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Cartografia Conceitos e Mapas

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CARTOGRAFIA
Larissa Figueiredo Daves 
Conceitos de 
cartografia e mapa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identificar tipos de comunicação cartográfica.
  Sintetizar a história da cartografia e sua importância.
  Descrever as teorias e os postulados da cartografia.
Introdução
A cartografia representa o conhecimento a partir das informações en-
contradas no mapa. Por meio da comunicação cartográfica, técnicas e 
instrumentos são utilizados com o objetivo de mostrar a realidade de 
maneira clara e exata. Assim, a cartografia é entendida como comunicação 
e análise, enquanto o mapa é uma abstração da realidade.
A comunicação é um fenômeno essencial ao debate no plano 
do conhecimento humano desde os primórdios da humanidade. 
A comunicação cartográfica é um assunto presente em discussões 
sobre cartografia e geografia, principalmente, no que diz respeito às 
representações utilizadas em estudos geográficos e postulados da 
cartografia.
Neste capítulo, você estudará o desenvolvimento da comunicação 
cartográfica e as características elementares de um mapa a partir da 
cartografia. Além disso, aprenderá sobre a história da cartografia como 
ciência, sua relação com a geografia e seus postulados.
Comunicação cartográfica e sua essência 
para a leitura de mapas
A comunicação é uma forma de reproduzir informações a partir de linguagens, 
símbolos e representações. Já a comunicação cartográfi ca é feita por mapas, 
e sua relevância encontra-se na representação de dados cartográfi cos. Desse 
modo, ela antecede o mapa, utilizando cartas para determinar o conteúdo de 
novas informações. A cartografi a como comunicação concentra-se mais na 
carta existente: como foi feita e como pode ser lida e interpretada. Essa não é 
a única forma de comunicação, mas uma forma especializada que dá ênfase 
ao visual.
A cartografia como ciência vem do conhecimento de como comunicar, com 
quais instrumentos e técnicas, para que a realidade representada fique bem 
mais exata. É o conhecimento de quais símbolos colocar no mapa e quais itens 
omitir. É o conhecimento da projeção usada no mapa e de como os mapas 
são produzidos. Também, a ciência na cartografia permite o uso de técnicas 
avançadas que proporcionam a produção de mapas através de computadores, 
de imagens de satélites ou fotografias aéreas (ANDERSON, c1982, p. 13).
Nesse sentido, o mapa é uma abstração científica da realidade. Essa afir-
mação nos permite entender que o: 
[...] mapa antecipava a realidade espacial, e não vice-versa. Em outros termos, 
um mapa era um modelo para o que (e não um modelo do que) se pretendia 
representar. [...] Ele havia se tornado um instrumento real para concretizar 
projeções sobre a superfície terrestre (WINICHAKUL apud ANDERSON, 
2008, p. 239–240 apud FONSECA; OLIVA, 2012, p. 30).
Assim, podemos definir o mapa como um instrumento de representação 
dos aspetos geográficos naturais ou artificiais da Terra destinado a fins cul-
turais, políticos, ilustrativos ou científicos. Trata-se de uma representação 
gráfica, na maioria das vezes, de uma superfície plana com escala específica, 
que demonstra os terrenos acidentados física ou culturalmente da superfície 
terrestre, podendo ser também de algum planeta ou satélite. Suas posições 
devem apresentar precisão em conjunto com um sistema de coordenadas. 
O mapa também deve denominar parte ou toda a superfície da esfera celeste 
(OLIVEIRA, 1993). 
Conceitos de cartografia e mapa2
Para Lacoste (1988), a geografia e o mapa sempre foram confundidos, ou 
seja, fazer geografia era o mesmo que fazer mapas. Esse pensamento prevaleceu 
até o final do século XIX, antes de a geografia constituir-se como ciência. 
Christian Jacob (1992) relata que é de extrema relevância a desconstrução dos 
mapas antigos e das representações imagéticas (paisagens), pois não descon-
sideram as concepções espaciais explícitas (ou implícitas) nas representações 
do espaço (mapas e paisagens). Fonseca e Oliva (2012, p. 28), ao explanarem 
sobre espaço e tempo, falam sobre “[...] ‘virtudes e características’ universais 
da ‘categoria’ espaço, quando o são na verdade parte de uma percepção (uma 
construção) histórica e limitada de um espaço não generalizável”. Assim, po-
demos observar a relevância dos mapas na análise histórica, cultural e política.
No que diz respeito à utilização dos mapas para auxílio na análise do 
espaço geográfico, Jacques Lévy e Michel Lussalt (2003, p. 13, tradução 
nossa) abordam que:
O mapa é um bom exemplo de objeto híbrido: ele é uma representação do 
espaço fixo na matéria e constitui em si mesmo um espaço próprio, suporte 
de usos específicos. Este se situa na microescala, mas na interespacialidade, 
via mapa e linguagens com outros níveis escalares, pode nutrir outras práti-
cas de espaço e vários imaginários. Este exemplo, tomado dentre os objetos 
espaciais que os geógrafos mais utilizaram e naturalizaram, mostra bem toda 
a complexidade do menor fenômeno que implica uma relação com o espaço.
O mapa pode ou não ter caráter científico, além de relatar a respeito da 
comunicação cartográfica três atributos imprescindíveis:
  escala;
  projeção;
  simbolização.
Nesse sentido, as vantagens e limitações derivam do grau pelo qual os 
mapas: 
1. reduzem e generalizam a realidade; 
2. comprimem ou expandem formas e distâncias por projeção; 
3. apresentam fenômenos selecionados por meio de sinais que, sem possuir 
semelhanças com a realidade, comunicam as características visíveis ou 
invisíveis da paisagem. 
3Conceitos de cartografia e mapa
Assim, a linguagem cartográfica utiliza-se da representação de quatro 
elementos fundamentais: os três primeiros elementos têm como referência o 
fundo do mapa, ou seja, a base de informações contextuais julgadas úteis para 
esclarecer uma situação. O quarto elemento refere-se às informações projetadas 
sobre o fundo. Os elementos que compõem o mapa estão elencados no Quadro 1.
Elementos indispensáveis 
do mapa Função e posição
Escala Contexto, redução da área (fundo do mapa)
Projeção Controle de deformações (fundo do mapa)
Métrica Contexto, definição de áreas (fundo do mapa)
Simbólico Informações projetadas no fundo do mapa
Quadro 1. Linguagem cartográfica
Kolacny (1967, apud GIRARDI, 2009) apresenta o processo de transmissão 
de informações por meio de mapas, permanecendo até os dias atuais como 
o modelo analítico por meio da comunicação cartográfica. A comunicação 
cartográfica ainda representa o foco da cartografia, principalmente, a partir 
do momento em que, pelo processo de visualização, chegou-se a um resultado 
a ser publicitado.
Na Figura 1, podemos observar o modelo de transmissão da informação 
cartográfica. Esse modelo identifica o início e o fim do processo — a 
realidade, ou seja, a intersecção das esferas chamadas de realidade do 
cartógrafo e realidade do usuário do mapa. Desse modo, o mapa relaciona-
-se diretamente com a dimensão do cruzamento dessas esferas a fim de 
mostrar a máxima intersecção, configurando o desejo do cartógrafo. Toda-
via, as dimensões que afetam tanto o cartógrafo como o usuário do mapa 
devem ser levadas em consideração, pois, quanto mais o cartógrafo puder 
conhecer sobre o perfil, as condições e as necessidades do usuário do 
mapa, maiores serão as possibilidades do uso da linguagem cartográfica 
adequada para esse usuário. 
Conceitos de cartografia e mapa4
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).
5Conceitos de cartografia e mapa
Nesse sentido, o modelo proposto por Kolácny, ao expor as condições do 
usuário como componente do processo comunicativo, almejou uma série de 
investigações a respeito de como a informação é recebida pelo usuário do 
mapa, uma vez que o acesso à informação mapeada aumenta o uso de mapas 
como fonte de conhecimento por parte do usuário (GIRARDI, 2009).
Segundo Nogueira (2009), para a cartografiatemática, os temas a serem 
mapeados são muitos variados. Diante disso, a construção de cada mapa temá-
tico é sempre um novo desafio, que visa à confecção de um mapa eficiente para 
o leitor. A informação expressa pelo mapa temático deve cumprir sua função, 
ou seja, dizer o que, onde e como ocorre determinado fenômeno geográfico 
a partir de símbolos gráficos para facilitar a compreensão do usuário final 
sobre diferenças ou semelhanças.
As pesquisas em comunicação cartográfica passaram por muitas fases. 
No início dos anos de 1950, a cartografia apresentou métodos de pesquisa 
da psicofísica para examinar as relações entre estímulo-resposta e símbolos 
individuais. Ao final dos anos 1960 e início dos anos 1970, os pesquisadores 
produziram teorias sobre comunicação cartográfica tentando formalizar o 
processo cartográfico, porém tiveram dificuldades para interpretar os resul-
tados das experimentações cognitivas com mapas, principalmente, por causa 
do surgimento dos computadores.
Peterson (1994) e Wood e Keller (1996) relatam que, durante o início dos 
anos de 1980, os microcomputadores desviaram o interesse pela experimenta-
ção cognitiva para o entendimento da nova tecnologia e de como desenvolvê-la 
para automatizar as operações cartográficas e implementar algoritmos com essa 
finalidade. Nesse período, iniciava-se o processo de adaptação às inovações 
tecnológicas com novas ferramentas que deveriam ser integradas às recentes 
formas de comunicação cartográfica.
Nos anos de 1990, ressurgiu o interesse pela cognição na cartografia, en-
tretanto, os computadores pessoais tornaram-se equipamentos que produziam 
mapas em papel e eram um novo meio de comunicação. Diante disso, essa 
flexibilidade exercida com o uso dos computadores — para dados matriciais, 
vetoriais e textos que podem ser acessados e combinados — conduzia à ex-
ploração de novas alternativas de representação cartográfica sem custos, algo 
inédito para a época. Nesse sentido, ocorreu o retorno à cognição, envolvendo 
a dinâmica de display associada à visualização (PETERSON, 1994 apud 
NOGUEIRA, 2009; WOOD; KELLER, 1996). Nesse período, a computação 
gráfica proporcionou, a partir da dinâmica de display, a seguinte novidade para 
a cartografia: flexibilidade na visualização de mapas, pois a visualização co-
meçou a assumir um papel preponderante ao lado da comunicação cartográfica.
Conceitos de cartografia e mapa6
Cognição cartográfica é um processo único na medida em que desenvolve o uso 
do cérebro humano para reconhecer padrões e relações em seu contexto espacial 
(TAYLOR, 1994).
História da cartografia
Os estudos da cartografi a tiveram início em épocas remotas, quando grupos 
humanos começaram a representar seu modo de vida, principalmente, em 
relação à localização e ao seu uso no cotidiano. Assim, a evolução da carto-
grafi a é muito relevante até os dias atuais por sua importância no decorrer da 
evolução das civilizações.
Os primeiros estágios sob a forma de mapas itinerários foram feitos por 
populações nômades no período da Antiguidade. Após esse período, na Grécia 
Antiga, o conhecimento geográfico e cartográfico esteve idealizado na obra 
Geografia do astrónomo, geógrafo e cartógrafo grego Cláudio Ptolomeu de 
Alexandria (90–168 d.C.). Em sua obra, ele apresenta os princípios da carto-
grafia matemática, das projeções e dos métodos de observação astronômica. 
A contribuição da Grécia Antiga para a ciência cartográfica foi ignorada 
durante toda a Idade Média, retomada apenas no século XV, quando teve 
grande influência sobre o pensamento geográfico da época, em um período 
denominado Renascimento de Ptolomeu (ANDERSON, c1982).
De acordo com Anderson (c1982), a evolução da cartografia foi institucionali-
zada pelas guerras, pelas descobertas científicas, pelo desenvolvimento das artes 
e ciências e pelos movimentos históricos, que possibilitaram maior precisão na 
representação gráfica da superfície da Terra. Na Grécia Antiga, Hiparco (160–120 
a.C.) mostrou os primeiros fundamentos da ciência cartográfica utilizando 
métodos astronômicos para a determinação de posições na superfície da Terra. 
Além disso, sugeriu a solução para o problema relativo ao desenvolvimento da 
superfície da Terra sobre um plano idealizando a projeção cônica. Nessa época, 
os gregos obtiveram as concepções da esfericidade da Terra, polos, equador e 
trópicos, que configuraram as primeiras medidas geométricas, a idealização do 
primeiro sistema de projeção e a introdução das noções de longitude e latitude. 
No século XII, o geógrafo árabe Abdullah Al Idrisi introduziu a agulha 
magnética com base no campo matemático teórico para atender às exigências 
náuticas motivadas pelo desenvolvimento da navegação, dando início ao aspecto 
7Conceitos de cartografia e mapa
funcional da cartografia nesse período. No início do século XIV, as cartas 
Portulanas obtiveram o ressurgimento e a expansão da obra de Ptolomeu, 
principalmente, pelos navegadores de Gênova. Essas cartas não obedeceram 
nenhum critério de projeção, pois eram reservadas aos navegantes que possuíam 
o traçado das loxodromias (rumos) e o delineamento das costas dos países 
mediterrâneos (MARTINELLI, 2003; ANDERSON, c1982).
A revolução da cartografia teve início no século XV, e o advento da agulha 
magnética permitiu a exploração dos mares, além de intensificar o comércio 
para Leste, auge dos descobrimentos portugueses. A obra de Ptolomeu foi 
explanada novamente na cartografia, sofrendo modificações e adaptações de 
acordo com o interesse dessa época pela navegação. Com o conhecimento da 
gravação ou impressão, foi possível uma produção cartográfica abundante, 
substituindo os manuscritos dispendiosos. Assim, a navegação foi estudada 
a partir de métodos racionais na Escola de Sagres, e o espírito aventureiro 
português a serviço dessa Escola descobriu o mundo.
No século XVI, a vasta produção cartográfica teve destaque com os tra-
balhos dos cartógrafos portugueses, espanhóis e italianos, como Fernão Vaz 
Dourado, Toscaneli, Cantino e Pedro Nunes. Na Figura 2, podemos observar o 
mapa-múndi do ano de 1500, confeccionado por Juan de La Cosa, o navegador 
de Cristóvão Colombo, além da representação cartográfica da navegação e 
sua característica rústica (ANDERSON, c1982).
Figura 2. O mapa-múndi de Juan de La Cosa, utilizado por Cristóvão Co-
lombo em 1500.
Fonte: CRISTÓVÃO... ([2019], documento on-line).
Conceitos de cartografia e mapa8
Anos depois, ainda no século XVI, teve o surgimento da cartografia ho-
landesa com a representação de Mercator e Ortelius, sucedendo a cartografia 
mediterrânea. Em 1569, surgiu o primeiro mapa do Mercator, nome latino 
de Guerhard Kramer, cuja projeção mostra os meridianos em linhas retas e 
paralelas formando ângulos retos com os paralelos, também representados 
por linhas retas e paralelas (Figura 3). Assim, para manter a conformidade 
das áreas, a separação entre duas paralelas aumenta em direção a cada polo 
ou em proporção direta com o afastamento dos paralelos em relação à linha 
do Equador (ANDERSON, c1982).
O século XVIII foi marcado pela instituição de academias científicas, dando 
início à ciência cartográfica moderna. A escola francesa Grandes apresentou 
inovações como, por exemplo, a proposta do astrônomo francês Cesar-François 
Cassini de Thury (1714–1784), que produziu a primeira série sistemática de 
mapas topográficos para a França (MARTINELLI, 2003).
Figura 3. Primeiro mapa do Mercator, confeccionado por Mercator e Ortelius em 1569.
Fonte: Le Point.fr (2015, documento on-line).
Durante o Imperialismo, ao final do século XIX, ocorreu um grande im-
pulso nos mapeamentos devido aos novos conhecimentos. Nesse período, cada 
potência necessitava de um inventário cartográfico com vistas às investidas nas 
áreas de dominação para sua exploração espoliativa. Ao final do século XVIII 
e início do século XIX, emergiu a cartografia temática, além do surgimento 
e sistematização de diferentes ramos de estudos operadoscom a divisão do 
trabalho científico (MARTINELLI, 2003).
9Conceitos de cartografia e mapa
Ao final do século XX e início do atual século, a cartografia tem sido vincu-
lada à área da informática. Existem as novas tecnologias que possibilitam que 
geógrafos e profissionais da área confeccionem mapas atrelados a tecnologias 
da informação (Sistema de Informação Geográfica [SIG], geoprocessamento 
e sensoriamento remoto) com a utilização de softwares com o objetivo de 
representação do espaço geográfico.
Entretanto, é possível observar como a geografia está relacionada com a 
cartografia, segundo Lacoste (1988), o real, o espaço geográfico, é somente 
aquilo que pode ser mapeado, colocado sobre a carta, delimitado, com precisão 
sobre o terreno e definido em termos de escala cartográfica. Além disso, a 
geografia, em suas premissas epistemológicas e análise do processo científico 
ligado a uma história, deve ser entendida, de um lado, em suas relações ideo-
lógicas junto à ciência e, de outro, como prática ou como poder, pelo interesse 
da sociedade, principalmente, ao uso da cartografia.
Leia mais a respeito da cartografia geográfica no artigo “Mapas desejantes: uma 
agenda para a Cartografia Geográfica”, de Gisele Girardi. Acesse o link a seguir para 
ler o trabalho na íntegra.
https://qrgo.page.link/ChS67
Arte da cartografia: teorias e postulados 
da cartografia temática
A abordagem de teorias na cartografi a tem sido desenvolvida, principalmente, 
sobre a cartografi a temática na segunda metade do século XIX. A cartografi a 
teórica moderna, pelo domínio da geografi a, ainda teve atreladas aos seus ob-
jetivos a tecnologia de levantamentos e a topografi a, e essa tendência teve mais 
destaque sobre a técnica e prática da cartografi a topográfi ca do que a teoria. 
A intenção dos geógrafos era produzir mapas voltados a projeções e cores, 
representação de relevo e elaboração de atlas (ARCHELA; ARCHELA, 2002).
A teoria da semiologia gráfica, preconizada pelo geógrafo Jacques Bertin, 
salienta a necessidade da transmissão de mensagens com significado universal 
por parte dos mapas (FONSECA, 2007). Segundo Bertin (1973), a cartografia, 
Conceitos de cartografia e mapa10
assim como a representação gráfica, possibilita a linguagem, constituída pelos 
homens para comunicar observações essenciais à sua sobrevivência, definida 
como linguagem bidimensional atemporal e destinada à vista. Apresenta 
relevância sobre as demais devido à percepção do leitor ao interpretar o mapa. 
Diante disso, o autor formulou o sistema semiológico monossêmico como 
apoio a análise da representação cartográfica.
Haja vista que a teoria da semiologia gráfica contribuiu para a construção 
de mapas ou gráficos para serem vistos e não para serem lidos, com base na 
percepção imediata, a apreensão deve ser nítida e acessível. O nível monos-
sêmico de imagens é construído por um sistema semântico a partir do estudo 
das regras relacionadas aos signos.
Quando se utilizam as primitivas gráficas em uma representação cartográfica, 
pode-se fazer com que os pontos, as linhas ou áreas sejam mais ou menos 
perceptíveis. A maneira de conseguir isto é considerar a alteração da sua 
forma, tamanho, orientação, cor, valor e textura. Denominadas variáveis 
visuais segundo Bertin nos anos 1960 para representação gráfica compondo 
uma linguagem bidimensional e atemporal destinada a visão humana (NO-
GUEIRA, 2009, p. 128).
Bertin (1986) explana duas abordagens a respeito da representação gráfica, 
explanadas a seguir. 
a) Neográfica de tratamento: atenta analisar relações existentes entre dados 
de uma tabela e como agrupá-las para constituir respostas satisfatórias 
às questões que precisam ser formuladas. 
b) Neográfica de comunicação: apresenta preocupação em fixar e transmi-
tir às pessoas o que foi descoberto nos dados, considerando as dimensões 
do plano (seja na folha de papel ou tela de computador), chamando a 
atenção do leitor pela variação visual de manchas. Todavia, a semiologia 
gráfica é utilizada na construção de mapas temáticos (MARTINELLI, 
2003; NOGUEIRA, 2009).
A teoria da informação tem influência na cartografia por meio dos sis-
temas comunicacionais embasados na teoria geral da comunicação. Utiliza 
o método para controlar os ruídos de canal que apresenta com o objetivo de 
transmitir, independentemente de seu conteúdo, um número maior de sinais 
do que o necessário para a recepção da mensagem, o que implica na repetição 
de sinais ou redundância. Devido à comunicação cartográfica, vista como 
produção teórica e metodológica ligada a teoria da informação, nesse caso, a 
11Conceitos de cartografia e mapa
produção de mapas é explanada com base na dimensão sintática. Essa dimensão 
é um fenômeno da comunicação pelo mapa, que compreende como construir 
mensagens que apresentem condições excelentes para, quando veiculadas pelo 
canal, almejem de forma mais eficiente possível o receptor.
Nesse sentido, o mapa é o resultado do processo de comunicação cartográ-
fica, pois permite que o conteúdo da realidade seja observado e processado 
pelo cartógrafo. Além do ato de comunicação, tem que ter significado para 
que o cartógrafo apresente a realidade do fenômeno a ser mapeado para, en-
tão, produzir mapas eficientes, capazes de produzir o efeito que o cartógrafo 
almeja enquanto emissor da informação. O cartógrafo deve ter em mente a 
codificação correta dos fenômenos para que os objetivos da transmissão da 
informação cartográfica sejam alcançados por meio da interseção do reper-
tório do cartógrafo com o repertório do usuário de mapa definido no campo 
comunicacional (GOMES et al., 2013).
 Segundo Archela e Archela (2002), Taylor foi o precursor da teoria da 
modelização, introduzida pela tecnologia SIG, resultado da intensiva utilização 
de métodos matemáticos e estatísticos com diversas variáveis e também da 
evolução tecnológica e da computação com o auxílio de programas gráficos. 
Desde então, é possível acessar bases cartográficas que interagem com bancos 
de dados e produzir documentos cartográficos para a análise espacial. Nos 
dias atuais, com a ampliação do número de usuários dos SIGs, tornou-se 
inevitável a melhor capacitação de profissionais em geografia e cartografia.
A teoria cognitiva utiliza como método cartográfico o envolvimento com 
operações mentais lógicas como comparação, análise, síntese, abstração, gene-
ralização e modelização cartográfica. Essa pesquisa cartográfica apresenta o 
mapa como uma fonte variável de informações, dependendo das características 
do usuário. Ela foi desenvolvida a partir da psicologia, contribuindo para a 
cartografia tanto no processo de mapeamento quanto para o cartógrafo, pois 
gerou a preocupação com as características do usuário, como no processo de 
leitura do mapa. Portanto, o mapa é definido como um instrumento para a 
aquisição de novos conhecimentos sobre a realidade representada. Essa teoria 
teve contribuições a respeito dos mapas mentais e da alfabetização cartográfica 
(ARCHELA; ARCHELA 2002).
Conceitos de cartografia e mapa12
A teoria da visualização cartográfica permitiu para a cartografia uma 
nova concepção de visualização. Sobre a cartografia contemporânea e sua 
visão particular do que seria a visualização cartográfica no início da década 
de 1990, Mcormick et al. comentam que:
A visualização é um método da computação em que a computação gráfica e a 
tecnologia de processamento de imagens são usadas em aplicações científicas 
de análise intensiva de dados, visando transformar o simbólico em geométri-
co, capacitando assim o pesquisador a observar suas simulações e cálculos 
(MCORMICK et al., 1987 apud WOOD; KELLER, 1996).
Assim, a visualização possibilita que o pesquisador produza rapidamente 
um número de imagens com diversas combinações das variáveis de um con-
junto de dados. Essa teoria apresenta, a partir da visualização, o potencial de 
revitalizar a cartografia para além do SIG e da cartografia digital, buscando 
os atlaseletrônicos interativos e os sistemas de multimídia do SIG, entre as 
inúmeras tecnologias. As definições e os conceitos desse tipo de atlas envolvem 
visualização da informação, esquematização, análise comparativa, ordenação, 
animação, modelagem dinâmica, projeção, navegação casual, hipertexto, 
base de dados e capacidade para o processamento de interatividade. Nesse 
sentido, a visualização e os sistemas de mapeamento eletrônico de multimídia 
envolvem três elementos conceituais, tecnologias sofisticadas que estão na 
junção dessas novas tecnologias com a cognição e a comunicação cartográfica 
(ARCHELA; ARCHELA, 2002).
O desenvolvimento da cartografia teórica tem sido o tema atual para os estudos 
geográficos. No artigo “Correntes da cartografia teórica e seus reflexos na pesquisa”, 
Rosely Sampaio Archela e Edison Archela observam as correntes da cartografia teórica 
e seus reflexos na pesquisa brasileira.
13Conceitos de cartografia e mapa
ARCHELA, R. S.; ARCHELA, E. Correntes da cartografia teórica e seus reflexos na pesquisa. 
Geografia, v. 11, n. 2, p. 161–170, 2002.
ANDERSON, P. S. Princípios da cartografia básica. [S. l.: s. n.], c1982. v. 1. Disponível 
em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3344668/mod_resource/content/1/
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pdf. Acesso em: 11 dez. 2019.
BERTIN, J. A neográfica e o tratamento da informação. Curitiba: UFPR, 1986. 
BERTIN, J. Sémiologie graphique. Paris: Mouton, 1973.
CRISTÓVÃO Colombo. In: WIKIPÉDIA, [2019]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/
wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Colombo. Acesso em: 11 dez. 2019.
FONSECA, F. P. O potencial analógico da cartografia. Boletim Paulista de Geografia, São 
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FONSECA, F. P.; OLIVA, J. T. Espaço e cartografia: teoria do espaço e avaliações da car-
tografia e das paisagens pictóricas. Revista Territorium Terram, v. 1, n. 1, p. 24–45, 2012.
GIRARDI, G. Mapas desejantes: uma agenda para a cartografia geográfica. Pro-Posições, 
v. 20, n. 3, p.147–157, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pp/v20n3/v20n3a10.
pdf . Acesso em: 11 dez. 2019. 
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas geográfico escolar: histó-
ria da cartografia: a era dos descobrimentos (séc. XV a XVIII). c2019. Disponível em: 
https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/historia-da-cartografia/a-era-dos-
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JACOB, C. L’empire des cartes: approche théorique de la cartographie à travers l’histoire. 
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LACOSTE, Y. A geografia: isso serve, em primeiro lugar para fazer a guerra. Campinas: 
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Conceitos de cartografia e mapa14
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MARTINELLI, M. Mapas da geografia e cartografia temática. São Paulo: Contexto, 2003.
NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados 
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OLIVEIRA, C. Dicionário cartográfico. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993. 
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Leituras recomendadas
CASTRO, J. F. M. História da cartografia e cartografia sistemática. Belo Horizonte: PUC 
Minas, 2012.
DUARTE, P. A. Fundamentos de cartografia. 3. ed. Florianópolis: UFSC, 2008. 
15Conceitos de cartografia e mapa

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