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Governo aberto: 
transparência e dados 
abertos
Transparência, Controle e Participação
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
Conteudista/s 
Priscilla Ruas (conteudista, 2022)
Giovana Bertolini (conteudista, 2022)
Maria Moro (conteudista, 2022)
Otavio Moreira de Castro Neves (conteudista, 2022)
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Módulo 1 – O que é Governo Aberto ...................................................................... 5
Unidade 1 - Origem e conceito de governo aberto .............................................. 5
Unidade 2 - Benefícios de governo aberto ............................................................ 8
Módulo 2 - Os Princípios de Governo Aberto ...................................................... 11
Unidade 1 - Transparência .................................................................................... 11
Unidade 2 - Participação social ............................................................................ 21
Unidade 3 - Integridade pública ........................................................................... 27
Unidade 4 - Accountability: prestação de contas e responsabilização ...........31
Módulo 3 - Implementando medidas de governo aberto .................................34
Unidade 1 - Planejamento da implementação ................................................... 34
Unidade 2 - Iniciativas de governo aberto no Brasil ..........................................35
Unidade 3 - Implementando medidas de governo aberto ................................41
Referências ............................................................................................................. 48
Sumário
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5
 Módulo
O que é Governo Aberto1
Unidade 1 - Origem e conceito de governo aberto
Conhecer a origem e o conceito de governo aberto.
Open Government Partnership (OGP) 
Em setembro de 2011, o Brasil lançou, em conjunto com sete países 
e nove organizações da sociedade civil, uma iniciativa multilateral 
internacional chamada Open Government Partnership (OGP) 
ou, em português, Parceria para Governo Aberto. 
Por meio desta, os países se comprometiam a:
• aumentar a disponibilidade de informações acerca das atividades 
governamentais; 
• apoiar a participação cívica; 
• implementar os mais altos padrões de integridade profissional nas 
administrações públicas; 
• ampliar o acesso a novas tecnologias, para fins de abertura e prestação 
de contas.
Por meio dessas medidas, os governos buscam atender melhor às necessidades de 
seus cidadãos, otimizar o uso de recursos e dar mais eficiência à ação estatal.
A ideia lançada pelo OGP cresceu. Atualmente, quase 80 
países fazem parte da iniciativa; e organismos internacionais 
diversos abraçaram a proposta lançada pela parceria. Conceitos 
amadureceram, novas perspectivas surgiram e ações concretas 
moldaram novas formas de fazer e pensar governo aberto.
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Atualmente, governo aberto é reconhecido pela sociedade, governo e academia 
como uma forma de gestão pública que favorece a transparência e a participação — 
imperativos para qualquer governo democrático.
Como veremos, governos abertos não só atendem a uma série de princípios 
democráticos, eles ajudam o Estado a ser mais eficiente, inovador e confiável.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) 
define governo aberto como:
“Uma cultura de governança que promove os princípios de transparência, 
integridade, accountability, e participação das partes interessadas, 
como forma de apoiar a democracia e o crescimento inclusivo”.
O primeiro aspecto interessante dessa definição é a perspectiva de governo aberto 
como cultura. Isso porque fomentar tais princípios exige comportamentos, tanto 
por parte dos servidores, que criam e implementam as políticas públicas, quanto 
por parte das organizações, que precisam tornar tais processos parte do seu modelo 
de gestão. 
Esse ponto é reforçado pela ideia de governança, que pressupõe algo deliberado 
e que entende que a tomada de decisão da instituição deve considerar as partes 
interessadas (stakeholders). 
O que a OCDE propõe, portanto, é uma visão perene de governo aberto, que envolva 
os mais altos níveis das organizações no compromisso de gestões transparentes, 
íntegras, participativas e comprometidas em dar respostas à sociedade.
A ideia, portanto, é de que governos devem envolver os diferentes 
setores da sociedade (stakeholders) no planejamento, na execução e 
no acompanhamento das políticas e serviços públicos, e permita um 
redesenho que conte, não apenas com a opinião, mas a contribuição 
direta desses atores no fortalecimento da ação do Estado. 
Com mais conhecimentos, recursos e perspectivas acerca de um tema, 
problemas complexos podem ser resolvidos com maior eficiência.
Essa visão, reforça o pensamento promovido pela Parceria para Governo 
Aberto, acerca do tema:
“A Parceria para Governo Aberto é baseada na ideia de que um governo 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 7
aberto é mais acessível, mais responsivo, mais transparente e responsável 
para seus cidadãos, e que melhorar a relação entre pessoas e seus governos 
traz benefícios de longo prazo para todos”.
Você notou diferença nas duas perspectivas?
Embora as duas organizações tragam visões 
distintas a respeito da implementação de 
medidas, como veremos mais adiante, 
ambas concordam que governos abertos 
trabalham, sistematicamente, para serem mais 
transparentes, mais íntegros, mais participativos 
e mais responsivos às necessidades de seus 
cidadãos. E, ao adotarem medidas para tanto, 
sociedade e Estado colhem benefícios.
A ideia de governo aberto implica, também, em liberdade para a sociedade. É o que a 
OCDE chama de Espaço Cívico. Se o cidadão sente limitações em obter informações, 
ter respostas às suas demandas ou de participar — seja em função de sua classe, 
cor, orientação sexual, etnia, religião —, então o Espaço Cívico está comprometido e 
o governo não está aberto como deveria. Da mesma forma, as liberdades coletivas 
precisam ser respeitadas.
Se as pessoas não podem, dentro da lei, organizarem-se, ou se associarem, também 
há prejuízo para a participação e limitação do Espaço Cívico. Vários organismos 
internacionais preveem sanções por ataques a esse espaço, como a OGP, que já 
advertiu ou suspendeu países, em função disso.
Recentemente, o conceito de governo aberto tem sido expandido para a 
ideia de Estado Aberto, que implica na ideia de ampliação dessa cultura 
para todos os setores do Estado ou, como conceitua a OCDE, o Estado 
Aberto ocorre...
...“quando o executivo, legislativo, judiciário, instituições públicas 
independentes e todos níveis de governo — reconhecendo seus respectivos 
papéis, prerrogativas e independência, de acordo com suas estruturas legais 
e institucionais existentes, — colabora, explora sinergias e compartilha boas 
práticas e lições aprendidas entre si e com outras partes interessadas a fim de 
promover a transparência, a integridade, a responsividade e a participação 
das partes interessadas para apoiar a democracia e o crescimento inclusivo”.
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 2 - Benefícios de governo aberto
Entender os benefícios de governo aberto.
Dezenas de países e organismos internacionais, no mundo inteiro, estão promovendo 
reformas de governo aberto. Isso porque, a longo prazo, tais medidas trazem uma 
série de benefícios para a gestão pública e para a sociedade. A seguir, citamos as 
principais: 
Eficiência
Governos enfrentam desafios, cada vez mais complexos, ao mesmo 
tempo que sofrem pressão para trabalhar com quadros de pessoal e 
orçamentos limitados.Uma cultura de governo aberto contribui com 
medidas de integridade, ao combater a corrupção, promove o uso racional 
dos recursos, por meio da transparência; e ajuda o governo a priorizar, 
dentro de suas possibilidades, por meio da interação com a sociedade na 
tomada de decisões.
Inovação
Ao abrir espaço para outros atores no desenho e implementação de 
políticas públicas, governos abertos têm a oportunidade de contar 
com especialistas, em diversas áreas, para encontrar soluções para os 
problemas complexos enfrentados pelos governos. Conhecimentos, 
habilidades e técnicas de organizações, pesquisadores, empresas e outros 
atores podem ajudar a pensar e a realizar ações que seriam impossíveis 
apenas com servidores. A inovação, também, manifesta-se pela reuso de 
dados públicos pela sociedade e pela academia, que podem, por exemplo, 
gerar aplicativos que ofertem serviços púbicos, como informativos 
de trânsito ou a simplificação de acesso a serviços, ou que promovam 
pesquisas científicas mais ágeis e pioneiras.
Confiança
Os índices de confiança da população na classe política e na democracia 
estão em níveis baixos, historicamente. Mais de 70% dos jovens e adultos 
dizem confiar pouco ou nada no governo ou no Congresso Nacional. 54,5% 
das pessoas consideram que a chance de serem ouvidas, acerca de um 
problema, por uma autoridade local é pouca ou nenhuma. Atores como 
ONGs, empresas, sindicatos, mídia e organismos internacionais dispõem 
de mais confiança junto à população que os governos. Ações de governo 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9
aberto ajudam a construir relações com a sociedade e a envolver atores 
que dispõem de credibilidade para que todos trabalhem, coletivamente, 
na construção de soluções, aproximem o governo de seus cidadãos e 
ajudem a resgatar a confiança.
Capacidade estatal
O envolvimento de cidadãos e organizações, na execução de políticas 
públicas, pode ajudar governos a ampliar sua capacidade de implementar 
ações, coletar dados, monitorar processos e muito mais. Os governos 
podem ter parceiros que os ajudem a superar limitações, ofereçam mão-
de-obra, estrutura logística, dados e outras possibilidades, quando estes 
estejam envolvidos com a política e comprometidos com seu desenho.
Melhoria de políticas e serviços 
Pensando governo aberto como uma cultura, é possível sistematizar as 
contribuições de usuários de serviços e políticas, se o aprimoramento 
desses esforços for contínuo e cirúrgico. A sociedade, sobretudo a 
academia, também pode contribuir, por meio do acompanhamento das 
políticas e do controle social, e prover informações acerca do uso dos 
recursos e da efetividade das ações. Desenhar modelos participativos 
para obtenção dessas informações pode resultar em informações 
estratégicas valiosas para os gestores, quando se considera a limitação 
dos governos para fazer pesquisas de implementação e de satisfação, de 
forma sistemática.
Fortalecimento dos negócios
Medidas de governo aberto fortalecem o mercado de diversas formas. 
Primeiro, tais medidas criam oportunidades, ao compartilharem dados 
públicos em formato aberto, que permitem que empresas os utilizem 
como insumos, seja para seus planejamentos ou para o desenvolvimento 
de novas ferramentas, como aplicativos e sistemas que agregam valor 
a esses dados e geram novos produtos. Segundo ponto: geram maior 
simetria de informações no mercado, por meio da transparência, o que 
torna esse mercado mais competitivo e mais resistente à corrupção, 
fraudes, cartéis e outras práticas. Por fim, ações de governo aberto 
pressupõem a participação de todos os atores, inclusive do setor privado, 
e dão, a eles — sobretudo, aos que não têm as grandes estruturas de 
lobby — a oportunidade de participar do desenho de medidas para a 
melhoria dos negócios.
Melhor funcionamento do Estado
Governo aberto promove a transparência, a integridade e a 
responsabilização dos agentes públicos, e pode levar a usos mais racionais 
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
dos recursos públicos e à inibição de ações que priorizam interesses 
privados sobre interesses públicos.
Desenvolvimento inclusivo
Como destacado pela OCDE, ações de governo aberto favorecem o 
desenvolvimento econômico, de forma inclusiva, e dão, a diversos atores, 
oportunidades de participação e contribuição nas ações de governo. Ao 
trazerem à luz diversas perspectivas, governos podem tomar decisões 
que considerem os diferentes impactos de suas ações e forçar grupos de 
pressão a, também, buscarem consenso.
Democracia
A Constituição Federal esclarece, em seu primeiro artigo, que “Todo o 
poder emana do povo”, mas, na prática, cidadãos se sentem distanciados 
de seus governos. O governo aberto fortalece o espírito democrático, ao 
concretizar meios para que a população possa participar, ativamente, dos 
destinos do país.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11
 Módulo
Os Princípios de Governo 
Aberto2
Unidade 1 - Transparência
Entender o princípio da transparência em governo aberto.
Considerações iniciais
Este princípio consiste no direito dos diferentes atores da sociedade de obter 
informações do governo. Baseia-se na ideia de que informações públicas são geradas 
por recursos públicos e, portanto, são bens de todos. Também, reflete o dever dos 
governos de prover, ativamente, informações de grande interesse público, o que 
reduz o tempo e a burocracia para acessá-las.
Transparência é fundamental para criar uma cultura de governo 
aberto porque promove a simetria de informações para garantir uma 
boa participação social e fortalece a integridade e a responsabilização 
dos agentes públicos. 
O acesso a informações é considerado um direito fundamental, pelas Nações Unidas, 
por possibilitar o alcance de outros direitos. Assegurar a obtenção de informações 
junto ao Estado, ao cidadão, é garantir que ele saiba como exercer seus direitos.
A transparência também pode ocorrer por uma imposição do Estado sobre atores não 
governamentais. Exemplo disso é quando uma agência reguladora cria obrigações 
de transparência para aqueles que ela regula.
Na prática, a transparência se manifesta de diversas maneiras na gestão pública: 
algumas informações chegam à sociedade por iniciativa do Estado; e outras, por 
demanda do cidadão.
Vejamos as principais formas de transparência:
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Transparência ativa
Refere-se às ações do Estado para prover informações sem que haja um 
pedido por uma parte interessada. Pode ocorrer, proativamente, por 
iniciativa do governo ou por imposição normativa. A transparência ativa tem 
papel importante nas ações do Estado; primeiro, porque evita sobrecarga 
de demandas de informação aos agentes públicos, que disponibilizam 
aquelas de maior demanda pela sociedade. Segundo, porque essa 
transparência pode ser usada para estimular comportamentos, com mais 
responsabilidade dos agentes públicos e melhor tomada de decisão dos 
cidadãos. Por fim, como dito, isso pode facilitar o acesso de cidadãos 
a serviços e a direitos. A seguir, apresentamos algumas formas de 
transparência ativa que merecem destaque. 
Transparência orçamentária-financeira
Exigida na norma da maioria dos países, inclusive no Brasil, é um elemento 
fundamental para a credibilidade internacional do país, quando busca 
investimentos estrangeiros, além de ser fator crítico para a população 
acompanhar a execução de políticas. O Portal da Transparência do 
Governo Federal é um exemplo dessa iniciativa.
Transparência dirigida ou direcionada (Targeted transparency)
São as iniciativas de transparência ativa que visam alcançar um 
resultado específico e contribuir com uma política. Tais iniciativas podem 
direcionar comportamentos de forma positiva e, portanto, podem ser 
combinadas com ações que os incentivam. Apresentar beneficiários de 
políticas, por exemplo, ajuda a inibir fraudes; determinar obrigações 
acerca de informações nutricionaispara a indústria alimentícia e leva os 
consumidores a tomarem decisões mais conscientes, em relação à saúde.
Perguntas frequentes
É importante porque, ao mesmo tempo, reduz a pressão nos canais de 
comunicação dos órgãos e facilita o acesso ao cidadão às informações. 
Novas tecnologias como os chatbots oferecem a respostas às dúvidas dos 
cidadãos, de maneira dinâmica e em diferentes plataformas.
Transparência de processos
Permite que a sociedade acompanhe o andamento de trâmites. É útil, 
especialmente, quando a administração exige muito tempo para concluí-
los, como nos casos dos processos judiciais. Com o auxílio de tecnologia, 
é possível fazer a informação chegar até o interessado e prover dados 
gerados, sem a necessidade de recursos humanos.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13
Dados abertos
São uma forma de transparência ativa, na qual o Estado fornece dados, 
em formato digital aberto e livre; ou seja, que podem ser acessados 
por softwares não proprietários e usados sem barreira jurídicas. 
Dessa maneira, ajudam pesquisadores e desenvolvedores a utilizarem 
esse insumo de formas para além dos objetivos para os quais foram 
coletados, inicialmente, gerarem pesquisas científicas, aplicativos e outras 
possibilidades. Esse assunto será mais explorado, mais adiante.
Transparência passiva
Refere-se às ações do Estado para prover informações quando demandado 
pela sociedade, ou seja, a obrigação dos governos de apresentarem as 
informações solicitadas por cidadãos e organizações. Esta é considerada 
direito humano pelas Nações Unidas — e constitucional no Brasil — e 
garante dados e informações como bem público.
Sem transparência passiva, apenas o Estado escolhe o que publicar, o que 
dá margem para esconder informações que podem prejudicar a imagem 
de autoridades públicas ou ocultar atos imorais ou ilícitos. Ademais, a 
informação, como porta de entrada para acessar outros direitos, ficaria 
limitada àquelas oferecidas pelos governos, e exclui aqueles que precisam 
acessar outros benefícios, serviços etc.
Para seu funcionamento, é preciso não apenas a regulamentação, mas 
também o estabelecimento de processos e prazos que garantem esse 
acesso. No Brasil, a Lei de Acesso à Informação (LAI) foi definida pela Lei 
12.527, de 2011.
Alguns tipos de comunicação pública podem participar de uma 
estratégia de transparência ativa. Por exemplo, as ações voltadas 
para informar cidadãos a respeito de serviços ou forma de acessar 
políticas, para desmentir notícias falsas (fake news) em circulação 
ou comunicar jurisdicionados acerca de novas obrigações legais. 
Transparência na legislação brasileira
Constituição Federal
A transparência está marcada na Constituição Federal, tanto na forma passiva, 
quanto ativa. Diz o Artigo 5°, que dispõe sobre os direitos individuais: 
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas 
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo 
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
Em outras palavras, o direito de saber ou direito de acesso à informação — mesmo 
que de interesse particular — é um direito constitucional, dado a todos, que precisa 
ser cumprido dentro de um prazo. Note-se, também, que a norma cria limite para 
o acesso, como será detalhado mais adiante. A Constituição Federal também traz a 
publicidade como um princípio constitucional, destacado no Artigo 37: 
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência...”
Na prática, a publicidade apontada na Constituição ganhou, muitas vezes, um caráter 
formal, que dificulta o acesso da sociedade, seja em função dos meios utilizados, da 
linguagem ou de outras barreiras que limitam o seu conhecimento. Por essa razão, 
é comum se diferenciar os termos “publicidade” de “transparência”, entendendo 
que, no segundo, há a preocupação não apenas de deixar a informação pública, 
mas também acessível e inteligível para os cidadãos.
Esse é um ponto importante, pois somente a informação compreendida e utilizada 
pela sociedade permitirá o seu maior envolvimento e proverá os benefícios de 
governo aberto mencionados anteriormente.
Lei de Acesso à informação
Lei 12.527, de 2011 – em maio de 2012, entrou em vigor uma lei que regulamenta 
o funcionamento da norma constitucional que garante o acesso à informação. A 
LAI, como é popularmente conhecida, determinou regras, prazos e processos para 
obtenção de informações junto ao governo federal e estabeleceu a obrigatoriedade 
para os demais poderes definirem suas regras específicas. 
A norma cobre todos os poderes e todos os níveis da federação; a administração 
direta e indireta; e inclui, ainda, entidades privadas, sem fins lucrativos, que recebem 
recursos públicos.
Destacam-se alguns pontos fundamentais da LAI:
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15
• Acesso à informação, como regra; e o sigilo, como exceção — só 
poderão ser negadas as informações que são protegidas por algum outro 
instrumento legal (Art. 3°, I).
• Não é necessário motivar o pedido — o governo não pode exigir as 
razões pela qual o solicitante requer a informação como condição para 
entregá-la (Art. 10 §3°).
• O fornecimento da informação é gratuito — podem ser cobrados apenas 
os valores referentes às cópias de documentos, quando a informação for 
solicitada em formato não digital.
• A informação prontamente disponível deve ser entregue de imediato 
— do contrário, o órgão ou entidade tem até 20 dias para responder ao 
pedido, prorrogável por mais 10 dias, mediante justificativa expressa e 
citação legal.
• O interessado pode interpor recurso contra a decisão — governos 
devem estabelecer procedimentos que garantam esse direito; também, 
é assegurado, ao solicitante, o direito de ser informado acerca do 
andamento de seu pedido.
No âmbito do Governo Federal, são previstas quatro instâncias recursais para o 
cidadão:
1. A autoridade diretamente superior a quem proferiu a decisão.
2. A autoridade máxima do órgão.
3. A Controladoria-Geral da União.
4. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações.
A Lei entende dados como informação
A LAI caracteriza informação como “dados, processados ou não, que podem ser 
utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em qualquer 
meio, suporte ou formato”.
Assim, a solicitação de cópias de bases de dados também está sob a égide da norma. 
Mais ainda, prevê o direito de obter informação: primária, íntegra, autêntica e 
atualizada (Art. 7°); a obrigação de “possibilitar a gravação de relatórios em diversos 
formatos eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários” e de “possibilitar o 
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e 
legíveis por máquina” (art. 8°).
A informação deve ser ofertada, de forma clara, e em linguagem de fácil compreensão 
(Art. 5°); assim, cabe à administração pública atentar à forma e à linguagem como 
apresentará a informação.
A LAI assegura o acesso de duas maneiras:
• pela criação de serviço de informações ao cidadão (SICs), nos órgãos e 
entidades do poder público;
• pela realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à participação 
popular ou a outras formas de divulgação.
Não pode ser negado acesso a informações necessárias à tutela 
judicial ou administrativa de direitos fundamentais; é vedada, 
inclusive, a restrição de acesso a informações ou a documentos que 
versem a respeito de condutas que impliquem violação dos direitos 
humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades 
públicas.
A LAI traz, ainda, obrigações de transparênciaativa (Art. 8°, § 1°):
• registro das competências e estrutura organizacional, 
endereços e telefones das respectivas unidades e horários 
de atendimento ao público;
• registros de quaisquer repasses ou transferências de 
recursos financeiros;
• registros das despesas;
• informações concernentes a procedimentos licitatórios, 
inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a 
todos os contratos celebrados;
• dados gerais para o acompanhamento de programas, 
ações, projetos e obras de órgãos e entidades; 
• respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
A essas obrigações são adicionadas outras, pela norma 
regulamentadora, o Decreto 7.724, de 2012, no âmbito do Governo 
Federal:
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17
• principais cargos e seus ocupantes;
• programas, projetos, ações, obras e atividades, com 
indicação da unidade responsável, principais metas e 
resultados e, quando existentes, indicadores de resultado 
e impacto;
• repasses ou transferências de recursos financeiros;
• execução orçamentária e financeira detalhada;
• licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos 
e resultados, além de contratos firmados e notas de 
empenho emitidas;
• remuneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, 
posto, graduação, função e emprego público, incluídos os 
auxílios, as ajudas de custo, os jetons e outras vantagens 
pecuniárias, além de proventos de aposentadoria e de 
pensões daqueles servidores e empregados públicos que 
estiverem na ativa, de maneira individualizada, conforme 
estabelecido em ato do Ministro de Estado da Economia 
(redação dada pelo Decreto n° 9.690, de 2019);
• contato da autoridade de monitoramento, designada nos 
termos do art. 40, da Lei n° 12.527, de 2011 , e telefone e 
correio eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão 
(SIC; )e (redação dada pelo Decreto n° 8.408, de 2015);
• programas financiados pelo Fundo de Amparo ao 
Trabalhador — FAT (incluído pelo Decreto n° 8.408, de 2015).
Veja mais acerca da LAI em informacao.gov.br.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Lei Complementar 
131 de 2009
A LRF foi uma das normas pioneiras em estabelecer obrigações de transparência e 
em gerar mais clareza a respeito da saúde financeira dos entes federativos. Em sua 
versão original, publicada no ano 2000, trazia um foco em relatórios financeiros de 
caráter bastante técnico. Porém, com a edição da LC 131, os entes federativos ficaram 
obrigados a publicar “informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária 
e financeira”, detalhadas da seguinte maneira (LRF Art. 48-A):
Quanto às despesa
Todos os atos praticados pelas unidades gestoras, no decorrer da execução 
da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima 
dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem 
fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária 
do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado.
http:// informacao.gov.br
18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Quanto à receita
O lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, 
inclusive referente a recursos extraordinários.
Lei de Governo Digital 
 
Lei 14.129 de 2021 —a norma reforça obrigações de transparência e o direito de 
se solicitar bases de dados de acesso público e concede “permissão irrestrita de 
uso de bases de dados publicadas em formato aberto”. A lei, também, cria novas 
obrigações de transparência ativa, com destaque para (Art. 29, § 2°):
• as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas;
• as informações sobre os servidores e os empregados públicos federais, 
bem como sobre os militares da União, incluídos nome e detalhamento 
dos vínculos profissionais e de remuneração;
• as viagens a serviço custeadas pelo Poder ou órgão independente;
• as sanções administrativas aplicadas a pessoas, a empresas, a organizações 
não governamentais e a servidores públicos;
• os currículos dos ocupantes de cargos de chefia e direção;
• o inventário de bases de dados produzidos ou geridos no âmbito do órgão 
ou instituição, bem como catálogo de dados abertos disponíveis;
• as concessões de recursos financeiros ou as renúncias de receitas para 
pessoas físicas ou jurídicas, com vistas ao desenvolvimento político, 
econômico, social e cultural, incluída a divulgação dos valores recebidos, 
da contrapartida e dos objetivos a serem alcançados por meio da utilização 
desses recursos e, no caso das renúncias individualizadas, dos dados dos 
beneficiários.
Destaca-se, também, o comando do Artigo 32, que determina que “a existência 
de inconsistências na base de dados não poderá obstar o atendimento da 
solicitação de abertura.”
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19
Outras normas 
 
Diversas legislações trazem provisões específicas a respeito de transparência. A Lei 
de Diretrizes Orçamentárias, por exemplo, traz comandos acerca de obrigações 
de publicidade, a serem cumpridas por organizações diversas. Normas diversas, 
relativas a políticas públicas específicas, frequentemente, pedem a publicação 
de informações. Por exemplo, foram editadas normas acerca de transparência 
relativa à Copa do Mundo e às Olimpíadas; e a Lei 10.650 de 2003, já previa acesso a 
informações a respeito de meio ambiente, antes mesmo da aprovação da LAI.
As obrigações, também, podem ser oriundas de acordos internacionais. Por exemplo, 
como signatário da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção (UNCAC), o 
Brasil se compromete a promover a transparência da gestão das finanças públicas. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz o direito à informação, no seu 
Artigo 19.
Limites para a transparência
Como previsto na Legislação, nem todas as informações em posse ou tutela do 
Estado são de acesso público. A LAI, ao garantir o acesso a informações públicas, 
não anula outras proteções previstas na legislação. Os principais casos são: 
Sigilos previstos em lei
A legislação brasileira prevê diversas proteções a informações, tais como, 
os sigilos: bancário, fiscal, industrial/empresarial, telefônico/telemático 
ou decorrente de direito autoral.
Segredo de justiça
Diversos processos judiciais correm em segredo de justiça, conforme o 
Artigo 189, do Código de Processo Civil (Lei 13.105, de 2015).
Dados pessoais
A própria Lei de Acesso à Informação restringe o acesso a informações 
pessoais, de forma a garantir o respeito à intimidade, à vida privada, 
à honra e à imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias 
individuais (Art. 31). E a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais — LGPD 
(Lei 13.709), também, restringe o acesso a dados pessoais, e, em paralelo, 
cria regras para o tratamento a esses dados.
Entre as regras da LGPD, está a transparência nas relações entre quem 
fornece o dado e quem o coleta ou utiliza.
20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Informações classificadas
A LAI prevê, com base na Constituição Federal, que algumas informações 
são importantes para a segurança da sociedade e do Estado e, portanto, 
poderão ser classificadas com acesso restrito por 5 anos (classificação 
reservada); 15 anos (secreta); ou 25 anos (ultrassecreta). 
Para que uma informação seja classificada, necessariamente, seu acesso 
deve atender a um dos seguintes critérios (Art. 23 da LAI):
• pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade do 
território nacional;
• prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações 
internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas em caráter 
sigiloso por outros Estados e organismos internacionais;
• pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população;
• oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica ou 
monetária do País;
• prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégicos das 
Forças Armadas;
• prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desenvolvimento 
científico ou tecnológico, assim como a sistemas,bens, instalações 
ou áreas de interesse estratégico nacional;
• pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autoridades 
nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
• comprometer atividades de inteligência, bem como de investigação 
ou fiscalização em andamento, relacionadas com a prevenção ou 
repressão de infrações.
Existem, ainda, casos em que a informação não pode ser fornecida, em função das 
limitações na capacidade dos governos de provê-las, tais como: 
Pedidos de tratamento adicional 
São caracterizados por casos em que o solicitante não quer uma 
informação existente, mas sim que se produza uma nova, a partir das 
existentes, como por meio de cruzamento de dados para gerar novos 
indicadores.
Pedidos genéricos
Solicitações demasiadamente amplas podem ser inviáveis para o 
atendimento. Nesse caso, é preciso tentar instruir o solicitante ou 
negociar para que haja uma redução do escopo. Pedidos como “todas 
as comunicações do Brasil com o Chile”, por exemplo, implicam muitos 
órgãos, canais de comunicação e décadas de relações entre os países 
para ser atendido.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21
Pedidos desproporcionais
São aqueles que, pela dimensão do trabalho decorrente do seu 
atendimento, inviabilizam o trabalho de toda uma unidade do órgão/
entidade, por um período que prejudique, significativamente, sua 
atuação. Nesse caso, a negativa deve esclarecer, ao solicitante, o impacto 
que causaria e suas razões.
Unidade 2 - Participação social
Entender o princípio da participação social em governo aberto.
Considerações iniciais
Este princípio consiste em envolver diferentes setores da sociedade na busca 
por soluções. Pode incluir: cidadãos, empresas, organizações da sociedade civil, 
associações do setor privado, sindicatos, pesquisadores e cientistas, grupos de 
interesse, outros governos, organismos internacionais ou outros atores julgados 
importantes no processo.
Se, por um lado, o modelo legislativo usado pela maioria das democracias traz 
grandes avanços em representar a sociedade, por outro, encontra limites quando 
atua em temas específicos e não aproveita contribuições da sociedade, que vão além 
da opinião a respeito dos temas em debate. Por meio de estratégias de participação, 
democracias se tornam mais plenas e aumentam as capacidades estatais. Isso 
porque, elas permitem a contribuição direta das partes interessadas no desenho, 
execução e acompanhamento das políticas e serviços públicos.
As estratégias de participação, portanto, complementam as estruturas clássicas da 
democracia, como: eleições e pluralismo político, e direitos que a garantem, como 
direitos humanos e de associação. 
É importante destacar que, quanto à participação, estamos falando 
de níveis diversos de interação com a sociedade. 
A Associação Internacional para a Participação Pública propõe um espectro de 
participação em cinco níveis:
22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Informação
Manter a sociedade informada, de forma que esta possa entender os 
problemas, alternativas, oportunidades e soluções identificadas.
Consulta
Ouvir as preocupações e sugestões da sociedade acerca das alternativas 
apresentadas pelos governos; dar retorno a respeito do que foi decidido. 
Envolvimento
Trabalhar com a sociedade para que as aspirações e preocupações estejam 
refletidas nas alternativas desenvolvidas para solucionar os problemas 
públicos. 
Colaboração
Trabalhar em conjunto para analisar os problemas, desenvolver soluções 
e incorporar as diferentes perspectivas, tanto quanto possível. 
Empoderamento
Envolver a sociedade no processo decisório e em todo o ciclo de políticas 
e serviços públicos, que inclui: identificação do problema, formulação de 
alternativas, priorização, tomada de decisão, implementação e avaliação.
A Recomendação da OCDE para Governo Aberto, por sua vez, traz uma versão 
simplificada desse espectro e reconhece três diferentes níveis de participação:
Informação
Relação de mão única, em que o governo produz e oferta informações 
para os atores interessados, seja de forma ativa ou passiva.
Consulta
Interação bilateral em que os atores interessados oferecem opiniões, 
sugestões e visões para o governo e vice-versa. É baseada em uma 
definição prévia do problema a ser abordado e requer que sejam ofertadas 
informações para a participação e retorno aos interessados, a respeito 
dos resultados do processo.
Engajamento
É quando os atores interessados têm a oportunidade de colaborar, ao 
longo de todo o ciclo das políticas públicas e/ou dos serviços (ou seja, 
da identificação do problema, formulação de alternativas, priorização, 
tomada de decisão, implementação e avaliação). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23
Quanto mais aprofundado o nível de participação, ou seja, quanto maior o 
engajamento, maior a possibilidade de se colherem os benefícios propostos 
pela cultura de governo aberto. Um governo que apenas informa não terá os 
mesmos resultados de um governo que engaja. 
A participação pode ser estabelecida por diferentes modelos de interação, por 
exemplo:
Consultas públicas
Forma de receber opiniões e sugestões da sociedade, acerca de um tema 
pré-estabelecido. Geralmente, essas consultas são feitas de forma virtual. 
Também, estas podem funcionar como enquetes e ajudar a tomar decisões 
(o município de Canoas-RS, por exemplo, já consultou contribuintes acerca 
de obras em que gostariam de ver seus impostos aplicados).
Audiências
Estabelecem diálogo entre atores interessados e gestores ou autoridades 
para discutirem o desenho, a implementação ou o acompanhamento de 
políticas e serviços. São obrigatórias para a construção do orçamento. 
Com as novas tecnologias, essa modalidade, tipicamente presencial, pode 
ser adaptada para a forma remota ou mista. 
Conselhos
Grupos de organizações ou atores do governo e da sociedade especialistas 
em um determinado assunto, nomeados por um período, com a finalidade 
de contribuírem no desenho, na implementação ou no acompanhamento 
de uma política ou grupos de políticas relacionadas ao tema. Algumas 
políticas exigem a criação de conselhos para tarefas específicas. 
Outros órgãos colegiados
Órgãos colegiados oferecem grande oportunidade de construção 
de relações saudáveis entre governo e sociedade e permitem o 
desenvolvimento de iniciativas de longo prazo, especialmente, quando 
são constituídos de forma inclusiva, representativas e paritária. Há vários 
formatos de órgão colegiados, como grupos de trabalho, comitês e outros, 
mas o ponto-chave é a definição do seu papel, que pode ser: consultivo, 
deliberativo ou híbrido (assessora em alguns assuntos e decide acerca de 
outros). 
Conferências
Encontros que têm por finalidade ouvir um grande número de partes 
interessadas, muitas vezes distribuídas geograficamente, para a 
construção de cenários, diretrizes, recomendações, estratégias ou outros 
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
documentos. Geralmente, os encontros têm caráter mais estratégico e 
acontecem em intervalos mais longos de tempo. Com as novas tecnologias, 
também é possível fazê-los de forma virtual ou mista. 
Oficinas e espaços de cocriação
Encontros de organizações e atores do governo e sociedade que têm 
por objetivo desenvolver soluções de médio prazo para problemas 
identificados conjuntamente. Geralmente, é organizada com especialistas, 
que se envolvem no desenho, implementação e acompanhamento das 
propostas estabelecidas. Alternativamente, podem ser organizadas 
reuniões técnicas entre governo e especialistas para discutir problemas 
e alternativas. 
Canais de comunicação
Redes sociais e canais de ouvidoria fornecem grande volume de dados 
acerca das demandas da sociedade e podem ser fortalecidos como canais 
diretos de diálogo e como provedores de indicadores a respeito das suas 
necessidades. É importante destacar que grande parte das redes sociais 
fornecem dados para análise. 
Fomentoao reuso de dados
Governos podem incentivar a participação social por meio do reuso 
de dados para promover diversas inovações, inclusive a criação de 
soluções para melhorar a vida dos cidadãos. Por meio de concursos para 
o desenvolvimento de aplicativos (hackathons), de análises de dados 
(datathons) e outros formatos, é possível envolver a sociedade de forma 
concreta.
Estratégias e ações de participação social dependem, necessariamente, da 
existência de espaço cívico. Sem este, a representatividade da sociedade é 
comprometida, as perspectivas colocadas nos processos são limitadas e o 
processo como todo fica tendencioso.
Espaço Cívico é definido como o conjunto de condições legal, 
institucional, de práticas e de políticas necessárias para que 
atores não governamentais acessem dados e informações, 
expressem-se, associem-se, organizem-se e participem da 
vida pública (OCDE).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25
Participação na legislação brasileira
Constituição Federal
A participação da sociedade aparece em diversos momentos na Constituição Federal, 
às vezes, de forma geral; em outras, de forma específica para uma política, como 
mostram os exemplos, a seguir.
 Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a 
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores 
rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de 
transportes.
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o 
bem-estar e a justiça sociais.
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de planejamento das políticas 
sociais, assegurada, na forma da lei, a participação da sociedade nos processos de 
formulação, de monitoramento, de controle e de avaliação dessas políticas.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos:
[...]
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos 
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada 
e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: 
[...]
III - participação da comunidade. 
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas 
com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de 
outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes:
[...]
26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
II – participação da população, por meio de organizações representativas, na 
formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, 
de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção 
conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas 
entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o 
desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos 
culturais.
§ 1° O Sistema Nacional de Cultura fundamenta-se na política nacional de cultura 
e nas suas diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional de Cultura, e rege-se pelos 
seguintes princípios: 
[...]
X – democratização dos processos decisórios com participação e controle social; 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida 
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho.
Lei 13.460 de 2017
 
Essa Lei dispõe sobre “participação, proteção e defesa dos direitos do usuário dos 
serviços públicos da administração pública” e determina que é direito de todo usuário 
participar, acompanhar e avaliar os serviços públicos. Para tanto, cria obrigações de 
informações a serem prestadas aos usuários, garante o direito de manifestação para 
a administração pública e estabelece o dever de criação de conselhos de usuários 
para os serviços.
Legislações específicas
 
Os diferentes campos de políticas públicas têm normas. A educação tem legislação 
que estabelece a criação do Conselho Nacional de Educação e dos conselhos 
locais; lei específica detalha a participação social no SUS; outra norma determina 
o funcionamento do Conselho Nacional de Meio Ambiente; e o Conselho de 
Transparência e Combate à Corrupção, também, tem normativo próprio. Agentes 
públicos de cada área devem buscar conhecer as obrigações de transparência 
apropriadas.
Na Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo, está previsto o “incentivo à 
participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de 
elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos” 
(Art. 48, parágrafo único, I).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27
Legislação e espaço cívico
Vale lembrar a importância do espaço cívico para o funcionamento da participação. 
A própria constituição traz diversas garantias nesse sentido: direito de expressão, 
de associação, de não receber tratamento discriminatório ou de não haver censura. 
Além dessa, outras normas reforçam o tema, inclusive, a recepção de tratados 
internacionais sobre direitos humanos.
Limites para a participação
Embora, em regra, seja desejável a participação das partes interessadas, de forma 
abrangente, na maioria das discussões, com o maior nível de engajamento possível; 
nem sempre isso é possível ou é o melhor caminho.
A participação em grande escala requer maior planejamento e pode gerar custos. 
Como exploraremos mais adiante, a tecnologia pode contribuir para ampliar a 
participação e vencer barreiras geográficas. Por outro lado, contar apenas com 
tecnologias pode deixar sem voz aqueles que não tem acesso a ela. É preciso 
considerar as partes mais interessadas nos temas das reformas e criar oportunidades 
para que elas participem. Alguns grupos podem demandar atenção especial ou 
maior proatividade do governo, como: idosos e pessoas com deficiência, povos 
isolados e outros.
Além disso, algumas discussões podem requerer um nível de especialização dos 
atores. Aceitação de uma nova medicação no mercado, por exemplo, deve ser feita 
por profissionais com a capacidade técnica para fazer a avaliação.
Unidade 3 - Integridade pública
Entender o princípio da integralidade pública em governo aberto.
Considerações iniciais
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) considera a 
integridade pública, expressamente, como princípio de governo aberto, enquanto a 
Parceria para Governo Aberto (OGP) traz o tema junto com o pilar de accountability, 
que veremos a seguir. 
28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Integridade pública, segundo a Organização, “refere-se ao alinhamento 
consistente e à adesão de valores, princípios e normas éticas comuns para 
sustentar e priorizar o interesse público sobre os interesses privados no setor 
público”. 
É comum que, ao se pensar em governo aberto, pensemos, primeiramente, na 
participação social e na transparência, seus fundamentos mais visíveis e próximos 
da sociedade. Sem integridade, porém, não é possível falar em governo aberto. Isso 
porque a cultura de governança proposta de um governo aberto precisa de agentes 
públicos que coloquem os interesses públicos à frente dos interesses privados. 
Apenas com essa mentalidade, podemos confiar em processos de participação, em 
que as vozes serão, igualitariamente, ouvidas e que a informação será apresentada 
sem recortes.
Inversamente, práticas contrárias àintegridade minam as bases de um governo 
aberto. Autoridades que representam objetivos privados incorrem, por definição, 
em conflitos de interesses e fortalecem mais a alguns atores que outros nos 
processos de participação. Por sua vez, a corrupção, como pontua a OCDE, “perpetua 
a desigualdade e a pobreza, impactando o bem-estar e a distribuição da renda e 
prejudicando oportunidades para participar igualmente na vida social, econômica 
e política”.
Vale relembrar que um dos benefícios mais desejados na 
implementação de uma estratégia de governo aberto é a maior 
confiança das pessoas no Estado e nos governos. Esta, porém, é 
minada por: escândalos de fraudes, desvios, nepotismo, subornos e 
outras práticas contrárias à integridade pública.
Da mesma forma que o governo aberto se baseia na integridade, ele também a 
fortalece. Medidas de transparência podem ser usadas para inibir comportamentos 
que antes eram feitos “às escuras”:
• responsabilizar os agentes públicos diminui a sensação de impunidade e 
contribui para reduzir o risco de corrupção;
• incentivar a participação da sociedade na fiscalização de gastos, por 
exemplo, também contribui para fortalecer a integridade.
Uma política forte de integridade depende do envolvimento da sociedade 
em seus diversos setores. A integridade pública é ferida, justamente, 
quando as relações governo-sociedade são comprometidas por interesses 
privados dos agentes públicos. Mas um servidor subornado implica em 
um privado que o suborna; uma autoridade que mistura o poder do 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29
cargo com uma promessa de benefício futuro, pode entrar em conflito 
por proposta de uma empresa. Assim, toda a sociedade pode e deve ser 
envolvida no fortalecimento da integridade pública.
Por outro lado, uma estratégia forte de integridade ajuda a combater 
diversos problemas, como: fraudes, corrupção, suborno, nepotismo, 
conflito de interesses, conluio, desvios de recursos, facilitação, 
favorecimentos, abusos de poder — e contribuem, portanto, para alcançar 
benefícios como governos mais eficientes e confiáveis.
Para saber mais sobre o assunto, recomenda-se a leitura: 
Integridade pública: uma estratégia contra a corrupção (OCDE)
OCDE. Integridade pública: uma estratégia contra a corrupção 
(OCDE). 2017. Disponível em: https://www.oecd.org/. 
Integridade na legislação brasileira
Constituição Federal
Embora a palavra “integridade” não apareça com esse sentido na Carta 
Magna, há clara preocupação da norma maior em assegurá-la. O Artigo 
37 determina princípios para a administração, entre eles: legalidade, 
impessoalidade e moralidade. Em boa parte, os três princípios representam 
a fundação de um comportamento íntegro, por parte do servidor público. 
A Constituição estabelece, ainda, uma série de medidas, como o 
estabelecimento das atividades e órgãos e controle; estabilidade para 
servidores; necessidade de licitação para compras e contratações.  
Lei 8112
O regime jurídico do servidor público estabelece, entre outras coisas, as 
condutas que não são permitidas ao servidor público (Art. 117), tais como:
• manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, 
cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
• valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em 
detrimento da dignidade da função pública;
• atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições 
públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários 
ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou 
companheiro;
https://www.oecd.org/
30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
• receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer 
espécie, em razão de suas atribuições;
• praticar usura sob qualquer de suas formas;
• utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou 
atividades particulares;
• exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o 
exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
• participar de gerência ou administração de sociedade privada, 
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na 
qualidade de acionista, cotista ou comanditário (salvo se houver 
participação da União).
Lei Anticorrupção (Lei 12.846)
Essa norma trata da responsabilização de pessoas jurídicas em atos ilícitos 
contra a administração pública. Antes dela, as empresas envolvidas em 
fraudes e corrupção podiam atribuir a culpa a um indivíduo para reduzir 
as chances de sanções. 
Por outro lado, a norma incentiva mecanismos para que as empresas 
promovam a integridade e estimulem seus funcionários a inibirem e a 
denunciarem as tentativas de tais atos. É, também, a norma que estabelece 
a possibilidade de acordos de leniência, para empresas que “colaborem 
efetivamente com as investigações e o processo administrativo”.
Lei 12.813
Essa norma dispõe sobre o conflito de interesses, mas é exclusiva para 
o Poder Executivo Federal. Caracteriza esse conflito como “a situação 
gerada pelo confronto entre interesses públicos e privados, que possa 
comprometer o interesse coletivo ou influenciar, de maneira imprópria, o 
desempenho da função pública”.
Código Penal
Traz penas específicas para crimes cometidos por funcionários públicos 
(Título IX, Capítulo I), tais como: corrupção, facilitação, peculato, facilitação etc.
Leis de Licitações (Lei 14.133)
Traz condutas vedadas aos envolvidos nesses processos.
Lei de Improbidade Adminstrativa
Caracteriza a improbidade e prevê punições.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31
Limites para a integridade 
Uma das limitações para as medidas de integridade está na abrangência das normas 
que tratam do assunto. A lei que trata de conflito de interesses é limitada ao governo 
federal, enquanto a lei anticorrupção exige regulamentação local. Nepotismo é, em 
regra, tratado por normas restritas à União. Assim, há uma oportunidade de adotar 
medidas em nível local que resolvam essa questão.
Unidade 4 - Accountability: prestação de contas e 
responsabilização
Entender o princípio de accountability em governo aberto.
Considerações iniciais
Por tratar de prestação de contas e responsabilização das organizações e dos agentes 
públicos, o conceito de accountability tem grande intersecção com os demais pilares 
de uma cultura de governo aberto. 
Prestação de contas, em grande parte, confunde-se com transparência, ao passo 
que responsabilização é, frequentemente, associada à integridade. Na própria OGP, 
a preocupação com a integridade pública, muitas vezes, é inserida no princípio de 
accountability.
Na doutrina, a accountability é, frequentemente, caracterizado de duas formas: 
Horizontal
Que trata da prestação de contas e fiscalização entre os órgãos de governo.
Vertical
Que trata da cobrança da sociedade junto ao Estado e à prestação de 
contas deste para aquela. 
No contexto de governo aberto, portanto, a forma vertical será trabalhada 
associada à participação e à transparência, enquanto a horizontal pode ser 
trabalhada com medidas de integridade.
32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Para o governo aberto, porém, esse princípio vai além. Não se deve entender 
prestação de contas apenas no sentido contábil ou no sentido de dar transparência, 
assim como a responsabilização não se limita a responsabilizar servidores públicos 
quando cometem um erro ou um ilícito. 
Podemos entender por accountability que o Estado é responsável por dar respostas 
às demandas da sociedade, uma vez que esta além de eleger os representantes 
do governo, também, custeia o funcionamento da máquina pública. Medidas de 
accountability, portanto, estão ainda mais associadas à participação da sociedade do 
que à transparência e à integridade. 
É dever do Estado manter um canal pelo qual ele se responsabiliza em conhecer as 
demandas e dar respostas — mesmo quando esta indica que nada poderá ser feito 
naquele momento (por restrição orçamentária, legal,ou outra). 
Sem responsividade, por parte dos governos, não haverá benefícios de governo 
aberto, à longo prazo. Se a sociedade recebe informações com transparência e 
responde participando de formas diversas — como sugestões, propostas, denúncias 
—, mas ela não tem resposta, o processo (e o governo) perde credibilidade e os 
atores deixam de participar. Todo processo participativo, mesmo o consultivo, 
precisa de uma resposta, mesmo que negativa.
E você prefeito(a), consegue mensurar sua 
capacidade de respostas à população?
Responsividade é a capacidade de responder rápida e adequadamente 
ao que é demandado, de acordo com as circunstâncias.
Isso passa por uma mudança cultural típica de governo aberto, que é fácil de 
entender, mas de difícil implementação: atribuir responsabilidade aos servidores 
públicos de dar respostas à sociedade; atribuir aos órgãos a responsabilidade de 
dialogar com a sociedade. 
Não nos referimos apenas a cumprir prazos legais da LAI ou das manifestações de 
ouvidoria, mas de assimilar que a cada órgão cabe a necessidade de prestar contas 
acerca do que fez e do que não fez; das decisões que tomou ou não tomou. 
Apenas com essa postura, um governo se torna aberto, e sai de uma posição de 
processos formais para uma mudança de paradigma que coloca a sociedade como 
protagonista dos rumos das políticas.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33
Accountability na legislação brasileira
Constituição Federal
Logo em seu primeiro artigo, parágrafo único, o texto constitucional 
esclarece que o governo serve ao povo como seu representante, com a 
célebre frase “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. 
De forma mais concreta, a Carta Magna prevê também, em seu artigo 
5°, “o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou 
contra ilegalidade ou abuso de poder”, também a necessidade de que os 
governos prestem contas..
Lei 13.460 de 2017
A chamada Lei dos Usuários de Serviços Públicos garante, ao cidadão, o 
direito de se manifestar por meio de: sugestões, reclamações, denúncias, 
elogios e outras formas; e, exige, da administração, o prazo de 30 dias 
para dar resposta a tais manifestações. Também obriga os órgãos e as 
entidades a fazerem avaliações dos serviços, pelo menos anualmente, 
medirem a satisfação dos usuários, a qualidade do serviço e o cumprimento 
dos compromissos.
34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
 Módulo
Implementando medidas de 
governo aberto3
Unidade 1 - Planejamento da implementação
Entender o planejamento da implementação de medidas de governo aberto.
Considerações iniciais
Implementar uma agenda de governo aberto é mudar uma cultura. Assim, é algo 
que exige um conjunto de medidas e um longo prazo de implementação. O tema 
ganhou força na década passada, devido aos Planos Nacionais de Ação da OGP (que 
exploraremos em breve), mas estes também não são suficientes para uma mudança 
cultural.
Alcançar essa transformação exige um conjunto de elementos que inclui:
Estratégia 
Visão de onde se quer chegar, objetivos claros, metas alcançáveis, formas 
de acompanhamento.
Planos de ação
O braço mais operacional da agenda de governo aberto prevê ações 
factíveis e relevantes, dentro de um horizonte de até quatro anos, com 
objetivos claros e específicos, para a conclusão de cada iniciativa, e 
definição de responsáveis e metas.
Vamos ver mais sobre cada um desses elementos?
Estratégia
A estratégia deve incluir as diretrizes que assegurarão que as organizações 
envolvidas terão: compromisso, tempo e recursos necessários para avançar a 
agenda. Traz, também, as diretrizes que garantam uma participação inclusiva e 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35
ativa da sociedade, assim como os direitos que precisam ser assegurados para a 
consecução dos objetivos.
A estratégia traz, ainda, o desenho do sistema que abrange os mecanismos 
e processos que serão utilizados para a implementação da agenda; os atores 
responsáveis por fazê-la funcionar; a coordenação entre eles; e o processo decisório 
que utilizarão. 
A estratégia define padrões e nomenclaturas que serão usadas por todos e coloca 
o grupo na mesma direção.
Por fim, a estratégia deve considerar a necessidade de desenvolver as bases 
necessárias para o avanço da agenda, como: capacitação dos atores, criação de 
ferramentas, melhoria do arcabouço legal e outras.
Estratégia
Se a estratégia tem caráter transversal de ampliar a cultura de governo aberto no 
governo, o Plano de Ação é o espaço para desenvolver medidas mais específicas 
relativas a temas diversos, como: saúde, educação, cultura, segurança pública, 
transporte urbano. 
É a oportunidade de envolver mais setores e mais estruturas de governo na agenda.
Unidade 2 - Iniciativas de governo aberto no Brasil
Conhecer iniciativas de governo aberto no Brasil.
Apresentação das Medidas
O tema governo aberto é bastante amplo e complexo. Assim, apresentaremos a 
seguir, algumas medidas em funcionamento no Brasil, que podem ajudar governos 
e órgãos a entenderem o assunto, de forma mais concreta, e a implementarem 
medidas que avancem a agenda.
36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Escala Brasil Transparente (EBT)
A EBT é uma pesquisa que mede a transparência pública em estados e municípios 
brasileiros, avalia o cumprimento dos dispositivos da Lei de Acesso à Informação e 
outras obrigações de transparência ativa e passiva. Tendo por base a metodologia 
da pesquisa ou os resultados (no caso dos governos avaliados), é possível conhecer 
se, nesse processo, foram identificadas deficiências que podem ser trabalhadas 
pelos governos locais.
O Guia de Orientações a Entes Federados dá detalhes a respeito da avaliação e 
indicações acerca de medidas para aprimorar os resultados. Veja mais informações 
no Mapa Brasil Transparente.
Portal da Transparência
A Lei Complementar 131/2009 modifica a Lei de Responsabilidade Fiscal para exigir 
que todos os atores governamentais publiquem, na internet, receitas e despesas 
de forma detalhada. Tal esforço se iniciou na Controladoria-Geral da União 
(CGU), ainda em 2004, por meio do Portal da Transparência do Governo Federal. 
A ferramenta reúne as informações a respeito de gastos e de receitas públicas, e 
apresenta o detalhamento formal da realização orçamento, além de diferentes 
meios empregados: gastos diretos, transferências, cartões corporativos.
O Portal surgiu da necessidade maior participação cidadã no controle dos gastos, 
uma vez que a União mobiliza recursos para os 5.570 municípios para a execução 
de dezenas de políticas públicas diferentes. Sem a fiscalização da sociedade — 
chamada controle social — seria impossível saber como todos os recursos estão 
sendo empregados. Nesse sentido, o Portal passou por uma grande reformulação, 
em 2018, com novas ferramentas para facilitar o envolvimento da sociedade, 
como: tabelas interativas, visualização gráfica das informações, sistema de 
notificações, compartilhamento de conteúdo em redes sociais e oferta de dados 
em formato aberto.
O Portal é um exemplo clássico dos benefícios de iniciativas de governo aberto. A 
plataforma, reconhecida internacionalmente, já ajuda a reduzir gastos com cartão 
corporativo, melhorar políticas públicas, revelar fraudes e outras contribuições. Nesse 
sentido, é importante destacar que a CGU, responsável pela ferramenta, também 
promove ações para incentivar o controle social, capacita cidadãos, organizações 
da sociedade civil, jornalistas e outros atores interessados em contribuir com a 
transparência da administração pública.
Veja mais informações em: www.transparencia.gov.br. 
http://www.transparencia.gov.br
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37
Plano Nacional de Governo Aberto
Planos de governo aberto são instrumentos importantes na implementação 
desta agenda. O Governo Federal já concluiuquatro planos de ação e tem mais 
um em execução. Os Planos do Governo Federal têm os elementos destacados, 
anteriormente, mas chama a atenção para as linhas gerais da metodologia de 
desenvolvimento dos últimos planos:
1. Comitê Interministerial de Governo Aberto (CIGA) convoca eleições de 
pares para constituir um grupo de trabalho da sociedade civil (GT-OGP) 
para a construção coletiva do Plano..
2. É aberta consulta pública para colher opiniões acerca dos temas que 
devem constar no plano.
3. CIGA e GT-OGP agregam as sugestões por tema e lançam nova consulta 
para escolher os assuntos prioritários.
4. CGU convida os órgãos relacionados aos temas prioritários para compor 
a mesa.
5. CGU, GT-OGP e órgãos definem as partes interessadas (no governo e na 
sociedade) que discutirão os respectivos temas e os convida.
6. É feita, entre as partes interessadas, a primeira rodada de oficinas para 
discutir o cenário atual e desejado acerca do tema priorizado e definir os 
desafios principais a serem superados naquele tema.
7. Após um intervalo (3-4 semanas) para articulações com outros atores 
e desenvolvimento de ideias, é feita a segunda rodada de oficinas, com 
o objetivo de elaborar as ações que ajudarão a superar os desafios 
priorizados.
8. CIGA aprova a versão final do Plano.
O Comitê Interministerial de Governo Aberto é responsável pela 
estratégia de governo aberto e pela criação dos planos, é formado 
por 13 órgãos, com coordenação da Controladoria-Geral da União.
38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Fala.br
A plataforma Fala.br foi desenvolvida como instrumento 
para facilitar a comunicação entre governo e sociedade. 
Ela permite solicitar informações, por meio da LAI ou 
fazer manifestações, como: sugestões, reclamações, 
denúncias, elogios e solicitações. O instrumento facilita 
a gestão desse diálogo, e fornece, à CGU e à sociedade, 
dados que permitem acompanhar o cumprimento 
das leis, por parte do governo; e a responsividade dos 
órgãos às demandas da sociedade. 
O instrumento permite o acompanhamento da demanda do solicitante e que 
sejam interpostos recursos, o que facilita para o cidadão realizar um trâmite que, 
normalmente, seria burocrático na administração pública.O Fala.br é oferecido 
como serviço gratuito para estados e municípios que queiram implementar, com 
rapidez e facilidade, a LAI e a Lei de Usuários dos Serviços Públicos. 
Política e Portal de Dados Abertos
Como parte do primeiro Plano Nacional de Governo Aberto, o Governo Federal 
lançou, em 2012, o Portal Brasileiro de Dados Abertos — um catálogo em que órgãos 
e entidades diversas podem classificar suas bases de dados de acesso público, o 
que facilita para os interessados encontrá-los. A iniciativa, atualmente adotada 
por diversos países e recomendada pela OCDE, chegou a mais de 10,5 mil dados 
catalogados, nas mais diversas áreas.
Para chegar a esse número, o Governo Federal exige, desde 2016, que os órgãos 
e entidades façam planos de abertura de dados, de forma a contribuírem com os 
objetivos da Política de Dados Abertos (Decreto 8.777):
• promover a publicação de dados contidos em bases de dados de órgãos 
e entidades da administração pública federal direta, autárquica e 
fundacional, sob a forma de dados abertos;
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39
• aprimorar a cultura de transparência pública;
• franquear, aos cidadãos, o acesso, de forma aberta, aos dados produzidos 
ou acumulados pelo Poder Executivo federal, sobre os quais não recaia 
vedação expressa de acesso;
• facilitar o intercâmbio de dados entre órgãos e entidades da administração 
pública federal e as diferentes esferas da federação;
• fomentar o controle social e o desenvolvimento de novas tecnologias 
destinadas à construção de ambiente de gestão pública participativa e 
democrática e à melhor oferta de serviços públicos para o cidadão;
• fomentar a pesquisa científica de base empírica sobre a gestão pública;
• promover o desenvolvimento tecnológico e a inovação nos setores público 
e privado e fomentar novos negócios;
• promover o compartilhamento de recursos de tecnologia da informação, 
de maneira a evitar a duplicidade de ações e o desperdício de recursos na 
disseminação de dados e informações;
• promover a oferta de serviços públicos digitais de forma integrada.
A Política de Dados Abertos é dirigida pela Infraestrutura Nacional de Dados Abertos, 
cujo Comitê Gestor conta com a participação de órgãos e da sociedade civil. O 
Portal Brasileiro de Dados Abertos também está aberto para estados e municípios 
catalogarem seus dados — sem prejuízo de criarem seus próprios catálogos, se 
entenderem necessário.
GOVERNO ABERTO E DADOS ABERTOS
Frequentemente, os temas governo aberto e dados abertos 
são objeto de confusão por implementadores de políticas 
públicas. Como vimos, governo aberto é uma cultura de 
governança que implica e transparência, participação, 
integridade e accountability para fortalecer a democracia e 
gerar crescimento inclusivo. Nessa cultura, estão inseridos os 
dados abertos.
Mas o que são os dados abertos? Segundo a Fundação 
Open Knowledge, “São dados que podem ser livremente 
usados, reutilizados e redistribuídos por qualquer pessoa 
40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
— sujeitos, no máximo, à exigência de atribuição da fonte e 
compartilhamento pelas mesmas regras.” Os dados abertos 
governamentais são, portanto, bases de dados públicos, 
cujo acesso é concedido proativamente para ser reutilizado 
pela sociedade, sem barreiras legais (licenças de uso) ou 
econômicas (necessidade de comprar software para usar os 
dados), inclusive pela leitura de máquinas (isto é, permite que 
robôs, inteligências artificiais, aplicativos e outras soluções 
acessem diretamente o dado).
Mas por que abrir dados? Além de fomentar a transparência, 
os dados abertos são insumos para que a sociedade os utilize 
para gerar valor de diversas formas, por exemplo:
 
• construir aplicativos que facilitam o acesso a 
informações e serviços públicos; 
• produzir pesquisas científicas ou análises de mercado; 
servir de insumo para a geração de inovações e até 
novos negócios;
• otimizar o controle social e a análise de políticas 
públicas;
• promover a interoperabilidade entre sistemas de 
diferentes governos.
 Os dados abertos podem estar disponíveis de diversas formas, 
como arquivos de texto CSV, aplicações para interface entre 
máquinas (APIs) ou padrões geoespaciais para uso em mapas. 
Mas além da forma, é preciso cuidar para que o dado seja:
• indexado e acessível, sem discriminação, isto é, pode 
ser encontrado na web e está disponível para todos, 
sem senhas ou cadastros; 
• legível e processável por máquina, isto é, os dados 
poderão ser acessados, diretamente, por programas 
com essa finalidade;
• em formato não proprietário: aqueles que podem ser 
abertos em diferentes programas, sem a necessidade 
de aquisição de um software;
• de licença livre de direitos autorais, patentes ou outras 
barreiras para o reuso;
• gerido pelo publicador, para que esteja atualizado e 
documentados quanto à sua estrutura, versionamento, 
nomenclaturas etc.;
• completo e primário, na medida do possível, que 
permita trabalhar o dado da forma mais desagregada.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41
Vale relembrar que a LAI não distingue dados de outras 
informações e prevê o direito de recebê-los em formato 
aberto. Assim, qualquer base dados públicos (ou seja, não 
protegido por outras leis) é passível de solicitação pela Lei de 
Acesso à Informação.
Participa Mais Brasil
O Governo Federal criou uma plataforma de participação social que reúne 
oportunidades para a sociedade, em um único local, o que facilita o acompanhamento 
de consultas, audiências e outras por cidadãos e organizações. A Participa Mais 
Brasil, evolução da antiga plataforma Participa.Br, pode ser usada por diferentes 
órgãos para que publiquem seusprocessos para todos os cidadãos.
Unidade 3 - Implementando medidas de governo aberto
Entender o processo de implementação de medidas de governo aberto.
Considerações iniciais
São numerosas as iniciativas de governo aberto que podem ser implementadas 
em âmbito local, desde obrigações legais, até medidas mais sofisticadas, 
baseadas em inovação e tecnologia. 
Um bom ponto de partida é estabelecer uma estratégia de governo aberto, que 
comprometa as autoridades no avanço do tema, forme servidores públicos mais 
abertos para o diálogo e estabeleça uma visão para essa agenda no estado ou 
município. A estratégia é uma oportunidade de organizar:
• os responsáveis pela agenda na gestão e em cada órgão;
• os recursos que serão alocados para o avanço do tema; 
• os processos e práticas que devem ser estabelecidos nos órgãos;
• o compromisso com a criação de planos de ação; 
• os mecanismos que serão utilizados para a coordenação entre órgãos 
42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
e para a interação com a sociedade — tais como: conselhos, consultas, 
audiências etc.;
• as iniciativas estruturantes para colocar em prática a nova cultura — 
inclusive quanto à formação dos atores; 
• os marcos normativos que precisam ser criados ou atualizados; 
• os resultados esperados desse trabalho.
A Controladoria-Geral da União criou o programa Time Brasil para ajudar estados 
e municípios no processo de avançar nas reformas de governo aberto. A primeira 
etapa do programa é a realização de um autodiagnóstico acerca de princípios de 
governo aberto: 
• transparência.
• integridade.
• participação.
Cabe lembrar que accountability está diluída entre os três, no questionário.
Essa etapa pode ser feita sem compromisso, ou seja, mesmo os entes federativos 
que não desejam participar do programa podem, anonimamente, autoavaliar quanto 
ao seu nível de maturidade nos temas. O instrumento pode ser um significativo 
ponto de partida, o planejamento de uma estratégia com iniciativas que darão 
sustentabilidade à agenda. 
A Matriz do programa Time Brasil revela três níveis de maturidade para cada um dos 
temas, e indica medidas que podem ser adotadas para fortalecer o governo, em cada 
um dos pilares de governo aberto. Municípios e estados que desejarem, podem, 
ainda, transformar essas medidas em um plano de ação, apresentá-lo à CGU, com 
um compromisso político de implementação e receber apoio no seu planejamento, 
implementação e acompanhamento.
Exemplos de medidas — transparência 
Quais medidas de transparência você conhece?
Regulamentação da LAI.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43
Implementação de ferramenta digital para a solicitação de acesso a 
informações públicas, produzidas ou tuteladas pelo governo (Fala.br).
Implementação de mecanismos de monitoramento da LAI.
Criação ou melhoria de um portal de transparência.
Divulgação de informações de alta demanda da sociedade, em 
transparência ativa.
Estabelecer uma política de dados abertos.
Catalogar dados no Portal Brasileiro de Dados Abertos ou portal próprio.
Portal de transparência: nome dado, geralmente, às ferramentas 
que publicam os dados exigidos na Lei Complementar 131, ou seja, 
o detalhamento das despesas e receitas do governo. Idealmente, 
devem trazer, também, informações acerca de: orçamento, licitações, 
contratos, servidores públicos (incluindo salários) e outras relativas 
aos gastos públicos.
Exemplos de medidas — integridade 
Quais medidas de integridade você conhece?
Implementar funções de controladoria.
Criar e disseminar código de ética para os servidores.
Regulamentar a proibição do conflito de interesses e nepotismo.
Fazer levantamento de riscos de integridade.
Implementar plano de gestão de riscos.
Criar/divulgar manuais de procedimentos administrativos.
Estabelecer unidade para apurar irregularidades cometidas por agentes 
públicos.
Estabelecer unidade para apurar responsabilidade de pessoas jurídicas, 
pela prática de atos contra a administração pública.
44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Capacitar servidores nos processos administrativos.
Implementar programa de integridade.
Estabelecer iniciativas para o envolvimento e formação das partes 
relevantes (stakeholders) para a promoção da integridade.
Programa de integridade é "um programa de integridade é o conjunto 
de medidas e ações institucionais voltadas para a prevenção, 
detecção, punição e remediação de fraudes e atos de corrupção. Em 
outras palavras, é uma estrutura de incentivos organizacionais — 
positivos e negativos — que visa orientar e guiar o comportamento 
dos agentes públicos de forma a alinhá-los ao interesse público”.
Exemplos de medidas — participação social 
E quais medidas de participação social você conhece?
Estabelecer o funcionamento pleno e correto dos Conselhos previstos 
em lei (Conselho de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, 
Conselho de Assistência Social, Conselho de Saúde, Conselho do Idoso, 
Conselho da Criança e do Adolescente e Conselho de Habitação).
Ter uma política para realização de audiências e consultas públicas.
Estabelecer um ou mais canais de comunicação com cidadãos, com 
compromisso de respostas tempestivas (ex.: Fala.Br, redes sociais).
Regulamentação da Lei de Usuários de Serviços Públicos.
Implementação e monitoramento da Lei de Usuários de Serviços Públicos.
Capacitação da sociedade civil.
Divulgação dos direitos de participação e informação.
Estabelecer uma política de comunicação com os cidadãos.
Criar um Plano de ações de governo aberto, com envolvimento de órgãos 
e sociedade.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45
Criação de conselhos ou outros organismos de diálogo, além dos previstos 
em lei.
Formar servidores no bom atendimento ao cidadão.
Educar crianças e jovens para um comportamento mais ético e cidadão.
Adotar medidas para monitorar o espaço cívico local..
Apoio à implementação
Implementar uma agenda de governo aberto é desafio complexo, mas não significa 
que você não possa fazê-lo, pois existem várias formas de apoio à sua implementação. 
Como mencionado, a Controladoria-Geral da União apoia o planejamento e a 
implementação de medidas de governo aberto, por meio do programa Time Brasil. 
Ela também oferece serviços digitais, como: a plataforma de ouvidoria e acesso à 
informação Fala.Br; redes de troca de experiência, em diversas áreas; e dezenas de 
recursos como: cursos EaD, cartilhas e manuais, webinars e mais.
A Parceria para Governo Aberto (OGP) recebe estados e municípios na sua rede, desde 
2016. As cidades de São Paulo e Osasco e o estado de Santa Catarina já aderiram à 
rede. Ao fazer parte da OGP, os atores têm acesso a uma vasta rede internacional 
de implementadores, que os apoiam de diferentes maneiras. Informações estão 
disponíveis no site da organização. A colaboração entre pares está na natureza do 
governo aberto, com governos nacionais e internacionais que trocam experiências 
dentro e fora da OGP e do Time Brasil.
A promoção de governos mais abertos está entre os objetivos de diversas instituições 
financeiras internacionais, que promovem eventos, oferecem cursos e, em alguns 
casos, têm até linhas de financiamento.
Por fim, é importante destacar a dedicação de várias organizações da sociedade civil 
na promoção da agenda. Muitas delas também oferecem cursos, aconselhamentos, 
suporte na implementação de medidas e outros recursos.
Mitos acerca da implementação de governo aberto
Às vezes, a agenda de governo aberto ficara paralisada por preocupações relativas à 
sua implementação. Muitas delas, porém, não condizem com a realidade. A seguir, 
alguns contrapontos a mitos que inibem reformas de governo aberto:
46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Mito 1
Não temos dinheiro para implementar as medidas
Muitas medidas de governo aberto podem ser implementadas com baixo 
ou nenhum custo, por meio de ferramentas disponíveis, gratuitamente,

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