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NUTRIÇÃO E SAÚDE ÓSSEA A nutrição adequada é essencial para o desenvolvimento e manutenção do esqueleto, isto é, para a saúde óssea. Embora as doenças ósseas, osteoporose e osteomalácia, tenham etiologias complexas, seu desenvolvimento pode ser minimizado a partir de bons hábitos de nutrição ao longo da vida, diminuindo os fatores de risco para desenvolvimento destas patologias. Osso é um termo empregado tanto com o significado de órgão quanto de tecido. Cada osso tem dois tipos de tecido, o osso trabecular e o cortical. Esses tecidos sofrem modelagem óssea durante o crescimento (altura) e remodelagem óssea após cessar o crescimento. O osso consiste de matriz orgânica, ou osteóide, principalmente de fibras de colágeno, na qual são depositados sais de cálcio e fósforo em combinação com íons hidroxila, formando hidroxiapatita. A capacidade tênsil do colágeno e a solidez da hidroxiapatita combinam-se para dar ao osso sua grande resistência. Outros componentes da matriz óssea incluem osteocalcina, osteopontina e várias outras proteínas da matriz. Fig. 1: Osso Tipos de tecido ósseo Aproximadamente 80% do esqueleto consistem de tecido ósseo compacto ou cortical. As diáfises de ossos grandes são compostas basicamente de osso cortical. Os restantes 20% são de osso trabecular, ou osso esponjoso, existente na protuberância de ossos terminais de ossos longos . O osso esponjoso é menos denso que o tecido ósseo cortical, como resultado de uma estrutura aberta de espísculas ósseas interligadas como aparência semelhante a uma esponja. A perda de osso esponjoso ao longo da vida é o principal fator de risco para fraturas na vida adulta. Células ósseas Duas células são responsáveis pela formação e manutenção de tecido ósseo: osteoblastos, que formam o osso e os osteoclastos, que reabsorvem o osso. Os osteoblastos contêm receptores de estrógenos. Existem outros tipos celulares importantes na formação de tecido ósseo, osteócitos e células de revestimento ósseo. Os osteoblastos e osteoclastos originam-se de células precursoras primitivas presentes na medula óssea. Homeostase do cálcio O tecido ósseo serve como um reservatório de cálcio e outros minerais que são utilizados por outros tecidos do organismo. A homeostase do cálcio é quase totalmente dependente desta fonte de cálcio quando a dieta é inadequada. O tecido ósseo é dinâmico, embora seja uma dinâmica lenta, visto que sofre modelagem no início da vida e remodelagem após o crescimento do esqueleto (altura) crescer. Embora 99% do cálcio corporal sejam encontrados nos ossos, os 1% restantes possuem papel crítico para uma grande variedade de reações indispensáveis. A concentração de cálcio no sangue e fluidos extracelulares é regulada por mecanismos complexos que equilibram a ingestão de cálcio e o cálcio nos fluidos corporais. A adaptação do mecanismo homeostático que regula a concentração do cálcio sangüíneo é obtida por meio de dois hormônios reguladores do cálcio: PTH e calcitriol (1,25 – diidroxivitamina D). Modelagem óssea Modelagem óssea é o termo aplicado o crescimento do esqueleto até a altura madura ser atingida. Por exemplo, durante a modelagem óssea, os ossos longos alargam-se e alonga-se por serem submetidos a alterações internas assim como a expansões externas em suas estruturas. O crescimento ocorre nas epífises (placas de crescimento que sofrem hiperproliferação) e em circunferências, onde em cada local as células sofrem divisão e contribuem para a formação de novo tecido ósseo. Tipicamente a modelagem óssea se completa em meninas por volta dos 16 a 18 anos e nos meninos por volta dos 18 aos 20 anos. Remodelagem óssea Após se completar o crescimento ósseo, o osso sofre contínua remodelagem em resposta a estresses sobre o esqueleto, adaptação às alterações em estilo de vida e ingestões dietéticas, manutenção da concentração de cálcio sérico e reparo de microfraturas que ocorrem com o tempo. A remodelagem óssea é um processo no qual o osso está sendo continuamente reabsorvido pela ação dos osteoclastos e reformado pela ação dos osteoblastos. Após ativação dos hormônios específicos e citocinas, os osteoclastos reabsorvem os componentes minerais orgânicos do osso pela formação de pequenas cavidades nas superfícies ósseas. O osso trabecular declina especialmente após a menopausa devido à atividade osteoclástica não oposta; isto é, há formação insuficiente de osso osteoblástico. Como resultado da desconexão na remodelagem óssea, ocorre a perda óssea. NUTRIÇÃO NA SAÚDE ÓSSEA Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br Fig. 2: Processo de remodelagem óssea Pico de massa Óssea O pico de massa óssea é atingido ao redor de 30 anos ou um pouco depois. O pico de massa óssea é maior nos homens que em mulheres devido à maior estrutura corporal. O conteúdo mineral ósseo, mas não necessariamente a densidade óssea, é tipicamente menor em mulheres. A densidade óssea também é maior em negros e hispânicos, um fator que pode estar relacionado com a massa muscular. O pico de massa óssea está relacionado à às ingestões de cálcio na dieta e à atividade física de sustentação do peso. A ingestão de cálcio parece ser um fator crítico no início do crescimento pós-menarca das garotas, assim como em alguns anos antes da menarca. A contribuição do exercício de sustentação de peso para o pico de massa óssea durante os períodos de crescimento e desenvolvimento pode ser maior que a do cálcio. O uso de anticoncepcionais orais por vários anos durante o início da maturidade também pode aumentar a massa óssea, especialmente na espinha lombar e colo do fêmur. O componente de composição corporal mais intimamente associado à massa óssea é o compartimento de gordura, apesar da massa magra (especialmente músculo) também contribuir para a massa óssea na maturidade. Perda de massa Óssea Após os 40 anos, a densidade óssea começa a diminuir gradualmente em ambos os sexos, mas a perda aumenta muito em mulheres após os 50 anos ou na menopausa. Ocorre uma perda de 1 a 2% ao ano durante a década seguinte em mulheres. Os homens continuam a ter perda óssea, mas em taxa muito menor que as mulheres de mesma idade até os 70 anos, quando as taxas de perda são praticamente as mesmas, em ambos os sexos. Uma mulher que chega aos 80 anos terá uma perda óssea de até 45 a 50% de seu pico de massa óssea, e um homem de idade semelhante terá uma perda de 30% do seu pico de massa óssea. As alterações relacionadas à idade que levam à osteoporose relacionada á idade (Tipo II) em homens e mulheres não são bem compreendidas. A atividade deficiente de calcitriol no intestino delgado de mulheres idosas é um fator importante assim como os níveis diminuídos de fatores de crescimento. Algumas evidências sugerem que a perda de estrógenos na menopausa também permite um aumento na perda de cálcio urinário; esta perda continua no final da maturidade. TRATAMENTO DIETÉTICO Nutrição e o osso -Cálcio e fósforo Dietas pobres em cálcio diminuem a massa óssea lentamente, limitando a deposição óssea no crescimento e pode causar aumento a perda óssea da idade adulta. O fósforo interfere na ação osteoblástica e torna a deposição mais lenta e a inicialização da mineralização pelos osteoblastos mais reduzida. - Vitamina D A vitamina D auxilia na absorção do cálcio dietético. - Vitamina K A vitamina K possui função na carboxilação de resíduos de ácidos glutâmicos de proteínas ósseas, como a osteocalcina. - Vitamina C, cobre, zinco e manganês. São considerados co-fatores importantes para a síntese ou para a formação de ligações cruzadas de proteínas da matriz. - Flúor O flúor entra nos cristais de hidroxiapatita do osso e dentro de limites estreitos, aumenta a rigidez do mineral ósseo sem quaisquer efeitos adversos. - Fibras da dieta A ingestão excessivade fibras pode interferir na absorção de cálcio. Os indivíduos com maior probabilidade de apresentar depressão significativa na absorção seriam vegetarianos com consumo superior a 50g de fibras por dia. - Proteína O consumo excessivo de proteína (>1g de proteína/kg/dia), em especial proteína animal, pode levar à maior excreção urinária de cálcio e pessoas com baixo consumo de cálcio são consideradas indivíduos suscetíveis. A proteína de soja possui pouco efeito na excreção de cálcio. - Sódio Alta ingestão de sódio, particularmente, em associação com baixo consumo de cálcio, pode contribuir para osteoporose visto que resulta em maior excreção de cálcio. - Bicarbonato de potássio Em mulheres pós-menopausa, uma dose oral de bicarbonato de potássio para neutralizar os ácidos endógenos, melhora os equilíbrios ósseos e de cálcio. -Dietas vegetarianas As dietas vegetarianas tendem a ser mais benéficas que as ricas em proteína animal, mas possuem pouco cálcio dietético, além de proporcionar menor exposição a estrógenos, o que poderia aumentar o risco de fraturas por osteoporose em indivíduos vulneráveis. - Isoflavonas As isoflavonas funcionam como agonistas de estrógeno e também como antioxidantes nas células ósseas, podendo inibir a reabsorção óssea. - Cafeína A relação entre consumo moderado de cafeína e a osteoporose ainda não foi claramente esclarecido. - Álcool A ingestão de etanol possui efeitos adversos sobre o esqueleto. Vários relatos implicaram o álcool como o principal contribuinte para a perda óssea. A) DOENÇAS ÓSSEAS OSTEOPENIA E OSTEOPOROSE A perda óssea que começa na meia-idade (após os 40 anos em mulheres) continua com o envelhecimento. A composição óssea é inalterada, mas o conteúdo mineral e a densidade estão diminuídos. Causas possíveis incluem aceleração excessiva da perda óssea ou pico de massa óssea tão baixo que após atrito tornam-se frágeis. Osteopenia densidade mineral óssea -1DP a -2,5DP do padrão da OMS. Osteoporose densidade mineral óssea < - 2,5 DP do padrão da OMS. Classificação da osteoporose: a) Tipo I A osteoporose tipo I ocorre em mulheres na pós- menopausa, aproximadamente entre os 15 – 20 anos pós- menopausa, envolve principalmente o osso trabecular, Acomete estas principais áreas: rádio, vértebras lombares, fêmur e pelve. b) Tipo II Ou osteoporose relacionada à idade. Ocorre após os 65 anos, envolvendo ambos os sexos e pode envolver tanto osso trabecular quanto o osso cortical. Áreas acometidas: vértebras e pelve (gerando a “postura do corcunda”). c) Idiopática ou secundária Acometem jovens, sendo rara ou pode ser secundária ao uso de drogas ou doenças. Fig. 3: Drogas que aumentam a perda de cálcio e doenças que resultam em balanço negativo de cálcio (KRAUSE) Fig. 4: Fatores de risco para osteoporose Fatores de risco associados a quedas (Cozzolino & Cominetti, 2013) Gênero feminino Fraqueza muscular Deterioração cognitiva Idade avançada Uso de medicações psicotrópicas Perigos dentro de casa Baixo peso Redução da velocidade de marcha Ingestão de bebidas alcoólicas Quedas anteriores Sedentarismo Doenças associadas (osteoarticulares, neuromusculares, depressão, inconctinencia urinária, DM) Fratura prévia Medo de cair Pior qualidade de vida IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE – DAN WAITZBERG 2009 Genéticos Parentes de primeiro grau com relato de fraturas Ambientais Tabagismo Consumo álcool Sedentarismo Compleição física pequena Baixa ingestão de cálcio Pouca exposição ao sol Reprodutivos Menopausa precoce (antes dos 40 anos) Amenorréia prolongada Medicamentos Glicocorticóides Anticonvulsivantes (fenitoína) Anticoagulantes (heparina, cumarínicos) Hormônios em doses suprafisiológicos Endócrinos Hiperparatireoidismo primário Hipertireoidismo Sindrome de Cushing Doença de Addison Hematológicos Mieloma múltiplo Mastocistose sistêmica Leucemia / linfoma Anemia perniciosa Reumatológicas Artrite reumatóide Espondilite anquilosante Gastrointestinais Má-absorção Hepatopatia crônica Renais Doenças renais com hipercalciúria Pulmonares Asma brônquica / DPOC PREVENÇÃO – DAN WAIZTBERG (2009) Inclui medidas gerais de saúde como adequação de consumo de cálcio e vitamina D, além de estímulos à prática de atividades físicas regulares. Evitar tabagismo e bebidas em excesso. Outra estratégia inclui a prevenção de quedas. Dieta: - Ingestão não inferior a 1.500mg de cálcio em mulheres na pós-menopausa; - dieta rica em frutas e em vegetais (inclusão de potássio, magnésio e vitamina K); - Ingestão de vitamina D adequada (400 a 800UI/dia). Nutrientes envolvidos no metabolismo ósseo (Cozzolino & Cominetti, 2013) Preservação de massa óssea Redução de massa óssea Consumo adequado de: - cálcio, manésio, fósforo; - flúor, cobre, zinco, potássio; - proteínas; - Vitaminas D, C, K e Complexo B. Consumo excessivo de: - sódio; - proteína; - fósforo; - vitamina A. CUIDADO CLÍNICO Prevenção secundária e tratamento 1) Terapia de reposição de estrógenos Tratamento anteriormente usado para reduzir a reabsorção óssea e deter a perda óssea precoce pós- menopausa em mulheres. A combinação com a suplementação com cálcio pode também melhorar a doença óssea metabólica. Recentemente a terapia com estrógenos foi reduzida pelo aumento no risco de desenvolvimento de câncer. 2) Bifosfonatos Os bisfosfonatos atuam sobre os osteoclastos para reduzir suas atividades de reabsorção, mediada por osteoclastos. 3) Etidronato A administração cíclica de etiodronato em mulheres com osteoporose na pós-menopausa forneceu grande aumento do conteúdo mineral ósseo vertebral e redução de fraturas. 4) Alendronato e risendronato Possuem mesma ação do etidronato, embora menos eficaz. 5) Moduladores seletivos de receptor estrogênico As drogas que afetam positivamente os receptores de estrógeno no tecido ósseo, mas têm pouco efeito sobre os tecidos reprodutivos da mama ou útero, como o Tamoxifeno e o Raloxifeno. A genisteína pode atuar como modulador seletivo de receptor de estrógeno. 6) Uso intermitente com PTH 7) Outros tratamentos com drogas a) calcitonina Inibe a atividade osteoclástica e a reabsorção óssea. b) fluoreto de sódio Os aumentos na massa óssea, especialmente no osso trabecular, ocorrem após o tratamento com fluoreto de sódio, mas a qualidade do osso pode não ser normal. c) vitamina D d) calcitriol O calcitriol sem cálcio possui pouca utilidade no tratamento da osteoporose em razão de seu potencial de toxicidade, o uso de cálcio concomitante pode ser útil. e) GH e IGF-1 Pode melhorar o osso por seu poder anabólico, podendo melhorar a composição e a densidade óssea. f) Osteoprotegerina É uma citocina natural secretada pelos osteoblastos que inibe a ação dos osteoclastos e a reabsorção (perda) óssea. CUIDADO NUTRICIONAL NA OSTEOPOROSE A prevenção da osteoporose é feita com dieta regular, balanceada, com quantidades calóricas adequadas e suplementação de cálcio e vitamina D, quando necessário. Junto com atividade física regular (4 a 5 vezes por semana, com duração de 30min), garantindo pico máximo de massa óssea e, portanto, reserva suficiente para proteger o esqueleto contra perdas futuras. A quantidade diária de cálcio depende do sexo, faixa etária e características clínicas do indivíduo. A principal fonte de cálcio é o leite, independente do teor de gordura (1 xícara = 300mg) . Pode-se complementar a ingestão com o uso de suplementos à base de cálcio, como o carbonato de cálcio junto às refeições (alto % de cálcio elementar) e alimentos fortificados. Em pacientes com hipocloridria ou gastrectomizados usa-se o citrato de cálcio (não depende do meio ácido para ser absorvido). Atenção IMPORTANTE! Crianças e adolescentes em fase de crescimento, gestantes,maiores de 50 anos ou com indícios de osteoporose 1200 – 1500mg/dia. Adultos jovens saudáveis e crianças até 10 anos 800 – 1000mg/dia. Outras medidas de cuidado: Dose de reposição de vitamina D 400 a 800UI/dia. Sódio ≤2.400mg/dia. Redução de bebidas alcoólicas. Atividade física aeróbica de 30min, no mínimo, de duração com freqüência de 4 a 5 vezes por semana. Em tratamento clínico-nutricional de osteopenia e osteoporose, a KRAUSE (2013) recomenda cerca de 1000mg/dia de cálcio e vitamina D (800 a 1000 UI/dia) como suplementos. TRATAMENTO SEGUNDO DAN WAIZTBERG (2009) As medidas de tratamento incluem, além de ingestão diária de pelo menos 1.200mg de cálcio e de 400 a 800UI de vitamina D, corrigir deficiências de vitaminas B12 e K. Deve-se estimular exercícios físicos regulares de baixo impacto. Deve-se ajustar a dieta aos fármacos em uso. Tab. 1: Drogas utilizadas no tratamento da osteoporose – DAN WAITZBERG (2009). DROGAS ANTICATABÓLICAS DROGA ANABÓLICA Terapia de reposição hormonal SERMS Bifosfonatos Calcitonina PTH DROGA DE AÇÃO MISTA Ranelato de estrôncio Teor de cálcio elementar de suplementos: Gluconato de cálcio: 8,9%; Carbonato de cálcio: 40%; Citrato de cálcio: 24%; Cálcio AA quelado : 20%. RAQUITISMO E OSTEOMALÁCIA A prevenção ou correção do raquitismo e da osteomalácia é feita com a ingestão de alimentos que contenham cálcio, fósforo e vitamina D, bem como propiciar adequada à exposição à luz solar. A medida terapêutica inicial consiste na correção das causas desencadeadoras, sendo a reposta tanto melhor quanto mais precoce for instituído o tratamento. RAQUITISMO POR DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D Na deficiência de vitamina D, utiliza-se colecalciferol ou calcitriol. O calciferol dado por via oral (1mg = 40.000UI) pode ser administrado de duas formas: dose diária de 1.500UI a 5.000UI por período de quatro a seis semanas, com pausa de duas semanas até cura completa, ou dose única de 600.000UI, podendo ser repetida após quatro a seis meses. A dose de calcitriol utilizada no tratamento de pacientes com deficiência de vitamina D é de 0,25 a 2µg/dia. RAQUITISMO DEPENDENTE DE VITAMINA D No raquitismo dependente de vitamina D tipo 1 calcitriol + cálcio via oral (2 - 3µg/dia até que haja cura da doença óssea e seguida de dose de manutenção de 0,25 a 2µg/dia continuada por toda vida). No raquitismo dependente de vitamina D tipo 2 doses mais elevadas de cálcio e calcitriol (6 – 10µg/dia). RAQUITISMO HIPOFOSFATÊMICO O raquitismo hipofosfatêmico requer administração diária de fosfato e vitamina D, que deve ser instituído o mais precoce possível para preservar o crescimento linear e impedir as deformidades ósseas progressivas. A dose diária de fosfato é de 30 – 60mg/kg/dia, sendo o fosfato oferecido de 6/6h. Introdução do fosfato via oral: intercorrências GI (náuseas, vômitos, diarréia) sendo necessária a introdução gradual. Deve ser realizado o combinado com calcitriol (20 – 60ng/kg/dia) para evitar hiperparatireodismo secundário, ou uso de calciferol 25.000 – 50.000UI/dia até 100.000 – 150.000UI/dia. HIPOFOSFATEMIA ONCOGÊNICA O tratamento é feito com exérese tumoral, em casos de exérese parcial faz-se uso de fosfato e calcitriol. RAQUITISMO ASSOCIADO À ACIDOSE TUBULAR RENAL Deve ser realizado o uso de alcalinizantes como bicarbonato de sódio. DOENÇA DE PAGET No tratamento da doença de Paget, utilizam-se drogas bifosfonatas que, dentre outros efeitos adversos, exibem um potencial risco para o desenvolvimento de hipocalcemia e elevação dos níveis de PTH. Para evitar esta situação, torna-se prudente fornecer um suplemento de, pelo menos, 800UI de vitamina D e 1200 – 1500mg de cálcio ao dia. RELAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO E SISTEMA PULMONAR E IMPACTO DA DESNUTRIÇÃO A nutrição adequada promove o desenvolvimento adequado do sistema pulmonar. As estruturas respiratórias incluem: nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos. As estruturas de apoio incluem o esqueleto e os músculos (intercostal, abdominal e diafragma). Os nervos, sangue e linfa suprem todos os tecidos. A troca gasosa é a principal função deste sistema, que permite ao corpo obter oxigênio necessário para desenvolver as demandas metabólicas e remover o dióxido de carbono produzido por estes processos. Fig. 1: Aparelho respiratório e troca gasosa Os pulmões agem na filtração, aquecimento e umidificação do ar inspirado, sintetizam surfactantes, regulam o equilíbrio ácido – base, sintetizam ácido araquidônico e convertem angiotensina I em II. A desnutrição afeta diretamente o sistema pulmonar, ocasionando: Diminuição do tecido conectivo pulmonar, peso dos pulmões e produção de surfactante; Atrofia e catabolismo dos músculos acessórios; Atrofia do diafragma proporcional a perda de peso; Compromete a troca gasosa e a força dos músculos respiratórios; Aumenta a susceptibilidade a infecções (diminuição da resposta imune); Deficiências específicas, como: Proteínas e ferro = acarretam diminuição de hemoglobina e diminuição na capacidade de transportar O2; Cálcio, magnésio, fósforo e potássio – Comprometem a função dos músculos respiratórios a nível celular; Proteínas – diminui a pressão oncótica e leva a formação do edema; TERAPIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS PULMONARES Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br Surfactante (composto sintetizado a partir de proteínas e fosfolipídeos) – Contribui para o colapso dos alvéolos. Assim como a desnutrição afeta o sistema respiratório levando ao declínio da função pulmonar, a doença pulmonar também afeta o estado nutricional (KRAUSE): Fig. 2: Doença pulmonar e estado nutricional Além dos fatores citados acima, a dificuldade na preparação dos alimentos devido à fadiga, falta de recursos financeiros e metabolismo alterado contribuem para o declínio do estado nutricional. Segundo KRAUSE, as doenças pulmonares podem ser classificadas em: Primárias: Tuberculose, asma brônquica e câncer de pulmão. Secundárias: Associadas à doença cardiovascular, obesidade, AIDS, doença falciforme e escoliose. E ainda em condições: Agudas: aspiração de líquidos de dieta enteral, obstrução de vias aéreas decorrente de alimentos (amendoins) e anafilaxia pelo consumo de mariscos. Crônicas: Fibrose cística e enfisema. Entre os sinais e sintomas presentes na doença pulmonar, os nutricionalmente relevantes são: tosse, saciedade precoce, anorexia, perda de peso, dispnéia, fadiga, produção anormal de escarro, vômito, taquipnéia, hemoptise, dor torácica, anemia, depressão, paladar alterado, pois interferem diretamente na ingestão alimentar e estado nutricional (KRAUSE). ASPIRAÇÃO (KRAUSE) A aspiração pulmonar consiste no movimento de alimento ou líquido para dentro dos pulmões, podendo resultar em pneumonia ou até na morte. Os que possuem maior risco são: lactentes, lactentes que engatinham, idosos e pessoas com anormalidades orais, gastrointestinais superiores, neurológicas e musculares. Além dos líquidos, os alimentos que são mais facilmente aspirados são os que possuem forma arredondada, como: nozes, pipoca, pedaços de cachorro-quente e alimentos mal mastigados, como carnes ou vegetais crus. Além, de atenção especial para os que recebem dieta enteral. ASMA (KRAUSE) Uma condição de hipersensibilidade das vias aéreas decorrentes de causas alérgicas e não alérgicas, geradas por resposta imunológica. É um distúrbio reversível, porém o tratamento inadequado pode acarretar risco de vida (estado asmático). A fisiopatologia é obscura! O sinal comum é a respiração persistente que pode ocasionar malformação oral. E a resultante mordida aberta acarretar dificuldades no ato de morder. Terapia Nutricional Vários nutrientes vêm sendo estudados para avaliarsua participação na etiologia ou tratamento da asma, como: Ácidos graxos ômega 3 e 6- Papel na diminuição da produção de leucotrienos broncoconstritivos; Antioxidantes - Papel na proteção de tecidos das vias aéreas do estresse oxidativo; Magnésio – Relaxante muscular e agente antiinflamatório; Metilxantinas (como a cafeína) – Broncodilatador. Tratamento farmacológico: Broncodilatadores Antiinflamatórios Efeitos colaterais: Boca e garganta seca Tremores nas mãos Náuseas e vômitos Cefaléia Aumento da glicose Tontura Retenção de sódio Tosse crônica Hipocalcemia Refluxo gastroesofágico DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP) – KRAUSE É uma condição pulmonar crônica da lactância em recém- nascidos cujos pulmões parecem incapazes de responder a situações adversas, ocorre com mais freqüência em bebês prematuros e de baixo peso ao nascimento, após síndrome de angústia respiratória (condição que afeta recém nascidos e lactentes, caracterizada por dispnéia e cianose), e tratamento com oxigênio. A DBP é caracterizada por metaplasia bronquiolar e fibrose intersticial. ATENÇÃO: CHEMIN & MURA Pacientes com doenças respiratórias risco para desnutrição: aumento das necessidades energéticas + inapetência decorrente das complicações da doença e do tratamento clínico e medicamentoso. As causas de desnutrição envolvem múltiplos fatores: Anorexia; Dificuldades mecânicas; Distúrbios metabólicos; Má absorção; Hospitalização; Fatores socioeconômicos. Conseqüências da desnutrição: Enfraquecimento generalizado; Redução da recuperação; Piora do quadro clínico; Disfunções muscular, respiratória e termorreguladora; Diminuição da resposta imune e da resistência às infecções; Retardo da cicatrização de feridas. Fatores de risco: incapacidade dos pulmões imaturos de sintetizar surfactante, aspiração do mecônio, fístula traqueoesofágica e infecções. Sinais e sintomas: Hipercapnia. Taquipnéia Dispnéia Infecções respiratórias recorrentes Cor pulmonale Radiografia dos pulmões característica da doença. Fisiopatologia – Não é bem conhecida Terapia Nutricional É necessária uma avaliação nutricional cuidadosa, devido a sua fragilidade. A avaliação do crescimento é importante, já que o tamanho do pulmão é dependente da estatura, porém esses bebês crescem com mais lentidão, devido: Aumento das necessidades energéticas; Ingestão dietética inadequada; Refluxo gastroesofágico; Privação emocional; Hipóxia crônica. Os componentes da avaliação nutricional deve incluir: 1- Histórico: Peso ao nascimento, idade gestacional, história clínica, história nutricional e padrão de crescimento. 2- Clínico: Estado respiratório, saturação de oxigênio, uso de medicações, êmese, padrão das fezes, débito de urina. 3- Nutricional: Peso, Estatura Perímetro cefálico Hemoglobina e hematócrito Eletrólitos séricos Testes bioquímicos. 4- História alimentar: Volume da ingestão, freqüência das alimentações, comportamento nas refeições, composição das fórmulas. 5- Ambiental: Relacionamento entre pais e filhos, facilidades domésticas e recursos domésticos e econômicos. Objetivo da terapia nutricional: Suprimento de ingestões adequadas de nutrientes, promoção do crescimento linear, manutenção do equilíbrio hídrico e desenvolvimento de habilidades alimentares apropriadas à idade. Energia: Aumento de 25 a 50% do gasto de energia em repouso; Bebês com DBP com crescimento prejudicado – Aumento de 50% das necessidades energéticas dos que crescem bem. Fase aguda (temperatura controlada, TNP, inativos, crescimento lento) – 50 a 85kcal/kg/dia Fase convalescente (crescimento rápido, alimentação via oral e usam sua energia para controlar a temperatura) - 120- 130kcal/kg/dia. (ATENÇÃO) Macronutrientes: A ingestão de proteína deve estar dentro da faixa recomendada para lactentes de idade pós concepcional comparada; Proteínas – Oferecer 7% ou mais das calorias totais; Adição de gorduras ou carboidratos às fórmulas – Somente após a fórmula ter sido concentrada em 24kcal/30ml (segundo a KRAUSE 2010, 24kcal/28,35g); Os lipídeos fornecem AGE e ajudam atingir as necessidades quando a tolerância a líquidos e carboidratos (CH) é limitada; O excesso de CH pode aumentar o QR e o débito de CO2; Para manter o equilíbrio hídrico pode ser necessário: restrição de líquidos, restrição de sódio e uso de diuréticos; Na restrição hídrica – Oferecer lipídeos parenterais ou alimentação com alta densidade – Garantir o VET. Vitaminas e Minerais: Suprimento adequado de todas as vitaminas e minerais; Vitamina K – Essencial para desenvolvimento ósseo e deve ser monitorada, pp quando a flora colônica é insuficiente para sua síntese; Suprimento adequado das vitaminas A, C, E e inositol, AG livres e selênio – antioxidantes e mantém integridade da membrana celular- Estão implicados na prevenção ou tratamento da DBP; Vit. A – manutenção e desenvolvimento adequados das células epiteliais do trato respiratório; diminui a permanência na UTI neonatal Medicamentos utilizados como: diuréticos, broncodilatadores, antibióticos, antiarrítimicos e costicóides – Depleção de cloreto, potássio e cálcio; Def de cloreto (acidose) ou potássio - fraqueza muscular e crescimento prejudicado. Os lactentes com DBP estão em risco de osteopenia, devido: ingestão limitada de nutrientes, reservas inadequadas de cálcio e fósforo, acidose respiratória, uso de medicações e inatividade física. Estratégias Alimentares Para atender as necessidades pode ser preciso: Fórmulas de alta densidade calórica (>24kcal/30ml - segundo a KRAUSE 2010, 24kcal/28,35g) - monitoração da ingestão de líquidos e débito urinário Alimentação pequena e freqüente; Uso de bico macio; Uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia. No caso de refluxo gastroesofágico a doença pulmonar pode piorar devido à aspiração. O tratamento inclui: Alimentação espessa (1/2 a 1 colher de cereais para cada 30ml da fórmula); Inclinação elevada; Antiácidos ou bloqueadores H2; Casos graves – fundoplicatura. Abordagens úteis para facilitar a aceitação da alimentação; Ambiente calmo e agradável; Estimulação oral durante as alimentações por sonda; Introdução gradual das mudanças de textura e sabor. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC): É um processo caracterizado pela presença de enfisema (Tipo I), bronquite crônica (Tipo II), ou ambos, levando ao desenvolvimento progressivo de obstrução de vias aéreas. ENFISEMA – Caracterizado pelo aumento anormal, permanente dos alvéolos, acompanhado de destruição de suas paredes sem fibrose evidente. Geralmente pacientes magros (caquéticos), mais velhos, hipoxemia leve e desenvolvimento do cor pulmonale na fase tardia da doença BRONQUITE CRÔNICA – Tosse produtiva, crônica, com inflamação de 1 ou mais brônquios e alterações secundárias no tecido pulmonar. Cor pulmonale – condição caracterizada pelo aumento do ventrículo direito e insuficiência que surge devido ao aumento da pressão das artérias pulmonares. Fator causal mais importante – Fumo do tabaco. Terapia nutricional De acordo com KRAUSE, a depleção nutricional pode ser evidenciada pelo baixo peso corporal para altura e medidas de dobra triciptal reduzidas. A desnutrição é um indicador de mau prognóstico e parece relacionar-se com as complicações pulmonares: grau de obstrução, capacidade de difusão do gás, retenção de CO2, força respiratória e dos músculos respiratórios e inflamação respiratória ou mediadores bioquímicos como hormônios e citocinas. As causas da perda de peso são (KRAUSE): • Aumento das necessidades – hipermetabolismo • Diminuição do consumo alimentar; • Flatulência, saciedade precoce, dificuldade de mastigação e deglutição (dispnéia), anorexia; • Tosse, secreção, dispnéia, fadiga.• Aumento do TNF-a - Liberação de citocinas IL-1, IL-2 – Aumento do gasto energético. A perda de peso nesses pacientes é multifatorial como acabamos de ver, para entendermos melhor o mecanismo de perda de peso, observe o esquema abaixo: Avaliação de pacientes com DPOC A calorimetria indireta também é útil na avaliação nutricional. Os pacientes com cor pulmonale apresentam retenção hídrica, mascarando peso e massa magra e a hemodiluição mascarando os indicadores bioquímicos. Cuidado com hipercapnia, pois ocasiona cefaléia matinal e confusão prejudicando a preparação e ingestão alimentar. CHEMIN (2011) estratificação pelo IMC e composição corporal de pacientes com DPOC – IMC – índice de Massa Corporal; IMM – Índice de Massa Magra; H – sexo masculino; M – sexo feminino: Categoria 1: Caquexia – IMC<21 e IMM <16 (H) ou <15 (M) Categoria 2: Semi-inanição – IMC<21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M) Categoria 3: Atrofia muscular – IMC≥21 e IMM <16 (H) ou <15 (M) Categoria 4: Eutrofia – IMC≥21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M). Cuppari (2014) observe que o ponto de corte desses pacientes é diferenciado, sendo considerada depleção quando o IMC<21kg/m2. CHEMIN (2011) / CUPPARI (2014) Critérios para o diagnóstico de caquexia em adultos: - perda de peso ≥5% (livre de edema) em 12 meses ou menos ou IMC <20 com presença de pelo menos três fatores: diminuição da força muscular; fadiga; IMM diminuído; Alterações de marcadores inflamatórios (IL-6 >4pg/mL; PTN C-reativa >5mg/L; Hb <12g/dL; Albumina <3,2g/dl). A Cuppari (2014) adiciona ainda anorexia (consumo inferior a 20kcal/kg/dia) Conduta Nutricional - Objetivos: Facilitar o bem estar nutricional; Manter boa relação entre massa magra e gordura; Corrigir desequilíbrio hídrico; Controlar interações droga x nutrientes Impedir a osteoporose CALORIAS É difícil atingir as necessidades de energia, entretanto a manutenção do equilíbrio energético é essencial para preservar as proteínas viscerais e somáticas (KRAUSE). Foram observadas necessidades calóricas que variam de 94 a 146% do previsto. CHEMIN & MURA (2011) não estabelece valores, podendo-se utilizar a calorimetria indireta ou a equação de Harris&*Benedict, com distribuição normal dos macronutrientes, sem a necessidade de aumentar o teor de lipídios, comparativamente com o de carboidratos. CUPPARI (2014) Usar IMC médio 22kg/m2. Uma equação de estimativa do GEB foi validada para pacientes com DPOC, onde: GEB (kcal/dia) = 443,3 + [18,15 x MCM (kg)] MACRONUTRIENTES Geralmente pacientes com peso normal ou excesso de peso, hipoxemia proeminente e o desenvolvimento do cor pulmonale ocorre precocemente. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA Recomendação clássica: dieta hiperlipídica, hipoglicídica e nomoprotéica. O alto teor de gordura e baixo em carboidrato tem por objetivo minimizar a produção de CO2 e também pode ser útil naqueles com desenvolvimento de hiperglicemia induzida pelo estresse. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA No caso de pacientes desnutridos, deve-se aumentar a densidade energética de 500 a 1000 kcal/dia para auxiliar o ganho de peso. Em caso de obesos, diminuir 500 kcal/dia em relação ao gasto energético. A ingestão de cloreto de sódio deve ser limitada, pois o excesso pode contribuir para retenção hídrica e interferir na respiração. Em relação ao suporte nutricional, segundo Chemin & Mura, têm sido incluídas no suporte ácidos graxos ômega 3 e 6, glutamina, arginina e L-carnitina visando melhora da função imune, sendo que: Uso de L-carnitina é necessária para a metabolização de ácidos graxos de cadeia longa; Pode-se substituir parte dos ácidos graxos de cadeia longa por TCM, que não necessitam de carnitina para oxidação; Atentar-se para o balanceamento de W3 e W6. O uso de esteróides anabolizantes, desde que utilizados em doses adequadas e por tempo limitado, parecem ser os mais promissores na DPOC. O uso de creatina e L- carnitina e, em menor grau, com aminoácidos de cadeia ramificada, aponta bons resultados. Nutrientes Necessidades CHO - 50 a 60% VET – CHEMIN & MURA / CUPPARI (2014) - 40 a 55% VET – importante para preservar o QR – KRAUSE Proteína - 1,2 a 1,7 g/kg peso seco - KRAUSE - 15 a 20% VET – KRAUSE / CHEMIN & MURA / CUPPARI (2014) - 1,5 g/kg / CUPPARI (2014) - 1,5 – 2,0g/kg – CHEMIN & MURA (2011) – mantém o catabolismo estável Lipídeo - 25 – 30% VET – CHEMIN & MURA / CUPPARI (2014) - 30 a 45% VET - KRAUSE MICRONUTRIENTES Pacientes fumantes precisam de vitamina C adicional, de acordo com estudos: - Fumante de 1 maço/dia - +16mg/ac. Ascórbico/dia - Fumante de 2 maços/dia - +32mg/ac. Ascórbico/dia Magnésio e cálcio – importantes na DPOC na contração e relaxamento muscular – Ingerir quantidades adequadas (RDA, AI); Pacientes com suporte nutricional agressivo monitorar esse minerais, pois são co-fatores de ATP. Foi observado nesses pacientes diminuição da massa óssea – Cuidado com osteoporose – Podem ser necessárias vitaminas K e d adicionais. Pacientes com Cor pulmonale- Requerem restrição de sódio e líquido. Estratégias alimentares (KRAUSE): Recomendada dieta oral modificada; Distensão abdominal: evitar alimentos formadores de gases, comer devagar; Estimular exercícios adequados, líquidos e fibras mastigáveis para melhorar funcionamento intestinal; Para aumentar apetite e diminuir a fadiga: Repouso antes das refeições; Escolher alimentos de fácil preparo; Ingerir pequenas porções de alimentos com alta densidade; Fazer uso das medicações fora das refeições; Assistência na compra e preparação dos alimentos; Terapia nutricional enteral: Via oral ou sonda – aumentar a ingestão calórica Considerar a ansiedade do paciente, trabalho e o custo; Além da aspiração outras complicações da alimentação noturna devem ser avaliadas (Sono – diminuição no consumo de oxigênio de 15 a 25%) NOVAS TERAPIAS ERGOGÊNICAS NO TRATAMENTO DA DPOC – CHEMIN & MURA Entretanto, a terapia prolongada com andrógenos pode aumentar os riscos de eventos cardiovasculares em virtude da diminuição do HDL-colesterol. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS NA DPOC – CHEMIN & MURA Pacientes com DPOC apresentam baixa capacidade oxidativa, capacidade glicolítica normal ou aumentada e metabolismo aláctico diminuído. Os pacientes DPOC apresentam alterações no perfil de aminoácidos no plasma e nos músculos esquelético, com diminuição dos níveis plasmáticos de glutamato, glutamina e alanina, em especial em enfisematosos com depleção nutricional. A depleção de alanina afeta uma série de reações metabólicas, como interferência na gliconeogênese e fornecimento de energia para leucócitos e fibroblastos. FIBROSE CÍSTICA (FC) ou MUCOVISCIDOSE É uma doença hereditária (autossômica recessiva), complexa, caracterizada por doença pulmonar supurativa crônica, insuficiência pancreática e aumento dos níveis de sódio e cloro no suor, que incide em crianças e adultos jovens. Ocorre mutações no gene localizado no braço longo do cromossoma 7, codifica uma proteína associada a membrana chamada regulador transmembrana de fibrose cística que regula o transporte de íons nas membranas de células epiteliais, ocasionando distúrbio no transporte eletrolítico. A secreção de muco anormalmente espesso afeta quase todas as glândulas exócrinas e ductos, obstruindo-os. Ocorre o comprometimento do trato respiratório, glândulas sudoríparas e salivares, intestino, pâncreas, fígado e trato reprodutivo. As complicações pulmonares são: Bronquite aguda e crônica; Bronquiectasia; Pneumonia; Atelectasia Pneumotórax e hemopitise; Fases avançadas: Cor pulmonale e infecção por Burkholdteria cepacia – mau prognóstico Pâncreas – 85% dos pacientes com FC tem insuficiência pancreática Pode ocorrer pancreatite; Tampões de muco espesso Quantidade de enzimas pancreáticasInsuficiência pancreática Má digestão e absorção de nutrientes Avanço da dç – Intolerância à glicose (50%) e diabetes (7%-15%). Diminuição de bicarbonato – diminui atividade enzimática; Diminuição da reabsorção de ácido biliar – Má absorção de gordura; Complicações: Fezes volumosas e fétidas, cólicas, obstrução intestinal, prolapso retal e envolvimento hepático. Terapia nutricional Avaliação Pacientes com FC tem um alto risco de cursar com desnutrição, devido à má digestão, absorção e as complicações. - Fatores que interferem na ingestão e retenção de nutrientes: Dispnéia, tosse, vômitos (tosse), desconforto GI, anorexia (infecções) e possível perda do olfato e paladar e glicosúria. É observado retardo do crescimento e dificuldade de manter o peso nestes pacientes. A ingestão adequada pode levar ao crescimento adequado, porém com a progressão da doença tem-se uma diminuição do crescimento nas crianças e diminuição do peso em relação à altura em adultos. Objetivos: Controlar a má absorção e digestão; Proporcionar nutrientes adequados; Prevenir deficiências nutricionais; Indivíduos de alto risco: bebês, crianças, adolescentes, mulheres grávidas e lactantes. Terapia de reposição de enzimas pancreáticas: 1° passo para corrigir má digestão e absorção; Objetivo é controlar sintomas GI, esteatorréia e promover crescimento adequado; São microesferas com revestimento entérico com dosagem de enzimas - limitadas a 2500 unidades de lipase/kg/refeição (controle empírico); Quantidade de enzimas depende: Grau de insuficiência pancreática e quantidade de alimentos ingeridos; Conteúdo de gordura, proteína e carboidrato do alimento; Tipo de enzima usada. A gordura fecal ou os estudos de balanço nitrogenado podem ajudar a avaliar a adequação da suplementação de enzima; Bebês e crianças – abrir a cápsula e misturar com alimentos macios, como: compota de maçã; As microesferas não devem ser misturadas com alimentos com pH>6, como, PRODUTOS LÁCTEOS (leite, pudim, creme e sorvete) pois o revestimento entérico pode se dissolver e as enzimas expostas à acidez gástrica serão inativadas (também não devem ser mastigadas ou esmagadas. A síndrome da obstrução intestinal distal (SOID) ou impactação intestinal recorrente pode ocorrer em adultos e crianças. O tratamento ou prevenção consiste em enzimas, líquidos, aumento de fibras, exercícios, laxativos e amolecedores de fezes. Tabela 1: Categorias de tratamento em pacientes com FC segundo KRAUSE ENERGIA: Os fatores a serem considerados são: sexo, idade, TMB, atividade física, infecção respiratória, gravidade da doença pulmonar e da má absorção. O cálculo das necessidades energéticas inclui: 1) TMB (utilizando as equações da OMS) – É necessário idade, sexo e peso. 2) Coeficiente de atividade física (CA); 3) Coeficiente da doença pulmonar (CD): 4) Coeficiente de absorção de gordura (CAG). Passo a passo para calcular as necessidades: 1 – Determinar a TMB pela OMS 2- Multiplicar a TMB por 2 fatores GED= TMB x (CA+CD) Coeficiente de atividade (CA): Acamado – 1,3 Sedentário – 1,5 Ativos – 1,7 Coeficiente da doença (CD): Normal – VEF1≥ 80% = 0 Moderada – VEF1 40 – 79% = 0,2 Doença Pulmonar – VEF1< 40% = 0,3 Doença Pulmonar muito grave– VEF1< 40% = 0,4- 0,5 3 – Avaliar o grau de esteatorréia (CAG) Insuficiência pancreática: NED = GDE (0,93/CAG) Se a coleta de gordura fecal não estiver disponível usar: NED = GDE (0,93/0,85) Aumento no gasto energético de até 20%; Não deve diminuir a atividade e sim aumentar a ingestão energética. MACRONUTRIENTES: Nutriente Necessidades Carboidratos Pode mudar com o avanço da doença Proteínas - 15 a 20% VET ou - RDA p/ sexo, idade e altura Lipídeos - 35 a 40% (ou mais) VET Pode ocorrer deficiência de ácidos graxos essenciais devido à má absorção, logo incluir alimentos fonte, como: Óleo de canola, linhaça, soja ou milho. Pode ocorrer também intolerância à lactose, neste caso alterar a ingestão de carboidratos. Vitaminas e Minerais - Vitaminas hidrossolúveis – Adequadamente absorvidas; - Vitaminas lipossolúveis - mesmo com reposição enzimática são absorvidas inadequadamente, observando: Vit. A – deficiência de mobilização e transporte; Vit. D – levando a da mineralização óssea; Vit. E – associada a anemia hemolítica e achados neurológicos; Vit. K – secundária a antibióticos, dç hepática e má absorção; - Minerais – DRI de acordo com idade e sexo reservas de ferro e magnésio; zinco – Em casos de desnutrição moderada a grave. Suplementação: (KRAUSE) Vit A (UI) Vit E (UI) Vit D (UI) Vit K (mg) 0-12 meses 1500 40-50 400 0,3-0,5 1-3 anos 5000 80-150 400-800 0,3-0,5 4-8 anos 5000- 10000 100-200 400-800 0,3-0,5 >8 anos 10000 200-400 400-800 0,3-0,5 OBS: Os bebês necessitam de sódio, pois o leite humano e alimentos para esta idade possuem baixos teores de sódio. Estratégias de Alimentação Na FC tem-se aumento das necessidades, utilizar: Refeições regulares e agradáveis; Porções maiores de alimentos; Lanches extras, pp/ antes de dormir e 2 horas antes das refeições; Alimentos densidade energética – 2-3x/dia, suplementos alimentares; Facilitar as preparações – alimentos de conveniência ou pré-preparados; Encorajar a companhia às refeições; Coincidir a principal refeição com a hora de maior gasto energético. Bebês: Encorajar a amamentação; Pode ser necessário – Fórmulas com teor calórico – 20 a 27kcal/30 ml + enzimas. Fórmulas com hidrolisados protéicos e TCM Terapia Nutricional (Quando VO não for suficiente) ou P/A <75% do ideal. TNE (sonda ou ostomia) – contínua noturna Fórmulas elementares ou não elementares + enzimas - EFICAZ; Benefícios da terapia: Melhora do ganho de peso; Perda da função pulmonar mais lenta; Diminui as infecções respiratórias; Bem estar. O uso da nutrição parenteral só em curtos prazos e quando não se pode utilizar o TGI. Tabela 2: Recomendações gerais de tratamento na FC segundo CHEMIN & MURA CÂNCER DE PULMÃO (KRAUSE) ATENÇÃO - CHEMIN & MURA Recomenda-se uma dieta: 40% de lipídios; Adequada em energia (aumentar a oferta energética em cerca de 20-50), proteínas (10 – 15% ou 2 – 3g/kg para adultos), carboidratos (45 – 50%), vitaminas e minerais; Suplementar vitaminas lipossolúveis. Não é recomendada a suplementação de -caroteno para prevenção deste câncer. Mas parece que a ingestão de frutas e verduras é benéfica! Em alguns países é a primeira causa de morte tanto em homens como mulheres. A causa deste tipo de câncer tem sido atribuída ao tabaco. Estudos demonstraram associação entre a baixa ingestão de alimentos e níveis séricos de carotenóides ou retinóides com o aumento da incidência do CA de pulmão. O tratamento inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Esse tipo de câncer é altamente consuptivo levando a desnutrição, além de possuir estresse adicional da fadiga respiratória e diminuição da capacidade residual. A busca e preparação da alimentação podem se tornar tarefas muito difíceis para estes pacientes, portanto é essencial a oferta de alimentos, bebidas e suplementos nas formas e horários melhor tolerados. Podendo ser utilizado suplementos de alta densidade calórica. Necessidade energética e proteica no CA pulmonar – CHEMIN & MURA 2011 Eutrofia ENERGIA: 25 – 35kcal/kg PTN: 1 – 1,5g/kg Reposição ENERGIA: 35 – 50kcal/kg PTN: 1,5 – 2,0g/kg INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA (IR) A insuficiência respiratória ocorre quando a eficiência de permuta gasosa está comprometida acarretando, um fornecimento inadequado de oxigênio aos tecidos orgânicos. As causas podem ser traumáticas, cirúrgicas ou médicas. A síndrome da angústia respiratóriaaguda é uma complicação comum. Na IR por qualquer motivo a paciente precisa de oxigênio através de cânula nasal ou ventilação mecânica. Porém, as maiores dificuldades que estes pacientes apresentam para sair da prótese ventilatória são a fraqueza dos músculos respiratórios e a retenção de dióxido de carbono. O prognóstico é pior para os pacientes com doenças pulmonares crônicas, enfisema, fibrose cística, idosos e desnutridos. Terapia nutricional Objetivos: Atender as necessidades nutricionais básicas; Preservar a massa corpórea magra; Restaurar a massa e força dos músculos respiratórios; Manter o equilíbrio hídrico; Melhorar a resistência à infecção; Facilitar a saída da ventilação mecânica (fornecendo energia sem exceder a capacidade do sistema respiratório de eliminar o dióxido de carbono) Relembrando: Hipercapnia – Aumento anormal de CO2 no sangue. Este controle pode ser feito de 2 maneiras: 1- Aumentando a eliminação de CO2; 2- Diminuindo sua produção. A Terapia Nutricional é utilizada nos pacientes gravemente enfermos, nos intubados e 2 grupos com IR parecem enquadrar-se (DAN WAITZBERG): Doente hipercatabólico com infecção associada a uma doença clínica importante (SARA) Pacientes com falências respiratórias. Para minimizar a aspiração durante a TNE algumas medidas podem ser tomadas, como (KRAUSE): Alimentação contínua; Sonda posicionada no duodeno; Elevação do tórax a 45°; Avaliação freqüente do resíduo gástrico; Inflar o cuff da sonda endotraqueal. CALORIAS As necessidades estão aumentadas, porém não devem ser ofertadas calorias em excesso e nem insuficientes e sim adequadas, pois: Excesso de calorias – retenção hídrica, intolerância a glicose, esteatose hepática, diarréia, aumento da produção de CO2 e aumento da TMB (pelo aumento da termogênese induzida pelos alimentos). Falta de calorias – balanço nitrogenado negativo, proteólise e necessidade de ventilação mecânica. As necessidades podem ser estimadas por Harris-Benedict ou por calorimetria indireta. GER x 1,2 a 1,4 (KRAUSE); Proteínas 1,5 a 2,0g/kg de peso seco (KRAUSE). Calorias não protéicas são divididas entre lipídeos e carboidratos. ATENÇÃO – DAN WAITZBERG (2009)! – TERAPIA COM AGE A insuficiência pulmonar pode ser definida como entidade clínica na qual a eficiência de permuta gasosa está comprometida, levando, por conseguinte, a um fornecimento insuficiente de oxigênio aos tecidos. A insuficiência respiratória em sua forma aguda é comumente identificada como Lesão Pulmonar Aguda (LPA) ou Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA). Por definição, são caracterizadas pela presença de infiltrados pulmonares bilaterais e por queda na relação PaO2 (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) e a FiO2 (concentração de oxigênio no ar inspirado). LPA PaO2/FiO2 <300 SARA PaO2/FiO2 <200 SARA – caracterizada por edema pulmonar não- cardiogênico e por hipóxia refratária. Sua característica mais marcante é a presença de uma inflamação generalizada do parênquima pulmonar função pulmonar. Fatores que podem contribuir para SARA incluem aspiração, contusão pulmonar, inalação de materiais tóxicos, choque, fraturas múltiplas, pneumonia, transfusões, queimaduras, coagulação intravascular disseminada, pancreatite e sepse. A quantidade adequada de glicose tem o QR .=1, se a oferta for excessiva vai ocorrer lipogênese e seu QR > 1, já o QR da proteína é de 0,8, dos lipídeos 0,7 e da dieta mista 0,85. O QR (quociente respiratório) é a proporção entre o volume de dióxido de carbono expirado e o volume de oxigênio inspirado (CO2/O2). A resposta inflamatória é a chave do mecanismo fisiopatológico da LPA e da SARA. As terapias nutricionais atuais para o tratamento da LPA e SARA envolvem a redução dos mediadores pró- inflamatórios responsáveis pela injúria pulmonar, através da utilização de lipídios com propriedades anti-inflamatórias. Considerações nutricionais no tratamento da Insuficiência Respiratória Aguda Considera-se o uso de dietas que modulem o Quociente Respiratório (QR), isto é, que promovam menor produção de CO2, uma vez que pacientes com LPA ou SARA possuem hipercapnia (retenção de CO2). O QR para os CHO é de 1,0, para proteínas é 0,82 e para lipídios é 0,71. Isso significa que dietas ricas em CHO produzem mais CO2. Devido ao fato que pacientes com SARA tem risco de retenção de CO2, um dos objetivos seria produzir a queda na produção de CO2, logo, uma dieta pobre em CHO e rica em lipídios, produziria queda do QR e traria benefícios para pacientes com SARA, em especial naqueles em ventilação mecânica. A oferta endovenosa de solução de lipídios também pode economizar proteínas, mas para isso têm que ser administrados com um mínimo de 500kcal/dia na forma de CHO (cerca de 125g/dia). A suplementação com antioxidantes deve ser avaliada pelo fato de que níveis séricos baixos de vitamina E e elevados de lipoperóxidos indicativos de dano oxidativo são comumente encontrados em pacientes com processos inflamatórios agudos. O uso de W3 está associado à síntese de mediadores anti- inflamatórios e o uso de W6-GLA mostrou menor tempo na ventilação mecânica. Terapia nutricional com Ácidos Graxos A modificação dos lipídios oferecidos através da dieta a fim de mediar a resposta inflamatória exacerbada e de criar um balanço entre a produção de mediadores pró e anti- inflamatórios é uma abordagem recente. EPA e o ácido gama-linolênico (GLA) (enteral ou parenteral) Reduzem a severidade da cascata de reação inflamatória de modo extremamente eficiente, promovendo vasodilatação e melhora nas trocas gasosas com diminuição da permeabilidade da membrana alveolocapilar e do edema pulmonar. A terapia com EPA e GLA é fundamental no manejo da LPA e SARA. Dietas formuladas com lipídios anti-inflamatórios e não enriquecidas com arginina: Dietas moduladoras de inflamação. Necessidades de água – Individualizadas, baseadas no método de administração de oxigênio e fatores ambientais (KRAUSE) MICRONUTRIENTES: Efeito colateral das medicações – Perda de potássio, cálcio e magnésio na urina. Durante o anabolismo o balanço de minerais deve ser monitorado de maneira antecipatória para impedir a síndrome da realimentação TUBERCULOSE (KRAUSE) É uma doença bacteriana causada por micobactérias especificamente Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose é encontrada em populações pobres, pessoas que vivem em locais fechados e cada vez mais como uma complicação da AIDS. Nestas infecções são prescritas medicações múltiplas, principalmente os antibióticos, na TB a isoniazida é comum. ISONIAZIDA – Como o alimento diminui sua absorção ela deve ser ingerida 1h antes ou 2h depois das refeições, esgota a B6, interfere no metabolismo da vitamina D e conseqüentemente diminui a absorção de cálcio e fósforo. Conduta: Maior ingestão de vitaminas e minerais, aumento de quilocalorias, líquidos e monitoração dos exames laboratoriais. APNÉIA DO SONO (CHEMIN & MURA 2011) É uma condição patológica caracterizada por episódios de obstrução parcial ou total das vias áreas superiores durante o sono, o que resulta em dessaturação da oxiemoglobina e despertares, em associação a sintomas diurnos dos quais o mais significativo é a hipersonolência. Este quadro danifica a função e a estrutura respiratória, ocasionando deterioração fisiológica e patológica, prejudicando a qualidade de vida, incluindo déficit de atenção, dificuldade de concentração e memória nesses pacientes. O tratamento é basicamente enfocado na perda de peso do paciente, o que pode melhorar ou prevenir muitos dos fatores de risco impostos a esses pacientes. Conduta: Recomenda-se reduzir de 500 – 1000kcal/dia e manter pelo menos 1200kcal/dia ou utilizar 20kcal/kg/dia, o que pode levar a uma perda de peso de até 900g por semana.Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA NEUROLÓGICA Doenças neurológicas podem ser classificadas em 2 tipos: 1-Doença neurológica que surge de deficiência ou excesso nutricional As doenças de etiologia nutricional são atribuídas: • Alcoolismo (causa mais freqüente); • Desnutrição • Má absorção 2-Doença neurológica com etiologia não nutricional A terapia nutricional nesses casos é adjuvante ao controle médico. LESÕES, TRAUMAS E SINAIS DE LOCALIZAÇÃO O cérebro é composto pela substância cinzenta (córtex cerebral), substância branca e pelos gânglios da base. O córtex cerebral possui diversas áreas com uma função determinada, que pode ser perdida na ocorrência de uma lesão nesta área. Fig.1 – Anatomia As lesões, traumas ou massas localizadas, acarretam uma série de conseqüências dependendo do local afetado, como: Lobo frontal – Manifestações psiquiátricas (depressão, mania, alteração de personalidade); Lobo frontal próximo a base do crânio – Pode perder olfato e ter alterações visuais; Porção central – Apraxia motora Lobos temporais – Afeta memória, funções da fala e pode ter convulsões; Lobo parietal direito – incapacidade de focalizar atenção, ignora o lado esquerdo do corpo; Junção dos lobos temporal, parietal e frontal – problemas na fala; Lobos occipitais – cegueira cortical; Cerebelo e tronco cerebral – Hidrocefalia; Tronco cerebral - Pode afetar qualquer nervo craniano que inerva a face e cabeça, prejudicando a nutrição do paciente, já que não conseguem se alimentar sem o risco de aspiração de líquidos e alimentos para os pulmões; Medula – Afeta centro respiratório e cardíaco, causam sinais do neurônio motor ao nível da massa e sinais motores superiores abaixo da massa. Hipófise e hipotálamo – Manifestações sistêmicas (anormalidades eletrolíticas e metabólicas secundárias à desregulação de hormônio adrenocortical, tireóideo e antidiurético), déficits binoculares e síndrome da secreção inapropriada de hormônio antidiurético. Hipotálamo – Anorexia ou excesso de alimentação; Nervos periféricos e junção neuromuscular – prejuízo no ato de alimentar-se. TERAPIA NUTRICIONAL O tratamento do pacientes neurológico é complexo. Esses pacientes estão em risco de desnutrição pelo comprometimento de obter, preparar e levar os alimentos à boca, da capacidade cognitiva e pela presença da disfagia. A avaliação nutricional tem como objetivo melhorar os resultados e a qualidade de vida do paciente. A avaliação nutricional deve conter: História dietética – avaliar mastigação, deglutição; História de perda ou ganho de peso – Perda 10% - risco nutricional; Anemia não deve ser observada, pois o ferro é necessário para síntese de dopamina e serotonina. Alterações decorrentes da doença neurológica: Declínio na função e capacidade de cuidar-se; É necessário ajuda para realizar necessidades básicas, como a busca pelo alimento; Nas lesões agudas (Trauma, AVC) – Pode ser necessário o suporte nutricional enteral; Em situações onde o preparo dos alimentos torna-se uma difícil tarefa: Utilizar alimentos de conveniência; Utilizar alimentos prontos, pré-embalados em porções individuais. Questões alimentares O paciente com doença neurológica pode apresentar algumas incapacidades de acordo com a região do SNC que for lesada, incapacitando-o de alimentar-se. Fraqueza dos membros, paralisia do lado dominante – O ato de comer torna-se desagradável e aumenta o risco de aspiração (sentar o paciente ereto); Saciedade precoce – Refeições pequenas e freqüentes podem ajudar; Hemianopsia e negligência – Pode prejudicar o paciente, pois apresenta apenas a visão de uma lado e ignora a parte afetada do corpo; Confusão e demência – Paciente não lembra de alimentar-se, não consegue preparar a alimentação com segurança – É NECESSÁRIO SUPERVISÃO E ASSISTÊNCIA. Processo oral Durante este estágio da alimentação alguns problemas são encontrados, como: Tosse Alimentação prolongada Disfagia TERAPIA NUTRICIONAL NAS NEUROPATIAS Aspiração de alimentos para os pulmões Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br A disfagia é um problema comum nesses pacientes e tem sintomas associados como: babar, sufocar ou tossir após ou durante as refeições, incapacidade de sugar, reflexo de vômito ausente, infecções respiratórias crônicas, perda de peso e anorexia. Deglutição O processo de deglutição pode ser dividido em 3 fases: 1- Fase oral = O alimento combinado com a saliva é mastigado (se necessário) e um bolo é formado pela língua que empurra o alimento para trás da cavidade oral espremendo-o contra o palato mole e duro. Na Pressão Intracraniana aumentada ou lesão do nervo craniano ocorre enfraquecimento dos movimentos linguais e do músculo labial, levando a dificuldade de formar o bolo e movê-lo. 2- Fase Faríngea = Esta fase ocorre em 4 eventos consecutivos: Palato mole eleva-se fechando a nasofaringe; Hióide e a laringe se elevam e as cordas vocais protegem a via aérea; Faringe se contrai e o esfíncter cricofaríngeo relaxa permitindo a passagem do alimento para o esôfago; Reinicia-se a respiração. Os sintomas de incoordenação nesta fase incluem vômito, asfixia e regurgitação nasofaríngea. 3- Fase esofágica = O bolo prossegue pelo esôfago até o estômago. Esta fase é completamente involuntária. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Primeiro passo obrigatório. Deve incluir avaliação global e histórico do peso. O reconhecimento de sinais precoces e sintomas de disfunção é imprescindível para a rápida implementação do plano de cuidado apropriado. As variáveis-chaves que afetam a ingestão nutricional devem ser avaliadas cuidadosamente (obtenção, preparo e ingestão do alimento). DISFAGIA (FICAR ATENTO AO GRAU DE DISGAFIA SEGUNDO DAN WAITZBERG) O grau de disfagia deverá ser avaliado e, desta forma, traçada a conduta, objetivando a alimentação por via oral segura ou alteração da consistência, do método de administração ou ambos. De acordo com o Dan, a textura é modificada de acordo com o grau de disfagia, como: Grau 1 2 3 4 - Normal Grau de purê: purê, preparações homogêneas e pudins Grau de alteração mecânica: coesividade de Semi-sólidos, requer habilidade de mastigação frutas e vegetais Excluir produtos secos (crackers) Grau de maciez: Sólidos macios Requer habilidade para a mastigação Fácil de cortar - carnes, frutas e vegetais Excluir alimentos duros e muito secos Qualquer alimento de textura sólida A utilização de modificadores de consistência, além de favorecer a deglutição, aumenta o aporte calórico e diminui o risco de aspiração. ATENÇÃO: Condutas da KRAUSE para líquidos e textura para pacientes com dificuldades de deglutição. Líquidos • São facilmente aspirados para os pulmões - Pneumonia • Engrossamento de líquidos (leite em pó magro, maisena, suplementos modulares de CHO ou engrossadores contendo maisena modificada); • Preferir líquidos com alto percentual de água; • Picolés, gelo e frutas frescas – Fonte adicional de água; • Estimular fontes não cafeinadas – Cafeína tem efeito diurético; • Leite – Associado a sintomas de produção excessiva de muco (Não tem comprovação) – Não retirar da alimentação! Encorajar o uso com espessantes; • Bexiga neurogênica –– Distribuir líquidos uniformemente; OBS: Para diminuir a freqüência da ITU – Aumentar a ingestão de suco de uva do monte. Textura • Progressão da doença - disfagia e eliminação de grupos alimentares inteiros. • Suplementação vitamínica pode ser necessária; • Alterar a consistência para mole ou purê; • Incentivar refeições pequenas e freqüentes; • A deglutição pode ser melhorada acentuando o paladar, textura e temperatura dos alimentos; • Substituir água por sucos; • Temperaturafria é melhor tolerada; • Carbonação – Pode ser bem tolerada pela modificação da textura; • Molhos e condimentos – Facilitam a deglutição; • Massas úmidas, ensopados e ovos – Bem tolerados I.DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE ETIOLOGIA NUTRICIONAL As enfermidades sistêmicas como alcoolismo, incapacidade de ingestão de alimentos, síndromes de má-absorção, síndromes paraneoplásicas, hipotireoidismo, insuficiência renal, SIDA, gastrectomia, cirurgia bariátrica, dentre outras, podem causar DEP e/ou desnutrição vitamínica. O alcoolismo é a causa mais comum relaciona às polineuropatias por deficiências nutricionais. 1.AMBIOPIA NUTRICIONAL causada por deficiência de B12, tiamina, riboflavina e piridoxina. 2.DEGENERAÇÃO CEREBELAR relacionada ao alcoolismo, mas também pode estar relacionada a outras causas de desnutrição (CA TGI ou anorexia nervosa). 3.PELAGRA a deficiência de niacina também pode afetar o SNC. 4.DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 resulta em mielopatia combinada subaguda, degeneração de nervos ópticos e dos nervos periféricos, além de substância branca encefálica. Krause: ANEMIA PERNICIOSA (B12) A tríade clássica: anemia, déficits neurológicos e atrofia epitelial da língua. Etiologia e fisiopatologia • As lesões ocorrem inicialmente nas bainhas mielínicas dos nervos ópticos, substância branca e nervos periféricos. • A inserção de ácidos graxos irregulares nas bainhas mielínicas. Achados clínicos e tratamento • Anemia macrocítica; • Fraqueza geral e parestesias; • Não tratado: disgeusia, marcha deficiente, espasticidade, contraturas, irritabilidade, apatia, sonolência, instabilidade emocional, confusão acentuada, depressão e def. visual; Diagnóstico: • Determinação da B12 sérica – Níveis < 150mg/ml. Teste mais definitivo: Teste Schilling (FI) Considerações Nutricionais • KRAUSE: Recomendado dieta com proteínas de alto valor biológico, suplementação com ferro, vitamina C e outras vitaminas do complexo B (inclusive ácido fólico). Tratamento: - Inicialmente – Doses diárias de 1000mcg de B12 IM (semanas); - Após, doses semanais de 100mcg de B12 IM (meses); - Manutenção – Doses mensais de 100mcg administradas por toda vida se houver ausência de FI. 5.DEFICIÊNCIA DE VITAMINA E pode causar neuropatia sensitivo-motora, oftalmoplegia, degeneração retiniana e miopatia. Pode ocorrer em distúrbios de absorção de gorduras, como na fibrose cística. 6.DEFICIÊNCIA DE TIAMINA resulta em acúmulo de ácido lático e em redução da absorção de oxigênio tecidual. A deficiência está associada ao beribéri, síndrome de Wernicke-Korsakoff, degeneração cerebelar cortical e síndrome de Stracham. O beribéri caracteriza-se como neuropatia periférica e parestesias dolorosas que progridem dos segmentos distais para proximais, déficit muscular distal e simétrico, amiotrofia, cãibras, atrofia tegumentar além de insuficiência cardíaca. A síndrome de Wernicke-Korsakoff é gerada pela deficiência vitamínica B1 e desencadeada pela administração de glicose, infecção e traumatismo. Krause - SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF • Resulta da deficiência crônica de Tiamina (B1); • Ocorre com maior freqüência nos alcoólatras. Etiologia e fisiopatologia • A deficiência de B1 é a causa e sua depleção ocorre em 7 a 8 sem; Achados clínicos e tratamento • Encefalopatia, Nistagmo, Ataxia da marcha (Wernicke). Tratamento: • Dose: 50 a 100 mg/B1 via parenteral por vários dias. • Nunca administrar glicose antes da B1; • Hepatopatas- resposta pode ser demorada. Considerações Nutricionais • Suplementação de B1; • Ingerir alimentos: grãos integrais, pães e cereais enriquecidos; • Eliminar o uso do álcool. • Em casos de encefalopatia – verificar a necessidade de restrição de proteínas. 7.TOXICIDADE POR VITAMINA A A hipervitaminose A acentua a permeabilidade dos plexos coróides, causando aumento de líquido céfalo-raquidiano e hipertensão intracraniana. 8.TOXICIDADE POR VITAMINA B6 pode desencadear neuropatia sensorial. 9.DOENÇA DE WILSON resultado de acúmulo de cobre por deficiência de ceruloplasmina. 10.ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (KRAUSE) É definido como um início agudo de déficit neurológico focal ou global com duração > 24h, e atribuível a doenças da neurovasculatura intra ou extracraniana. Fatores de risco: - Idade avançada (+ significativo); - Modificáveis: hipertensão e o fumo; - Outros fatores: doença cardíaca, FA, DM e uso de contraceptivos orais. Tratamento Nutricional • Após AVC: redução de colesterol, gordura e sal – é questionável; • Importante manter o EN adequado; • Disfagia – freqüente contribui para as complicações e mau prognóstico - associada a: Risco aumentando de desnutrição; Risco aumentando de Infecções pulmonares; Incapacidade; Internação hospitalar Fig. 2: Fatores relacionados à nutrição e risco de AVC (KRAUSE) II. DOENÇAS NEUROLÓGICAS DE ETIOLOGIA NÃO NUTRICIONAL 1.ADRENOMIELOLEUCODISTROFIA É uma deficiência congênita de enzimas que afeta o metabolismo dos ácidos graxos de cadeia muito longa, acarretando seu acúmulo no cérebro e glândulas supra-renais. Achados clínicos e tratamento • Mielopatia, neuropatia periférica e desmielinização cerebral • Manifestações- 4 e 8 anos – Insuficiência adrenal; • Disartria e disfagia – Prejuízo na alimentação Considerações Nutricionais • Exclusão dos ác. graxos de cadeia muito longa (VLCFA) não comprovada; •Óleo de lorenzo – diminui VLCFA – Evolução clínica não é alterada. 2.DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) É a causa mais comum de demência em idosos. Os fatores de risco são: ordem de nascimento, lesão cefálica, baixo nível educacional e presença de Síndrome de Down, além do componente genético. Dentre os eventos fisiopatológicos mais importantes estão a ocorrência de deposição extracelular de peptídeos beta- amilóides com plaquetas senis e formação errática de neurofibrilas intracelulares. A nutrição parece ser um dos fatores que podem desempenhar papel terapêutico na DA. Antioxidantes, homocisteína, folato, vitamina B6 e B12 são fatores extensamente avaliados, mas ainda não consolidados como relacionados à fisiopatologia da DA. USO DE ALIMENTOS COM PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES Muitos estudos sugerem que o estresse oxidativo e o acúmulo de radicais livres associam-se à fisiopatologia da neurodegeneração que ocorre na DA. Os agentes antioxidantes (AO) podem ser classificados em não-enzimáticos ou enzimáticos. AO não enzimáticos: vitamina E, betacaroteno, vitamina C, flavonóides, proteínas do plasma, selênio, glutationa, clorofilina, L-cisteína e curcumina. AO enzimático: superóxido dismutase, catalase, NADPH- quinona oxidoredutase, glutationa peroxidase, enzimas de reparo. Além do uso de vitaminas e fitoquímicos, o uso de minerais antioxidantes também tem sido estudado, como selênio e zinco. O selênio oferece proteção contra doenças crônicas associadas ao envelhecimento. Está presente em brócolis, couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete. Deficiência de selênio causa concentração reduzida de glutationa peroxidase, presente no SNC. O zinco atua como antioxidante via proteínas antioxidantes como as metalotioneínas e a superóxido dismutase, que ajudam a manter a integridade e a instabilidade genômica. Embora exista defesa AO enzimática endógena é plausível o uso de AO exógenos. ANTIOXIDANTE ALIMENTO Ácido elágico Uva Antocianidina Mirtilo Beta-caroteno Mamão, cenoura Catequina Chá Clorofila Espinafre Curcumina Curry Flavinóides Batata, repolho branco Flavonóides Brócolis, salsa, berinjela, morango Licopeno (carotenóide) Tomate Polifenóis Noz Quercetina Vinho Taninos Repolho Vitamina C Laranja, morango Achados clínicos: A homocisteína é ativa no tecido encefálico e possivelmente contribui para a DA via mecanismos vasculares ou atuando como neurotoxina. Ingestões elevadas defolato relacionam-se ao baixo risco de acidente vascular encefálico, presumivelmente por reduzir as concentrações de homocisteína. A deficiência de B12, folato e B6 pode causar acúmulo de homocisteína. Orientações: • Desligar rádios e televisões durante as refeições; • Oferecer um alimento por vez em pratos pequenos; • Supervisionar as refeições • Utilizar pratos e tigela de cores diferentes dos alimentos oferecidos; • Estágio final – Disfagia. Para diminuir a perda de peso: Oferecer lanches freqüentes; Alimentos com alto teor de nutrientes; Suplementos alimentares; FATORES DE RISCO A idade, a predisposição genética e o traumatismo craniano consistem um forte grupo de fatores relacionados com a doença de Alzheimer (DA). Outros incluem exposição a metais pesados (alumínio), em conjunto com a predisposição genética. As alterações da proteína precursora de amiloide (APP) são identificadas em situações de traumatismo craniano agudo, que podem evoluir para uma disfunção neurodegenerativa. A dieta também é considerada um fator de risco, devido a uma demonstração de forte correlação positiva entre a ingestão de gorduras e de calorias totais, com a prevalência de doença de Alzheimer. A ingestão adequada de vitaminas C, E, B6, B12 e folato, bem como ácidos graxos insaturados, diminui o risco de Alzheimer. QUADRO CLÍNICO A doença de Alzheimer associa-se a uma redução dos níveis corticais de acetilcolina, colina-acetiltransferase e norepinefrina, ressaltando-se a diminuição de acetilcolina e degeneração neuronal. O processo neurodegenerativo é atribuído à hiperfosforilação da proteína tau, com consequente formação dos emaranhados neurofibrilares e dos distúrbios metabólicos da proteína beta-amilóide que forma as placas neuríticas. TERAPIA NUTRICIONAL O paciente portador torna-se incapaz de alimentar-se por consequência das limitações cognitivas e físicas. Além disso, devem-se considerar a perda de peso e a caquexia que são achados clínicos frequentes relacionados com um elevado risco de infecções, úlceras da derme e queda de temperatura, com consequente redução da qualidade de vida. Alguns fatores podem contribuir para a redução do peso corporal, como a atrofia do córtex temporal, a diminuição do NPY, o aumento da TMB e o processo de envelhecimento. Mesmo diante dessas alterações não existem recomendações específicas para a avaliação nutricional dos pacientes com DA, sendo seguidas as diretrizes de avaliação de pacientes idosos. Para a DA ainda não existem recomendações específicas, uma vez que as DRIs foram desenhadas para indivíduos saudáveis. A prática da alimentação saudável a partir de princípios nutricionais ameniza as alterações fisiológicas do envelhecimento e as metabólicas desenvolvidas na DA, proporcionando melhor qualidade de vida. 3.ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) Atrofia progressiva dos nervos motores e fraqueza muscular Fisiopatologia • Neurodegeneração na substância cinzenta da medula espinhal e córtex cerebral; • Mutações na superóxido dismutase cobre-zinco; • Estresse oxidativo - proposta para a perda de neurônios; • Defeito no transporte do glutamato. Achados clínicos e tratamento • Diagnóstico é clínico – 95% casos; • Fraqueza muscular – Pernas, mãos, braços e orofaringe; • Perda dos neurônios motores – Perda da mobilidade; • Perda de neurônios corticais – Disartria e disfagia (insidiosa); • Perda de função dos músculos bulbares e respiratórios, disfagia oral e faríngea – Pode ser necessário suporte nutricional; • Não existe terapia – Medidas de suporte Terapia Nutricional: As alterações nutricionais e metabólicas: A intervenção é dividida em 5 estágios: 1 – Hábitos alimentares normais (Escala 10-9): • Iniciar a educação do paciente; • Monitorar a hidratação e estado nutricional; • Líquidos – 2l/dia – Fontes não cafeinadas (cafeína é diurética); • Perda de peso ≥10% - risco nutricional. 2 – Problemas alimentares precoces (Escala 8-7) – KRAUSE • Pacientes começam a ter dificuldades com a alimentação; • Tosse e tempo de refeição longo; • Modificação da consistência, evitar líquidos finos e usar alimentos de fácil mastigação e deglutição; 3 - Alteração da consistência dietética (Escala 6-5) • Com a evolução dos sintomas o transporte oral do alimento torna-se dificultado • Alterar a consistência para mole ou purê; • Evitar líquidos finos e vegetais e carnes crus; • Espessamento de líquidos; • Preferir líquidos com alto percentual de água para manter a hidratação; • Picolés, gelo e frutas frescas – Fonte adicional de água; • Incentivar refeições pequenas e freqüentes; • Substituir água por sucos; • Temperatura fria é melhor tolerada; • A carbonação também é benéfica; • Pacientes na posição ereta • Disfagia: Suplementação vitamínica e mineral pode ser necessárias; • Fibras - constipação. 4 – Alimentação por sonda (Escala 5-4) • Desidratação aguda; • Perda de peso – indicativos de suporte nutricional; • TNE preferida a NPT - objetivo melhorar a qualidade de vida; • EN adequado – Mantém a saúde por mais tempo. 5 – (Escala 2-1) • Não consegue alimentar-se por VO (nível final da disfagia) • Ausência de deglutição – Ventilação mecânica • Alimentação por sonda é permanente 4. EPILEPSIA Distúrbio intermitente do sistema nervoso decorrente de descarga repentina, excessiva, desordenada de neurônios. Achados clínicos e tratamento • Convulsões generalizadas – Envolve todo o córtex cerebral; • Convulsões parciais – Envolve um foco isolado. As Medicações utilizadas podem alterar o estado nutricional: - Fenobarbital, fenitoína e primidona: Interfere na absorção intestinal de Ca – Osteomalácia/ raquitismo – Recomenda- se suplementação de vitamina D, suplementação de ácido fólico interfere no metabolismo da fenitoína; - Fenobarbital, fenitoína: Redução de albumina - aumento da concentração da droga livre e possível toxicidade. - Fenitoína: TNE contínua diminui sua absorção, o álcool diminui o efeito desta droga e sua abs. é diminuída pela presença de alimentos. Recomendação: Alimentação por sonda antes e após a dose de fenitoína varia de 1 a 4 h. O mais comum é um intervalo de 2 h antes e após a dose de fenitoína. TRATAMENTO NUTRICIONAL Dieta cetogênica: • Último recurso para o tratamento; • Tratamento não convencional, mínimos efeitos colaterais e não dispendioso; • Controlará completamente 1/3 das crianças; A dieta cria e mantém um estado de cetose, seu mecanismo de ação não está claro, mas seu benefício pode ser devido a alteração no metabolismo neuronal, onde o corpo cetônico comporta-se como um inibidor dos neurotransmissores, produzindo um efeito anticonvulsivante. • 2 formas de dieta cetogênica; • Criança faz jejum de 24 a 72h até produzir um cetonúria 4+; • Drogas devem ser suspensas. Tradicional: • Ingestão calórica 4:1 de gordura/proteína e carboidratos; • Energia: 75% das recomendações para peso e altura ideal como lipídeo; • Proteína: 1g/kg/dia; • CHO : fornecem o restante de calorias protéica e de CH; • Fluidos: 65ml/kg/dia sem ultrapassar 2L/dia; • Suplementação de vitaminas e cálcio. Dieta cetogênica com base em TCM: • Substitui as gorduras de cadeia longa pelo TCM; • Dieta – maior quantidade de alimentos não cetogênicos: frutas, vegetais, pequenas porções de pão e outros amidos; • Não se limita os líquidos OBS: A duração é limitada, pode ser descontinuada após 2 a 3 anos. 5. SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB) Polineuropatia inflamatória, desmielinizante, de início súbito, agudo com predileção pelos nervos motores, incluindo os cranianos e diafragma. Achados clínicos e tratamento • Sintomas: arreflexia, fraqueza dos membros proximais, fraqueza dos nervos cranianos e insuficiência respiratória. • Diagnóstico é clínico; • A capacidade vital e a deglutição podem deteriorar-se rapidamente – cuidado intensivo; • Tratamento:
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