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A Engenharia da Sustentabilidade Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Viviane Japiassú Viana 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário A Engenharia da Sustentabilidade Para início de conversa… ................................................................... 04 Objetivo ............................................................................................ 05 1. Métricas de Sustentabilidade .................................................. 06 2. Indicadores de Sustentabilidade .............................................. 10 3. A Ecologia Industrial e o Consumo Sustentável .......................... 21 Referências ........................................................................................ 24 4 Produtividade e Sustentabilidade Para início de conversa… Depois que a organização estabeleceu a missão, a visão e o valor, chega o momento de avaliar os elementos mais relevantes para alcançá-los e, então, definir os objetivos dentro da proposta de gestão da sustentabilidade corporativa. Como vimos em outras unidades, os objetivos descrevem qualitativamente onde a organização quer chegar em relação aos aspectos críticos e prioritários por ela definidos. Contudo, para torná-los palpáveis, é preciso estabelecer metas que permitam o acompanhamento quantitativo do desempenho ao longo do tempo no curto, médio e longo prazo. Assim, as metas determinam onde é necessário chegar e qual é o prazo definido para alcançar os objetivos, e o monitoramento delas mostra o quão distante a organização está de alcançá-los. Vamos conhecer as métricas da sustentabilidade e entender como criar indicadores para medir o desempenho das organizações? 5Produtividade e Sustentabilidade Objetivo Aplicar indicadores para medir ações que ajudam o meio ambiente. 6 Produtividade e Sustentabilidade 1. Métricas de Sustentabilidade Ao estabelecer métricas para a sustentabilidade, é preciso observar que apenas quantificar (medir) não é suficiente. Faz-se necessário adotar indicadores que demonstrem como os aspectos da sustentabilidade e a cadeia produtiva estão se correlacionando. Por exemplo, não basta analisar a variação no consumo de energia de uma fábrica sem levar em consideração como a produção industrial variou nesse mesmo horizonte temporal. Se a análise desses dois aspectos não for feita em conjunto, os indicadores avaliados isoladamente não representarão a realidade da sustentabilidade da empresa, podendo mostrar resultados que levem a uma compreensão errônea da efetividade das ações tomadas. Além disso, é preciso que os gestores estejam comprometidos a garantir os recursos, viabilizar as ações necessárias e assegurar o cumprimento das metas. Nesse contexto, é importante estabelecer métricas de sustentabilidade, ou seja, um conjunto de medidas e indicadores que possam traduzir efetivamente o cenário da sustentabilidade na organização, transformando as informações e os dados coletados em um diagnóstico que sirva de ferramenta de gestão, oferecendo subsídios para os tomadores de decisão. Não podemos esquecer que quando tratamos de sustentabilidade, estamos abordando as três dimensões que a compõem: 1. Ambiental. 2. Social. 3. Econômica. Portanto, a mensuração da sustentabilidade de uma empresa precisa contar com métricas para avaliar e acompanhar os aspectos relativos a essas dimensões. O acompanhamento destas métricas também é importante para que tendências sejam percebidas antes de resultarem em impactos significativos na 7Produtividade e Sustentabilidade sustentabilidade de algum processo ou até mesmo da cadeia produtiva como um todo. Certamente, cada empresa trilhará um caminho único nessa busca por se tornar e se manter sustentável. Mas será que é possível estabelecer diretrizes ou critérios amplos que possam ser adotados de uma maneira geral no âmbito empresarial para que todos possamos entender e comparar as ações de diferentes empresas? Para facilitar essa questão e tornar a avaliação da sustentabilidade das corporações mais acessível à sociedade, diversas métricas e relatórios têm sido propostos. A divulgação de relatórios de sustentabilidade tem se tornado uma prática cada vez mais comum e necessária no contexto empresarial. Figura 1: Logo do 20º Índice de Sustentabilidade Dow Jones. Fonte: rebecosam.com (2020). No contexto internacional, existem outros relatórios e métricas de sustentabilidade que, ao serem divulgados, podem impactar significativamente a imagem ou a credibilidade das multinacionais. É o caso do Índice de Sustentabilidade Dow Jones (Dow Jones Sustainability Index - DJSI), criado em 1999 e adotado pela bolsa de Nova York para monitorar o desempenho de empresas que se destacam em seus setores de atuação pela sustentabilidade de seus negócios (ZAGO et al., 2018). A partir de um questionário no qual constam métricas relativas à responsabilidade social, ambiental, cultural e de governança corporativa, são avaliados os desempenhos das Comentário 8 Produtividade e Sustentabilidade empresas candidatas a compor esse índice. Somente as organizações que cumprem minimamente os requisitos determinados e se classificam como as mais sustentáveis em seus setores de atuação são selecionadas anualmente para aderir ao índice DJSI. Dessa maneira, fazer parte desse índice se torna um diferencial competitivo. Dentre os aspectos avaliados nesse questionário, podemos citar: eco eficiência, sistema de gestão ambiental, práticas trabalhistas, desenvolvimento do capital humano, filantropia, código de conduta, relacionamento com clientes, relação com investidores, dentre tantos outros. Algumas empresas brasileiras ou que atuam em território brasileiro e que integram o Índice de Sustentabilidade Dow Jones são: Natura, Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig, Santander e Sul América. O Global Reporting Initiative (GRI) é uma iniciativa internacional que visa contribuir para a compreensão e a comunicação da sustentabilidade em empresas, governos e outras instituições. Os relatórios anuais de sustentabilidade da GRI também vêm sendo amplamente utilizados no Brasil. Desde os anos 1990, quando teve início, a iniciativa já recebeu milhares de relatórios de mais de 90 países. Atualmente 93% das 250 maiores corporações do mundo reportam sua a performance de sua sustentabilidade por meio do GRI (GRI, 2020). Nesses relatórios, as empresas tornam públicos indicadores de desempenho socioambiental, financeiro e operacional. Figura 2: Logo do Global Reporting Initiative. Fonte: globalreporting.org (2020). 9Produtividade e Sustentabilidade Outra métrica relevante ao contexto brasileiro é o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa, que teve início em 2005 e compara a performance de empresas com ações na bolsa de valores de São Paulo com relação a: sustentabilidade corporativa, eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa (BM&FBOVESPA, 2020). Para compor o índice, é preciso que a empresa tenha os ativos entre os 200 mais negociados no período das três carteiras anteriores. No ISE, as dimensões ambiental, social, econômico-financeira e de mudanças climáticas são subdivididas em nos seguintes critérios que se desdobram em indicadores: a. Política (indicadores de comprometimento).b. Gestão (indicadores de programas, metas e monitoramento). c. Desempenho. d. Cumprimento Legal (reporte, no caso da dimensão climática). No âmbito da gestão pública brasileira, cabe destacar a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), um programa que tem como objetivo promover a responsabilidade socioambiental em órgãos governamentais. A iniciativa vem ganhando cada vez mais importância no cenário governamental, de modo que o Ministério do Meio Ambiente concede o selo A3P, um certificado aos órgãos que aderem a essa iniciativa. Figura 3: Logo da Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2020). 10 Produtividade e Sustentabilidade Soares et al. (2016) citam o Modelo do Instituto Ethos (ETHOS) como outra métrica de sustentabilidade adotada no setor privado do Brasil, e Delai e Takahashi (2008) apresentam, ainda, os indicadores do desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidades (CSD), o dashboard de sustentabilidade do Consultative Group for Sustainable Development Indicators, o barômetro de sustentabilidade do Instituto Mundial de Conservação, as métricas de sustentabilidade da Instituição dos Engenheiros Químicos da Inglaterra (IChemE) e o índice Triple Bottom Line (TBL). Figura 4: Logo do Instituto Ethos. Fonte: ethos.org.br (2020). 2. Indicadores de Sustentabilidade Os indicadores costumam representar em valores numéricos a medição do desempenho dos processos, produtos e serviços, permitindo a verificação da performance da organização com relação aos seus objetivos e metas. Eles podem ter enfoque na medição da eficiência, verificando o atendimento às expectativas do cliente, ou na medição da eficácia dos processos, já que se ambas forem alcançadas, a empresa obtém maior produtividade (CARPINETTI, 2010). Figura 5: Eficiência e eficácia são necessárias para uma boa produtividade. Fonte: Dreamstime. 11Produtividade e Sustentabilidade Na pirâmide da informação da Figura 6, Hammond et al. (1995) sintetizam o processo de criação de índices de sustentabilidade. Esse processo tem início na coleta de dados primários que, então, são analisados e utilizados como dado de entrada para a geração dos indicadores. Os indicadores gerados fomentam a criação de índices que traduzem a realidade da empresa. Figura 6: Pirâmide da informação. Fonte: Adaptado de Hammond et al. (1995). Se os indicadores forem observados de forma descontextualizada, podem ocasionar interpretações equivocadas e levar a ações com foco nos elementos errados, desencadeando o desperdício de tempo e de recursos sem que seja trabalhada a causa do problema. Por isso, na criação da carteira de indicadores de sustentabilidade corporativa, é preciso desenhar processos que garantam a eficiência na coleta dos dados, além de definir com clareza as periodicidades e as metodologias de medição. Também é necessário determinar que setor ou cargo ficará à frente de cada tarefa associada à geração do indicador: registros, coleta de dados, consolidação, avaliação, divulgação e análise crítica. ÍNDICES INDICADORES DADOS ANALISADOS DADOS PRIMÁRIOS 12 Produtividade e Sustentabilidade Os dados devem ser analisados com cuidado, e sempre considerando o contexto produtivo e de atuação da empresa. Para isso, deve-se determinar padrões para comparação e verificação dos resultados obtidos. A avaliação dos indicadores relativos às diversas dimensões da sustentabilidade deve considerar como um indicador impacta o outro e como eles influenciam ou refletem os aspectos socioambientais relativos à atuação da empresa. Os elementos que formam um indicador são: fórmula, unidade de medida, forma de medição, periodicidade de coleta e periodicidade de medição. A fórmula é a representação matemática do método de cálculo do indicador. Ela pode conter variáveis predeterminadas pela organização, pode ter ou não operadores aritméticos (soma, multiplicação, adição, subtração), e ainda contemplar números preestabelecidos. A falta de uma comunicação clara da unidade de medida adotada pode resultar em erros significativos na avaliação do desempenho. Se originalmente o indicador foi criado para ser registrado em m3, mas os dados brutos são coletados em litros, quando os números chegarem para avaliação do desempenho irão mostrar uma realidade completamente diferente da que foi constatada na coleta. Contudo, problemas de comunicação, a falta de senso crítico e o desconhecimento do histórico e da realidade da empresa podem fazer com que o erro não seja percebido e gerar impactos substanciais nas tomadas de decisão. Portanto, é preciso capacitar os envolvidos e deixar disponíveis as informações da carteira de indicadores. A forma de medição é outro aspecto crítico dos indicadores, pois se não houver padronização dos métodos a serem adotados ou treinamento dos envolvidos na medição, é possível que falhas metodológicas impactem, contaminem ou mascarem os resultados. A periodicidade de coleta determina de quanto em quanto tempo os dados deverão ser coletados. Para defini-la, é importante observar o tempo Comentário 13Produtividade e Sustentabilidade necessário para garantir a disponibilidade e confiabilidade dos dados, bem como para possibilitar o processamento e tratamento dos dados que irão compor o indicador. A periodicidade de medição ou de cálculo será definida em função dos interesses da organização e de sua demanda em monitorar e avaliar determinado indicador. Essa determinação também deve considerar os custos e a viabilidade de consolidar os dados no tempo determinado. Por exemplo, para alguns indicadores financeiros, pode não fazer sentido estabelecer periodicidades menores do que 1 ano. No entanto, para monitorar a satisfação do cliente, 1 ano é muito tempo a se esperar para tomar ações corretivas. Figura 7: Ilustração para seleção de indicadores financeiros. Fonte: Dreamstime. 14 Produtividade e Sustentabilidade A seleção de indicadores deve levar em conta a sua representatividade, custo, rastreabilidade, capacidade de ser reproduzido, dentre outros aspectos que podem ser observados no Quadro 1, a seguir, Prass (2005, p.15) acrescenta outros critérios que devem ser avaliados na criação da carteira de Indicadores. São eles: Seletividade ou importância: Capta uma característica-chave do produto ou processo. Simplicidade e clareza: Fácil compreensão e aplicação em diversos níveis da organização, numa linguagem acessível. Abrangência: Suficientemente representativo, inclusive em termos estatísticos, do produto ou processo a que se refere: deve-se priorizar indicadores representativos de situação de contexto geral. Rastreabilidade e acessibilidade: Permite o registro e a abrangência e a adequada manutenção e disponibilidade dos dados, resultados e memórias de cálculo, incluindo os responsáveis envolvidos. É essencial à pesquisa dos fatores que afetam o indicador. Comparabilidade: Fácil de comparar com referenciais apropriados, tais como o melhor concorrente, a média do ramo e o referencial de abrangência. Estabilidade e rapidez de disponibilidade: Perene e gerado com base em procedimentos padronizados, incorporados às atividades do processador. Permita fazer uma previsão do resultado, quando o processador está sob controle. Baixo custo de obtenção: Gerado a baixo custo, utilizando unidades adimensionais ou dimensionais simples, tais como percentagem, unidades de tempo, etc. Quadro 1: Critérios de criação da carteira de indicadores. Fonte: Prass (2005). 15Produtividade e Sustentabilidade Nesse sentido, a tabela mostra benefícios que os indicadores ambientais, segundo apontado pelo Sistema Firjan (2008), podem trazer à empresa no que diz respeito ao processo produtivo e ao produto. Benefícios para a empresa • Melhoria da imagem da empresa. • Manutenção dos atuais e conquistade novos nichos de mercado. •· Redução do risco de desastres ambientais. •· Adição do valor com a eliminação ou minimização dos resíduos. •· Menor incidência de custos com multas e processos judiciais. •· Maior diálogo com os órgãos de controle e fiscalização. Benefícios para o processo produtivo •· Economias de matéria-prima e insumos, resultantes do processamento mais eficiente e da sua substituição, reutilização ou reciclagem. •· Aumento dos rendimentos do processo produtivo. •· Redução das paralisações, por meio de maior cuidado na monitoração e na manutenção. •· Melhor utilização dos subprodutos. •· Conversão dos desperdícios em forma de valor. •· Menor consumo de energia durante o processo. •· Menor consumo de água durante o processo. •· Economia, em razão de um ambiente de trabalho mais seguro. •· Eliminação ou redução do custo de atividades envolvidas nas descargas ou no manuseio, transporte e descarte de resíduos. Benefícios para o produto •· Mais qualidade e uniformidade. •· Redução dos custos (por exemplo, com a substituição de materiais). •· Redução nos custos de embalagens. •· Utilização mais eficiente dos recursos. •· Aumento da segurança. •· Redução do custo líquido do descarte pelo cliente. •· Maior valor de revenda e de sucata do produto. Quadro 2: Benefícios dos indicadores ambientais. Fonte: Sistema Firjan (2008). 16 Produtividade e Sustentabilidade O objetivo da avaliação vai indicar os pontos de coleta de amostra ou o local onde serão instalados os equipamentos de medição, bem como os parâmetros a serem analisados. Delimitar claramente a abrangência de suas atividades, produtos e serviços é um fator primordial para que os indicadores sejam estabelecidos, de forma a monitorarem mais eficientemente o desempenho ambiental e a se limitarem aos aspectos que de fato são abrangidos, impactados ou influenciados pela organização. Conhecer as características ambientais do local em que a empresa está inserida é fundamental para que sejam adotados os procedimentos e as tecnologias menos impactantes possíveis. Além disso, essas características podem ser determinantes para um bom desempenho operacional e financeiro da organização, quando tratamos da disponibilidade quantitativa e qualitativa de matéria-prima e insumos (água, energia, etc.). Como vimos nas outras Unidades de Aprendizagem, uma empresa precisa identificar os seus aspectos ambientais significativos e monitorá-los para evitar que eles causem impactos ambientais. Quanto aos requisitos legais e outras demandas da sociedade, é importante observar que a legislação ambiental é vasta, sendo necessário estar atento às novas exigências, de modo a garantir o cumprimento dos parâmetros e critérios aplicáveis às atividades da empresa. Por fim, a capacidade de recursos financeiros, materiais e humanos para o desenvolvimento das medições é um aspecto fundamental para a determinação dos indicadores que serão adotados para medir o desempenho ambiental. Isso se deve ao fato de que as análises laboratoriais, os equipamentos de monitoramento e a contratação de técnicos capacitados e habilitados para realizar as tarefas pertinentes podem, por vezes, demandar investimentos tão altos que tornam o monitoramento um item impeditivo para a atividade. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desenvolveu um modelo de avaliação de indicadores conhecido como modelo PER (Pressão-Estado-Resposta), representado na Figura 8, a seguir: 17Produtividade e Sustentabilidade Figura 8: Modelo PER (Pressão-Estado-Resposta). Fonte: Sistema Firjan (2008). Esse modelo foi complementado posteriormente, passando a incluir a força motriz e o impacto, em uma proposta da Agência Europeia de Meio Ambiente (EEA) (1999). Nesse novo modelo, são consideradas, portanto, as atividades e necessidades humanas que pressionam o meio ambiente, afetando seu estado, promovendo impactos no meio ambiente e na saúde e demandando ações de resposta. INFORMAÇÃO AÇÕES PRESSÕES CONDIÇÕES RESPOSTAS ENERGIA AR ADMINISTRAÇÕES TRANSPORTES ÁGUA EMPRESAS INDÚSTRIA SOLO OBRIGAÇÕES AGRICULTURA FAUNA E FLORA CIDADES Atividades humanas Meio Ambiente Agentes econômicos e ambientais RECURSOS INFORMAÇÕES POLUIÇÃO AÇÕES IMPACTOS AMBIENTAIS 18 Produtividade e Sustentabilidade Figura 9: Modelo Força motriz – Pressão – Estado – Impacto – Reposta (FPEIR). Fonte: Felinto et al. (2019). Já a NBR ISO 14031 se dedica aos critérios para avaliação de desempenho ambiental (ADA), classificando os indicadores ambientais em duas categorias: Indicador de Condição Ambiental (ICA) e Indicador de Desempenho Ambiental (IDA). Os Indicadores de Condição Ambiental (ICA) são utilizados para mostrar as condições ambientais encontradas na área de influência da empresa. Eles são importantes para que a organização tenha clareza da sua parcela de contribuição no aumento da concentração de poluentes ou na diminuição da disponibilidade de recursos ambientais em função de seus processos, produtos e atividades. O esquema apresentado pela Figura 10, a seguir, mostra a relação entre a gestão da empresa, sua operação e o desempenho ambiental. FORÇAS MOTRIZES Atividades/Necessidades humanas produzem PRESSÕES no meio ambiente que podem afetar seu ESTADO o qual, por sua vez, poderá acarretar IMPACTOS Na saúde humana e nos ecossistemas, levando a sociedade (Poder Público, população em geral, organizações, etc) a emitir RESPOSTA por meio de medidas. 19Produtividade e Sustentabilidade Figura 10: Relação da gestão da empresa com a condição ambiental do meio e a inserção dos indicadores. Fonte: Sistema Firjan (2008). Os Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA) permitem o acompanhamento e a avaliação do desempenho das atividades, produtos e serviços da empresa quanto ao uso e consumo de recursos naturais. Eles podem ser classificados como: Indicadores de Desempenho Gerencial (IDG) ou Indicadores de Desempenho Operacional (IDO). Os IDGs mostram como as ações e os investimentos empresariais são refletidos no desempenho ambiental. Eles podem ter enfoque na conformidade legal, nos programas ambientais, na redução de penalidades por infrações ambientais ou no relacionamento com a comunidade, como mostrado no Quadro 3. CONDIÇÃO AMBIENTAL (ICA) CONDIÇÃO AMBIENTAL E OUTRAS FONTES Consumo de energia Consumo de insumos Lançamento de efluentes Organização (IDA) Gerência da organização (IDG) Operações da organização (IDO) (processo produtivo) Instalações fisicas e equipamentos Governo Ong Vizinhança PARTES INTERESSADAS ENTRADA INSUMOS SAIDA PRODUTOS + RESÍDUOS Fluxo de decisão / fluxo de matéria-prima e produto / fluxo de informações 20 Produtividade e Sustentabilidade Foco de avaliação Exemplos de indicadores 1. Implementação de políticas e programas ·• Número de iniciativas implementadas para a prevenção de poluição. ·• Níveis gerenciais com responsabilidades ambientais específicas. ·• Número de empregados que participam de treinamentos ambientais. 2. Conformidade ·• Número de multas, penalidades ou reclamações e os custos resultantes destas. 3. Desempenho financeiro • Gastos (operacional e de capital) associados à gestão e ao controle ambiental. •· Economia obtida por meio da gestão e controle ambiental. •· Responsabilidade legal ambiental que pode ter um impacto material na situação financeira da indústria. 4. Relações com a comunidade ·• Número de programas educacionais ambientaisou quantidade de materiais fornecidos à comunidade. •· Índice de aprovação em pesquisas nas comunidades. Quadro 3: Diferentes focos dos indicadores de desempenho gerencial (IDG). Fonte: FIESP/CIESP (2003). Já os Indicadores de Desempenho Operacional (IDO) têm enfoque nos processos e na operação da empresa, observando o consumo de recursos, matérias-primas e insumos, além da poluição ambiental e incômodo à vizinhança. Para a geração desse tipo de indicador são consideradas as entradas de materiais e insumos, as diferentes etapas do empreendimento (planejamento, instalação, operação e desativação), além das saídas do processo (resíduos sólidos, emissões atmosféricas, efluentes líquidos, etc.), e dos produtos gerados, como mostrado no Quadro 4, a seguir. 21Produtividade e Sustentabilidade Foco de avaliação Exemplos de indicadores 1. Materiais •· Materiais usados/produto. •· Materiais ou matéria-prima reciclados ou reutilizados. •· Embalagens descartadas ou reutilizadas/produto. 2. Energia •· Tipo de energia usada/ano ou produto ou serviço. •· Tipo de energia gerada com subprodutos ou correntes de processo. 3. Água •· Água consumida/ano ou por produto. •· Água reutilizada/ano ou por produto. 4. Fornecimento e distribuição •· Consumo médio de combustível da frota de veículos. 5. Resíduos •· Resíduos/ano ou por produto. •· Resíduos perigosos, recicláveis ou reutilizáveis produzidos/ano. •· Resíduos perigosos eliminados por meio da substituição de materiais. 6. Efluentes líquidos •· Volume de efluente orgânico/produto. •· Volume de efluente inorgânico/produto. 7. Emissões •· Emissões atmosféricas prejudiciais à camada de ozônio. •· Emissões de gases de efeito estufa, em CO2 equivalentes/ano ou por produto. 8. Ruídos •· Nível de ruído. Quadro 4: Diferentes focos dos indicadores de desempenho operacional (IDO). Fonte: FIESP/CIESP (2003). 3. A Ecologia Industrial e o Consumo Sustentável Adotando a analogia do funcionamento dos ecossistemas, como vimos na Unidade de Aprendizagem 5, podemos considerar que na ecologia industrial a extração e matéria-prima representa o produtor de uma cadeia alimentar, o sistema industrial faz o papel de consumidor, já que consome esses materiais e insumos e descarta resíduos e, por fim, uma empresa recicladora pode ser comparada aos decompositores dos ecossistemas, que reciclam a matéria orgânica, devolvendo-a à natureza. 22 Produtividade e Sustentabilidade Sob essa abordagem, também podemos usar a analogia do Metabolismo Biológico usando o termo Metabolismo Industrial, no qual ocorrem processos físicos e químicos para a transformação de matérias-primas e insumos (água e energia) em produtos e resíduos. A relação entre os dois termos é evidenciada por Giannetti e Oliveira (2006) na comparação apresentada pelo Quadro 5, a seguir. Ecossistema Sistema industrial Organismo Empresa Reprodução Produção População Parque industrial ou aglomerado Proximidade produtor/reciclador Distância variável entre produtor e reciclador Ciclo fechado de matéria Ciclo aberto Alto índice de reciclagem Reciclagem incipiente Regulado pela quantidade de reservas de material Regulado pela demanda de produto Concentração e reúso de resíduos Dissipação de resíduos Competição por recursos disponíveis Competição por recursos disponíveis Interage com o ambiente Modifica o ambiente Quadro 5: Comparação entre metabolismo e metabolismo industrial. Fonte: Giannetti e Almeida (2006). Assim como acontece os sistemas naturais, ao final do processo é preciso devolver para o ambiente os resíduos do consumo, de forma que ele possa ser reaproveitado. E é nesse sentido que a ecologia industrial pode oferecer uma grande contribuição. A partir do momento em que as empresas adotam práticas de reciclagem ou reaproveitamento de seus produtos e processos, elas se aproximam ainda mais dos processos naturais que se dão nos ecossistemas. Nas cadeias alimentares, os indivíduos se relacionam com aqueles que estão fisicamente próximos, pois essa prática diminui o esforço e o gasto de energia necessários para a obtenção dos insumos desejados, os quais, nesse caso, são os alimentos. 23Produtividade e Sustentabilidade No contexto industrial não poderia ser diferente. A proximidade física facilita, agiliza e barateia o reaproveitamento dos resíduos e a obtenção de matérias-primas. Assim, é possível ser mais eficiente em diversos aspectos, reduzindo as perdas nos fluxos de material e energia ao longo do processo industrial. O consumo sustentável no contexto da ecologia industrial é promovido, sobretudo, a partir da colaboração entre empresas que têm potencial de aproveitar os resíduos e materiais umas das outras, como no caso dos parques industriais ecológicos. Vimos que a transparência e a eficiência na avaliação e na comunicação do desempenho da sustentabilidade empresarial podem representar um diferencial de mercado ao estabelecerem uma relação de confiança com as partes interessadas da empresa. Conhecemos as métricas da sustentabilidade e alguns sistemas de avaliação do desempenho das organizações. Percebemos que é preciso estabelecer indicadores alinhados com os objetivos e determinar metas a serem atingidas, a fim de que as prioridades da empresa possam ser definidas. Descobrimos, ainda, que existe uma estrutura a ser seguida para a criação dos indicadores e cuidados a serem observados, desde a coleta dos dados primários até a análise crítica dos resultados alcançados. Pudemos perceber que, ao medir o seu desempenho e evidenciar que as metas estabelecidas foram cumpridas, as organizações saem na frente de outras do mesmo setor de mercado, melhorando a percepção de sua imagem e viabilizando o alcance de melhores resultados. Por fim, vimos que a ecologia industrial pode colaborar para que os processos produtivos atinjam padrões de consumo mais sustentáveis sob a ótica das três dimensões da sustentabilidade: social, econômica (financeira) e ambiental. Importante 24 Produtividade e Sustentabilidade Referências BM&FBOVESPA. Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Disponível em: http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/indices/indices-de- sustentabilidade/indice-de-sustentabilidade-empresarial-ise.html. Acesso em: 24 abr. 2020. CARPINETTI, L. C. R. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. São Paulo, Atlas, 2010. DELAI, I.; TAKAHASHI, S. Uma proposta de modelo de referência para mensuração da sustentabilidade corporativa. 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Colaboração e Integração Referências Planejamento Ambiental Para início de conversa… Objetivos 1. Estratégias 1.1 Missão 1.2 Visão 1.3 Valores 1.4 Planejamento Ambiental Estratégico 2. Tático 3. Operacional 3.1 Instrumentos de Planejamento Ambiental Referências Desenvolvimento Sustentável Para início de conversa… Objetivo 1. Crescimento financeiro sustentável 2. Crescimento Pessoal Sustentável 3. Crescimento da Sociedade Sustentável Referências Ecologia industrial Para início de conversa… Objetivos 1. Produção mais limpa (P+L): princípios e aplicações 2. Reestruturação da Produção com foco na sustentabilidade 3. Reestruturação da Produção Referências _3znysh7 A Engenharia da Sustentabilidade Para início de conversa… Objetivo 1. Métricas de Sustentabilidade 2. Indicadores de Sustentabilidade 3. A Ecologia Industrial e o Consumo Sustentável Referências