Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MICRO - ESKAPE ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ Julia Ladeira de Moraes - 11/04/2022 ESKAPE: ~ Grupo de bactérias com resistência antimicrobiana, logo são muito resistentes ~ Os fatores de virulência (capacidade que um agente infeccioso tem de desencadear uma resposta doentia no hospedeiro dentro de um período de tempo) de um patógeno estão relacionados à estrutura, ao metabolismo e à patogenicidade Enterococcus faecium: ~ Gênero Enterococcus spp. - Enterococcus (cocos entéricos) são inicialmente classificados como Estreptococos do grupo D - Em 1984, os Enterococos foram classificados em um novo gênero, chamado Enterococcus, que é composto, atualmente, por 40 espécies - As espécies clinicamente mais importantes por serem as mais virulentas e por colonizarem o trato intestinal humano são a Enterococcus faecalis e a Enterococcus faecium, mas existem a Enterococcus gallinarum e a Enterococcus casseliflavus que são avirulentas, colonizam o trato intestinal humano e são intrinsecamente resistentes ao antimicrobiano vancomicina (glicopeptídeo que atua sobre parede celular) ~ Fisiologia e estrutura: - São cocos Gram positivos, tipicamente arranjados em pares e em cadeias curtas - São catalase negativos - Crescem em uma ampla faixa de temperatura (10° a 45°C) e pH (4,6 a 9,9), e em presença de alta concentração de cloreto de sódio (NaCl) e de sais biliares - Realizam a fermentação da glicose, produzindo ácido (logo são bactérias láticas) - Após 24 horas de incubação, as colônias em ágar-sangue são grandes, podendo apresentar ou não padrão hemolítico (produzindo hemolisinas) ~ Patogênese e imunidade - Causam doenças graves, logo as cepas resistentes se tornaram um problema em pacientes hospitalizados - A virulência é mediada por duas propriedades gerais, sendo uma pela capacidade de aderir a tecidos e formar biofilme, e a outra pela resistência ao antimicrobiano - São mediadores da aderência e formação de biofilme (tais como proteínas de superfície, glicolipídios de membrana, gelatinase e pili sexual) - Possuem resistência intrínseca/natural a muitos antimicrobianos comumente usados (ex: oxacilina e cefalosporina) ou adquirem genes de resistência a eles (ex: aminoglicosídeo e vancomicina) ~ Resistência intrínseca/natural: ~ Epidemiologia: - Os Enterococos são bactérias entéricas, comumente isoladas de fezes humanas e de vários animais . Os Enterococos faecalis são encontrados em altas concentrações no intestino grosso (105 a 107 bactérias/grama de fezes) e no trato geniturinário - Os fatores de risco para infecções enterocócicas são o uso de cateter urinário ou intravascular; a hospitalização prolongada; e o uso de antimicrobianos de amplo espectro, especialmente aqueles que são inerentemente inativos contra os Enterococos (ex: oxacilina e cefalosporina) - Os Enterococos gallinarum e Enterococos casseliflavus são espécies relativamente avirulentas, as quais são importantes pois, embora raramente associadas a doenças no ser humano, são resistentes à vancomicina e podem ser confundidas com as espécies mais importantes (Enterococos faecalis e Enterococos faecium) ~ Doenças clínicas: - A infecção do trato urinário é a mais comum das infecções enterocócicas, frequentemente associadas à cateterização - As infecções do peritônio são tipicamente polimicrobianas (ou seja, associadas a outras bactérias aeróbias ou anaeróbias) e relacionadas ao extravasamento de bactérias intestinais devido a um trauma ou a doenças que comprometem a integridade intestinal - A bacteremia (presença de bactérias na corrente sanguínea) pode ocorrer por disseminação de infecção localizada no trato urinário, peritônio ou tecido, ou pode representar infecção primária do endocárdio (endocardite) . A endocardite é uma infecção especialmente séria, pois muitos Enterococos são resistentes aos antimicrobianos mais frequentemente usados para tratá-la ~ Quadro geral das doenças clínicas: - Infecção do trato urinário (ITU): . Disúria (micção dolorosa ou desconfortável) e piúria (micção excessiva): São mais frequentes em pacientes hospitalizados com cateter urinário e usando o antimicrobiano cefalosporina de amplo espectro . Peritonite: Ocorre distensão e dor abdominal após trauma ou cirurgia; os pacientes tipicamente apresentam quadro agudo, febre e hemoculturas positivas; e é característica de infecções polimicrobianas . Bacteremia: É associada tanto a infecções localizadas como à endocardite . Endocardite: É a infecção do endotélio ou das válvulas cardíacas; é associada à bacteremia persistente; e pode ser aguda ou crônica ~ Diagnóstico: - É feito por amostras clínicas de urina, de tecidos, ou de sangue ~ Isolamento primário: - É feito por amostras clínicas de ágar sangue de carneiro 5%, de meios sólidos seletivos, ou de microaerofilia de 35°C a 37°C por 24 a 48 horas ~ Isolamento seletivo: - É feito por amostras clínicas de ágar sangue com azida sódica (NaN3), ou de microaerofilia com 5% a 10% de CO2 (ausência de catalase) ~ Classificação hemolítica: - A identificação preliminar é feita pelas morfologias das colônias (perfil de hemólise), pela coloração de Gram (características morfotintoriais), pela prova da catalase (diferenciação) e pelas provas bioquímicas (crescimento em NaCl 6,5% e bile esculina; fermentação de arabinose e sorbitol) ~ Tratamento, prevenção e controle: - O tratamento tradicional de infecções graves é baseado na combinação de um aminoglicosídeo e um antimicrobiano ativo (ex: ampicilina e vancomicina) contra a parede celular . Entretanto, alguns antimicrobianos não apresentam atividade sobre a parede de Enterococos (ex: oxacilina e cefalosporina); a ampicilina e a penicilina geralmente são ineficazes contra os Enterococos faecium; as espécies clinicamente mais importantes do gênero Enterococos são resistentes à vancomicina (especialmente o Enterococos faecium); mais de 25% dos Enterococos são resistentes aos aminoglicosídeos; e a resistência aos aminoglicosídeos e à vancomicina é um problema por ser mediada por plasmídeos, podendo ser transferida para outras bactérias - Novos antimicrobianos têm sido desenvolvidos para tratar Enterococos resistentes à ampicilina, à vancomicina e aos aminoglicosídeos, como o linezolida, o daptomicina, o tigeciclina e o quinupristin/dalfopristin . Infelizmente, a resistência dos Enterococos ao antimicrobiano linezolida tem aumentado e o antimicrobiano quinupristin/dalfopristin não é ativo contra os Enterococos faecalis . Portanto, conclui-se, que é difícil prevenir e controlar as infecções enterocócicas - A restrição de uso de antimicrobiano e a aplicação de práticas apropriadas ao controle de infecção (ex: isolamento do paciente infectado; ex: uso de luvas e jaleco por qualquer pessoa que tenha contato com ele) podem reduzir o risco de colonização bacteriana (a eliminação completa de infecções é incomum) Staphylococcus aureus: ~ Gênero Staphylococcus spp. - São capazes de crescer em várias condições (ex: aeróbia e anaeróbia, na presença de concentração elevada de sal e em temperaturas que podem variar entre 18°C e 40°C) - Estão presentes na pele e nas membranas mucosas dos seres humanos - Algumas espécies são comumente encontradas em nichos muito específicos. Ex: Staphylococcus aureus coloniza as narinas; Staphylococcus capitis é encontrado onde as glândulas sebáceas aparecem em maior número (ex: na testa); Staphylococcus haemolyticus e Staphylococcus hominis são encontrados em áreas onde as glândulas apócrinas estão presentes (ex: na axila) - São responsáveis por um amplo espectro de doenças sistêmicas (ex: infecções da pele, de tecidos moles, de ossos e de trato urinário) e por infecções oportunistas - As espécies mais comumente associadas a doenças humanas são Staphylococcus aureus (que é o mais virulento e conhecido do gênero), Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus haemolyticus, Staphylococcus lugdunensis e Staphylococcus saprophyticus - Os membros de Staphylococcus aureus resistentesà meticilina (methicillin-resistant Staphylococcus aureus -MRSA-) são conhecidos como agentes de infecções graves em pacientes hospitalizados (sendo que os profissionais de saúde agem como um disseminador de microrganismos dentro do ambiente hospitalar) e no ambiente extra-hospitalar, e, por serem meticilina resistentes, o que abrange toda a classe dos antimicrobianos beta lactâmicos, esses fármacos não são uma opção de tratamento para pacientes com esses microrganismos ~ Fisiologia e estrutura: - São cocos Gram positivos, tipicamente arranjados em cachos de uvas - São imóveis, não formadores de esporos - São oxidase negativos - São catalase positivos, sendo anaeróbios facultativos - Realizam a fermentação - A camada mais externa da parede celular de muitos Estafilococos é recoberta por uma cápsula polissacarídica (promove proteção contra a ação do sistema imune) - Os Estafilococos produzem quantidades variáveis de um filme frouxamente ligado e hidrossolúvel (camada mucoide ou biofilme) que consiste em monossacarídeos, proteínas e pequenos peptídeos, o que favorece a adesão da bactéria aos tecidos, aos dispositivos médicos ou aos corpos estranhos (ex: cateteres, enxertos, próteses valvulares ou articulares e derivações) - Os Estafilococos apresentam proteínas de superfície importantes para adesão às proteínas de matriz ligadas aos tecidos do hospedeiro (ex: fibronectina, elastina e colágeno) - Os Estafilococos produzem enzimas e toxinas ~ Patogênese e imunidade: - A patologia das infecções por Estafilococos depende da habilidade da bactéria em evadir/sair da fagocitose, expressar proteínas de superfície que medeiam a adesão aos tecidos do hospedeiro, e produzir dano tecidual através da elaboração de toxinas específicas e enzimas hidrolíticas ~ Epidemiologia: - Todas as pessoas apresentam Estafilococos coagulase negativos na pele . É comum a colonização transitória das dobras úmidas da pele, a colonização do coto umbilical, da pele e da região perineal de recém-nascidos, e a colonização da orofaringe e dos tratos gastrointestinal e urogenital por Staphylococcus aureus - São suscetíveis/vulneráveis à temperatura alta, aos desinfetantes e às soluções antissépticas, mas podem sobreviver em superfícies secas por longos períodos - Podem ser transferidos para um indivíduo suscetível através do contato direto dele com o patógeno ou através do contato dele com fômites (partículas capazes de transportar germes patogênicos; ex: vestimentas e roupas de cama contaminadas) - A equipe clínica deve utilizar técnicas apropriadas para lavagem das mãos a fim de prevenir a transferência de cepas de Estafilococos presentes nos profissionais para os pacientes e entre os pacientes ~ Doenças clínicas: - Staphylococcus aureus causa doença através da produção de toxinas ou da invasão direta e destruição do tecido. As manifestações clínicas de algumas doenças estafilocócicas são quase que exclusivamente o resultado da atividade de toxinas . Síndrome da pele escaldada estafilocócica/Toxina esfoliativa/Dermatite esfoliativa: É o aparecimento abrupto de um eritema localizado na região perioral (vermelhidão e inflamação ao redor da boca) que se espalha por todo o corpo em dois dias; paciente (principalmente crianças) apresenta grandes vesículas ou bolhas cutâneas que se formam logo depois, seguidas da descamação do epitélio; as bolhas contêm um fluido claro, mas não apresentam microrganismos ou leucócitos, o que é indício marcante dessa doença, a qual é causada pela toxina bacteriana; e o epitélio se torna intacto novamente dentro de 7 a 10 dias, quando aparecem os anticorpos contra a toxina . Intoxicação alimentar por Estafilococos: Doença transmitida por alimentos causada pela toxina bacteriana, e não pela ação direta do microrganismo no paciente; os alimentos mais comumente contaminados são as carnes processadas (ex: presunto e carne de porco salgada), bolos recheados com creme, saladas de batata e sorvetes; ocorre a contaminação do alimento por um portador humano a partir da colonização de nasofaringe em portadores assintomáticos; após os Estafilococos terem sido introduzidos no alimento (ex: através de um espirro ou de mãos contaminadas), eles devem permanecer à temperatura ambiente ou aquecido, para que o microrganismo cresça e libere a toxina; o alimento contaminado não apresenta aparência nem gosto de alimento deteriorado; o aquecimento subsequente do alimento irá matar a bactéria, mas não inativa a toxina termoestável (100°C por 30 min) produzida por ela; após a ingestão do alimento contaminado, o início da doença é abrupto/repentino e rápido, com um período médio de incubação de quatro horas (doença mediada por toxina pré-formada); os sintomas geralmente duram menos de 24 horas (ex: dores abdominais, náuseas, vômitos intensos, e diarreia aquosa e não sanguinolenta, podendo ocasionar desidratação em decorrência da considerável perda de fluidos; podem ocorrer suores e dores de cabeça; não há febre) . Infecções cutâneas: Foliculite, carbúnculo, impetigo e furúnculo . Pneumonias . Endocardite . Osteomielite . Artrites sépticas . Infecção de trato urinário ~ Diagnóstico: - É feito por amostras clínicas de exsudatos, de pus de abscessos, de secreção dérmica, de pústulas, de urina e de tecidos, e pela pesquisa de Bacilo Álcool Ácido Resistente (BAAR) ~ Isolamento primário: - É feito por amostras clínicas de ágar sangue de carneiro 5%, de meios sólidos seletivos, ou de aerobiose de 35°C a 37°C por 24 a 48 horas ~ A identificação preliminar é feita pelas morfologias das colônias (perfil de hemólise), pela coloração de Gram (características morfotintoriais), pela prova da catalase (diferenciação) e pela resistência à bacitracina [suscetibilidade à bacitracina: bacitracina 0,04 UI; Micrococcus spp. são sensíveis (≥10 mm); e Staphylococcus spp. são resistentes (sem halo); o que os diferenciam do Micrococcus que também são cocos Gram positivos e catalase positivos] ~ Colônias: - Podem ser redondas, convexas, cremosas, lisas e brilhantes, ou com pigmentação - Ex: Ágar manitol vermelho de fenol peptona; manitol; vermelho de fenol; cloreto de sódio 7.5%; e ágar-ágar . Avermelhado (pH 7,4 ± 0,1) . Seletivo (NaCl 7,5%) . Diferencial (fermentação do manitol) . Aerobiose de 35°C a 37°C por 24 a 48 horas . Amarelo [fermentação do manitol (pH ácido); típica dee Staphylococcus aureus] . Rosa [não fermentação do manitol e utilização da peptona com formação de amônia (pH básico)] ~ Prova da coagulase (enzima considerada um fator de virulência): - Estafilococos coagulase negativos (ECNs) ou Estafilococos coagulase positivos (ECPs; típica de Staphylococcus aureus), sendo que os Estafilococcus coagulase positivos são mais virulentos do que os coagulase negativos ~ Tratamento, prevenção e controle: - A terapia é complicada em casos de MRSA - Nas infecções de pele e de tecidos moles são feitas a incisão, a drenagem e, em caso de sinais sistêmicos, a antibioticoterapia - O número necessário de microrganismos para estabelecer uma infecção (dose infectante) geralmente é grande, a menos que um corpo estranho (ex: sujeira, farpa, espinho ou suturas) esteja presente na ferida - Deve-se fazer a limpeza apropriada do ferimento e utilizar antissépticos (ex: sabonete germicida, solução de iodo e hexaclorofeno), pois essas medidas evitam a maioria das infecções em indivíduos sadios Klebsiella pneumoniae e Enterobacter species: ~ São da família Enterobacteriaceae - Maior e mais heterogêneo grupo de bacilos Gram negativos de importância médica - Estão amplamente disseminadas na natureza; muitas de suas espécies colonizam o intestino de humanos e animais; e um pequeno grupo é considerado patógeno estrito ~ Fisiologia e estrutura: - Possuem motilidade variável (desde imóveis até muito móveis) - Reduzem nitrato a nitrito - São bacilos Gram negativo - São catalase positivos e oxidase negativos - Realizam a fermentaçãoda glicose (mas também pode fermentar outros açucares) ~ Características estruturais: - Classificação epidemiológica sorológica . Antígenos O (relacionado à cadeia O que compõem o LPS da membrana externa): Tipagem sorológica com identifi- cação de mais de 170 tipos . Antígeno K (relacionado à cápsula): Tipagem sorológica com identificação de mais de 85 tipos . Antígeno H (relacionado aos flagelos): Tipagem sorológica com identificação de 100 tipos ~ Patogenicidade e virulência: - Fatores de virulência: Endotoxina (Lipídeo A do LPS da membrana externa); cápsula; variação de fase antigênica (antígenos somático O, capsular K e flagelar H); sistemas secretórios tipo III (transferência/introdução de fator de virulência); sequestro de fatores de crescimento sideróforos (quelantes de Fe); e resistência aos antimicrobianos - 70% das infecções são do trato urinário (ITU) - Pneumonia - Doenças transmitidas por alimentos (DTA´s) - Infecções hospitalares (uso de dispositivos) - Meningite (em neonatos) - Infecções de pele (escaras e queimaduras) - Toxinfecções, como Salmonella entérica e E.coli ~ Klebsiella pneumoniae: - Possuem cápsula (que é considerada um fator de virulência) proeminente, a qual é responsável pela aparência mucoide das colônias isoladas e pelo aumento da virulência dos microrganismos in vivo ao promover a adesão e evasão/proteção do sistema imune - Podem causar pneumonia lobar adquirida na comunidade ou no hospital. Os quadros de pneumonia por Klebsiella frequentemente envolvem a destruição necrótica dos espaços alveolares, a formação de cavidades e a produção de escarro com sangue - Essa bactéria causa feridas, infecções dos tecidos moles e ITU ~ Enterobacter spp.: - Infecções primárias causadas por Enterobacter são raras em pacientes imunocompetentes - As infecções causadas por esse gênero são as mais comuns das adquiridas no hospital em pacientes recém-nascidos e imunocomprometidos - A terapia antimicrobiana para esse gênero pode não ser efetiva, pois os microrganismos frequentemente são resistentes a vários antimicrobianos, sendo um problema sério com as espécies de Enterobacter ~ Diagnóstico: - Para confirmar se há no meio a família Enterobacteriaceae, são feitas técnicas (ex: provas bioquímicas) que identificam a presença de bacilos Gram negativos fermentadores de glicose; aeróbios/anaeróbios facultativos; catalase positivos; oxidase negativos; redução de nitrato; flagelos (ex: Klebsiella spp. e Shigella spp. são imóveis; ex: Proteus spp. são muito móvel; ex: os demais possuem flagelos peritríquios) - A fermentação da lactose auxilia na separação dos grupos da família Enterobacteriaceae, pois ela deixa o meio róseo e ácido na presença deles, e deixa o meio amarelo e básico na ausência deles ~ Tratamento, prevenção e controle: - A antibioticoterapia para infecções causadas por enterobactérias deve ser orientada pelos resultados dos testes de suscetibilidade in vitro e pela experiência clínica - É difícil prevenir as infecções causadas por enterobactérias, pois esses microrganismos são os principais componentes da população microbiana endógena - As ações que favorecem as infecções são o uso irrestrito de antimicrobiano, a realização de procedimentos que traumatizam as barreiras da mucosa sem uso profilático de antimicrobiano e o uso de cateteres urinários - Pacientes imunocomprometidos ficam hospitalizados por longos períodos Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa: - São do grupo não-Enterobacterales (não enterobactérias) - São Gram negativos não fermentadores - São amplamente distribuídos no solo e na água - São patógenos oportunistas envolvidos em infecções hospitalares ~ Pseudomonas spp.: - Carcaterísticas gerais: . São bacilos Gram negativos, geralmente em pares . São móveis . Crescem em aerobiose e em anaerobiose . São oxidase positivos (o que favorece a versatilidade nutricional) . Algumas cepas são mucoides e produtoras de pigmentos e odores . Ex: Pseudomonas aeruginosa - Fisiologia e estrutura: . Estão presentes em ambiente hospitalar nos reservatórios úmidos (ex: alimentos, arranjos de flores, pias, banheiros, espanadores de chão, equipamentos de fisioterapia respiratória e de diálise, e em soluções desinfetantes) . É incomum persistirem em seres humanos como parte da microbiota normal, exceto em pacientes hospitalizados e ambulatoriais, e em pacientes imunodeprimidos . Possuem versatilidade nutricional (se alimentam de compostos orgânicos como fontes de carbono e nitrogênio, e algumas cepas podem crescer em água destilada usando pequenas quantidades de nutrientes essenciais), logo são amplamente disseminadas . São oportunistas, sendo limitados aos pacientes que recebem antimicrobiano de amplo espectro que suprimem a população bacteriana normal ou aos pacientes com as defesas comprometidas Acinetobacter baumannii Pseudomonas aeruginosa ~ Patogênese e imunidade: - Adesinas - Exotoxina A (ETA) [interrompe a síntese de proteínas (dermatonecrose)] - Piocianina (catalisa a produção de superóxidos e peróxido de hidrogênio) - Elastases (elastina) - Fosfolipase C (lipídeos e lectina) - Exoenzimas A e S (toxinas que causam dano tecidual) - Resistência antimicrobiana (mutação de porinas e produção de beta-lactamases) ~ Manifestações clínicas: Infecções pulmonares; infecções de pele e tecidos moles; foliculite; ITU; infeção ocular; otites; bacteremia; e endocardite ~ Acinetobacter spp.: - São cocobacilos Gram negativos não fermentadores - São arredondados - São estritamente aeróbicos - São oxidase negativos - Estão presentes na natureza e no hospital e são capazes de sobreviver tanto em superfícies úmidas (ex: equipamento de ventilação mecânica) como em superfícies secas (ex: pele humana), o que é incomum para bacilos Gram-negativos - Ex: Complexo Acinetobacter calcoaceticus-baumannii (Complexo Acb) . A. baumannii . A. pittii . A. nosocomialis - Compõem a microbiota orofaríngea de indivíduos saudáveis, podendo se proliferar durante a hospitalização - São patógenos oportunistas que podem causar infecções no trato respiratório, no trato urinário, nas feridas cutâneas (em pacientes com queimaduras), em tecidos moles, ou septicemia . Os pacientes em risco são aqueles que realizam antibioticoterapia de amplo espectro ~ Resistência intrínseca: ~ Diagnóstico: - É feito por amostras clínicas de bactérias relacionadas às mucosas e ao ambiente . Swabs otológicos, feridas, mucosa nasal, ocular, genital, trato respiratório superior e inferior, e urina . Meios de cultura: Ágar sangue de carneiro 5% e ágar MacConkey - É feito pela prova da catalase - É feito pela fermentação da lactose - É feito pela prova da oxidase - É feito pela avaliação da presença de pigmentos ~ Tratamento, prevenção e controle: . A terapia antimicrobiana para infecções por Pseudomonas é frustrante, pois as bactérias são tipicamente resistentes à maioria dos antimicrobianos e o paciente infectado com defesas comprometidas não favorece a atividade dos fármacos . Mesmo os organismos sensíveis podem tornar-se resistentes durante a terapia por induzir a formação de enzimas que inativam os antimicrobianos (ex: β-lactamases), a mutação dos genes que codificam as proteínas dos poros da membrana externa, ou a transferência de resistência mediada pelos plasmídeos a partir de um organismo resistente para um suscetível . A terapia combinada é geralmente necessária para infecções graves . Deve ser feita a prevenção da contaminação dos equipamentos estéreis (ex: equipamentos de ventilação mecânica e máquinas de diálise) e da contaminação cruzada de pacientes pela equipe médica
Compartilhar