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NUTRIÇÃO E SAÚDE ÓSSEA A nutrição adequada é essencial para o desenvolvimento e manutenção do esqueleto, isto é, para a saúde óssea. Embora as doenças ósseas, osteoporose e osteomalácia, tenham etiologias complexas, seu desenvolvimento pode ser minimizado a partir de bons hábitos de nutrição ao longo da vida, diminuindo os fatores de risco para desenvolvimento destas patologias. Osso é um termo empregado tanto com o significado de órgão quanto de tecido. Cada osso tem dois tipos de tecido, o osso trabecular e o cortical. Esses tecidos sofrem modelagem óssea durante o crescimento (altura) e remodelagem óssea após cessar o crescimento. O osso consiste de matriz orgânica, ou osteóide, principalmente de fibras de colágeno, na qual são depositados sais de cálcio e fósforo em combinação com íons hidroxila, formando hidroxiapatita. A capacidade tênsil do colágeno e a solidez da hidroxiapatita combinam-se para dar ao osso sua grande resistência. Outros componentes da matriz óssea incluem osteocalcina, osteopontina e várias outras proteínas da matriz. Fig. 1: Osso Tipos de tecido ósseo: Aproximadamente 80% do esqueleto consistem de tecido ósseo compacto ou cortical. As diáfises de ossos grandes são compostas basicamente de osso cortical. Os restantes 20% são de osso trabecular, ou osso esponjoso, existente na protuberância de ossos terminais de ossos longos . O osso esponjoso é menos denso que o tecido ósseo cortical, como resultado de uma estrutura aberta de espísculas ósseas interligadas como aparência semelhante a uma esponja. A perda de osso esponjoso ao longo da vida é o principal fator de risco para fraturas na vida adulta. Células ósseas: Duas células são responsáveis pela formação e manutenção de tecido ósseo: osteoblastos, que formam o osso e os osteoclastos, que reabsorvem o osso. Os osteoblastos contêm receptores de estrógenos. Existem outros tipos celulares importantes na formação de tecido ósseo, osteócitos e células de revestimento ósseo. Os osteoblastos e osteoclastos originam-se de células precursoras primitivas presentes na medula óssea. Homeostase do cálcio: O tecido ósseo serve como um reservatório de cálcio e outros minerais que são utilizados por outros tecidos do organismo. A homeostase do cálcio é quase totalmente dependente desta fonte de cálcio quando a dieta é inadequada. O tecido ósseo é dinâmico, embora seja uma dinâmica lenta, visto que sofre modelagem no início da vida e remodelagem após o crescimento do esqueleto (altura) crescer. Embora 99% do cálcio corporal sejam encontrados nos ossos, os 1% restantes possuem papel crítico para uma grande variedade de reações indispensáveis. A concentração de cálcio no sangue e fluidos extracelulares é regulada por mecanismos complexos que equilibram a ingestão de cálcio e o cálcio nos fluidos corporais. A adaptação do mecanismo homeostático que regula a concentração do cálcio sangüíneo é obtida por meio de dois hormônios reguladores do cálcio: PTH e calcitriol (1,25 – diidroxivitamina D). Modelagem óssea: Modelagem óssea é o termo aplicado o crescimento do esqueleto até a altura madura ser atingida. Por exemplo, durante a modelagem óssea, os ossos longos alargam-se e alonga-se por serem submetidos a alterações internas assim como a expansões externas em suas estruturas. O crescimento ocorre nas epífises (placas de crescimento que sofrem hiperproliferação) e em circunferências, onde em cada local as células sofrem divisão e contribuem para a formação de novo tecido ósseo. Tipicamente a modelagem óssea se completa em meninas por volta dos 16 a 18 anos e nos meninos por volta dos 18 aos 20 anos. Remodelagem óssea: Após se completar o crescimento ósseo, o osso sofre contínua remodelagem em resposta a estresses sobre o esqueleto, adaptação às alterações em estilo de vida e ingestões dietéticas, manutenção da concentração de cálcio sérico e reparo de microfraturas que ocorrem com o tempo. A remodelagem óssea é um processo no qual o osso está sendo continuamente reabsorvido pela ação dos osteoclastos e reformado pela ação dos osteoblastos. Após ativação dos hormônios específicos e citocinas, os NUTRIÇÃO NA SAÚDE ÓSSEA Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br osteoclastos reabsorvem os componentes minerais orgânicos do osso pela formação de pequenas cavidades nas superfícies ósseas. O osso trabecular declina especialmente após a menopausa devido à atividade osteoclástica não oposta; isto é, há formação insuficiente de osso osteoblástico. Como resultado da desconexão na remodelagem óssea, ocorre a perda óssea. Fig. 2: Processo de remodelagem óssea Pico de massa Óssea: O pico de massa óssea é atingido ao redor de 30 anos ou um pouco depois. O pico de massa óssea é maior nos homens que em mulheres devido à maior estrutura corporal. O conteúdo mineral ósseo, mas não necessariamente a densidade óssea, é tipicamente menor em mulheres. A densidade óssea também é maior em negros e hispânicos, um fator que pode estar relacionado com a massa muscular. O pico de massa óssea está relacionado à às ingestões de cálcio na dieta e à atividade física de sustentação do peso. A ingestão de cálcio parece ser um fator crítico no início do crescimento pós-menarca das garotas, assim como em alguns anos antes da menarca. A contribuição do exercício de sustentação de peso para o pico de massa óssea durante os períodos de crescimento e desenvolvimento pode ser maior que a do cálcio. O uso de anticoncepcionais orais por vários anos durante o início da maturidade também pode aumentar a massa óssea, especialmente na espinha lombar e colo do fêmur. O componente de composição corporal mais intimamente associado à massa óssea é o compartimento de gordura, apesar da massa magra (especialmente músculo) também contribuir para a massa óssea na maturidade. Perda de massa Óssea: Após os 40 anos, a densidade óssea começa a diminuir gradualmente em ambos os sexos, mas a perda aumenta muito em mulheres após os 50 anos ou na menopausa. Ocorre uma perda de 1 a 2% ao ano durante a década seguinte em mulheres. Os homens continuam a ter perda óssea, mas em taxa muito menor que as mulheres de mesma idade até os 70 anos, quando as taxas de perda são praticamente as mesmas, em ambos os sexos. Uma mulher que chega aos 80 anos terá uma perda óssea de até 45 a 50% de seu pico de massa óssea, e um homem de idade semelhante terá uma perda de 30% do seu pico de massa óssea. As alterações relacionadas à idade que levam à osteoporose relacionada á idade (Tipo II) em homens e mulheres não são bem compreendidas. A atividade deficiente de calcitriol no intestino delgado de mulheres idosas é um fator importante assim como os níveis diminuídos de fatores de crescimento. Algumas evidências sugerem que a perda de estrógenos na menopausa também permite um aumento na perda de cálcio urinário; esta perda continua no final da maturidade. TRATAMENTO DIETÉTICO Nutrição e o osso: -Cálcio e fósforo:Dietas pobres em cálcio diminuem a massa óssea lentamente, limitando a deposição óssea no crescimento e pode causar aumento a perda óssea da idade adulta. O fósforo interfere na ação osteoblástica e torna a deposição mais lenta e a inicialização da mineralização pelos osteoblastos mais reduzida. - Vitamina D: A vitamina D auxilia na absorção do cálcio dietético. - Vitamina K: A vitamina K possui função na carboxilação de resíduos de ácidos glutâmicos de proteínas ósseas, como a osteocalcina. - Vitamina C, cobre, zinco e manganês: São considerados co-fatores importantes para a síntese ou para a formação de ligações cruzadas de proteínas da matriz. - Flúor: O flúor entra nos cristais de hidroxiapatita do osso e dentro de limites estreitos, aumenta a rigidez do mineral ósseo sem quaisquer efeitos adversos. - Fibras da dieta: A ingestão excessiva de fibras pode interferir na absorção de cálcio. Os indivíduos com maior probabilidade de apresentar depressão significativa na absorção seriam vegetarianos com consumo superior a 50g de fibras por dia. - Proteína:O consumo excessivo de proteína (>1g de proteína/kg/dia), em especial proteína animal, pode levar à maior excreção urinária de cálcio e pessoas com baixo consumo de cálcio são consideradas indivíduos suscetíveis. A proteína de soja possui pouco efeito na excreção de cálcio. - Sódio: Alta ingestão de sódio, particularmente, em associação com baixo consumo de cálcio, pode contribuir para osteoporose visto que resulta em maior excreção de cálcio. - Bicarbonato de potássio: Em mulheres pós-menopausa, uma dose oral de bicarbonato de potássio para neutralizar os ácidos endógenos, melhora os equilíbrios ósseos e de cálcio. -Dietas vegetarianas: As dietas vegetarianas tendem a ser mais benéficas que as ricas em proteína animal, mas possuem pouco cálcio dietético, além de proporcionar menor exposição a estrógenos, o que poderia aumentar o risco de fraturas por osteoporose em indivíduos vulneráveis. - Isoflavonas: As isoflavonas funcionam como agonistas de estrógeno e também como antioxidantes nas células ósseas, podendo inibir a reabsorção óssea. - Cafeína: A relação entre consumo moderado de cafeína e a osteoporose ainda não foi claramente esclarecido. - Álcool: A ingestão de etanol possui efeitos adversos sobre o esqueleto. Vários relatos implicaram o álcool como o principal contribuinte para a perda óssea. A) DOENÇAS ÓSSEAS OSTEOPENIA E OSTEOPOROSE: A perda óssea que começa na meia-idade (após os 40 anos em mulheres) continua com o envelhecimento. A composição óssea é inalterada, mas o conteúdo mineral e a densidade estão diminuídos. Causas possíveis incluem aceleração excessiva da perda óssea ou pico de massa óssea tão baixo que após atrito tornam-se frágeis. Osteopenia densidade mineral óssea -1DP a -2,5DP do padrão da OMS. Osteoporose densidade mineral óssea < - 2,5 DP do padrão da OMS. Classificação da osteoporose: a) Tipo I: A osteoporose tipo I ocorre em mulheres na pós- menopausa, aproximadamente entre os 15 – 20 anos pós- menopausa, envolve principalmente o osso trabecular, Acomete estas principais áreas: rádio, vértebras lombares, fêmur e pelve. b) Tipo II: Ou osteoporose relacionada à idade. Ocorre após os 65 anos, envolvendo ambos os sexos e pode envolver tanto osso trabecular quanto o osso cortical. Áreas acometidas: vértebras e pelve (gerando a “postura do corcunda”). c) Idiopática ou secundária: Acometem jovens, sendo rara ou pode ser secundária ao uso de drogas ou doenças. Fig. 3: Drogas que aumentam a perda de cálcio e doenças que resultam em balanço negativo de cálcio (KRAUSE) Fig. 4: Fatores de risco para osteoporose Fatores de risco associados a quedas (Cozzolino & Cominetti, 2013) Gênero feminino Fraqueza muscular Deterioração cognitiva Idade avançada Uso de medicações psicotrópicas Perigos dentro de casa Baixo peso Redução da velocidade de marcha Ingestão de bebidas alcoólicas Quedas anteriores Sedentarismo Doenças associadas (osteoarticulares, neuromusculares, depressão, inconctinencia urinária, DM) Fratura prévia Medo de cair Pior qualidade de vida IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE – DAN WAITZBERG 2009 Genéticos Parentes de primeiro grau com relato de fraturas Ambientais Tabagismo Consumo álcool Sedentarismo Compleição física pequena Baixa ingestão de cálcio Pouca exposição ao sol Reprodutivos Menopausa precoce (antes dos 40 anos) Amenorréia prolongada Medicamentos Glicocorticóides Anticonvulsivantes (fenitoína) Anticoagulantes (heparina, cumarínicos) Hormônios em doses suprafisiológicos Endócrinos Hiperparatireoidismo primário Hipertireoidismo Sindrome de Cushing Doença de Addison Hematológicos Mieloma múltiplo Mastocistose sistêmica Leucemia / linfoma Anemia perniciosa Reumatológicas Artrite reumatóide Espondilite anquilosante Gastrointestinais Má-absorção Hepatopatia crônica Renais Doenças renais com hipercalciúria Pulmonares Asma brônquica / DPOC PREVENÇÃO – DAN WAIZTBERG (2009) Inclui medidas gerais de saúde como adequação de consumo de cálcio e vitamina D, além de estímulos à prática de atividades físicas regulares, evitar tabagismo e bebidas em excesso e outra estratégia inclui a prevenção de quedas. Dieta: - Ingestão não inferior a 1.500mg de cálcio em mulheres na pós-menopausa; - Dieta rica em frutas e em vegetais (inclusão de potássio, magnésio e vitamina K); - Ingestão de vitamina D adequada (400 a 800UI/dia). Nutrientes envolvidos no metabolismo ósseo (Cozzolino & Cominetti, 2013) Preservação de massa óssea Redução de massa óssea Consumo adequado de: - cálcio, manésio, fósforo; - flúor, cobre, zinco, potássio; - proteínas; - Vitaminas D, C, K e Complexo B. Consumo excessivo de: - sódio; - proteína; - fósforo; - vitamina A. CUIDADO CLÍNICO Prevenção secundária e tratamento 1) Terapia de reposição de estrógenos Tratamento anteriormente usado para reduzir a reabsorção óssea e deter a perda óssea precoce pós- menopausa em mulheres. A combinação com a suplementação com cálcio pode também melhorar a doença óssea metabólica. Recentemente a terapia com estrógenos foi reduzida pelo aumento no risco de desenvolvimento de câncer. 2) Bifosfonatos Os bisfosfonatos atuam sobre os osteoclastos para reduzir suas atividades de reabsorção, mediada por osteoclastos. 3) Etidronato A administração cíclica de etiodronato em mulheres com osteoporose na pós-menopausa forneceu grande aumento do conteúdo mineral ósseo vertebral e redução de fraturas. 4) Alendronato e risendronato Possuem mesma ação do etidronato, embora menos eficaz. 5) Moduladores seletivos de receptor estrogênico As drogas que afetam positivamente os receptores de estrógeno no tecido ósseo, mas têm pouco efeito sobre os tecidos reprodutivos da mama ou útero, como o Tamoxifeno e o Raloxifeno. A genisteína pode atuar como modulador seletivo de receptor de estrógeno. 6) Uso intermitente com PTH 7) Outros tratamentos com drogas a) Calcitonina Inibe a atividade osteoclástica e a reabsorção óssea. b) Fuoreto de sódio Os aumentos na massa óssea, especialmente no osso trabecular, ocorrem após o tratamento com fluoreto de sódio, mas a qualidade do osso pode não ser normal. c) Vitamina D d) Calcitriol O calcitriol sem cálcio possui pouca utilidade no tratamento da osteoporose em razão de seu potencial de toxicidade, o uso de cálcio concomitante pode ser útil. e) GH e IGF-1 Pode melhorar o osso por seu poder anabólico, podendo melhorar a composição e a densidade óssea. f) Osteoprotegerina É uma citocina natural secretada pelos osteoblastos que inibe a ação dos osteoclastos e a reabsorção (perda) óssea. CUIDADO NUTRICIONAL NA OSTEOPOROSE A prevenção da osteoporose é feita com dieta regular, balanceada, com quantidades calóricas adequadas e suplementação de cálcio e vitamina D, quando necessário. Junto com atividade física regular (4 a 5 vezes por semana, com duração de 30min), garantindo pico máximo de massa óssea e, portanto, reserva suficiente para proteger o esqueleto contra perdas futuras. A quantidade diária de cálcio depende do sexo, faixa etária e características clínicas do indivíduo. A principal fonte de cálcio é o leite, independente do teor de gordura (1 xícara = 300mg) . Pode-se complementar a ingestão com o uso de suplementos à base de cálcio, como o carbonato de cálcio junto às refeições (alto % de cálcio elementar) e alimentos fortificados. Em pacientes com hipocloridria ou gastrectomizados usa- se o citrato de cálcio (não depende do meio ácido para ser absorvido). Outras medidas de cuidado: Dose de reposição de vitamina D 400 a 800UI/dia. Atenção IMPORTANTE! Crianças e adolescentes em fase de crescimento, gestantes, maiores de 50 anos ou com indícios de osteoporose 1200 – 1500mg/dia. Adultos jovens saudáveis e crianças até 10 anos 800 – 1000mg/dia. Sódio ≤2.400mg/dia. Redução de bebidas alcoólicas. Atividade física aeróbica de 30min, no mínimo, de duração com freqüência de 4 a 5 vezes por semana. Em tratamento clínico-nutricional de osteopenia e osteoporose, a KRAUSE (2013) recomenda cerca de 1000mg/diade cálcio e vitamina D (800 a 1000 UI/dia) como suplementos. TRATAMENTO SEGUNDO DAN WAIZTBERG (2009) As medidas de tratamento incluem, além de ingestão diária de pelo menos 1.200mg de cálcio e de 400 a 800UI de vitamina D, corrigir deficiências de vitaminas B12 e K. Deve-se estimular exercícios físicos regulares de baixo impacto. Deve-se ajustar a dieta aos fármacos em uso. Tab. 1: Drogas utilizadas no tratamento da osteoporose – DAN WAITZBERG (2009). DROGAS ANTICATABÓLICAS DROGA ANABÓLICA Terapia de reposição hormonal SERMS Bifosfonatos Calcitonina PTH DROGA DE AÇÃO MISTA Ranelato de estrôncio Teor de cálcio elementar de suplementos: Gluconato de cálcio: 8,9%; Carbonato de cálcio: 40%; Citrato de cálcio: 24%; Cálcio AA quelado : 20%. RAQUITISMO E OSTEOMALÁCIA A prevenção ou correção do raquitismo e da osteomalácia é feita com a ingestão de alimentos que contenham cálcio, fósforo e vitamina D, bem como propiciar adequada à exposição à luz solar. A medida terapêutica inicial consiste na correção das causas desencadeadoras, sendo a reposta tanto melhor quanto mais precoce for instituído o tratamento. RAQUITISMO POR DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D Na deficiência de vitamina D, utiliza-se colecalciferol ou calcitriol. O calciferol dado por via oral (1mg = 40.000UI) pode ser administrado de duas formas: dose diária de 1.500UI a 5.000UI por período de quatro a seis semanas, com pausa de duas semanas até cura completa, ou dose única de 600.000UI, podendo ser repetida após quatro a seis meses. A dose de calcitriol utilizada no tratamento de pacientes com deficiência de vitamina D é de 0,25 a 2µg/dia. RAQUITISMO DEPENDENTE DE VITAMINA D No raquitismo dependente de vitamina D tipo 1 calcitriol + cálcio via oral (2 - 3µg/dia até que haja cura da doença óssea e seguida de dose de manutenção de 0,25 a 2µg/dia continuada por toda vida). No raquitismo dependente de vitamina D tipo 2 doses mais elevadas de cálcio e calcitriol (6 – 10µg/dia). RAQUITISMO HIPOFOSFATÊMICO O raquitismo hipofosfatêmico requer administração diária de fosfato e vitamina D, que deve ser instituído o mais precoce possível para preservar o crescimento linear e impedir as deformidades ósseas progressivas. A dose diária de fosfato é de 30 – 60mg/kg/dia, sendo o fosfato oferecido de 6/6h. Introdução do fosfato via oral: intercorrências GI (náuseas, vômitos, diarréia) sendo necessária a introdução gradual. Deve ser realizado o combinado com calcitriol (20 – 60ng/kg/dia) para evitar hiperparatireodismo secundário, ou uso de calciferol 25.000 – 50.000UI/dia até 100.000 – 150.000UI/dia. HIPOFOSFATEMIA ONCOGÊNICA O tratamento é feito com exérese tumoral, em casos de exérese parcial faz-se uso de fosfato e calcitriol. RAQUITISMO ASSOCIADO À ACIDOSE TUBULAR RENAL Deve ser realizado o uso de alcalinizantes como bicarbonato de sódio. DOENÇA DE PAGET No tratamento da doença de Paget, utilizam-se drogas bifosfonatas que, dentre outros efeitos adversos, exibem um potencial risco para o desenvolvimento de hipocalcemia e elevação dos níveis de PTH. Para evitar esta situação, torna-se prudente fornecer um suplemento de, pelo menos, 800UI de vitamina D e 1200 – 1500mg de cálcio ao dia. A etiologia da maioria das condições reumáticas permanece desconhecida. Além disso, algumas formas de condições reumáticas podem afetar outros órgãos, como pele e vasos sangüíneos. As condições reumáticas não possuem cura conhecida e não normalmente crônicas, mas podem estar presentes como episódios agudos com duração curta ou intermitente, associadas com períodos alternantes de remissão, ausência de sintomas e exibição ou piorados sintomas, que com freqüência podem ocorrer sem qualquer etiologia identificável. A inflamação, que é a causa predominante da dor, é o componente mais debilitante de todas as formas de artrite. O processo inflamatório normalmente ocorre para proteger, reparar o tecido danificado por infecções, lesões de esporte, toxicidade ou feridas por acúmulo de líquidos e células. Removendo-se a causa, o processo inflamatório normalmente cede. Se a inflamação é atribuível ao estresse das articulações (osteoartrite) ou se é uma resposta imunológica (artrite reumatóide), na maioria das formas de artrite, a reação inflamatória continua fora de controle, causando dessa forma mais dano que reparo. As drogas comumente usadas no tratamento das doenças reumáticas: Medicamento Efeitos colaterais Nutricionais Metabólicos Redução no conteúdo Salicilatos e AINEs tradicionais N/V; Gastrite; Úlcera péptica; Hemorragia GI. K alterado; Anemia. Vit C; Folato. AINEs- COX2 Estomatite; N/V; Úlcera duodenal; Constipação ; Diarréia; Hemorragia GI. Edema; Aumento da uréia; Anemia. Anti-maláricos Anorexia; N/V; Diarréia. Penicilaminas Anorexia; Estomatite; N/V; Diarréia; Paladar alterado. Proteinúria; Anemia. Zinco; Cobre; Ferro. Corticóide Náusea; Úlcera duodenal. Intolerância à glicose; BN -; K alterado; Edema; Diminuição CTL; Anergia. Cálcio. Imunossupressor Anorexia; Estomatite; Náusea; Diarréia; Paladar alterado. Diminuição CTL; Anergia. Folato; Cálcio. Ouro Estomatite; Vômito; Diarréia. Proteinúria; BN -. A desnutrição, em graus variáveis, é um achado comum em pacientes com doenças reumáticas, incluindo artrite reumatóide, poliarterite nodosa, doença de Behçet e lúpus, podendo ser decorrente de: Catabolismo mediado pelas citocinas citocinas pró- inflamatórias como IL-1 e TNF associam-se com o hipermetabolismo e perda de massa celular; Anorexia associada ao tratamento medicamentoso e às citocinas pró-inflamatórias; Comprometimento GI anormalidades da cavidade oral sendo um prejuízo adicional à ingestão nutricional reduzida; acometimento da articulação temporomandibular; xerostomia; disfunção esofagiana; má absorção; enteropatia perdedora de proteínas; Síndrome nefrótica, em especial em pacientes lúpicos. A) OSTEOARTRITE: È a forma mais prevalente de artrite. A obesidade, o envelhecimento, gênero e anormalidades congênitas parecem ser os maiores fatores de risco. É um processo crônico caracterizado pelo amolecimento da cartilagem articular e inclui fenômenos reativos, mediados quimicamente, como a congestão vascular, a atividade osteoblástica. A maior diferença entre osteoartrite e artrite reumatóide é que a osteoartrite não é de origem sistêmica ou auto-imune, mas envolve a destruição da cartilagem com inflamação assimétrica. Ela é causada por uso excessivo da articulação, enquanto a artrite reumatóide é um distúrbio auto-imune sistêmico, que resulta em inflamação simétrica da articulação. Articulações mais freqüentemente afetadas: interfalangianas, polegar, joelhos, quadris, tornozelos e coluna, que sustentam o volume do peso do corpo. TRATAMENTO MÉDICO De acordo com as diretrizes do American College of Reumatology, a história médica e o nível de dor devem determinar o tratamento mais apropriado e incluem: uso de acetaminofeno ou AINEs, injeções de corticóide intrarticular. A reconstrução cirúrgica pode ser indicada para pacientes com osteoartrite que não estão respondendo a outras terapias médicas. TERAPIA DE MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA a)Exercício: Embora a dor seja limitante do exercício, exercício sem carga (aeróbicos) como nadar, têm mostrado reduzir os sintomas, aumentar a mobilidade e diminuir o dano contínuo da osteoartrite. b)Terapia Nutricional ATENÇÃO – CHEMIN & MURA Um dos principais fatores de risco para osteoartrite é a obesidade. A redução de 5kg no peso corporal está associada a uma redução de 50% no risco de desenvolver osteoartrite, melhora nos sintomas e ganho de função articular. NUTRIÇÃO NA SAÚDE REUMATOLÓGICA Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br Dieta: Restrição calórica moderada; Redução da quantidade de gorduras; Consumo de CHO integrais, vegetais e frutas. Estímulo à atividade física aeróbica de baixo impacto, para reduzir o impacto articulare auxiliar no controle do peso. ATENÇÃO – KRAUSE - Kcal apropriadas para perda de peso ou manutenção; - uso de W-3; - Ingestão adequada de vitamina D e cálcio; - Altas doses de antioxidantes dietéticos, incluindo vitamina C, vitamina E, betacaroteno e selênio podem ser benéficos, mas são necessários maiores estudos. - considerar uso de glicosamina e condroitina. Em tratamento clínico-nutricional, a KRAUSE (2013) faz menção ao uso de dieta anti-inflamatória (enriquecida com curry, gengibre, açafrão/curcumina, alecrim – anti- inflamatórios; fitoquímcos antioxidantes presentes em chás, vegetais folhosos e crucíferos e carotenoides; rica em W3 e W9 e pobre em W6; cebolas e batatas – ricas em solanina, potente anti-inflamatório), que é semelhante à dieta mediterrânea e, quando associada a exercícios, parece reduzir inflamação e lesão em joelhos. Frente ao consumo de antioxidantes, por mais que a osteoartrite possua um componente estresse oxidativo, não foi observado benefício no uso de antioxidantes em altas doses (vitamina C, tocoferóis, beta-caroteno e selênio). Deve ser aconselhado alcançar os níveis diários de ingestão de vitamina B6, vitamina D e K, folato e magnésio. Uso de capsaicina tópica com nitroglicerina reduz dores locais. O uso do SAMe (S-Adenosil-Metionina) 600 a 1200mg/dia parece promissor. O SAMe é um comsposto antioxidante, melhorando a mobilidade. A glicosamina parece melhorar em 50% os sintomas, logo deve ser considerado seu uso. 1500mg diários de glicosamina associada a 1200mg de condroitina resultou em alívio significante na dor. A dose deve ser fracionada em 3 tomadas. B) ARTRITE REUMATÓIDE A artrite reumatóide pode acometer qualquer articulação, porém os alvos mais comuns são as articulações pequenas de extremidades, como mãos e pés. O envolvimento é simétrico e bilateral. As queixas mais freqüentes incluem dor, inflexibilidade e inchaço. O inchaço é causado pelo acúmulo de líquidos na membrana que reveste as articulações, com inflamação dos tecidos ao redor. Ocorre mais freqüentemente nas mulheres que nos homens, com inicio principalmente após os 35 anos de idade e possui manifestações sistêmicas. Os medicamentos de uso comum são os AINEs, salicilatos, imunossupressores, agentes de remissão, esteróides e antimaláricos. O envolvimento articular pode gerar várias consequências: - acometimento de articulações de pés e mãos, gerando limitação da habilidade de fazer compras, preparo e consumo de alimentos; - comprometimento temporomandibular que pode impactar a habilidade de mastigar e deglutir; - manifestações extra-articulares como aumento da taxa metabólica, xerostomia, disfagia, anorexia, alterações em mucosa GI. Devem-se observar as mudanças de ingestão dietética, o peso corrente e a história de mudança de peso. Discutir associação entre uso de alguns alimentos e aparecimento de sintomas. A associação de alimentos com crises da doença deve ser discutida devido à possibilidade de alergias alimentares não detectadas. EFEITOS DIETÉTICOS E AGUDIZAÇÃO/REMISSÃO DE SINTOMAS (CHEMIN & MURA) Alergia alimentar vista em 30% dos pacientes com AR, como leite de vaca e derivados; Aminoácidos L-canavanina, presente na alfafa e soja indutor de anticorpos anti-DNA e quadro semelhante ao Lúpus; Chocolate, álcool, morango, carne de porco, tomate, salsicha e espinafre estímulo à secreção de histamina e aminas vasoativas agravantes de quadro de AR; Café (liberação de epinefrina e norepinefrina) e frutas cítricas (fenilefedrina) possíveis desencadeadores de crises. Vitamina C e zinco síntese de colágeno e uso no tratamento de AR Zinco modula a resposta imunológica de linfócitos T, cicatrização e efeitos antiinflamatórios (efeito benéfico em AR); Ácidos graxos W-3 Efeitos antiinflamatórios e atenuação de sintomas de AR. TRATAMENTO NUTRICIONAL KRAUSE (2010/2013): - dieta saudável. - calorias ajustadas à idade e às necessidades do paciente. - PTN1,5 – 2,0g/kg. - adequado aporte de vitaminas do complexo B. - evitar alérgenos alimentares. - adequado aporte de cálcio e vitamina D. - uso de W-3. - jejum seguido de dieta vegetariana ou uso da dieta mediterrânea (azeite de oliva – gordura neutra estável). Em terapia clínico-nutricional, refere o uso de W3 e seu poder anti-inflamatório. Recomenda-se 50mg/kg de EPA associado a 30mg/kg de DHA, verificar traços de mercúrio nos peixes ou suplementos. Existe um fitoquímico presente no azeite extra virgem (prensado a frio), o oleocantal, que possui atividade anti- inflamatória similar ao ibuprofeno. Deste modo, recomenda- se o uso de azeite de oliva extra virgem, entretanto deve ser feito uso de antioxidantes para manter a estabilidade do óleo de oliva. A inclusão de alimentos fontes de W6-GLA, em associação ao W3, permite que o corpo humano produza a PGE1 (potente anti-inflamatória), que aliviaria a rigidez matinal, a sensação dolorosa articular, sem efeitos colaterais graves. No campo da fitoterapia, o uso do trovão chinês da videira de Deus (Tripterygium wilfordii) na China, para Cozzolino & Cominetti (2013) Alimentos comuns que causam mudança real na atividade de doença: milho, trigo, bacon, laranja, aveia, centeio, leite, ovos, carne bovina e café. tratamento de doenças auto-imunes necessita de maiores estudos. O uso prolongado ou excessivo poderia suprimir o sistema imune e reduzir a densidade óssea. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA Atentar-se ainda às flutuações de peso corpóreo (perda involuntária, ganho associado à terapia com corticoesteróides) e ao percentual de massa gorda, que tende a se elevar, mesmo quando existe perda de peso. A perda de peso e de massa muscular pode ser atenuada com a introdução de exercícios de resistências leves, com fortalecimento da musculatura periarticular, além dos benefícios associados ao alongamento, ao relaxamento e ao condicionamento cardiorrespiratório, por meio de atividades aeróbicas leves. C) GOTA Distúrbio do metabolismo das purinas no qual níveis anormais de ácido úrico se acumulam no sangue (hiperuricemia). Como conseqüência, os sais de urato se formam e se acumulam nas articulações. A doença, que normalmente ocorre após os 35 anos, é caracterizada por dor artrítica que está usualmente localizada num ataque súbito de dor, principalmente nos pés que irradiam para as pernas. A gota é tratada com drogas que inibem ou eliminam a síntese de ácido úrico. A probenecida e a sulfimpirazona diminuem os elevados níveis de ácido úrico no sangue aumentando a eliminação através dos rins. O alopurinol inibe a produção de ácido úrico. Podem ser utilizados também a indometacina ou fenilbutazona. Os AINEs são favoráveis a menos que seus efeitos colaterais sejam também perturbadores. O ácido úrico é derivado do metabolismo das purinas que constituem as nucleoproteínas. Deve-se estimular o consumo de líquidos (~3L por dia) para ajudar com a excreção de ácido úrico e minimizar a possibilidade de formação de cálculos. As gorduras diminuem a excreção de urato, logo, as diretrizes recomendam dietas com pobre teor de lipídeos. O tratamento dietético visa estimular a manter ou alcançar o peso corpóreo ideal. Não é recomendado o uso de bebidas alcoólicas, pois o etanol aumenta a produção de ácido úrico. Cozzolino & Cominetti (2013) reduzir o consumo de frutose, o excesso de consumo está associado à hiperuricemia. ÁLCOOL E GOTA: •A acidose láctica secundária à intoxicação alcoólica aguda pode reduzir a excreção renal de ácido úrico; •O metabolismo do etanol estimula a produção hepática de purina; •O etanol inibe a conversão do alopurinol (hipouricemiante) em seu metabólito ativo, o oxipurinol; •Baixa adesão de etilistas crônicos a dietas e tratamento de longo prazo. Alimentos a serem omitidos – altos teores de purinas (100 – 1000mg/100g alimento) Anchovas Arenque Caldo Carne de ganso Cavala Coração Extratos de carne Levedura Mexilhões Miolos Ova Pâncreas de vitela Perdiz Recheio de carne (carne moida) Rim Sardinhas Vieira Pão doce Alimentos a serem analisados – conteúdosmoderados de purinas (9 – 100mg/100g alimento) Aves Aspargos Carne Cogumelos Ervilhas secas Espinafre Feijões secos Lentilhas Marisco Peixe 1 porção (100g) de carne, peixe e ave ou 1 porção de vegetais (45g) deste grupo é permitido diariamente na fase de remissão. Alimentos liberados – conteúdo insignificante Açúcar e doces Arroz Azeitonas Bebida de cereal Bebidas carbonatadas Bolos e biscoitos Broa de milho Infusos Cereais Chocolate Condimentos Conservas Creme Ervas Frutas Gorduras Leite Manteiga Margarina Molho branco Nata Nozes Óleo Ovos Pão branco Picles Pipoca Macarrão Pudim Queijo Sal Sobremesas de coalho Gelatina Sorvete Vinagre Vegetais (exceto aspargos, cogumelos, ervilha, espinafre, feijões e lentilha). OUTRAS DOENÇAS REUMATOLÓGICAS a)Síndrome de Sjögren È um distúrbio inflamatório crônico com diminuição da produção de secreções, dentre elas a saliva e as lágrimas. Deve-se buscar o alívio dos sintomas e alimentação com conforto. O controle da xerostomia também deve incluir estratégias para a redução do risco de cáries de dental, inclusive enxágüe freqüente com água, escovar os dentes ou usar soluções com flúor. Como a deglutição é um problema, os alimentos fáceis de serem ingeridos podem ser úteis. b)Síndrome da ATM (Articulação temporomandibular) Resulta na dor ao se alimentar. O objetivo do tratamento dietético é altera a consistência alimentar para reduzir a doa à mastigação. Deve-se buscar a autonomia do cliente, buscando-se a independência na preparação e consumo, minimizando a dor e a frustração. Os alimentos digitais que não se desintegram facilmente podem ser úteis. c)Esclerodermia A esclerodermia é uma esclerose progressiva, sistêmica, caracterizada pela deposição de tecido conjuntivo fibroso na pele e órgãos viscerais, inclusive do TGI. Uma manifestação de esclerodermia é a síndrome de Raynaud (isquemia ou frio nas extremidades pequenas, com os dedos das mãos), a qual causa dificuldade no preparo e consumo de alimentos. Os sintomas GI incluem náuseas e vômitos, azia, disfagia, diarréia, constipação e incontinência fecal. A perda de peso, disfunção renal e de múltiplos órgãos pode ocorrer. A disfagia pode ser um sintoma que requer intervenções nutricionais. A má absorção de lactose, ácidos graxos e minerais pode causar problemas maiores e a suplementação pode ser necessária. d)Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) O lúpus não possui etiologia específica clara e acredita- se que a predisposição genética, a presença de anticorpos anti-DNA e fatores ambientais possam estar envolvidos. É considerado uma doença auto-imune que afeta todos os órgãos e sistemas, afetando o metabolismo, a necessidade e a excreção de nutrientes. A função renal é desarranjada, causando dessa forma excreção excessiva de proteínas e, com freqüência, insuficiência renal. Os corticóides alteram as necessidades de proteínas, sódio, líquido e cálcio. Antimaláricos parecem ser eficazes no tratamento de lesões cutâneas de alguns indivíduos, porém possuem vários efeitos colaterais, inclusive GI. Não existem terapias dietéticas específicas, sendo ajustada de acordo com as alterações e necessidades individuais do paciente. O suporte nutricional pode ser necessário em casos crônicos. e)Síndrome de distúrbio de fadiga crônica e fibromialgia Possuem sintomas reumáticos, mas não têm cura comprovada e incluem alterações como dores em articulações, cefaléias, letargia pós-esforço, dor muscular e concentração prejudicada. Uma dieta vegetariana estrita (vegan) tem mostrado efeitos benéficos nos pacientes com fibromialgia, pelo menos por um curto período de tempo, com melhora da dor em articulações e qualidade do sono. As opções de tratamento para fibromialgia parecem ser limitadas e geralmente insatisfatórias. O exercício também tem se mostrado eficaz nos pacientes com fibromialgia (3 tempos de 30 minutos por semana). EXERCÍCIOS DE SAÚDE ORAL, ÓSSEA E REUMATOLÓGICA 1) O risco de desenvolver osteoporose depende do equilíbrio entre a quantidade máxima de tecido ósseo alcançado pelo indivíduo (pico de massa óssea) e a taxa de perda óssea subseqüente. É correto afirmar que a taxa de perda óssea após a menopausa: (Residência HUPE - 2004) (A) apresenta uma aceleração gradativa, aumentado a cada ano, mas declinando após os 70-75 anos (B) é acelerada nos primeiros anos, declinando em seguida, mas podendo acelerar novamente após os 70-75 anos (C) apresenta um declínio nos primeiros 6 meses, acelerando em seguida até os 70-75 anos, quando começa a declinar (D) é acelerada em relação ao período pré-menopausa, mantendo-se sempre constante, porém acelerando novamente após os 70-75 anos. 2) A nutrição exerce papel fundamental na saúde óssea do ser humano. Para prevenir a osteoporose deve-se ter uma dieta balanceada, principalmente do ponto de vista de vita minas e minerais. Uma vitamina essencial para manutenção da saúde dos ossos, requerida na carboxilação da osteocalcina é (EAOT 2009): A) Vitamina D. B) Vitamina A. C) Vitamina K. D) Vitamina C. 3) Josimar tem 35 anos, é operário de obra e foi atendido na emergência de um hospital geral com “dor intensa nas juntas”. Na sua história consta que após almoçar uma macarronada ao sugo com refrigerante, foi ao futebol do grupo de trabalho. Jogou duas partidas e bebeu várias cervejas com azeitonas para comemorar a vitória do seu time. O diagnóstico de Josimar é de crise de gota provocada por (Residência HUPE 2009): (A) cerveja (B) azeitonas (C) refrigerante (D) macarronada 4) (Residência UFF – 2010) A gota é um distúrbio do metabolismo de purinas, no qual os uratos de sódio são formados e acumulados nas articulações e tecidos. Durante o estágio agudo da doença, é necessário restringir alimentos ricos em purinas, dentre os quais: (A) chocolate e lentilha. (B) espinafre e aves. (C) carne moída e pão doce. (D) leite e chá. 5) (EAOT 2010) Pacientes litiásicos com hiperuricosúria devem evitar, em especial, alimentos de origem animal ricos em (A) purinas. (B) vitamina E. (C) cromo. (D) zinco. 1 – A 2 - C 3 – A 4 – C 5 – A RELAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO E SISTEMA PULMONAR E IMPACTO DA DESNUTRIÇÃO A nutrição adequada promove o desenvolvimento adequado do sistema pulmonar. As estruturas respiratórias incluem: nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos. As estruturas de apoio incluem o esqueleto e os músculos (intercostal, abdominal e diafragma). Os nervos, sangue e linfa suprem todos os tecidos. A troca gasosa é a principal função deste sistema, que permite ao corpo obter oxigênio necessário para desenvolver as demandas metabólicas e remover o dióxido de carbono produzido por estes processos. Fig. 1: Aparelho respiratório e troca gasosa Os pulmões agem na filtração, aquecimento e umidificação do ar inspirado, sintetizam surfactantes, regulam o equilíbrio ácido – base, sintetizam ácido araquidônico e convertem angiotensina I em II. A desnutrição afeta diretamente o sistema pulmonar, ocasionando: Diminuição do tecido conectivo pulmonar, peso dos pulmões e produção de surfactante; Atrofia e catabolismo dos músculos acessórios; Atrofia do diafragma proporcional a perda de peso; Compromete a troca gasosa e a força dos músculos respiratórios; Aumenta a susceptibilidade a infecções (diminuição da resposta imune); Deficiências específicas, como: Proteínas e ferro = acarretam diminuição de hemoglobina e diminuição na capacidade de transportar O2; Cálcio, magnésio, fósforo e potássio – comprometem a função dos músculos respiratórios a nível celular; Proteínas – diminui a pressão oncótica e leva a formação do edema; Surfactante (composto sintetizado a partir de proteínas e fosfolipídeos) – contribui para o colapso dos alvéolos. TERAPIA NUTRICIONAL NAS PATOLOGIAS PULMONARES Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br Assim como a desnutrição afeta o sistema respiratório levando ao declínio da função pulmonar, a doença pulmonar também afeta o estado nutricional(KRAUSE): Fig. 2: Doença pulmonar e estado nutricional Além dos fatores citados acima, a dificuldade na preparação dos alimentos devido à fadiga, falta de recursos financeiros e metabolismo alterado contribuem para o declínio do estado nutricional. Segundo KRAUSE, as doenças pulmonares podem ser classificadas em: Primárias: Tuberculose, asma brônquica e câncer de pulmão. Secundárias: Associadas à doença cardiovascular, obesidade, AIDS, doença falciforme e escoliose. E ainda em condições: Agudas: aspiração de líquidos de dieta enteral, obstrução de vias aéreas decorrente de alimentos (amendoins) e anafilaxia pelo consumo de mariscos. Crônicas: Fibrose cística e enfisema. Entre os sinais e sintomas presentes na doença pulmonar, os nutricionalmente relevantes são: tosse, saciedade precoce, anorexia, perda de peso, dispnéia, fadiga, produção anormal de escarro, vômito, taquipnéia, hemoptise, dor torácica, anemia, depressão, paladar alterado, pois interferem diretamente na ingestão alimentar e estado nutricional (KRAUSE). ASPIRAÇÃO (KRAUSE) A aspiração pulmonar consiste no movimento de alimento ou líquido para dentro dos pulmões, podendo resultar em pneumonia ou até na morte. Os que possuem maior risco são: lactentes, lactentes que engatinham, idosos e pessoas com anormalidades orais, gastrointestinais superiores, neurológicas e musculares. Além dos líquidos, os alimentos que são mais facilmente aspirados são os que possuem forma arredondada, como: nozes, pipoca, pedaços de cachorro-quente e alimentos mal mastigados, como carnes ou vegetais crus. Além, de atenção especial para os que recebem dieta enteral. ASMA (KRAUSE) Uma condição de hipersensibilidade das vias aéreas decorrentes de causas alérgicas e não alérgicas, geradas por resposta imunológica. É um distúrbio reversível, porém o tratamento inadequado pode acarretar risco de vida (estado asmático). A fisiopatologia é obscura! O sinal comum é a respiração persistente que pode ocasionar malformação oral. E a resultante mordida aberta acarretar dificuldades no ato de morder. Terapia Nutricional Vários nutrientes vêm sendo estudados para avaliar sua participação na etiologia ou tratamento da asma, como: Ácidos graxos ômega 3 e 6- Papel na diminuição da produção de leucotrienos broncoconstritivos; Antioxidantes - Papel na proteção de tecidos das vias aéreas do estresse oxidativo; Magnésio – Relaxante muscular e agente antiinflamatório; Metilxantinas (como a cafeína) – Broncodilatador. Tratamento farmacológico: Broncodilatadores Antiinflamatórios Efeitos colaterais: Boca e garganta seca Tremores nas mãos Náuseas e vômitos Cefaléia Aumento da glicose Tontura Retenção de sódio Tosse crônica Hipocalcemia Refluxo gastroesofágico DISPLASIA BRONCOPULMONAR (DBP) – KRAUSE É uma condição pulmonar crônica da lactância em recém-nascidos cujos pulmões parecem incapazes de responder a situações adversas, ocorre com mais freqüência em bebês prematuros e de baixo peso ao nascimento, após síndrome de angústia respiratória (condição que afeta recém nascidos e lactentes, caracterizada por dispnéia e cianose), e tratamento com oxigênio. A DBP é caracterizada por metaplasia bronquiolar e fibrose intersticial. Fatores de risco: incapacidade dos pulmões imaturos de sintetizar surfactante, aspiração do mecônio, fístula traqueoesofágica e infecções. ATENÇÃO: CHEMIN & MURA Pacientes com doenças respiratórias risco para desnutrição: aumento das necessidades energéticas + inapetência decorrente das complicações da doença e do tratamento clínico e medicamentoso. As causas de desnutrição envolvem múltiplos fatores: Anorexia; Dificuldades mecânicas; Distúrbios metabólicos; Má absorção; Hospitalização; Fatores socioeconômicos. Consequências da desnutrição: Enfraquecimento generalizado; Redução da recuperação; Piora do quadro clínico; Disfunções muscular, respiratória e termorreguladora; Diminuição da resposta imune e da resistência às infecções; Retardo da cicatrização de feridas. Sinais e sintomas: Hipercapnia. Taquipnéia Dispnéia Infecções respiratórias recorrentes Cor pulmonale Radiografia dos pulmões característica da doença. Fisiopatologia – Não é bem conhecida Terapia Nutricional É necessária uma avaliação nutricional cuidadosa, devido a sua fragilidade. A avaliação do crescimento é importante, já que o tamanho do pulmão é dependente da estatura, porém esses bebês crescem com mais lentidão, devido: Aumento das necessidades energéticas; Ingestão dietética inadequada; Refluxo gastroesofágico; Privação emocional; Hipóxia crônica. Os componentes da avaliação nutricional deve incluir: 1- Histórico: Peso ao nascimento, idade gestacional, história clínica, história nutricional e padrão de crescimento. 2- Clínico: Estado respiratório, saturação de oxigênio, uso de medicações, êmese, padrão das fezes, débito de urina. 3- Nutricional: Peso, Estatura Perímetro cefálico Hemoglobina e hematócrito Eletrólitos séricos Testes bioquímicos. 4- História alimentar: Volume da ingestão, freqüência das alimentações, comportamento nas refeições, composição das fórmulas. 5- Ambiental: Relacionamento entre pais e filhos, facilidades domésticas e recursos domésticos e econômicos. Objetivo da terapia nutricional: Suprimento de ingestões adequadas de nutrientes, promoção do crescimento linear, manutenção do equilíbrio hídrico e desenvolvimento de habilidades alimentares apropriadas à idade. Energia: Aumento de 25 a 50% do gasto de energia em repouso; Bebês com DBP com crescimento prejudicado – Aumento de 50% das necessidades energéticas dos que crescem bem. Fase aguda (temperatura controlada, TNP, inativos, crescimento lento) – 50 a 85kcal/kg/dia Fase convalescente (crescimento rápido, alimentação via oral e usam sua energia para controlar a temperatura) - 120- 130kcal/kg/dia. (ATENÇÃO) Macronutrientes: A ingestão de proteína deve estar dentro da faixa recomendada para lactentes de idade pós concepcional comparada; Proteínas – Oferecer 7% ou mais das calorias totais; Adição de gorduras ou carboidratos às fórmulas – Somente após a fórmula ter sido concentrada em 24kcal/30ml (segundo a KRAUSE 2010, 24kcal/28,35g); Os lipídeos fornecem AGE e ajudam atingir as necessidades quando a tolerância a líquidos e carboidratos (CH) é limitada; O excesso de CH pode aumentar o QR e o débito de CO2; Para manter o equilíbrio hídrico pode ser necessário: restrição de líquidos, restrição de sódio e uso de diuréticos; Na restrição hídrica – Oferecer lipídeos parenterais ou alimentação com alta densidade – Garantir o VET. Vitaminas e Minerais: Suprimento adequado de todas as vitaminas e minerais; Vitamina K – Essencial para desenvolvimento ósseo e deve ser monitorada, pp quando a flora colônica é insuficiente para sua síntese; Suprimento adequado das vitaminas A, C, E e inositol, AG livres e selênio – antioxidantes e mantém integridade da membrana celular- Estão implicados na prevenção ou tratamento da DBP; Vit. A – manutenção e desenvolvimento adequados das células epiteliais do trato respiratório; diminui a permanência na UTI neonatal Medicamentos utilizados como: diuréticos, broncodilatadores, antibióticos, antiarrítimicos e costicóides – Depleção de cloreto, potássio e cálcio; Def de cloreto (acidose) ou potássio - fraqueza muscular e crescimento prejudicado. Os lactentes com DBP estão em risco de osteopenia, devido: ingestão limitada de nutrientes, reservas inadequadas de cálcio e fósforo, acidose respiratória, uso de medicações e inatividade física. Estratégias Alimentares: Para atender as necessidades pode ser preciso: Fórmulas de alta densidade calórica (>24kcal/30ml - segundo a KRAUSE 2010, 24kcal/28,35g) - monitoração da ingestão de líquidos e débito urinário Alimentação pequena e freqüente; Uso de bico macio; Uso de sonda nasogástrica ou gastrostomia. No caso de refluxo gastroesofágico a doença pulmonar pode piorar devido à aspiração. O tratamento inclui: Alimentação espessa (1/2 a 1 colher de cereais para cada 30ml da fórmula); Inclinação elevada; Antiácidos ou bloqueadores H2; Casos graves – fundoplicatura. Abordagens úteis para facilitar a aceitação da alimentação: Ambiente calmo e agradável; Estimulação oral durante as alimentações por sonda; Introdução gradual das mudanças de textura e sabor. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC): É um processo caracterizado pela presença de enfisema (Tipo I), bronquite crônica (Tipo II), ou ambos, levando ao desenvolvimento progressivo de obstrução de vias aéreas. ENFISEMA – Caracterizado pelo aumento anormal, permanente dos alvéolos, acompanhado de destruição de suas paredes sem fibrose evidente. Geralmente pacientes magros (caquéticos), mais velhos, hipoxemia leve e desenvolvimento do cor pulmonale na fase tardia da doença BRONQUITE CRÔNICA – Tosse produtiva, crônica, com inflamação de 1 ou mais brônquios e alterações secundárias no tecido pulmonar. Cor pulmonale – condição caracterizada pelo aumento do ventrículo direito e insuficiência que surge devido ao aumento da pressão das artérias pulmonares. Fator causal mais importante – Fumo do tabaco. Terapia nutricional De acordo com KRAUSE, a depleção nutricional pode ser evidenciada pelo baixo peso corporal para altura e medidas de dobra triciptal reduzidas. A desnutrição é um indicador de mau prognóstico e parece relacionar-se com as complicações pulmonares: grau de obstrução, capacidade de difusão do gás, retenção de CO2, força respiratória e dos músculos respiratórios e inflamação respiratória ou mediadores bioquímicos como hormônios e citocinas. As causas da perda de peso são (KRAUSE): • Aumento das necessidades – hipermetabolismo • Diminuição do consumo alimentar; • Flatulência, saciedade precoce, dificuldade de mastigação e deglutição (dispnéia), anorexia; • Tosse, secreção, dispnéia, fadiga. • Aumento do TNF-a - Liberação de citocinas IL-1, IL-2 – Aumento do gasto energético. A perda de peso nesses pacientes é multifatorial como acabamos de ver, para entendermos melhor o mecanismo de perda de peso, observe o esquema abaixo: Avaliação de pacientes com DPOC A calorimetria indireta também é útil na avaliação nutricional. Os pacientes com cor pulmonale apresentam retenção hídrica, mascarando peso e massa magra e a hemodiluição mascarando os indicadores bioquímicos. Cuidado com hipercapnia, pois ocasiona cefaléia matinal e confusão prejudicando a preparação e ingestão alimentar. CHEMIN (2011) estratificação pelo IMC e composição corporal de pacientes com DPOC – IMC – índice de Massa Corporal; IMM – Índice de Massa Magra; H – sexo masculino; M – sexo feminino: Categoria 1: Caquexia – IMC<21 e IMM <16 (H) ou <15 (M) Categoria 2: Semi-inanição – IMC<21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M) Categoria 3: Atrofia muscular – IMC≥21 e IMM <16 (H) ou <15 (M) Categoria 4: Eutrofia – IMC≥21 e IMM ≥16 (H) ou ≥15 (M). Cuppari (2014) observe que o ponto de corte desses pacientes é diferenciado, sendo considerada depleção quando o IMC<21kg/m2. CHEMIN (2011) / CUPPARI (2014) Critérios para o diagnóstico de caquexia em adultos: - perda de peso ≥5% (livre de edema) em 12 meses ou menos ou IMC <20 com presença de pelo menos três fatores: diminuição da força muscular; fadiga; IMM diminuído; Alterações de marcadores inflamatórios (IL-6 >4pg/mL; PTN C-reativa >5mg/L; Hb <12g/dL; Albumina <3,2g/dl). A Cuppari (2014) adiciona ainda anorexia (consumo inferior a 20kcal/kg/dia) Conduta Nutricional - Objetivos: Facilitar o bem estar nutricional; Manter boa relação entre massa magra e gordura; Corrigir desequilíbrio hídrico; Controlar interações droga x nutrientes Impedir a osteoporose CALORIAS É difícil atingir as necessidades de energia, entretanto a manutenção do equilíbrio energético é essencial para preservar as proteínas viscerais e somáticas (KRAUSE). Foram observadas necessidades calóricas que variam de 94 a 146% do previsto. CHEMIN & MURA (2011) não estabelece valores, podendo-se utilizar a calorimetria indireta ou a equação de Harris&Benedict, com distribuição normal dos macronutrientes, sem a necessidade de aumentar o teor de lipídios, comparativamente com o de carboidratos. CUPPARI (2014) Usar IMC médio 22kg/m2. Uma equação de estimativa do GEB foi validada para pacientes com DPOC, onde: GEB (kcal/dia) = 443,3 + [18,15 x MCM (kg)] MACRONUTRIENTES Geralmente pacientes com peso normal ou excesso de peso, hipoxemia proeminente e o desenvolvimento do cor pulmonale ocorre precocemente. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA Recomendação clássica: dieta hiperlipídica, hipoglicídica e nomoprotéica. O alto teor de gordura e baixo em carboidrato tem por objetivo minimizar a produção de CO2 e também pode ser útil naqueles com desenvolvimento de hiperglicemia induzida pelo estresse. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA No caso de pacientes desnutridos, deve-se aumentar a densidade energética de 500 a 1000 kcal/dia para auxiliar o ganho de peso. Em caso de obesos, diminuir 500 kcal/dia em relação ao gasto energético. A ingestão de cloreto de sódio deve ser limitada, pois o excesso pode contribuir para retenção hídrica e interferir na respiração. Em relação ao suporte nutricional, segundo Chemin & Mura, têm sido incluídas no suporte ácidos graxos ômega 3 e 6, glutamina, arginina e L-carnitina visando melhora da função imune, sendo que: Uso de L-carnitina é necessária para a metabolização de ácidos graxos de cadeia longa; Pode-se substituir parte dos ácidos graxos de cadeia longa por TCM, que não necessitam de carnitina para oxidação; Atentar-se para o balanceamento de W3 e W6. O uso de esteróides anabolizantes, desde que utilizados em doses adequadas e por tempo limitado, parecem ser os mais promissores na DPOC. O uso de creatina e L- carnitina e, em menor grau, com aminoácidos de cadeia ramificada, aponta bons resultados. Nutrientes Necessidades CHO - 50 a 60% VET – CHEMIN & MURA / CUPPARI (2014) - 40 a 55% VET – importante para preservar o QR – KRAUSE Proteína - 1,2 a 1,7 g/kg peso seco - KRAUSE - 15 a 20% VET – KRAUSE / CHEMIN & MURA / CUPPARI (2014) - 1,5 g/kg / CUPPARI (2014) - 1,5 – 2,0g/kg – CHEMIN & MURA (2011) – mantém o catabolismo estável Lipídeo - 25 – 30% VET – CHEMIN & MURA / CUPPARI (2014) - 30 a 45% VET - KRAUSE MICRONUTRIENTES Pacientes fumantes precisam de vitamina C adicional, de acordo com estudos: - Fumante de 1 maço/dia - +16mg/ac. Ascórbico/dia - Fumante de 2 maços/dia - +32mg/ac. Ascórbico/dia Magnésio e cálcio – importantes na DPOC na contração e relaxamento muscular – Ingerir quantidades adequadas (RDA, AI); Pacientes com suporte nutricional agressivo monitorar esse minerais, pois são co-fatores de ATP. Foi observado nesses pacientes diminuição da massa óssea – Cuidado com osteoporose – Podem ser necessárias vitaminas K e d adicionais. Pacientes com Cor pulmonale- Requerem restrição de sódio e líquido. Estratégias alimentares (KRAUSE): Recomendada dieta oral modificada; Distensão abdominal: evitar alimentos formadores de gases, comer devagar; Estimular exercícios adequados, líquidos e fibras mastigáveis para melhorar funcionamento intestinal; Para aumentar apetite e diminuir a fadiga: Repouso antes das refeições; Escolher alimentos de fácil preparo; Ingerir pequenas porções de alimentos com alta densidade; Fazer uso das medicações fora das refeições; Assistência na compra e preparação dos alimentos; Terapia nutricional enteral: Via oral ou sonda – aumentar a ingestão calórica Considerar a ansiedade do paciente, trabalho e o custo; Além da aspiração outras complicações da alimentação noturna devem ser avaliadas (Sono – diminuição no consumo de oxigênio de 15 a 25%) NOVAS TERAPIAS ERGOGÊNICAS NO TRATAMENTO DA DPOC – CHEMIN & MURA Entretanto, a terapia prolongada com andrógenos pode aumentar os riscos de eventos cardiovasculares em virtude da diminuição do HDL-colesterol. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS NA DPOC – CHEMIN & MURA Pacientes com DPOC apresentam baixa capacidadeoxidativa, capacidade glicolítica normal ou aumentada e metabolismo aláctico diminuído. Os pacientes DPOC apresentam alterações no perfil de aminoácidos no plasma e nos músculos esquelético, com diminuição dos níveis plasmáticos de glutamato, glutamina e alanina, em especial em enfisematosos com depleção nutricional. A depleção de alanina afeta uma série de reações metabólicas, como interferência na gliconeogênese e fornecimento de energia para leucócitos e fibroblastos. FIBROSE CÍSTICA (FC) ou MUCOVISCIDOSE É uma doença hereditária (autossômica recessiva), complexa, caracterizada por doença pulmonar supurativa crônica, insuficiência pancreática e aumento dos níveis de sódio e cloro no suor, que incide em crianças e adultos jovens. Ocorre mutações no gene localizado no braço longo do cromossoma 7, codifica uma proteína associada a membrana chamada regulador transmembrana de fibrose cística que regula o transporte de íons nas membranas de células epiteliais, ocasionando distúrbio no transporte eletrolítico. A secreção de muco anormalmente espesso afeta quase todas as glândulas exócrinas e ductos, obstruindo-os. Ocorre o comprometimento do trato respiratório, glândulas sudoríparas e salivares, intestino, pâncreas, fígado e trato reprodutivo. As complicações pulmonares são: Bronquite aguda e crônica; Bronquiectasia; Pneumonia; Atelectasia Pneumotórax e hemopitise; Fases avançadas: Cor pulmonale e infecção por Burkholdteria cepacia – mau prognóstico Pâncreas – 85% dos pacientes com FC tem insuficiência pancreática Tampões de muco espesso Quantidade de enzimas pancreáticas Insuficiência pancreática Má digestão e absorção de nutrientes Pode ocorrer pancreatite; Avanço da doença – Intolerância à glicose (50%) e diabetes (7%-15%). Diminuição de bicarbonato – diminui atividade enzimática; Diminuição da reabsorção de ácido biliar – Má absorção de gordura; Complicações: Fezes volumosas e fétidas, cólicas, obstrução intestinal, prolapso retal e envolvimento hepático. Terapia nutricional Avaliação Pacientes com FC tem um alto risco de cursar com desnutrição, devido à má digestão, absorção e as complicações. - Fatores que interferem na ingestão e retenção de nutrientes: Dispnéia, tosse, vômitos (tosse), desconforto GI, anorexia (infecções) e possível perda do olfato e paladar e glicosúria. É observado retardo do crescimento e dificuldade de manter o peso nestes pacientes. A ingestão adequada pode levar ao crescimento adequado, porém com a progressão da doença tem-se uma diminuição do crescimento nas crianças e diminuição do peso em relação à altura em adultos. Objetivos Controlar a má absorção e digestão; Proporcionar nutrientes adequados; Prevenir deficiências nutricionais; Indivíduos de alto risco: bebês, crianças, adolescentes, mulheres grávidas e lactantes. Terapia de reposição de enzimas pancreáticas: 1° passo para corrigir má digestão e absorção; Objetivo é controlar sintomas GI, esteatorréia e promover crescimento adequado; São microesferas com revestimento entérico com dosagem de enzimas - limitadas a 2500 unidades de lipase/kg/refeição (controle empírico); Quantidade de enzimas depende: Grau de insuficiência pancreática e quantidade de alimentos ingeridos; Conteúdo de gordura, proteína e carboidrato do alimento; Tipo de enzima usada. A gordura fecal ou os estudos de balanço nitrogenado podem ajudar a avaliar a adequação da suplementação de enzima; Bebês e crianças – abrir a cápsula e misturar com alimentos macios, como: compota de maçã; As microesferas não devem ser misturadas com alimentos com pH>6, como, PRODUTOS LÁCTEOS (leite, pudim, creme e sorvete) pois o revestimento entérico pode se dissolver e as enzimas expostas à acidez gástrica serão inativadas (também não devem ser mastigadas ou esmagadas. A síndrome da obstrução intestinal distal (SOID) ou impactação intestinal recorrente pode ocorrer em adultos e crianças. O tratamento ou prevenção consiste em enzimas, líquidos, aumento de fibras, exercícios, laxativos e amolecedores de fezes. Tabela 1: Categorias de tratamento em pacientes com FC segundo KRAUSE ENERGIA: Os fatores a serem considerados são: sexo, idade, TMB, atividade física, infecção respiratória, gravidade da doença pulmonar e da má absorção. O cálculo das necessidades energéticas inclui: 1) TMB (utilizando as equações da OMS) – É necessário idade, sexo e peso. 2) Coeficiente de atividade física (CA); 3) Coeficiente da doença pulmonar (CD): 4) Coeficiente de absorção de gordura (CAG): Passo a passo para calcular as necessidades: 1 – Determinar a TMB pela OMS 2- Multiplicar a TMB por 2 fatores GED= TMB x (CA+CD) Coeficiente de atividade (CA): Acamado – 1,3 Sedentário – 1,5 Ativos – 1,7 Coeficiente da doença (CD): Normal – VEF1≥ 80% = 0 Moderada – VEF1 40 – 79% = 0,2 Doença Pulmonar – VEF1< 40% = 0,3 Doença Pulmonar muito grave– VEF1< 40% = 0,4- 0,5 3 – Avaliar o grau de esteatorréia (CAG) Insuficiência pancreática: NED = GDE (0,93/CAG) Se a coleta de gordura fecal não estiver disponível usar: NED = GDE (0,93/0,85) Aumento no gasto energético de até 20%; Não deve diminuir a atividade e sim aumentar a ingestão energética. MACRONUTRIENTES: Nutriente Necessidades Carboidratos Pode mudar com o avanço da doença Proteínas - 15 a 20% VET ou - RDA p/ sexo, idade e altura Lipídeos - 35 a 40% (ou mais) VET Pode ocorrer deficiência de ácidos graxos essenciais devido à má absorção, logo incluir alimentos fonte, como: Óleo de canola, linhaça, soja ou milho. Pode ocorrer também intolerância à lactose, neste caso alterar a ingestão de carboidratos. Vitaminas e Minerais - Vitaminas hidrossolúveis – Adequadamente absorvidas; - Vitaminas lipossolúveis - mesmo com reposição enzimática são absorvidas inadequadamente, observando: Vit. A – deficiência de mobilização e transporte; Vit. D – levando a da mineralização óssea; Vit. E – associada a anemia hemolítica e achados neurológicos; Vit. K – secundária a antibióticos, dç hepática e má absorção; - Minerais – DRI de acordo com idade e sexo reservas de ferro e magnésio; zinco – Em casos de desnutrição moderada a grave. Suplementação: (KRAUSE) Vit A (UI) Vit E (UI) Vit D (UI) Vit K (mg) 0-12 meses 1500 40-50 400 0,3-0,5 1-3 anos 5000 80-150 400-800 0,3-0,5 4-8 anos 5000- 10000 100-200 400-800 0,3-0,5 >8 anos 10000 200-400 400-800 0,3-0,5 OBS: Os bebês necessitam de sódio, pois o leite humano e alimentos para esta idade possuem baixos teores de sódio. Estratégias de Alimentação: Na FC tem-se aumento das necessidades, utilizar: Refeições regulares e agradáveis; Porções maiores de alimentos; Lanches extras, pp/ antes de dormir e 2 horas antes das refeições; Alimentos densidade energética – 2-3x/dia, suplementos alimentares; Facilitar as preparações – alimentos de conveniência ou pré-preparados; Encorajar a companhia às refeições; Coincidir a principal refeição com a hora de maior gasto energético. Bebês: Encorajar a amamentação; Pode ser necessário – Fórmulas com teor calórico – 20 a 27kcal/30 ml + enzimas. Fórmulas com hidrolisados protéicos e TCM Terapia Nutricional (Quando VO não for suficiente) ou P/A <75% do ideal. TNE (sonda ou ostomia) – contínua noturna Fórmulas elementares ou não elementares + enzimas - EFICAZ; Benefícios da terapia: Melhora do ganho de peso; Perda da função pulmonar mais lenta; Diminui as infecções respiratórias; Bem estar. O uso da nutrição parenteral só em curtos prazos e quando não se pode utilizar o TGI. Fazer avaliação nutricional (peso altura, perímetro cefálico, dobras cutâneas e circunferência do braço) e solicitar testes de laboratório, exame físico e avaliação da consistência das fezes, sinais e sintomas abdominais associados e terapia de reposição enzimática Fazer um recordatório alimentar no mínimo anual (mais frequente na condição de perda de peso ou ganho inadequado) Conduzir a terapia nutricional de formaindividualizada, considereando-se idade, estado clínicodo paciente e outros fatores Integrar a dieta com rotina da família Facilitar o processo de educação nutricional por meio de informações detalhadas e de fácil entendimento, para que sejam atendidos os requerimentos nutricionais e se evite o aparecimento de complicações, como diabetes Tabela 2: Recomendações gerais de tratamento na FC segundo CHEMIN & MURA CÂNCER DE PULMÃO (KRAUSE) Em alguns países é a primeira causa de morte tanto em homens como mulheres. A causa deste tipo de câncer tem sido atribuída ao tabaco. Estudos demonstraram associação entre a baixa ingestão de alimentos e níveis séricos de carotenóides ou retinóides com o aumento da incidência do CA de pulmão. ATENÇÃO - CHEMIN & MURA Recomenda-se uma dieta: 40% de lipídios; Adequada em energia (aumentar a oferta energética em cerca de 20-50), proteínas (10 – 15% ou 2 – 3g/kg para adultos), carboidratos (45 – 50%), vitaminas e minerais; Suplementar vitaminas lipossolúveis. Não é recomendada a suplementação de -caroteno para prevenção deste câncer. Mas parece que a ingestão de frutas e verduras é benéfica! O tratamento inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Esse tipo de câncer é altamente consuptivo levando a desnutrição, além de possuir estresse adicional da fadiga respiratória e diminuição da capacidade residual. A busca e preparação da alimentação podem se tornar tarefas muito difíceis para estes pacientes, portanto é essencial a oferta de alimentos, bebidas e suplementos nas formas e horários melhor tolerados. Podendo ser utilizado suplementos de alta densidade calórica. Necessidade energética e proteica no CA pulmonar – CHEMIN & MURA 2011 Eutrofia ENERGIA: 25 – 35kcal/kg PTN: 1 – 1,5g/kg Reposição ENERGIA: 35 – 50kcal/kg PTN: 1,5 – 2,0g/kg INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA (IR) A insuficiência respiratória ocorre quando a eficiência de permuta gasosa está comprometida acarretando, um fornecimento inadequado de oxigênio aos tecidos orgânicos. As causas podem ser traumáticas, cirúrgicas ou médicas. A síndrome da angústia respiratória aguda é uma complicação comum. Na IR por qualquer motivo a paciente precisa de oxigênio através de cânula nasal ou ventilação mecânica. Porém, as maiores dificuldades que estes pacientes apresentam para sair da prótese ventilatória são a fraqueza dos músculos respiratórios e a retenção de dióxido de carbono. O prognóstico é pior para os pacientes com doenças pulmonares crônicas, enfisema, fibrose cística, idosos e desnutridos. Terapia nutricional Objetivos: Atender as necessidades nutricionais básicas; Preservar a massa corpórea magra; Restaurar a massa e força dos músculos respiratórios; Manter o equilíbrio hídrico; Melhorar a resistência à infecção; Facilitar a saída da ventilação mecânica (fornecendo energia sem exceder a capacidade do sistema respiratório de eliminar o dióxido de carbono) Relembrando: Hipercapnia – Aumento anormal de CO2 no sangue. Este controle pode ser feito de 2 maneiras: 1- Aumentando a eliminação de CO2; 2- Diminuindo sua produção. A Terapia Nutricional é utilizada nos pacientes gravemente enfermos, nos intubados e 2 grupos com IR parecem enquadrar-se (DAN WAITZBERG): Doente hipercatabólico com infecção associada a uma doença clínica importante (SARA) Pacientes com falências respiratórias. Para minimizar a aspiração durante a TNE algumas medidas podem ser tomadas, como (KRAUSE): Alimentação contínua; Sonda posicionada no duodeno; Elevação do tórax a 45°; Avaliação freqüente do resíduo gástrico; Inflar o cuff da sonda endotraqueal. CALORIAS As necessidades estão aumentadas, porém não devem ser ofertadas calorias em excesso e nem insuficientes e sim adequadas, pois: Excesso de calorias – retenção hídrica, intolerância a glicose, esteatose hepática, diarréia, aumento da produção de CO2 e aumento da TMB (pelo aumento da termogênese induzida pelos alimentos). Falta de calorias – balanço nitrogenado negativo, proteólise e necessidade de ventilação mecânica. As necessidades podem ser estimadas por Harris- Benedict ou por calorimetria indireta. GER x 1,2 a 1,4 (KRAUSE); Proteínas 1,5 a 2,0g/kg de peso seco (KRAUSE). Calorias não protéicas são divididas entre lipídeos e carboidratos. ATENÇÃO – DAN WAITZBERG (2009) – TERAPIA COM AGE A insuficiência pulmonar pode ser definida como entidade clínica na qual a eficiência de permuta gasosa está comprometida, levando, por conseguinte, a um fornecimento insuficiente de oxigênio aos tecidos. A insuficiência respiratória em sua forma aguda é comumente identificada como Lesão Pulmonar Aguda (LPA) ou Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA). Por definição, são caracterizadas pela presença de infiltrados pulmonares bilaterais e por queda na relação PaO2 (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) e a FiO2 (concentração de oxigênio no ar inspirado). LPA PaO2/FiO2 <300 SARA PaO2/FiO2 <200 SARA – caracterizada por edema pulmonar não- cardiogênico e por hipóxia refratária. Sua característica mais marcante é a presença de uma inflamação generalizada do parênquima pulmonar função pulmonar. Fatores que podem contribuir para SARA incluem aspiração, contusão pulmonar, inalação de materiais tóxicos, choque, fraturas múltiplas, pneumonia, transfusões, queimaduras, coagulação intravascular disseminada, pancreatite e sepse. A resposta inflamatória é a chave do mecanismo fisiopatológico da LPA e da SARA. As terapias nutricionais atuais para o tratamento da LPA e SARA envolvem a redução dos mediadores pró-inflamatórios responsáveis pela injúria pulmonar, através da utilização de lipídios com propriedades anti-inflamatórias. A quantidade adequada de glicose tem o QR .=1, se a oferta for excessiva vai ocorrer lipogênese e seu QR > 1, já o QR da proteína é de 0,8, dos lipídeos 0,7 e da dieta mista 0,85. O QR (quociente respiratório) é a proporção entre o volume de dióxido de carbono expirado e o volume de oxigênio inspirado (CO2/O2). Considerações nutricionais no tratamento da Insuficiência Respiratória Aguda Considera-se o uso de dietas que modulem o Quociente Respiratório (QR), isto é, que promovam menor produção de CO2, uma vez que pacientes com LPA ou SARA possuem hipercapnia (retenção de CO2). O QR para os CHO é de 1,0, para proteínas é 0,82 e para lipídios é 0,71. Isso significa que dietas ricas em CHO produzem mais CO2. Devido ao fato que pacientes com SARA tem risco de retenção de CO2, um dos objetivos seria produzir a queda na produção de CO2, logo, uma dieta pobre em CHO e rica em lipídios, produziria queda do QR e traria benefícios para pacientes com SARA, em especial naqueles em ventilação mecânica. A oferta endovenosa de solução de lipídios também pode economizar proteínas, mas para isso têm que ser administrados com um mínimo de 500kcal/dia na forma de CHO (cerca de 125g/dia). A suplementação com antioxidantes deve ser avaliada pelo fato de que níveis séricos baixos de vitamina E e elevados de lipoperóxidos indicativos de dano oxidativo são comumente encontrados em pacientes com processos inflamatórios agudos. O uso de W3 está associado à síntese de mediadores anti-inflamatórios e o uso de W6-GLA mostrou menor tempo na ventilação mecânica. Terapia nutricional com Ácidos Graxos A modificação dos lipídios oferecidos através da dieta a fim de mediar a resposta inflamatória exacerbada e de criar um balanço entre a produção de mediadores pró e anti- inflamatórios é uma abordagem recente. EPA e o ácido gama-linolênico (GLA) (enteral ou parenteral) Reduzem a severidade da cascata de reação inflamatória de modo extremamente eficiente, promovendo vasodilatação e melhora nas trocas gasosas com diminuição da permeabilidade da membrana alveolocapilar e do edema pulmonar. A terapia com EPA e GLA é fundamental no manejo da LPA e SARA. Dietas formuladas com lipídios anti-inflamatórios e não enriquecidas com arginina: Dietas moduladoras de inflamação. Necessidades de água – Individualizadas, baseadasno método de administração de oxigênio e fatores ambientais (KRAUSE). MICRONUTRIENTES: Efeito colateral das medicações – Perda de potássio, cálcio e magnésio na urina. Durante o anabolismo o balanço de minerais deve ser monitorado de maneira antecipatória para impedir a síndrome da realimentação TUBERCULOSE (KRAUSE) É uma doença bacteriana causada por micobactérias especificamente Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose é encontrada em populações pobres, pessoas que vivem em locais fechados e cada vez mais como uma complicação da AIDS. Nestas infecções são prescritas medicações múltiplas, principalmente os antibióticos, na TB a isoniazida é comum. ISONIAZIDA – Como o alimento diminui sua absorção ela deve ser ingerida 1h antes ou 2h depois das refeições, esgota a B6, interfere no metabolismo da vitamina D e conseqüentemente diminui a absorção de cálcio e fósforo. Conduta: Maior ingestão de vitaminas e minerais, aumento de quilocalorias, líquidos e monitoração dos exames laboratoriais. APNÉIA DO SONO (CHEMIN & MURA 2011) É uma condição patológica caracterizada por episódios de obstrução parcial ou total das vias áreas superiores durante o sono, o que resulta em dessaturação da oxiemoglobina e despertares, em associação a sintomas diurnos dos quais o mais significativo é a hipersonolência. Este quadro danifica a função e a estrutura respiratória, ocasionando deterioração fisiológica e patológica, prejudicando a qualidade de vida, incluindo déficit de atenção, dificuldade de concentração e memória nesses pacientes. O tratamento é basicamente enfocado na perda de peso do paciente, o que pode melhorar ou prevenir muitos dos fatores de risco impostos a esses pacientes. Conduta: Recomenda-se reduzir de 500 – 1000kcal/dia e manter pelo menos 1200kcal/dia ou utilizar 20kcal/kg/dia, o que pode levar a uma perda de peso de até 900g por semana. Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 41
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