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Thaís H. Ambrósio T XIV 1 ............................................................................................................................... 2 .............................................................................................................................................................. 6 ............................................................................................................................................. 12 ................................................................................................................................................................................ 16 ................................................................................................................................................................. 19 ............................................................................................................................................. 22 .................................................................................................................................................................... 24 ......................................................................................................................................................... 28 Thaís H. Ambrósio T XIV 2 REVISÃO DE FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR A circulação e respiração/ventilação ocorrem por diferença de pressão entre compartimentos (arterial x venoso) ou câmaras (veias x átrios). No ciclo cardíaco há ondas de pressão atrial. - Onda a: contração atrial (fase de enchimento lento) - Onda c: fechamento da valva AV - Onda v: fase de enchimento atrial - Descendente x: relaxamento atrial - Descendente y: abertura da valva AV Curva de PAI - Característica da curva de pressão arterial: pico sistólico e nó dicrótico. . Fechamento da valva aórtica é o marco de que aquela curva é aferida dentro de uma artéria. . Fechamento dicrótico é o marco que o cateter está dentro da artéria. - As ondas de pressão dependem do lugar que você está medindo. - A pressão começa a variar especialmente durante a contração atrial. Reconhecer a variação de pressão é importante para monitorizar o paciente. Na hora que o cateter cai dentro do átrio direito enxerga a curva atrial - Na curva atrial já consegue perceber doenças valvares - Onda a em canhão como resultado da introdução do cateter → estenose da tricúspide, pois o sangue vai demorar passar e aumenta a pressão. - Ausência de onda a: na fibrilação atrial por falta de contração efetiva. Dependendo de onde eu passo o cateter a curva muda um pouco, mas sempre terei a onda dicrótica: - Aorta: incisura ou nó dicrótico Balão intra-aórtico (BIA) Também chamado de balão de contrapulsação aórtica. Tratar choque cardiogênico para melhorar a perfusão coronariana aumentando a oferta de oxigênio e viabilidade do músculo. O balão é passado antes da subclávia E. Ajuda na contração ventricular (aproximação das paredes). O balão cheio ocupa 80% do vaso na diástole para permitir a perfusão. O fato de insuflar na diástole e não na sístole é o que dá o nome de contrapulsação. Além disso, a perfusão na aorta ocorre na diástole. Thaís H. Ambrósio T XIV 3 Note que a pressão faz um pico maior. O aumento diastólico é maior que o sistólico. Quanto maior a taxa de metabolismo celular (maior o consumo metabólico de oxigênio), maior a necessidade de oferta de oxigênio e maior fluxo sanguíneo aos tecidos: - SNC: aumento da PIC - Coração - Fluxo esplâncnico A morfologia da pressão na aorta é semelhante a pressão na contração ventricular, pois o volume de sangue aumenta (aumento do débito cardíaco). DC = VS x FC A mensuração da área de uma curva (representando 1 batimento) nos dá o volume sistólico, que multiplicado pela FC resulta no DC. O VS é controlado pelo retorno venoso, PA e resistência vascular sistêmica. A hipotensão arterial é um sinal claro de queda do DC. Em um choque, na maior parte das vezes eu dou volume ao paciente. Antes é necessário identificar em qual fase da curva de Frank-Starling que meu paciente está. Se ele estiver perto do platô, então é administrada droga vasoativa. Lei de Frank-Starling É a contração máxima efetiva que o miocárdio faz para ejetar o sangue que chega nele. Mecanismo cardíaco que permite que o coração se adapte ao volume sanguíneo que chega para bombeá- lo. Quanto mais o miocárdio for distendido durante o período de enchimento, maior será a força de contração e maior ser a quantidade de sangue bombeada para a Aorta. - A redução da quantidade de fibras reduz a contratilidade. - Na sepse, não há diminuição da quantidade de fibra, mas como ela aproveita menos o cálcio, então a contração também reduz. Se tenho um volume de 50 ml, a fibra miocárdica alcança um grau de estiramento que determina seu retorno ao estado basal, causando a ejeção de cerca de 35 ml. O que sobrou (15 ml) é o volume residual da diástole. Se aumentar o volume de sangue de 50 para 70 ml, o ventrículo vai dilatar para receber esses 70 ml. As fibras miocárdicas vão dilatar mais, voltando à posição basal com uma força maior e mais forte, ejetando mais sangue, cerca de 55 ml. O volume residual continua o mesmo (15 ml). A pressão arterial sistólica aumenta quando aumenta o volume ventricular → a PA sistólica é diretamente proporcional ao volume. Logo, quando chega um paciente chocado, hipotenso, a primeira conduta é fornecer volume (soro fisiológico) a fim de Thaís H. Ambrósio T XIV 4 aumentar a ejeção e, dessa forma, aumentar a PA sistólica. - A curva tem 2 componentes: um componente ascendente e um componente de platô - O estiramento tem um nível máximo - Fornecendo soro, por exemplo, para o paciente, aumentando o volume (x), haverá estiramento da fibra miocárdica e o volume ejetado (y) vai aumentar. - A fase de ascensão da curva demonstra que se for fornecido volume para o paciente, o PA sistólica aumentará proporcionalmente ao volume de dentro da câmara. - Isso significa que o paciente é responsivo a fluidos. - Se o paciente estiver na fase de platô da curva, significa que a fibra estará estirada ao máximo, o coração não consegue mais aumentar a força de contração. 0 volume sistólico (ejetado) não vai mudar praticamente nada. Por isso que dar volume neste momento vai fazer mal ao paciente, pois o coração não conseguirá voltar ao seu estado basal e não conseguirá estirar para ejetar esse volume, fazendo com que o sangue fique represado, causando edema agudo de pulmão por hipervolemia, anasarca (edema generalizado) - É importante descobrir em que ponto da curva o paciente se encontra para decidir se irá fornecer volume ou não Se um paciente com IC chegar chocado, pode ser que ele não responda. A curva de FS do paciente com IC é menor, então a fase de platô chega antes. Fluido responsividade - Expansão volêmica - Aumentar DC - Refletindo o fato do coração se encontrar na porção ascendente da curva FS. Obs.: isso não ocorre se estiver no platô! RESPIRAÇÃO O estímulo para a respiração surge no centro respiratório no bulbo por detecçãodo pH, desce para a medula, originando o Nervo Frênico entre C3, C4 e C5. O n. frênico desce e estimula o diafragma. - Teste e avaliação do diagnóstico clínico de morte encefálica → hiperestimulação do centro respiratório sem o respirador por 10min. Coleta-se o paCo2 do paciente. Se não houver movimento respiratório. Uma lesão nessa região prejudica a condução respiratória. Ele passa na região entre esôfago e traqueia, no sulco esôfago-traqueal. Esse estímulo chega ao diafragma e na musculatura intercostal (oblíquos, intercostais). Na inspiração, o diafragma contrai. No lado esquerdo do diafragma há uma região mais fibrosa que se adere ao pericárdio. Essa região é chamada de centro tendíneo. Na inspiração, quando o diafragma contrai, ele faz uma força radial na tentativa de encolher. Ele não consegue encolher por estar inserido no osso, e a costela não retrai. Quando isso acontece ele afunda para dentro do abdome (abaixa e expande o diâmetro craniocaudal). Os intercostais, ao contraírem, elevam e retificam as costelas. Quando elas se elevam, o esterno vai junto. Esse movimento ó conhecido como braço de bomba. Ocorre aumento do diâmetro craniocaudal, latero- lateral e anteroposterior. Ou seja, na inspiração ocorre aumento do volume de toda a caixa torácica. Nossa respiração espontânea é funciona por pressão negativa. A pressão atmosférica fica menor e o ar entra. Essa pressão fica negativa porque ocorre aumento do volume da caixa torácica. A pressão pleural é negativa, a alveolar também precisa ficar negativa. A pleura parietal, membrana mais fibrosa, está grudada na porção interna da cavidade torácica. A pleura visceral está na superfície do pulmão, contornando-o. O líquido pleural (quantidade pequena – cavidade virtual) está entre elas e faz com que as pleuras estejam sempre grudadas. Toda vez que ocorre a inspiração, aumentando o diâmetro craniocaudal, latero-lateral e anteroposterior, a pleura parietal puxa junto a visceral, puxando junto ao pulmão. Junto com o aumento da caixa torácica, ocorre aumento de volume do pulmonar. Como a quantidade de ar é a mesma, haverá redução da pressão. A negativação da pressão intratorácica é transmitida a todas as estruturas que estão na caixa torácica, incluindo vasos, câmaras cardíacas e alvéolos. Por isso a pressão do alvéolo reduz e o ar entra de fora para dentro. Isso acontece para o pulmão não colapsar. - COVID pode causar pneumotórax espontâneo Quando a musculatura chega no máximo da contração, ela relaxa, tendendo voltar ao tamanho normal. Neste momento o pulmão não colapsa porque as pleuras estão aderidas. Quando há pneumotórax o ar separa as pleuras e o pulmão entra em colapso. - Quando ocorre derrame pleural ocorre colapso por compressão do parênquima pulmonar. Thaís H. Ambrósio T XIV 5 Como todo o mediastino é revestido pela pleura, um cateter pela narina até o esôfago consegue medir a pressão. Toda vez que a pressão fica negativa dentro da cavidade torácica, o coração também se envolve nessa situação. A pressão é refletida nas cavidades cardíacas. Flutuação da pressão nas câmaras cardíacas Ex.: pressão no AD = 5mmHg; VD = 10mmHg - Lembre-se de que o lado D do coração tem pressões menores que o E. Quando acontece a inspiração, as pressões pleurais e pulmonares reduzem, porque aumenta o volume do pulmão e o conteúdo. Como a pressão intratorácica diminui, a pressão do AD vai diminuir também, passando de 5 para 2 (não ficará negativa, mas diminuirá devido à influência do ambiente). Quando a pressão do AD cai, o fluxo de sangue da VCI aumenta. Aumento do RV ao AD. O aumento do RV reflete no aumento da pré-carga (relação entre tensão da parede ventricular que reflete numa pressão). Há aumento da força de contração. No VD se a pressão é cerca de 25-30mmHg, passará a ser 20-25. → Lembre-se de que a pressão do tórax não é capaz de comprimir o coração. Thaís H. Ambrósio T XIV 6 - Mecanismo fisiológico do TEP. O coração não consegue bombear sangue com variações de P muito rápidas. - O VD não tolera aumento de P, mas tolera volume. Ventilação mecânica Oposto da respiração espontânea → a pressão que na inspiração caía e ficava negativa, vai aumentar e ficar positiva. Parte dessa pressão será dissipada para todas as estruturas (a pressão no AD que era de 5 vai passar a ser 8, por exemplo). O retorno venoso diminui, já que a pressão do AD está alta. Ou seja, cai a pré-carga na inspiração. Dessa forma, a alta pressão será transmitida para o capilar, então a pós-carga do VD será maior. Como o retorno venoso diminui, passa menos sangue para o VD, então chega menos sangue ao AE, e no fim o DC diminui, A pressão do paciente vai cair. Por isso que ao intubar o paciente ele fica hipotenso, pois a alteração cardiopulmonar é alterada. Ela demora a subir por cerca de 10 minutos (na maioria das vezes é o que ocorre). Uma alternativa para controlar essa hipotensão é dar volume para o paciente. Permite identificar o que está acontecendo com o paciente e a conduta a ser tomada. Mostra em que fase da curva de FS o paciente está. Na fase de ascensão posso dar volume, mas no platô não. Toda vez que o paciente chega com queda na PA devo pensar em 03 coisas: - Pré-carga: diretamente associada ao RV. . O primeiro passo para ajustar o volume sistólico e o DC será pensando na curva de FS. Podemos usar formar estáticas ou dinâmicas (leva em consideração a curva de respiração). - Pós-carga: resistência que o ventrículo deve vencer para ejetar o sangue. . Hipertenso: muita pós-carga . Choque: pós-carga baixa → o que resolve é a resolução da causa, por exemplo, o choque séptico. .. Dependendo da fase em que o doente está, o quadro pode ser resolvido ou não, em caso negativo devo ligar a droga vasoativa (nora) a fim de ajustar parte do volume sistólico, o DC e a PA. Obs.: só no choque cardiogênico a pós-carga está aumentada e devemos pensar o contrário. - Contratilidade A primeira forma de reconhecer o estado do RV é a mensuração da P dentro das câmaras cardíacas, que mostram a variação de volume com a variação de pressão. Se o paciente chega chocado, na maioria das vezes a principal conduta é dar volume. Thaís H. Ambrósio T XIV 7 Suponhamos que o coração de um paciente chocado tenha pouco sangue dentro do ventrículo, então a pressão medida por um transdutor seria menos. Se o coração do mesmo paciente tivesse mais sangue, a pressão seria maior. Nesse caso, ele teria mais chances de estar no platô da curva. O cateter venoso central Há com 1, 2 ou 3 lúmens, que não se comunicam. Assim evita interação medicamentosa. Pode ser passado as cegas puncionando a v jugular ou puncionando a subclávia no sulco em direção a fúrcula esternal. É possível puncionar a axilar, subclávia, femoral e jugular na região posterior do esternocleidomastoideo. Cateter central de inserção periférica (PICC) - Inserido até a entrada da v cava superior no AD - Inserção periférica - Puncionar aspirando para fazer P negativa, desconectar a agulha e passar o fio guia (ponta torta para não agredir o endotélio), por fim, tirar a agulha. - Colocar um dilatador (1-1,5cm), abro o cateter e preencho com soro, empurro o cateter contra o fio guia,até que o fio guia saia e seja completamento substituído pelo cateter. Com esses cateteres conseguimos medir a pressão das câmaras cardíacas. A ponta do cateter precisa ficar na abertura da VCS com o AD. Teoria dos vasos comunicantes Toda vez que eu tenho uma cavidade única que está submetida ao mesmo volume e ela é estática do ponto de vista do volume, então a P aferida em qualquer ponto da câmara é a mesma. Através dessa teoria conseguimos aferir a PVC (pressão venosa central). Isso é feito no final da diástole, antes do início da sístole. - Volume diastólico final do VD. Esse volume gera a P diastólica final do VD. Quando o coração está parado com a tricúspide aberta, a pressão será a mesma em qualquer ponto e vai me dizer a quantidade de sangue que há no ventrículo. Se a minha PVC é alta, então o volume na câmara também é alto. Se eu tenho um volume alto, o paciente está na fase de platô da curva de FS (PVCP). Pacientes com PVC alta que estão chocados não devem receber volume (paciente não fluido responsivo), pois não aumenta o volume sistólico. Devo dar droga vasoativa. PVC normal do lado D é de 8-12mmHg. Baixa PVC - Paciente na fase ascendente da curva de FS. - Dar soro para aumentar o volume sistólico, DC e corrigir PA. - Paciente fluido responsivo. Para monitorar PVC o cateter deve ser passado pela jugular ou subclávia, pois deve ser um cateter alto. Notas - Elevação passiva das pernas: mostra se o paciente vai aumentar o volume sistólico se eu der volume, pois a VCS deixa de colabar. A PVC do lado E → Cateter de Swan-ganz Thaís H. Ambrósio T XIV 8 Passado pelo lado D, passa pelo AD, VD e se estabelece na a pulmonar D. É enchido um balonete de ar, que impacta em um ramo da a pulmonar. O cateter veda toda a influência retrógrada. O cateter enxerga a PVC do AE (com um pouco de atraso de refluxo de onda). - Volume diastólico final do VE → Pressão de oclusão da a pulmonar. . Valor normal = 18mmHg (note que é maior que do lado D) Note que o que influencia na curva do cateter é tudo o que está na frente dele. Métodos dinâmicos de m. hemodinâmica - DPP// DELTA PP/ Variação da Pressão de Pulso → valor normal é 13% (precisa saber) - VVS - ΔPVC → pacientes extubados - IDVCI - ICVCS Na VM minha pressão mecânica é sempre positiva. Na expiração, quando a P diminui, o RV aumenta. Na inspiração o RV diminui. Vemos isso pela curva da PAI. Se sai mais sangue o pico sistólico da minha curva de pressão será maior. Ventilação mecânica: Interferência da ventilação sobre o fluxo sanguíneo dentro das câmaras cardíacas → interação entra as pressões pleurais sendo transmitidas nas câmaras cardíacas, e interferindo no fluxo dentro, e interferindo no DC → o que ocorre com o fluxo cardíaco dentro das câmaras cardíacas. CURVA DE VENTILAÇÃO MECÂNICA - delta PP - A curva de cima é uma curva de ventilação mecânica (ela é sempre positiva): a minha linha de base não é zero, é 5, então nunca vai ficar negativa. A medida que o ar entra, a pressão aumenta, e na expiração a pressão diminui, então a curva fica numa pressão basal na expiração e sobe de novo. - À medida que a minha pressão sobe, dentro da ventilação mecânica, o que acontece com o meu retorno venoso do lado direito do coração, o que acontece com a minha pressão no capilar pulmonar? Ela aumenta, já que na inspiração ocorre aumento da pressão intratorácica e da pressão atrial, diminuindo o RV no AD, e distendendo o alvéolo, o que estira o capilar pulmonar, aumentando a pressão no capilar pulmonar e aumentando a resistência vascular pulmonar. Thaís H. Ambrósio T XIV 9 Se ela aumenta, o que acontece com a capacidade de ejetar sangue, pelo VD? Com o aumento da pressão capilar pulmonar e da resistência vascular pulmonar, o DC do VD diminui, chega menos sangue dentro do átrio direito, sai menos sangue pelo ventrículo direito porque a pós- carga é muito alta, vai gerar um DC de VD baixo (diminuindo o DC do VE também), vai chegar menos sangue do lado esquerdo, saindo menos sangue também (capacidade de ejetar diminui). Ou seja, chega menos sangue no AD, sai menos sangue pelo VD → Baixo DC de VD → chega menos sangue do lado esquerdo → Diminui DC do VE CURVA DE PRESSÃO ARTERIAL - É a curva de baixo na foto - Então o que observamos na minha curva de pressão arterial aferida por exemplo na minha artéria radial, é que se sai menos sangue à medida que as pressões das vias aéreas mudam, o meu pico sistólico (que é diretamente proporcional ao meu volume sistólico) vai ser menor, se sai mais sangue em determinado momento, porque eu mudei a variação de pressão dentro da minha via aérea e dentro das minhas câmaras cardíacas, ele aumenta meu pico sistólico. Quanto maior essa variação, mais hipovolêmico é o meu paciente. Se eu olhar pra minha curva de PA, e eu observar que eu tenho uma variação muito grande entres picos sistólicos significa que meu paciente está hipovolêmico, voltando a falar na curva de Frank Starling, toda vez que eu tenho essa variação grande, o meu paciente é fluido responsivo. - Na inspiração: aumento da pressão, diminuição do DC → pico sistólico menor - Na expiração: diminuição da pressão, aumento do DC → pico sistólico é maior - Essa variação de pressão entre picos sistólicos determinado pela mudança de pressão dentro das vias aéreas o meu paciente em ventilação mecânica com pressão positiva, é o delta PP em que seu valor normal é 13%. - Toda vez que meu delta PP for alto (maior que 13%), toda vez que a variação for grande o meu paciente é fluido responsivo! - Toda vez que minha variação por pequena, delta PP abaixo de 13%, o meu paciente não é fluido responsivo (está na fase de platô) - Delta PP = variação da pressão de pulso (sistólica menos a diastólica). - A sensibilidade é de 90 % e a especificidade é de 95% (enquanto a minha PVC E POAP é 50%), quando a PVC e POAP for muito próxima do normal eu uso o delta PP. VARIAÇÃO DE DIÂMETRO DA VEIA CAVA - Na inspiração, diminui o RV e na expiração aumenta, isso gera uma variação de diâmetro da veia cava - Diâmetro da veia cava na inspiração: na inspiração, ocorre aumento a pressão atrial direita e diminuição do RV, acumulando sangue na veia cava, aumentando o diâmetro da veia cava. - Na expiração a pressão diminuiu, aumentando o RV, diminuindo o diâmetro da veia cava - Podemos medir esse diâmetro (com sensibilidade e especificidade boas) - Toda vez que a variação é grande (maior que 18%), então o paciente é responsivo e recebe volume. . Aumenta VS, aumenta DC, aumenta PAS. - Vantagem: rápido e não invasivo (consegue fazer através de ECO, no delta PP temos que puncionar artéria, porém tem sensibilidade maior). Saturação venosa de O2 (SVO2 X ScVO2) - Indicam a quantidade de oxigênio que retorna ao coração. - Informação sobre a TAXA DE EXTRAÇÃO TECIDUAL DE O2 (TEO2). - TEO2 = (SaO2-SVO2)/SaO2 Thaís H. Ambrósio T XIV 10 - Existe grande correlação entre ambas * Toda vez que eu tiver um paciente chocado, o que acontece na circulação periférica/ nos tecidos periféricos desse doente? Redução do fluxo sanguíneo e isso vai levar a disfunção de múltiplos órgãos ou sistemas, é o mecanismo pelo qual o doentechega em choque séptico por uma pneumonia, e evolui por exemplo para insuficiência respiratória aguda, insuficiência renal água, insuficiência hepática → até chegar nesse ponto tem um caminho pela frente. O que ocorre quando o fluxo sanguíneo cerebral reduz? O que acontece quando o meu fluxo sanguíneo no tecido periférico cai por causa de um choque? Hipóxia! Cai oxigênio no tecido, e a célula entra em hipóxia. Toda vez que a célula entra em hipoxia, essa célula retira oxigênio da hemoglobina! A capacidade da minha célula em retirar oxigênio da hemoglobina (e utilizar na mitocôndria para produzir o metabolismo aeróbico) é chamado de taxa de extração de oxigênio. Toda vez que a quantidade de oxigênio que chega no tecido periférico reduz, o organismo gera um mecanismo de compensar essa queda de oxigênio, que é a célula roubar o oxigênio da hemoglobina, isso chama-se aumento na taxa de extração de oxigênio para tentar compensar a hipoxemia tissular, e evitar o metabolismo anaeróbico. *Eu consigo enxergar a capacidade de extrair oxigênio da hemoglobina através do átrio direito, porque o átrio direito recebe todo o sangue que vai vir de todo o organismo, então se eu coletar uma gaso venosa do membro superior de um paciente, eu irei avaliar a quantidade de oxigênio que foi extraída da mão dele, porém não é só a mão que esta hipoxêmica. No ponto de vista global, eu preciso entender o quanto o meu organismo por inteiro está sofrendo pela baixa do fluxo sanguíneo cerebral desencadeado pela hipotensão, pelo choque séptico → pele pegajosa pelo status metabólico aumentado do organismo. * Normalmente a minha taxa de extração varia de 25 - 30%, então a minha saturação normal de oxigênio vai ser 70%, coletada no ÁTRIO DIREITO! * A saturação venosa central de oxigênio coletada por um cateter central, o valor normal dela é 70% → 30% foi extraído pelo meu tecido periférico, chegando 70% de hemoglobina saturada, ou seja, de 99% cai apenas 30%. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA X LACTATO X TEO2 O que acontece com um paciente com insuficiência cardíaca congestiva compensado (em uso de medicamentos)? Ele tem um DC reduzido (paciente com ICC mesmo compensado o DC é sempre baixo), o que significa que se eu coletar uma gasometria arterial e dosar o lactato do paciente, o lactado do meu paciente estará alto (está em metabolismo anaeróbico – hipoxêmico), normal, ou baixo? Estará normal! Se o DC é baixo, e o fluxo sanguíneo dele é baixo por que o lactato estará normal? Porque a taxa de extração desses pacientes é larga, ao invés de ele tirar 30% do meu 99%, ele tem a capacidade de tirar 40 - 45%, e a saturação venosa normal desses indivíduos nunca vai ser 70%, vai ser em torno de 55-65% porque o organismo dele aprendeu a trabalhar com a hipoxemia tissular e resolver isso puxando mais oxigênio da hemoglobina, alargando a taxa de extração. Então não é toda taxa de extração aumentada com baixa saturação venosa de oxigênio que significa um mecanismo patológico do doente, nesse caso é um mecanismo fisiopatológico habitual da doença dele. O que vai nos dizer entre compensação e descompensação é a clínica do meu doente associado a sinais de hipoxemia tissular. SVO2 ou ScVO2 alteradas - o que causa uma saturação venosa central alterada? - SaO2 - TEO2 - Volemia - DC * Se chega menos sangue no meu átrio direito, pode significar que a minha taxa de extração aumentou (tirando mais oxigênio do sangue), pode significar que por queda de volemia eu estou tendo menor DC chegando efetivamente/ circulando sangue (queda da volemia/ queda do DC). Pode significar que estou ofertando menos oxigênio. Diversos mecanismos, não só DC e taxa de extração podem modificar a saturação venosa central * A relação entre oferta e oxigênio na periferia é o que determina tudo isso! Raramente num doente vai cair a saturação venosa de oxigênio porque caiu a quantidade que eu estou dando de oxigênio para ele pela ventilação, pelo ar, pela concentração de oxigênio que estou dando apra ele. Thaís H. Ambrósio T XIV 11 SATURAÇÃO VENOSA DE OXIGÊNIO (SVO2 ≠ ScVO2) Saturação venosa MISTA de oxigênio (Valor normal de 65%) - SVO2 - Coletada na artéria pulmonar Saturação venosa CENTRAL de oxigênio (valor normal de 70%) - ScVO2 - Coletada de cateter venoso central - Ponta localizada na entrada do átrio direito *O valor normal do consumo de oxigênio gira em torno de 25 – 30% *ScVO2 mostra o que foi retirado da hemoglobina ScVO2 baixa (< 70%): Indica diminuição da oferta de O2 (e eu posso mexer no DC) Preciso aumentar a contratilidade do coração → dobutamina - Anemia (pode causar queda da saturação venosa já que a hemoglobina carreia o oxigênio, porém só ocorre em anemia extrema → só transfunde pacientes em choque quando a hemoglobina estiver abaixo de 7, não existe queda na oferta tissular de oxigênio se a hemoglobina estiver acima de 7) - Baixo DC (principal causa) → aumento do DC por volemia se for fluído responsivo, ou dando dobutamina ajustando o DC - Corrigir: aumento da oxigenação, anemia e aumento da DC (volume e dobutamina). Caso clínico Masculino, 75 anos, DM, hipertenso, hiperplasia prostática benigna, FA permanente. Há 5 dias: febre, lombalgia, disuria, urina fétida Sonolento, Glasgow 11. FC: 130, PCP diminuída, cianose periférica (falta de perfusão tecidual). Extremidades frias. Taquipneico 28 IRM Dor em baixo ventre PA: 700x40 Primeira conduta: internar! PA: 70x40 - Pensar em pré-carga, pós-carga e contratilidade - Dar volume: 500ml de SF - PA foi para 80x40 - FC: 120 Permanece mal perfundido - Diurese 0 → anúria - Dou mais 500ml de SF - Glasgow 13 - PA: 90x60 - FC: 98 - Lactato: 3 Perto de 1000-2000ml chega ao máximo de ajuste da pré-carga. Então, não é aconselhado dar mais volume. Ecocardiograma mostra variação da veia cava -Elevação das pernas - Mais 500mL - PA: 80x40 - FC:120 - Lactato 6 - Glasgow 7 → intubação Diurese: 100mL Encaminhado para UTI - Cateter central - PVC: +20 (é alta) - Eco: VC sem variação - PAI . Delta PP: 6% (variação pequena) - PA: 80x40 - Lactato 6 → O doente está no platô - Droga vasoativa - Dose da droga aumentando - Lactato 12 - Má perfusão periférica Avaliar contratilidade - Colher gaso do cateter - Saturação venosa central em 50% (baixa) - Preciso melhorar o DC dando inotrópico → dobutamina. O doente grave na UTI é dinâmico! Por mais que o doente seja jovem sem doenças cardíacas prévias, pode haver uma disfunção miocárdica. Obs.: Deta PP (variação da pressão de pulso) não é recomendada para pacientes extubados. Thaís H. Ambrósio T XIV 12 Por que usamos soro no nosso paciente? - Aumentar a volemia: VS, DC e PA - Corrigir distúrbios: hidroeletrolíticos e ácido-base . Pacientes com alcalose metabólica: correção com soro fisiológico. - Manter a glicemia: ex de um paciente em jejum - Evitar hipoglicemia - Manter hidratação Existem 5 tipos mais comuns: - Fisiológico: 0,9%, 6,5%, 20% - Ringer lactato - Ringer simples - Glicosado: 5%, 10% 25%, 50% - Plasma light: solução cristaloide balanceada Choque - Hipoperfusão – sintomática . Confusão mental . Oligúria . Palidez cutânea . Extremidades frias . Queda de temperatura - Alteração da PA . PAM < 65 mmhg . PAS < 100mmhg Tratamento Precisamos entendero mecanismo primário e tratar a causa - Hipovolemia - Alteração do DC (componentes) - Vasodilatação (pele quente...) - Monitorização hemodinâmica - Pressão de pulso (DC) Terapia Após a compreensão do mecanismo primário pensamos se: - Precisa de reposição volêmica? - Vasopressores? - Inotrópicos? - Procedimentos cirúrgicos? . Marca-passo? . Drenagem pericárdica? Volemia X DVA - Base central da ressuscitação do paciente crítico - Iniciar assim que constatado choque e a necessidade de volume. - Dependerá da gravidade da instabilidade hemodinâmica e da sintomatologia do paciente. - Dependerá do tempo de instalação do choque Quando administrar? - Não existe uma regra para cada tipo de doença e paciente. - SSC: 30ml/Kg para pacientes sépticos - ATLS: 20ml/Kg para politraumas - Extrapola-se muito dos guidelines para outros tipos de pacientes. O melhor que individualizar a fórmula é individualizar o tratamento com base na patologia de base (Sepse? TEP? Tamponamento? Choque cardiogênico?) → Monitorização. Monitorização invasiva X não invasiva A monitorização pode ser muito invasiva ou não. Há vários tipos de monitores. Assim digo se o doente é ou não responsivo ao fluido. Thaís H. Ambrósio T XIV 13 Responsividade a fluidos → Interação cardiopulmonar. Overload - Edema intersticial - Piora das disfunções orgânicas - Síndrome compartimental - Edema cerebral - Pior desfecho clínico Um estudo na nature demonstrou a mortalidade hospitalar com base na quantidade de volume administrados nas 24, 48 e 72h. Todos os doentes que receberam mais volume morreram mais. Por isso, é muito importante definir quando vou dar o volume. Além de dar ou não fluido, devemos compreender qual tipo dar, pois isso também pode alterar a evolução do paciente. Qual fluido administrar? Existem tipos de sepses que alteram a permeabilidade da membrana. Os íons se movimentam entre diversos compartimentos, com algumas exceções. Exemplo: - Na X BHE: coeficiente de reflexão = 1.0 . 0.0: completamente permeável . 1.0: completamente impermeável Note que depende do órgão. O rim, por ter a cápsula renal, observamos redução da perfusão e isquemia das células → insuficiência renal por hipertensão tecidual do órgão. Composição Uma osmolaridade menor que do plasma permite que o líquido não vaze para o interstício. Por isso que eu não dou soro glicosado ao paciente. No HSM temos 0,9% NS, ringer lactato. O PlasmaLyte é caro e não é fornecido pelo SUS. Fazemos profilaxia de proteção ao estomago e TEV. Cristaloides Barato ($$$$) - Pouco a nenhum risco de alergia - Sem risco de reação (ex. transfusional) - Isotônicos: SF 0,9% e RL - Rapidamente redistribuem para EV com necessidade de grande volume para manter IV SF 0,9%: Na = Cl → Hipernatremia e acidose metabólica hiperclorêmica. - Soluções salinas hipertônicas. - RL: “Mais Fisiológico”. Na, Cl, Ca ion, K. Presença lactato. - Ringer simples. - Plasmalite. O doente na UTI é diferente, pois ele é mais inflamado e as agressões a ele ocorrem mais rapidamente. Solução salina hipertônica Doente com IC pode descompensar com salina. Coloides - Alto peso molecular (PTN, Starches, Gels) - Aumenta a P. oncótica - Pacientes com aumento da permeabilidade capilar em pacientes críticos (sepse…) - Possível reação semelhante a transfusão - Possível reação alérgica - Dextrans: coagulopatia. Thaís H. Ambrósio T XIV 14 Coloide natural: albumina - Alb. humana diluída em sódio: cuidado porque é hipernatremica. - Alto custo. - Condicionamento limitado. - Risco de transmissão de doenças - Indicação de uso: . Teoricamente ampla: . Maioria sem benefício comprovado. Alguns casos possuem pior prognóstico. - Curva de evolução Coloides sintéticos - CFJ: doença da vaca louca. E quando apenas a infusão de fluidos não dá conta do recado? - Drogas! Noradrenalina - Primeira escolha no choque séptico - Liberação pós-ganglionar nn. adr. - Efeito α1 e α2 - Aumento PAS e PAD, aumento do retorno venoso por venoconstricção. - Aumento do fluxo coronário - Cronotropismo (+): aumento do DC - Aumento da Pós-carga. - Efeito dose-dependente. Adrenalina - Produção medula adrenal - Vasoconstricção A + V (α1): mesent/ renal - Aumento da FC e inotropismo (β) - PAD menos alterada que NE - Não é a primeira escolha em choque. Usada em choques resistentes a outras aminas. - PRINCIPAL USO: PCR e Anafilaxia/ Choque Anafilático. Dopamina - Receptores Dopa, Beta e α. - Efeito misto, dose dependente: inotropismo, cronotropismo, vasomotor (VD/VC). – 0 a 5 mcg/Kg/min: (D) VD Renal/ Mesent. . Efeito sobre a função existe (?) → ( ) sim (X) não – 5 a 10 mcg/Kg/min: Inotr./ Cronotr. – 10 a 20 mcg/Kg/min: (α) VC. Vasopressina - NÃO-CATECOLAMINÉRGICO - Receptores V1 è VC/ anti-diurese - Choque resistente a catecolamina - Baixa dose – “REPOSIÇÃO” - Geralmente associado a NE - Ind: Choque séptico e hemorrágico. - DOSE: 0,01 a 0,04 UI/min Fenilefrina - Agonista alfa-puro. Aumento da pós-carga - Curta duração - Efeito reflexo com bradicardia - Atualmente não usado em UTI. - Pode piorar perfusão esplâncnica - DOSE: 0,2-0,9 mcg/Kg/min Inotrópicos - Aumento do DC por aumento da contratilidade - Falha do VE: icc, iam, sepse (takotsubo) → melhora bomba - Nenhum estudo demonstrou TM com uso de inotrópicos principalmente se uso prolongado. - Síndrome do coração partido O inotrópico atua da fase de controle do volume sistólico. O mais utilizado é a dobutamina. Thaís H. Ambrósio T XIV 15 Dobutamina - Agente adrenérgico derivado da dopamina. - Aumenta o inotropismo e cronotropismo. - Efeito vasodilatador (> teórico). Discreta queda da PA e aumento da FC e DC, que resultam em aumento da PA - Necessário ajuste da volemia (pré-carga) - Inotrópico standard - Cardiogênico: nec NE (as vezes) - Dose de 5-20 mcg/kg/min Milrinone - Inibidor da fosfodiesterase - Aumenta AMP-c → aumenta contratilidade - Vasodilatador: pacientes hipotensos . Taquicardia reflexa . Queda da PAD . Redução da pré e pós-carga - Comum usar pós-transplante. Levosimendan - Sensibilizador dos canais de cálcio - Aumenta a afinidade pela troponina - Menor risco de arritmias - Meia vida longa. Infusão em 24h. - ICC refratária - Dose: 12mcg/Kg em 10 min 0,1-0,2 mcg/Kg/min em 24h Vasodilatadores Duas drogas endovenodas - Redução da pós-carga Consideramos que é a pós-carga que se opõe à contratilidade. - Tentativa de melhorar a performance cardíaca: aumento do DC, diminuição da pós-carga e diminuição da pré-carga. - Arterial e venoso = nitroprussiato de sódio. - Dose: 0,25 a 10 mcg/Kg/min - Venoso = nitroglicerina - Dose: 10 mcg/min a 100 mcg/min Como utilizar? - Sempre através de BIC - Escolher a dose: calcular a velocidade de infusão na BIC (ml/h) - Habitualmente existe uma prescrição padrão - Cálculo baseado no peso do paciente e na diluição - Titular de forma a atingir o efeito desejado . Nível de PA . Valor de DC . Nível de sedação Peso X dose X 60 / solução do medicamento em mcg Ex.: pacientede 70Kg Solução 4 ampolas (250ml cada ampola). Thaís H. Ambrósio T XIV 16 É definido pela queda da PA, mas na fase inicial nem sempre isso ocorre. - PAS < 100mmHg - PAS < 65mmHg Sinais e sintomas - Confusão mental, oligúria, palidez cutânea, extremidades frias e taquipneia (acidose associada). - Mortalidade elevada em 40-60% de TM - Dependente da causa e local de tratamento. Atenção à confusão mental, livedo, sudorese, hipotensão, aumento do lactado e oligúria. Em suma, o choque é uma síndrome caracterizada por incapacidade de fornecer nutrientes e oxigênio, determinando uma oferta muito menor do que a necessidade metabólica. Assim, a perfusão tecidual e orgânica fica insuficiente e determina uma má disfunção orgânica, não necessariamente acompanhado de hipotensão. - Diminuição do oxigênio tissular → metabolismo anaeróbio → diminuição da função orgânica. O consumo é muito superior à oferta de oxigênio. Tipo de choque A apresentação clínica com sinais e sintomas do motivo pelo qual o paciente procura o serviço médico, ou pelo qual o serviço é chamado é de extrema importância para o diagnóstico diferencial e para a conduta específica para cada tipo de choque. A classificação surge devido as diferenças entre os mecanismos fisiopatológicos. São apresentações diferentes com via final comum: metabolismo anaeróbico, disfunção orgânica e morte. As necessidades de tratamento são diferentes: infusão de volume, drenagem torácica/pericárdica, uso de drogas vasoativas e/ou inotrópicos. Podemos classificar em: - Hipovolemico: perda do volume circulante. . Hemorragia, desidratação, sequestro de líquidos (neoplasia peritoneal - Distributivo . Choque vasoplegico, intoxicação, neurogênico, anafilaxia... - Cardiogênico: função da bomba comprometida . Falência ventricular E, IAM, miocardite, lesões valvares... - Obstrutivo: dificuldade de enchimento cardíaco ou de manutenção do DC por um fator obstrutivo. . Embolia pulmonar Com bases nesses tipos diferentes de choque imaginamos etiologias diferente Choque hipovolêmico Perda de volume circulante reduz a pré-carga, pressões e volume de enchimento das câmaras, o que determina má oxigenação periférica. - Causa mais comum em politrauma. - Perfusão inadequada por perda de volume intravascular. - Determina redução da pré-carga. . Redução das pressões/ volumes de enchimento diastólico. - Má oxigenação periférica. . Metabolismo anaeróbico. . Hiperlactatemia. Thaís H. Ambrósio T XIV 17 . Desencadeamento de uma resposta inflamatória sistêmica. Há uma subclassificação do choque hipovolêmico conforme a piora do quadro clínico. Tratamento - Infusão de volume para correção da pré-carga - Correção da causa da hipovolemia: corrigir hemorragia (cirúrgico ou não, distúrbios de coagulação, transfusões, corrigir acidose, hipocalcemia, hipotermia (toda vez que tenho um choque hemorrágico devo lembrar desses 3 fatores). . Se o cálcio não estiver normal, provavelmente a cascata de coagulação não será mantida. - Correção de outras causas, como queimaduras. - Se necessário, infundir drogas vasoativas - Causas não muito comuns: cólera, HIV (infecção do TGI por isóspora e microsporídeos → perda de volume por diarreia). A associação de fatores aumenta a taxa de mortalidade. Choque distributivo - Causa mais comum de choque - Perfusão inadequada: perda da regulação do tônus vascular, alteração da permeabilidade vascular, outros mecanismos - Outros mecanismos associados (SIRS, disfunção cardiovascular e redução da contratilidade). - Determina redução da pós e pré carga e talvez contratilidade - Má perfusão periférica: metabolismo anaeróbico, hiperlactatemia e desencadeamento de uma resposta inflamatória sistêmica. Para avaliar a perfusão existe um escore (motting score) - 0: sem livedo - 1: pequena área (moeda) no centro do joelho - 2: livedo moderado que não excede a borda superior do joelho. - 3: área de livedo até o meio da coxa - 4: área de livedo até a virilha - 5: área de livedo além da virilha Isso determina alta mortalidade. Choque anafilático - Está dentro do choque distributivo - Liberação maciça de histamina com vasodilatação e redução do volume circulante - Urticária e angioedema associado. - Geralmente agente desencadeante conhecido. - Vasodilatação: diminuição da PVC e POAP. - Uso de drogas vasoativas para o tratamento, como adrenalina e noradrenalina. Thaís H. Ambrósio T XIV 18 - Uso de corticoides é importante para diminuir a cascata de liberação de mastócitos - Beta 2 agonistas caso acometimento respiratório - Bloqueio dos receptores histamínicos - Vigiar complicações: IAM, arritmias e insuficiência respiratória. Choque neurogênico - Alteração da regulação simpática e parassimpática: coração e tônus vascular. - Causa mais comum: trauma raquimedular . Mergulho em água rasa - Predomina a atividade parassimpática: tenho um paciente chocado e o paciente não consegue reagir por causa da perda do tônus simpático. - Vasodilatação extrema e hipovolemia relativa, volume de sangue normal - Causas: 15-20% por lesão medular (TRM), AVC, HSA, meningite, SGB, herniação cerebral - PAS < 100mmHg - FC < 60bpm - Vasodilatação esplâncnica e muscular com sequestro venoso sistêmico. - TM ~ 20%. O tratamento é específico da causa, quando viável. - Reposição volêmica - Infusão de volume - Infusão de drogas vasoativas: nora e adrenalina - Uso de mineralocorticoides: fludrocortisona 0.1 a 0.2 mg/dia Choque cardiogênico - Redução do DC de forma crítica. Critério necessário. - Alteração da bomba por disfunção sistólica ou diastólica → IAM. As causas podem ser: SCA (mais comum), miocardite, cardiomiopatia, trauma, toxicidade medicamentosa (QT). - 5-10% dos casos de IAM evoluem com choque cardiogênico. - Avaliação ecocardiográfica importante - Dosagem de marcadores de necrose miocárdica. - Ressonância cardíaca (fase de estabilidade hemodinâmica). Reestabelecer o aumento da pós carga, por isso preciso hidratar o doente. Tratamento - Balão intra-aórtico (BIA): modulação da pós carga. - Suporte ventricular extracorpóreo (ECMO) . Associada ou não a uma diálise contínua (PRISMA) Cuidados habituais e avançados na UTI - Sempre realizados pela equipe Choque obstrutivo - Fisiopatologia básica: obstrução da via de saída dos ventrículos, restrição do enchimento ventricular e redução da pré-carga. - Exemplos: síndrome da veia cava superior, pneumotórax hipertensivo, tamponamento pericárdico, embolia pulmonar, massas medianas comprimindo VD e aumento da pós-carga do VE. O CO pode se manifestar como parada. O diagnóstico é difícil e precisa de um exame clínico cuidadoso (ausculta, percussão) - USG de tórax e ecocardiograma - Turgência jugular - Enfisema SC RX O primeiro mostra um pneumotórax hipertensivo. O segundo mostra após uma drenagem torácica. A primeira conduta quando vejo o paciente com um RX assim será pegar um jelco calibroso entre o 2º EIC na linha hemiclavicular e deixar o ar sair. Não soluciono o pneumotórax, mas melhoro o desvio de mediastino. Depois, conecto um equipode soro para criar uma válvula unidirecional. Por fim, chamo o cirurgião. Thaís H. Ambrósio T XIV 19 O diagnóstico também pode ser feito pela USG. - Normal: mar – terra - Pneumotórax: perde a relação da areia → imagem em código de barra - Tomo: trombo a cavaleiro: trombo parado na bifurcação da a pulmonar. - Eco: mostra derrame pericárdico → comprime VD. Características do choque obstrutivo Tratamento O tratamento começa pela causa base (drenagem pericárdica, pleural, ajuste de VM, trombólise ou trombectomia). Depois, devo fazer a estabilização hemodinâmica: - Vasopressores: noradrenalina. - Inotrópicos: dobutamina, milrinone (HP). - Volume. - É uma emergência médica. - O tratamento e reanimação devem ser imediatas - Causada pela hipoperfusão orgânica e disfunção orgânica que são proporcionais à mortalidade, ou seja, quanto mais disfunção orgânica acrescentada no paciente, maior a probabilidade de desfecho desfavorável. - Sua fisiopatologia consiste na resposta do hospedeiro a uma infecção, ou seja, consiste em inflamação. Em 2012 houve uma mudança do guideline. Antes era dividido em sepse, sepse grave e choque séptico. O termo sepse grave não é mais utilizado desde 2016. Os novos critérios são baseados nos critérios SOFA (sequential organ failure assessment), que apresentam maior especificidade. É um score de diagnóstico da UTI, clássico e velho, mas é o melhor e o mais conhecido para classificar a disfunção orgânica do doente. - Quais / pacientes / infecção / probabilidade / sepse? . Avaliação de score na UTI para disfunção orgânica. SOFA SCORE - Avalia alguns critérios para cada órgão, que recebe pontuação de 0-4. - Respiratório: avaliado o índice de oxigenação pela gasometria (PaO2). . O PCO2 difunde em quantidade maior que o oxigênio, então não é usado, já que pode falsear o valor . Preciso saber o quanto capta X quanto recebe . FiO2: fração inspirada de oxigênio. . Normal acima de 300 (na época ficou 400 e até hoje manteve assim) - Coagulação: verificado pelo valor da plaqueta - Fígado: pela depuração da bilirrubina Thaís H. Ambrósio T XIV 20 - Cardiovascular: MAP (pressão arterial média) maior ou igual a 64 (número mais atual) e uso de drogas vasoativas. - SNC: Glasgow . Se estiver sedado pontua o pior - Rins: creatinina ou débito urinário, o que estiver pior. . Se tiver insuficiência renal pontua o pior Efetivamente, o conceito atual de sepse é dado pela condição que ameaça a vida, com disfunção orgânica causada por resposta exacerbada a uma infecção. Caracterizada por 2 pontos ou mais no score de SOFA. - Exames: gasometria arterial para ver relação PO2, bilirrubina, creatinina, plaqueta. Quick SOFA O doente chegou no OS - FR > 22 - Alteração do nível de consciência: glasglow < ou igual a 13. - PAS > ou igual a 100 Então o doente precisa ficar e eu preciso pesquisar o score de SOFA. Choque séptico - Sepse: não será choque séptico se o paciente não teve oportunidade de melhora! - Hipotensão . Refratária expansão volêmica (30ml/kg) . Necessidade de DVA → PAM < 65 + - Hiperlactemia: lactato arterial > ou = 2 mmol/L Epidemiologia da sepse Infecção e sepse na UTI - Maior prevalência - Maior causa de mortalidade (possível viés) EPIC Study Group - 1992 - EPIC I - Restrito a Europa Ocidental - Estudo de prevalência de 1 dia - 45% dos pacientes: suspeita ou infecção confirmada - 62% recebiam ATB EPIC II – 2007 - Multicêntrico, mundial (inclusive Brasil) - Média do SOFA 6.3 - 51% dos pacientes admitidos com infecção. Os pacientes também apresentavam maior gravidade dos casos. - 71% dos pacientes receberam ATB - Pacientes infectados apresentavam maior morbidade - Em 64% das vezes a sepse é de causa pulmonar, seguida de abdome e ITU - Mortalidade: . Infectados: 25,3% . Não infectados: 10,7% - Tempo de internação: . Infectados: 16 dias (IQR 7-34 dias) . Não infectados: 4 dias (IQR 1-14 dias) EPIC III - Mortalidade hospitalar de 30% → infecção hospitalar, especificamente por multirresistentes. - 70% dos pacientes em uso de antibiótico - Risco de infecção: . Sexo masculino . DPOV . HIV . Imunossupressão Sepse EPIC Brasil - 61,6% infectados - 71% em uso de ATB - Causas: respiratória, abdominal, sistêmica - Mortalidade . Infectados: 37,6% (muito maior) . Não infectados: 13,2% - Tempo de internação: . Infectados: 31,5 dias (IQR 15-62 dias) . Não infectados: 14,5 dias (IQR 6-41 dias) - No Brasil os pacientes demoram muito para ter acesso a UTI (em média 6h), impactando em alta mortalidade. Thaís H. Ambrósio T XIV 21 Fisiopatologia Há uma resposta inflamatória intensa, extremamente descontrolada, com produção de citocinas. Resposta - Variável - Dependente de fatores do paciente e do patógeno Patógeno - Carga viral - Virulência Paciente - Comorbidades - Doenças pré-existentes - Características genéticas Na fisiopatologia da sepse encontramos alterações celulares, expressão de receptores e produção de cascata de citocinas e ativação de várias vias de respostas. - Adesão de leucócitos ao endotélio dos vasos - Alteração da regulação hormonal, incluindo ativação adrenal (pode causar disfunção adrenal na evolução) - Disfunção imunocelular - Liberação de fator tecidual altera a cascata de coagulação. - Formação de trombos na microcirculação → CIV - Volume circulante inadequado pela vasodilatação . Perda da função de barreira endotelial → paciente fica edemaciado - O fluxo sanguíneo diminui e o paciente começa a ter hipoperfusão . Diminuição da oxigenação tecidual, disfunção mitocondrial .. Metabolismo anaeróbio aumenta o lactato - Disfunção orgânica. Dependendo do local onde isso acontece, os sintomas serão diferentes. Ex: no coração causa choque, no pulmão insuficiência respiratória, no fígado hiperbilirrubinemia... Tratamento A primeira conduta é tentar reestabelecer a circulação pela ressuscitação volêmica. Alguns grupos de pneumococcus são resistentes → associar vancomicina → doses maiores penetram maior no SNC. - Vanco: cobre gram + Thaís H. Ambrósio T XIV 22 - PAV = Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica: iniciada 48h após IOT. - VAP = Ventilator-Associated Pneumonia - IOT = Intubação Orotraqueal - PNM N = Pneumonia Nosocomial: iniciada 48h após admissão hospitalar. - Maior gravidade que nos outros tipos de pneumonia - Primeiro critério obrigatório: paciente estar em VM pelo menos 48h sob VM contínua. - Maior morbidade e mortalidade do doente . Maior chance de sepse, choque séptico, insuficiência renal e outras disfunções orgânicas. O quadro infeccioso determina uma persistência maior na VM. Não conseguimos extubar o doente em vigência de pneumonia. Todo doente que fica mais tempo do que deveriano hospital, tem mais chances de complicações, como flebite, infecção nosocomial... Fatores de risco - Colonização de vias aéreas - Tempo de internação maior que 3 ou 4 dias - Cabeceira baixa - Uso de ATB prévio - VM Implicações - Impacto negativo na evolução do paciente - Aumento da mortalidade . 20-50% na TM . Diretamente: 13% - Prolonga internações hospitalares: 11,5→13,1 dias - Prolonga tempo de VM: 7,6→11,5 dias Epidemiologia - PAV precoce: menos de 5 dias - PAV tardia: mais que 5 dias PAV precoce - Streptococcus pneumoniae - Staphylococcus aureus (MSSA) - Haemophilus influenzae PAV tardia → Germes resistentes: - Pseudomonas aeruginosa - Acinetobacter spp. - Staphylococcus aureus (MRSA) - BGN ESBL (Extended-Spectrum Beta-Lactamase) Risco para MRSA - Uso prévio de ATB - Colonização por Staphylococcus aureus . Nasal, vias aéres - Diabetes Risco para pseudomonas - Uso prévio de ATB (Quinolonas, carbapenêmicos e cefalosporinas de amplo espectro). - Ventilação mecânica em episódio anterior - DPOC - Fibrose cística/ bronquiectasias DIAGNÓSTICO - Critérios do CDC para PAV . Paciente necessita de período maior que 48 horas em VM. . Existe necessidade de coleta de cultura de material das vias aéreas dos pacientes com suspeita de PAV. - CPIS - Novos critérios do CDC - Critérios microbiológicos Thaís H. Ambrósio T XIV 23 Quando eu penso que meu paciente pode ter PAVM? - Paciente que inicia um quadro de infecção com VM por mais de 48h - Olhar RX de tórax após ausculta - Critérios que chamam atenção para foco pulmonar: 1. Critérios clínicos: febre, hipotermia, aumento de secreção traqueal, roncos e estertores crepitantes na ausculta no local da condensação, avaliação objetiva da equipe, principalmente fisioterapia, que faz higiene brônquica (secreção pior, mais quantidade, agora esverdeada... – principalmente em pacientes com DPOC), hipoxemia (saturação, queda da pressão parcial de oxigênio na gasometria – cálculo da PaO2/FiO2), aumento da necessidade de VM. - Fisiopatologicamente a pneumonia se dá no alvéolo. As bactérias infectam os alvéolos do paciente. Desse modo, a hematose estará comprometida e a saturação do paciente diminui. - Toda vez que o paciente desenvolve pneumonia a necessidade de VM aumenta pelo aumento da FiO2. 2. Critérios radiológicos: há modificação do RX com aparecimento de condensação ou piora de imagem prévia. 3. Critérios laboratoriais: laboratorialmente esperamos leucocitose, com aumento ou não de bastões, pode haver plaquetopenia e aumento de marcadores inflamatórios como a PCR, PCT (procalcitonina – indica infecção bacteriana). 4. Critérios microbiológicos: se eu tenho um paciente com quadro infeccioso preciso dar atb, mas antes preciso coletar culturas. A colonização é possível? Sob VAT com febre, leucocitose, escarro purulento, bactéria e cultura +, maior tempo de VM, internação e mortalidade, SIM! - VAT x PAV - Sem imagem radiológica nova Como coletar? Sob VM com foco pulmonar, podemos coletar cultura da secreção traqueal. Aspirado maior ou igual a 105 UFC, lavado broncoalveolar ou escovado traqueal. - Urina I - Hemocultura - Secreção traqueal . Aspiração traqueal: maior que 105 unidades formadoras de colônia (UFC). . LBA (lavado): maior que 104 UFC. Não existe diferença entre os métodos sob o ponto de vista de desfecho do paciente quando diagnóstico realizado por um ou outro. TRATAMENTO - Início IMEDIATO de ATB. - ATB iniciado com base nos guidelines levam a terapia apropriada em 97.9% x 77.4% com AT. - Pseudomonas: evitar monoterapia. . Maior probabilidade de resistência . Menor eficácia . MAIOR MORTALIDADE A escolha do ATB - Início com ATB de maior espectro É preciso levar em consideração o tempo de internação do doente: - Mais de 5 dias: PAV tardia. Depende da flora hospitalar e preciso pensar em bactérias multirresistentes. - Menos de 5 dias: PAV precoce. Apresenta agentes etiológicos muito semelhantes à PAC, então posso dar um ceftriaxone, quinolona respiratória... Obs.: para dar o diagnóstico da PAV conto desde a hora da intubação. Para o tratamento da PAV conto desde a internação. Se não houver melhora do paciente posso pensar em diagnóstico errado e complicações, como empiema e micro-organismo errado. Se a procalcitonina normalizar com menos tempo de tto ele pode ser suspendido sem prejuízo. Suspensão da terapia - Duração de 7-14 dias (normalmente 7 dias) - Baseada em biomarcadores (PCT): uso seriado PCT (48h), redução do tempo de ATB, sem redução da mortalidade. Duração - 7-8 dias ou 10-14 dias: mortalidade igual, maior tempo livre de ATB, maior reincidência infecciosa no grupo de terapia curta. Obs.: ATB inalatório ainda é controverso. Utilizamos algumas medidas para diminuir as chances de PAV: - Como o principal mecanismo é a broncoaspiração devo deixar a cabeceira elevada a mais de 30° - Profilaxia de TEV - Despertar diário de sedação - Profilaxia de lesão de estresse da mucosa gástrica com inibidor da bomba de cálcio (?) - Extubar o mais cedo que puder Thaís H. Ambrósio T XIV 24 Os ventiladores mecânicos precisam de uma interface de contato com o paciente (IOT, traqueostomia, máscara não invasiva). Ele é feito através de conexões magnéticas, e o ventilador funciona a partir de conexões de peças imantadas, ele abre ou fecha de acordo com a entrada do ar. Ela é sempre sob pressão positiva. - Hipóxia causa agitação - Hipercapnia causa rebaixamento do nível de consciência. INTUBAÇÃO TRANSLARÍNGEA - Sempre sob pressão positiva. - Posição correta do tubo de IOT: 2cm acima da carina. - Traqueia → brônquio principal → segmentares → bronquíolos → saco alveolar → alvéolo. Estrutura que oferece maior resistência à passagem de ar é o bronquíolo terminal. É a região que não tem mais cartilagem e sim musculatura, isso pode diminuir a luz. Oferece resistência ao fluxo de ar normal. - Tem o menor diâmetro. O que acontece com a pressão que um determinado fluxo de ar sai da cânula e chega ao alvéolo? Aumenta progressivamente até o bronquíolo terminal. E no saco alveolar? Diminui. Conseguimos ver isso muito bem na VM. Há dois modos ventilatórios básicos: Vemos o ventilador como uma caixa que vai limitar o ar, pois o gás que sai, sai com fluxo e volumes muito altos e pode lesionar a VA do paciente e inflamar os alvéolos, assim como no COVID, causando síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA/ARDS). Quando o paciente faz esforço respiratório, a parede alveolar distende e inflama, causando lesão pulmonar induzida por VM (VILI). - Ventilação mecânica protetora: ventilação adequada ao peso estimado. Entendemos o fluxo como sinônimo de velocidade. Se permito um alto fluxo na VA, permito que o ar entre com mais velocidade. As duas formas básicas primárias de limitar o fluxo é o que determina o modo ventilatório: 1. Modo de ventilação controlada ao volume (VCV) Digo para máquina a quantidade de volume que quero que entre no pulmão do paciente a cada minuto. - Limitação de volume por ciclo respiratório (volume corrente - VL) em mL. . Regra para estabelecer o VT: 6ml/kg ou 4ml/kg .. O peso usado não é o habitual do paciente, existe a regra do cálculo de PBW (peso predito pela estatura). A fisioterapeuta mede o escalímetro e mede o paciente. É utilizada uma fórmula para estimar o peso ideal,diferente para homens e mulheres. .. Sempre escolho 6ml/kg, exceto se o paciente tem SDRA. Para evitar que qualquer área alveolar seja distendida, então uso 4ml/kg. INDICAÇÕES DE VENTILAÇÃO MECÂNICA - Insuficiência respiratória aguda (IRPA) por qualquer mecanismo. Quadro clínico do paciente - Padrão ventilatório: paciente que habitualmente chega em fadiga respiratória ou evolui rapidamente para - Uso de musculatura acessória: contração do esternocleidomastoideo na tentativa de auxílio da expansão da caixa torácica. Alguns pacientes ficam sentados apoiando as mãos para auxílio da contração desta musculatura - Tiragem intercostal: musculatura intercostal tende para dentro do tórax - Batimento de asa de nariz: um dos últimos sinais de insuficiência respiratória, franco sinal de IRPA - Oxigenação: baixa saturação, sempre associada às manifestações clínicas do paciente. . Ex: pacientes com COVID apresentando queda progressiva da saturação. - Hemodinâmica: instabilidade. Choque, sepse, franca disfunção orgânica, piora hemodinâmica, noradrenalina em doses altas, lactato alto, piorando a disfunção renal. O responsável pela compensação do Thaís H. Ambrósio T XIV 25 quadro de tempestade metabólica seria a respiração, contudo, devido a sobrecarga, a maioria dos pacientes não é capaz de compensar todo o quadro. Apesar de não haver lesão direta nos pulmões determina inflamação pulmonar, levando a evolução para insuficiência respiratória aguda (ideal intubar antes dessa evolução grave). Tempestade metabólica: hipoperfusão, disfunção renal aguda, uso de grandes doses de drogas vasoativas. - Rebaixamento do nível de consciência → Glasgow abaixo de 8: risco de parada, proteção da via aérea, tem dificuldade no reflexo da tosse permitindo broncoaspiração Ex: intoxicação (álcool, benzodiazepínico, opióides - exame toxicológico), cetoacidose diabética, insuficiência renal aguda (uremia), hipoglicemia (talvez corrigindo a glicemia não tenha necessidade de intubação). Pode haver causas intra e extrapulmonares. FUNCIONAMENTO DO VENTILADOR - As válvulas funcionam de forma alternada - Os fluxos são unidirecionais, isso faz com que eu possa utilizar a mesma máquina para diversos pacientes após a higienização. . O ar da inspiração não se mistura com o da expiração. - Pode ser usado filtro de barreira biológica. Como o ventilador sabe qual válvula abrir? Pelo ajuste da FR no aparelho. - Importante, por exemplo, em pacientes com DPOC, já que eles retêm o ar. Obs.: nosso tempo de expiração normal é maior, 1 inspiração para 2 expirações. O tempo expiratório auxilia a ver a PACO2. O tempo inspiratório influencia na PAO2, já que o oxigênio entra em contato com a membrana capilar e fica lá por determinado tempo. Se esse tempo for pequeno demais, o oxigênio difunde menos. Por exemplo, na FR de 15 IPM, o aparelho pega 60s e divide por 15 (ciclos por min) e encontra que o tempo de um ciclo será de 4 segundos, ou seja, 4 segundos é a duração do tempo de inspiração + expiração, sendo 1s para inspiração e 3s para expiração. Depois de ajustar FR, vamos ajustar a fração inspirada de O2, que será a menor passível para uma saturação adequada. Em um paciente com DPOC, por exemplo, a saturação será entre 88-92%. A fração inspirada de O2 (FiO2) varia de 21-100%, quanto pior o pulmão, maior a fração de O2. Outro ajuste é do fluxo (v’), mas depende também da aceitação do paciente. Calculamos 0,5L/min/kg. No ventilador vemos a curva de pressão X tempo. Um fluxo alto faz com que a curva alcance rapidamente o ápice e o restante é para que aconteça a troca gasosa. Outro ponto é a pressão positiva no final da expiração (PEEP). Simula o volume residual final, que não conseguimos eliminar, pois caso contrário o alvéolo colabaria. - Evita o colapso dos alvéolos . Um grupo de alvéolos colabados necessita de uma pressão de entrada muito alta, por isso devo mantê- los abertos. - Lembre-se de que o paciente fica deitado, se ele não é lateralizado, há atelectasia das bases. - Por isso a linha de base no gráfico nunca é traçada a partir do 0. - O valor normal de PEEP inicial é de 5-7cm H2O. Resumindo... 1. VCV 2. FR 3. FiO2 4. Fluxo 5. PEEP Ao ventilar um paciente, nos preocupamos muito mais com a P de platô, pois o alvéolo é mais frágil. - Driving pressure (DP): pressão de distensão alveolar, deve ser menor que 13. Pneumonia Edema cardiogênico Síndrome do desconforto respiratório agudo Aspiração de conteúdo gástrico: risco para infecção pulmonar, grande inflamação pulmonar. Síndrome de Mendelson: aspiração maciça do conteúdo gástrico, inflamação do pulmão e choque por agressão pulmonar com liberação de citocinas → pode evoluir para choque refratário. Trauma múltiplo Paciente imunocomprometido com infiltrado inflamatório pulmonar Embolia pulmonar Condições intrapulmonares: atelectasias, ICC, broncoconstrição, pneumotórax Condições extrapulmonares: choque anafilático Thaís H. Ambrósio T XIV 26 DIALETO Paw/Pva: pressão de vias aéreas V: fluxo Paciente com 60 kg → 30 L/min de fluxo Vt: tidal volume/volume corrente Volume de ar em um ciclo respiratório Determinado com média a depender da função pulmonar do paciente, varia de 4 a 6 mL/kg - queda da PaO2/FiO2 indica aumento do volume corrente Um ciclo respiratório = inspiração + expiração (processo passivo, decorrente da relação) Vmin: volume minuto Volume de ar que entra e sai no sistema respiratório em um minuto Vmin = FR x Vt Influenciar a PaCO2 Apesar da oxigenação e ventilação estarem totalmente interligados, é possível, através da ventilação mecânica mexer em um deles separadamente. Oxigenação: PaO2 - TI - FiO2 - Fluxo → TI Ventilação: PaCO2 Vmin = FR x Vt → se não há volume de ar adequado, ou se houver baixa FR a PaCO2 sobe, ou seja, há hipercapnia = falência muscular com necessidade de intubação Aumento Vmin = hiperventilação → indicações: Acidose metabólica Asma (a depender do grau de broncoespasmo) DPOC em descompensação Hipertensão intracraniana: forma mais rápida de controle da hipertensão intracraniana, pois muda o CO2, que é um dos responsáveis pela manutenção do tônus capilar das artérias cerebrais. PaCO2 elevado leva a tendência de vasodilatação cerebral, por isso deve-se baixar a PaCO2 levando a uma vasoconstrição. Pressão craniana: sangue, líquor e volume cerebral Hiperventilação → queda da PaCO2 → vasoconstrição → redução do fluxo sanguíneo cerebral → redução da pressão craniana Texp (tempo expiratório): quando determina frequência respiratória no ventilador (ex: 15 rpm → 60 min/15 → 4s -tempo do ciclo respiratório-. Ou seja, a soma do tempo inspiratório e expiratório seria de 4s). Pode-se determinar o tempo inspiratório no equipamento, e o restante será atribuído ao tempo expiratório. O tempo do ciclo respiratório depende da troca gasosa, da PaCO2 e da clínica do paciente - pacientes com dificuldade de expiração (DPOC, asma) devem ter o tempo expiratório prolongado na programação, dando tempo maior para essa saída de ar dada sua dificuldade. Paciente asmático com hipercapnia: indica fadiga muscular por insuficiência respiratória dada a crise asmática. Não consegue mais determinar a entrada e saída de um volume corrente que normalize sua PaCO2. Há grandes chances de parada cardiorrespiratória. Na fase inicial da crise irá hiperventilar para compensação → Todo paciente com crise respiratória aguda que chega ao serviço com hipercapnia já passou por umatentativa de compensação e está atingindo um estado de fadiga respiratória. Este paciente deve ser intubado no intervalo de 30 minutos - alto risco de PCR DPOC: aumento da PaCO2 com hipoventilação - mecanismo da asma associado ao aumento do espaço morto pulmonar. Com aumento da PaCO2 o pH cai, o rim aumenta o BIC normalizando o pH → compensação. DPOC tem acúmulo de muco que reduz a luz do alvéolo, na descompensação no momento de expiração ocorre colabação dessa via, diminuindo o volume corrente. No momento de expiração sai cada vez menos ar, sendo cada vez menos capaz de ventilar com a capacidade vital adequada. O volume corrente diminui progressivamente aumentando a PaCO2. O paciente com DPOC descompensada faz respiração frênulo-labial na tentativa de fazer com que a pressão no final da expiração seja maior impedindo o colapso expiratório. Mantém a via aérea mais aberta e exala mais volume recorrente. Ao submeter paciente com DPOC descompensada a VNI, que simula a respiração frênulo-labial, há impedimento da intubação deste paciente por hipercapnia → aprisionamento de ar com aumento da pressão final de expiração, chamada auto-PEEP. ELA: diminuição de força muscular, é doença neuromuscular crônica. aumento da PaCO2 com hipoventilação. Miastenia Gravis/Síndrome de Guillain-Barré → doença neuromuscular aguda, determina diminuição da capacidade vital, não consegue alcançar uma pressão alveolar negativa e entrada de ar adequado. Se não entra uma quantidade de ar adequado, ou FR baixa, a PaCO2 sobe → hipercapnia. Existem formas de aferir alguns parâmetros para proteger a via aérea antes da desgraça acontecer. Thaís H. Ambrósio T XIV 27 PRECEITOS BÁSICOS Baseada em variações de pressão no sistema respiratório Caminho do ar: Maior pressão → menor pressão Ciclo respiratório: a inspiração se dá pelo gradiente de pressão; enquanto na expiração, tem-se um movimento passivo. Inspiração: ativa, dependerá da necessidade do paciente. O ar entra pelas vias aéreas, e segue pelas bifurcações, que vão diminuindo de diâmetro até chegar no bronquíolo. Entretanto, conforme o diâmetro diminui, a pressão vai aumentando (quantidade de oxigênio é muito para o tamanho da via) até chegar no pico inspiratório, que normalmente ocorre no ponto de menor diâmetro e, portanto, oferece a maior resistência completar muito. Preceitos da mecânica do sistema respiratório Resistência: lembrar sempre de vias aéreas, especificamente de bronquíolo terminal Complacência: lembrar sempre de alvéolos. Ex: EAP, pneumonia Complacência - Componente interação da pressão com o volume - Pode ser calculada - Importante em pacientes com EAP e SDRA. C = Vt / Pplatô - PEEP Ciclo respiratório: Inspiração: Representada pelo TI (tempo de inspiração) Pode ter duração variável Parâmetros fisiológicos Positivo na curva de fluxo (V)/tempo (t) Expiração: Representada pelo TE (tempo de expiração) Pode ter duração variável Parâmetros fisiológicos Negativo na curva de fluxo (V)/tempo (t) Thaís H. Ambrósio T XIV 28 SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO (SDRA) - Causada principalmente pela sepse. - Evitar VILI: lesão pulmonar induzida pela ventilação. É um edema agudo de pulmão de etiologia NÃO cardiogênica (secundário a excesso de água ou de inflamação pulmonar). - Alta mortalidade: 40 a 50% de mortalidade Depois da alta o paciente fica dependente de atendimento de execução de atividades básicas de vida, parte dos pacientes (até 30%) tem mortalidade extra-hospitalar em até um ano. Causas comuns - Sepse - Pneumonia difusa - Aspiração de conteúdo gástrico: Síndrome de Mendelson - Trauma Causas menos comuns - Quase afogamento - Overdose por drogas - Transfusão de sangue: gatilho transfusional - reação de imunocomplexos, chamada de TRALI, tem evolução benigna na maior parte dos casos, contudo, outra parte evolui para SDRA, por isso, evita-se ao máximo a transfusão para pacientes sépticos - Pancreatite - Embolia gordurosa: preenchimento de gordura ao invés de matriz óssea, é uma complicação após lipoaspiração (devido lesão de vasos) - Inalação de fumaça ou gases corrosivos: avaliar queimadura dos pelos nasais → paciente pode chegar bem no hospital e evoluir rapidamente para casos graves. Causas raras - Tuberculose miliar - Lesão de SNC ou anóxia Fisiopatologia Primária: origem pulmonar - agridem diretamente o pulmão determinando inflamação alveolar Secundária: origem extrapulmonar - evolução mais rápida e resposta melhor à terapia. Ex: trauma, pielonefrite (agressão do mecanismo de inflamação pode lesar também o pulmão). Imagem acima – lado E: alvéolo saudável, epitélio pseudoestratificado ciliado, dentro do alvéolo pneumócitos tipo I e tipo II (produção de surfactante que fica localizado no entorno do alvéolo, ele junto de outros acontecimentos fisiológicos, ajuda a manter o alvéolo aberto para que não haja colabação alveolar - a não colabação é importante para que o paciente faça menor esforço no momento da respiração devido a diferença de pressão), membrana basal fina e pequeno espaço entre circulação capilar pulmonar e luz alveolar. Imagem acima – lado D: broncoaspiração, vírus respiratório (COVID-19, H1N1, H3N2). Com inflamação as citocinas caem na circulação e lesão órgãos alvo a distância, entram por diapedese no espaço alvéolo- capilar, determinam quimiotaxia de neutrófilos, e causam inflamação desta região alvéolo-capilar, aumentando a distância da membrana, dificultando a passagem do oxigênio do capilar para o alvéolo. O paciente começa a desenvolver sinais leves de hipoxemia. A medida em que a inflamação perpetua os neutrófilos entram na luz alveolar, o alvéolo começa a receber líquido exsudativo, ou seja, todo o mecanismo inflamatório que estava no espaço alvéolo-capilar passa ocorrer dentro do alvéolo, o alvéolo perde a membrana de surfactante (nas regiões de base pulmonar e região posterior começa haver exsudação de líquido inflamatório, proteínas e células -inflamatórias e hemácias-). Este líquido dentro do alvéolo não sai com uso de diurético, pois ele tem um edema agudo de pulmão NÃO CARDIOGÊNICO. Thaís H. Ambrósio T XIV 29 Junto disso, começa a migrar para o espaço alvéolo- capilar fibroblastos, que, sem tratamento adequado (Imagem acima – lado D), podem se proliferar, estimulando a desinflamação do alvéolo através da formação de cicatriz, conformação de tecido fibrótico, mantendo espessamento da membrana alvéolo- capilar. Haverá também produção de colágenos (tipo I e tipo III). Este paciente (não tratado precocemente) terá necessidade crônica de O2, desenvolvimento de hipertensão pulmonar, além de acometimentos cardiovasculares associados ao mecanismo de fibrose. Diagnóstico SDRA – Critérios de Berlin 2012 - Tempo: sintomas desenvolvidos dentro de 1 semana . Acometimento de sintomas novos respiratórios ou piora de lesões prévias - Imagem radiológica torácica: opacidade bilateral (infiltrado bilateral), pega pelo menos 3 quadrantes. Opacidade nova não pode ser explicada por derrame pleural, não pode ter atelectasia associada e não pode ser nodular. Deve haver acometimento alveolar, podendo ou não ter acometimento intersticial, portanto, a opacidade é causada
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