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Relatório - filme Danton

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História Contemporânea I 
Paulo César 
Francielly Breda Rodrigues 
RA 201242362 
5° sem./2022 – Noturno 
RELATÓRIO FILME 
Danton. Andrzej Wajda (POL/FRA, 1983, 131’) 
 
O filme Danton dirigido e roteirizado por Andrzej Wajda traz um recorte da 
Revolução Francesa, mais precisamente durante o período denominado de Terror em 1793, no 
ano II da República, onde a revolução era ameaçada por uma conspiração aristocrática. Nesse 
recorte o diretor apresenta o duelo entre Robespierre e Danton, no qual traz como elemento 
chave do filme o julgamento de Danton e a guilhotina. 
Segundo o Dicionário Crítico da Revolução Francesa de François Furet e Mona 
Ozouf, o Terror foi uma tentativa de organizar, sistematizar e reprimir adversários através do 
pão e da guilhotina, e que era dever do povo vencer o inimigo considerado poderoso. Na 
busca por manter a revolução, Robespierre mantinha uma ditadura pessoal e sangrenta frente 
a seus inimigos antirrevolucionários, onde a guilhotina era útil para o extermínio de facções 
como a de Danton e seus companheiros. Tudo o que acontecia, os desdobramentos políticos e 
sociais estavam diretamente ligados, por parte de Robespierre, com a salvação da Revolução. 
Enquanto os montanheses partiam de uma aliança com os militares e também se 
apoiavam em ativistas para manter o controle da Revolução, Danton e seus apoiadores 
apostavam no afrouxamento da repressão e das medidas de coerção, e buscavam o apelo da 
população em geral. 
O filme mostra como essas medidas de Robespierre afetaram diretamente na 
superlotação das prisões, e na Primavera de 1794 o Tribunal Revolucionário de Paris passou a 
julgar cada vez mais os crimes contrarrevolução, e as execuções eram tidas como espetáculos 
públicos. 
Furet e Ozouf afirmam que os acontecimentos que marcaram esse período do 
Terror na França durante a revolução nunca deixaram de seguir a ideia original, afinal 
Robespierre tinha uma grande preocupação com a traição por parte dos aristocratas, e usava 
da defesa da revolução e busca pela democracia a justificativa para as práticas ditatoriais do 
período. 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
Faculdade de Ciências e letras – FCL/Assis 
Departamento de História 
O filme apresenta grandes cortes de fatos, e é a partir desses cortes que Robert 
Darnton constrói seu artigo onde ele apresenta as repercussões tanto na França como na 
Polônia após o lançamento do filme em 1983. Vale abordar primeiramente qual o contexto em 
que a Polônia estava inserida nesse lançamento do filme para compreender a crítica e as 
comparações de Darnton em seu artigo. 
A Polônia vinha de uma recessão econômica na década de 1970, onde o governo 
não conseguia lidar com a crise estabelecida no país, em contrapartida os opositores ao 
governo se juntaram em um sindicato em forma de movimento político que incentivava as 
greves, e tinha como líder Lech Walesa. A pressão acarretada pela crise econômica e social 
faz com que o presidente Edward Girek saia a pedido do Partido Comunista e quem assume 
seu posto é o então General e Ministro da Defesa Jaruzelski. Nesse período a Polônia 
incorporava o pacto de Varsóvia e a queda do governo era temida por uma ameaça de invasão 
da extinta União Soviética. Como forma de defesa, Jaruzelski decreta uma Lei Marcial, que 
tem duração de dois anos, na qual a constituição é suspensa, e os inimigos do governo passam 
a ser ameaçados com mandados de prisões, e o exército se torna mais presente nas ruas. As 
reformas na URSS fazem pressão na Polônia, e a mesma busca um governo de conciliação no 
qual o Solidariedade, que antes era um movimento político comandado por Walesa, passa a 
ser um partido político e o mesma ganha a eleição presidencial em 1990. 
O artigo de Darnton vai trazer principalmente a comparação entre Lech Walesa e 
Jaruzelski na Polônia nas décadas de 1970 e 1980, principalmente nos acontecimentos da Lei 
Marcial de 1981 e 1982, e Danton e Robespierre na França em 1793 e 1794, anos do Terror 
da Revolução Francesa durante o ano II da República. E a partir dessas comparações é que ele 
consegue apontar as repercussões nos dois países após o lançamento do filme. 
Para os franceses Danton é colocado no filme como favorito pelo povo enquanto 
Robespierre é atacado e surge a questão de quem era o verdadeiro personagem da Revolução. 
Já na Polônia, o sentimento acarretado pela ditadura dos anos que antecederam o lançamento 
do filme faz com que eles vejam o governo como inimigo. Darnton apresenta que Walesa está 
para Danton assim como Robespierre está para Jaruzelski, e que Wajda traz para o filme, não 
de maneira discreta, essas analogias históricas e paralelas. 
Robespierre na Revolução Francesa é o paladino do povo enquanto Danton pode 
muito bem representar o mundo ocidental e a decadência burguesa, já que o mesmo procurava 
deter o Terror que ele mesmo ajudou a instaurar, pois o mesmo era uma necessidade de tirania 
em serviço e defesa da democracia. 
O filme se afasta dos acontecimentos históricos em alguns momentos e Darnton 
também fala sobre isso em seu artigo. Wajda inicia o filme com uma criança sendo 
pressionada a decorar e declamar a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e 
finaliza o filme, após a ida de Danton para a guilhotina, com essa mesma criança falando essa 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão para Robespierre enquanto o mesmo está 
em sua cama num parecer de delírio aos acontecimentos. Darnton relaciona essas cenas com 
um doutrinamento stalinista, mas acredito que podemos ir, além disso, ele também coloca 
essa cena como representação da inocência. 
Antecedendo a Revolução, o Antigo Regime, assim apontado por Furet e Ozouf, 
não foi capaz de educar seu povo, com isso claramente essa inocência da criança pode ser 
colocada como o povo que seria educado na Revolução Francesa, através da doutrina e da 
repetição, desse Terror instaurado, quando a criança erra ou esquece algum trecho ela é 
castigada imediatamente com uma palmatória ou algo do tipo, nada diferente do povo que se 
levanta contra o governo em um ato antirrevolucionário. É sobre fazer o que é mandado e 
imposto, seguir as linhas da democracia de Robespierre em busca da salvação da revolução. 
Apesar da comparação de Darnton, o “final” dos dois recortes históricos 
colocados paralelamente na crítica ao filme, são diferentes, Danton acaba na guilhotina, 
diferente de Walesa que assume o governo numa eleição presidenciável. O julgamento de 
Danton, assim como de seus companheiros, que contestam o tribunal após atos 
contrarrevolucionários, passa por cima da legislação e também dá o tom de mudança para até 
então ditadura pessoal de Robespierre. 
É interessante a forma como Wajda apresenta seu filme e como é possível traçar 
esses paralelos em contextos tão distantes, mais precisamente 200 anos entre eles. É preciso 
tomar cuidado com os anacronismos nessa comparação de recortes históricos, a Revolução 
Francesa faz parte de um contexto considerado por Eric Hobsbawn a Era das Revoluções do 
século XIX, que buscava uma soberania da população e aumento de direitos humanos, 
enquanto os acontecimentos na Polônia se situam na Era dos Extremos, também apontado por 
Hobsbawn, era na qual é caracterizada por muitas crises, diversas mudanças e transformações 
impactando uma sociedade global. 
Danton teve seu julgamento controlado pelo poder de quem defendia cegamente a 
revolução e estava disposto a tudo por ela. Mesmo com o apoio da população e com 
argumentos para se defender e defender seus próximos, os revolucionários usaram de todas as 
suas armas para silenciá-los e mostrar o poder de quem estava à frente. Havia uma urgência 
em resolver esse julgamento, mas apesar de toda essa busca de controle, Robespierre acaba 
guilhotinado, assim como Danton, marcando o fim do Terror da Revolução Francesa. 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
BLOCH, Marc. Apologia da Historia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2001. 
 DARNTON, Robert. Cinema: Danton e o duplo sentido. In O beijo de Lamourette. p. 
54-68. 
 FURET, François. O Terror. In FURET, François; OZOUF, Mona (orgs.). Dicionário crítico 
da Revolução Francesa. p. 146-159. 
 HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções. Europa, 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e 
Terra, 2007 (1977) 
 HOBSBAWN, Eric J., 1917- Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991 / Eric 
Hobsbawm; tradução Marcos Santarrita; revisão técnica Maria Célia Paoli. — São 
Paulo: Companhia das Letras, 1995. 
 LABEDZ, Leopold. Poland Under Jaruzelski: A Comprehensive Sourcebook on Poland 
During and After Martial Law. New York: Scribner, 1984. 
 WESCHLER, Lawrence. The Passion of Poland, from Solidarity Through the State of 
War. New York: Pantheon Books, 1982

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