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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES AULA 4 COMUNICADO SOBRE A PANDEMIA COVID-19 Caro aluno, Devido à pandemia que enfrentamos neste momento, estamos passando por tempos desafiadores, juntos e com esforços de cada um, certamente venceremos essas adversidades. Pensando na saúde e bem-estar de todos os nossos alunos, corpo docente e administrativo, e seguindo as determinações dos órgãos municipais, estaduais e dos Ministérios da Saúde e da Educação, as práticas pedagógicas propostas pelo seu curso deverão ser desenvolvidas em casa. Precisamos nos assegurar de que nossos alunos estão em segurança e, por isso, pedimos que você utilize sua criatividade, mas não deixe de realizar suas práticas, pois elas são fundamentais para a sua formação. FLUXO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO A parte de planejamento/organização e RELÁTORIO DAS ATIVIDADES devem ser realizados em sua casa... NÃO HÁ PERDA DA QUALIDADE DO PRODUTO A SER APRESENTADO! PARTE PRÁTICA DE EXECUÇÃO DO PROJETO Vale realizar as atividades propostas em cada projeto com os pais, irmãos, sobrinhos (QUE RESIDAM EM SUA CASA...), vale fazer videoconferência com a amiga que é professora, com o colega que trabalha como secretário, enfim, use sua imaginação, mas não deixe de fazer suas práticas pedagógicas e postar no portal, pois essas atividades compõem sua avaliação. Se você residir sozinho(a), utilize a imaginação, mas execute o plano da atividade que você está propondo para as PRÁTICAS PEDAGÓGICAS. Temos certeza de que essa pandemia se trata de algo que iremos superar e, rapidamente, poderemos normalizar nossas vidas. Um abraço, Equipe da UNIFAVENI Projeto Abertura Olá! Elaborar um projeto exige muito trabalho, persistência e paciência. É um exercício através do qual você vai e volta muitas vezes para poder construir uma boa proposta. Isso ocorre porque o projeto precisa ter uma lógica interna. Ou seja, o objeto de estudo deve dialogar com o problema, que deve dialogar com os objetivos, que devem dialogar com os procedimentos metodológicos e assim por diante. A construção de um projeto requer planejamento. Como a vida é dinâmica e cheia de imprevistos, planejamento exige ser sempre replanejado. Isso quer dizer que algo pode ser modificado aos “45 do segundo tempo” e você deve entender, inclusive recuando quando for necessário. Nesta aula, vamos entender como se compõe um projeto e conhecer suas características e etapas. BONS ESTUDOS! APRESENTAÇÃO CONCEITUAL PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 1 – O QUE É UM PROJETO? Um projeto de pesquisa é um documento onde se articula e se organiza uma proposta de investigação acadêmica. Serve como um roteiro para o trabalho que está por vir e deve responder basicamente a três questões: o que pesquisar; por que pesquisar; e como pesquisar. 2 – TEMA DO PROJETO Toda caminhada precisa do primeiro passo. Para elaborar um projeto de uma atividade ou prática pedagógica, este primeiro passo é dado com a escolha do tema. Trata-se ainda de uma definição genérica do que você pretende estudar. Em nosso caso, o tema central foi detalhado na segunda aula: ESPAÇOS NÃO ESCOLARES. A partir do tema e da atividade que você pretende desenvolver, crie um título para seu projeto. Este deverá ser claro e sucinto e retratar da melhor forma possível o trabalho a ser desenvolvido. 3 – COMO ELABORAR O PROBLEMA? O problema deve ser apresentado em forma de pergunta, de maneira que demonstre sua “inquietação”. É ele quem direciona as ações do que precisa ser feito, pois representa a dificuldade teórica ou prática para a qual tentamos encontrar a solução. Exemplos: 1. Como estruturar uma atividade lúdica para crianças de 5 a 6 anos num ambiente não escolar? 2. Quais atividades podem ser desenvolvidas num ambiente empresarial a fim de proporcionar um treinamento adequado aos funcionários? 3. Como trabalhar com idosos numa casa de repouso de maneira a propiciar um bem-estar a todos? 4 – COMO ELABORAR OS OBJETIVOS? Os objetivos representam a finalidade de um trabalho, ou seja, aquilo que se pretende atingir. São eles que indicam o que realmente se almeja fazer. Os objetivos podem ser divididos em gerais ou específicos. Objetivo Geral: Este é mais amplo, é o que desejamos pesquisar. O trabalho pode ter, no máximo, dois objetivos gerais. Sempre começa com um verbo no infinitivo. Exemplo: Conhecer possibilidades de trabalho pedagógico em ambiente não escolar. Objetivos Específicos: detalham a intenção de estudo, por isso não há um limite estabelecido. Também são iniciados com verbos no infinitivo. Exemplos: • Promover a socialização; • Desenvolver a criatividade; • Favorecer o trabalho coletivo; • Trabalhar a memória dos idosos. 5 –CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE TRABALHO Corresponde à apresentação do espaço não escolar escolhido por você para desenvolver suas práticas. Procure elaborar um “retrato verbal”, incluindo desde a localização aos detalhes desse ambiente. Lembra que na aula falamos em uma reunião com os dirigentes da instituição e uma entrevista para coletar informações sobre todos os detalhes do espaço? Pois bem, descreva estas informações aqui. Exemplo: - Igreja localizada no bairro Vila Fartura, construída na década de 1960, estilo barroco. História: A Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Vila Fartura, foi criada por Dom José Diniz, bispo diocesano, em 02 de março de 1960. Sua instalação ocorreu no dia 18 de março do mesmo ano, na missa dominical das 9h00, presidida pelo bispo diocesano. Nesta mesma missa, Dom José deu a posse ao primeiro pároco, Mons. José Dantas de Sousa. Antes, era capela da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Desta, portanto, foi desmembrada e outra parte menor foi desmembrada da Paróquia São Francisco de Assis. No dia 01 de dezembro de 1963, Dom José Diniz, nesta altura, bispo emérito, presidiu a Eucaristia do Rito de Dedicação e Bênção da Igreja e do Altar da nova Paróquia. A Paróquia nasceu com o mínimo de estrutura física. O Templo sem pintura, sem bancos, sem serviço de som, sem alfaias, sem móveis, sem salão de reuniões, e sem casa paroquial. Com o esforço, dedicação e participação do povo, ao longo desses anos, pouco a pouco, a Paróquia se estruturou e ganhou identidade. No momento, estamos construindo o “Salão Paroquial” com salas para encontros e reuniões pastorais. Há um ano compramos a “casa paroquial” no Jardim Mônaco, relativamente próximo da Igreja Matriz Paroquial. Há outras coisas ainda por fazer. Responsável: Pároco José Reis Número de funcionários: 07 Números de frequentadores: 430 Horário de funcionamento: Casa paroquial: todos os dias das 9:30 as 14:00 Missas: Sextas as 7:00 e as 19:00 Domingo as 11:00 e as 18:00 6 – DEFINIÇÃO DO PÚBLICO-ALVO Procure apresentar as características do grupo de pessoas que participarão de sua atividade. Exemplos: - Crianças de 6 a 11 anos, moradoras da comunidade de Vila Fartura. Todos frequentam a escola regularmente etc.; - Funcionários de 18 a 56 anos, sendo que metade não concluiu os estudos por ter que trabalhar para ajudar a família; - Idosos de 70 a 95 anos, pertencentes à classe média etc. 7 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES Explique o conteúdo da atividade que você elaborou, quais materiais foram utilizados e como as etapas foram planejadas. Se por acaso algo não foi previsto, é o momento de explicar como a atividade aconteceu. Pense no formato de uma “receita de bolo” que poderá ser replicado por outro colega, por exemplo. 8 – JUSTIFICATIVA Trata-se da relevância do trabalho. É hora de “vender seu peixe”. Descreva por que seu trabalho é importante. 9 – RESULTADOS Aqui é o momento de apresentar os resultados que atingiu após a aplicação da atividade, os pontos positivos e, se houver, os pontos que precisariam ser melhorados numa próxima oportunidade. 10 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Aqui é o momento deapresentar a conclusão do trabalho. É importante que haja uma “reflexão” sobre o projeto como um todo. Procure responder a questões como: O que aprendi com este projeto? Como poderia melhorá-lo? Como o projeto contribuiu para sua formação como pedagogo? 11 – REFERÊNCIAS Apresentar todas referências que consultou de acordo com a norma ABNT. Para auxiliar essa apresentação, você pode consultar http://www.abnt.org.br/ . OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: os itens 9, 10 e 11, apenas serão finalizados após a aplicação das atividades e a coleta de dados. Na apresentação do projeto para a instituição escolhida, você deve elaborar os itens de 3 a 8. Referencial Teórico Para aprofundar seu conhecimento acerca dos projetos realizados para as práticas pedagógicas em espaços não escolares, convidamos a conhecer o estudo de caso abaixo: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES Luana Karina Bonatto ,Cibele Fernandes da Costa e Mara Eliane Schirmer RESUMO O presente artigo discute o surgimento da educação não formal, as características das diferentes práticas de educação não formal, informal e formal e o exemplo de prática de educação não formal que acontece no Centro Municipal de Atividades Educacionais Aprender, CEMAE Aprender, de Igrejinha/RS. A partir das experiências vivenciadas neste projeto e tendo como base as reflexões freireanas, pretende-se lançar um novo olhar da sociedade para este espaço que também é de ensino e aprendizagem, diálogo, autonomia e cuidado. BOA LEITURA UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES Luana Karina Bonatto 1,Cibele Fernandes da Costa 2 e Mara Eliane Schirmer³ RESUMO O presente artigo discute o surgimento da educação não formal, as características das diferentes práticas de educação não formal, informal e formal e o exemplo de prática de educação não formal que acontece no Centro Municipal de Atividades Educacionais Aprender, CEMAE Aprender, de Igrejinha/RS. A partir das experiências vivenciadas neste projeto e tendo como base as reflexões freireanas, pretende-se lançar um novo olhar da sociedade para este espaço que também é de ensino e aprendizagem, diálogo, autonomia e cuidado. Palavras-chave: Educação não formal; humanização; diálogo Conceito de Educação Formal e Informal A educação formal está atrelada a obrigatoriedade, ao ensino associado a programas curriculares gerais aprovados e reconhecidos por órgãos competentes. A esta modalidade de educação associamos as escolas, universidades, consideradas instituições tradicionais de ensino. A educação informal é aquela que acontece nos diversos espaços da cidade, está vinculada as relações de vida, com o meio em que estamos inseridos, com as nossas escolhas, com os tipos de livros que lemos e programas de televisão que assistimos. Todo esse contexto gera aprendizagens de vida. Podemos dizer que aprendemos espontaneamente a partir do meio que estamos vivendo. 1 Luana K. Bonatto é graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI e Especialista em Psicopedagogia pelo Centro Universitário da Grande Dourados- UNIGRAN. É Coordenadora dos Centros, Anos Finais e EJA diurna da Secretaria de Educação de Igrejinha. smeluana@gmail.com 2 Cibele Fernandes da Costa é graduada em Pedagogia pela Faculdade de Taquara-FACCAT e Especialista em Educação Especial pela Universidade Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS. É coordenadora dos Anos Finais e EJA da Secretaria de Educação de Igrejinha. smecibele@gmail.com 3 Mara Eliane Schirmer é graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI e Especialista em Gestão, orientação e supervisão escolar pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI. É coordenadora dos Anos Iniciais e CEAAK da Secretaria de Educação de Igrejinha. smemarapedagogico@gmail.com 2 A cultura popular é muito forte dentro da perspectiva de educação informal e também da não formal, pois muitas vezes são aprendizados que passam de geração para geração. A educação informal não é direcionada, organizada e planejada, acontece através das experiências e escolhas dos sujeitos. Surgimento e Conceito da Educação Não Formal Sabemos que a formação permanente faz parte da vida dos sujeitos, se faz necessário desenvolver as diferentes competências e habilidades ao longo da vida, isso pode ser desenvolvido através da aprendizagem em diferentes contextos, formais, não formais e informais, se apresentando mais eficiente em uns do que nos outros. A educação não formal surgiu na década de 50. Em 1967, na conferência sobre a crise mundial da educação, foi oficializada. O principal objetivo desta prática era resolver os problemas da educação formal em uma sociedade que se mostrava cada vez mais desenvolvida e que exigia dos sujeitos nela inseridos diferentes práticas e ações. Em 2000, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, reconheceu a educação não formal como uma prática educativa. No ano de 2004 a Comissão Européia reconheceu que a identificação e validação da aprendizagem não formal e informal tem lugar dentro e fora do ensino e formações formais, no local de trabalho e na sociedade civil. A educação não formal é vista como complementar e não contraditória ou alternativa ao sistema de educação formal e deve, pois, ser desenvolvida em articulação permanente quer com a educação formal, quer com a educação informal. Atualmente encontrar um modelo de educação totalmente “puro” de educação formal e não formal é muito difícil, pois hoje em dia as aprendizagens, os princípios pedagógicos e as metodologias estão cada vez mais próximas umas complementando as outras. Isso é muito positivo, pois mostra que a educação vem avançando nas suas práticas. Apenas não teremos resquícios de educação não formal em uma escola que seja extremamente tradicional na sua prática. A educação não formal é aquela que se aprende no “mundo da vida”, através dos processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços de ações coletivas. O aprendizado gerado nestes espaços está vinculado a intencionalidades e propostas. Segue-se um roteiro e uma proposta pedagógica. 3 “Ninguém lê o mundo isolado”, diz PASSOS ao explicar que, para FREIRE, a leitura de mundo precede a leitura da palavra. Ou seja, são as concepções elaboradas a partir das vivências que possibilitam ampliar o repertório de possibilidades. E o CEMAE propicia momentos para este exercício. O exercício da palavra amplia a leitura de mundo, no momento em que exercita o diálogo com o outro e isto influencia na aprendizagem formal, escolar. Na educação não formal, os espaços educativos localizam-se em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos. A participação dos indivíduos é optativa, mas ela também pode ocorrer por força de certas circunstâncias de vivências históricas de cada um, em seu processo de experiência e socialização. A educação não formal não é herdada, é adquirida. Ela capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. O meio social onde se vive é revestido de significados culturais. Maria da Glória Gohn, coloca que o caminho institucional aos processos educativos em espaços não formais foi aberto em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), quando define a educação como aquele que abrange “processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. (LDBEN, art 1º, 1996 apud Gohn, 2011: 11). Podemos dizer que a educação não formal é um processo de aprendizagem social, que tem como foco o educando, com propostas e atividades fora do sistema formal de ensino. Segundo Paulo Freire: “...a educação é uma forma de intervenção no mundo.” (Pedagogiada Autonomia, pg 96). Façamos a nossa parte, intervindo de forma positiva e significativa na vida dos meninos e meninas. Temos então a educação não formal como um espaço em que a aprendizagem acontece entre todos os envolvidos. Educandos e educadores interagem e ambos ensinam e aprendem através dessas interações. “Há um papel pedagógico e político neste processo: troca de saberes, interlocução, compartilhamento solidário. O educador não poderá se omitir de, também ele, comunicar sua leitura do mundo; tornando claro que não existe uma única leitura possível. Há tantos mundos quanto leituras possíveis dele (polissemia). Leitura alguma, entretanto, é definitiva, terminal. A palavra em mutação nos recria.” (ZITKOSKI, Jaime J.) A aprendizagem é efetivada através do desenvolvimento de habilidades e competências que ocorrem na prática e não somente através do estudo de um currículo previamente organizado como na educação formal. A aprendizagem não formal valoriza o 4 “aprender a ser” e ocorre através de uma visão holística do ser humano, na qual se prioriza a aprendizagem ao longo da vida. Um espaço de Educação não formal: CEMAE APRENDER Centro Municipal de Atividades Educacionais (CEMAE Aprender) está localizado na cidade de Igrejinha, na região metropolitana de Porto Alegre. Atendendo crianças de 6 a 12 anos no turno inverso da escola, funciona nas dependências do Parque de Eventos Almiro Grings, onde no mês de outubro acontece o principal evento da cidade, a Oktoberfest. É mantido com verbas da Prefeitura Municipal e eventualmente conta com algumas parcerias. Sua estrutura recebe atualmente 230 crianças e é composta por equipe diretiva, pedagógica, professores, educadores, funcionários e estagiários, perfazendo um grupo de 24 profissionais. O Projeto atende os alunos no turno inverso, com vistas à educação de turno integral. Investe-se pedagogicamente e socialmente na formação das crianças, através da aprendizagem de valores, de diversas tecnologias e linguagens culturais, buscando proporcionar o acesso a diferentes culturas e a construção da autonomia dos sujeitos envolvidos. A experiência do CEMAE como um espaço de educação não formal traz consigo alguns questionamentos. Qual a importância do Centro para a formação dos indivíduos que ali passam? Como contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, sem se contrapor ao papel da escola? Seria tarefa de um espaço não formal de educação desenvolver esse processo? Qual a contribuição que o Centro pode dar para a construção da autonomia de seus sujeitos aprendentes? Como estimular a autonomia? Qual nossa compreensão sobre a autonomia e a integralidade dos sujeitos? Como avaliar se este caminho está sendo percorrido de forma satisfatória? Como envolver as famílias e a comunidade em todo esse processo? Todos estes questionamentos permeiam as atividades do Centro, que neste ano conta com uma assessoria pedagógica para a construção do seu currículo, pretende-se construir o Referencial Curricular do CEMAE abrangendo os moldes de educação não formal. Um dos principais eixos para essa elaboração é o da escuta, onde as famílias dos nossos alunos estão sendo ouvidas através de uma entrevista sócio-antropológica realizada pelo grupo de professores, a partir daí pretende-se pensar neste currículo. Os questionamentos que se apresentam no dia-a-dia e que ora levantamos são parte do processo, da incompletude de cada um de nós, no sentido que nos brinda Paulo Freire, que buscamos aperfeiçoar o atendimento às crianças acolhidas por nós. Segundo ZITKOSKI, 5 a “vocação para a humanização, segundo a pedagogia freireana, é uma marca da natureza humana que se expressa na própria busca do ser mais, através do qual o ser humano está em permanente procura, aventurando-se curiosamente no conhecimento de si mesmo e do mundo, além de lutar para ir além de suas próprias conquistas”. Mais do que respostas cabais, o que pretendemos com este artigo é suscitar discussões, apontar possíveis pistas de como avançar na construção da autonomia e da integralidade do indivíduo em um espaço de educação não formal que entendemos singular. Apresentar um pouco do que fazemos é uma tentativa de contribuir neste diálogo. Como funciona o projeto O CEMAE atende no turno inverso da escola. Para fazer parte do projeto, a criança deve estar matriculada em qualquer escola da cidade, seja da rede municipal, estadual ou privada. As matrículas no Centro são feitas no início e durante todo o ano letivo. As turmas são agrupadas por faixa etária e nomeadas por cores. No ano de 2015 passou-se a organizar os atendimentos do CEMAE a partir de tutorias. A tutoria no CEMAE é um projeto com ações que buscam promover a educação emocional do indivíduo através do vínculo entre educador e educando, tendo a escuta, diálogo, amorosidade e o respeito mútuo como ferramenta na busca pela humanização. Para que isso ocorra, é necessário que seja estabelecida uma relação de confiança pautada na ética, buscando permanentemente, através do diálogo, desenvolver de forma coletiva orientações que visam além da aprendizagem, a autonomia, a autoestima e a resiliência em situações diversas para que o educando possa crescer em sua integralidade humana. Nesse sentido, concordamos com Moacir Gadotti quando aponta: Enfim, o que se propõe à educação integral é a integralidade, isto é, um princípio pedagógico onde o ensino da língua portuguesa e da matemática não está separado da educação emocional e da formação para a cidadania. Na educação integral, a aprendizagem é vista sob uma perspectiva holística. (GADOTTI, 2013, p. 41-2) Assim sendo, todos os dias a criança tem no início do projeto uma hora de tutoria todos os dias da semana com o mesmo educador, onde realizam o tema de casa da escola e trabalham questões emocionais e de vida. Após o intervalo, a criança frequenta uma oficina escolhida por ela totalizando cinco oficinas na semana. No total são ofertadas 28 oficinas, 6 como: oficinas de artesanato, culinária, ser e conviver, educação ambiental, jogos educativos, robótica, tênis, xadrez, dança, hip-hop entre outras. O processo de escolha da oficina que acontece após a tutoria é riquíssimo, pois possibilita no sujeito o desenvolvimento da autonomia, onde ele identifica qual oficina ele deseja participar. Esse processo de escola acontece duas vezes ao ano, sendo assim semestral. O espaço para que as crianças definam qual oficina aderir é um momento de construção de sua autonomia. Cada um(a) tem a possibilidade de optar por aquilo que mais o(a) identifica. Outro momento importante que faz parte da rotina do Centro é a apresentação para a comunidade. Ao longo do ano, por diversas ocasiões, alunos e alunas são convidados a se apresentar em outros espaços que não os do projeto, tais como escolas, comércio ou praças. Assim, os trabalhos realizados (canto, dança, violão, artesanato, entre outros) são mostrados para a comunidade em geral. Mas não é só fora do projeto que os trabalhos são socializados. Nas assembleias mensais realizadas com a presença de todos e todas do turno há um espaço para a apresentação do que foi realizado naquele mês em determinada oficina. Os educandos ou professores que desejam se inscrevem para apresentar ao grande grupo. Nesses momentos também são votadas questões sobre o funcionamento do Centro, como por exemplo regras para o uso de celulares ou sobre a compra de livros. Essas reuniões gerais são organizadas pela Orientadora Educacional junto com os coordenadores eleitos de cada turma, que são os que dirigem a assembleia, caracterizando “experiências estimuladoras” de uma prática autônoma. Para Freire, Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de repente, aos vinte e cinco anos. A gente vai amadurecendo do ser para si, é processo, é vir a ser. Nãoocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade. (FREIRE, 2011, p. 105) Além do grupo de coordenadores, existem as patrulhas compostas pelos alunos, de adesão voluntária, que ajudam em diversas tarefas e desafios do cotidiano. A Equipe de Apoio ajuda a instalar equipamentos, a Patrulha do Verde a cuidar do parque, a Patrulha Cidadã apresenta e representa o Centro, a Patrulha do Recreio cuida dos brinquedos e a Patrulha do Conte até Dez auxilia na resolução de conflitos. O planejamento das aulas nas oficinas é feito pelos(as) professores(as) e socializadas com o Coordenador Pedagógico, que auxilia na construção da interdisciplinaridade das temáticas, na sugestão de ideias e na formação continuada. Este atendimento acontece mensalmente, além das reuniões pedagógicas ou dos planejamentos coletivos (seis paradas ao 7 longo do ano, não letivas, onde os professores se reúnem para planejar.) que acontecem em dias previamente agendados pelo calendário previsto pela Secretaria de Educação. O Centro é orientado por uma Coordenadora Geral da Secretaria de Educação, que além de acompanhar o cotidiano, intermedia a relação com outros órgãos do município como o Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, o Conselho Tutelar, a Secretaria da Saúde, entre outros. Este acompanhamento é fundamental não apenas do ponto de vista do suporte administrativo e pedagógico mas também em relação a algumas vagas específicas, nominadas “vagas sociais”, por serem encaminhamentos de pessoas em situação extrema de vulnerabilidade física ou social. Em sua estrutura, ainda conta com o apoio de acompanhamento nutricional da Secretaria de Educação, merendeira e auxiliares de serviços gerais. Os estudantes recebem merenda e os materiais para o desenvolvimento das diferentes oficinas, custeado pela mantenedora. Os alunos moradores dos bairros mais distantes recebem transporte escolar gratuito. Considerações finais A promoção da educação nos diferentes espaços é sem dúvida essencial para a construção de um mundo melhor tão sonhado pelas sociedades atuais. Paulo Freire sempre foi defensor dos menos favorecidos, defendendo a oportunidade da educação a todo cidadão. Acreditava em uma educação construtora do conhecimento, este gerado através do debate e do diálogo com respeito. Na dimensão da boniteza, a vida há que ser bonita, não só na vida do indivíduo, mas na realização de um povo. Quando a boniteza está em pauta, a realização de um povo e comunidade está sem dúvida voltada para uma educação de qualidade. Desta forma: Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. (FREIRE, 1979) Uma Educação não formal em ambientes diversos, precisa promover novas formas de aprendizagem, estabelecer uma relação com a comunidade e a cidade em que está inserida, tornando a aprendizagem dos sujeitos de fato significativa. Lança-se assim o desafio de educar-se na, com e para a cidade. http://kdfrases.com/frase/139367 http://kdfrases.com/frase/139367 http://kdfrases.com/frase/139367 8 A educação deve ser um processo de humanização e libertação, somos professores de gente. Precisamos olhar para os sujeitos com possibilidades, precisamos reumanizar o mundo e a sociedade. Devemos aprender a ser gente com mais boniteza. Semear a esperança de uma vida mais bonita e mais alegre. A Educação deve ficar além dos conteúdos, precisa deixar marcas emocionais. São as vivências que marcam. E a educação não formal promove essa possibilidade, no momento em que os indivíduos possuem a oportunidade de interagir uns com os outros, de aprender e ensinar com os seus saberes e experiências de mundo e isso dá significado ao objeto em estudo. Consideramos importante uma articulação entre a educação formal e a não formal, para viabilizar maiores possibilidades de aprendizagens significativas aos educandos, nas quais são promovidos o diálogo, a autonomia e a cidadania entre todos os sujeitos. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. ______ . Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2011. GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil. Instituto Paulo Freire.São Paulo, 2013. GOHN, Maria da Gloria. Educação não formal e o educador social: atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010. STRECK, Danilo R. Euclides Redin, Jaime José Zitkoski (orgs). Dicionário Paulo Freire. 2ed. Rev. amp. 1 reimp. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. XAVIER, Maria Luisa M. de Freitas. Educação Integral nas diretrizes curriculares nacionais e a exigência de um novo ordenamento curricular. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2012. Pesquisa Como fazer um Projeto de Pesquisa https://www.youtube.com/watch?v=3oljb6a0ykY N Página em branco
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