâncias de doping 
- Desenvolver a capacidade de pensamento crítico sobre punições à atletas pegos 
no antidoping 
- Desenvolver a capacidade de gerenciar seu tempo 
 
Bibliografia 
 
https://www.scielo.br/j/abc/a/d8tT5345TzLL39CDtnHFCGk/?format=pdf&lang=pt#:~:t
ext=Apesar%20da%20sua%20raridade%2C%20j%C3%A1,os%20seus%20efeitos%
20adversos%20cardiovasculares8. 
 
http://antigo.abcd.gov.br/perguntas-e-respostas/244-violacao-das-regeas-
antidopagem 
 
https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/roc-nas-olimpiadas-2021-entenda-sigla-para-
atletas-da-russia.ghtml 
 
https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/84492 
 
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/84492/1/PDF_final_Diogo_Soares.pdf 
 
https://www.scielo.br/j/abc/a/d8tT5345TzLL39CDtnHFCGk/?format=pdf&lang=pt#:~:text=Apesar%20da%20sua%20raridade%2C%20j%C3%A1,os%20seus%20efeitos%20adversos%20cardiovasculares8
https://www.scielo.br/j/abc/a/d8tT5345TzLL39CDtnHFCGk/?format=pdf&lang=pt#:~:text=Apesar%20da%20sua%20raridade%2C%20j%C3%A1,os%20seus%20efeitos%20adversos%20cardiovasculares8
https://www.scielo.br/j/abc/a/d8tT5345TzLL39CDtnHFCGk/?format=pdf&lang=pt#:~:text=Apesar%20da%20sua%20raridade%2C%20j%C3%A1,os%20seus%20efeitos%20adversos%20cardiovasculares8
http://antigo.abcd.gov.br/perguntas-e-respostas/244-violacao-das-regeas-antidopagem
http://antigo.abcd.gov.br/perguntas-e-respostas/244-violacao-das-regeas-antidopagem
https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/roc-nas-olimpiadas-2021-entenda-sigla-para-atletas-da-russia.ghtml
https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/roc-nas-olimpiadas-2021-entenda-sigla-para-atletas-da-russia.ghtml
https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/84492
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/84492/1/PDF_final_Diogo_Soares.pdf

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