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EADPLUS 2018 © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Fibrose Sistêmica Nefrogênica (FSN) e Retenção de Gd em tecidos corpóreos Evelyn E. Queiroz Fernando Poralla • Graduada em Biomedicina pela FMU em 2008 • Pós-graduada em Diagnóstico por Imagem pela FMU • MBA em gestão empresarial pela FGV • MBA em Marketing pela ESPM (cursando) • Atuou na área hospitalar e laboratorial por 8 anos em grandes centros renomados como Hospital Sírio Libanês e Grupo Fleury e atualmente é coordenadora de aplicação na Industria farmacêutica Italiana - Bracco Imaging. • Doutor em Medicina pela Universidade de Saarland, Alemanha • Diretor de Serviços Médicos e Assuntos Regulatórios, Bracco América Latina • Membro do Grupo de Estudos de Meios de Contrastes da SPR Fibrose Sistêmica Nefrogênica O íon Gd, quando livre na circulação, é bastante TÓXICO, com meia-vida biológica de algumas semanas - taxa de excreção muito lenta – 1% ao dia. Por ser tóxico, o Gd pode: • PRECIPITAR EM VÁRIOS TECIDOS (fígado, rim, nódulos linfáticos, pele e osso) • Bloquear o transporte de cálcio nas células musculares e nervosas a transmissão neuromuscular, contração muscular , batimento cardíaco. A quelação do Gd possibilita aumento de até 500 vezes na taxa de excreção renal do composto. Introdução à Fibrose Sistêmica Nefrogênica (FSN) Fibrose Sistêmica Nefrogênica Transmetalação: Foi demonstrado in vitro e in vivo que alguns cátions presentes no organismo como Fe++, Zn++ e Cu++ tem a capacidade de deslocar o Gd do seu quelante expondo o metal (Gd) em sua forma livre e tóxica. Ocorre de forma bastante acentuada em pacientes com insuficiência renal crônica devido à meia vida bastante prolongada. Fe++ Cu++Gd Zn++ Fibrose Sistêmica Nefrogênica Grau de depuração A Fibrose Sistêmica Nefrogênica (FSN) é uma doença sistêmica rara reconhecida em 1997 (mas descrita como doença independente no ano 2000), geralmente progressiva, debilitante e potencialmente fatal. Há um maior risco de desenvolvimento de FSN relacionada a gadolínio em pacientes com taxa de filtração glomerular menor do que 30mL/min (insuficiência renal crônica grau 4 e 5). A hipótese mais aceita: pacientes com função renal comprometida, a permanência prolongada dos compostos de gadolínio na circulação sanguínea facilita a dissociação em íons livres, que podem, então, se depositar nos tecidos. A relação entre o uso de Gd e o desenvolvimento da FSN é dose-dependente. Muitos dos pacientes que desenvolveram FSN foram expostos a doses cumulativas do contraste. Fibrose Sistêmica Nefrogênica Sintomas • Alguns estudos mostraram que as lesões são aparentes de 2 a 8 semanas após a exposição ao Gd. • Os sinais tardios consistem em fibrose cutânea persistente nas extremidades (alguns com aspecto de “casca de laranja”). • Alguns pacientes podem desenvolver contraturas e sintomas descritos como rigidez de membros. • Num pequeno percentual de pacientes, a FSN tem curso fulminante com perda rápida da mobilidade e dor severa. Esta condição pode ser bastante debilitante. Fibrose Sistêmica Nefrogênica • Vários outros órgãos podem ser afetados incluindo pulmões, coração, diafragma, fígado e rins resultando em diferentes graus de comprometimento. • A mortalidade é alta sendo o óbito causado por sepse como complicação da imobilização ou hipoventilação se houver comprometimento do diafragma ou dos pulmões. Imagens de paciente com achados de FSN no músculo esquelético com edema acentuado na gordura subcutânea, fáscia intermuscular e músculos (https://www.ajronline.org/doi/full/10.2214/AJR.06.1094) Fibrose Sistêmica Nefrogênica Grau de depuração Epidemiologia • FSN afeta pacientes de ambos os gêneros igualmente e não tem aparentemente predileção racial. • Tem sido documentada com mais frequência em pacientes dos 8 aos 86 anos de idade. • A maioria dos casos relatados até o presente diz respeito a pacientes dos Estados Unidos, Europa e Ásia. Embora não publicados, já existem casos da doença no Brasil. Fatores de risco Relacionados ao paciente • Pacientes com doença renal 4 e 5 (GFR <30mL/min) • Pacientes em diálise • Idade < 1 ano, devido à imaturidade funcional. • Obs: FSN não tem sido relatada em pacientes com GFR >60mL/min Fatores de risco Relacionados ao contraste • Gd menos estável (linear). • FSN ocorreu com mais frequência após o uso de: gadodiamida, gadopentetato de dimeglumina e gadoversetamida. Recomendação para a realização do exame e injeção do contraste • Usar meios de contraste macrocíclicos pois são mais estáveis. • Administrar a menor dose possível que seja suficiente para um diagnóstico preciso. • Avaliar a real necessidade da injeção de contraste Fibrose Sistêmica Nefrogênica Recomendação • A dosagem de creatinina sérica antes do uso de Gd é importante para realizar o cálculo do Clearance de creatinina e descobrir a função renal do paciente. • Não é necessária em todos os pacientes (apenas naqueles com suspeita de déficit na função renal). Fibrose Sistêmica Nefrogênica No site da Sociedade Brasileira de Nefrologia é possível encontrar a calculadora de filtração glomerular: https://sbn.org.br/utilidades/calculadoras/ A creatinina não deve ser avaliada isoladamente. Deve-se fazer o cálculo do clearance que envolve: creatinina, peso, idade e sexo do paciente. Com esta fórmula é possível avaliar de forma mais precisa a taxa de filtração glomerular do paciente. https://sbn.org.br/utilidades/calculadoras/ Fibrose Sistêmica Nefrogênica A European Society of Urogenital Radiology (ESUR) Contrast Media Safety Committee definiu os grupos de risco para o uso do gadolínio da seguinte forma: Fibrose Sistêmica Nefrogênica Diagnóstico O diagnóstico definitivo de FSN é dado pela avaliação clínica e biópsia profunda da pele, incluindo amostra da derme, gordura subcutânea e fáscia. A biópsia de pele é considerada o padrão ouro no diagnóstico da FSN. Tratamento Até o momento, não existe tratamento específico conhecido para impedir ou retardar o surgimento das lesões fibróticas. Estas podem algumas vezes se estabilizar e raramente entrar em remissão espontânea. O uso de imunossupressão não obteve êxito, o tratamento com corticóides sistêmico na dose de 1mg/kg por dia ou uso local tiveram alguma eficácia e a fotoforese, plasmaferese e talidomida produziram melhora em alguns pacientes. Fibrose Sistêmica Nefrogênica Relação da Diálise e FSN Vários trabalhos têm demonstrado que 68% do Gadolínio (Gd) são eliminados após sessões de 3 horas de diálise e aproximadamente 98% após três sessões consecutivas de diálise. Teoricamente, a diálise deveria remover cerca de 98% do Gd injetado, contudo este procedimento não impediu o desenvolvimento de FSN. É provável que o processo desencadeado pelo Gd ocorra rapidamente em pacientes com insuficiência renal e que este não seja revertido pela hemodiálise. Fibrose Sistêmica Nefrogênica Recomendações do CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia) baseado em publicações do FDA (Food and Drug Administration) e ESUR (Sociedade Europeia de Radiologia Urogenital) • M.C à base de Gadolínio, especialmente em altas doses, só deve ser utilizado em pacientes com doença renal avançada quando claramente necessário (avaliar sempre o risco x benefício). • Alguns autores recomendam evitar a administração de Gd a todos os pacientes de risco, incluindo pacientes com insuficiência renal mais leve na categoria de risco (GRF entre 30 e 59mL/min), particularmente se o paciente estiver hospitalizado com uma “condição pró-inflamatória”. • Não utilizar M.C. linear em pacientes com eGRF <30mL/min ou em pacientes que fizeram ou estiverem aguardando transplante hepático. • M.C. linear só deve ser usado em neonatos e crianças até 1 ano de idade após meticulosa consideração, devido à imaturidade da função renal. • O FDA recomenda instituir diálise imediata em pacientes com doença renal avançada após o uso de Gd. Depósito de Gadolíniono SNC A deposição incidental de gadolínio no cérebro foi relatada pela primeira vez por Kanda et al. Relatos subsequentes confirmaram a associação da administração repetida de M.C. à base de gadolínio e sinais de hiperintensidade em T1 no núcleo denteado e globus pallidus. Pequenas quantidades de gadolínio se depositam em certas partes do cérebro nas pessoas que se submetem a repetidos exames com M.C. à base de Gd Depósito de Gadolínio no SNC Como ocorre a deposição de Gd? Em 2013, Kanda descreveu o aumento progressivo da intensidade do sinal do núcleo denteado (ND) e do globo pálido (GP) nas imagens de RM ponderadas em T1 sem contraste e comparou com o número de doses prévias de M.C. à base de Gd admnistradas, encontrando uma correlação estatisticamente significante. O mecanismo proposto para explicar essa deposição é o processo de transmetalação do Gd. Estudos subsequentes mostraram que as mudanças na intensidade do sinal de ND e GP estão associadas ao uso de M.C. à base de Gd lineares. O que confirma a teoria da transmetalação No entanto, embora a deposição de tecido tenha se mostrado mais grave em pacientes com insuficiência renal, também ocorreu em pacientes com função renal intacta, em quem aparece em média após a quinta dose. Depósito de Gadolínio no SNC Porque a deposição de Gd está ocorrendo mais no núcleo denteado e globus pallidus? A área de deposição de gadolínio é intrinsecamente a área rica em ferro e é especificamente a área afetada por distúrbios neurodegenerativos associados ao acúmulo de ferro e manganês no cérebro (como por exemplo o Parkinson e Alzheimer). O gadolínio pode ter como alvo as áreas ricas em ferroportina que estão envolvidas na regulação ativa do metabolismo do ferro e manganês, resultando no seu acúmulo e toxicidade do metal. Depósito de Gadolínio no SNC Imagens de spin-eco coronal T1 sem contraste de gânglios da base em paciente antes (A) e depois (B) de cinco administrações de Omniscan (linear), mostrando aumento na intensidade do sinal no globus pallidus. Depósito de Gadolínio no SNC Sintomas? • Apesar da crescente evidência do acúmulo de Gd no Sistema Nervoso Central (SNC), não há evidências clínicas fortes para os efeitos nocivos dos GBCAs no cérebro. • Não foram atribuídos quaisquer efeitos adversos neurológicos, tais como perturbações cognitivas ou do movimento. • Os pacientes identificados com depósito/ retenção de Gd no SNC serão acompanhados. Depósito de Gadolínio no SNC • Atualmente, , não existem provas de que a deposição de gadolínio no cérebro tenha causado algum dano aos pacientes. Contudo, a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) recomendou restrições e suspensões para alguns agentes lineares intravenosos a fim de prevenir eventuais riscos que possam potencialmente estar associados à deposição de gadolínio no cérebro em 2017. Depósito de Gadolínio no SNC • Os agentes lineares intravenosos: MultiHance e Primovist podem continuar a ser utilizados na EUROPA para exames do fígado, pois são captados pelo hepatócitos e preenchem uma necessidade de diagnóstico importante. • Todos os outros medicamentos lineares intravenosos (Ominiscan, Magnevistan e Optimark) foram suspensos em julho de 2017 em toda União Européia. • Os agentes à base de gadolínio de outra classe, conhecidos como agentes macrocíclicos (Gadovist, Dotarem e ProHance) são mais estáveis e têm menor propensão para libertar gadolínio do que os agentes lineares. Estes medicamentos podem continuar a ser utilizados nas suas indicações atuais, mas nas menores doses que realcem suficientemente as imagens e só quando os exames corporais sem contraste não são adequados. Depósito de Gadolínio no SNC Posição do FDA (Food and Drug Admnistration) nos EUA Aconteceu em 2018 • Não há restrição de utilização dos M.C. Lineares nos EUA. • Contudo, o FDA solicitou para que os fabricantes de M.C. À base de gadolínio lineares colocassem na bula que: 1) Existe o risco de depósito de gadolínio no SNC. 2) Usar a menor dose possível para realizar o diagnóstico adequado. 3) Avaliar a necessidade de injetar M.C. Baseada no risco de FSN, o ACR (American College of Radiology) – USA apresenta atualmente a seguinte Classificação: Deposição de Gd em outros tecidos / Estudos comparativos • Estudo de Tweedle comparando dois macrocíclicos com dois lineares: ProHance x Dotarem x Omniscan x Magnevistan INVESTIGATIVE RADIOLOGY Volume 30. Number 6.372-380 1995. Lippincott-Raven Publisher Deposição de Gd em outros tecidos / Estudos comparativos Dotarem Magnevistan OmniscanGadoteridol Deposição de Gd no SNC e outros órgãos / Estudos comparativos Deposição de Gd no SNC e outros órgãos / Estudos comparativos Deposição de Gd no SNC e outros órgãos / Estudos comparativos Epub: McDonald RJ et al., Radiology, July 2017 A retenção de Gd nesse estudo de Robert McDonald varia de acordo com o meio de contraste, sendo o ProHance, dos macrocíclicos aqui comparados, o que menos deposita e, dos lineares, MultiHance é o que menos deposita/se retem. Depósito de Gadolínio no SNC Posição da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil: Até então a ANVISA não havia se posicionado em relação aos M.C. à base de Gd. Em julho de 2019 a ANVISA solicitou para que os fabricantes colocassem em sua bula: 1) Existe o risco de depósito de gadolínio no SNC 2) Usar a menor dose possível para realizar o diagnóstico adequado 3) Avaliar a necessidade de injetar M.C. Fibrose Sistêmica Nefrogênica (FSN) e Retenção de Gd em tecidos corpóreos Evelyn E. Queiroz Fernando Poralla https://www.eadplus.com.br/produto/pos-graduacao-em-radioterapia-e-medicina-nuclear/ https://www.eadplus.com.br/produto/pos-graduacao-em-imagenologia-com-enfase-em-tomografia-computadorizada-e-ressonancia-magnetica/ CURSOS DE CURTA DURAÇÃO JÁ LANÇADOS ✓Medicina Nuclear – PET CT em Oncologia ✓Radiologia Básica – Abdome ✓Radiologia Básica – Neuroimagem ✓Radiologia Básica – Tórax ✓Ressonância Magnética: Biossegurança ✓Técnicas e protocolos de posicionamento em Mamografia Mais informações, acesse: www.eadplus.com.br
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