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871-AULA-4-Práticas-Pedagógicas-4

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 
AULA 4
COMUNICADO SOBRE A PANDEMIA COVID-19 
Caro aluno, 
Devido à pandemia que enfrentamos neste momento, estamos passando por 
tempos desafiadores, juntos e com esforços de cada um, certamente 
venceremos essas adversidades. 
Pensando na saúde e bem-estar de todos os nossos alunos, corpo docente e 
administrativo, e seguindo as determinações dos órgãos municipais, estaduais e 
dos Ministérios da Saúde e da Educação, as práticas pedagógicas propostas 
pelo seu curso deverão ser desenvolvidas em casa. 
Precisamos nos assegurar de que nossos alunos estão em segurança e, por 
isso, pedimos que você utilize sua criatividade, mas não deixe de realizar suas 
práticas, pois elas são fundamentais para a sua formação. 
FLUXO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO 
A parte de planejamento/organização e RELÁTORIO DAS ATIVIDADES devem 
ser realizados em sua casa... NÃO HÁ PERDA DA QUALIDADE DO PRODUTO 
A SER APRESENTADO! 
PARTE PRÁTICA DE EXECUÇÃO DO PROJETO 
Vale realizar as atividades propostas em cada projeto com os pais, irmãos, 
sobrinhos (QUE RESIDAM EM SUA CASA...), vale fazer videoconferência com 
a amiga que é professora, com o colega que trabalha como secretário, enfim, 
use sua imaginação, mas não deixe de fazer suas práticas pedagógicas e postar 
no portal, pois essas atividades compõem sua avaliação. 
Se você residir sozinho(a), utilize a imaginação, mas execute o plano da 
atividade que você está propondo para as PRÁTICAS PEDAGÓGICAS. 
Temos certeza de que essa pandemia se trata de algo que iremos superar e, 
rapidamente, poderemos normalizar nossas vidas. 
Um abraço, 
Equipe da UNIFAVENI 
Projeto 
Abertura 
Olá!
Elaborar um projeto exige muito trabalho, persistência e paciência. É um exercício 
através do qual você vai e volta muitas vezes para poder construir uma boa proposta. 
Isso ocorre porque o projeto precisa ter uma lógica interna. Ou seja, o objeto de estudo 
deve dialogar com o problema, que deve dialogar com os objetivos, que devem 
dialogar com os procedimentos metodológicos e assim por diante.
A construção de um projeto requer planejamento. Como a vida é dinâmica e cheia de 
imprevistos, planejamento exige ser sempre replanejado. Isso quer dizer que algo pode ser 
modificado aos “45 do segundo tempo” e você deve entender, inclusive recuando quando 
for necessário.
Nesta aula, vamos entender como se compõe um projeto e conhecer suas características e 
etapas.
BONS ESTUDOS!
APRESENTAÇÃO CONCEITUAL 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES 
1 – O QUE É UM PROJETO? 
Um projeto de pesquisa é um documento onde se articula e se organiza 
uma proposta de investigação acadêmica. Serve como um roteiro para o 
trabalho que está por vir e deve responder basicamente a três questões: o que 
pesquisar; por que pesquisar; e como pesquisar. 
2 – TEMA DO PROJETO 
Toda caminhada precisa do primeiro passo. Para elaborar um projeto de uma 
atividade ou prática pedagógica, este primeiro passo é dado com a escolha do 
tema. Trata-se ainda de uma definição genérica do que você pretende estudar. 
Em nosso caso, o tema central foi detalhado na segunda aula: ESPAÇOS 
NÃO ESCOLARES. A partir do tema e da atividade que você pretende 
desenvolver, crie um título para seu projeto. Este deverá ser claro e sucinto e 
retratar da melhor forma possível o trabalho a ser desenvolvido.
3 – COMO ELABORAR O PROBLEMA?
 
O problema deve ser apresentado em forma de pergunta, de maneira 
que demonstre sua “inquietação”. É ele quem direciona as ações do que 
precisa ser feito, pois representa a dificuldade teórica ou prática para a 
qual tentamos encontrar a solução. 
Exemplos: 
1. Como estruturar uma atividade lúdica para crianças de 5 a 6 anos num 
ambiente não escolar?
2. Quais atividades podem ser desenvolvidas num ambiente empresarial a 
fim de proporcionar um treinamento adequado aos funcionários?
3. Como trabalhar com idosos numa casa de repouso de maneira a propiciar um 
bem-estar a todos?
4 – COMO ELABORAR OS OBJETIVOS? 
Os objetivos representam a finalidade de um trabalho, ou seja, aquilo que se 
pretende atingir. São eles que indicam o que realmente se almeja fazer. 
Os objetivos podem ser divididos em gerais ou específicos. 
Objetivo Geral: Este é mais amplo, é o que desejamos pesquisar. O trabalho 
pode ter, no máximo, dois objetivos gerais. 
Sempre começa com um verbo no infinitivo. 
Exemplo: Conhecer possibilidades de trabalho pedagógico em ambiente não 
escolar. 
Objetivos Específicos: detalham a intenção de estudo, por isso não há um 
limite estabelecido. Também são iniciados com verbos no infinitivo. 
Exemplos: 
• Promover a socialização;
• Desenvolver a criatividade;
• Favorecer o trabalho coletivo;
• Trabalhar a memória dos idosos.
5 –CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DE TRABALHO 
Corresponde à apresentação do espaço não escolar escolhido por você para 
desenvolver suas práticas. Procure elaborar um “retrato verbal”, incluindo desde 
a localização aos detalhes desse ambiente. 
Lembra que na aula falamos em uma reunião com os dirigentes da instituição e 
uma entrevista para coletar informações sobre todos os detalhes do espaço? 
Pois bem, descreva estas informações aqui. 
Exemplo: 
- Igreja localizada no bairro Vila Fartura, construída na década de 1960, estilo 
barroco.
História: A Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Vila Fartura, foi criada por Dom José 
Diniz, bispo diocesano, em 02 de março de 1960. Sua instalação ocorreu no dia 18 
de março do mesmo ano, na missa dominical das 9h00, presidida pelo bispo 
diocesano. Nesta mesma missa, Dom José deu a posse ao primeiro pároco, Mons. 
José Dantas de Sousa. Antes, era capela da Paróquia Nossa Senhora do 
Perpétuo Socorro. Desta, portanto, foi desmembrada e outra parte menor foi 
desmembrada da Paróquia São Francisco de Assis. 
No dia 01 de dezembro de 1963, Dom José Diniz, nesta altura, bispo emérito, 
presidiu a Eucaristia do Rito de Dedicação e Bênção da Igreja e do Altar da nova 
Paróquia. 
A Paróquia nasceu com o mínimo de estrutura física. O Templo sem pintura, sem 
bancos, sem serviço de som, sem alfaias, sem móveis, sem salão de reuniões, e sem 
casa paroquial. 
Com o esforço, dedicação e participação do povo, ao longo desses anos, pouco a 
pouco, a Paróquia se estruturou e ganhou identidade. No momento, estamos 
construindo o “Salão Paroquial” com salas para encontros e reuniões pastorais. Há 
um ano compramos a “casa paroquial” no Jardim Mônaco, relativamente próximo 
da Igreja Matriz Paroquial. Há outras coisas ainda por fazer. 
Responsável: Pároco José Reis 
Número de funcionários: 07 
Números de frequentadores: 430 
Horário de funcionamento: 
Casa paroquial: todos os dias das 9:30 as 14:00 
Missas: Sextas as 7:00 e as 19:00 
Domingo as 11:00 e as 18:00 
6 – DEFINIÇÃO DO PÚBLICO-ALVO 
Procure apresentar as características do grupo de pessoas que participarão de 
sua atividade. 
Exemplos: 
- Crianças de 6 a 11 anos, moradoras da comunidade de Vila Fartura. Todos 
frequentam a escola regularmente etc.;
- Funcionários de 18 a 56 anos, sendo que metade não concluiu os estudos por ter 
que trabalhar para ajudar a família;
- Idosos de 70 a 95 anos, pertencentes à classe média etc.
7 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES 
Explique o conteúdo da atividade que você elaborou, quais materiais foram 
utilizados e como as etapas foram planejadas. 
Se por acaso algo não foi previsto, é o momento de explicar como a atividade 
aconteceu. 
Pense no formato de uma “receita de bolo” que poderá ser replicado por outro 
colega, por exemplo. 
8 – JUSTIFICATIVA 
Trata-se da relevância do trabalho. É hora de “vender seu peixe”. Descreva por 
que seu trabalho é importante. 
9 – RESULTADOS 
Aqui é o momento de apresentar os resultados que atingiu após a aplicação da 
atividade, os pontos positivos e, se houver, os pontos que precisariam ser 
melhorados numa próxima oportunidade. 
10 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Aqui é o momento deapresentar a conclusão do trabalho. 
É importante que haja uma “reflexão” sobre o projeto como um todo. 
Procure responder a questões como: 
O que aprendi com este projeto? 
Como poderia melhorá-lo? 
Como o projeto contribuiu para sua formação como pedagogo? 
11 – REFERÊNCIAS 
Apresentar todas referências que consultou de acordo com a norma ABNT. 
Para auxiliar essa apresentação, você pode consultar http://www.abnt.org.br/ . 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: os itens 9, 10 e 11, apenas serão finalizados 
após a aplicação das atividades e a coleta de dados.
Na apresentação do projeto para a instituição escolhida, você deve elaborar os 
itens de 3 a 8.
Referencial Teórico 
Para aprofundar seu conhecimento acerca dos projetos realizados para as práticas pedagógicas 
em espaços não escolares, convidamos a conhecer o estudo de caso abaixo:
UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES
Luana Karina Bonatto ,Cibele Fernandes da Costa e Mara Eliane Schirmer
RESUMO 
O presente artigo discute o surgimento da educação não formal, as características das 
diferentes práticas de educação não formal, informal e formal e o exemplo de prática de 
educação não formal que acontece no Centro Municipal de Atividades Educacionais 
Aprender, CEMAE Aprender, de Igrejinha/RS. A partir das experiências vivenciadas neste 
projeto e tendo como base as reflexões freireanas, pretende-se lançar um novo olhar da 
sociedade para este espaço que também é de ensino e aprendizagem, diálogo, autonomia e 
cuidado.
BOA LEITURA
UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO 
ESCOLARES 
Luana Karina Bonatto 1,Cibele Fernandes da Costa 2 e Mara Eliane Schirmer³
RESUMO 
O presente artigo discute o surgimento da educação não formal, as características das diferentes práticas 
de educação não formal, informal e formal e o exemplo de prática de educação não formal que acontece no 
Centro Municipal de Atividades Educacionais Aprender, CEMAE Aprender, de Igrejinha/RS. A partir das 
experiências vivenciadas neste projeto e tendo como base as reflexões freireanas, pretende-se lançar um novo 
olhar da sociedade para este espaço que também é de ensino e aprendizagem, diálogo, autonomia e cuidado. 
Palavras-chave: Educação não formal; humanização; diálogo 
Conceito de Educação Formal e Informal 
A educação formal está atrelada a obrigatoriedade, ao ensino associado a programas 
curriculares gerais aprovados e reconhecidos por órgãos competentes. A esta modalidade de 
educação associamos as escolas, universidades, consideradas instituições tradicionais de 
ensino. 
A educação informal é aquela que acontece nos diversos espaços da cidade, está 
vinculada as relações de vida, com o meio em que estamos inseridos, com as nossas escolhas, 
com os tipos de livros que lemos e programas de televisão que assistimos. Todo esse contexto 
gera aprendizagens de vida. Podemos dizer que aprendemos espontaneamente a partir do meio 
que estamos vivendo. 
1 Luana K. Bonatto é graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI e Especialista em 
Psicopedagogia pelo Centro Universitário da Grande Dourados- UNIGRAN. É Coordenadora dos Centros, Anos Finais e EJA 
diurna da Secretaria de Educação de Igrejinha. smeluana@gmail.com 
2 Cibele Fernandes da Costa é graduada em Pedagogia pela Faculdade de Taquara-FACCAT e Especialista em Educação 
Especial pela Universidade Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS. É coordenadora dos Anos Finais e EJA da Secretaria de 
Educação de Igrejinha. smecibele@gmail.com 
3 Mara Eliane Schirmer é graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI e Especialista 
em Gestão, orientação e supervisão escolar pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci- UNIASSELVI. É coordenadora dos 
Anos Iniciais e CEAAK da Secretaria de Educação de Igrejinha. smemarapedagogico@gmail.com 
2 
 
 
 A cultura popular é muito forte dentro da perspectiva de educação informal e também 
da não formal, pois muitas vezes são aprendizados que passam de geração para geração. 
A educação informal não é direcionada, organizada e planejada, acontece através das 
experiências e escolhas dos sujeitos. 
 
 Surgimento e Conceito da Educação Não Formal 
 
Sabemos que a formação permanente faz parte da vida dos sujeitos, se faz necessário 
desenvolver as diferentes competências e habilidades ao longo da vida, isso pode ser 
desenvolvido através da aprendizagem em diferentes contextos, formais, não formais e 
informais, se apresentando mais eficiente em uns do que nos outros. 
A educação não formal surgiu na década de 50. Em 1967, na conferência sobre a crise 
mundial da educação, foi oficializada. O principal objetivo desta prática era resolver os 
problemas da educação formal em uma sociedade que se mostrava cada vez mais 
desenvolvida e que exigia dos sujeitos nela inseridos diferentes práticas e ações. 
Em 2000, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, reconheceu a educação 
não formal como uma prática educativa. 
No ano de 2004 a Comissão Européia reconheceu que a identificação e validação da 
aprendizagem não formal e informal tem lugar dentro e fora do ensino e formações formais, 
no local de trabalho e na sociedade civil. 
A educação não formal é vista como complementar e não contraditória ou alternativa 
ao sistema de educação formal e deve, pois, ser desenvolvida em articulação permanente quer 
com a educação formal, quer com a educação informal. 
Atualmente encontrar um modelo de educação totalmente “puro” de educação formal 
e não formal é muito difícil, pois hoje em dia as aprendizagens, os princípios pedagógicos e as 
metodologias estão cada vez mais próximas umas complementando as outras. Isso é muito 
positivo, pois mostra que a educação vem avançando nas suas práticas. Apenas não teremos 
resquícios de educação não formal em uma escola que seja extremamente tradicional na sua 
prática. 
A educação não formal é aquela que se aprende no “mundo da vida”, através dos 
processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços de ações 
coletivas. O aprendizado gerado nestes espaços está vinculado a intencionalidades e 
propostas. Segue-se um roteiro e uma proposta pedagógica. 
3 
“Ninguém lê o mundo isolado”, diz PASSOS ao explicar que, para FREIRE, a leitura 
de mundo precede a leitura da palavra. Ou seja, são as concepções elaboradas a partir das 
vivências que possibilitam ampliar o repertório de possibilidades. E o CEMAE propicia 
momentos para este exercício. O exercício da palavra amplia a leitura de mundo, no momento 
em que exercita o diálogo com o outro e isto influencia na aprendizagem formal, escolar. 
Na educação não formal, os espaços educativos localizam-se em territórios que 
acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos. A participação dos indivíduos é 
optativa, mas ela também pode ocorrer por força de certas circunstâncias de vivências 
históricas de cada um, em seu processo de experiência e socialização. 
A educação não formal não é herdada, é adquirida. Ela capacita os indivíduos a se 
tornarem cidadãos do mundo, no mundo. O meio social onde se vive é revestido de 
significados culturais. 
Maria da Glória Gohn, coloca que o caminho institucional aos processos educativos 
em espaços não formais foi aberto em 1996 pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN), quando define a educação como aquele que abrange “processos 
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas 
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e 
nas manifestações culturais”. (LDBEN, art 1º, 1996 apud Gohn, 2011: 11). 
Podemos dizer que a educação não formal é um processo de aprendizagem social, que 
tem como foco o educando, com propostas e atividades fora do sistema formal de ensino. 
Segundo Paulo Freire: “...a educação é uma forma de intervenção no mundo.” 
(Pedagogiada Autonomia, pg 96). Façamos a nossa parte, intervindo de forma positiva e 
significativa na vida dos meninos e meninas. 
Temos então a educação não formal como um espaço em que a aprendizagem acontece 
entre todos os envolvidos. Educandos e educadores interagem e ambos ensinam e aprendem 
através dessas interações. 
“Há um papel pedagógico e político neste processo: troca de saberes, interlocução, 
compartilhamento solidário. O educador não poderá se omitir de, também ele, comunicar sua 
leitura do mundo; tornando claro que não existe uma única leitura possível. Há tantos mundos 
quanto leituras possíveis dele (polissemia). Leitura alguma, entretanto, é definitiva, terminal. A 
palavra em mutação nos recria.” (ZITKOSKI, Jaime J.) 
A aprendizagem é efetivada através do desenvolvimento de habilidades e 
competências que ocorrem na prática e não somente através do estudo de um currículo 
previamente organizado como na educação formal. A aprendizagem não formal valoriza o 
4 
 
 
“aprender a ser” e ocorre através de uma visão holística do ser humano, na qual se prioriza a 
aprendizagem ao longo da vida. 
 
Um espaço de Educação não formal: CEMAE APRENDER 
 
Centro Municipal de Atividades Educacionais (CEMAE Aprender) está localizado na 
cidade de Igrejinha, na região metropolitana de Porto Alegre. Atendendo crianças de 6 a 12 
anos no turno inverso da escola, funciona nas dependências do Parque de Eventos Almiro 
Grings, onde no mês de outubro acontece o principal evento da cidade, a Oktoberfest. É 
mantido com verbas da Prefeitura Municipal e eventualmente conta com algumas parcerias. 
Sua estrutura recebe atualmente 230 crianças e é composta por equipe diretiva, pedagógica, 
professores, educadores, funcionários e estagiários, perfazendo um grupo de 24 profissionais. 
O Projeto atende os alunos no turno inverso, com vistas à educação de turno integral. 
Investe-se pedagogicamente e socialmente na formação das crianças, através da aprendizagem 
de valores, de diversas tecnologias e linguagens culturais, buscando proporcionar o acesso a 
diferentes culturas e a construção da autonomia dos sujeitos envolvidos. 
A experiência do CEMAE como um espaço de educação não formal traz consigo 
alguns questionamentos. Qual a importância do Centro para a formação dos indivíduos que ali 
passam? Como contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, sem se contrapor ao papel 
da escola? Seria tarefa de um espaço não formal de educação desenvolver esse processo? 
Qual a contribuição que o Centro pode dar para a construção da autonomia de seus sujeitos 
aprendentes? Como estimular a autonomia? Qual nossa compreensão sobre a autonomia e a 
integralidade dos sujeitos? Como avaliar se este caminho está sendo percorrido de forma 
satisfatória? Como envolver as famílias e a comunidade em todo esse processo? 
Todos estes questionamentos permeiam as atividades do Centro, que neste ano conta 
com uma assessoria pedagógica para a construção do seu currículo, pretende-se construir o 
Referencial Curricular do CEMAE abrangendo os moldes de educação não formal. 
Um dos principais eixos para essa elaboração é o da escuta, onde as famílias dos 
nossos alunos estão sendo ouvidas através de uma entrevista sócio-antropológica realizada 
pelo grupo de professores, a partir daí pretende-se pensar neste currículo. 
Os questionamentos que se apresentam no dia-a-dia e que ora levantamos são parte do 
processo, da incompletude de cada um de nós, no sentido que nos brinda Paulo Freire, que 
buscamos aperfeiçoar o atendimento às crianças acolhidas por nós. Segundo ZITKOSKI, 
5 
a “vocação para a humanização, segundo a pedagogia freireana, é uma marca da natureza 
humana que se expressa na própria busca do ser mais, através do qual o ser humano está em 
permanente procura, aventurando-se curiosamente no conhecimento de si mesmo e do mundo, 
além de lutar para ir além de suas próprias conquistas”. 
 Mais do que respostas cabais, o que pretendemos com este artigo é suscitar 
discussões, apontar possíveis pistas de como avançar na construção da autonomia e da 
integralidade do indivíduo em um espaço de educação não formal que entendemos singular. 
Apresentar um pouco do que fazemos é uma tentativa de contribuir neste diálogo. 
Como funciona o projeto 
O CEMAE atende no turno inverso da escola. Para fazer parte do projeto, a criança 
deve estar matriculada em qualquer escola da cidade, seja da rede municipal, estadual ou 
privada. As matrículas no Centro são feitas no início e durante todo o ano letivo. As turmas 
são agrupadas por faixa etária e nomeadas por cores. 
No ano de 2015 passou-se a organizar os atendimentos do CEMAE a partir de tutorias. 
A tutoria no CEMAE é um projeto com ações que buscam promover a educação 
emocional do indivíduo através do vínculo entre educador e educando, tendo a escuta, 
diálogo, amorosidade e o respeito mútuo como ferramenta na busca pela humanização. 
Para que isso ocorra, é necessário que seja estabelecida uma relação de confiança 
pautada na ética, buscando permanentemente, através do diálogo, desenvolver de forma 
coletiva orientações que visam além da aprendizagem, a autonomia, a autoestima e a 
resiliência em situações diversas para que o educando possa crescer em sua integralidade 
humana. 
Nesse sentido, concordamos com Moacir Gadotti quando aponta: 
Enfim, o que se propõe à educação integral é a integralidade, isto é, um princípio pedagógico 
onde o ensino da língua portuguesa e da matemática não está separado da educação emocional 
e da formação para a cidadania. Na educação integral, a aprendizagem é vista sob uma 
perspectiva holística. (GADOTTI, 2013, p. 41-2) 
Assim sendo, todos os dias a criança tem no início do projeto uma hora de tutoria 
todos os dias da semana com o mesmo educador, onde realizam o tema de casa da escola e 
trabalham questões emocionais e de vida. Após o intervalo, a criança frequenta uma oficina 
escolhida por ela totalizando cinco oficinas na semana. No total são ofertadas 28 oficinas, 
6 
 
 
como: oficinas de artesanato, culinária, ser e conviver, educação ambiental, jogos educativos, 
robótica, tênis, xadrez, dança, hip-hop entre outras. 
O processo de escolha da oficina que acontece após a tutoria é riquíssimo, pois 
possibilita no sujeito o desenvolvimento da autonomia, onde ele identifica qual oficina ele 
deseja participar. Esse processo de escola acontece duas vezes ao ano, sendo assim semestral. 
O espaço para que as crianças definam qual oficina aderir é um momento de construção de 
sua autonomia. Cada um(a) tem a possibilidade de optar por aquilo que mais o(a) identifica. 
Outro momento importante que faz parte da rotina do Centro é a apresentação para a 
comunidade. Ao longo do ano, por diversas ocasiões, alunos e alunas são convidados a se 
apresentar em outros espaços que não os do projeto, tais como escolas, comércio ou praças. 
Assim, os trabalhos realizados (canto, dança, violão, artesanato, entre outros) são mostrados 
para a comunidade em geral. 
Mas não é só fora do projeto que os trabalhos são socializados. Nas assembleias 
mensais realizadas com a presença de todos e todas do turno há um espaço para a 
apresentação do que foi realizado naquele mês em determinada oficina. Os educandos ou 
professores que desejam se inscrevem para apresentar ao grande grupo. Nesses momentos 
também são votadas questões sobre o funcionamento do Centro, como por exemplo regras 
para o uso de celulares ou sobre a compra de livros. Essas reuniões gerais são organizadas 
pela Orientadora Educacional junto com os coordenadores eleitos de cada turma, que são os 
que dirigem a assembleia, caracterizando “experiências estimuladoras” de uma prática 
autônoma. Para Freire, 
Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de repente, 
aos vinte e cinco anos. A gente vai amadurecendo do ser para si, é processo, é vir a ser. Nãoocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar 
centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em 
experiências respeitosas da liberdade. (FREIRE, 2011, p. 105) 
 
Além do grupo de coordenadores, existem as patrulhas compostas pelos alunos, de 
adesão voluntária, que ajudam em diversas tarefas e desafios do cotidiano. A Equipe de 
Apoio ajuda a instalar equipamentos, a Patrulha do Verde a cuidar do parque, a Patrulha 
Cidadã apresenta e representa o Centro, a Patrulha do Recreio cuida dos brinquedos e a 
Patrulha do Conte até Dez auxilia na resolução de conflitos. 
O planejamento das aulas nas oficinas é feito pelos(as) professores(as) e socializadas 
com o Coordenador Pedagógico, que auxilia na construção da interdisciplinaridade das 
temáticas, na sugestão de ideias e na formação continuada. Este atendimento acontece 
mensalmente, além das reuniões pedagógicas ou dos planejamentos coletivos (seis paradas ao 
7 
longo do ano, não letivas, onde os professores se reúnem para planejar.) que acontecem em 
dias previamente agendados pelo calendário previsto pela Secretaria de Educação. 
O Centro é orientado por uma Coordenadora Geral da Secretaria de Educação, que 
além de acompanhar o cotidiano, intermedia a relação com outros órgãos do município como 
o Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, o Conselho Tutelar, a Secretaria da
Saúde, entre outros. Este acompanhamento é fundamental não apenas do ponto de vista do 
suporte administrativo e pedagógico mas também em relação a algumas vagas específicas, 
nominadas “vagas sociais”, por serem encaminhamentos de pessoas em situação extrema de 
vulnerabilidade física ou social. 
Em sua estrutura, ainda conta com o apoio de acompanhamento nutricional da 
Secretaria de Educação, merendeira e auxiliares de serviços gerais. Os estudantes recebem 
merenda e os materiais para o desenvolvimento das diferentes oficinas, custeado pela 
mantenedora. Os alunos moradores dos bairros mais distantes recebem transporte escolar 
gratuito. 
Considerações finais 
A promoção da educação nos diferentes espaços é sem dúvida essencial para a 
construção de um mundo melhor tão sonhado pelas sociedades atuais. Paulo Freire sempre foi 
defensor dos menos favorecidos, defendendo a oportunidade da educação a todo cidadão. 
Acreditava em uma educação construtora do conhecimento, este gerado através do debate e 
do diálogo com respeito. Na dimensão da boniteza, a vida há que ser bonita, não só na vida do 
indivíduo, mas na realização de um povo. Quando a boniteza está em pauta, a realização de 
um povo e comunidade está sem dúvida voltada para uma educação de qualidade. Desta 
forma: 
Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes 
brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a 
educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. (FREIRE, 
1979) 
Uma Educação não formal em ambientes diversos, precisa promover novas formas de 
aprendizagem, estabelecer uma relação com a comunidade e a cidade em que está inserida, 
tornando a aprendizagem dos sujeitos de fato significativa. Lança-se assim o desafio de 
educar-se na, com e para a cidade. 
http://kdfrases.com/frase/139367
http://kdfrases.com/frase/139367
http://kdfrases.com/frase/139367
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A educação deve ser um processo de humanização e libertação, somos professores de 
gente. Precisamos olhar para os sujeitos com possibilidades, precisamos reumanizar o mundo 
e a sociedade. Devemos aprender a ser gente com mais boniteza. Semear a esperança de uma 
vida mais bonita e mais alegre. 
A Educação deve ficar além dos conteúdos, precisa deixar marcas emocionais. São as 
vivências que marcam. E a educação não formal promove essa possibilidade, no momento em 
que os indivíduos possuem a oportunidade de interagir uns com os outros, de aprender e 
ensinar com os seus saberes e experiências de mundo e isso dá significado ao objeto em 
estudo. 
Consideramos importante uma articulação entre a educação formal e a não formal, 
para viabilizar maiores possibilidades de aprendizagens significativas aos educandos, nas 
quais são promovidos o diálogo, a autonomia e a cidadania entre todos os sujeitos. 
REFERÊNCIAS 
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 
______ . Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: 
Editora Paz e Terra, 2011. 
GADOTTI, Moacir. Educação Integral no Brasil. Instituto Paulo Freire.São Paulo, 2013. 
GOHN, Maria da Gloria. Educação não formal e o educador social: atuação no 
desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo: Cortez, 2010. 
STRECK, Danilo R. Euclides Redin, Jaime José Zitkoski (orgs). Dicionário Paulo Freire. 
2ed. Rev. amp. 1 reimp. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010. 
XAVIER, Maria Luisa M. de Freitas. Educação Integral nas diretrizes curriculares 
nacionais e a exigência de um novo ordenamento curricular. Brasília: Ministério da 
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2012. 
Pesquisa 
Como fazer um Projeto de Pesquisa
https://www.youtube.com/watch?v=3oljb6a0ykY
N
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