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- -1 FUNDAMENTOS DO DESIGN CAPÍTULO 3 - QUAL O IMPACTO DO DESIGN NA SOCIEDADE E VICE E VERSA? Luciana da Silva Bertoso - -2 Introdução A sociedade atual é pautada no consumo de bens tangíveis, como roupas, móveis, videogames, carros, e intangíveis, como serviços de turismo, eventos, entretenimento, que possuem relações profundas com o nosso modo de ser e na organização econômica, ambiental, política, sociocultural. Entender como a sociedade funciona nos esclarece como podemos da melhor forma trabalhar com o , bem como entender as necessidades edesign desejos dos usuários e inovar. As oportunidades para inovação mudam ao longo do tempo, como por exemplo, a concepção da câmera fotográfica, que transformou-se e consequentemente a forma como tiramos, armazenamos e disponibilizamos as fotografias mudou, principalmente com o advento da fotografia digital. Mas porque o consumo orienta a sociedade atualmente? Será que a necessidade e desejos são voluntárias ou criadas pelo sistema econômico? Como podemos encontrar a oportunidade de inovação? E quais os impactos do consumo na sociedade e no planeta? Nesse capítulo vamos entender primeiramente como os entrelaces da sociedade e os padrões de consumo têm impactado na vida das pessoas e quais as relações dos sujeitos com a cultura material. Em seguida, vamos entender como a ética se envolve com o consumo e consequentemente com o em suas especificidades,design tanto dos aspectos éticos e profissional, quanto dos relacionados ao fruto do trabalho. Em seguida, vamos abordar o campo da sustentabilidade que está em evidência e precisa ser discutido e implementado pelo .design E, por último, vamos entender as relações entre e inovação, algo intrínseco do campo, mas que precisa serdesign entendido para que as inovações sejam efetivas, colaborem com o bem estar social, econômico e ambiental. Vamos estudar esse conteúdo a partir de agora, acompanhe! 3.1 e culturaDesign Consumimos artefatos desde uma simples colher até um complexo sistema operacional em um computador. Nesse sentido, a cultura material sempre esteve presente na sociedade, desde os tempos da pré-história, quando o homem começou a fabricar seus utensílios e ferramentas. Neste tópico iremos abordas as relações entre o cultura e sociedade, por meio de estudos sobre adesign, sociedade de consumo e a cultura material nas relações simbólicas com o consumo. As teorias sobre a sociedade de consumo analisam a natureza da realidade social em relação ao porquê do consumo desempenhar um papel tão importante na sociedade contemporânea. Já as teorias sobre o consumo estudam o fenômeno em si, os processos sociais e subjetivos que estão na raiz da escolha de bens e serviços (BARBOSA, 2010). Vamos conhecer mais a seguir! 3.1.1 Sociedade Industrial e Sociedade de consumo O consumo já existe há muito tempo. Entretanto, o consumo moderno é diferente do simples uso de bens anterior, se relaciona com aspectos da sociedade industrial e da sociedade de consumo. A sociedade Industrial surge com o advento da burguesia, após a Revolução Francesa, com a lógica de produção mecanizada e racional, com a segmentação do trabalho nas linhas de produção. O modelo industrial era orientado pelo produto e para a produção em massa, no qual a organização industrial permeava todas as esferas de atividades (WACHOWICZ; SILVA, 2011). Já sociedade de consumo para alguns autores parece ter se iniciado antes da Revolução Industrial. Barbosa (2010) destaca de que os debates sobre seu início ficam entre os séculos XVI e XVIII. O termo sociedade de consumo é utilizado pelos pesquisadores para denominar a sociedade contemporânea. A autora argumenta que - -3 consumo é utilizado pelos pesquisadores para denominar a sociedade contemporânea. A autora argumenta que nesse entendimento, o consumo está sendo utilizado para entender a compra de artefatos para além de satisfação das necessidades materiais e de reprodução social. Deste modo, a autora destaca algumas mudanças que ocorreram e fizeram com que se evidenciasse o consumo a partir do século XVI. Clique nos itens para saber quais foram estas mudanças. • Quantidade e modalidade de itens disponíveis, tais como, alfinetes, rendas, cosméticos, bebidas, plantas ornamentais, dentre outros que surgiram não para suprir uma necessidade. • A construção da subjetividade, expansão da ideologia individualista. • Desenvolvimento de novas práticas e modalidades de consumo. Nas sociedades tradicionais as famílias produziam para seu próprio consumo e a sociedade era definida por grupos de – grupos tinham seu estilo de vida previamente definidos pelas roupas, atividades de lazer,status padrões alimentares, bens de consumo e comportamento. Isso era definido em parte pelas leis suntuárias que determinavam o que podia e não podiam para uma determinada classe, que tinham como principal objetivo impedir a mobilidade social e os gastos exagerados com o luxo nas classes mais altas. Reforçavam a diferenciação social e de sexo a partir das vestes. Também tinham o caráter discriminatório em relação a minorias marginalizadas (VIEIRA, 2017; BARBOSA, 2010). Deste modo, o estilo de vida não estava atrelado tanto a renda, e sim a um . Muitos burgueses queriam serstatus nobres e não conseguiam, porque isso era impedido pelas leis suntuárias. O consumo de bens materiais começou a crescer com o surgimento da moda, principalmente no vestuário. A aristocracia buscando diferenciação trocava seu vestuário, que era copiado. Fazendo um paralelo com os dias de hoje, a pluralidade tomou conta da sociedade, não existe uma moda, mas uma multiplicidade de grupos e indivíduos criando as suas modas (BARBOSA, 2010). Sendo assim, segundo Barbosa (2010) os elementos que marcariam a transição de uma sociedade de corte para uma sociedade de consumo são: a liberdade de escolha, mudança do consumo de (pertences recebidospatma por herança – tradição produtos com ciclos de vida mais longos) para o consumo de moda, valorização do novo e do individual, marcada por mudanças menores, movida pela novidade. Ela se evidenciou primeiramente pelo vestuário entre a aristocracia e depois se espalha pelos demais setores, com o efeito .trickle down No século XIX em países como os Estado Unidos, França e Inglaterra, já existiam uma sociedade de consumo claramente definida, e uma nova modalidade de comercialização orientada para o marketing: lojas com vitrines voltadas paras ruas, manequins. Nesse sentido, as lojas de departamento começaram a surgir em meados do século XIX, como a , que tinha todas as mercadorias que uma pessoa precisaria do lar e vestuário,Bon Marché inaugurando padrões de consumo que existem até hoje, como o autosserviço e o preço fixo. Obtinham lucro pela • • • VOCÊ SABIA? A teoria do efeito (gotejamento) é uma lógica de massificação de gostos vertical,Trickle down que parte das camadas sociais mais altas para a classe baixa, que procuram imitar o estilo dos setores abastardos em busca de prestígio e reconhecimento. Em contrapartida, o efeito Bubble (borbulha) indica uma massificação reversa e horizontal, podendo emergir nas subculturas,up tribos urbanas, periferias (BRUM, SCHERER, 2006). - -4 inaugurando padrões de consumo que existem até hoje, como o autosserviço e o preço fixo. Obtinham lucro pela rápida circulação e barateavam o estoque, e no início do século XX os supermercados consolidaram essas características de consumo (BARBOSA, 2010). Barbosa (2010) apresenta os estudos de Don Slater sobre as relações entre sociedade, cultura do consumidor e modernidade. Slater (2001 apud BARBOSA, 2010) analisa as relações em que as nossas necessidades e desejos se organizam e descreve os pontos apresentados a seguir. Clique nos números para ler. 1 ,A cultura do consumidor é uma cultura da sociedade de mercado ou seja, consumimos mercadorias sejam produtos, serviços experiências, que foram produzidos para serem vendidos. 2 As necessidades das pessoas são ilimitadas e insaciáveis, pela própria sobrevivência dosistema capitalista, pela necessidade do crescimento permanente. 3 A identidade do consumidor é mantida por suas escolhas pessoais. 4 A cultura do consumidor reforça a cultura do exercício do poder, muito se tem discutido sobre a real liberdade de escolha dos indivíduos ou submissão a interesses econômicos. Nesse sentido, muitos estudiosos apontam que o que se passa por cultura nos dias de hoje é estruturado por interesses econômicos da sociedade capitalista. Para outros, esses valores também se relacionam com aspectos culturais, apontando que o valor dos bens está mais atrelado aos aspectos simbólicos (valor de uso), do que com o valor financeiro (valor de troca). Sendo assim, há uma desmaterialização da mercadoria que assume valor de símbolo (BARBOSA, 2010). Já para Featherstone (1995 apud BARBOSA, 2010) a cultura do consumidor se resume na nossa cultura atual, baseada em três aspectos: a produção de consumo, os modos de consumo e o consumo de sonhos, imagens e prazeres. Na sociedade capitalista a necessidade de consumo, como consequência da necessidade de produção em massa oriunda da Revolução Industrial cria uma falsa sensação de necessidade que nos faz consumir, por meio do marketing e da publicidade. E embora seja exaltada por muitos como libertadora, por outro lado, é vista como um afastamento dos valores autênticos. Entretanto Miller (2007) traz outra perspectiva sobre a sociedade de consumo, pelas suas relações com a cultura material. O autor aborda as especificidades do consumo e como ele se relaciona com a construção dos sujeitos, como por exemplo, os grupos sociais. Outro aspecto relevante para o que o autor fala é sobre os processosdesign de transformação dos sujeitos pelo consumo e de como as pessoas se apropriam dele, estendendo essa análise para o ciclo de vida do produto no uso. O autor defende estudos sobre as especificardes dos artefatos e suas relações sociais, por meio da cultura material e de seu consumo. Essa especificidade não se resume a classe social e sexo, mas em relações mais profundas O ponto central que. Miller (2007) descreve são os das ligações humanas construídas pelo consumo. Um exemplo é a relação que as pessoas têm com os artefatos que guardam de pessoas que já faleceram, como uma forma de ter a pessoa VOCÊ SABIA? O ciclo de vida de um produto não se refere apenas à evolução das vendas de um artefato durante o seu tempo de permanência no mercado, mas à cadeia de processos que interferem na vida de um produto, desde a extração de matéria-prima, até a sua decomposição. E a vida útil de um produto é o tempo que este será consumido antes de ser descartado (SALCEDO, 2014). - -5 pessoas têm com os artefatos que guardam de pessoas que já faleceram, como uma forma de ter a pessoa presente. E, em uma fase de aceitação do luto, doam essas peças. Por isso, as mercadorias têm valor simbólico, tanto o , quando o marketing e publicidade estudam esses valores para entender o consumo.design Lipovetsky e Serroy (2015) descrevem que vivemos em um período de sedução das marcas que utilizam a estética para conquistar os consumidores. Para os autores, o capitalismo se encontra em uma fase de intersecção com a estética, e falam sobre a estetização da vida cotidiana, com a integração estético-emocional no consumo. Isso se tornou o principal fator de concorrência das marcas. Denominado pelos autores de capitalismo artista embasado nos ideais transestéticos. A transestética é a nova estética do consumo, tendo a arte como protagonista. Sua dinâmica é regida por meio de experiências de consumo. Apresenta momentos lúdicos e emocionais – com objetivo de aumentar as metas de venda. Nesse sentido, o contemporâneo deve buscar maneiras de criar interfaces entre usuários edesigner produtos, bens e serviços (LIPOVETSKY; SERROY, 2015). Figura 1 - A complexidade da sociedade e os recursos tecnológicos apontam uma nova perspectiva de enxergar as pessoas envolvidas com o projeto. Fonte: Elaborada pela autora, 2018. Por fim, Barbosa (2010) aponta que é difícil delimitar as fronteiras entre sociedade de consumo e cultura de consumo. Sendo assim, apresenta uma tabela com as principais características de cada uma delas de acordo com a revisão de literatura. VOCÊ QUER VER? Criança a alma do negócio, de Maria Farinha Produções (2018), é um documentário que aborda como a publicidade e a mídia de massa impactam e a criam relações estético- emocionais nas crianças e adolescentes. O documentário apresenta entrevistas com especialistas, pais e os jovens consumidores e ressalta o quão influente os filhos são dentro de casa. Assista o trailer em: < >.http://mff.com.br/filmes/crianca-a-alma-do-negocio/ - -6 Quadro 1 - A sociedade de consumo descreve as relações entre sociedade e consumo, enquanto a cultura de consumo descreve aspectos específicos desse modelo econômico. Fonte: BARBOSA, 2010, p. 44. Portanto, a construção da sociedade de consumo reflete na sociedade contemporânea e consequentemente no . Sendo assim, ao se desenvolver produtos e serviços é preciso entender as relações entre usuário, culturadesign e sociedade para que os resultados do projeto sejam coerentes, satisfatórios e éticos em relação às necessidades e desejos das pessoas. No próximo tópico vamos entender melhor as relações entre ética e e como o design pode atuar de maneira ética nos projetos.designer 3.2 Ética no Design A ética se relaciona com a responsabilidade perante a sociedade, conduta e caráter do indivíduo. Algumas questões éticas já estão solucionadas por leis e regulamentações governamentais, como o plágio e a quebra de confidencialidade e podem ser sujeitas a punição. Entretanto, algumas questões ainda estão abertas ao debate e na prática ainda se tem muitos desafios sobre cópia e direito autoral (ELVINS; GOULDER, 2014). Nesse sentido, o deve preocupar-se com as questões que afetam apenas os serem humanos? Adesigner promoção dos fins éticos é justificada mesmo quando os meios exigem alguns sacrifícios éticos? (ELVINS; GOULDER, 2014). Quais os valores éticos devem ser considerados? Por exemplo, o utilitarismo que propaga que deve-se produzir ao maior número de pessoas possíveis. Por outro lado, será que há outras abordagens éticas a se considerar no ? Neste tópico vamos entender um pouco sobre as relações entre ética e .design design 3.2.1 O que envolve a ética no design? De acordo com o dicionário Michaelis (2018) a ética é um conjunto de princípios e valores que abordam a conduta moral em relação aos valores, com base em normas consideradas universalmente válidas. Segundo Vásquez (1995) a ética é uma ciência que lida com problemas que são caracterizados pela sua - -7 Segundo Vásquez (1995) a ética é uma ciência que lida com problemas que são caracterizados pela sua generalidade, tem caráter teórico de investigar e explicar um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens. A ética parte da consideração da história da moral ao longo dos tempos, porém não considera nenhuma moral em particular, mas busca pela compreensão de suas diferenças. Estuda uma forma de comportamento humano valiosa para a sociedade. Vale ressaltar que a ética não cria moral, ela lida com as experiências histórico-sociais no campo da moral, é uma abordagem científica dos problemas morais. A ética visa a objetividade e racionalidade. Deste modo, vale esclarecer que a palavra moral vem do latim, e significa costume, trata de um conjunto de normas adquiridos pelo homem. Já ética vem do grego e significa modo de ser, caráter (VÁSQUEZ, 1995). Elvins e Goulder (2014) destacam quatro pontos relevantes para se pensar sobre ética no . O primeirodesign aspecto é sobre a ética pessoal, visto que ela influencia as nossas decisões políticas, profissionais, e morais. O segundo ponto é sobre pra quem trabalhamos, seja uma empresa, ou cliente, quando , até que ponto se freelances pode rejeitar um trabalho por questões éticas? E qual o posicionamento dos seus projetos em relação à sua ética pessoal? Já o terceiroaspecto trata dos materiais utilizados no projeto, se têm efeitos nocivos em longo prazo, sua procedência e os processos pelos quais é feito. O último aspecto é sobre as relações do com as suasdesigner criações em relação ao propósito, os produtos e serviços desenvolvidos, além de atenderem os requisitos básicos do projeto de forma e função, eles têm relevância social? Qual área da sociedade será beneficiada com suas criações? CASO Elvins e Goulder (2014) descrevem o caso do desenvolvimento do personagem do cereal da Kelloggs, que foi realizado pela agência de publicidade Leo Burnett, em 1951. A agência contratou o ilustrador de livros infantis Martin Provensen para criar um personagem para ilustrar a caixa. Foi escolhido o tigre Tony, que se mostrou mais popular do que os outros personagens. O gráfico do personagem se modificou ao longo dos anos de acordo com os interessesdesign do público, e hoje o tigre é representado como um animal alto e forte que anda sobre duas patas. Dentre o período de 1952 e 1995, estima-se que a Kelloggs tenha gerado US$ 5,3 bilhões de vendas brutas no EUA. Além da embalagem, o personagem apareceu em tigelas e até em pijamas. Entretanto, a marca foi analisada por empresas de proteção ao direito do consumidor, e em relação ao Sucrilhos, foi descoberto que o cereal continha um terço de açúcar e mais sal do que o recomendado pela . Pesquisas indicam que o uso de personagens emFood Standards Agency produtos infantis torna mais difícil de os pais dizerem não às crianças. A marca, em contrapartida, se defende dizendo ser transparente na sua comunicação com os consumidores, deixando suas escolhas de consumo livres. - -8 A ética no design envolve diversos aspectos e pessoas tais como usuários, fornecedores, meio ambiente e sociedade. A atuação do nos projetos deve levar em consideração todos os aspectos de maneira que osdesigner resultados sejam eticamente coerentes, não discriminando e desrespeitando a sociedade. Nesse sentido, Florentino et al (s/d) descrevem algumas recomendações para os s sobre éticas em seus trabalhos,designer descritos a seguir. Quadro 2 - Em um projeto é importante considerar os aspectos éticos, para que esse não seja ofensivo com seu público e não gerar controvérsias no produto ou serviço. Fonte: FLORENTINO et al (s/d). Quando falamos em ética no outro aspecto relevante de se abordar é sobre a propriedade intelectual. Asdesign, VOCÊ QUER LER? O livro “Design Inclusivo”, de Jorge Falcato Simões e Renato Bispo (2006), é um material utilizado por profissionais de diversas áreas do projeto que tem o objetivo de disseminar o inclusivo, que é o desenvolvimento de produtos e ambientes que sejam acessíveis paradesign diversas pessoas. Tem como objetivo contribuir através da construção do meio (produtos, serviços, arquitetura, dentre outros) para não discriminação e inclusão social de todas as pessoas. - -9 Quando falamos em ética no outro aspecto relevante de se abordar é sobre a propriedade intelectual. Asdesign, relações entre e propriedade intelectual se dão pela inovação. Esse é um aspecto que gera muitas dúvidasdesign e precisa ser debatido com maior frequência. De acordo com Poli (2008) o direito autoral faz parte do gênero Propriedade Intelectual que também engloba a Propriedade Industrial. A Propriedade Intelectual é um ramo do direito que estuda o direito exclusivo dos autores e inventores sobre suas obras. O direito intelectual incide sobre as criações intelectuais humanas, tanto voltadas à transmissão de conhecimentos, quanto voltadas à satisfação dos interesses materiais da sociedade. O direito autoral entendido como um direito de propriedade gera alguns questionamentos: o direito de propriedade seria um bem material e o direito autoral um bem imaterial, o direito autoral não extingue plenamente o vínculo existente entre o autor e a obra, já o direito de propriedade é a transferência que rompe o vínculo entre autor e obra (POLI, 2008). Sendo assim, o direito autoral tem natureza jurídica dúplice: tem um aspecto pessoal, que vincula o autor a obra e outro material, que permite sua exploração econômica (POLI, 2008). De acordo com a Lei 9.610 (BRASIL, 1998, art. 7), “são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro. O autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica”. O direito autoral pode ser divido em: direito moral e direito patrimonial, pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. Tanto as obras de um autor, quanto obras de coautores exercerão seus direitos perante uma convenção contratual. O direito moral refere-se ao criador da obra. Dá os direitos de autoria e inserção no portfólio, bem como exploração comercial. E os direitos patrimoniais dependem de autorização prévia e expressa do autor à utilização da obra, por quaisquer modalidades como tais como: reprodução, edição, distribuição com contrato firmado com o autor com terceiros para uso ou exploração da obra. Os direitos de autor podem ser totais ou parcialmente transferidos a terceiros, por meio de licenciamento, concessão, dentro outros meios (BRASIL, 1998). Para compreender em quais modalidades de proteção as inovações no se enquadram, apresentamos asdesign descrições do Manual de Oslo (OCDE, 2005). Veja a seguir, algumas das formas legais. Clique nas abas. Métodos formais Patentes Registros de design Marcas registradas Direitos autorais Acordos confidenciais e segredos comerciais Métodos informais Segredos não cobertos por acordos legais Complexidade do do produtodesign Vantagens de tempo sobre os concorrentes As patentes são o direito exclusivo de uma inovação por um certo período, elas dão o direito de proteção a pesquisa e desenvolvimento, assim como os acordos confidenciais. O registro de é o principal método dedesign proteção de desenho de um produto, bem como uma linha de produtos e marcas relacionadas ao mesmo, os direitos se relacionam ao uso final do produto (OCDE, 2005). No Brasil, ocorrem alguns entraves em relação ao direito autoral e a evolução tecnológica. Tanto a proteção da propriedade intelectual, quanto o ainda não tem amplo reconhecimento. Por outro lado, o país vemdesign produzindo inúmeras pesquisas. Nesse sentido, a propriedade intelectual se mantém presente, porém muitas pesquisas ainda não são implementadas em inovação por haver uma descontinuidade nesse processo (BACKX, 2013). Já a regulamentação da profissão no Brasil divide opiniões entre pessoas que veem como positiva adesigner obrigatoriedade do diploma, com outras que acreditam que isso desvalorizaria bons profissionais que não possuem a formação acadêmica . O existe no Brasil há mais de 40 anos e só agora está em vias de regulamentação. Desde a década de 1960,Design - -10 O existe no Brasil há mais de 40 anos e só agora está em vias de regulamentação. Desde a década de 1960,Design período de criação da ABDI (Associação Brasileira de Desenho Industrial) vêm sendo concentrados esforços para o reconhecimento e regulamentação da profissão e a regulamentação previa assegurar a inserção dos recém- formados no mercado (DESIGN BRASIL, 2012). Entretanto o Projeto de Lei 1.391 (BRASIL, 2011), que previa a regulamentação da profissão aos titulares do curso ou pessoas com experiência mínima de três anos foi vetado por inconstitucionalidade, ou seja, por inadequação ao artigo 5º, o qual “assegura o livre exercício de qualquer trabalho, admitindo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer dano à sociedade” (BRASIL, 2011). Sendo assim, ainda há muitos desafios quando pensamos em ética no . Outro campo que está em evidênciadesign e gera discussões é o sustentável, vamos entender mais no próximo tópico.design 3.3 e sustentabilidadeDesign Estamos vivenciando as consequências do excesso de consumo do século anterior. No século ocorreu XX um alto desenvolvimentoeconômico e tecnológico, ocasionado pelo aumento do consumo, e consequentemente pela Revolução Industrial. Entretanto, a perspectiva que vivemos é insustentável e não poderá ser mantida por muito tempo. Em contrapartida ao desenvolvimento econômico, temos a devastação ambiental ocasionada pelos padrões de consumo, a desigualdade social e o aumento populacional, sobrecarregando os recursos naturais (SALCEDO, 2014). Nesse sentido, existem duas causas principais para a insustentabilidade que vivemos atualmente: temos um problema de conceito em relação à economia, sociedade e meio ambiente. E também temos um problema de comportamento em relação ao consumo de recursos naturais sem a preocupação com as consequências (SALCEDO, 2014). Por isso, o desenvolvimento sustentável está em evidência atualmente. Na perspectiva sustentável a economia deixa de ser um fim em si mesma para ser uma forma de alcançar o bem estar ambiental e social. Neste tópico iremos abordar as concepções de sustentabilidade e suas relações com o .design 3.3.1 A sustentabilidade como uma mudança de perspectiva De acordo com Dias (2015) os impactos ambientais já existiam desde os tempos mais remotos na Pré-História com o descobrimento do fogo, com o desenvolvimento de materiais e a queima de madeira, com a emissão de dióxido de carbono. Entretanto, durante milhares de anos o meio ambiente não sofreu danos significativos em nível global e os recursos por um tempo se renovavam, além da produção dos bens serem mais duráveis. A partir da Revolução Industrial ocorreram mudanças que tiveram efeito profundo sobre as condições sociais, econômicas e ambientais. As cidades cresceram, com isso as pessoas foram perdendo o vínculo com o ambiente rural e consumindo cada vez mais produtos industrializados. Nesse período já ocorria a escassez de recursos, com a falta de madeira que era utilizada abusivamente como combustível. Desenvolveu- se a dependência de combustíveis fosseis não renováveis: carvão petróleo e gás natural. Tiveram início a produção em larga escala, as longas jornadas de trabalho e a massificação dos produtos (DIAS, 2015). O ciclo de vida dos produtos foi cada vez mais reduzido, tornando os produtos obsoletos, com isso os impactos ambientais foram se tornando cada vez mais intensos. A sociedade de consumo foi se aprimorando e produtos que eram inacessíveis foram se popularizando. A obsolescência programada fruto da sociedade de consumo é uma estratégia da indústria para encurtar o ciclo de vida dos produtos, visando a substituição por novos. A satisfação das necessidade e desejos nunca é saciada e há uma desvalorização da durabilidade. A obsolescência se consolidou com a crise de 1929, como estratégia da indústria para retomar o crescimento (DIAS, 2015; SILVA, 2012). - -11 O desequilíbrio ecológico já tem se manifestado de forma intensa em vários lugares e impacta no nosso modo de vida, como também dos animais. Esses problemas vêm de processos ao longo prazo e tendemos a ignorá-los por não ter a proximidade da relação causa-efeito. Diante dessa situação, a escolha do desenvolvimento sustentável torna-se a única opção possível, atuando em um plano individual e coletivo. Tanto com a participação do governo, quanto de cada indivíduo (DIAS, 2015). A transição para uma perspectiva sustentável requer a reconstrução de um modelo a partir dessa visão. O Desenvolvimento Sustentável: se refere à integração de questões econômicas, sociais e ambientais, de tal modo que as atividades de produção de bens e serviços devem preservar a diversidade, respeitar a integridade dos ecossistemas, diminuindo sua vulnerabilidade, e procurar compatibilizar os ritmos de renovação dos recursos naturais com os de extração necessários para o funcionamento do sistema econômico (DIAS, 2015, p. 21). O desenvolvimento sustentável foi criado a partir do Relatório Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), em 1987. Sua implementação é centrada nos aspectos ambientais, sociais, culturais, políticos e econômicos. Essa perspectiva traz uma nova ética de desenvolvimento, que implica em novas formas de pensar na utilização dos recursos de tal modo que não afete a capacidade de recuperação dos recursos naturais. Dias (2015) aponta alguns parâmetros de crescimentos decorrentes dessa forma de atuar, listados a seguir. Clique nos itens. • Utilização de fontes de energia renováveis. • Utilização e desenvolvimento de novas tecnologias que contribuam para a redução da poluição atmosférica, do solo e dos recursos hídricos. • Adoção de normas de consumo para a redução de uso de recursos. Para isso, é necessário mudar drasticamente os padrões de vida. O Desenvolvimento Sustentável deve ser entendido como um processo que é pautado em três pilares de acordo com a comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) “crescimento econômico, equidade social e conservação ambiental” (DIAS, 2015, p. 34) Na intersecção desses três pilares ocorre o desenvolvimento sustentável. VOCÊ QUER VER? O filme , de Cosima Dannoritzer e Steve Michelson, conta a históriaA conspiração da lâmpada da obsolescência programada a partir do emblemático caso da lâmpada de Livermore (cidade da Califórnia), que funciona desde 1901. O filme traz a reflexão dessa estratégia industrial da obsolescência e dos impactos ambientais com a produção de lixo (SILVA, 2012). • • • - -12 Figura 2 - Os três pilares da sustentabilidade, para o Desenvolvimento Sustentável ocorrer deve-se priorizar cada área em interdependência recíproca. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em DIAS, 2015. Clique nas abas a seguir para entender cada uma dessas dimensões. A trata da produção, distribuição e do consumo de bens e serviços, com objetivosustentabilidade econômica de atender às necessidades das pessoas. Temos os problemas de desigualdade em que milhares de pessoas não tem renda suficiente para as necessidades básicas. Para o desenvolvimento sustentável é preciso repensar esse modelo econômico, com distribuição de renda mais equitativa e crescimento econômico dos países subdesenvolvidos. A se refere as condições sociais da população, abrange também a cultura, poderia sersustentabilidade social denominada sustentabilidade sociocultural. Para se alcançar a sustentabilidade social as condições de saúde, vida saudável para todas as idades, alimentares, como a erradicação da fome, com acesso aos serviços básicos pelo Estado, igualdade entre homens e mulheres e a redução de todas as desigualdades sociais. A se relaciona aos impactos ambientais que afetam o planeta. Problemas comosustentabilidade ambiental furacões, mudanças climáticas drásticas, secas, desmatamento, extinção de espécies, dentre outros mostram a gravidade da situação. A escassez dos recursos demonstra também que esse modo de vida não trará benefícios sem degradação ambiental. Veja a curiosidade que apresentamos a seguir. Para aprender mais sobre este assunto, assista ao vídeo abaixo. https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id VOCÊ SABIA? A pegada ecológica refere-se a quantidade de recursos naturais que seria necessário para sustentar as gerações atuais. Traz uma medida da área total de terras produtivas, ou de mar, necessárias para produzir todos os produtos agrícolas, carnes, frutos do mar, madeira e fibras que consumimos, além de gerar energia de consumo para ver se a população é sustentável a longo prazo (DIAS, 2015). - -13 https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id /1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1549881921&entry_id=1_zyihyh3o Todos as áreas se relacionam e o impacto que ocorre em uma das dimensões afeta a outra. Sendo assim, é preciso considerar todos os níveis para o desenvolvimento de projetos sustentáveis no . A seguir serãodesign descritas abordagens do sustentável.design 3.3.2 Projetos de design nas esferas sustentáveis Segundo Santos (2009) a sustentabilidade requer uma mudança nosmodos de vida, que implica em um processo de aprendizagem lento e complexo. O autor apresenta os níveis de sustentabilidade, desde a mudança em processos e operações a drásticas transformações com a redução do consumo. Clique nas abas para conhecer cada destes níveis. • Nível 1 – Melhoria ambiental dos fluxos, de produção e de consumo Nesse nível, as ações são orientadas para a melhoria dos processos e operações ao longo do ciclo de vida útil dos produtos e não de toda cadeia produtiva, sem intervenção nas características dos produtos. Esse nível é voltado à reciclagem e reuso dos produtos, minimizando os impactos da poluição e geração de desperdícios. Temos aqui uma melhoria da qualidade de produtividade em relação as entradas (matéria-prima, energia, água) e saídas (produtos, desperdícios, emissões no ar) (SANTOS, 2009). Nesse sentido, pode-se obter a redução de recursos que envolvem o desenvolvimento de produtos e serviços. Por outro, lado o autor aponta que a limitação desse nível é o pouco impacto no nível de consumo e até efeito reverso pela redução dos tempos e custos de aumento do mesmo (SANTOS, 2009). • Nível 2 – ambiental do produtoRedesign Se refere à readequação do produto existente. Santos (2009) aponta que esse nível muitas vezes é confundido, principalmente no Brasil, com o princípio do sustentável. Temos a mudança dedesign materiais para os renováveis, e pode-se obter maior eficiência do consumo de matéria-prima e energia, como também pode incluir a facilitação da reciclagem de componentes e redução dos recursos para desenvolver um produto. Nesse sentido, as competências exigidas no projeto são maiores para analisar qual a melhor escolha. Porém, apesar de significativas as mudanças nesse nível, ainda não há uma mudança no estilo de vida e consumo. O autor ressalta que o conceito básico no produto continua o mesmo, com a alteração dos seus materiais. • Nível 3 – Projeto de produto intrinsecamente mais sustentável Esse nível aborda as melhorias em prol da sustentabilidade ainda no projeto, mas no desenvolvimento de soluções que minimizem os problemas, e não na modificação de um produto existente, como no . Exige maior complexidade na atuação do designer que deve pensarredesign na minimização dos recursos, escolha de recursos de baixo impacto, prolongamento da vida útil dos materiais, analisando todo o ciclo de vida do produto/sistema. Deste modo, o consumo de produtos mais sustentáveis em sua concepção pode contribuir para uma mudança de mentalidade de consumo (SANTOS, 2009). A avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é um método de avaliar o impacto ambiental de todos os • • • - -14 de consumo (SANTOS, 2009). A avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é um método de avaliar o impacto ambiental de todos os processos envolvidos em um produto, desde a extração da matéria-prima até sua decomposição, passando pela fabricação, distribuição, uso e descarte. Ela serva para compreensão em um projeto, bem como para mensurar se os impactos estão maximizados ou minimizados (SALCEDO, 2014). • Nível 4 – Projeto de sistemas produto + serviço Neste nível temos a descentralização de soluções centradas no produto com a associação de serviços. O Sistema Produto Serviço (PSS) apresenta o resultado de uma estratégia de inovação com enfoque em oferecer a venda de sistemas. É uma perspectiva que visa a desmaterialização do consumo e atender as demandas da sociedade, propiciando benefícios ambientais, econômicos e sociais. Algumas formas de PSS são: o aluguel, serviço pós-venda, uso coletivo, que já é utilizado, principalmente na Europa. Santos (2009) ressalta que esse nível demanda aceitabilidade e a mudança de noção de posse do produto, exigindo uma mudança cultural e comportamental dos consumidores. Sendo assim, as empresas precisam mudar sua abordagem com os consumidores para que sejam efetivas essas mudanças e esses enxerguem os benefícios dessa perspectiva. • Nível 5 – Implementação de novos cenários de consumo “suficiente” Visa uma mudança de perspectiva do consumo eficiente para o consumo suficiente. No consumo eficiente busca-se a redução dos recursos, como descrito nos níveis 1, 2, 3 e 4, que contribui para a redução dos impactos ambientais. Entretanto, o consumo suficiente propõe repensar nos atributos de satisfação e estilo de vida, como por exemplo, utilizar mais luz natural ao invés de luz artificial, repensar sobre comprar determinado produto ou utilizar o carro. Esse nível exige uma mudança grande nas estruturas da sociedade, para isso ocorrer é preciso a implementação de cenários de vida “economicamente viáveis, socialmente aceitáveis e culturalmente ativos” (MANZINI; VEZZOLI, 2008 apud SANTOS, 2009, p. 22). Santos (2009) aponta que as mudanças no nível 5 exigem uma mudança de percepção individualista das pessoas, o consumo de bens materiais não leva a satisfação total da felicidade, já a equidade social e ambiental, princípios da sustentabilidade, podem levar a satisfação, pois solucionam problemas sociais, ambientais e econômicos. Nesse sentido, Salcedo (2014) destaca algumas estratégias para o sustentável no ciclo dedesign vida dos produtos. Veja a figura a seguir: • • - -15 Figura 3 - Estratégias de design para a sustentabilidade que podem ser utilizadas no ciclo de vida dos produtos e serviços. Fonte: Elaborada pela autora, baseada em SALCEDO, 2014. No tópico a seguir, falaremos sobre inovação. Acompanhe! 3.4 Inovação Quando falamos de inovação muitas vezes pode-se pensar que ter uma ideia é algo inerente a pessoas criativas, entretanto a inovação vem de muito esforço. É um processo sistematizado que envolve a construção de ideias e de sua formalização para torná-la compreensível. Mozota (2011) ressalta a diferença entre criatividade, que é uma abordagem individual em um processo descontínuo e instantâneo, e inovação, que é um processo coletivo e contínuo. As empresas se diferem em suas capacidades de inovar e algumas não percebem a necessidade de mudança, o que cria barreira a inovação. A capacidade de inovar não depende de sorte, mas de incorporação de um conjunto de rotinas de aprendizagem, tanto das corporações quanto dos sdesigner (TIDD; BESSANT, 2015; MOZOTA, 2011). Neste tópico vamos compreender o processo de inovação e suas relações com o .design - -16 3.4.1 Inovação e design O ciclo de vida dos produtos é cada vez menor com a obsolescência programada, as empresas sofrem pressão em competir contra o tempo, introduzindo novos produtos no mercado e ainda os fazendo mais rapidamente que seus concorrentes. Porém, inovar nem sempre significa ser o pioneiro no mercado, mas analisar tudo que envolve o projeto para que a inovação seja efetiva (TIDD; BESSANT, 2015). De acordo com Tidd e Bessant (2015) a inovação tem se transformado em um elemento central associado ao sucesso de um empreendimento. Ela envolve um contexto de incerteza, pois os resultados só serão efetivos após sua implementação. Entretanto, inovar é um processo que exige gerenciamento para criar ideias que possam ser aceitas pelo mercado. Deste modo, a inovação está próxima do processo de , visto que ela é um processodesign coletivo e interativo, que combina fatores internos e externos que resulta em algo novo (MOZOTA, 2011). A inovação é um processo de transformação de uma ideia em realidade, com benefícios para as partes interessadas. Para Tidd e Bessant (2015), o processo de inovação se divide em quatro fases. Clique na interação a seguir para conhecê-las. 1 Busca de oportunidade para inovar. 2 Seleção da melhor oportunidade. 3 Implementação das ideias que serão transformadas em inovações. 4 Captura de valor pela inovação, com benefícios mensuráveis. Existem diversos métodos de para desenvolver e estimular a criatividade e com isso gerar inovações,design como a técnica de , excursões criativas fora do local de trabalho, prototipagem, dentre inúmerasbrainstorming outras que podem colaborar neste processo (MOZOTA, 2011). Sendo assim, as empresas que crescem são aquelas que desenvolverama capacidade de inovar continuamente. O sucesso da inovação parece depender de dois fatores: fontes técnicas, tais como, pessoal, equipamentos, conhecimento, dinheiro etc, e competências da organização para gerenciá-las no desenvolvimento de produtos e serviços (TIDD; BESSANT, 2015). A inovação pode ser classificada de acordo com segmento a que se destina, entretanto muitas inovações se correlacionam. Nesse sentido uma inovação um segmento pode refletir em inovações em outro. VOCÊ QUER LER? “Intuição, Ação, Criação”, da autora Ellen Lupton (2013), é uma obra que traz inúmeras ferramentas de criatividade, pesquisa, prototipação para colaborar com o processo criativo no processo de . Parte do que é uma abordagem do centrada nodesign design thinking, design usuário, e descreve casos com aplicações práticas das ferramentas em projetos. - -17 Quadro 3 - Inovações de produto, processo, paradigma, e marketing são algumas categorias que exemplificam como vem ocorrendo as inovações. Fonte: Elaborado pela autora, baseada em TIDD; BESSANT, 2015. Vale ressaltar que o alcance da inovação no setor de serviços cresceu muito, entretanto são mais fáceis de imitar, e suas vantagens competitivas adquiridas podem se dissipar rapidamente. Isso pode ocorrer por haver menos barreiras de proteção da propriedade intelectual, por exemplo. Há um crescente interesse nos modelos que envolvam os usuários no dos serviços. A inovação em serviços parece possuir um processo diferente pordesign lidar com o imaterial, mas a estrutura fundamental do processo é a mesma (TIDD; BESSANT, 2015). A “inovação de experiência” está sendo usada por empresas prestadoras de serviços para atrair os clientes. Estas empresas utilizam os serviços para criar um “local” de interesse onde as pessoas se envolvem em atividades por um período de tempo que as deixam com vontade de voltar. A Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na inovação de serviços se difere da inovação industrial, mas os processos podem ser semelhantes, considerando que P&D é o trabalho criativo, que gera conhecimento e que é usado para elaborar novas ofertas. Segundo Tidd e Bessant (2015) a inovação em serviços pode seguir os seguintes passos listados na interação a seguir. Clique para ler. 1. Busca – focada no cliente. 2. Experimentação e prototipagem – estendendo o conceito de “laboratório” para “estudos pilotos” e “aplicações experimentais, com possíveis usuários finais. 3. E ampliação do comprometimento com a atividade levando ao lançamento. Outro aspecto que vale ressaltar é que as inovações podem variar no nível de complexidade em incrementais e radicais. As inovações incrementais envolvem menos riscos que as inovações radicais, pois se parte de algo conhecido que é aprimorado. - -18 Quadro 4 - Comparativo entre as dimensões de uma inovação incremental para uma inovação radical. Fonte: Elaborado pela autora, baseada em TIDD; BESSANT, 2015. A inovação envolve diversos aspectos como: incertezas e riscos sobre os resultados, e investimentos que podem ser tanto financeiros ou outros ativos físicos, tais como materiais, como também aspectos intangíveis, como conhecimentos novos e existentes em uma organização. A inovação também é o transbordamento de ideias, muitas vezes a empresa que criou não se beneficiará da inovação em si, mas venderá seu uso em licença ou contratos, como também utilizará inovações de outras organizações. Consequentemente a inovação implementada gera vantagem competitiva e um diferencial em todos os setores em que se envolve (OCDE, 2005). A inovação no vem sendo utilizadas por outras áreas, design como para resolver problemas sociais em comunidades carentes e na educação, de modo que levem ao engajamento dos usuários com as propostas. São abordagens centradas no usuário, que torna-se um participante ativo no projeto, como o Human-Centered Design (HCD) que é uma abordagem centrada no usuário. O HCD foi desenvolvido pela IDEO. Trata-se de um processo centrado no ser humano e ao mesmo tempo um kit de ferramentas que busca gerar inovação em diversos setores, tais como produtos, serviços, ambientes, organizações e modos de interação. É uma abordagem que procura ouvir e entender o que as pessoas querem, para analisar sua praticabilidade tecnicamente, organizacionalmente e a viabilidade financeira. O processo do HCD é centrado em três partes: ouvir, criar e implementar. Na fase , a equipeouvir VOCÊ O CONHECE? Tim Brown é um dos autores pioneiros a abordar o centrado no ser humano e o design design O autor busca pela intersecção entre , negócios e estudos sociais parathinking. design desenvolver projetos e ideias pela convergência da tecnologia e das artes, bem como as maneiras pelas quais o pode ser usado para promover o bem-estar das pessoas quedesign vivem em economias emergentes. Brown fundou a IDEO, uma organização global de . Osdesign profissionais da IDEO utilizam a imaginação e ferramentas criativas para buscar a inovação em diversos segmentos. Saiba mais em: < >.https://www.ideo.com/ - -19 O processo do HCD é centrado em três partes: ouvir, criar e implementar. Na fase , a equipeouvir multidisciplinar coleta as informações para fase . Então, busca oportunidades de inovação e na fase criar planeja como lançar novas soluções.implementar Os profissionais da IDEO já desenvolveram projetos para aumentar a renda de pequenos agricultores, colaboração com artesão locais em comunidades carentes, projeto para desenvolver exames de vistas para crianças em vilarejos da Índia, dentre muitos outros. Portanto, a inovação no pode ser utilizada em diversos segmentos para gerar bem-estar social, bem comodesign o desenvolvimento sustável, explorando a criatividade e inovação do para diversas áreas.design Síntese Chegamos ao final do capítulo. Aprofundamos nossos conhecimentos sobre a sociedade de consumo, que é complexa e exige análise especifica em cada projeto. O processo de envolve aspectos sociais, ambientais edesign econômicos. Nesse sentido, é fundamental entender que um projeto impacta inúmeras pessoas, e mais ainda o planeta. Soluções em podem levar a inovações que beneficiem a sociedade de uma forma ampla. Por fim,design podemos concluir que o é uma atividade central na sociedade de consumo, no desenvolvimentodesign sustentável e na geração de inovações. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: • compreender as relações entre sociedade industrial e sociedade de consumo, bem como suas relações com a cultura e o .design • conhecer como os s podem atuar eticamente e algumas formas de proteger as inovações no designer ;design • entender o que é o para a sustentabilidade, e como o pode atuar em um projeto para que design designer seja sustentável; • aprender sobre o processo de inovação e quais as suas relações com o .design VOCÊ O CONHECE? Marcelo Rosembaum é um que busca entender e valorizar o ser humano pelo edesigner design arquitetura. Marcelo valoriza a cultura nacional pelas cores, artesanato e todas as demais artes que representam o Brasil. Criou o escritório de e inovação Rosembaum, empresa quedesign tem como foco o conceito morar em todos os sentidos, que busca por meio da imersão entender os problemas, se conectando com as histórias das pessoas e colocando o comodesign um agente de comunicação e transformação. Conheça seus projetos em: < >.http://rosenbaum.com.br/projetos/todos-os-projetos/ • • • • - -20 Bibliografia A CONSPIRAÇÃO da lâmpada. Direção: Cosima Dannoritzer. Produção de RTVE, Televisión Española, Televisão da Catalunha. Espanha: 2010. BACKX, H. B. Design e Propriedade Intelectual: vínculos e interações. 2013. Tese (Doutorado em ) –Design Departamento de Artes e , Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro.Design BRASIL. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: < >. Acesso em: 21http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9610.htm /01/2019. ______. Projeto de lei 1.391, de 18 demaio de 2011. 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Acessibilidade e Usabilidade em Produtos, Serviços e AmbientesDesign Inclusivo - -21 SIMÕES, J. F.; BISPO, R. . Acessibilidade e Usabilidade em Produtos, Serviços e AmbientesDesign Inclusivo Manual de apoio às ações de formação do projeto Inclusivo. 2006. Edição da Divisão de Formação daDesign Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 2006. TIDD, J.; BESSANT, J. . 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.Gestão da Inovação VÁZQUEZ, A. . 15. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.Ética VIEIRA, T. G. Moda e controle: as vestimentas e adornos nas leis suntuárias em valladolid na baixa idade média. 2017. Dissertação (Mestrado em Artes, Cultura e Linguagens) - Instituto de Artes e Design (IAD), Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora. WACHOWICZ, M.; SILVA, R, O, C. Direito autoral e economia criativa: a construção de uma economia preocupada com a criatividade. Liinc em Revista, v.7, n.2, Rio de Janeiro, p. 556 – 572, out. 2011.
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