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LIVRO ESTAGIO SUPERVISIONADO

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Universidade regional do noroeste do estado do rio grande do sUl – UnijUí 
vice-reitoria de gradUação – vrg 
coordenadoria de edUcação a distância – cead 
coleção educação a distância
série livro-texto
Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
2010
lori Mari Frantz 
Maridalva Bonfanti Maldaner
estágio cUrricUlar 
sUpervisionado
 2010, Editora Unijuí
 Rua do Comércio, 1364
 98700-000 - Ijuí - RS - Brasil 
 Fone: (0__55) 3332-0217
 Fax: (0__55) 3332-0216
 E-mail: editora@unijui.edu.br
 Http://www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Karin Strohschoen
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: 
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste 
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação: 
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
F836e Frantz, Lori Maria.
 Estágio curricular supervisionado / Lori Maria Frantz, Ma-
ridalva Bonfanti Maldaner. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2010. – ?? p. – 
(Coleção educação a distância. Série livro-texto).
 ISBN 978-85-7429-863-4
 1. Sociologia. 2. Sociologia – Estágio curricular. 3. Sociolo-
gia – Estágio supervisionado. I. Maldaner, Maridalva Bonfanti. 
II.Título. III. Série.
 CDU : 316 
 316.9(07)
Sumário
CONHECENDO O PROFESSOR ..................................................................................................5
APRESENTAçãO ...........................................................................................................................7
UNIDADE 1 – OS ESTÁGIOS CURRICULARES NA PROPOSTA DOS CURSOS 
 DE LICENCIATURA DE HISTóRIA, GEOGRAFIA, SOCIOLOGIA .................9
Seção 1. Estágio Curricular .....................................................................................................10
1.1. O que se entende por estágio curricular? ...................................................................10
1.2. Por que são realizados estágios na formação do professor? .......................................12
1.3. O estágio no seu curso de Licenciatura ......................................................................14
Seção 2. Sua entrada na escola ...............................................................................................16
2.1. Que aspectos legais embasam os estágios? ................................................................16
2.2. Relações entre estágio e cultura da escola e da universidade ...................................19
Seção 3. O primeiro estágio curricular: a escola ....................................................................20
3.1. O que é observar/pesquisar? ........................................................................................21
3.2. Alguns detalhamentos da proposta deste estágio ......................................................22
3.3. Mãos à obra: o que você precisa fazer e como fazer? .................................................24
3.4. Relatório final ...............................................................................................................27
UNIDADE 2 – TEMAS ARTICULADORES DA PESQUISA 
 E ATUAçãO NO ESTÁGIO CURRICULAR ......................................................29
Seção 1. Conhecendo a escola: memórias e trajetórias .........................................................29
1.1. O olhar atento e a escuta sensível ...............................................................................34
Seção 2. A escola e sua dinâmica curricular ..........................................................................36
2.1. Sujeitos socioculturais: a cultura juvenil ....................................................................37
2.2. Espaço e tempo como dimensões do currículo ...........................................................42
2.3. O tempo escolar ............................................................................................................45
2.4. Conhecimento escolar e cultura ..................................................................................48
Seção 3. Projeto Político-Pedagógico da escola ......................................................................53
3.1. O que é um PPP? ..........................................................................................................54
3.2. Dimensões política e pedagógica do projeto ..............................................................55
3.3. A estrutura básica de um PPP ......................................................................................57
REFERêNCIAS .............................................................................................................................61
Sugestão de Leitura Complementar ...................................................................................62
EaD
5
estágio cUrricUlar sUpervisionadoConhecendo o Professor
Lori Maria Frantz
Meu nome é Lori Maria Frantz, Specht Kunz de solteira. Lori, 
por que a meu pai lembrava a história de Lorelei.
Sou loira escura, com matizes arruivadas. Segundo um profes-
sor de português que tive no Ensino Médio, tenho a “cor de burro 
quando foge” e olhos azuis, com formato asiático...
Comecei minha escolaridade em escola situada numa comu-
nidade interiorana. Logo descobri que existiam castigos para certas 
“artes”, como, por exemplo, comunicar-se em língua estrangeira no 
horário do recreio, o que me fez ficar na escadaria externa da escola, 
no primeiro dia de aula, com livro aberto na mão... sem saber ler!
Posteriormente fiz minha formação de professora. Trabalhei 
durante 4 anos com alunos de 1ª a 3ª séries, apesar do alerta da 
madre superiora: “Como você vai impor respeito a seus alunos com 
essa cortina de boba?”. Ela referia-se à franja do meu cabelo (nova-
mente o cabelo!!!).
Concluído o Ensino Médio e chegado o momento de entrar na 
universidade, cheguei a Ijuí, onde resido até hoje. Cursei Letras na 
Unijuí e, posteriormente, Mestrado em Études Des Societés Latino 
Américaines, no Instituto de Altos Estudos para a América Latina, 
Université de Paris III (Sorbonne-Nouvelle), na França.
Desde o início da minha atividade do magistério no ensino 
superior, dediquei-me à formação de docentes, iniciando pelo curso 
de licenciatura em Letras e ampliando minha atuação na orientação 
de estágios nos cursos de Artes Visuais e História, bem como na 
didática em diversos cursos de licenciatura.
Também atuo na coordenação do curso de Formação Pedagógica 
para Bacharéis e desenvolvo trabalho de extensão em projeto de for-
mação de jovens rurais, da Casa Familiar Rural da Região de Ijuí.
Meu esposo é professor na Unijuí, atualmente vice-reitor de 
Pesquisa e Extensão. Temos três filhas: uma psicóloga, uma fisiote-
rapeuta e uma fotógrafa.
Maridalva Bonfanti Maldaner
Nasci na década de 50, num município da Serra Gaúcha cha-
mado Farroupilha. Filha de descendentes de italianos, convivi toda 
minha infância com meus familiares vitivinicultores. Sou licenciada 
em Estudos Sociais pela Universidade de Passo Fundo e em Geo-
grafia pela Unijuí. Trabalhei como professora de 1º e 2º graus nos 
municípios de Chapecó/SC e em Ijuí. Em 1983 concluí o Mestrado 
em Metodologia do Ensino pela Universidade Estadual de Campinas 
e, mais tarde, nessa mesma instituição, ingressei no Doutorado.
Comecei a lecionar na Unijuí em 1981 como professora do De-
partamento de Pedagogia nas disciplinas de Didática, Práticas de En-
sino e Estágios Supervisionados nos diversos cursos de Licenciatura, 
e Fundamentos e Metodologia de Ensino na Pedagogia. Desenvolvi 
atividades na administração universitária como chefe de Departa-
mento, coordenadora de cursos de Pós-Graduação, coordenadora 
de extensão, mas é como professora que me realizo mais. Foi nesse 
espaço que me constituí professora nas interações com meus alunos,colegas e o conhecimento. Levo em consideração que meu papel de 
professora vai se constituindo misturado a minha vida de menina, 
mulher, filha, irmã, esposa, mãe, avó, com todas suas práticas, rituais, 
fazeres, afazeres, desejos, medos, aspirações e frustrações, modos 
de dizer e de silenciar, que são histórica e socialmente construídos 
e que trazem comigo os significados que consigo dar a mim mesma 
sobre a vida e as experiências vividas.
EaD
7
estágio cUrricUlar sUpervisionadoApresentação
Este livro pretende colocar você, acadêmico de História, Geografia ou Sociologia, em con-
tato com as orientações necessárias para a realização de todas as ações propostas pelo trabalho 
no componente curricular relativo ao primeiro estágio curricular supervisionado.
Este momento da sua vida acadêmica é muito importante, pois o estágio curricular repre-
senta um espaço de formação. Por meio de um trabalho de investigação e de estudos, você terá 
contatos e vivências com realidades escolares diversas, interagindo com a singularidade de cada 
uma. É preciso compreender o lugar a ser ocupado pelo professor em formação para que você 
possa dar sentido a sua trajetória dentro da dinâmica das práticas educativas vivenciadas nas 
escolas de estágio.
O estágio curricular é também um espaço de investigação, pois aproxima mais o professor 
em formação da escola, desenvolvendo um olhar sensível e interpretativo de questões do cotidiano 
escolar. Esse processo resulta em produção de saberes que envolvem práticas de reflexão, análise 
e problematização, assim como o enfrentamento de dúvidas e incertezas. Em situação de estágio 
na escola e ao enfrentar os desafios do seu cotidiano, o futuro professor busca e reconsidera a 
teoria, articulando e confrontando seus fundamentos com a realidade histórica, cultural e social, 
na qual passa a se inserir e reconstruir.
Assim, o estágio curricular se constitui um espaço de construção da identidade profissio-
nal para você, que passa a adquirir compreensões acerca de determinadas posturas, intenções e 
opções em relação aos saberes necessários à atividade profissional. Isso inclui a ressignificação 
dos conhecimentos escolares em desenvolvimento naquela escola e sua contínua recontextua-
lização.
Diante dessas considerações sobre o estágio como espaço revelador da indissociabilidade 
entre teoria e prática e da oportunidade do campo de estágio como pesquisa e intervenção em 
situação real, apresentamos este material como subsídio para orientar e subsidiar as ações dele 
decorrentes.
O caderno é apresentado em duas partes. A primeira tem como objetivo orientar o acadê-
mico em relação à proposta do estágio, sua função e importância no contexto da formação e no 
currículo do curso, nos seguintes focos: aspectos legais que fundamentam e orientam a atuação/
interação da universidade, dos professores orientadores, das escolas de estágio e do acadêmico; 
proposta de trabalho teórico-prático a ser desenvolvido no decorrer do semestre; temáticas orien-
tadoras da pesquisa/estágio nas escolas; planejamento colaborativo entre acadêmico orientador 
de estágio e profissionais de educação no campo de estágio.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
8
A segunda parte apresenta as temáticas elencadas pelo programa do componente curricu-
lar, em forma de um texto contendo orientações, indagações e problematizações que situam as 
possibilidades de inserção e de práticas de pesquisa na escola de estágio.
EaD
9
estágio cUrricUlar sUpervisionadoUnidade 1
os estágios cUrricUlares na proposta dos cUrsos 
de licenciatUra de História, geograFia, sociologia
Lori Maria Frantz
Você, neste semestre, está iniciando uma nova atividade de estudo e reflexão sobre o pri-
meiro estágio curricular supervisionado a ser realizado, de um conjunto de quatro, conforme a 
proposta do seu curso de Licenciatura.
Esta vivência é muito importante para a sua formação profissional por ser uma atividade 
essencial para a construção de sua identidade de professor-educador. Você tem a oportunidade 
de constituir e/ou de ampliar seu conhecimento exigido na prática profissional, nas atividades 
de observação/pesquisa em espaço de escola do Ensino Fundamental e/ou do Ensino Médio. 
Assim, vai desenvolver um trabalho de estudo e acompanhamento de ações e práticas da escola 
que oportunizarão visibilidade e conhecimento para sua futura atividade docente.
Para que você realize uma tranquila e, ao mesmo tempo, bem preparada aproximação ao 
seu campo de estudo e atuação, está recebendo orientações que indicam o caminho a trilhar 
neste semestre. Seu trabalho será relevante à medida que realizar as observações com muita 
responsabilidade, intermediando-as com registros, estudos e reflexões constantes.
Uma das maneiras de “entrar” na escola, de ocupar-se com ela, é relembrar seu percurso 
escolar de forma a situar sua escolha profissional docente. Então, que tal uma retomada da sua 
vida escolar?
Anote suas considerações sobre cada item:
1. Sua formação/vivência em escola(s): tipo de escolas frequentadas, professores que o/a 
marcaram (por quê); como realizou suas aprendizagens; a dinâmica curricular; se houve 
introdução nos conhecimentos de sua área de formação.
2. Profissão docente: razões/motivos da escolha do curso superior; como a profissão de pro-
fessor se constitui e está se constituindo em relação ao seu projeto de vida; como aprendeu/
aprende a ensinar.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
10
3. Práticas realizadas/vivências: relacionadas à formação para 
a docência durante o curso de Licenciatura ou outro; o que foi 
significativo e quais aprendizagens podem ser salientadas. 
Recomposta a memória sobre sua vida escolar, de agora em 
diante você poderá estabelecer conexões entre suas experiências 
e este componente de estágio, além de mobilizar conhecimentos e 
fortalecê-los com os novos que lhe serão propostos.
Você deve ter se perguntado: o que vai ser abordado nesta 
Unidade? Vou desvelar o “segredo”: basicamente vão ser abordados 
três temas:
1º) O que se entende por estágios curriculares, por que há estágios 
na formação do professor e como estão presentes no seu curso.
2º) Sua entrada na escola em que irá estagiar, considerando tanto 
os aspectos legais quanto as relações entre escola, estagiário, 
universidade e o componente estágio.
3º) O primeiro estágio, tratando das suas características, a respeito 
do que é observar uma escola, bem como algumas informações 
sobre as temáticas deste componente e encaminhamentos que 
precisam ser feitos durante o semestre.
seção 1
estágio curricular
1.1. o qUe se entende por estágio cUrricUlar?
O que é mesmo um estágio? O Dicionário Houaiss da Língua 
Portuguesa (2001) define que é o “período de prática para que um 
médico, um advogado, etc., se habilite a exercer proficientemente sua 
profissão, (...) momento ou período específico em um processo contí-
nuo, (...) período transitório de formação tendo em vista o exercício de 
uma função...”. Daí se infere que o estágio é um período de formação 
que se dá em espaços ligados à profissão escolhida, na qual se tem 
Sugestão de Leitura
MARQUES, Mario Osorio et al. 
Quatro vidas, quatro estilos. Ijuí: Ed. 
Unijuí, 1996.
MARQUES, Mario Osorio. Escrever 
é preciso. Ijuí: Ed. Unijuí, 1998.
NÓVOA, António (Org.). Vidas 
de professores. Portugal: Porto 
Editora, 1992.
EaD
11
estágio cUrricUlar sUpervisionado
o cotidiano como fonte de conhecimento. No caso dos estágios de licenciandos, estes espaços 
oportunizam apreender o trabalho pedagógico em suas variadas dimensões. Assim, o estágio no 
espaço escolar aponta para uma situação ideal e real de formação do professor, possibilitando-
lhe conhecer e interagir com a diversidade do campo de trabalho.
Os estágios curriculares de cursos de Licenciatura são exigência e condição para obter a 
habilitação para o exercício profissional do magistério.Outra obrigatoriedade é que sejam reali-
zados em escolas de Educação Básica. Como já foi referido, destinam-se à iniciação profissional 
e suas atividades e estudos são mais significativos na medida em que possibilitam a construção 
de aprendizagens relevantes por meio da aproximação e do envolvimento com a prática peda-
gógica realizada nesses espaços.
Selma Pimenta (2008, p. 41-45) põe em evidência discussões e entendimentos do que é 
estágio, alertando que consiste em teoria e prática e não em teoria ou prática. Isto por que a 
intervenção educativa do professor nas instituições de ensino é entendida como prática social.
Preste atenção no fato de que a autora citada defende uma concepção de prática e de ação 
inseparáveis e interdependentes: a primeira refere-se à cultura educativa das instituições, con-
templando aspectos organizativos, metodológicos, condições físicas; a segunda diz respeito aos 
sujeitos que agem com suas diferentes formas de fazer e pensar e que viabilizam a ação pedagó-
gica na escola. Conforme Pimenta (2008, p. 43), portanto, ao estágio da Licenciatura “compete 
possibilitar que os futuros professores compreendam a complexidade das práticas institucionais 
e das ações aí praticadas por seus profissionais como alternativa no preparo para sua inserção 
profissional”.
Outra consideração importante diz respeito à compreensão de que as atividades de es-
tágio são concebidas como pesquisa. Isso pressupõe, entre outras questões, a comparação e o 
confronto das observações e práticas realizadas no cotidiano da escola com os aspectos teóricos 
desenvolvidos em componentes curriculares no seu curso de formação, para confirmá-los e/ou 
transformá-los. Esse diálogo entre a prática e a teoria contribui para o fazer pedagógico mais 
qualificado e transformador.
Dessa forma, o estágio deve articular o campo de conhecimento com o espaço de forma-
ção, tendo como eixo norteador a pesquisa. O desenvolvimento de posturas e de habilidades de 
pesquisador exige de você uma atitude investigativa que envolve reflexão, análises de contexto 
e interação na escola. Assim sendo, você deve realizar mais do que simples observações e ano-
tações; deve buscar a vivência de uma prática refletida, em que problematize tanto a prática 
quanto as ações, e as confronte com explicações teóricas e experiências de outros atores. Isto 
significa que você, acadêmico, é produtor de saber.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
12
1.2. por qUe são realizados estágios 
 na ForMação do proFessor?
Tenha presente que o estágio curricular é uma atividade prática 
e teórica de conhecer, de dialogar e de intervir/interagir na realidade 
escolar, que permite mobilizar saberes desenvolvidos durante o seu 
curso de Graduação para a reflexão dessa realidade.
Veja que diversas são as fontes para constituir seu saber pro-
fissional docente! Entre elas, as atividades e experiências de estágio 
orientam você na busca desse novo saber: o saber docente. Este é 
constituído em diferentes momentos da vida, isto é, durante a for-
mação escolar (percebeu o significado da primeira atividade que 
você realizou?), na formação profissional, no ingresso na carreira e 
na vida profissional.
Segundo Tardif (2002, p. 36) esse “amálgama” de saberes 
resulta em “saber plural”. Além de serem mobilizados saberes já 
existentes, há novos a serem constituídos relacionados aos saberes 
da formação profissional ou pedagógicos (que se originam das ci-
ências da educação); dos saberes disciplinares (que são definidos/
selecionados pela universidade); dos saberes curriculares (que são 
oriundos dos currículos desenvolvidos pelas instituições escolares), 
e dos saberes experienciais (os desenvolvidos pelo professor no 
exercício profissional).
Esses saberes definem a identidade e a profissionalidade do 
docente. Para evidenciar ainda mais o parágrafo anterior, será apre-
sentadas considerações de Pimenta (2008, p. 13) explicitando que 
a docência é um
(...) campo de conhecimentos específicos configurados em quatro 
grandes conjuntos, a saber: 1) conteúdos das diversas áreas do saber 
e do ensino, ou seja, das ciências humanas e naturais, da cultura e 
das artes; 2) conteúdos didático-pedagógicos, diretamente relaciona-
dos ao campo da prática profissional; 3) conteúdos ligados a saberes 
pedagógicos mais amplos do campo teórico da prática educacional; 
4) conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana 
individual, com sensibilidade pessoal e social.
Amálgama
Entendida nesta situação como 
a reunião, junção de elementos 
diferentes ou heterogêneos que 
formam um todo.
EaD
13
estágio cUrricUlar sUpervisionado
Com certeza você está percebendo que sua identidade como docente é construída ao longo 
de sua trajetória profissional, cujas bases podem ser vivenciadas nos estágios. Daí a importân-
cia de que possa participar de diferentes práticas, considerando que à medida que você age no 
ambiente escolar e recebe influência deste, pode elaborar e reelaborar o seu conhecimento e 
interferir nesta mesma realidade social.
O educador português Antonio Nóvoa (1992, p. 38) afirma que
a formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimento ou de técnicas), mas sim através 
de um trabalho de reflexão crítica sobre práticas e de (re)construção permanente de uma identidade 
pessoal. Por isso, é tão importante investir na pessoa, a dar estatuto ao saber da experiência.
Se você ainda está se perguntando: Por que preciso fazer os estágios curriculares?; a resposta 
é: Porque você necessita aprender a profissão que escolheu e que essa aprendizagem contribua 
para reafirmar sua escolha profissional.
se vocÊ ainda não É proFessor...
Considere que vai aprender com aqueles que já têm experiência, além de aprender com as 
particularidades da realidade escolar situada num contexto social específico. Com o objetivo de 
alicerçar essas aprendizagens, é importante que nesse processo haja interação, parceria entre a 
instituição de origem do acadêmico e a escola, considerando professores, alunos e comunida-
de escolar de modo geral. Pimenta (2008, p. 100) considera como questões básicas: “o sentido 
da profissão, o que é ser professor na sociedade em que vivemos, como ser professor, a escola 
concreta, a realidade dos alunos nas escolas de ensino fundamental e médio, a realidade dos 
professores nessas escolas, entre outras”.
se vocÊ já eXerce o MagistÉrio...
Considere que os estágios oportunizam um novo olhar sobre aquilo que você vê no dia 
a dia, mas que passa despercebido. Pode ser espaço de reflexão da sua atividade de docência, 
ressignificando-a, uma vez que a identidade profissional é algo em constante (re)construção. 
Além disso, os estágios são considerados uma modalidade de formação contínua.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
14
1.3. o estágio no seU cUrso de licenciatUra
Tendo em vista que você vai realizar o primeiro estágio deste curso neste semestre, vamos 
situá-lo resumidamente e os demais a serem desenvolvidos nos próximos semestres. Você já deve 
saber que os cursos de Graduação têm sua proposta definida num Projeto Pedagógico. Assim, os 
diferentes componentes específicos, os componentes pedagógicos e neles os Estágios Curricu-
lares, compõem o currículo do curso de formação de professores. Esse é um processo planejado, 
em que os estágios são articulados aos demais componentes curriculares do curso, tendo em 
vista que todos são responsáveis pela qualificação profissional do professor.
Por ocasião dos estágios você tem a oportunidade de conhecer estabelecimentos de Ensino 
Fundamental e de Ensino Médio, sua organização educativa, sua fundamentação teórico-con-
ceitual, seus modos de funcionamento e práticas educativas em realização (atuações no espaço 
escolar, o desenho dos planejamentos, a aplicação de metodologias, o trabalho interdisciplinar), 
o que é o currículo e a gestão curricularnas escolas e nas salas de aula, seus sujeitos, as relações 
no interior e fora da escola, e ainda, nos últimos estágios, exercer a atividade de docência.
Assim, você poderá integrar a aprendizagem acadêmica e a dinâmica das instituições 
escolares de ensino. Isto é, ao participar de uma organização escolar em situações cotidianas, 
vai construir e/ou ampliar seus conhecimentos teórico-práticos necessários à compreensão e à 
inclusão no mundo do trabalho educativo escolar.
Veja, no quadro a seguir, como se configuram os estágios dos cursos de Licenciatura em 
História, Geografia e Sociologia.
estágios curriculares dos cursos de graduação em História, geografia e sociologia da Unijuí
HISTóRIA GEOGRAFIA SOCIOLOGIA
Estágio Curricular Supervisio-
nado: A Escola
A identificação do contexto social 
em que a escola está situada e 
o estudo de seu projeto político-
pedagógico: o processo de sua 
elaboração, os elementos teóricos 
e metodológicos que o orientam, 
a organização curricular e a for-
ma de sua efetivação.
Estágio Curricular Supervisio-
nado: A Escola 
A identificação do contexto social 
em que a escola está situada e 
o estudo de seu projeto político-
pedagógico: o processo de sua 
elaboração, os elementos teóricos 
e metodológicos que o orientam, 
a organização curricular e a for-
ma de sua efetivação.
Estágio Curricular Supervisiona-
do em Ensino de Sociologia I
A compreensão do projeto políti-
co-pedagógico e da organização 
curricular da escola; os elemen-
tos teóricos e metodológicos e as 
práticas desenvolvidas com esses 
instrumentos organizativos da 
educação escolar; participação, 
registro e análise de práticas 
desenvolvidas na escola campo de 
estágio.
EaD
15
estágio cUrricUlar sUpervisionado
Estágio Curricular Supervisio-
nado em Ensino de História I
O contato e a interação com o 
ensino de História na escola para: 
conhecer o currículo escolar, a 
proposta metodológica de Histó-
ria, as ligações com outras áreas 
do conhecimento, a infraestrutura 
e os materiais didáticos disponí-
veis e as experiências de ensino; 
elaborar o referencial teórico e 
metodológico; reunir e confeccio-
nar materiais didáticos que serão 
colocados à disposição da escola.
Estágio Curricular Supervisio-
nado em Ensino de Geografia I 
Estudo e elaboração dos funda-
mentos teóricos e metodológicos 
para o ensino da Geografia na 
Educação Básica e investigação, 
registro e análise de práticas de 
ensino de Geografia presentes 
nas escolas campo de estágio. 
Planejamento, elaboração e orga-
nização de atividades e de mate-
riais didáticos na perspectiva da 
construção do conhecimento na 
Geografia Escolar.
Estágio Curricular Supervisiona-
do em Ensino de Sociologia II
Fundamentos teóricos e metodoló-
gicos para o ensino de Sociologia; 
análise da vida escolar: relações 
sociais na escola; poder político 
na escola; relações da escola com 
o mundo social; eventos realiza-
dos pela escola; trato da violência 
na escola; trato com as diferenças 
culturais na escola. Descrição das 
experienciações educação popular 
na região do aluno.
Estágio Curricular Supervisio-
nado em Ensino de História II
O exercício da docência no Ensi-
no Fundamental: a observação de 
situações de aprendizagem dos 
alunos, a metodologia do ensino, 
o planejamento orientado das 
aulas, a execução do planejamen-
to, a avaliação do exercício e a 
elaboração do relatório.
Estágio Curricular Supervisio-
nado em Ensino de Geografia II
Desenvolve o planejamento, a 
prática, o registro e a análise das 
práticas docentes realizadas sob 
a forma de estágio curricular 
supervisionado em Geografia, 
nas escolas campo de estágio no 
nível Fundamental. Dá continui-
dade ao estudo e (re)elaboração 
dos fundamentos teóricos e 
metodológicos. 
Estágio Curricular Supervisiona-
do em Ensino de Sociologia III
Fundamentos teóricos e metodoló-
gicos para o ensino de Sociologia: 
o conhecimento sociológico de-
senvolvido na escola; metodologia 
da construção de conhecimentos 
sociológicos. Busca de dados para 
serem tematizados pela reflexão 
sociológica.
Estágio Curricular Supervisio-
nado em Ensino de História III
O exercício da docência no 
Ensino Médio: a observação de 
situações de aprendizagem dos 
alunos, a metodologia do ensino, 
o planejamento orientado das 
aulas, a execução do planejamen-
to, a avaliação do exercício e a 
elaboração do relatório.
Estágio Curricular Supervisio-
nado do em Ensino de Geogra-
fia III
Desenvolve o planejamento, a 
prática, o registro e a análise das 
práticas docentes realizadas sob 
a forma de estágio curricular 
supervisionado em Geografia, 
nas escolas campo de estágio no 
nível Médio. Sistematização final 
dos fundamentos teóricos e me-
todológicos e análise das práticas 
realizadas. 
Estágio Curricular Supervisiona-
do em Ensino de Sociologia IV
Fundamentos teóricos e metodoló-
gicos para o ensino de Sociologia 
no Ensino Médio: planejamento, 
execução, registro e análise das 
práticas docentes a serem realiza-
das sob a forma de estágio curri-
cular supervisionado no Ensino 
Médio.
Fonte: Projeto Pedagógico do Curso de História da Unijuí Versão 2008/1; Projeto Pedagógico do 
Curso de Geografia da Unijuí Versão 2008/1; Projeto Pedagógico do Curso de Sociologia da Unijuí 
Versão 2008/1.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
16
As propostas pedagógicas dos referidos cursos enfatizam que 
a inserção no mundo do trabalho significa a vivência do aluno no 
âmbito do trabalho específico à habilitação escolhida. Na Licencia-
tura, portanto, você deverá conviver nas escolas com os profissionais 
da educação, com os alunos da Educação Básica, conforme prevê o 
currículo da universidade.
seção 2
sua entrada na escola
2.1. qUe aspectos legais eMBasaM os estágios?
Já referimos que o estágio curricular é definido pelo Projeto 
Pedagógico de cada curso, e deve ser assumido pelos seus prota-
gonistas, ou seja, professores e alunos. Veja que a oferta de estágio 
curricular na formação profissional de docência não é invenção deste 
ou daquele curso, mas sim definido na legislação federal. Acompa-
nhe, a seguir, o que definem documentos do MEC sobre os estágios 
curriculares. Não estamos entrando no mérito de avanços, equívocos 
ou retrocessos desses atos oficiais, nem na discussão de concepções 
neles veiculadas. O que importa é como os cursos de Licenciatura 
interpretam os atos oficiais e como os significam ou ressignificam 
na sua proposta pedagógica.
A LDB 9.394/96, artigo 82, regulamenta que os sistemas de 
ensino estabelecerão as normas para realização dos estágios dos alu-
nos regularmente matriculados no Ensino Médio ou superior em sua 
jurisdição. Chamamos a atenção para o parágrafo único deste artigo: 
“Os estágios realizados nas condições deste artigo não estabelecem 
vínculo empregatício, podendo o estagiário receber bolsa de estágio, 
estar segurado contra acidentes e ter a cobertura previdenciária pre-
vista na legislação específica”. Esta demanda legal está contemplada 
no Termo de Compromisso de Estágio que a Unijuí elaborou para 
seus alunos estagiários.
Legislação Federal
Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional de 20 de 
dezembro de 1996 (ou seja, LDB 
9.394/96) e atos normativos que 
dela se originam. Você encontra 
os documentos oficiais na íntegra 
no site do Ministério da Educação 
(MEC). Disponível em: <www.
mec.gov.br>.
EaD
17
estágio cUrricUlar sUpervisionado
Anteriormente foram apresentadas considerações sobre o en-
tendimento de prática. Destacamos também a concepção definida 
no Parecer CNE/CP 9/2001, que a considera “uma dimensão do 
conhecimento, que tanto está presente nos cursos de formação nos 
momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profis-
sional, como durante o estágio nos momentos em que se exercita a 
atividade profissional.”
O Parecer CNE/CP 27/2001aborda especificamente o estágio 
curricular supervisionado a ser desenvolvido nas escolas de Educação 
Básica, estabelecendo que “deve ser vivenciado durante o curso de 
formação e com tempo suficiente para abordar as diferentes dimen-
sões da atuação profissional. Deve, de acordo com o projeto peda-
gógico próprio, se desenvolver a partir do início da segunda metade 
do curso”. O artigo 13, parágrafo 3º, da Resolução CNE/CP 1/2002 
volta a reafirmar o exposto e define que a escola de Educação Básica 
é o espaço para a realização dos estágios, quando dispõe que
o estágio curricular supervisionado, definido por lei, a ser realizado 
em escola de Educação Básica, e respeitado o regime de colaboração 
entre os sistemas de ensino, deve ser desenvolvido a partir do início 
da segunda metade do curso e ser avaliado conjuntamente pela escola 
formadora e a escola campo de estágio.
Sobre o entendimento de estágio curricular supervisionado, o 
Parecer CNE/CP n° 28/2001 dispõe o seguinte:
O tempo de aprendizagem que, através de um período de permanên-
cia, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prá-
tica do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim, 
o estágio curricular supervisionado supõe uma relação pedagógica 
entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente 
institucional de trabalho e um aluno estagiário. Por isso é que este 
momento se chama estágio curricular supervisionado.
Já em relação à duração dos estágios curriculares nas Licen-
ciaturas a Resolução CNE/CP 2/2002 dispõe que a carga horária 
dos estágios contemple: 400 (quatrocentas) horas de prática como 
componente curricular vivenciadas ao longo do curso; 400 (quatro-
Parecer CNE/CP 9/2001
Parecer do Conselho Nacional 
de Educação, CNE/CP n. 9, de 
8 de maio de 2001, que institui 
Diretrizes Curriculares Nacionais 
para a Formação de Professores 
da Educação Básica, em nível 
superior, Licenciatura, Graduação 
plena. Foi a primeira normativa 
legal, depois da LDB 9.394/1996, 
que trata os Cursos de Formação 
de Professores como cursos de 
“carreira própria”. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/cne/ar-
quivos/pdf/009.pdf>. Acesso em: 
30 nov. 2010.
Parecer CNE/CP 27/2001
Parecer do Conselho Nacional de 
Educação, n. 27, de 2 de outubro 
de 2001. Disponível em: <www.
mec.gov.br>.
Resolução CNE/CP 1/2002
Resolução do Conselho Nacional 
de Educação, Conselho Pleno, 
n. 1, de 18 de fevereiro de 2002, 
que institui diretrizes curriculares 
nacionais para a formação de 
professores da educação básica, 
em nível superior, curso de 
licenciatura, de Graduação plena. 
Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/
CP012002.pdf>. Acesso em: 7 
jan. 2010.
Parecer CNE/CP n. 28/2001
Parecer do Conselho Nacional 
de Educação, nº 28, de 02 de 
outubro de 2001. Disponível em: 
<http://proeg.ufam.edu.br/parfor/
pdf/parecer%20cne_cp%20
28-2001%20da%20nova%20
redacao%20ao%20parecer%20
cne%20cp%2021_2001.pdf>. 
Acesso em: 30 nov. 2009.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
18
centas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início 
da segunda metade do curso; 200 (duzentas) horas para outras formas 
de atividades acadêmico-científico-culturais.
A mais recente regulamentação acerca dos estágios é a Lei 
11.788/2008, que define a exigência de Termo de Compromisso para 
os estágios, efetivado entre as instituições e o estagiário, conforme 
artigo 7°, parágrafo I, competindo-lhes
celebrar termo de compromisso com o educando (...) e com a parte 
concedente, indicando as condições de adequação do estágio à pro-
posta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da formação escolar 
do estudante e ao horário e calendário escolar.
O artigo 10º desta lei trata da jornada de atividades a ser 
definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte 
concedente e o aluno-estagiário, a qual precisa constar do termo de 
compromisso. O plano de atividades do estagiário também é previsto 
no artigo 10º da lei mencionada, no seu parágrafo único, e deverá 
incorporar o Termo de Compromisso.
Como você pode perceber, a legislação é bastante explícita 
nas exigências quanto aos estágios, bem como prevê que o futuro 
licenciado tenha acesso garantido ao conhecimento da realidade 
escolar em situações de observação e de atividades de docência em 
unidades escolares dos sistemas de ensino. Os estágios curriculares 
são, portanto, uma atividade de capacitação em serviço, de formação 
para a docência, na qual você precisa assumir, efetivamente, o papel 
de observador, de pesquisador e de professor (nos últimos estágios). 
Além disso, você precisa atender às exigências próprias do ambiente 
institucional escolar, como o acompanhamento de discussões e de 
estudos para a (re)elaboração do projeto pedagógico e de atividades 
inerentes à escola, tais como a organização das turmas e do tempo 
e espaço escolares.
As atividades de estágio poderão ser realizadas em institui-
ções de ensino público, municipais e estaduais, ou em instituições 
privadas. Os espaços de estágio do seu curso de Licenciatura são 
Lei 11.788/2008
Lei n. 11.788, de 25 de setembro 
de 2008, da Presidência da Repú-
blica. Dispõe sobre o estágio de 
estudantes; altera a redação do 
art. 428 da Consolidação das Leis 
do Trabalho – CLT, aprovada pelo 
Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de 
maio de 1943, e a Lei n. 9.394, de 
20 de dezembro de 1996; revoga 
as Leis n. 6.494, de 7 de dezem-
bro de 1977, e 8.859, de 23 de 
março de 1994, o parágrafo único 
do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 
de dezembro de 1996, e o art. 6º 
da Medida Provisória no 2.164-
41, de 24 de agosto de 2001; e 
dá outras providências. Dispo-
nível em: <www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/
Lei/L11788.htm>. Acesso em: 7 
jan. 2010.
EaD
19
estágio cUrricUlar sUpervisionado
escolas do Ensino Fundamental (a partir da 5ª. Série) e do Ensino Médio. No primeiro estágio 
você pode optar por um desses níveis de ensino, no entanto se você for acadêmico do curso de 
Sociologia, será necessário escolher uma escola de Ensino Médio.
2.2. relações entre estágio e cUltUra da escola e da Universidade
Se os cursos de formação de professores pretendem um ensino que seja contextualizado, 
referido ao cotidiano escolar e enriquecido por ele, é necessária a interação com escolas e envol-
vimento com seu fazer, com sua problemática. Pimenta (2008, p. 112) define o estágio como “um 
espaço de mediação reflexiva entre universidade, a escola e a sociedade”, em que os envolvidos 
aprendem e atualizam conhecimentos acerca da docência. Nesse processo não há supremacia 
de uma instituição sobre a outra, à medida que é evidenciada e acolhida a contribuição de cada 
uma das instituições dentro de sua especificidade.
Nessa trajetória o tripé formado pelo acadêmico, pela universidade e pela escola pode ter 
avanços consideráveis nos conhecimentos em jogo: o acadêmico, enquanto alguém que busca 
sua formação para a docência, se beneficia da experiência de profissionais da escola; a univer-
sidade, enquanto formadora de professores, que por um lado pode modificar e enriquecer sua 
proposta curricular a partir da apropriação de vivências do estágio de seus acadêmicos e, por 
outro lado, ao valorizar a contribuição das escolas-campo, é efetivamente parceira destas no pro-
cesso de formação inicial de professores; e o acolhimento do aluno-estagiário pela escola e pelo 
professor, que além de contribuir na formação dos futuros educadores, concorre para a formação 
contínua do professor por meio do compartilhamento das experiências e de sua reflexão, o que 
pode significar um debruçar-se sobre o que faz, como faz e a explicitação de referenciais teóricos 
que embasam esse fazer. Sendo a universidade considerada, por excelência, o espaço formativo 
da docência, ela pode instigar os atores das escolas a assumirem seu papel de pesquisadores e 
traçar esta atitude como caminho metodológicopara a formação da docência de estagiários e de 
professores dos sistemas de ensino.
Sobre as relações entre estagiários e as culturas institucionais das escolas e universidade, 
o Parecer CNE/CP 27/2001 propõe que os projetos de estágio sejam planejados e avaliados con-
juntamente pela universidade e pela escola – campo de estágio “com objetivos e tarefas claras e 
que as duas instituições assumam responsabilidades e se auxiliem mutuamente, o que pressu-
põe relações formais entre instituições de ensino e unidades dos sistemas de ensino”. O parecer 
também chama a atenção para os objetivos diferenciados de cada estágio, bem como sobre o 
envolvimento universidade–escola nesta práxis: “Esses “tempos na escola” devem ser diferentes 
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
20
segundo os objetivos de cada momento da formação. Sendo assim, o estágio não pode ficar sob 
a responsabilidade de um único professor da escola de formação, mas envolve necessariamente 
uma atuação coletiva dos formadores”.
Assim, antes da sua entrada nos estabelecimentos de ensino é importante que você tenha, 
além de uma fundamentação teórico-conceitual para a compreensão dos contextos, dos modos 
de funcionamento e das práticas educativas que aí acontecem, uma compreensão dos aspectos 
legais implicados.
seção 3
o primeiro estágio curricular: a escola
Talvez as atividades de estágio deste semestre sejam, para você, as primeiras relacionadas 
à escola. Por isso, acompanhe os próximos esclarecimentos e reflexões com atenção. Assim você 
vai verificar que não é necessário ter receios ou se assustar.
Tenha sempre presente que:
* Todas as atividades que vai realizar foram selecionadas para que, ao final deste semestre, 
você tenha se aproximado e se integrado à escola.
* Você conta com as orientações deste livro para o planejamento e execução das atividades 
propostas, além do contato com a professora orientadora do estágio. Também pode contar 
com a colaboração dos profissionais da escola de estágio, como a direção, a equipe peda-
gógica, professores e pessoal administrativo.
A essa altura você deve ter percebido que não há possibilidade de “cair de paraquedas” 
em uma escola e achar que isso seria suficiente para desenvolver seus estágios.
Como você tem quatro estágios a desenvolver, uma sugestão é que escolha ou adote uma 
escola onde poderá realizar todos eles. A escola se constitui em campo de conhecimento muito 
amplo para a aprendizagem de saberes necessários à docência, de forma que uma vivência 
sequencial em determinada escola permitirá uma maior aproximação e integração com suas 
diversas facetas, qualificando o processo de aprendizagem.
É necessário lembrar que as instituições têm por objetivo educar nos diferentes níveis de 
ensino, e cada qual apresenta especificidades. Na imersão na escola é importante dar atenção à 
diversidade de características que a compõe, seus objetivos, sua estrutura e funcionamento, sua 
cultura específica, para que seja possível fazer uma análise do contexto, elaborar proposta de 
observação, perceber e entender as instituições escolares, suas diferenças e semelhanças.
EaD
21
estágio cUrricUlar sUpervisionado
3.1. o qUe É oBservar/pesqUisar?
Destacamos que este é um estágio de observação/pesquisa. 
Você deve considerar a escola na sua totalidade e complexidade. 
Como você está iniciando essa atividade, é importante que tenha 
um olhar crítico durante o processo de aproximação da realidade 
escolar para entender seus múltiplos aspectos e assim compreendê-la 
nas relações que podem ser estabelecidas entre os estudos teóricos 
efetivados nos diferentes componentes curriculares e a prática ob-
servada no espaço da escola. Helena Maria dos Santos salienta que 
alguém novo no espaço escolar, não condicionado ao seu cotidiano, 
terá condições de desenvolver a dimensão de um “olhar estrangei-
ro” em relação a este contexto e, no exercício da reflexão em torno 
dessa prática, poderá construir novos conhecimentos. Vale lembrar 
que a definição de “observar” é muito mais ampla do que apenas 
ver e ouvir, pois também exige examinar fatos e fenômenos que se 
deseja estudar.
Procure atentar para as recomendações que constam no quadro 
a seguir, de modo que você possa desenvolver seu primeiro estágio 
com tranquilidade, sensibilidade, seriedade e qualidade.
 dicas
 Estabeleça uma rotina (como indicado no cronograma que 
segue) para as observações, conversas e outras atividades e 
procure segui-la.
 Realize seu estágio sempre receptivo para novas experiên-
cias.
 Registre tudo o que observar em diário de campo. Mesmo o 
que pareça banal pode trazer contribuições importantes para 
suas reflexões.
Sugestão de Leitura
SANTOS, Helena Maria dos. O 
Estágio Curricular na formação de 
professores: diversos olhares. 
Trabalho apresentado no Grupo 
de Trabalho 8: Formação de Pro-
fessores, da 28ª Reunião Anual 
da Anped (Associação Nacional 
de Pós-Graduação e Pesquisa em 
Educação), realizada de 16 a 19 
de outubro de 2005, em Caxam-
bú – MG. Disponível em: <www.
anped.org.br/reunioes/28/textos/
gt08/gt0875int.doc>. Acesso em: 
7 jan. 2010.
Clipart
Fonte: <http://4.bp.blogspot.
com/_brsJ6hge9gY/SwWkQXB_
D7I/AAAAAAAACXs/X1OhP7ZX-
G4A/s400/DICA.png>. Acesso 
em: 7 jan. 2010.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
22
 Tenha uma postura de pesquisador ético com as pessoas entrevistadas resguardando suas 
identidades e funções nos registros e análises realizados no espaço escolar (se utilizar 
nome de professor ou aluno empregue um nome fictício para evitar comprometer a indi-
vidualidade dos envolvidos na sua observação).
 Agende previamente os contatos com as pessoas a serem entrevistadas, tendo o cuidado 
de cumprir as datas e horários acordados.
 Mantenha bom relacionamento com as pessoas envolvidas no estágio e comportamento 
digno nas dependências da escola.
 Tenha cuidado e providencie autorização, quando necessário, para a veiculação de cons-
tatações, de imagens, fotos, de documentos da escola.
 Procure articular a prática e a teoria durante as observações, bem como na fase de siste-
matização.
 Cumpra a realização das atividades previstas e o prazo estabelecido pela universidade 
para os trabalhos de avaliação. 
 Lembre-se que estudos e materiais disponíveis dos outros componentes curriculares do 
seu curso possibilitam a elaboração de uma base teórica, dando suporte às análises ne-
cessárias ao trabalho de observação/pesquisa.
Como você vai conhecer a escola? Você pode começar sua pesquisa lançando um olhar 
analítico sobre a realidade escolar a partir de observações, conversas informais, história oral, 
entrevistas organizadas, participação em estudos, em festividades e eventos da escola e da comu-
nidade; realizando pesquisa em arquivos e documentos, que são registros do cotidiano escolar 
reveladores de como a escola percebe a si mesma, suas intenções e suas reflexões a respeito 
de sua prática pedagógica. Lembre-se que essa atividade de observação e análise auxilia você, 
futuro professor, a ter um desempenho profissional consentâneo com as suas funções.
Os registros sobre as observações deverão ser organizados sob a forma de um diário de 
campo, cuja orientação você receberá posteriormente. Antes disso, porém...
3.2. algUns detalHaMentos da proposta deste estágio 
De agora em diante você vai inserir-se ainda mais na proposta e nas atividades deste estágio 
de observação/interação. A seguir constam explicitações que pressupõem relações formais entre 
a universidade, o acadêmico e a instituição de ensino dos sistemas de Educação Básica.
EaD
23
estágio cUrricUlar sUpervisionado
a) A ementa descreve os estudos e atividades deste estágio. Nela são priorizados estudos relacio-
nados ao contexto social da escola e a sua proposta pedagógica. Veja a ementa na íntegra:
A identificação do contexto social em que a escola está situada e o estudo de seu projetopolítico-
pedagógico: o processo de sua elaboração, os elementos teóricos e metodológicos que o orientam, 
a organização curricular e a forma de sua efetivação (Proposta Pedagógica do curso de Graduação, 
Unijuí, 2008).
b) Objetivos a serem desenvolvidos:
1) aprofundar estudos para a compreensão da escola e de seu contexto, realizando acompa-
nhamento de tudo que possa dar visibilidade e conhecimento para sua futura atuação 
docente;
2) realizar pesquisas visando a inteirar-se da cultura escolar, considerando tanto memórias 
retratadas pelos sujeitos que a vivenciam ou vivenciaram quanto documentos de arquivos 
escolares;
3) entender o processo de constituição do currículo escolar por sujeitos socioculturais, com a 
intencionalidade de produzir conhecimento e recriação cultural;
4) compreender que o Projeto Político-Pedagógico da escola resulta do seu próprio processo 
de produção pedagógica e que nele se evidencia a sua cultura.
c) Temáticas que são objeto de estudos e observações durante o semestre.
1ª) Conhecendo a escola: memórias e trajetórias. Para esta atividade de observação e pesquisa 
você poderá se debruçar sobre: o histórico da instituição; a composição organizacional da 
escola; a estrutura didático-pedagógica; memórias da escola retratadas pelos sujeitos da 
comunidade escolar, etc. (veja Unidade 2, Seção 4).
2ª) A escola e sua dinâmica curricular. Trata da organização/composição curricular, o coti-
diano e seu espaço/tempo de aprender e ensinar, as subjetividades, a cultura dos jovens, a 
socialização num movimento interativo de professores, alunos, pais, comunidade/entorno, 
o conhecimento e a cultura (detalhamento sobre esta temática você encontra na Unidade 
2, Seção 5).
3ª) A escola e o Projeto Político-Pedagógico (PPP): Trata do processo de produção pedagógica 
da escola que resulta no PPP. Este expressa sua cultura organizacional e traz a organização 
curricular, sua concepção e sua proposição em ação. A escola constrói o seu caminho, pro-
jetando uma identidade própria (veja Unidade 2, Seção 6 para elucidações e compreensão 
referente a este tema).
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
24
d) Cronograma que define as atividades e os meses em que precisam ser realizadas.
proposta de cronograma das atividades deste estágio
Quando fazer? O que fazer?
Primeiro mês
(março)
Período de preparação:
. ler o livro
. entender a proposta e as possibilidades de observação
. visitar a escola para conseguir o espaço e coletar dados necessários ao Termo de Com-
promisso de Estágio
Segundo mês
(abril)
Entrada na escola:
. primeiras observações guiadas pelo responsável indicado pela escola
. verificar a possibilidade de observação e interação/participação em atividades da escola
. elaborar o projeto de observação com apoio da escola
Terceiro mês
(maio)
O estágio propriamente dito:
. desenvolver o projeto
. fazer registros pontuais/memória das observações/pesquisa
. produzir a primeira versão do relatório
Quarto Mês
(junho)
Escrita final:
. concluir o relatório
Quinto Mês
(julho)
Sistematização:
. entregar o relatório final
. realizar avaliação escrita presencial
e) Avaliação proposta neste componente: 100 pontos divididos entre os trabalhos a serem apre-
sentados, e os prazos estabelecidos para seu envio.
avaliação prevista: 
Pontos Trabalho Prazo de envio/entrega
20 Proposta de observação em escola Até final de abril
20 Participação em fóruns Ao longo do semestre
60
Relatório final (20)
Sistematização presencial (40)
julho
3.3. Mãos à oBra: 
 o que você precisa fazer e como fazer?
Agora que você já se inteirou da proposta, veja que iniciativas deve tomar!
1º) Leia este livro para entender bem as temáticas e tome conhecimento das atividades delas 
decorrentes. Leia também as demais orientações que constam na Biblioteca Virtual da co-
munidade deste componente no Conecta/Unijuí.
EaD
25
estágio cUrricUlar sUpervisionado
2º) Tenha em mãos a Carta de Apresentação e a Ficha de Dados. 
Esses documentos estão disponíveis na Biblioteca Virtual da co-
munidade deste componente no Conecta/Unijuí.
3º) Contate com uma escola para marcar a primeira visita, com o 
objetivo de viabilizar o estágio e assegurar campo para os demais 
estágios. Para esta conversa inicial, sugerimos que você:
* Converse diretamente com os responsáveis pela escola, ou seja, 
pessoas que ocupam a direção ou a coordenação pedagógica, 
e apresente a Carta de Apresentação (na falta desta use o Con-
trato de Matrícula da Unijuí).
* Explique sobre o curso que está fazendo, a necessidade de 
estágio e porque você escolheu essa escola.
* Apresente à escola o livro deste componente.
* Justifique a exigência legal do Termo de Compromisso de Es-
tágio e colete as informações na Ficha de Dados.
* Combine os períodos em que poderá realizar o estágio de 
observação e formas de colaboração com a escola. Informe-a 
que você precisa realizar no mínimo 16 horas de observação 
no semestre.
* Organize, em acordo com a escola, a proposta de sua observação/
pesquisa (plano de atividades).
4º) Elabore seu projeto de observação para que você saiba, com 
clareza, o que vai observar e para que a escola possa tomar co-
nhecimento dos seus desejos, bem como encaminhar seu trabalho 
de observação.
Lembre-se que projeto é sempre uma proposta, uma suges-
tão, em que se procura evidenciar aonde se quer chegar, definir um 
caminho das atividades a serem desenvolvidas, etapas de trabalho 
ou passos para atingir os objetivos desejados. Sendo assim, o que se 
propõe pode ser constantemente modificado, considerando o con-
texto e os sujeitos envolvidos. Embora você tenha realizado em sua 
vida diversas projeções, planejamentos, esses devem ter ocorrido, na 
maioria das vezes, de forma espontânea. Neste estágio, no entanto, é 
exigido um projeto que obedeça às orientações do componente e que 
Carta de Apresentação 
e a Ficha de Dados
A Carta de Apresentação assinada 
pelo(a) coordenador(a) do seu 
curso contém as informações 
necessárias para que as pessoas 
com as quais você conversar 
na escola saibam quem é você, 
qual sua universidade, seu curso, 
e qual a responsabilidade de 
cada uma das partes durante o 
estágio. A Ficha de Dados deve 
ser preenchida para que possa 
ser elaborado o Termo de Com-
promisso de Estágio, conforme 
exige a Lei 1.178/2008. Esses 
documentos estão disponíveis 
também na Secretaria do seu cur-
so, no Departamento de Ciências 
Sociais no qual podem ser escla-
recidas quaisquer dúvidas.
EaD
lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
26
ajude você a ter clareza sobre a atividade de observação/interação/
pesquisa na escola, com sentido colaborativo junto aos professores. 
Precisa saber o que quer para poder observar.
Este projeto é apresentado à escola e ao orientador de seu está-
gio. Após elaborá-lo, portanto, pense na sua apresentação conforme 
normas para trabalhos acadêmicos, o que facilita o manuseio e a 
compreensão de sua proposta. Seja objetivo e claro na escrita deste 
documento que é seu guia no desenvolvimento das atividades. 
Itens do Projeto de Observação:
1. Capa, com dados de identificação: são aqueles dados que constam 
nos demais trabalhos acadêmicos. Por isso, informe a universida-
de, departamento, curso, título do projeto, seu nome completo, 
semestre e ano.
2. Página de rosto: você repete os itens da capa, mas no espaço 
entre o seu nome e a informação de mês e ano, vai acrescentar 
a informação “Estágio de observação em escola, orientado pela 
professora............, exigência do Curso de Graduação em................. 
da Unijuí”.
3. Sumário: você indica os itens que compõem o projeto com a respec-
tiva informação da página em que cada um deles tem inicio.
4. Introdução: é conveniente escrevê-la quando você já tiver defi-
nido os demais itens do projeto para ter maior facilidade na sua 
apresentação, que visa a dar uma ideia geral do trabalho a ser 
desenvolvido.5. Objetivos: explicite o que você deseja aprender com a observação, 
aonde quer chegar, a meta final e a finalidade de sua realização 
(o quê? para quê?). Lembre-se que a redação do objetivo inicia-se 
com verbo no infinitivo.
6. Justificativa: esclareça o “motivo” do projeto, porque fará as 
observações/pesquisa, a importância dele, isto é, em que pode 
contribuir para sua constituição docente, escrevendo a defesa do 
projeto com argumentos de convencimento (o porquê).
Projeto de Observação
Você pode utilizar como base o 
modelo de documento disponível 
na Biblioteca Virtual da comuni-
dade deste componente curricular 
no Conecta/Unijuí.
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estágio cUrricUlar sUpervisionado
7. Revisão bibliográfica: neste item você vai escrever em que ou em 
quais conhecimentos se apoia, se fundamenta para realizar esta 
observação. Sugerimos que você leia os demais capítulos deste 
livro para buscar referências e subsídios à escrita deste referen-
cial teórico (de qualquer forma, antes de realizar as atividades na 
escola é necessário que você tenha lido todos os capítulos).
8. Metodologia: defina o percurso previsto em relação às observações, 
o modo de fazer (como?). Na tentativa de realizar uma observação 
participante na escola procure prever diversas alternativas para 
a busca do desejado, tais como: realizar observações, contatos, 
conversas informais, entrevistas, estudos em documentos e re-
gistros escritos, fotografar, participar de eventos e de atividades 
escolares, etc. Lembre-se de prever a forma de coleta e registro 
dessas informações e observações, para o que lhe é sugerido a 
adoção de um diário de campo.
9. Calendário ou cronograma das observações: explicite o que e 
quando vai observar, e o tempo previsto. Pode ser criada uma 
tabela na qual constem as ações e o que fará em cada semana/
mês.
10. Referências: registre as obras e outras referências que contri-
buíram para elaboração deste projeto, de acordo com as normas 
da ABNT.
3.4. relatório Final
A proposição escrita e a orientação do relatório final sobre o 
estágio de observação/interação você encontra na biblioteca da co-
munidade Conecta Unijuí.
Normas da ABNT
Associação Brasileira de Normas 
Técnicas, que regulamenta as 
formas de elaboração e apresen-
tação dos trabalhos acadêmicos. 
Disponível em: <http://www.abnt.
org.br>. Você pode encontrar 
mais informações nas normas 
NBR 6023 – Informação e Docu-
mentação: Referências – Elabo-
ração e NBR 14724 – Informação 
e Documentação: Trabalhos 
acadêmicos – Apresentação.
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estágio cUrricUlar sUpervisionadoUnidade 2
teMas articUladores da pesqUisa 
e atUação no estágio cUrricUlar
Maridalva Bonfanti Maldaner
seção 1
conhecendo a escola: memórias e trajetórias 
O momento da escolha da escola de estágio pode desencadear uma série de indagações 
que lhe remetem a buscar o sentido de sua decisão por aquela escola e inclusive da profissão 
docente.
Escolher uma escola é poder vivenciar momentos de encontro entre os professores, gesto-
res, funcionários, alunos e familiares, que possuem visões diferentes e até antagônicas sobre a 
compreensão das condições em que se têm produzido significados e sentidos da profissão docente 
e da escola como um todo. Nesse espaço está você, que pode ser um educador em formação e 
vai interagir com diferentes saberes, com valores, contradições que afetam e repercutem na sua 
constituição como futuro professor. O que o levou a escolher a escola em que pretende realizar 
seu estágio? De que forma essa escola poderá contribuir e fazer parte de sua constituição como 
um professor em formação?
As indagações são geradas nas relações, no contato com a realidade que vai situá-lo numa 
outra posição. Não como mero observador, espectador, mas com a possibilidade de estar imerso 
nas vivências cotidianas e na intrincada rede de relações que se estabelecem dentro da escola 
num movimento gerado por intenções, desejos, manifestações, contradições, diferenças, tensões, 
diálogos e silêncios.
Nessa parte queremos levá-lo a buscar referências da escola para compreender sua histó-
ria, sua inserção enquanto instituição escolar numa determinada comunidade e sociedade, bem 
como sua trajetória, que é constituída por determinações do sistema de ensino e sobretudo pelos 
sujeitos que dela fizeram e fazem parte.
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lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
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Toda a instituição escolar tem uma trajetória que explica sua instalação e organização 
atual, um sentido de existência, uma razão em estar naquele lugar. Nesse sentido é importante 
perguntar:
Como essa escola foi construída, quais as pessoas envolvidas, como a comunidade esco-
lar participou desse processo? Que reivindicações, necessidades, lutas, encontros, articulações 
mobilizaram a comunidade? Qual o movimento estabelecido que resultou na fixação da escola 
naquele determinado lugar, no bairro, na cidade? 
Quais as mudanças e transformações ocorridas no espaço físico e no projeto pedagógico?
Quais as expectativas manifestadas pela comunidade em relação à escola, em diferentes 
momentos? 
Como é o contexto em que a escola está inserida? Quais as dificuldades e potencialidades? 
Que agentes sociais atuam nela, como se veem, e como se articulam com a escola?
Essas e outras perguntas iniciam um questionamento que objetiva entender e recuperar 
a história da instituição escolar, seus processos de mudança, rupturas, a proposta pedagógica, 
a relação com a legislação passada e vigente, as alterações do espaço físico, ou seja, elementos 
que podem gerar problematizações, pois aprender a profissão docente no decorrer do estágio 
supõe compreender a escola como construção social, no seu fazer cotidiano.
Ezpeleta e Rockwell (1986) desenvolvem uma análise em que privilegiam a ação dos sujeitos 
na relação com as estruturas sociais. Desse modo a escola seria um espaço no qual coexistem, 
de um lado, uma organização do sistema de ensino que atribui funções, propõe parâmetros para 
definição de conteúdos, define, mantém a ordenação dos tempos e espaços escolares, a fim de 
distinguir trabalhos e relações sociais; de outro, os sujeitos – professores, alunos, funcionários 
que criam e tecem uma trama própria e singular de inter-relações, produzindo na escola um 
processo contínuo de construção social.
A escola, como espaço sócio-cultural, é entendida, portanto, como um espaço social próprio, ordenado 
em dupla dimensão. Institucionalmente, por um conjunto próprio de normas e regras, que buscam 
unificar e delimitar a ação dos sujeitos. Cotidianamente, por uma complexa trama de relações sociais 
entre os sujeitos envolvidos, que incluem alianças e conflitos, imposição de normas e estratégias 
individuais, ou coletivas, de transgressão e de acordos. Um processo de apropriação constante dos 
espaços, das normas, das práticas e dos saberes que dão forma à vida escolar (Ezpeleta; Rockwell, 
apud Dayrell, 1996, p. 137).
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estágio cUrricUlar sUpervisionado
A escola estabelece uma interação com outros sujeitos sociais que são provenientes do lugar 
onde está inserida: as famílias que fazem parte da comunidade. Essas famílias têm concepções 
e expectativas próprias decorrentes de suas construções, representações e simbolizações em re-
lação à escola e, ao mesmo tempo, uma compreensão situada em expectativas que a sociedade 
mais ampla projeta a escola a cada momento histórico.
A escola tem uma inserção na comunidade local. Em muitas delas, a grande maioria dos 
alunos que a frequentam moram nas proximidades, o que pode ser observado cotidianamente 
pela chegada de jovens, crianças, professores, funcionários e familiares, articulando-se num 
movimento que dá sentido e dinamicidade ao espaço escolar. As famílias chegam à escola acom-
panhando seus filhos e no dia a dia podemos verificar uma intensa movimentação de alunos de 
diferentes idades que, num ritual cotidiano, repetem percursos, gestos, diálogos.Em alguns estabelecimentos é possível constatar uma intensa circulação do transporte 
escolar que traz alunos de diferentes localidades, pois a escola não acolhe mais somente alunos 
de suas proximidades.
Como a escola considera essa nova inclusão, ao receber alunos que vêm de outros lugares, 
de outras comunidades?
Ao aceitar alunos de diferentes lugares a centralidade da escola como referência de uma 
única comunidade é deslocada. Alunos de outros bairros, do interior do município e de outras 
cidades fazem da escola um espaço complexo, pois trazem com eles diferentes formas de pensar, 
de se relacionar e de expressar um conjunto de vivências e experiências sociais, matéria-prima 
para as crianças e os jovens articularem sua própria cultura. Dessa forma, os sujeitos que fazem 
parte da escola definem a cada tempo sua inserção nela e revelam e significam realidades múl-
tiplas e diversas.
Enguita (2004) analisa as novas mudanças ocorridas na relação da escola com seu entorno 
quando mostra a derrocada das certezas em torno da educação. Não há mais relação entre educa-
ção e garantia de emprego, entre valores sociais e valores escolares, necessidades e desejos das 
famílias e de educadores. Por outro lado, há sempre mais demanda por educação de qualidade, 
relacionando economia e informação, sociedade democrática e capacidade intelectual de análise 
e reflexão, família e educação sempre melhor, governos e desenvolvimento social e econômico. 
Estas e outras contradições mostram a crise educacional, consequência das mudanças rápidas 
e com as quais ainda não aprendemos a conviver.
Nas palavras de Enguita, estamos vivendo uma mudança intrageracional. Não basta mais 
que cada geração incorpore os valores da geração anterior e produza o seu mundo, pois cada uma 
vai passar por vários mundos distintos. Isso envolve o mundo do trabalho, cuja necessidade está 
na raiz do desenvolvimento da espécie, na criação dos instrumentos, da modificação da natureza 
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lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
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exterior ao homem e da própria humanidade. Envolve um mundo repleto de informações e carente 
de comunicação, incluindo questões de acesso e de mediação para que a comunicação possa se 
estabelecer entre as pessoas e os grupos culturais e os diálogos sejam possíveis entre os diferentes. 
Envolve a estrutura e a vida urbana e as novas relações familiares. Envolve a ideia do efêmero, 
do consumo e da transitoriedade. De cada adulto esperamos readaptações às novas condições 
de vida, de trabalho, de sociabilidade, de convívio com as diferenças e todas elas exigem novos 
conhecimentos, novos significados, novas possibilidades de significação (Maldaner, 2007).
Quais as exigências por novos saberes e fazeres diante das atuais formas de relação escola/
família/sociedade/conhecimento? Não seria a rigidez curricular com que se conduz o aprendi-
zado escolar um impedimento para adiarmos o compromisso com as necessidades dos alunos e 
de suas famílias?
Diante do quadro de incertezas sobre educação, uma certeza permanece: a educação precisa 
promover aprendizagens para permitir que as crianças e os jovens se desenvolvam, constituam 
suas inteligências, fornecendo condições básicas para superar os limites da natureza.
As incertezas se referem a quais valores culturais temos de significar; com quais signifi-
cados; de que maneira? Como os professores e familiares expressam essas intenções, valores 
culturais e necessidades? Como se dão as mudanças ou permanências e como estas afetam o 
entendimento sobre o trabalho pedagógico na escola?
A derrocada das certezas, esclarece Enguita (2004), está associada a três mudanças que 
afetam o sistema educacional: econômica, política e familiar.
A mudança nas relações familiares é um tema próximo a nós e temos uma maior respon-
sabilidade para com ele. Na educação brasileira, consideráveis mudanças ocorreram na relação 
escola/família. Hoje as famílias entregam os seus filhos às escolas para que os cuidem, os socia-
lizem, ao mesmo tempo em que não aceitam o controle por parte das escolas, pois elas próprias 
tiveram acesso à educação e têm opiniões divergentes sobre a forma de educar e socializar. As 
famílias de antes, porém, não existem mais. Eram famílias enormes, constituídas por vários adultos 
e várias crianças. Hoje os adultos estão nos empregos ou atrás deles, as famílias são pequenos 
núcleos com um ou dois filhos; às vezes um só adulto, constantemente ausente. As mulheres 
desses núcleos não estão mais disponíveis em meio expediente, como ocorria quando exerciam 
a única profissão disponível, a de professoras, em tempos não tão distantes.
Todos buscam a escola! A procura é enorme e sempre mais cedo. Há uma transferência 
de responsabilidade, uma responsabilização pela custódia das crianças, uma expectativa por 
ela. Não há outra instituição que possa fazê-la, nem mesmo a rua de um bairro, um vilarejo, as 
pequenas comunidades, nas quais a proximidade permitia a reciprocidade social, moral, ética, 
de iniciação nas regras sociais, etc. Os moradores de uma rua, de um prédio, de um bairro, não 
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estágio cUrricUlar sUpervisionado
se conhecem mais, não sabem quem são as crianças, suas famílias; 
não há parentesco reconhecido e, assim, não há como querer a res-
ponsabilização coletiva pelas crianças, como ocorria em contextos 
quase familiares.
Como única instituição que se mantém, a custódia passa a ser 
assumida, mais e mais, pela escola. Algo que vai além do ensino. É 
a nova socialização para a convivência. Temos de entender mais pro-
fundamente o que é esta socialização: domesticação, disciplinamento, 
regramento moral. Isso envolve desde a organização do espaço até 
a convivência dentro de regras estabelecidas e assumidas no grupo, 
tal como se dava no grupo familiar. A escola, portanto, passa por 
transformações e os profissionais precisam entender isso. Não se 
pode estranhar que os pais deleguem aos professores funções que em 
gerações anteriores eram assumidas pelos próprios genitores. Temos 
de formar consciência disso, isto é, produzir entendimento com base 
em novos conhecimentos, como entender as mudanças nos planos 
econômico e político e no âmbito das famílias (Maldaner, 2007).
Assim como a família, a criança também mudou, a começar pelo 
número de anos de permanência na escola. Nela passamos grande 
tempo da infância, toda adolescência e grande parte da juventude.
O aumento do número de anos de escola, desde a mais tenra 
idade, ocorre também pela pressão do próprio magistério. Uma enor-
me força social que tende a crescer.
A onipresença da escola na vida das pessoas e a pressão por 
qualidade nessa presença acontecem, também, pela pressão por mais 
espaços de trabalho, do entendimento do valor educativo da escola, da 
falência das outras instituições e instâncias educativas. Sem dúvida 
é justo acreditarmos que a aprendizagem da convivência civil desde 
cedo no âmbito escolar vai permitir significar, com mais qualidade, o 
que é politicamente correto: são as questões de gênero, a preservação 
ambiental, o respeito às diferenças e aos valores culturais de forma 
mais consciente, etc. Como Enguita adverte:
Sugestão de Leitura
BARBOSA, Maria Carmen 
Silveira. Culturas escolares, culturas 
de infância e culturas familiares: as 
socializações e a escolarização no 
entretecer destas culturas. Educ. 
Soc., vol. 28, n. 100, p. 1.059-
1.083, out 2007. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/es/
v28n100/a2028100.pdf>. Acesso 
em: 30 nov. 2009.
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lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
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O que importa é compreender que a família e a escola ficaram sozinhas nessa tarefa (controlar a con-
duta de seus filhos), que nenhuma outra instituição virá e nem pode vir a socorrê-las, a não ser em 
funções secundárias e que, portanto, cabe a elas uma nova divisão de tarefas adequada, suficiente e 
eficaz (2004, p. 69-70).
Diante das questões expostassobre as novas relações entre escola/família/comunidade, 
quais as compreensões, explicações e representações que os professores e demais sujeitos que 
fazem parte da escola apresentam e que discussões são feitas sobre elas?
Que expressões dessa realidade manifestam-se na comunidade/sociedade em que está 
inserida a escola de estágio?
O seu trabalho de pesquisa deve ser iniciado nos primeiros momentos do estágio, pros-
seguindo todo o semestre na busca de possibilidades para articular práticas de pesquisa com 
pessoas que estiveram e estão ligadas à escola. O trabalho deve ser pautado em observações, em 
conversas informais, em entrevistas planejadas, no estudo e análise de documentos, na participa-
ção em festas e eventos na escola e na comunidade e em atividades curriculares desenvolvidas 
pela escola, entre outros.
Também podem ser buscados elementos sobre a cultura escolar em outra dimensão, aquela 
encontrada nos diferentes registros do cotidiano escolar. Muito deles, guardados em armários, 
arquivos ou esquecidos em gavetas, revelam que há uma produção escrita dos fazeres e saberes 
profissionais. Cartas, bilhetes, diários de classe, cadernos de atividades, fichas de avaliação, re-
latórios pedagógicos ou burocráticos expressam como professores, em determinados momentos, 
pensam a escola como um lugar de produção da escrita e de registros sobre intenções e reflexões 
da prática pedagógica.
Recomendamos que você esteja atento à consulta desse material e consiga estabelecer 
laços de confiança para ter a possibilidade de pesquisá-lo.
1.1 o olHar atento e a escUta sensível
No momento em que o projeto político-pedagógico, o trabalho coletivo, a democratização 
da escola, o estreitamento das relações escola/comunidade estão presentes nos discursos como 
propostas em ação, há necessidade de entender como essas ações ocorrem de forma peculiar e 
singular em cada escola. Vamos lançar um olhar analítico para a realidade escolar na ótica dos 
sujeitos que a viveram, com ela conviveram e dela participaram.
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estágio cUrricUlar sUpervisionado
As narrativas de professores mais antigos e integrantes da comunidade sobre sua vivência 
na escola podem trazer elementos importantes para conhecer o espaço escolar e o seu contex-
to, bem como evidenciar sobre o modo de constituição desses professores no espaço da escola, 
nas relações com seus pares, alunos e comunidade. As lembranças do trabalho na escola estão 
relacionadas ao significado que ela tem para cada um, fruto não somente das expectativas de-
positadas na instituição, mas também das experiências vivenciadas. O conjunto de depoimentos 
pode identificar que o modo de lembrar é individual e social. A memória também está ligada ao 
grupo de convívio, de referência de cada indivíduo, e esta, à memória coletiva. Assim sendo, o 
entorno escolar e os sujeitos que de alguma forma estiveram presentes na escola caracterizam 
a identidade de grupo (pertencentes à comunidade escolar) que pode evidenciar a apropriação 
e elaboração particular de uma práxis coletiva.
Os professores que fazem parte da escola no momento atual também têm suas trajetórias 
de vida pessoal e profissional. É uma boa oportunidade para você, que está na formação inicial, 
entrar em contato com as lembranças, histórias e representações sobre as experiências forma-
tivas que esses educadores constroem no seu cotidiano. Podemos usar a investigação por meio 
de narrativas, que consiste num modo de estudar e analisar a experiência, produzir significados 
para as experiências passadas e presentes, tendo em vista a possibilidade de outras futuras.
A narrativa é uma forma de entrar em sintonia, de compartilhar com o professor, comprome-
tidamente, de modo a permitir que este possa, além de relatar, apresentar uma postura reflexiva 
sobre as suas experiências e práticas, buscando sentidos ao que realiza. Com base em Larrosa, 
Freitas e Fiorentini argumentam:
O sentido de experiência, nessa perspectiva, ressalta a sensibilidade inerente a esses momentos que 
não são apenas vividos, mas possuem a potencialidade de mobilizar idéias, crenças e valores que fazem 
com que o indivíduo se posicione e (re)signifique seu modo de agir e pensar, evidenciando assim o 
caráter formador da experiência (Freitas; Fiorentini, 2001, p. 3).
Os mesmos autores, baseados em Clandinin (1993), afirmam que ao narrar de maneira 
reflexiva suas experiências aos outros, o professor aprende e ensina. Aprende porque, ao narrar, 
organiza suas ideias, sistematiza suas experiências, produz sentido para elas e, portanto, novos 
aprendizados para si. Ensina porque o outro, diante das narrativas e dos saberes de experiências 
do colega, pode (re)significar seus próprios saberes e experiências.
Assim, não compreendemos mais o professor como um mero profissional que faz uso de 
conhecimentos produzidos por outros e que age de forma passiva na realização de suas tare-
fas. Reconhecemos os saberes construídos pelos docentes no âmbito do seu trabalho, quando 
organizam, sistematizam e orientam suas ações. Diante desse contexto de produção acerca da 
temática dos saberes docentes, a fim de melhor compreender a natureza dos saberes produzidos 
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lori Mari Frantz – Maridalva Bonfanti Maldaner
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e mobilizados pelos professores no dia a dia de seu trabalho, bem como desvelar o processo, o 
movimento no qual se dá esta produção, propomos que você mantenha um contato com o pro-
fessor de sua área de formação para estabelecer laços de confiança e organizar alguns encontros 
em que possa interagir com ele.
Segundo os estudos de Shulman, Gauthier e Tardif, é possível afirmar que o professor não 
é apenas um técnico que aplica conhecimento produzido por outros, ou então um agente deter-
minado por mecanismos sociais, mas é um sujeito que assume sua prática e produz significados 
para ela; um sujeito que possui um conhecimento “e um saber-fazer proveniente de sua própria 
atividade e a partir da qual ele a estrutura e a orienta” (in Tardif, 2002, p. 230).
Desse modo o professor de sua área de formação, ao falar sobre o seu saber-fazer, estabelece 
um modo de relatar e refletir sua experiência, produzindo sentido ao que pensa e diz de suas 
práticas e como isso vai se transformando ao longo de sua vida profissional.
Como o professor se constitui profissionalmente mediante sua trajetória de trabalho signi-
ficando seus saberes e experiências vividas?
Você pode viver esse processo de pesquisa narrativa a partir de histórias que são contadas, 
de entrevistas não estruturadas, análise de fotos, textos, anotações que são mencionadas ao narrar, 
registros biográficos e memoriais que o professor produziu com outro objetivo, cartas e e-mails 
que podem ser trocados entre os participantes.
Esse material pode ser organizado em um diário de registros para ajudá-lo a produzir os 
textos que irão compor seu relatório de estágio.
seção 2
a escola e sua dinâmica curricular
Uma das questões que levam à reflexão e discussão em nossas escolas diz respeito ao 
desenvolvimento do currículo. Essa temática mobiliza professores, gestores, pais e comunidade 
escolar.
Como essas questões se manifestam no espaço escolar? Como a escola envolve-se na dis-
cussão e análise de suas práticas curriculares? Como os professores participam dessa elaboração? 
Como as experiências geradas mostram novas possibilidades de organização curricular?
Para responder a essas e outras questões é preciso entender quais as concepções que atra-
vessam as proposições dos currículos escolares.
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Há distintas concepções de currículo que são influenciadas pelos diversos modos como 
a educação é concebida historicamente e pelas influências teóricas que se colocam como mais 
consideradas em determinado momento.
Moreira e Candau (2008) observam que o debate sobre currículo reflete variados posicio-
namentos teóricos e compromissos relativos aos
conhecimentos

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