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HISTÓRIA DO DIREITO COSTUMEIRO Através dos tempos, o Direito Positivo sempre manteve uma íntima conexão com os fatos sociais, que constituem a sua fonte material. No passado a influência era mais visível, de vez que o costume, além de fonte material, era a forma de expressão do Direito por excelência. Na atualidade: o costume se apresenta com pouca expressividade, com função apenas supletiva a lei. O Direito escrito já absorveu a quase totalidade das normas consuetudinárias. Países anglo-americanos: o Direito costumeiro mantém uma relativa importância, mas que tende a diminuir em face da crescente produção legislativa. Lei natural: na opinião de alguns autores, haveria uma lei natural, imanente ao Direito, que determina que os sistemas jurídicos têm uma tendência a deixar sua forma consuetudinária e se transformar, progressivamente, em direito codificado. Ex: Código de Hamurabi, Lei das 12 Tábuas. Racionalismo filosófico: com a influência do Iluminismo, mudanças aconteceram na forma de manifestação do Direito. O racionalismo e a redação do Código de Napoleão influenciaram os demais países no processo de codificação do Direito. Quando comparado às qualidades que o direito escrito pode oferecer, o direito costumeiro torna-se uma espécie em declínio. COSTUME É uma prática gerada espontaneamente pelas forças sociais, por meio do hábito e da repetição. Diante de uma situação concreta não tipificada por uma norma, as partes envolvidas adotam uma solução embasada na racionalidade e no bem comum, a qual vai servir de modelo para casos semelhantes. DIREITO COSTUMEIRO Conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pelo povo, por meio do uso reiterado e uniforme, tornando-se reconhecido e imposto pelo Estado. Distinção entre lei e costume: na prática, a única diferença entre a lei e o costume consiste no fato de a lei ser sempre escrita e o costume ser oral, pois, uma vez escrito, ele deixa de ser norma costumeira para incorporar-se à categoria de Direito codificado. Lei: o autor é o Poder Legislativo, sua forma é escrita, passa a ser obrigatória no início de sua vigência, sua criação passa por um processo reflexivo e é legítima quando reflete os costumes e os valores daquela sociedade. Costume: o autor é o povo, sua forma é oral, torna-se obrigatória a partir da efetividade, sua criação é espontânea e sua legitimidade é presumida. Apesar de o costume ser a expressão mais legítima e autêntica do Direito, não atende mais aos anseios de segurança jurídica. O Direito codificado favorece mais a certeza do Direito do que as normas costumeiras. É justamente esta circunstância que dá à lei uma superioridade sobre o costume, devido à diversidade de usos e costumes. O costume traduz as aspirações de um povo, mas na maioria das vezes está impregnado de conteúdo moral e religioso. ELEMENTOS DO COSTUME Elemento material: consiste na repetição constante e uniforme de uma prática social. O costume pressupõe a pluralidade de atos ao longo de um período de tempo, de modo que esse ato tenha criado raízes no pensamento social. Elemento psicológico: é o pensamento, a convicção de que a prática social reiterada, constante e uniforme, é necessária e obrigatória. É a certeza de que a norma adotada espontaneamente pela sociedade possui valor jurídico. ESPÉCIES DE COSTUME Costume secundum legem: ocorre quando a prática social corresponde à lei. A lei introduz novos padrões de comportamento à vida social e são acatados efetivamente. O costume se caracterizaria quando a própria lei remete seus destinatários aos costumes, determinando o seu cumprimento. Ex: uso obrigatório do cinto de segurança. Costume praeter legem: é o que se aplica supletivamente, na hipótese de lacuna da lei. Esta espécie é admitida pela generalidade das legislações. Ex: o direito de passagem inocente pelos navios em Estados alheios. Costume contra legem: caracteriza-se pelo fato de a prática social contrariar as normas de Direito escrito. Ex: jogo do bicho. VALOR E PROVA DOS COSTUMES Valor dos costumes: para o Direito Brasileiro, a lei é a principal fonte formal (art. 4º, da LINDB). No julgamento deve-se aplicar as normas legais. Não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais do Direito. Prova dos costumes: o princípio iura novit curia (os juízes conhecem o Direito) não tem aplicação quanto aos costumes. “A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar (art. 376, CPC). Assim, os costumes devem ser provados, por meio de documentos, testemunhas, vistorias, etc. JURISPRUDÊNCIA São os precedentes judiciais, ou seja, a reunião de decisões judiciais, interpretadoras do Direito vigente. Os tribunais desenvolvem a análise do Direito, registrando, na prática, as diferentes hipóteses de incidência das normas jurídicas. Quando um conjunto de casos parecidos são julgados da mesma forma por tribunais diferentes, forma-se uma espécie de padrão, que é a jurisprudência. Ela pode ser: Uniforme: quando a interpretação judicial oferece idêntico sentido e alcance às normas jurídicas. Divergente: quando não há uniformidade na interpretação do Direito pelos julgadores. A jurisprudência não cria o Direito, ela apenas revela o direito existente, limitando-se a interpretar o direito a ser aplicado. Se os juízes criassem o Direito, haveria uma intromissão arbitrária na área de competência do Legislativo. DOUTRINA JURÍDICA A doutrina compõe-se de estudos e teorias, desenvolvidas pelos juristas, com o objetivo de interpretar e sistematizar as normas vigentes. Esse acervo de conhecimentos é resultado da experiência de juristas. Sua função é subsidiar, propiciar embasamento científico ao raciocínio jurídico. Três funções da doutrina: Atividade criadora: o aperfeiçoamento permanente da ordem jurídica decorre do labor dos juristas. É a doutrina que introduz os neologismos, os novos conceitos, teorias e institutos no mundo jurídico. Função prática: ao sistematizar e reunir o conjunto das disposições relativas ao assunto de sua pesquisa, analisando e tecendo comentários, o jurista auxilia outras pessoas na interpretação dos textos jurídicos. Atividade crítica: ao submeter a legislação a juízos de valor, os juristas apontas falhas e deficiências no ordenamento jurídico, o que possibilita sua constante reformulação e aperfeiçoamento. Argumento de autoridade: consiste na citação de opiniões doutrinárias como fundamento de uma tese jurídica. A advocacia é arte de convencer e para isso o profissional do direito deve empregar, além da legislação, os subsídios da doutrina e da jurisprudência.
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