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Curitiba - PR 2022 SUSANA MARIA DE SOUZA ISABELLI SOUZA COSTA ANA VITÓRIA DE CAMPOS PEREIRA MARCELO DORIGO QUESTÕES: ESTUDO DIRIGIDO E AVALIAÇÃO Direito Penal II – 1º Bimestre Curitiba - PR 2022 SUSANA MARIA DE SOUZA ISABELLI SOUZA COSTA ANA VITÓRIA DE CAMPOS PEREIRA MARCELO DORIGO QUESTÕES: ESTUDO DIRIGIDO E AVALIAÇÃO Direito Penal II – 1º Bimestre Questões de Estudo Dirigido e de Avaliação Bimestral apresentadas ao Curso de Bacharelado em Direito na disciplina de Direito Penal II como requisito para a obtenção da nota do 1º Bimestre pela UniDomBosco. Orientador: Prof. Dr. Xxxxxxxxxx Orientador: Prof. Dr. Xxxxxxxxxx Professor: Henrique Brunini Sbardelini “Em todas as coisas, o sucesso depende de preparação prévia." Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.), filósofo chinês RESUMO Questões formuladas pelo Professor Henrique Brunini Sbardelini, apresentadas á disciplina de Direito Penal ll, que tratam esse conjunto de normas positivas que disciplinam a matéria dos crimes, das penas, multas e medidas de segurança. A finalidade deste trabalho é estudar, compreender, avaliar, mas sobretudo adquirir o conhecimento através do aprendizado dos temas abordados em aula no 1º Bimestre de 2022 que contemplaram: Concursos de Pessoas. Teoria da Pena. Espécies de Pena. Aplicação. Dosimetria. Regimes. Progressão. Palavras-chave: Concursos de Pessoas. Teoria da Pena. Espécies de Pena. Aplicação. Dosimetria. Regimes. Progressão. 14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...…15 2. ESTUDO DIRIGIDO DIREITO PENAL II ...................................................16 2.1 QUESTÃO 01 .............................................................................................16 2.2 QUESTÃO 02......................................................................... ..................... 19 2.3 QUESTÃO 03............................................................................................ ... 20 3. AVALIAÇÃO ..................................................................................................... 21 3.1 QUESTÃO 01 ................................................................................................22 3.2 QUESTÃO 02 ............................................................................................... 24 3.3 QUESTÃO 03 ............................................................. ................................. 26 3.4 QUESTÃO 04 ............................................................................................... 39 3.5 QUESTÃO 05 .......................................................... .................................... 41 4. CONCLUSÃO .................................................................................................... 46 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 47 15 INTRODUÇÃO A disciplina do Direito Penal II, bem como suas instituições ministradas em aula tem por finalidade demonstra o sistema de penas Brasileiro, visando que os acadêmicos possuam conscientização jurídica do interim entre as proporções entre o crime e a pena. O conteúdo desenvolveu um entendimento social e jurídico das questões do sistema penitenciário brasileiro; um entendimento do sistema prisional, desde a sua origem até barreiras da sua aplicabilidade. Demonstrou todos os benefícios da execução penal, como também apresentou a melhor forma da utilização dos mesmos. Apresentou possíveis extinções da punibilidade bem como regressões das penas previstas no processo legal penal. 16 2. ESTUDO DIRIGIDO DIREITO PENAL II 1) Beltrano ajuda Fulana a matar seu filho recém nascido. Considerando que Beltrano sabia da condição de Fulana, responda: Houve concurso de agentes? Justifique sua resposta. 2) Melvio e Nilvo, um sem saber do outro, atiram simultaneamente para matar Cícero. Houve concurso de agentes? Que espécie de autoria se trata? Não podendo afirmar qual bala matou Cícero, como devem responder? 3) Klever resolve matar Sido. Para tal pede para que Rodolfo entregue um pacote contendo explosivo à Sido. Assim que abre o pacote, Sido vem imediatamente a óbito. Houve concurso de agentes? Justifique sua resposta. Que espécie de autoria se trata? 2.1 QUESTÃO 01 1) Beltrano ajuda Fulana a matar seu filho recém nascido. Considerando que Beltrano sabia da condição de Fulana, responda: Houve concurso de agentes? Justifique sua resposta. Conforme descrito no Código Penal, no Artigo 29 que descreve o concurso de agentes e no artigo 30 que indica as circunstâncias elementares do crime: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Utilizando-se ainda do que diz o Jurista Victor Eduardo Rios Gonçalves, acerca do concurso de pessoas: Crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos) são aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa, como o homicídio, o furto, o estupro, dentre inúmeros outros. Nada obsta, entretanto, que duas ou mais pessoas se unam para perpetrar essas infrações penais, havendo, em tais casos, concurso de agentes (GONÇALVES, 2018). 17 Conclui-se que neste caso, crime de infanticídio é unissubjetivo, logo está sujeito ao concurso de pessoas pelo estado puerperal da mãe, e por esse fato ser fundamental ao crime, acabam se comunicando o coautor ou partícipe que responderá, assim como a mãe, também pelo crime de infanticídio. Beltrano que consente à vontade de Fulana influenciada pelo estado puerpério, direciona escrupulosamente sua conduta causando a morte do recém-nascido, isto posto de acordo com a regra contida nos artigos 29 e 30 do Código Penal, deverá Beltrano ser responsabilizado pelo delito de infanticídio, assim como a parturiente. É este o entendimento jurisprudencial: Recurso em sentido estrito contra decisão de pronúncia. Preliminares de desconsideração das alegações finais apresentadas pelo patrono anterior e pedido de inquirição de testemunha não ouvida durante a fase de instrução. No mérito, recorrente que pretende a reforma da decisão para que seja reconhecida a tese de legítima defesa ou a desclassificação da conduta para o delito de lesão corporal seguida de morte. Preliminares rejeitadas. Com efeito, a constituição de novo patrono não torna inválidos os atos praticados pelo patrono anterior. O novo patrono recebe os autos no estado em que se encontram. (AgRg no AREsp 1101683/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/03/2018, DJe 21/03/2018). Não obstante, bem ou mal, as novas alegações finais foram consideradas pelo Juízo na sentença de pronúncia. Em relação ao pleito de inquirição de uma nova testemunha, verifico que o Juízo de primeira instância bem afastou o pleito ao indicar que ela não foi arrolada no momento oportuno. Nada impede, contudo, que, caso mantida a sentença de pronúncia, referida testemunha seja inquirida em plenário, na forma do artigo 422 do CPP. No mérito, verifico que há indícios suficientes que indicam ter sido o recorrente o autor do delito. Teses de legítima defesa e desclassificação da conduta quenão se mostram possíveis de reconhecimento, ao menos nesta etapa procedimental, pois há relatos de que o recorrente continuou as agressões mesmo com a vítima já desfalecida, o que indica que, além de desferir golpes desnecessários, agiu com, ao menos, dolo eventual. Em relação à tese de quebra do nexo causal pela demora no atendimento da vítima e falha do pronto socorro, destaco que não há elementos que confirmem tal afirmação. Laudo pericial que expressamente consignou que a vítima faleceu em decorrência das lesões sofridas. Além disso, eventual negligência médica (não comprovada no caso em questão) não exclui a responsabilidade do réu, uma vez que ela somente teria se somado ao ato praticado pelo acusado, de modo a só contribuir para o resultado morte. É dizer: encontrando-se no mesmo curso de desenvolvimento causal da conduta original, a eventual contribuição negligente dos médicos ou a demora no atendimento, por si sós, não foram 18 capazes de produzir o resultado morte. Prova amealhada que é suficiente para fins de pronunciar o acusado. Incidência do princípio in dubio pro societate. Qualificadoras que não se mostraram abusivas diante das circunstâncias narradas. Exclusão que somente se opera quando flagrantemente incabíveis, o que não é o caso dos autos. Sentença de pronúncia mantida. Negado provimento ao recurso. APELAÇÃO. Homicídio qualificado. Sentença condenatória. Recurso defensivo. Vítima que deve ser submetida a novo julgamento pelo Tribunal do Júri. Decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. Pedido de desclassificação da conduta para Infanticídio. Reconhecimento da incidência das atenuantes da menoridade relativa e da confissão espontânea. 1. Autoria e materialidade demonstradas nos autos. Animus necandi evidenciado. Veredicto de acordo com o conjunto probatório. Desclassificação para o crime de Infanticídio. Inviável. Ausência de provas no sentido de que a ré se encontrava sob a influência do estado puerperal. Soberania das decisões do Tribunal do Júri. Qualificadoras demonstradas pelo conjunto probatório dos autos. Motivo torpe e crime cometido mediante asfixia. 2. Dosimetria que merece reparos. Pluralidade de qualificadoras reconhecida pelo Conselho de Sentença. Utilização de uma delas como qualificadora e a outra como circunstância judicial desfavorável. Cabimento. Precedentes. Atenuante da menoridade relativa que deve ser compensada, integralmente, com a agravante prevista pelo artigo 61, inciso II, alínea "e", do Código Penal. Causa de aumento de pena. Homicídio praticado contra menor de 14 anos. Exasperação em 1/3. 3. Manutenção do regime prisional fechado. 4. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJSP; Apelação Criminal 1528081-16.2019.8.26.0228; Relator (a): Marcos Alexandre Coelho Zilli; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro Central Criminal - Juri - 2ª Vara do Júri; Data do Julgamento: 14/03/2022; Data de Registro: 14/03/2022) Importante salientar a exemplo do caso citado acima depreende-se que, só é considerado estado puerperal quando há perturbação psicológica dos réus. Referências: GONÇALVES, V. E. R. Curso de direito penal - parte especial - Arts 121 a 183. São Paulo: Saraiva, 2019 GONÇALVES, V. E. R. Curso de Direito Penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018 SILVA, Athila Bezerra. Do delito de infanticídio no Direito Penal Brasileiro obedece a todos os procedimentos investigatórios e instrutórios cabíveis. Disponível em https://jus.com.br/artigos/52717/do-delito-de-infanticidio-no-direito-penal-brasileiro- 19 obedece-a-todos-os-procedimentos-investigatorios-e-instrutorios-cabiveis>acesso em 27.04.2022. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Acesso em 28.04.2022. Disponível em: https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/resultadoCompleta.do 2.2 QUESTÃO 02 2) Melvio e Nilvo, um sem saber do outro, atiram simultaneamente para matar Cícero. Houve concurso de agentes? Que espécie de autoria se trata? Não podendo afirmar qual bala matou Cícero, como devem responder? Melvio e Nilvo responderão individualmente pelo crime cometido. Havendo coautoria é indiferente saber qual dos dois disparou o tiro fatal, pois ambos responderão igualmente pelo delito consumado, já que no exemplo referido não se pode apurar qual dos dois agentes matou a vítima, autoria incerta, nesta se desconhece quem praticou a ação; sabe-se quem a executou, mas ignora-se quem produziu o resultado. Não há que se falar em concurso de pessoas, pois não houve liame subjetivo, mas Melvio e Nilvo cometeram dois crimes, um homicídio consumado e uma tentativa de homicídio, sendo impossível identificar qual dos dois praticou o crime tentado e o consumado. Como não foi possível apurar qual dos dois de fato produziu a morte, não poderá ser imputado o homicídio consumado a nenhum deles, devendo ambos responder por homicídio tentado, pois “por não se saber quem de fato provocou a morte da vítima, não se pode responsabilizar qualquer deles pelo homicídio consumado, aplicando-se o princípio in dubio pro reo.” (MASSON, 2019), constante nos termos do art. 17 do Código Penal. É este o entendimento jurisprudencial: EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - LATROCÍNIO - AUTORIA INCERTA - DELAÇÃO EXTRAJUDICIAL ISOLADA - INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA - ABSOLVIÇÃO - A delação na fase inquisitiva, quando não confirmada em juízo e isolada no conjunto probatório, impõe a absolvição. (TJMG - Apelação Criminal 1.0017.09.044545-7/001, Relator(a): Des.(a) Marcos Flávio Lucas Padula , 5ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 30/11/2021, publicação da súmula em 09/12/2021) Da referida decisão depreende-se que: Não sendo possível assegurar a autoria dos delitos de homicídio por parte dos acusados, impõe-se a absolvição, com fulcro no art. 386, inciso VII do Código de Processo Penal. Absolvendo das sanções do art. 157, §3°, na forma do art. 70, ambos do Código Penal. 20 Referências: MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1 / Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_resultado2.jsp?listaProcessos=1001709044 5457001 2.3 QUESTÃO 03 3) Klever resolve matar Sido. Para tal pede para que Rodolfo entregue um pacote contendo explosivo à Sido. Assim que abre o pacote, Sido vem imediatamente a óbito. Houve concurso de agentes? Justifique sua resposta. Que espécie de autoria se trata. O responsável único pelo delito é o autor mediato neste caso Klever, visto que o executor material Rodolfo, atua sem ter consciência da realidade, ou seja, atua sem dolo, por erro ou ignorância da situação fática. Quem determina o erro responde por ele conforme CP, art. 20, § 2º. Rodolfo possui participação por indução que é a seguinte: caso a participação não seja seguida do início de execução do crime, não é punível conforme CP, artigo 31. A autoria mediata, conforme Cezar Roberto Bitencourt (2013, p. 560), “encontra seus limites quando o executor realiza um comportamento consciente e doloso. Aí o “homem de trás” deixa de ter o domínio do fato, compartindo-o, no máximo, com quem age imediatamente, na condição de coautor, ou então fica na condição de partícipe, quando referido domínio pertence ao consorte”. Nesse sentido, cita-se APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS NO INTERIOR DO ESTABELECIMENTO PRISIONAL (ARTS. 33, CAPUT, E 40, III, DA LEI N. 11.343/2006) - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. PRETENDIDA CONDENAÇÃO DO ACUSADO - ALEGADA EXISTÊNCIA DE PROVAS ACERCA DA MATERIALIDADE E DA AUTORIA DELITIVA - INSUBSISTÊNCIA - FUNDADO ENTRECHOQUE DE PROVAS - AUSÊNCIA DE FLAGRANTE DELITO - DEPOIMENTOS FIRMES E COERENTES DO AGENTE PRISIONAL E DO ADMINISTRADOR DO ERGÁSTULO DANDO CONTA DE QUE OUTROS PRESOS TAMBÉMTINHAM ACESSO AO LOCAL ONDE A DROGA FOI ENCONTRADA - AUTORIA DUVIDOSA - NECESSÁRIA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO - ABSOLVIÇÃO QUE DEVE SER MANTIDA. I - O entrechoque de provas, com existência de duas versões a respeito da 21 verdade dos fatos, conduz à dúvida, e esta é elemento incodutor à condenação; o Estado-acusador tem a obrigação de provar a responsabilidade penal de quem se lança a acusar para o fim de extrair a condenação almejada. II - A acusação terá que ficar provada pelo exercício de quaisquer dos instrumentos processuais admitidos pelo direito, contudo, de outro giro, os argumentos de defesa nem sempre, pois basta que remanesça a dúvida para que o resultado do processo conduza à absolvição. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n. 0001348-74.2015.8.24.0037, de Joaçaba, rel. Luiz Antônio Zanini Fornerolli, Quarta Câmara Criminal, j. 05-09-2019). Dessa forma e é inaceitável imputar A Rodolfo a prática do crime, dado que é vigente no sistema processual penal brasileiro o princípio in dubio pro reo, no qual há ausência de elementos aptos a confirmarem a materialidade do delito, conduz-se à absolvição Referências: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 1. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA. Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/buscaForm.do#resultado_ancora 3. AVALIAÇÃO Avaliação. Valor 7 pontos. 4) Fuleno, de 15 anos, auxilia Helvio a roubar uma senhora no centro da cidade. Houve concurso de agentes? Justifique. 5) Xunda pede a Rippel que leve uma bolsa para Barcelona com “remédios’’ para sua avó. Ao passar pela Polícia Federal Rippel é preso por tráfico de drogas (ar. 33 Lei de Drogas) pois na bolsa havia 100 comprimidos de LSD. Houve concurso de agentes? Justifique. 6) Carlito é reincidente no crime de perigo de abandono de incapaz (art. 133, caput). Qual o regime inicial de cumprimento? 7) Nelinho é condenado por estelionato com a pena máxima (art.171). Antes do término da pena é novamente condenado pelo crime de furto, pena mínima. As circunstâncias do artigo 59 são absolutamente desfavoráveis. Qual o total da pena? Qual o regime inicial? O que ele precisaria para progredir de regime? 22 8) Paulo Lockci é condenado por homicídio qualificado, pena de 20 anos, e é réu primário. Durante o cumprimento trabalhou por 3 anos, estudou por mais 3, além de ter cumprido 1 ano enquanto aguardava julgamento. Durante a execução da pena, foi um preso exemplar. Quanto tempo resta de pena? Quais os institutos que beneficiam o réu? Ele teria direito a progressão de regime? 3.1 QUESTÃO 01 4) Fuleno, de 15 anos, auxilia Helvio a roubar uma senhora no centro da cidade. Houve concurso de agentes? Justifique. Embora o sistema penal Brasileiro considere inimputável (em termos penais) o menor de 18 (dezoito) anos; consta no art. 228 da C.F/88., in verbis: “ São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.” Ainda conforme o artigo 27 do Código Penal: “ Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.” Ocorreu de fato o concurso de agentes, á exemplo ementas e jurisprudências abaixo, nos quais apontam que para haver concurso de pessoas no cometimento do crime ocorre a majorante de concurso, ainda que um deles seja inimputável. Nesse sentido, citam-se os entendimentos abaixo: PENAL - FURTO QUALIFICADO - PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - INAPLICABILIDADE - CONCURSO DE PESSOAS - CO-AUTOR MENOR DE IDADE - IRRELEVÂNCIA - CONDENAÇÃO MANTIDA. 1. A aplicação do princípio da insignificância requer análise não só do valor do bem subtraído, mas também da inexpressividade da lesão jurídica provocada, sob pena de incentivar a prática de crimes de pequena monta. 2. A majorante do concurso de pessoas incide ainda que o co-autor do delito seja menor de idade. 3. Apelo improvido. (Acórdão 295234, 20070110255599APR, Relator: SANDRA DE SANTIS, , Revisor: JOÃO TIMÓTEO DE OLIVEIRA, 1ª Turma Criminal, data de julgamento: 17/1/2008, publicado no DJE: 25/3/2008. Pág.: 90) EMENTA Habeas corpus. Roubo majorado pelo concurso de agentes. Artigo 157, § 2º, inciso II, do Código Penal. Delito cometido em concurso com menor inimputável. Pretendida exclusão de causa de aumento de 23 pena. Irrelevância. Incidência da majorante. Ordem denegada. 1. O fato de o crime ter sido cometido por duas pessoas, sendo uma delas menor inimputável, não tem o condão de descaracterizar o concurso de agentes, de modo a excluir a causa de aumento prevista no inciso II do § 2º do art. 157 do Código Penal. 2. Ordem denegada. (HC 110425, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 05/06/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-155 DIVULG 07-08- 2012 PUBLIC 08-08-2012) HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. CONCURSO DE PESSOAS. COAUTORIA COM INIMPUTÁVEL. MAJORANTE CONFIGURADA. PENAL. ART. 1º DA LEI N. 2.252/1954. CORRUPÇÃO DE MENORES. NATUREZA FORMAL DO DELITO. MENOR ANTERIORMENTE CORROMPIDO. IRRELEVÂNCIA. 1. O fato de o roubo ter sido praticado junto com agente inimputável não afasta a causa de aumento referente ao concurso de pessoas. 2. É pacífico o entendimento de que o delito previsto no art. 1º da Lei n. 2.252/1954 é de natureza formal. Assim, a simples participação do menor no ato delitivo é suficiente para a sua consumação, sendo irrelevante seu grau prévio de corrupção, já que cada nova prática criminosa na qual é inserido contribui para aumentar sua degradação. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal. 3. Ordem denegada. (HC 150.849/DF, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 16/08/2011, DJe 05/09/2011) Conforme decisão proferida pela Des.(a) Beatriz Pinheiro Caires , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 12/05/2011, publicação da súmula em 25/05/2011) APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO POR CONCURSO DE PESSOAS - CO-AUTOR MENOR DE IDADE - CIRCUNSTÂNCIA QUE NÃO ELIDE A INCIDENCIA DA QUALIFICADORA - AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA - ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA - COMPENSAÇÃO - POSSIBILIDADE - REGIME PRISIONAL MAIS BRANDO - POSSIBILIDADE - ISENÇÃO DE CUSTAS - POSSIBILIDADE. - O concurso de pessoas no cometimento do crime denota maior periculosidade dos agentes, ocorrendo a majorante, ainda que um deles seja inimputável. 24 - Presentes a atenuante da confissão espontânea e a agravante da reincidência, ambas de natureza subjetiva, sem prevalência de uma sobre a outra, impõe-se a compensação de ambas. - 'É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias judiciais'. (Súmula 269 do STJ). (TJMG - Apelação Criminal 1.0223.10.013770-0/001, Relator(a): Des.(a) Beatriz Pinheiro Caires , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 12/05/2011, publicação da súmula em 25/05/2011) Referências: CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_resultado2.jsp?listaProcessos=1001709044 5457001 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 1. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e participação de inimputável. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/459a4ddcb586f24 efd9395aa7662bc7c>. Acesso em: 28/04/2022 CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DO DISTRITO FERDERAL E . Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://pesquisajuris.tjdft.jus.br 3.2 QUESTÃO 02 5) Xunda pede a Rippel que leve uma bolsa para Barcelona com “remédios’’ para sua avó.Ao passar pela Polícia Federal Rippel é preso por tráfico de drogas (art. 33 Lei de Drogas) pois na bolsa havia 100 comprimidos de LSD. Houve concurso de agentes? Justifique. De acordo com Artigo. 33, Caput, da Lei nº 11.343/06: I - Travestem-se na figura de traficantes aqueles que são flagrados transportando grande quantidade de entorpecentes. Assim sendo no caso acima, constata-se o que dispõe o Inciso abaixo: 25 II - O tráfico de drogas, por se tratar de crime de ação múltipla, prescinde da efetiva constatação da mercancia ilícita, bastando para tanto a prática de um dos verbos contidos no art. 33, caput, da Lei de Drogas, como transportar e trazer consigo, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Sim, houve o concurso de agentes, pois no caso citado duas pessoas se reuniram para cometer um crime. Mesmo sob a alegação de Rippel, que desconhecia o que carregava consigo, a partir do citado acima (Artigo. 33, Caput, da Lei nº 11.343/06) ele se torna um traficante, reunindo-se com Xunda para praticar o crime. Nesse sentido, cita-se o entendimento Tribunal de Justiça de Santa Catarina : APELAÇÃO CRIMINAL – TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES (ART. 33, CAPUT, DA LEI Nº 11.343/06) – SENTENÇA CONDENATÓRIA – RECURSO DA DEFESA. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO – INVIABILIDADE – AUTORIA E MATERIALIDADE EVIDENCIADAS – ACUSADO VISTO ENTREGANDO MAIS DE 12 KG DE COCAÍNA A UM TERCEIRO – IMAGENS DE CÂMERAS, FOTOGRAFIAS E DEPOIMENTOS DOS AGENTES POLICIAIS DANDO CONTA DO FATO, ALIADO À INFORMAÇÃO REPASSADA POR SERVIÇO DE INTELIGÊNCIA – SITUAÇÃO HIPOTÉTICA ARGUIDA PELA DEFESA DESPIDA DE SUBSTRATO PROBATÓRIO – DESCONHECIMENTO DO TRANSPORTE DA DROGA NÃO DEMONSTRADO EM NENHUM MOMENTO – CONDENAÇÃO MANTIDA. I - O tráfico de drogas, por se tratar de crime de ação múltipla, prescinde da efetiva constatação da mercancia ilícita, bastando para tanto a prática de um dos verbos contidos no art. 33, caput, da Lei de Drogas, como vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, entregar a consumo ou fornecer, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. II - A negativa de autoria prestada pelo réu não obsta a condenação pelo crime de tráfico se o acervo probatório, em seu conjunto, revela com suficiência a execução do delito. III - Os depoimentos dos agentes policiais relatando a ocorrência do ato criminoso, principalmente perante à autoridade judiciária e desde que harmônicos e convincentes, revestem-se de presunção de veracidade e constituem importante elemento de prova, inclusive quando aliados às demais provas. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n. 5015120- 08.2021.8.24.0005, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Luiz Antônio Zanini Fornerolli, Quarta Câmara Criminal, j. 10-02-2022). 26 Referências: CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA. Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/buscaForm.do#resultado_ancora LEI Nº 1343 – PLANALTO. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm . Acesso em 29.04.2022 3.3 QUESTÃO 03 6) Carlito é reincidente no crime de perigo de abandono de incapaz (art. 133, caput). Qual o regime inicial de cumprimento? De acordo com o Código Penal a pena-base para o crime de abandono de incapaz fixada legalmente se dá da seguinte forma: mínimo legal de 06 (seis) meses a 3 (três) anos de detenção. A pena de detenção terá seu cumprimento iniciado somente no regime aberto ou semiaberto. Ao julgar, o Juiz poderá substituir a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, nos termos do art. 44, §2º, do Código Penal observa-se ainda que existem os requisitos para a concessão da pena privativa de direito em substituição da pena privativa de liberdade, os quais são: · Aplicação de pena privativa de liberdade com pena não superior a quatro anos, quando se tratar de crime doloso; · Não aplicação de violência ou grave ameaça no cometimento do crime; e · Condições pessoais do criminoso favoráveis, as quais são culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do criminoso, motivos e as circunstâncias do cometimento do crime. Consoante o CP: Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena 27 § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos No caso em questão de reincidência, de acordo com a Súmula nº 269: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Referência: CP, arts. 33, § 2º, e 59. Ocorrendo a reincidência quando o agente, após ter sido condenado definitivamente por outro crime, comete novo delito, desde que não tenha transcorrido o prazo de cinco anos entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a prática da nova infração. É uma agravante que visa punir com mais severidade aquele que, uma vez condenado, volta a delinquir, demonstrando que a sanção aplicada não foi suficiente para intimidá-lo ou recuperá-lo. Sobre o tema destacam-se as decisões proferidas abaixo: EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ABANDONO DE INCAPAZ - DOLO COMPROVADO – PERIGO CONCRETO PARA A INCOLUMIDADE DOS ABANDONADOS - INEXIGÊNCIA DE FIM ESPECIAL DE AGIR - MERA INTENÇÃO DE ABANDONAR - CONDENAÇÃO MANTIDA. - Caracteriza o delito de abandono de incapaz a conduta de abandonar pessoa que está sob o seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. – Ao abandonar menores dentro de uma residência, sem a companhia de um adulto capaz, o agente aceita o risco (dolo eventual) do perigo concreto para a incolumidade dos abandonados, sendo indiferente o tempo em que se ausentar do local. - Para a configuração do delito do art. 133 do CP, não há exigência de qualquer especial fim de agir - basta a mera intenção de abandonar, ainda que temporariamente, pessoa que está sob seu cuidado ou proteção". [TJMG. Apelação Criminal 1.0390.07.018292-3/001. 1ª CÂMARA CRIMINAL. Des.(a) Alberto Deodato Neto. Data do julgamento: 09/03/2010]. EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ABANDONO DE INCAPAZ - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - MATERIALIDADE, AUTORIA, DOLO E SITUAÇÃO DE PERIGO EVIDENCIADA NOS AUTOS - RECURSO DESPROVIDO. – Restando devidamente comprovadas nos autos a materialidade e a autoria do crime de abandono de incapaz, bem como o dolo na conduta da agente 28 e a exposição dos menores à situação de risco, imperiosa a manutenção da condenação empreendida em primeira instância”. (Apelação Criminal 1.0348.11.001003-3/001, Relator (a): Des.(a) Eduardo Machado , 5ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 21/01/2014, publicação da sumula em 24/01/2014). PENAL E PROCESSO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. ABANDONO DE INCAPAZ. ART. 133 DO CÓDIGO PENAL. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. ART. 70, DO CÓDIGO PENAL. PRELIMINAR. CONCESSÃO DE JUSTIÇA GRATUITA. NÃO CONHECIMENTO. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DAS EXECUÇÕES. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO POR AUSÊNCIA DE DOLO. IMPROCEDÊNCIA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. DEPOIMENTOS DA APELANTE E DAS TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO. PERIGO CONCRETO. ACERVO PROBATÓRIO QUE CONFIRMA O ABANDONO. ANÁLISE DE OFÍCIO DA DOSIMETRIA. REVISTA A PENA-BASE. DECOTE DE VETOR JUDICIAL NEGATIVADO NA ORIGEM (CONDUTA SOCIAL). FUNDAMENTAÇÃOEM DISSONÂNCIA COM PRECEDENTES DO STJ. PENA EM DEFINITIVO REDIMENSIONADA. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA MANTIDO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR UMA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. RECURSO CONHECIDO EM PARTE E, NA PARTE CONHECIDA, IMPROVIDO. 1. Preliminarmente, não merece conhecimento o pleito defensivo de isenção de custas processuais com concessão da justiça gratuita, vez que sua análise compete ao juízo das execuções, em harmonia com entendimento jurisprudencial desta Câmara Criminal. 2. Sendo o conjunto probatório coerente e harmonioso a comprovar a materialidade do delito, bem como a autoria, não procede a pretensão defensorial no que concerne ao crime contido no art. 133 c/c art. 70, ambos do Código Penal. Ademais, os depoimentos das testemunhas arroladas pela acusação, confirmados em juízo, comprovam o abandono de incapaz ensejador de perigo concreto às vítimas. 3. Em análise de ofício da dosimetria, em razão de fundamentação errônea e em dissonância com o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, foi decotado o vetor judicial conduta social, alterando o quantum condenatório da pena-base. 4. Pena em definitivo redimensionada e fixada em 01 (um) ano de detenção. 5. Mantido o regime inicial de cumprimento da pena no aberto, com fulcro no art. 33, § 2º, ‘c’ do Código Penal. 6. Substituição da pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, nos termos do art. 44, §2º, do Código Penal. 7. Recurso parcialmente conhecido e, em sua parte cognoscível, improvido, porém 29 de ofício foi redimensionada a pena em definitivo. (TJCE; ACr 0000332- 93.2017.8.06.0206; Primeira Câmara Criminal; Relª Desª Ligia Andrade de Alencar Magalhães; DJCE 24/03/2022; Pág. 138) APELAÇÃO CRIMINAL. ABANDONO MAJORADO DE INCAPAZ. PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA. INADMISSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO RETROATIVA. INOCORRÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. NECESSIDADE. PERIGO CONCRETO NÃO DEMONSTRADO. Conforme decidem os tribunais pátrios, ao aplicador do direito não é dado, substituindo-se ao legislador, criar hipótese de extinção de punibilidade não prevista na Lei, como ocorre com a prescrição pela pena projetada ou prescrição em perspectiva. A prescrição ou se funda nas penas em abstrato ou nas penas concretizadas em sentença depois do trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, e não em penas hipoteticamente calculadas. Inteligência da Súmula nº 438 do Superior Tribunal de Justiça. A prescrição, depois de transitar em julgado a sentença condenatória para a acusação, regula- se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo 109 do Código Penal. Ausente o transcurso do prazo entre os marcos interruptivos do artigo 117 do Código Penal, não há como reconhecer a prescrição. Por se tratar de crime de perigo concreto, para a condenação no delito de abandono de incapaz, previsto no artigo 133 do Código Penal, é necessária a comprovação do risco vivenciado pelo incapaz durante a situação de abandono. (TJMG; APCR 3152512- 51.2013.8.13.0024; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Flávio Leite; Julg. 08/03/2022; DJEMG 18/03/2022) ABANDONO DE INCAPAZ. ACUSAÇÃO POR INFRAÇÃO AO ART. 133, §3º, II DO CP. CONDENAÇÃO A 08 MESES DE DETENÇÃO EM REGIME INICIAL ABERTO, DEFERIDA A SUBSTITUIÇÃO. Crime com pena mínima, em abstrato, inferior a 01 ano. Agente primária e de bons antecedentes. Proposta de suspensão condicional do processo que é direito subjetivo da denunciada. Não oferecimento. Ofensa à ampla defesa e ao devido processo legal. Nulidade reconhecida. Conversão do julgamento em diligência para proposta de suspensão condicional do processo. (TJSP; ACr 0009353- 24.2018.8.26.0361; Ac. 15478082; Mogi das Cruzes; Décima Sexta Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Otávio de Almeida Toledo; Julg. 14/03/2022; DJESP 18/03/2022; Pág. 3027) RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. ABANDONO DE INCAPAZ QUALIFICADO PELO 30 RESULTADO MORTE. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE. TESE DE INEXISTÊNCIA DE DOLO. DESCRIÇÃO SUFICIENTE DE CONDUTA CONSCIENTE E DO NEXO DE CAUSALIDADE. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. IMPOSSIBILIDADE DE APROFUNDAMENTO EM MATÉRIA FÁTICO- PROBATÓRIA NA VIA ESTREITA DO WRIT. TESE DE AUSÊNCIA DO DEVER LEGAL DE AGIR. DESACOLHIMENTO. POSSÍVEL ASSUNÇÃO DO PAPEL DE GARANTIDOR. INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA. INVIABILIDADE. CONVENIÊNICA DE PRODUÇÃO DE PROVAS DURANTE A INSTRUÇÃO. NECESSIDADE DE GARANTIR O CONTRADITÓRIO E EVITAR INDEVIDA SUPERSSÃO DE INSTÂNCIA. CONSTRANGIMENTO NÃO VERIFICADO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de somente ser possível o trancamento de ação penal por meio de habeas corpus de maneira excepcional, quando de plano, sem a necessidade de análise fático-probatória, se verifique a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas da materialidade ou de indícios da autoria ou, ainda, a ocorrência de alguma causa extintiva da punibilidade. Tal não ocorre no presente caso. 2. A denúncia preenche os requisitos previstos no art. 41 do Código de Processo Penal - CPP, descrevendo, suficientemente as condutas imputadas ao paciente e apresentando os elementos de prova que serviram para a formação da opinio delicti, possibilitando o exercício da ampla defesa e do contraditório. 3. O dolo foi suficientemente descrito na intenção de abandonar a criança, ainda que por curto período. O risco ao qual a vítima está submetida é inerente à condição de criança de apenas 5 anos de idade. 4. O arcabouço indiciário possibilita a caracterização da situação fática de assunção da figura do "garantidor" pela paciente, nos termos previstos nas duas alíneas seguintes do artigo 13, § 2º, "b" e "c" do Código Penal. 5. Destaque-se não se estar a afirmar que o tipo penal insculpido no art. 133 do Código Penal Brasileiro trata de crime de perigo abstrato. A meu ver, trata-se de perigo concreto que, no caso específico, decorre da tenra idade da vítima. 6. O acolhimento da tese de ausência de previsibilidade objetiva do resultado morte, o que levaria à desclassificação e consequente emenda da denúncia, demanda, necessariamente, a análise aprofundada de todos os elementos de prova, procedimento que não se mostra possível pela via estreita do habeas corpus, o que implicaria, ademais, violação ao contraditório e indevida supressão de instância. 7. Ausente, portanto, qualquer constrangimento ilegal que justifique o provimento do recurso. 8. Recurso desprovido. (STJ; RHC 150.707; Proc. 2021/0230479-7; PE; 31 Quinta Turma; Rel. Min. João Otávio de Noronha; Julg. 15/02/2022; DJE 14/03/2022) ABANDONO DE INCAPAZ. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RÉ QUE, CIENTE DAS CONDIÇÕES DE VULNERABILIDADE E DE INCAPACIDADE DE SE DEFENDEREM DE EVENTUAIS RISCOS, DEIXA AS FILHAS, UMA ADOLESCENTE E OUTRA CRIANÇA, SOZINHAS E SEM AMPARO NA RESIDÊNCIA. Adolescente com histórico de uso de drogas que não tinha condições de se defender e de cuidar e defender a irmã de sete anos de idade. Criança que, inclusive, chega a sair na via pública sozinha, sendo amparada por vizinhos. Relatos dos conselheiros tutelares coerentes, seguros e que encontra respaldo nos relatórios da rede de proteção social dando conta do contexto em que a família estava inserida. Versão exculpatória isolada nos autos. Prova hábil para a condenação pelos dois abandonos, em concurso formal. Pena-base exasperada em razão das consequências do delito e, em seguida, pela causa de aumento prevista no artigo 133, § 3º, inciso II, do Código Penal. Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, consistente em prestação de serviços à comunidade. Regime aberto. Apelo provido, com observações. (TJSP; ACr 1501308-49.2019.8.26.0319; Ac. 15451606; Lençóis Paulista; Quinta Câmara de Direito Criminal; Rel. Des. Pinheiro Franco; Julg. 03/03/2022; DJESP 09/03/2022; Pág. 3668) APELAÇÃO CRIMINAL.ARTIGO 133, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. ABANDONO DE INCAPAZ PRATICADO CONTRA DESCEDENTES. ABSOLVIÇÃO. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. CONJUNTO PROBATÓRIO ROBUSTO. DOSIMETRIA. PENA DE MULTA. AUSÊNCIA DE COMINAÇÃO LEGAL. DECOTE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Mantém-se a condenação pelo crime de abandono de incapaz contra descendente, quando há nos autos elementos fáticos suficientes para sustentar o Decreto condenatório. 2. O abandono de seus 3 (três) filhos, sendo que pelo menos uma delas foi vítima de crime de natureza sexual, extrapola os limites das elementares do tipo, autorizando a fixação da pena-base acima do mínimo legal. 3. Decota-se a pena de multa estabelecida, tendo em vista a ausência de cominação de sanção desta espécie ao delito de abandono de incapaz, o qual é apenado unicamente com detenção. 4. Recurso parcialmente provido. (TJDF; APR 00019.72- 71.2016.8.07.0002; Ac. 140.2395; Segunda Turma Criminal; Rel. Des. Silvânio Barbosa dos Santos; Julg. 17/02/2022; Publ. PJe 26/02/2022) 32 APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA. ABANDONO DE INCAPAZ. PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO. CABIMENTO. CONJUNTO PROBATÓRIO INSUFICIENTE. IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO DECRETADA. RECURSO PROVIDO. O delito do art. 133 do Código Penal caracteriza-se com o perigo concreto, sendo necessário verificar se a conduta imputada ao agente gerou, de fato, um risco real de dano ao infante. No presente caso, a prova colhida na instrução evidencia o descuido do apelante e de sua companheira para com as crianças ao deixá-las sozinhas, mas esse elemento não é suficiente para caracterizar a sua responsabilização criminal por abandono de incapaz porquanto não vislumbrada nem a intenção de abandono e nem a situação de perigo concreto aos menores. (TJMS; ACr 0003475-46.2017.8.12.0005; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Jonas Hass Silva Júnior; DJMS 02/02/2022; Pág. 161) APELAÇÃO CRIMINAL. ABANDONO DE INCAPAZ E APROPRIAÇÃO INDÉBITA. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. Recurso do ministério público postulando a condenação da apelada nos termos da denúncia. Segundo se infere dos autos, o ministério público ofereceu denúncia em face da apelada pela prática dos delitos previstos nos artigos 133, §3º, II, e 168, todos do Código Penal, eis que em 15 de dezembro de 2010, a apelada abandonou os seus 5 (cinco) filhos menores de idade, à época, que estavam sob sua guarda, sendo um deles, b. R., portador de necessidades especiais; bem como apropriou- se de coisa alheia móvel, mais especificamente, do cartão magnético de recebimento de auxílio proveniente do instituto nacional de seguridade social, constante em nome de seu filho portador de necessidades especiais, com o qual realizou durante dois meses saques referentes aos benefícios da previdência social, os quais não foram repassados em proveito do menor. A denúncia foi recebida em 18/01/2012 (e-doc. 50), e a sentença absolutória, proferida em 04/11/2015 (e-doc. 135), julgou improcedente o pedido ministerial, com base no artigo 386, VII, do código de processo penal. Da análise do conjunto probatório dos autos, verifica-se que assiste razão o parquet em sua irresignação, uma vez que a autoria de ambas as condutas, inclusive admitida em sede distrital restou indene de dúvidas. A recorrida, ao se apossar do cartão magnético de seu filho, e realizar os saques dos benefícios previdenciários durante dois meses, sem repassar os valores em favor do infante, demonstrou o ânimo de apoderamento suficiente para caracterizar o delito de apropriação indébita. No que tange ao delito de abandono material, a prova é inconteste acerca do dolo da recorrida em 33 abandonar os seus filhos menores. Destaque-se que a conduta descrita no artigo 133 do Código Penal tanto pode ser comissiva (abandonar o incapaz à própria sorte) quanto omissiva (deixar de evitar a situação de perigo que ameace a integridade do incapaz). No entanto, qualquer uma dessas modalidades se configura na forma dolosa. In casu, da análise da prova dos autos, sobretudo o teor dos estudos sociais realizados, o depoimento da assistente social em juízo, e as declarações da própria apelada em sede policial, restou evidenciada a conduta prevista no artigo 133 do mencionado diploma legal. Os filhos da apelada foram deixados praticamente à própria sorte, uma vez que, quando a recorrida se ausentou do lar por aproximadamente 40 (quarenta) dias, os infantes, de tenra idade, ficavam sozinhos durante toda a parte da manhã, destacando-se, além de suas tenras idades, que um dos filhos, b. R., é portador de necessidades especiais. O fato de os menores residirem com o ex-companheiro da apelada, benedito romualdo dos Santos, não descaracteriza o abandono de incapaz, visivelmente destacado no atuar da apelada, que, além de desamparar os seus filhos, ao se ausentar física e emocionalmente, deixou o seu filho mais vulnerável sem os proventos necessários à subsistência, ao se apropriar indevidamente do valor do benefício que lhe era destinado. Portanto, incontestável, sob qualquer ótica, o dolo de abandono de incapaz, razão pela qual deve ser condenada a apelada pela prática da conduta descrita no artigo 133, §3º, inciso II do Código Penal. Assim sendo, a sentença merece reparo para condenar a apelada nas práticas dos crimes previstos nos artigos 133, §3º, II e 168 do CP, em cúmulo material. Penas que alcançam montante afetado pela prescrição da pretensão punitiva, modalidade retroativa, razão da concessão de um habeas corpus de ofício, na forma do artigo 654, §2º do CPP, haja vista que entre a data do recebimento da denúncia e a data em que esta decisão foi proferida transcorreram mais de 09 (nove) anos sem nenhuma interrupção do marco prescritivo, levando-se, assim, ao atendimento das regras do artigo 109, V, c/c artigo 119, ambos do CP, extinguindo-se a punibilidade pela prescrição, na modalidade retroativa, a teor do artigo 107, IV do CP. Recurso ministerial conhecido e provido, para condenar a recorrida luciana Rodrigues, pela prática das condutas descritas nos artigos 133, §3º, II, e 168, ambos do Código Penal, estabelecendo a resposta estatal em 01 (um) anode reclusão e 9 meses e 10 dias de detenção, a serem cumpridas no regime aberto, concedendo, todavia, um habeas corpus de ofício, nos termos do artigo 654, § 2º do CPP, para reconhecer a prescrição da pretensão punitiva estatal, modalidade retroativa a teor do que dispõe o artigo 109, V, c/c artigo 119 e artigo 107, IV, todos da Lei Penal em vigor, extinguindo-se a punibilidade, tudo na forma do voto do relator. (TJRJ; APL 0000771- 34 07.2011.8.19.0060; Sumidouro; Sétima Câmara Criminal; Rel. Des. Marcius da Costa Ferreira; DORJ 20/12/2021; Pág. 115) HABEAS CORPUS. SUPOSTA PRÁTICA DOS CRIMES DE ABANDONO DE INCAPAZ (ART. 133, DO CÓDIGO PENAL), POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL (ART. 28, DA LEI Nº 11.343/06), FORNECIMENTO DE ENTORPECENTE A MENOR E SUBMETER CRIANÇA SOB SUA AUTORIDADE A VEXAME OU CONSTRANGIMENTO (ARTS. 243 E 232 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). Pedido de revogação da prisão preventiva. Alegada ausência dos pressupostos autorizadores da medida. Impossibilidade. Requisitos do art. 312 do códex instrumental preenchidos. Existência dos delitos e indícios de autoria. Efetiva necessidade de acautelamento da ordem pública. Paciente que, em tese, nas dependências de motel e sob a influência de entorpecentes, praticou conjunção carnal e outros atos libidinosos na presença de dois menores, de forma que um deles consumiu determinada quantidade de anfetamina, cocaína e ecstasy, ocasionando-lhe lesões corporais graves consistente em intoxicação endógena por ingestão de drogas, e perigo de vida. Necessidade da garantia da ordem pública consubstanciada na periculosidade do paciente e no risco de reiteração delituosa, tendo em vista que ostenta duas condenações pretéritas por crimes dolosos. Decisão devidamente fundamentada. Bons predicados que nãoobstam a segregação. Aplicação de medidas cautelares que, na hipótese, não se mostra adequada. Ausência de violação ao princípio da presunção de inocência. Ordem conhecida e denegada. (TJSC; HC 5060536-14.2021.8.24.0000; Primeira Câmara Criminal; Relª Des. Ana Lia Moura Lisboa Carneiro; Julg. 02/12/2021) PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ABANDONO DE INCAPAZ. RECURSO MINISTERIAL. IRRESIGNAÇÃO COM O INDEFERIMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE PERICULUM LIBERTATIS. AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE DE FATOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Inicialmente, vale salientar que a prisão preventiva deve ser medida de excepcionalidade, ou seja, aplicada nos casos de crimes gravíssimos e, ainda, se houver grande probabilidade de reiteração criminosa. Ademais, deve ser analisado o crime praticado, seja pela pena em abstrato, seja pela forma como foi executado, também é necessário que haja outros elementos concretos, por exemplo, a existência de inquéritos policiais ou ações penais em curso, com o fito de balizar a 35 indispensabilidade da cautelar preventiva. 2. Não se pode olvidar que a custódia preventiva é medida excepcional em nosso ordenamento jurídico, sendo imperativa a incidência do fumus commisi delicti e do periculum libertatis, bem como o preenchimento das condições legais do art. 312 do CPP. 3. É bem verdade que todas as infrações penais merecem atenção estatal para que sejam passíveis de punição ao final do processo, quando regularmente comprovada a culpa do réu. Entretanto, a conduta prevista no art. 133, §3º, II do CPB, supostamente praticada não se reveste de tamanha gravidade que respalde a consideração da grande periculosidade do pretenso infrator. 4. Destaque-se que o Magistrado primevo também considerou para o indeferimento do pedido de prisão preventiva o fato de a acusada não ter voltado a delinquir em todo esse período, o que esvazia a necessidade da medida, pois não há contemporaneidade de fatos para ensejar a decretação da prisão preventiva. 5. A contemporaneidade na fundamentação do Decreto preventivo é uma exigência. O §1º do art. 315 do CPP dita que na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação de tal medida. 6. Portanto, entendo que a decisão combatida não carece de reforma. Não há, no caso concreto, a presença de qualquer situação que justificaria a prisão requerida pelo Parquet, em que tampouco apresentou fatos novos ou contemporâneos aptos a justificar a decretação da prisão cautelar. 7. Recurso conhecido e improvido. (TJCE; RSE 0003458-06.2019.8.06.0070; Terceira Camara Criminal; Rel. Des. Francisco Lincoln Araújo e Silva; DJCE 25/10/2021; Pág. 203) APELAÇÃO CRIMINAL. ABANDONO DE INCAPAZ. ATIPICIDADE DA CONDUTA. NÃO OCORRÊNCIA. PROVAS SUFICIENTES. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1. A conduta nuclear do crime do art. 133 do CP é abandonar, ou seja, deixar a vítima em total desamparo, descuido. O abandono, portanto, é físico, no sentido de deixar o incapaz sozinho, sem a assistência devida. E o elemento subjetivo é o dolo de perigo. 2. Descabe a tese absolutória por atipicidade da conduta quando o conjunto probatório dos autos demonstra que a acusada deixou os filhos, uma de 5 e outro de 2 anos de idade, sozinhos em casa, entre as 18h de um dia e 2h do outro, para ir em um bar consumir bebida alcoólica. Ainda que a acusada não tenha agido com dolo, assumiu o risco de expor os filhos a perigo em razão do abandono. E houve perigo concreto, visto que uma das crianças ficou presa pelo pescoço nas grades da janela da casa e foi socorrida por 36 terceiro que passava pelo local. 3. Recurso conhecido e não provido. (TJDF; Rec 00008.75-98.2019.8.07.0012; Ac. 134.5234; Primeira Turma Criminal; Rel. Des. J. J. Costa Carvalho; Julg. 02/06/2021; Publ. PJe 26/06/2021 ABANDONO DE INCAPAZ (ART. 133, § 3º, INC. II, DO CP). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. 1) RECURSO MINISTERIAL. PLEITO DE CONDENAÇÃO DO RÉU. Desacolhimento. Conduta descrita na exordial acusatória que não configura o referido crime. Provas no sentido de que a criança ficava na companhia do apelado, ainda que em locais inadequados para infantes. Conduta atípica. Absolvição mantida. Entendimento endossado pela douta procuradoria-geral de justiça. 2) pleito de fixação de honorários ao defensor dativo pela atuação recursal. Acolhimento. Recurso desprovido, com fixação de honorários. (TJPR; ACr 0001881- 25.2012.8.16.0081; Faxinal; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Miguel Kfouri Neto; Julg. 27/11/2021; DJPR 29/11/2021) APELAÇÃO. ART. 133, §2º, DO CP. RECURSO DA DEFESA PLEITEANDO A REVISÃO DA DOSIMETRIA COM O RECONHECIMENTO DA CONFISSÃO E CONSEQUENTE COMPENSAÇÃO COM A REINCIDÊNCIA, ALÉM DO ABRANDAMENTO DO REGIME DE PENA. Parecer ministerial favorável, tanto em primeira instância, quanto em segunda. Acerto na sentença condenatória com base na própria confissão do réu, em sede policial, assim como em juízo, declarando ter deixado a criança sozinha com a porta trancada, saindo para beber. Pretensão de revisão dosimétrica que procede, porquanto o magistrado reconheceu a reincidência, bem como a confissão espontânea, porém não operou a compensação. O STJ, em sede de recurso repetitivo, assentou que "é possível, na segunda fase da dosimetria da pena, a compensação da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência" (RESP 1341370/MT, Rel. Ministro Sebastião REIS Júnior, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/04/2013, DJe 17/04/2013). Logo, considerando o novo quantum de pena aplicado e as circunstâncias favoráveis ao acusado, deve ser o regime abrandado para o semiaberto, nos termos do art. 33 do CP. Súm. 440 do STJ. Recurso defensivo provido. (TJRJ; APL 0324385-04.2018.8.19.0001; Itaboraí; Terceira Câmara Criminal; Relª Desª Mônica Tolledo de Oliveira; DORJ 22/10/2021; Pág. 181) 37 APELAÇÃO CRIMINAL. ART. 133, § 3º, II, C/C ART. 61, II, ?H?, DO CÓDIGO PENAL. MÉRITO. PREPONDERÂNCIA DA AGRAVANTE DO MOTIVO FÚTIL EM CONCURSO COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. NÃO OCORRÊNCIA DE BIS IN IDEM SOBRE O RECONHECIMENTO DA AGRAVANTE PREVISTA NO ART. 61, INCISO II, ALÍNEA ?H? DO CP. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO, NOS TERMOS DO VOTO RELATOR. 1. O magistrado considerou a agravante do motivo fútil preponderante sobre a confissão espontânea, com razão. Verifica-se que a confissão espontânea teve menor importância no desenvolvimento processual, visto que a autoria e materialidade do crime restou devidamente comprovada com os demais elementos probatórios. Depoimentos das testemunhas, prisão em flagrante. Ademais, o art. 67 do Código Penal dispõe que no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. Dessa forma, impossível compensar a atenuante de confissão espontânea com a agravante do motivo fútil, visto que esta é circunstância preponderante, considerando que o abandono da criança (vítima) para ir se divertir e ingerir bebida alcoólica em um bar resulta em motivos determinantes do crime. Destarte, o pleito da defesa não merece prosperar. 2. O crime de abandono de incapaz, tipificado no art. 133 do Código Penal é caracterizado pela falta de assistência ou pela ausência física de alguém para supervisionar. Desta forma, o incapaz fica expostos a riscos e desamparado e pode ter qualquer idade, embora as ocorrências mais comuns estejam relacionadas a crianças, adolescentes e idosos. Dessa forma, o sujeito passivo do crime de abandono de incapaz é qualquer pessoa que se encontre sobre cuidado, guarda, vigilância ou autoridade do sujeito ativo e por qualquer motivo seja incapaz de defenderse dos riscos advindos do abandono. Portanto,não necessariamente é cometido contra menor de idade, mas sim contra incapazes. Assim, escorreito a aplicação da agravante prevista no art. 61, inciso II, alínea ?h? do CP. 3. Recurso conhecido e desprovido, nos termos do voto relator. (TJPA; ACr 0038213-05.2015.8.14.0028; Ac. 216033; Marabá; Terceira Turma de Direito Penal; Rel. Des. Mairton Marques Carneiro; DJPA 03/12/2020; Pág. 1078) APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL EM CONTINUIDADE DELITIVA. ART. 217-A, CAPUT, C/C ART. 226, INCISO II, NA FORMA DO ART. 71, TODOS DO CÓDIGO PENAL. ABANDONO DE INCAPAZ EM CONCURSO FORMAL. ART. 133, § 3º, 38 INCISO II, DO CÓDIGO PENAL, POR TRÊS VEZES, NA FORMA DO ART. 70, 1ª PARTE, AMBOS DO CÓDIGO PENAL. DOSIMETRIA DA PENA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME DESFAVORÁVEIS AO RÉU. ABUSOS COMETIDOS POR VÁRIOS MESES. ERRO MATERIAL NA PENA DEFINITIVA CORRIGIDO. APELO IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 1. As circunstâncias do crime foram desfavoráveis tendo em vista modus operandi dos delitos mediante ameaças de morte relatado pela própria vítima, e as consequências, uma vez constatado nos autos os abalos psicológicos da vítima, consoante relatório psicossocial e depoimentos testemunhais. 2. Pena-base fixada próximo ao mínimo legal para o delito de estupro de vulnerável, incidindo a causa de aumento prevista no art. 226, inciso II do CP, em face do autor do crime ser pai da vítima. Continuidade delitiva com fração de aumento operada em 2/3, conforme art. 71, do CP, tendo sido constatado na instrução processual mais de 07 (sete) ocorrências delitivas. 3. Pena-base do crime de abandono de incapaz fixada no mínimo legal em 06 (seis) meses de detenção. Incidência da causa de aumento prevista no § 3º, inciso II, do art. 133 do CP, vez que o agente é pai das vítimas. Edição nº 223/2020 Recife. PE, quarta-feira, 9 de dezembro de 2020 85 4. Ocorrência do concurso formal, fixada a fração de 1/5, consoante art. 70, 1ªparte do CP. Regime inicial fechado mantido conforme art. 33 §2º, alínea a, do Código Penal. 5. Correção de erro material na pena definitiva do apelante. Onde se lê 25 (vinte e cinco) anos, 10 (dez) meses e 24 (vinte e quatro) dias de reclusão, leia-se 25 (vinte e cinco) anos de reclusão e 10 (dez) meses e 24 (vinte e quatro) dias de detenção. 10. Negado provimento ao apelo. Decisão unânime. (TJPE; APL 0001209-84.2016.8.17.1330; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Evandro Sérgio Netto de Magalhães Melo; Julg. 21/09/2020; DJEPE 10/12/2020) EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ABANDONO DE INCAPAZ - DOLO COMPROVADO – PERIGO CONCRETO PARA A INCOLUMIDADE DOS ABANDONADOS - INEXIGÊNCIA DE FIM ESPECIAL DE AGIR - MERA INTENÇÃO DE ABANDONAR - CONDENAÇÃO MANTIDA. - Caracteriza o delito de abandono de incapaz a conduta de abandonar pessoa que está sob o seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono. – Ao abandonar menores dentro de uma residência, sem a companhia de um adulto capaz, o agente aceita o risco (dolo eventual) do perigo concreto para a incolumidade dos abandonados, sendo indiferente o tempo em 39 que se ausentar do local. - Para a configuração do delito do art. 133 do CP, não há exigência de qualquer especial fim de agir - basta a mera intenção de abandonar, ainda que temporariamente, pessoa que está sob seu cuidado ou proteção". [TJMG. Apelação Criminal 1.0390.07.018292-3/001. 1ª CÂMARA CRIMINAL. Des.(a) Alberto Deodato Neto. Data do julgamento: 09/03/2010]. “EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ABANDONO DE INCAPAZ - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - MATERIALIDADE, AUTORIA, DOLO E SITUAÇÃO DE PERIGO EVIDENCIADA NOS AUTOS - RECURSO DESPROVIDO. – Restando devidamente comprovadas nos autos a materialidade e a autoria do crime de abandono de incapaz, bem como o dolo na conduta da agente e a exposição dos menores à situação de risco, imperiosa a manutenção da condenação empreendida em primeira instância”. (Apelação Criminal 1.0348.11.001003-3/001, Relator (a): Des.(a) Eduardo Machado , 5ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 21/01/2014, publicação da sumula em 24/01/2014). Referências: CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Acesso em 28.04.2022. Disponível em: https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/resultadoCompleta.do FRIGO, Augusto. Artigo: Os tipos de pena à luz do Código Penal. Disponível em https://augustomarciano.jusbrasil.com.br/artigos/112322003/os-tipos-de-pena-a-luz- do-codigo-penal. Acesso em 30.04.2022. BEZERRA, Alberto. Artigo: Jurisprudência atualizada. ABANDONOD DE INCAPAZ. Disponível em https://www.peticoesonline.com.br/art-133-cp. Acesso em 30.04.2022. 3.4 QUESTÃO 04 7) Nelinho é condenado por estelionato com a pena máxima (art.171). Antes do término da pena é novamente condenado pelo crime de furto, pena mínima. As circunstâncias do artigo 59 são absolutamente desfavoráveis. Qual o total da pena? Qual o regime inicial? O que ele precisaria para progredir de regime? De acordo com o contido o artigo 171, o estelionato tem pena máxima prevista de 5 (cinco) anos, nesse caso, no regime semi-aberto. A questão de Nelinho é que antes do término da condenação da pena de Estelionato, ele foi condenado 40 por crime de furto que prevê, 1(um) ano de pena mínima, assim o total da pena dele é de no mínimo 6 (seis) anos a serem cumpridos inicialmente no regime semi-aberto; pois por se tratar de pena maior que 4 (quatro) anos e menor que 8 (oito) anos de pena, esse é o regime inicial de cumprimento. Os requisitos para progressão da pena são: 1) Subjetivos: a) Mérito; b) Regra c) Exceção: o exame criminológico, psicológico e social por decisão motivada pelo Juiz e 2) Objetivos: a) Tempo de cumprimento da pena; Natureza dos Crimes (Comum ou Hediondo e equiparado); c) Condenado (Primário ou Reincidente). Observando o artigo 112 da LEP; O crime de estelionato, Art. 171, na sua pena máxima, 5 anos a progressão é de 30% da pena (considerando o crime cometido contra idoso ou vulnerável – paragrafo 4º (...) crime gravoso) e o crime de furto: Art. 155, na sua pena mínima de 1 ano é de 25%, observando a situação mais benéfica para o apenado, a progressão poderá ser de 25% da pena Conclui-se então que na somatória das penas e condições, o réu será condenado a 1(um) ano e 6 (seis) meses de pena; e; não usufruirá do Regime Aberto por não preencher todos os requisitos consoantes do Artigo 59 do CP. (Das Circunstâncias Judiciais Que São Desfavoráveis). Nesse sentido verificam-se ainda em observância ao artigo 112 da LEP , o seguinte: § 1º - Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. § 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º deste artigo. § 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. § 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente. § 7º O bom comportamento é readquirido após 1 (um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após o cumprimento do requisito temporal exigível para a obtenção do direito. 41 Referências: YOUTUBE - AULA | Progressão de Regime com as alteraçõesdo Pacote Anticrime - Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NOpspGEKURg. Acesso em 01.05.2022. LEI DE EXECUÇÃO PENAL. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm. Acesso 01.05.2022. 3.5 QUESTÃO 05 8) Paulo Lockci é condenado por homicídio qualificado, pena de 20 anos, e é réu primário. Durante o cumprimento trabalhou por 3 anos, estudou por mais 3, além de ter cumprido 1 ano enquanto aguardava julgamento. Durante a execução da pena, foi um preso exemplar. Quanto tempo resta de pena? Quais os institutos que beneficiam o réu? Ele teria direito a progressão de regime? De acordo com o artigo 126, §1º, I, da Lei de Execução Penal, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto pode remir um dia de pena a cada 12 horas de frequência escolar, caracterizada por atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, superior, ou ainda de requalificação. Que devem ser dividias em no mínimo 3 dias; ou, trabalhar por 3 dias. Logo: Réu foi condenado a 20 anos Remição de (-) 1 (um) ano por 3 (três) anos de estudo Remição de (-) 1 (um) ano por 3 (três) anos de trabalho Tempo em que aguardou julgamento (-) 1 (um) ano Tempo de cumprimento após o julgamento (-) 6 (seis) anos Faltam ainda 11 (onze) anos de pena a serem cumpridos. O que beneficia o réu é o instituto da remição da pena, previsto no Artigo 126 acima citado, concede benefício de abreviação do lapso temporal do cumprimento da pena privativa de liberdade, concedido ao sentenciado ou preso cautelar que cumpre pena em regime fechado ou semiaberto. EMENTA: Lei de Execução Penal. Remição da pena. Frequência a curso de suplência. Possibilidade. Deve ser concedida a remição da pena do condenado que comprove frequência a curso de suplência, oferecido pelo estabelecimento prisional, desde que aferido o aproveitamento do 42 condenado-estudante e de acordo com a carga horária do curso, seguindo-se os mesmos critérios da remição por dia trabalhado, pois a tanto não se opõe o sistema de execução penal pátrio. Súmula: Deram provimento ao agravo ( Número do processo 1.0000.00.174312- 9/000(1)-Numeração Única: 1743129-63.2000.8.13.0000-Data do Julgamento: 18.05.2000-Data da Publicação 02.06.2000). Conforme Discorre sobre a progressão de regime AVENA ( 2015, p.254) “Sistema da Filadélfia ou Pensilvânico: Baseia-se no isolamento. O preso, com efeito, permanece isolado na sua cela saindo apenas esporadicamente, para passeios em pátios fechado. Sistema de Auburn: O condenado, em absoluto silêncio, trabalha durante o dia com outros presos e sujeita-se ao isolamento no período noturno. Sistema progressivo: Há um período inicial de isolamento absoluto. Após, segue-se a fase em que o apenado trabalha durante o dia na companhia de outros presos. No estágio final, é colocado em liberdade condicional.” Constituem requisitos objetivos para a concessão da progressão de regime o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena nos crimes comuns; nos crimes hediondos os condenados devem cumprir 2/5 (dois quintos) da pena se réu primário, se reincidente 3/5 (três quintos) da pena. Já os requisitos subjetivos para todas as infrações consubstanciam-se na conduta carcerária do sentenciado de bom comportamento, comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional; e ouvindo o Ministério Público e os argumentos da defesa sobre a possibilidade da concessão da transferência para regime menos rigoroso. EMENTA HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. FALTA DE CABIMENTO. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO DA PENA PELA LEITURA. ART. 126 DA LEP. PORTARIA CONJUNTA N. 276/2012, DO DEPEN/MJ E DO CJF. RECOMENDAÇÃO N. 44/2013 DO CNJ. 1.Conquanto seja inadmissível o ajuizamento de habeas corpus em substituição ao meio próprio cabível, estando evidente o constrangimento ilegal, cumpre ao tribunal, de ofício, saná-lo. 2.A norma do art. 126 da LEP, ao possibilitar a abreviação da pena, tem por objetivo a ressocialização do condenado, sendo possível o uso da analogia in bonam partem, que admita o benefício em comento, em razão de atividades que não estejam expressas no texto legal (REsp n. 744.032/SP, Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe 5/6/2006).3. O estudo está estreitamente ligado à leitura e à produção de textos, atividades que exigem dos indivíduos a participação efetiva enquanto sujeitos ativos desse processo, levando-os à construção do conhecimento. A leitura em si tem função de propiciar a cultura e possui 43 caráter ressocializador, até mesmo por contribuir na restauração da autoestima. Além disso, a leitura diminui consideravelmente a ociosidade dos presos e reduz a reincidência criminal. 4. Sendo um dos objetivos da Lei de Execução Penal, ao instituir a remição, incentivar o bom comportamento do sentenciado e sua readaptação ao convívio social, a interpretação extensiva do mencionado dispositivo impõe-se n o presente caso, o que revela, inclusive, a crença do Poder Judiciário na leitura como método factível para o alcance da harmônica reintegração à vida em sociedade. 5. Com olhos postos nesse entendimento, foram editadas a Portaria conjunta n. 276/2012, do Departamento Penitenciário Nacional/MJ e do Conselho da Justiça Federal, bem como a Recomendação n. 44/2013 do Conselho Nacional de Justiça.6. Writ não conhecido. Ordem expedida de ofício, para restabelecer a decisão do Juízo da execução que remiu 4 dias de pena do paciente, conforme os termos da Recomendação n. 44/2013 o Conselho Nacional de Justiça( HABEAS CORPUS Nº 312.486 -SP -2014/0339078-1).” Ele terá direito a progressão de regime, conforme contido no artigo 112, VI, a, da LEP, que, com a inserção do §6° ao art. 112 da Lei de Execução Penal, por meio da Lei n. 13.964/2019, o entendimento jurisprudencial majoritário do Superior Tribunal de Justiça, que deu origem a Súmula 534, passa a ser incorporado à Lei de Execução Penal, reafirmando-se, assim, que o cometimento de falta grave interrompe o prazo para progressão de regime, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo terá como base a pena remanescente, neste, a pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; 44 Conforme tabela abaixo, extraída do Site do Ministério Público do Paraná disponível em: https://criminal.mppr.mp.br/pagina-1307.html# Conforme explicações ele terá direito a progressão de regime ao completar 10 (dez) anos de cumprimento de pena, e, conforme demonstrado, ele cumpriu 9 (nove) anos deduzindo-se os institutos de remição cumpridos pelo réu, portanto em um ano ele progrediria para regime semi-aberto. Referências: AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Execução Penal: Esquematizado/ Norberto Cláudio Pâncaro Avena.- 2. ed. Ver. e atual.- Rio de Janeiro- Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178712479/habeas-corpus- hc-317678-sp-2015-0043501-3. Acesso em 29.04.2022. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO Disponível em https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=15538486&cdForo=0. Acesso em 29.04.2022. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS Disponível em:http://www.tjmg.jus.br/portal/processos/execucao-penal/projeto- remicao-pela-leitura/. Acesso em 29.04.2022. REVISTA JUSNAVIGANDI – ARTIGO: Remição da Pena pela Leitura. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/62251/remicao-da-pena-pela-leitura. Acesso em 29.04.2022. 45 Cálculo - Progressão de Regime. Disponível em https://criminal.mppr.mp.br/pagina-1307.html# . Acesso em 02.05.2022. Lei de Execução Penal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm - Acesso em 01/05/2022. Dosimetria Pena Privativa de Liberdade. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=z1czZ3uJGG0. Acesso em 01/05/2022. Homicídio Qualificado: Guia rápido para entender como funciona. Disponível em: https://vlvadvogados.com/homicidio- qualificado/#:~:text=Homic%C3%ADdio%20qualificado%3A%20voc%C3%AA%20sa be%20o,grave%20do%20que%20j%C3%A1%20%C3%A9. Acesso em 01/05/2022. e-book Calculando a Progressão de Regime. Disponível em: https://manualdaadvocaciacriminal.files.wordpress.com/2020/07/e-book- progressc3a3o-de-regime.pdf. Acesso em 01/05/2022. Remição de pena. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito- facil/edicao-semanal/remicao-de-pena. Acesso em 01/05/2022. O elemento subjetivo na progressão de regime: Atestado de conduta carcerária x Exame criminológico. Disponível em https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista- 167/o-elemento-subjetivo-na-progressao-de-regime-atestado-de-conduta-carceraria- x-exame-criminologico/. Acesso em 01.05.2022. 46 4 CONCLUSÃO O Direito Penal em sua função primordial prevê a ressocialização do infrator da lei, e o controle social por meio das leis e normas, coibindo condutas que ofendam ou exponham a perigo os cidadãos e os bens tutelados, protegendo os indivíduos das adversidades que crime produz. Assegurando através das leis a ordem no convívio social garantidos através do direito. Para cada sanção existe uma situação que a desencadeou como medida de segurança e para inibir condutas delitivas descontroladamente. De uma forma geral, sobre o direito penal, se conclui o presente trabalho que atividade jurisdicional brasileira está completamente vinculada pelo respeito ás máximas do ordenamento jurídico, no Brasil, agir corretamente significa pôr á frente os direitos fundamentais e as leis como ponto de partida. 47 REFERÊNCIAS GONÇALVES, V. E. R. Curso de direito penal - parte especial - Arts 121 a 183. São Paulo: Saraiva, 2019 GONÇALVES, V. E. R. Curso de Direito Penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018 SILVA, Athila Bezerra. Do delito de infanticídio no Direito Penal Brasileiro obedece a todos os procedimentos investigatórios e instrutórios cabíveis. Disponível em https://jus.com.br/artigos/52717/do-delito-de-infanticidio-no-direito-penal-brasileiro- obedece-a-todos-os-procedimentos-investigatorios-e-instrutorios-cabiveis>. Acesso em 27.04.2022. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Acesso em 28.04.2022. Disponível em: https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/resultadoCompleta.do BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 1. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA. Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/buscaForm.do#resultado_ancora CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_resultado2.jsp?listaProcessos=1001709044 5457001 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte geral. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 1. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e participação de inimputável. Buscador Dizer o Direito, Manaus. 48 Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/459a4ddcb586f24 efd9395aa7662bc7c>. Acesso em: 28/04/2022 CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DO DISTRITO FEDERAL Acesso: em 28.04.2022. Disponível em https://pesquisajuris.tjdft.jus.br CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA. Acesso em 28.04.2022. Disponível em https://busca.tjsc.jus.br/jurisprudencia/buscaForm.do#resultado_ancora LEI Nº 1343 – PLANALTO. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm . Acesso em 29.04.2022 CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Acesso em 28.04.2022. Disponível em: https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/resultadoCompleta.do AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Execução Penal: Esquematizado/ Norberto Cláudio Pâncaro Avena 2. ed. Ver. e atual.- Rio de Janeiro- Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/178712479/habeas-corpus- hc-317678-sp-2015-0043501-3. Acesso em 29.04.2022. CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO Disponível em https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=15538486&cdForo=0. Acesso em 29.04.2022. 49 CONSULTA JURISPRUDÊNCIA - ACÓRDÃO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS Disponível em:http://www.tjmg.jus.br/portal/processos/execucao-penal/projeto- remicao-pela-leitura/. Acesso em 29.04.2022. REVISTA JUSNAVIGANDI – ARTIGO: Remição da Pena pela Leitura. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/62251/remicao-da-pena-pela-leitura. Acesso em 29.04.2022. Cálculo - Progressão de Regime. Disponível em https://criminal.mppr.mp.br/pagina- 1307.html# . Acesso em 02.05.2022. Lei de Execução Penal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210compilado.htm - Acesso em 01/05/2022. Dosimetria Pena Privativa de Liberdade. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=z1czZ3uJGG0. Acesso em 01/05/2022. Homicídio Qualificado: Guia rápido para entender como funciona. Disponível em: https://vlvadvogados.com/homicidio- qualificado/#:~:text=Homic%C3%ADdio%20qualificado%3A%20voc%C3%AA%20sa be%20o,grave%20do%20que%20j%C3%A1%20%C3%A9. Acesso em 01/05/2022. e-book Calculando a Progressão de Regime. Disponível em: https://manualdaadvocaciacriminal.files.wordpress.com/2020/07/e-book- progressc3a3o-de-regime.pdf. Acesso em 01/05/2022. Remição de pena. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito- facil/edicao-semanal/remicao-de-pena. Acesso em 01/05/2022. O elemento subjetivo na progressão de regime: Atestado de conduta carcerária x Exame criminológico. Disponível em https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista- 50 167/o-elemento-subjetivo-na-progressao-de-regime-atestado-de-conduta-carceraria- x-exame-criminologico/. Acesso em 01.05.2022. FRIGO, Augusto. Artigo: Os tipos de pena à luz do Código Penal. 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