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Curso_ 221RGR3015A - SAUDE COLETIVA (6)

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SAÚDE COLETIVA
UNIDADE 4 - MODELOS, ORGANIZAÇÃO E
PROMOÇÃO EM SAÚDE NO ÂMBITO DO SUS
Autoria: Averlândio Wallysson Soares da Costa – Revisão técnica: Patrícia
Passos Simões
Introdução
Nesta última unidade, fortaleceremos uma discussão fundamental para a formação de profissionais na
área da Saúde Coletiva. Você já se perguntou qual deve ser a forma de atuação em saúde? Se existe
uma forma correta ou não de atuar? A partir de agora, veremos sobre os Modelos de Atenção à Saúde,
que funcionam como estruturas idearias para explicar os modos de intervenção em saúde.
Você já deve ter se interrogado sobre o que seria prevenção e promoção em saúde. Sabe se há alguma
diferença? Para esclarecer essas questões, estudaremos sobre essa temática, aprendendo sobre cada
um desses aspectos e compreendendo que ambos são instrumentos para a operacionalização da
atenção à saúde.
Para todo esse processo, é preciso organizar equipes e serviços que atendam a tais demandas, então,
como os serviços de saúde se organizam para atender às necessidades de saúde de indivíduos e
coletividades? Para isso, elucidaremos sobre os níveis de atenção à saúde e a organização dos serviços
em Redes de Atenção à Saúde (RAS).
Como já é possível perceber, esta unidade será incrível e você não perde por esperar tudo o que vem por
aí. Então, segure firme e embarque nessa importante viagem.
Bons estudos!
4.1 Modelos de Atenção à Saúde no Brasil
Neste tópico iremos promover uma importante discussão sobre os Modelos de Atenção à Saúde no
Brasil, a partir do arcabouço teórico fundamental para a construção da atuação profissional e manejo
das necessidades de saúde de indivíduos e coletividades em um espaço e tempo delimitado.
4.1.1 Modelos de Atenção: conceitos introdutórios
Em um primeiro momento é fundamental estabelecer o conceito de modelo. Acredito que pensar sobre o
que seria um modelo remete a ideia de um padrão a seguir, algo que serve de base para alcançar uma
determinada condição homogênea. Na saúde essa concepção se aplica, já que os Modelos de Atenção
são padrões organizativos de formas de atuação em saúde.
Desse modo, é importante frisar que, quando lidamos com saúde na perspectiva da determinação social
da saúde, a multiplicidade e complexidade de formas de construir saúde precisam ser consideradas.
Portanto, precisamos, inicialmente, compreender que os modelos não podem engessar ou mesmo
limitar a atuação, ao contrário, devem ser tratados como formas e impulsos para a reflexão e crítica aos
processos.
No Brasil, predominam dois modelos, que atuam de forma paralela e contrária: o modelo Médico
Hegemônico e o Sanitarista. O primeiro, como o próprio nome traz, é hegemônico na sociedade,
denotando o maior uso e exequibilidade na sociedade. O segundo, diz respeito a um modelo que,
mesmo atuante na sociedade, tende a ser usado bem menos em relação ao hegemônico, ocupando uma
menor relevância social, enfrentando dificuldades em sua execução, principalmente, pelos modelos
econômicos e políticos da sociedade, como o neoliberalismo/capitalismo (PAIM, 2014).
O Modelo Médico Hegemônico está centrado em um formato mais pautado nos ideais econômicos e na
lógica de lucro oriunda do capitalismo/neoliberalismo. Tende ao individualismo a concepção da saúde-
doença como mercadoria, que pode ser comercializada para obtenção de lucro. E como tal, dá ênfase ao
biologicismo, medicalização dos problemas, estímulo ao consumismo médico, participação passiva e
subordinada dos consumidores perante a figura do profissional de saúde.
O Modelo Sanitarista teve suas primeiras expressões no início da década de XX, e remete à ideia de
campanha, campanhas de vacinação, controle de epidemias, erradicação de endemias; e ainda aos
programas, programas de controle de tuberculose, saúde da criança, saúde mental, saúde da mulher,
entre outros. Tende a uma abordagem epidemiológica, no sentido de controle e erradicação de situações
de saúde, assim como uma vigilância em saúde que atenda a tais necessidades (PAIM, 2014).
Em termos conceituais e levando em consideração nossos objetivos, serão abordadas 4 estratificações,
duas de cada modelo. Em relação ao Modelo Médico Hegemônico, serão apresentadas noções sobre o
Modelo Médico Assistencial Privatista e o Modelo de Atenção Gerenciada. Quanto ao Modelo
Sanitarista, serão detalhados conceitos sobre Campanhas Sanitárias e Programas e sobre Vigilância
Sanitária e Epidemiológica, de acordo com Paim (2014). Veja a seguir.
Os Modelos de Atenção à Saúde devem englobar técnicas e tecnologias para resolver problemas e
atender às necessidades de saúde individuais e coletivas. Materializando-se como maneiras de
intervenção em saúde, acompanhando as demandas e necessidades da sociedade.
VOCÊ SABIA?
O modelo Médico Flexneriano teve sua origem nos Estados Unidos e
caracteriza-se pela perspectiva exclusivamente biologicista da doença, com
negação dos determinantes sociais de saúde. Tendo no hospital o local para a
execução desse modelo e o estímulo à disciplinariedade e uma abordagem
reducionista do conhecimento.
Modelo Médico Hegemônico 
Modelo Médico Assistencial Privatista é a versão mais
conhecida do Modelo Médico Privatista. Aproxima-se da
Medicina Flexneriana, fortalecendo a clínica e os procedimentos
e serviços especializados, com uma demanda espontânea.
Modelo da Atenção Gerenciada teve seu desenvolvimento
substancial com o incremento dos planos e seguros de saúde,
tendo uma abordagem extremamente focada no custo-
efetividade, custo-benefício. Utiliza técnicas com intuito de
uniformizar condutas, utilizando uma prática baseada em
Modelo Sanitarista 
evidências e protocolos assistenciais. Fortalecendo, assim, a
contenção da demanda e a racionalização dos serviços e
procedimentos. 
 
 
Campanhas Sanitárias e Programas têm seu arcabouço teórico
nos conhecimentos e fundamentos biológicos e
epidemiológicos. Inclina-se para uma gestão verticalizada, em
que o centro decisório está em um nível hierárquico superior e
todos os demais reproduzem as ações estabelecidas. Possui um
plano de ação para determinados riscos e agravos e/ou
determinados grupos populacionais.
Vigilância Sanitária e Epidemiológica contempla a Vigilância
Sanitária, que se centra nos riscos, utilizando dos saberes da
biomedicina e epidemiologia, do saber jurídico; e a Vigilância
Epidemiológica centrada no controle dos danos, utilizando dos
fundamentos biológicos, estatísticos e epidemiológicos. 
 
4.2 Promover e prevenir em saúde
Neste tópico iremos elucidar sobre dois pontos que estão sempre interligados e, muitas vezes, são
entendidos como sinônimos. Porém, iremos perceber que há diferenças, estamos nos referindo à
prevenção e a promoção da saúde. Aqui, iremos discutir sobre cada um desses conceitos, com vistas ao
fortalecimento da sua aplicabilidade.
4.2.1 Promoção da saúde
As intensas mudanças na sociedade, no decorrer da história, contribuíram para as transformações nos
modos de compreender e dar sentido à vida. Como a saúde e a doença são produtos dessa
transformação, nesse contexto, passaram e vem passando por mudanças nas formas de atuação.
Assim, as formas de lidar com a saúde e a doença passaram por mudanças, inclusive nas formas de
atuação. No período após a Revolução Industrial, em todo o mundo, percebe-se um acréscimo do ideário
da preservação da saúde e controle de vulnerabilidades, com intuito, a princípio, de diminuir as
incapacidades e evitar o adoecimento da mão de obra operante.
Essas mudanças, mesmo que com objetivos econômicos, em primeiro momento, embaladas pelo
fortalecimento da concepção de saúde de forma complexa e abrangente, culminaram na necessidade de
formulação de estratégias que viessem a controlar riscos e, assim, diminuir o adoecimento e
consequências das patologias.
No Brasil, as primeiras expressões de saúde pública utilizaram ferramentas higienistas e sanitárias para
controle de vetores, contaminantes e diminuição de riscos de doenças. Com práticas limitadas e pouco
abrangentes, não resultou em expressivo êxitoa nível coletivo. Posteriormente, ascendem movimentos
com intuito de uma reforma a essa situação, a Reforma Sanitária Brasileira que abarcou ideias de
práticas que promovessem a integralidade de ações e condutas.
Posteriormente, em 1988, a VIII Conferência Nacional da Saúde (CNS) promove o fortalecimento da
concepção de saúde como um direito, um direito democrático inclusive, ascendendo outras demandas
como a construção de um sistema único e descentralizado. Tais conduções culminaram na necessidade
de construção conceitual em legislação do que seria saúde, que abarcou as concepções amplas que
traziam os determinantes e condicionantes de saúde como influências ao processo saúde-doença.
Essa condição de entendimento amplo de saúde como parte de uma determinação social, por
influências em nível internacional da Carta de Otawa, documento produzido na I Conferência
Internacional de Promoção da Saúde, introduziu a concepção teórica e operativa da promoção à saúde
em níveis mundiais (BASSINELLO, 2014).
VOCÊ O CONHECE?
Jairnilson Silva Paim é professor Titular de Universidade Federal da Bahia e
Professor Honoris Causa da Universidade Estadual de Feira de Santana. Possui
uma vasta literatura na área de saúde pública e saúde coletiva, sendo um dos
autores contemporâneos mais lidos no que diz respeito à construção do SUS e seus
reflexos atuais.
#PraCegoVer: na imagem há uma pirâmide construída de blocos, cada bloco apresenta um símbolo
relacionado à saúde, como estetoscópio, comprimido, gosta de sangue, cruz vermelha e cadeira de
rodas.
 
Com a construção do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, há um incremento do conceito ampliado
de saúde, com o acréscimo de políticas públicas, participação social, regionalização, coparticipação e
intersetorialidade, que são as bases para a promoção da saúde. Nesse sentido, há uma sinergia entre as
ações para melhoramento da qualidade de vida e para a afirmação do direito à vida e à saúde,
dialogando com a promoção da saúde.
Mas aqui, se faz necessário estabelecermos, em termos conceituais e práticos, o que seria promoção da
saúde, já que se trata de todo o conjunto de políticas, planos, programas de saúde pública com intuito de
favorecer a saúde das pessoas. Em outros termos, podemos definir com a série de medidas protetivas
com intuito de manejar os condicionantes e determinantes de saúde, favorecendo o autocuidado,
cidadania, liberdade, democracia e comprimento de direitos (BASSINELLO, 2014).
Figura 1 - Saúde de forma integrada
Fonte: Monster Ztudio, Mediapool, 2020.
Na condição ampliada de saúde, os modos de vida se referem a arranjos do sujeito e coletivo, de sua
interação no meio social, em todas as diversas áreas de abrangência, não só no âmbito da saúde.
Portanto, os modos de viver superam o modo tradicional de formas individuais de expressão da vontade,
para características do grupo, das coletividades e como o processo tem acontecido na sua própria vida,
ao passo que tem suas necessidades atendidas, novas são configuradas pela própria construção e
reconstrução em seu contexto.
A promoção da saúde também mantém relação com Vigilância em Saúde, articulando e reforçando a
exigência de um movimento integrador no estabelecimento de consensos e sinergias, assim como na
execução dos planos governamentais, a fim de que as políticas públicas sejam exequíveis e adequadas
à saúde da população (ROCHA, 2012).
A cidadania, na perspectiva da promoção da saúde, é peça fundamental do processo, tendo sua
expressão por meio da criatividade e do espírito inovador que torna os indivíduos como atores principais
no processo de construção da saúde. Participando de todas as etapas, desde a captação e identificação
das necessidades, o planejamento, execução e avaliação das medidas e ações de saúde.
VOCÊ QUER VER?
No vídeo Abertura do ano letivo ENSP 2014  há uma importante entrevista com
Jairnilson Paim, em que ele faz uma reflexão sobre saúde pública e saúde coletiva
de suma importância para a construção de conhecimento sobre essa área
temática. Confira em:  https://www.youtube.com/watch?
time_continue=2&v=xuUXD0SJJpE&feature=emb_logo
(https://www.youtube.com/watch?
time_continue=2&v=xuUXD0SJJpE&feature=emb_logo).
https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=xuUXD0SJJpE&feature=emb_logo
#PraCegoVer: na imagem há duas senhoras em um parque verde, elas estão sorrindo e se exercitando
com bambolê.
 
Para tanto, exigirá a participação de todas as expressões da comunidade, isto é, usuários, trabalhadores
da saúde, gestores, prestadores, entre outras expressões. Buscando sempre contribuir e pensar
coletivamente uma prática que é também coletiva. Promover saúde é pensar o todo, para todos, com
todos e com vistas a sua integralidade (ROCHA, 2012).
A promoção da saúde é, assim, uma estratégia de produção de saúde, ou seja, é um modo de pensar e
de intervir nas políticas e tecnologias desenvolvidas em um sistema de saúde. Podemos compreender o
SUS como uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-doença. Em um
país com iniquidades como o nosso, temos determinantes como: violência, desemprego, subemprego,
falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação,
urbanização não planejada, fome, poluição, que são influenciados pelos modos de intervir nas políticas e
programas de saúde.
Figura 2 - Vida saudável
Fonte: Rawpixel.com, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: na imagem há dois desenhos, cada um com três garotos que tentam olhar por cima de
um muro. Na primeira figura está escrito “igualdade” e cada um dos garotos está em cima de uma caixa,
assim, o garoto mais baixo não consegue ver o que acontece no outro lado do muro. Na segunda figura
está escrito “equidade” e os mesmos garotos aparecem, mas com uma distribuição diferente das caixas,
o mais baixo fica com duas caixas e, assim, fica mais elevado e consegue ver, já o mais alto não fica
com caixa e mesmo assim consegue ver.
 
O Ministério da Saúde, por meio da Portaria MS/GM nº 687, de 30 de março de 2006, propõe a Política
Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), com vistas a enfrentar os desafios de produção da saúde em
um cenário sócio-histórico complexo e que precisa ser considerado quanto aos aspectos sanitários e da
própria situação de saúde.
A promoção da saúde por meio da PNPS se coloca como um mecanismo de empoderamento e
implantação de uma política que seja transversal, integrada e intersetorial, que possibilite uma relação
entre as diversas áreas dos setores da saúde, mas também de outros. Essa articulação se dá entre os
diversos setores, não só públicos, mas também privados. Na verdade, se estabelecem as seguintes
Figura 3 - Igualdade x equidade
Fonte: SOU+SUS, 2020.
relações: sujeito/coletivo, público/privado, estado/sociedade, clínica/ política, setor sanitário/outros
setores, buscando ultrapassar a constante fragmentação na abordagem do processo saúde-doença. A
política irá, então, fomentar os princípios e diretrizes do SUS.
4.2.2 Prevenir em saúde
A partir de agora iremos produzir uma discussão sobre uma interface aplicativa da promoção da saúde,
que é a prevenção. A prevenção em saúde se relaciona à aplicabilidade dos modos de controle e
redução de riscos e vulnerabilidades pautados em uma determinada situação. Ao contrário da
promoção, que tende a abarcar a saúde de forma geral, na prevenção conseguimos nos deter a
patologias especificas ou hábitos, por exemplo.
A prevenção é classificada em níveis de acordo com sua sistemática e o que se propõe. Há quatro níveis
de prevenção, descritos a seguir.
 
Prevenção Primária
Trata-se de das medidas de remoção de causas e fatores de risco sobre um problema de saúde
individual ou coletivo, mas antes da existência da condição clínica/doença. Assim, trata-se de ações
com intuito de amenizar os riscos e fatores que levem ao adoecimento, por exemplo, aqui adentram
medidas de promoção da saúde e proteções especificas, como imunização, orientação de atividade
física, hábitos alimentares e de vida paramanter uma vida saudável (BRASIL, 2013).
Prevenção Secundária
VOCÊ QUER LER?
É muito importante uma leitura complementar sobre uso e apropriação de
tecnologias para o cuidado em saúde, permitindo conhecer as tecnologias leves,
leve-duras. Para isso, vale a pena a leitura do texto A utilização e a apropriação das
tecnologias do cuidado, disponível
em:  https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/14844/mod_resource/content/2
/un01/index.html
(https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/14844/mod_resource/content/2/un
01/index.html).
•
•
https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/14844/mod_resource/content/2/un01/index.html
Trata-se das medidas com intuito de detectar um problema de saúde em fases iniciais, de preferência
em estágios subclínicos, no indivíduo ou coletividade. A perspectiva aqui é o diagnóstico precoce, a
diminuição dos dados de um possível agravamento e dos efeitos que a doença, propriamente dita, pode
causar. Como exemplos temos os testes e medidas de rastreamento como os exames citopatológicos
preventivos de câncer de colo de útero, testes rápidos de HIV, Sífilis, Hepatite, entre outros (BRASIL,
2013).
Prevenção Terciária
Consiste na ação implementada para a redução dos danos/prejuízos de uma determinada condição de
saúde/patologia a um indivíduo ou população. Adentra aqui a reabilitação da saúde, a fim de que os
danos possam ser controlados ou que novos danos não venham a acontecer, por exemplo, a prevenção
de complicações do Diabetes Mellitus ou Hipertensão Arterial Sistêmica, ação de reabilitação de um
paciente pós Infarto Agudo do Miocárdio ou Acidente Vascular Encefálico.
Prevenção Quaternária
Trata-se de um nível recente de prevenção, oriunda das intervenções e técnicas realizadas de forma
excessiva nos indivíduos e coletividades. Dessa forma, consiste na proteção dos indivíduos e/ou
coletividades para intervenções médicas inapropriadas, com intuito de oferecer alternativas eticamente
aceitáveis, como cuidados paliativos para pacientes oncológicos (BRASIL, 2013).
 
A prevenção tem como objetivo, assim, a redução do risco de se adquirir uma doença específica,
reduzindo a probabilidade de que uma doença ou desordem venha acarretar algum dano ao indivíduo,
família ou coletividades (BRASIL, 2013).
•
•
4.3 Atenção à saúde e sua organização
Como já percebemos, as necessidades de saúde são múltiplas e adentram os mais diversos contextos
para serem atendidas. Dessa forma, os sistemas de saúde precisam estar organizados de modo que
possam abarcar as diversas nuances de necessidades e serviços a serem prestados.
4.3.1 Níveis de atenção à saúde
Nesse sentido, temos o estabelecimento dos níveis de atenção à saúde, que são arranjos
organizacionais, a fim de tornar os serviços e estabelecimentos de saúde aptos e adequados para o
atendimento das reais necessidades dos indivíduos e coletividades. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define três níveis de atenção à saúde: primário, secundário e terciário. Esses termos são os
mundialmente utilizados. No Brasil, há adaptações para a atenção básica, média e alta complexidade,
respectivamente análogos aos termos da OMS.
Veja quais são os níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2018).
 
Atenção Primária
Nesse nível se encontram as situações com densidade tecnológica mais baixa, tendo um foco em
atividades de cunho generalista de prevenção e promoção da saúde. O foco é o atendimento de
pacientes estabilizados e com grau de cuidados que não demandem urgência e emergência, ou seja,
aqui se encontram os serviços de eletivos (agendados), programas de doenças crônicas como
Hipertensão e Diabetes, pré-natal, atividades de triagem como testes rápidos e outros. No Brasil, esse
nível é representado pela Atenção Básica, materializado no cenário da Unidade Básica de Saúde, que é
porta de entrada para os demais níveis e ao próprio SUS.
Atenção Secundária
•
•
Nessa etapa estão concentrados os serviços de saúde especializados em nível ambulatorial e
hospitalar. De forma geral, tendem a ser regulados pela atenção primária ou ainda podem ser acessados
diretamente. Incluem serviços ambulatoriais especializados com serviços e consultas de
especialidades, como cardiologia, oftalmologia, endocrinologia etc., além de serviços de apoio ao
diagnóstico, Policlínicas, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), entre outros.
Atenção Terciária
Nesse nível estão os serviços de grande aporte tecnológico, especializados e de alto custo, abarcando
intervenções reabilitadoras. Incluem serviços como cirurgias, internação e demais condutas de alta
complexidade. São exemplos procedimentos em oncologia (incluindo quimio e radioterapia), cardiologia,
oftalmologia, transplantes, parto em gestações de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise
(ou terapia renal substitutiva - TRS), cirurgias (como a bariátrica), reprodução assistida, otologia
(destinada ao tratamento de doenças no aparelho auditivo), dentre outras. Incluem-se também a
ressonância nuclear magnética e a medicina nuclear, hemoterapia. Além do fornecimento de próteses
ósseas, marca-passos, stendt cardíaco etc.
 
É importante frisar que esses níveis seguem uma ordem crescente de complexidade e aparato
tecnológico, a fim de termos a garantia de que cada paciente seja atendido no nível que necessita de
atenção à saúde. O entendimento de quais são as necessidades e ofertas que cada nível pode oferecer é
de grande importância, de modo a organizar e sistematizar os atributos de cada serviço.
4.3.2 A Atenção Básica como a porta de entrada do sistema
A Atenção Básica (AB) representa a Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil e se configura como a
porta de entrada ao sistema, devendo ser resolutivo para a maioria das demandas que chegam ao seu
campo. Ser a porta de entrada representa, assim, estar apta a receber e gerenciar todos os serviços ao
qual se propõe e se responsabiliza, conforme regulamenta a Política Nacional de Atenção Básica
(PANB).
•
VOCÊ QUER LER?
Para reforçar a discussão aqui trabalhada, é de suma importância a leitura da
Portaria 2.436/2017 do Ministério da Saúde
(https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html),
que regulamenta a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB).
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html
E tal responsabilização é o que mais caracteriza esse nível de atenção, pois temos na Atenção Básica
um ponto de encontro para o exercício dos princípios e diretrizes do SUS, tornando-os práticos e
exequíveis. Para fortalecer tal concepção vamos elucidar os atributos da APS, de acordo com Gondim,
Grabois e Mendes Júnior, 2011. Veja quais são.
 
Garantia de acesso, fortalecendo o ideário de universalidade;
Ser a porta de entrada ao sistema e a rede de serviços;
Longitudinalidade com intuito de fortalecer o vínculo do
serviço/equipe ao indivíduo/família/comunidade;
Integralidade de ações e serviços;
Coordenação de serviços, organizando o fluxo e direcionamento
do usuário/família ao serviço de saúde;
Enfoque familiar, o foco é justamente a família em suas
interações e direcionamentos;
Orientação da comunidade, fortalecendo o controle social.
 
Em termos conceituais a AB se caracteriza como um conjunto de ações e atividades de saúde,
adentrando a promoção e proteção da saúde, assim como prevenção de agravos, diagnóstico,
tratamento, reabilitação e manutenção da saúde, a nível individual e coletivo.
A figura a seguir demostra os valores que um serviço de atenção primária/atenção básica necessita
conglomerar a fim de ter êxito.
•
•
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•
#PraCegoVer: na imagem há um organograma com várias palavras ao redor, deve-se ler do centro para a
periferia e assim são representados os princípios-atributos da atenção primária à saúde.
 
As práticas desenvolvidas pela AB acontecem por meio de exercício de práticas gerenciais e sanitárias,
de forma democrática e participativa, que se dão por meio de trabalhos em equipe, dirigidos a
populações em territórios delimitados. Essa equipe assume, então, a responsabilidadesanitária por uma
área territorial delimitada, utilizando tecnologias de complexidade, mas de baixa densidade tecnológica,
a fim de resolver os problemas de saúde de maior frequência e importância em sua área adscrita
(GONDIM; GRABOIS; MENDES JÚNIOR, 2011).
Figura 4 - Elementos essenciais de um serviço de APS
Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em GONDIM; GRABOIS; MENDES JÚNIOR, 2011.
#PraCegoVer: a imagem é o símbolo da Atenção Básica, há a representação de um homem, uma mulher
e uma criança nas cores azul, vermelho e branco, respectivamente. Atrás deles tem a representação de
uma casa e um prédio.
 
A AB considera o sujeito em sua singularidade e complexidade, dessa forma, busca uma atenção
integral que, como está inserida no território do usuário/ família/ comunidade, consegue se adaptar e se
inserir nos contextos socioculturais em que está contida. A seguir são apresentados os princípios e
diretrizes do SUS e da RAS a serem operacionalizados na Atenção Básica, de acordo com o Ministério da
saúde (2017).
Regionalização e hierarquização: dos pontos de atenção da RAS, tendo a AB como ponto de
comunicação. Considera-se regiões de saúde um recorte espacial estratégico para fins de planejamento,
organização e gestão de redes de ações e serviços de saúde em determinada localidade. A
hierarquização é uma forma de organização de pontos de atenção da RAS entre si, com fluxos e
referências estabelecidas.
Figura 5 - Atenção Básica
Fonte: BRASIL, 2018.
População adscrita: população que está presente no território da AB, de forma a estimular o
desenvolvimento de relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, garantindo
a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser referência
para o seu cuidado.
Cuidado centrado na pessoa: aponta para o desenvolvimento de ações de cuidado de forma
singularizada, que auxilie as pessoas a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a
confiança necessária para gerir e tomar decisões sobre sua própria saúde e seu cuidado de saúde de
forma mais efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas necessidades e
potencialidades, na busca de uma vida independente e plena. A família, a comunidade e outras formas
de coletividade são elementos relevantes, muitas vezes, condicionantes ou determinantes na vida das
pessoas e, por consequência, no cuidado.
Resolutividade: reforça a importância de a AB ser resolutiva, utilizando e articulando diferentes
tecnologias de cuidado individual e coletivo, capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica
e sanitariamente efetivas. Centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia
dos indivíduos e grupos sociais, deve ser capaz de resolver a grande maioria dos problemas de saúde da
população, coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quando necessário.
Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade da relação de cuidado, com construção de
vínculo e responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo permanente e
consistente, acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de outros elementos na vida das
pessoas, evitando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia, que são decorrentes do
desconhecimento das histórias de vida e da falta de coordenação do cuidado.
Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção
das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção,
responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer um desses pontos por meio de uma
relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção
integral. Articulando também as outras estruturas das redes de saúde e intersetoriais, públicas,
comunitárias e sociais.
Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade,
organizando as necessidades dessa população em relação aos outros pontos de atenção à saúde,
contribuindo para que o planejamento das ações, assim como a programação dos serviços de saúde,
parta das necessidades de saúde das pessoas.
Participação da comunidade: estimular a participação das pessoas, a orientação comunitária das ações
de saúde na Atenção Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar sua
autonomia e capacidade na construção do cuidado. Considerando ainda o enfrentamento dos
determinantes e condicionantes de saúde, por meio de articulação e integração das ações intersetoriais
na organização e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais centradas nas pessoas e no
exercício do controle social.
As responsabilidades da AB na RAS são:
Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos
de atenção da RAS.
Gerir a referência e contrarreferência em outros
pontos de atenção.
•
•
•
Estabelecer relação com os especialistas que
cuidam das pessoas do território.
4.3.3 Estratégia Saúde da Família
Nos serviços de AB temos a Estratégia Saúde da Família (ESF), que busca promover a qualidade de vida
da população brasileira e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade
física, má alimentação e o uso de tabaco. Com atenção integral, equânime e contínua, a ESF se fortalece
como uma porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), visa à reorganização da APS no país, de
acordo com os preceitos do SUS, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores estaduais e municipais
como estratégia de expansão, qualificação e consolidação da APS. Por meio da ESF é possível reorientar
o processo de trabalho com maior potencial para aprofundar os princípios, diretrizes e fundamentos da
atenção primária, e ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pessoas, além de
propiciar uma importante relação custo-efetividade. 
É importante frisar que a ESF está ligada a Unidade Básica de Saúde (UBS) local, que é o espaço em que
estão contidas as equipes. Uma ESF é composta por uma equipe multiprofissional que possui, no
mínimo, um médico generalista ou especialista em saúde da família ou família e comunidade, um
enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, um técnico de Enfermagem e os Agentes
Comunitários de Saúde (ACS). Acresce-se ainda as equipes de Saúde Bucal, composta por odontólogo,
preferencialmente especialista em saúde da família e Técnico em Saúde Bucal.
Cada ACS terá no máximo 750 pessoas cadastradas sob sua responsabilidade, isto é, em sua microárea.
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com a base populacional, critérios
demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos. Cada equipe de saúde da família deve ter no
máximo 4.000 pessoas cadastradas em sua área.
VOCÊ QUER VER?
A Estratégia Saúde da Família é uma das ações mais exitosas do SUS, no sentido
de desenvolver uma atenção integral às famílias e coletividade. De forma breve e
dinâmica, o vídeo Estratégia Saúde da Família traz  uma boa demonstração dessa
prática. Assista em:  https://www.youtube.com/watch?v=lT3VmVbdxsU
(https://www.youtube.com/watch?v=lT3VmVbdxsU)
https://www.youtube.com/watch?v=lT3VmVbdxsU
Como forma de dar apoio à ESF e ainda fomentar a integralidade na atenção à saúde, as
unidades/equipes poderão ainda contar com os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), mesmo
atualmente não tendo mais padrão fixo para a sua composição. Já que cada gestor pode organizar
essas equipes de acordo com suas necessidades e possibilidades, tais equipes funcionam como rede
de apoio e referência em diversos serviços como: médico acupunturista, assistente social, profissional
de educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista e obstetra,
médico Homeopata, nutricionista, psicólogo, médico pediatra e geriatra, terapeuta ocupacional, médico
psiquiatra; terapeuta ocupacional; médico geriatra; médico internista (clínica médica), médico do
trabalho, médico veterinário, profissional com formação em arte e educação (arte educador)e
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-graduação
em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa
vigente.
O NASF constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de
profissionais da saúde, complementar às equipes que atuam na AB. É formada por diferentes ocupações
(profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de maneira integrada para dar suporte (clínico,
sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica
(eAB).
4.4 Redes de Atenção à Saúde
Neste tópico iremos abordar a operacionalização dos serviços de saúde de acordo com os níveis de
atenção e, assim, possibilitar a execução dos diversos serviços e possibilidades de atenção à saúde.
Isto é, trabalharemos aqui sobre as Redes de Atenção à Saúde (RAS) que, no contexto SUS, se tornam de
fundamental importância e aplicabilidade.
Inicialmente, é importante compreender que as RAS são arranjos de ações e serviços de saúde, de
diversos níveis tecnológicos e de atenção, que se conectam em um processo organizativo de forma
técnica, logística e de gestão, garantindo o cumprimento da integralidade do cuidado.
Tais arranjos se organizam de forma sistematizada, a fim de responder as necessidades específicas de
saúde por meio de um ciclo de atenção que abarque todas as situações do usuário que está imerso na
rede. Não importa a necessidade de saúde que se tenha e se essa será sanada pela Atenção Primária,
Secundária ou Terciária, todos os níveis de atenção estarão organizados e conectados de forma a
promover o cuidado integral (BRASIL, 2018).
Salienta-se que a coordenação das RAS fica sob a responsabilidade da AB. Como porta de entrada ao
sistema e o nível de atenção que garante o atendimento ao máximo de demandas dos usuários, a AB é o
serviço que terá relação direta com todos os outros serviços da rede, de modo a permitir o acesso e a
resolutividade do sistema perante o que se propõe.
As RAS estão organizadas e situadas dentro de uma região de saúde. Essa região está contida em uma
área delimitada geograficamente e organizada por meio de Comissões Intergestores, que atuam na
organização e funcionamento das atividades e serviços de saúde parte da rede, a nível municipal,
estadual e federal, a depender da rede a que se propõem. A figura a seguir demostra um exemplo de
RAS, em que a Unidade Básica de Saúde atua como coordenadora.
#PraCegoVer: na imagem há várias figuras de serviços de saúde, no centro está a UBS que, por meio de
setas de sentido duplo, faz conexão com a UPA, hospital, ambulatório de especialidades, telessaúde,
academia da saúde, CRAS e outros.
 
A seguir são apresentadas as principais características das RAS, a partir das quais percebemos a
importância do fortalecimento da integralidade, regionalização e equidade das ações e serviços
(BRASIL, 2014).
Figura 6 - Rede de Atenção à Saúde
Fonte: BRASIL, 2020.
Composição de relações horizontais entre os serviços da rede, tendo a Atenção Básica no
centro da comunicação. 
As necessidades de saúde da população no centro da atenção.
 
Fortalecimento de uma atenção contínua e integral. 
 
 
Para a construção de uma RAS é importante atentar-se para alguns pontos como a definição clara da
população e território; diagnóstico situacional em que se identifique as maiores necessidades da
população adscrita; definição dos objetivos a alcançar; articulação do público com o privado;
estabelecimento de um sistema logístico e de suporte; investimento nas pessoas/equipes; definição de
sistema de regulação e governança da rede; e financiamento sustentável (BRASIL, 2014). 
Cuidado multiprofissional.
Compartilhamento de metas e compromisso com os resultados sanitários e econômicos. 
 
CASO
Maria Tereza tem 48 anos, 2 filhos gêmeos e é casada com José Felipe, de 51
anos. Essa família faz parte da área adscrita da UBS Esperança, que é responsável
pelas famílias do bairro. A unidade é composta por um médico, um enfermeiro, um
técnico de enfermagem, um dentista e um técnico em saúde bucal e seis agentes
comunitários de saúde (ACS), sendo que cada um fica responsável por uma
microárea, já que a área da unidade é dividida em seis microáreas.
A UBS presta diversos serviços com foco na saúde da família, é por isso que os
filhos de Maria Tereza fazem acompanhamento de consultas de crescimento e
desenvolvimento com o enfermeiro e o médico, tomam vacinas e já foram
referenciados para um acompanhamento com nutricionista na policlínica da
região.
José Felipe faz acompanhamento nas consultas de Hiperdia, já que é hipertenso e
toma regularmente anti-hipertensivos, faz acompanhamento com o médico da
unidade e anualmente é referenciado para o cardiologista da clínica especializada
do município.
Maria Tereza fez o pré-natal na própria unidade com o médico e o enfermeiro e foi
referenciada para a maternidade no momento do parto. Quando recebeu alta teve
a visita da equipe para a sua avaliação e dos bebês. Além de receber regularmente
a visita da ACS Juliana, que acompanha todas as questões de saúde da família e
sempre orienta sobre dúvidas que surgem.
E foi em uma dessas visitas que Maria Tereza foi lembrada da necessidade de
fazer o exame preventivo de câncer de colo de útero (PCCU), que estava atrasado,
pois o último tinha sido realizado há mais de 3 anos. Foi agendado o PCCU e no
dia e horário Maria Tereza foi recepcionada pelo enfermeiro da unidade que
realizou o procedimento e prestou as informações necessárias.
Após 15 dias do exame, ela foi contactada pelo enfermeiro solicitando sua
presença na unidade, lá foi informada que o seu exame constatou uma lesão que
precisaria ser averiguada com maior precisão e com maior aporte tecnológico e
especialização. Sendo assim, foi referenciada para o centro de especialidades do
município, onde teve a assistência de uma ginecologista que a submeteu a uma
Colposcopia e, após uma biopsia, constatou-se uma malignidade.
Maria Tereza ficou extremamente preocupada com a situação, já que foi
informada que teria seu tratamento realizado do hospital de oncologia. Porém, foi
tranquilizada, pois seria contrarreferenciada para a sua UBS, que também ficaria
ciente do seu quadro clínico.
A equipe da UBS recebeu as informações da situação de Maria Tereza e logo foi
planejado uma visita domiciliar conjunta com o médico, enfermeiro e ACS para
prestar apoio e dar orientações para a família. Essa visita aconteceu e Maria
Tereza ficou mais aliviada, pois se sentiu apoiada por sua equipe de saúde, com a
qual possui vínculo, mesmo que quem presta o serviço não são esses mesmos
profissionais, mas outros níveis de complexidade da RAS.
Como uma forma de implementar e pactuar entre os três níveis governamentais, em 2010, por meio da
portaria ministerial 4.279, foram regulamentados grupos temáticos que possibilitaram a configuração
das Redes Temáticas: Rede Cegonha, Rede de Atenção às Urgências e Emergências, Rede de Atenção
Psicossocial, Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência, Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com
Doenças Crônicas.
Rede Cegonha: trata-se de uma estratégia que visa implementar
uma rede de serviços para assegurar às mulheres o direito de uma
atenção humanizada no planejamento reprodutivo, gravidez,
parto e puerpério. Garantindo ainda, às crianças, o direito ao
nascimento seguro e um crescimento e desenvolvimento saudável
(BRASIL, 2014). Tais praticas se darão por meio de uma ampliação
do acesso e da melhoria da qualidade do pré-natal, vinculação da
gestante na unidade, implantação de boas práticas no parto,
puerpério, crescimento e desenvolvimento da criança.
Rede de Atenção às Urgências e Emergências: pensada de
forma integrada, busca colocar à disposição da população uma
rede integrada de urgência. Faz parte da rede o Serviço
Atendimento Móvel às Urgências (SAMU 192) e as Unidades de
Pronto Atendimento (UPA 24h), que devem trabalhar de forma
integrada a fim de atender as demandas deurgência e emergência
(BRASIL, 2014).
Rede de Atenção Psicossocial: rede de serviços com vistas a
atender as necessidades de saúde mental. Com perspectivas mais
atuais de um cuidado mais centrado na pessoa e com vistas a sua
ressocialização. Possui serviços específicos, quais sejam: CAPS I,
CAPS II, CAPS III, CAPS i, CAPS ad e CAPS ad III. Juntamente com a
AB e demais serviços de média e alta complexidade buscam
atender de forma integral todas as necessidades de saúde dos
indivíduos com transtornos mentais (BRASIL, 2014).
Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência: constituída de
serviços que buscam propiciar atenção integral à saúde da pessoa
com deficiência. Evolve serviços de atenção básica, que acolhem e
inserem o usuário na rede, até serviços mais especializados com
•
•
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foco no tratamento e reabilitação. Inclui serviços que fornecem
concessão de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção,
quando necessários (BRASIL, 2014).
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas:
formada por uma série de serviços e ações com foco nas doenças
crônicas, incluindo todos os níveos de atenção, por meio de ações
de prevenção, promoção, tratamento, diagnóstico, reabilitação e
redução de danos. Busca-se uma atenção integral, que amplie a
visão tradicional limitada de doença, para a uma abordagem
centrada na pessoa, que visualize e atenda todas as suas
necessidades. No foco estão as seguintes patologias: Hipertensão
Arterial, Hepatites, Diabetes, Meningites, AIDS, Câncer de mama,
Câncer de pênis, Alcoolismo, Tabagismo, Hanseníase,
Leishmaniose, entre outros.
Desta forma, pode-se compreender o delineamento das Redes de Atenção à Saúde e sua configuração,
com intuito de desenvolver a integralidade nas ações e serviços de saúde, garantindo a equidade e
universalidade no acesso. 
•
Conclusão
Assim, diferentes lógicas de organização dos serviços de saúde podem ser observadas no SUS,
orientadas por critérios diversos: tipos de serviços envolvidos (ambulatoriais, hospitalares, domiciliares,
urgência e emergência), níveis de complexidade da atenção à saúde (atenção básica, média e alta
complexidade) e modelos de prestação do cuidado à saúde (Estratégia Saúde da Família). Porém,
existem desafios entre essas distintas lógicas de organização dos serviços no que se refere às
propostas de planejamento e financiamento da saúde, que devem ser bem conduzidas e de forma não
fragmentada pelas esferas de governo.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
conjecturar sobre os Modelos de Atenção à Saúde: compreensão
sobre as estratégias de intervenção para se alcançar a atenção à
saúde;
compreender os preceitos da prevenção e promoção à saúde:
possibilidade de fortalecer as particularidades e
complementariedades que cada um desses processos tem e a sua
contribuição no contexto de saúde e doença;
compreender os três níveis de atenção à saúde: primário,
secundário e terciário, visualizando a organização e
•
•
•
responsabilidade que cada um desses níveis;
aproximar a organização da Atenção Básica e as Redes de Atenção
à Saúde: visualização da Atenção básica como ordenadora da rede
e a porta de entrada ao SUS.
•
Bibliografia
ABERTURA do ano letivo ENSP 2014 com Jairnilson Paim. Produção do Núcleo Audiovisual -
Coordenação de Comunicação Institucional (CCI/ENSP). Manguinhos, 2014. 1 vídeo (9 mim). Publicado
pelo canal Ensp Fiocruz. Disponívem em: https://www.youtube.com/watch?
time_continue=2&v=xuUXD0SJJpE&feature=emb_logo (https://www.youtube.com/watch?
time_continue=2&v=xuUXD0SJJpE&feature=emb_logo). Acesso em: 12 jul. 2020.
BASSINELLO, G. Saúde Coletiva. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Implantação das Redes de Atenção à
Saúde e outras estratégias da SAS. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Brasília: Diário Oficial da
República, 2017.
BRASIL. Rastreamento. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
BRASIL. Manual técnico de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar.
Rio de Janeiro: ANS, 2009.
BRASIL. A saúde bucal no Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
ESTRATÉGIA de saúde da família. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (3 mim). Publicado pelo canal Conexão SUS.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lT3VmVbdxsU (https://www.youtube.com/watch?
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PAIM, J. S. Saúde coletiva: teoria e prática. 1. ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2014.
GONDIM, R; GRABOIS, V.; MENDES JÚNIOR, W. V. (org.). Qualificação dos Gestores do SUS. 2. ed. Rio de
Janeiro: Fiocruz/ENSP/EAD; 2011.
ROCHA, J. S. Y. Manual de saúde pública & saúde coletiva no Brasil. São Paulo: Editora Atheneu, 2012.
SOU+SUS. Princípio Doutrinário do SUS: EQUIDADE. 2020. 1 figura. Disponível em:
https://soumaissus.blogspot.com/2015/03/principio-doutrinario-do-sus-equidade.html
(https://soumaissus.blogspot.com/2015/03/principio-doutrinario-do-sus-equidade.html). Acesso em: 16
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