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CURSO INTENSIVO PARA RESIDÊNCIAS F I S I OT E R A P I A FISIOTERAPIA NEUROFUNCIONAL PARTE I PROFESSORES Erika Pedreira da Fonseca Autora e organizadora Autor Rafael Monteiro Correa de Oliveira Fisioterapeuta Doutora em Medicina e Saúde Humana. Mestre em Tecnologias em Saúde Especialista em reabilitação Neuro- funcional. Formação no Conceito Bobath Professora da UCSAL e da Sanar. Especialista em Reabilitação Neurofuncio- nal. Formação no Conceito PNF. Formação em Fisioterapia Ocular. Formação em Fi- sioterapia Vestibular. 2020 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Intensivo para residências em Fisioterapia: Neurofuncional - Parte I Thalita Galeão Fabrício Sawczen Fabrício Sawczen Pedro Muxfedlt Caio Vinicius Menezes Nunes Paulo Costa Lima Sandra de Quadros Uzêda Silvio José Albergaria da Silva Título | Editor | Projeto gráfico e diagramação| Capa | Revisor Ortográfico | Conselho Editorial | Editora Sanar S.A R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & Pool, 3ro Andar - Caminho das Árvores CEP 41820-770, Salvador - BA Tel.: 0800 337 6262 atendimento@sanar.com www.sanarsaude.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846 M775in Monteiro, Rafael. Intensivo para residências em Fisioterapia: Neurofuncional - Parte 2 / Rafael Monteiro. - 2. ed. - Salvador, BA : Editora Sanar, 2020. 70 p.; il.. E-Book: PDF. Inclui bibliografia. ISBN 978-65-86246-64-3 1. Fisioterapia. 2. Medicina. 3. Neurofuncional. 4. Neurologia. 5. Residências. I. Título. II. Assunto. III. Monteiro, Rafael. CDD 615.82 CDU 615.8 ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Fisioterapia. 2. Fisioterapia. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA MONTEIRO, Rafael. Intensivo para residências em Fisioterapia: Neurofuncional - Parte 1. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2020. EBook (PDF). ISBN 978-65-86246-64-3. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Neuroplasticidade, Treino e Reaprendizado Motor Figura 2. Exemplo da formação de Engramas Figura 3. Teoria dos Sistemas Figura 4. Interação entre indivíduo, ambiente e tarefa Figura 5. Diferenças entre aprendizado motor e desempenho motor Figura 6. Representação da CIF Figura 7. Hipertonia e Hipotonia Figura 8. Sinal de Canivete e Sinal de Roda Denteada Figura 9. Classificação dos tipos de Reflexos Figura 10. Reflexo Plantar de Babinski Figura 11. Teste index-index e index-nariz Figura 12. Teste de sensibilidade superficial e profunda Figura 13. Teste do espelhamento Figura 14. Representação do polígono de Willis Figura 15. Representação do AVC isquêmico e do AVC hemorrágico Figura 16. Representação do SAMU do AVC Figura 17. Características da Hemiplegia Figura 18. Representação do paciente com a síndrome de Pusher Figura 19. Representação das lesões por golpe e contragolpe Figura 20. Quadro clínico após TCE Figura 21. Fatores que influenciam no prognóstico apos TCE Figura 22. Escala de Coma de Glasgow para crianças Figura 23. Representação de níveis de lesão medular Figura 24. Lesão Medular X Lesão de Cauda Equina Figura 25. Representação das síndromes medulares Figura 26. Representação das áreas funcionais do cerebelo Figura 27. Filogenética Cerebelar e relação funcional Figura 28. Divisão anatomofuncional entre o vérmis e os hemisférios cerebelares Figura 29. Fisiopatologia na DP Figura 30. Esquema de principais sintomas da DP Figura 31. Indivíduo com DP Figura 32. Esquema com objetivos do tratamento de Fisioterapia na DP LISTA DE QUADROS Quadro 1. Teorias do Controle Motor Quadro 2. Teste e Escalas de avaliação Quadro 3. Fatores de risco para AVC Isquêmico e AVC Hemorrágico Quadro 4. Fases Aguda e Crônica do AVC Quadro 5. Alterações do ombro após AVC Quadro 6. Escala de Coma de Glasgow Quadro 7. Atualização da Escala de Coma de Glasgow Quadro 8. Classificação do nível da lesão medular, de acordo com a ASIA Quadro 9. Diferenças entre as fases aguda e crônica da lesão medular Quadro 10. Síndromes medulares Quadro 11. Características das alterações cerebelares Quadro 12. Tipos de Ataxia Quadro 13. Sintomas e alterações funcionais da DP Quadro 14. Subtipos da doença de Parkinson Quadro 15. Instrumentos de avaliação da doença de Parkinson SUMÁRIO Apresentação .................................................................................... 7 Neuroplasticidade e controle motor ............................................. 8 Avaliação neurofuncional e CIF ...................................................... 16 Acidente Vascular Cerebral ............................................................. 28 Traumatismo cranioencefálico ....................................................... 38 Lesão Medular .................................................................................. 47 Lesões cerebelares .......................................................................... 54 Doença de Parkinson ....................................................................... 60 Gabarito ............................................................................................. 67 Referências ....................................................................................... 68 Olá, futuro (a) residente! Seja bem-vindo à aula sobre Fisioterapia Neurofuncional - Parte I. Essa aula abrange o entendimento sobre a neuroplasticidade e controle motor, avaliação neurofuncional, principais alterações funcionais decorrentes de lesões neurológicas centrais, como AVC, TCE e doença de Parkinson. Esses sistemas compõem os conteúdos da Fisioterapia Neurofuncional mais prevalentes nas provas de residência. Aqui você poderá reforçar o conhecimento sobre os pontos mais impor- tantes no funcionamento desses sistemas a partir de uma leitura fácil e com dicas para você gabaritar sua prova. No decorrer do texto, pode- rá testar seu aprendizado com questões de provas anteriores e assistir a pocket aulas com aquele conteúdo que você não pode deixar de saber para realizar com excelência as provas da sua tão sonhada residência! Não esqueça que, ao final do curso, você poderá revisar todo o conteúdo dessa disciplina com uma videoaula, além de aulas com questões comen- tadas das provas anteriores, e simulados, para você colocar em prática tudo o que aprendeu. Vamos começar? APRESENTAÇÃO Clique no ícone para assistir a apresentação gravada. https://sanar.link/aula_fisio_6675 8Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I NEUROPLASTICIDADE E CONTROLE MOTOR Até a década de 1940, o atendimento ao paciente com alterações neuro- lógicas era pensado apenas no âmbito estrutural, sem pensar em ganhos funcionais. Isso devido ao fato de que não se sabia que a lesão neuronal poderia ter uma melhora. Quando se descobriu a neuroplasticidade, co- meçou-se a pensar no aprendizado e reaprendizado motor. É isso que vamos abordar neste tópico. A neuroplasticidade é a capacidade do sistema nervoso de adaptar e se organizar frente a um aprendizado e reaprendizado. Acontece em qual- quer idade, de acordo com as experiências individuais, a partir de mudan- ças neuroquímicas, estruturais e funcionais. 1. Neuroquímicas: ocorre com mudanças em relação a neurotransmis- sores e seus receptores sinápticos. 2. Estruturais: ocorre quando novas sinapses se formam ou sinapse la- tentes “despertam” para que haja um aumento das conexões entre neurônios. 3. Funcionais: quando a função da área encefálica lesionada é substituí- da por outra área correspondente. 9Curso Intensivopara Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 1 - Neuroplasticidade, Treino e Reaprendizado Motor Lesão Neural Mudanças Neuroquímicas Mudanças Estruturais Reaprendizado Motor Treino (experiências) Mudanças Funcionais Fonte: Autoria Própria. O diagrama acima exemplificou o que ocorre após uma lesão neuronal, po- rém, o mesmo acontece quando aprendemos algo novo. As mesmas mu- danças descritas precisam acontecer para que haja a retenção do novo aprendizado. Isso só acontece a partir do treino, da repetição daquela determinada atividade. Vamos lembrar quando estávamos aprendendo a escrever, quantas vezes precisamos repetir a caligrafia para aprender o formato de uma determinada letra. Existe uma frase típica: “a repetição gera aprendizado”. Precisamos lembrar disso em todo o processo da Fisioterapia Neurofun- cional, uma vez que necessitamos repetir atividade funcionais com nos- sos pacientes para que eles consigam gerar neuroplasticidade e “fixar” o reaprendizado motor. Muitas vezes, os pacientes melhoram o desempe- nho motor com um único atendimento, porém, para que haja a consolida- ção do aprendizado, é preciso treino, repetição. Vamos falar mais à frente sobre controle e aprendizado motor, mas vale ressaltar que quanto mais variável o treino, quanto mais rico de estímulos o ambiente, maior o po- tencial de neuroplasticidade. 10Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I O aprendizado e reaprendizado motor têm uma relação direta com o controle do movimento, uma vez que o controle motor é o resultado da execução adequada de um programa motor (sequência de motora coor- denada registrada no encéfalo como engramas - sinapses consolidadas). Lembram do exemplo dado acima sobre o aprendizado da escrita? Nesse exemplo, quando repetimos o ato motor de escrever formamos sinapses consolidadas do ato de escrever e a sequência motora necessária para a escrita fica registrada no encéfalo em formato de engramas. Figura 2 - Exemplo da formação de Engramas Programa motorEscrita Escrita melhor Formação dos Engramas da Escrita Treino Treino Aprendizado Fonte: Autoria Própria. Existem algumas teorias do Controle Motor (Woollacott e Shumway- -Cook, 2010), descritas no quadro abaixo: Quadro 1 - Teorias do Controle Motor Teoria Descrição Autor Limitações Teoria do Reflexo Todos os movimentos acontecem a partir de um reflexo, que são blocos de movimentos estereo- tipados. EX: quando o sapo come uma mosca. Sherrington Não explica os movi- mentos voluntários, portanto, não é mais aceita por completo. Teoria Hierárquica Sistema nervoso organizado como uma hierarquia, na qual os centros superiores (córtex) co- mandam os inferiores (medula e nervos periféricos). Jackson Não explica a interação entre periferia e SNC, portanto, não é mais aceita por completo. Teoria da Programação Motora Movimentos acontecem a partir de circuitos neurais pré-estrutu- rados, específicos. EX: a marcha funciona a partir do gerador de padrão central. Keele Não explica a neces- sidade de reestrutu- ração do programa motor frente a um feedback sensorial, portanto, não é mais aceita por completo. Fonte: Autoria Própria. 11Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Teoria Descrição Autor Limitações Teoria dos Sistemas Todos os sistemas interligados funcionam em cooperação para obter o movimento. Bernstein Teoria mais aceita, jun- tamente com a Teoria dos Sistemas. Teoria Ecológica Interação do sistema motor com o ambiente para a execução de uma função. Gibson Complementa a Teoria dos Sistemas. Fonte: Autoria Própria. A Teoria dos Sistemas é a mais aceita atualmente: Figura 3 - Teoria dos Sistemas Teoria dos SistemasMusculo- esquelético Emocional Sensorial Cognitivo Neuromotor Fonte: Autoria Própria. E a Teoria dos Sistemas é complementada pela Teoria Ecológica, sendo o controle motor determinado pela interação entre as características do indivíduo, o ambiente em que ele está inserido e a tarefa que eles está realizando. Continuação Quadro 1 - Teorias do Controle Motor 12Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 4 - Interação entre indivíduo, ambiente e tarefa Indivíduo Ambiente Tarefa Fonte: Autoria Própria. Falamos aqui diversas vezes sobre aprendizado motor e agora vamos aprofundar esse assunto. O aprendizado motor se dá a partir de um conjunto de processos asso- ciados à prática e experiências individuais de cada um, o que leva a altera- ções permanentes no comportamento motor. Sofre influência direta de feedbacks sensoriais, reforçando o que vimos sobre a Teoria dos Siste- mas. Existem formas de aprendizado motor: 1. NÃO ASSOCIATIVO: quando se usa um único estímulo para sensibili- zar ou habituar, por exemplo. 2. ASSOCIATIVO: relação ou associação entre um estímulo e outro (cognição). 3. APRENDIZADO DECLARATIVO: consciente, voluntário. 4. APRENDIZADO PRODUTIVO: inconsciente, automatismo. O objetivo da reabilitação neurofuncional é fazer com que o aprendizado se torne automático, ou seja, que o paciente realize o ato motor apren- dido de forma automática. Para que isso aconteça, existem as fases do aprendizado motor: 13Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 1. FASE COGNITIVA (INICIAL): o indivíduo aprende o que fazer. Desen- volve um programa motor. COGNIÇÃO. 2. FASE ASSOCIATIVA (INTERMEDIÁRIA): aprende como fazer. Refina o programa motor. PROPRIOCEPÇÃO (diminui a dependência do fee- dback visual e auditivo). 3. FASE AUTÔNOMA: movimento automático, pouca monitorização cognitiva. Vamos dar um exemplo dessas fases no ato motor de DIRIGIR: 1. No início, quando vamos trocar a marcha do carro, precisamos pensar no que iremos fazer e muitas vezes precisamos olhar para a marcha para sabermos em qual posição iremos colocá-la. Já passou por isso? 2. Quando já sabemos um pouquinho como se faz, começamos a fazer associações: para colocar na primeira marcha, precisamos deslocar o câmbio para a esquerda e para frente. 3. Quando consolidamos o aprendizado, realizamos esse ato motor de trocar a marcha do carro sem nem perceber que estamos fazendo. Isso se torna automático. Mas existe uma diferença entre desempenho motor (performance) e aprendizado motor (Kantak e Winstein, 2012): Figura 5 - Diferenças entre aprendizado motor e desempenho motor Podemos observar uma melhora no desempenho motor de forma imediata (a partir de um único momento de treino) “Aprendizado temporário” Desempenho Motor Depende de treino e repetição para a consolidação das Sinapses e formação de Engramas “Aprendizado definitivo” Aprendizado Motor Fonte: Autoria Própria. 14Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 01. Em relação às formas de neuroplasticidade funcional, assinale a alternativa INCORRETA. 🅐 O disfarce compensatório se refere a um processo cognitivo já conhecido, armazenado em uma região não afetada do cérebro, é utilizado para substituir um processo cognitivo semelhante, porém localizado em uma região lesada. 🅑 A adaptação homóloga, presente durante o estágio final do desenvolvimento, ocorre após determinada lesão cerebral, e as funções cognitivas podem ser compensadas para uma região ho- móloga no mesmo hemisfério. 🅒 Reatribuição “cross modal” é uma forma de neuroplasticidade que envolve a introdução de novas funções dentro de uma região representacional no cérebro que foi privada de determinada fun- ção como, por exemplo, a discriminação de formas geométricas que pode ocorrer em áreas visuais primárias em indivíduos cegos. 🅓 A expansão de mapa cortical se refere à flexibilidade das re- giões corticais a um tipo particular de conhecimento ou de função cognitiva, se ajustando rotineiramente e conservando a capacidadede desenvolver novas funções. Clique aqui para ver o gabarito da questão. Assista agora a Pocket Aula sobre Neuroplasticidade e Controle Motor clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_fisio_6468 15 ANOTAÇÕES 16Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I AVALIAÇÃO NEUROFUNCIONAL E CIF A avaliação do paciente com alguma disfunção neurológica deve seguir as diretrizes da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapa- cidade e Saúde (CIF), que traz um tripé para guiar a avaliação: 1. Estrutura: avaliação das estruturas corporais que podem comprome- ter a função. 2. Atividade: avaliação de como o paciente realiza determinada função. 3. Participação Social: avaliar se as alterações estruturais e funcionais estão prejudicando a participação social. É o envolvimento social (in- terações pessoais, lazer e trabalho). Precisamos pensar na influência ambiental sobre esse tripé, pensando em ambiente natural, apoio familiar, acesso aos serviços. Figura 6 - Representação da CIF Estruturas e Funções do Corpo (deficiência) Atividades (limitação da atividade) Condição de Saúde (desordem / doença) Fatores Ambientais Fatores Pessoais Participação (restrição da participação) Fonte: Adaptado de https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Modelo- de-Incapacidade-da-Classificacao-Internacional-da-Funcionalidade-CIF_ fig1_262669972 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Modelo-de-Incapacidade-da-Classificacao-Internacional-da-Funcionalidade-CIF_fig1_262669972 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Modelo-de-Incapacidade-da-Classificacao-Internacional-da-Funcionalidade-CIF_fig1_262669972 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Modelo-de-Incapacidade-da-Classificacao-Internacional-da-Funcionalidade-CIF_fig1_262669972 17Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I A CIF foi criada em 2001 pela Organização Mundial de Saúde com o obje- tivo de trazer uma abordagem biopsicossocial para avaliar saúde, mes- mo na ausência de alterações funcionais. Traz uma percepção mais ampla para a avaliação fisioterapêutica, pois a partir de então, não se pensa ape- nas nas alterações que o paciente apresenta, mas também nas suas po- tencialidades e como podemos aproveitá-las na reabilitação. Além disso, traz uma individualidade para a avaliação: • Duas pessoas que têm artrose no joelho podem apresentar limitações funcionais diferentes, uma pode não conseguir subir escadas, enquan- to a outra pode não conseguir sentar-se em lugares baixos. Uma pode continuar exercendo suas atividades laborais e a outra ter interrompi- do essas atividades (participação social). A CIF não é apenas um instrumento para medir o estado funcional dos indivíduos. Ela permite avaliar as condições de vida e fornecer subsídios para políticas de inclusão social. Então, durante a avaliação neurofuncional precisamos considerar todos esses fatores trazidos pela CIF. E vale ressaltar que essa avaliação deve ser contínua, não realizada em um único atendimento, pode estar dentro de todos eles, no que chamamos de pré-teste (avaliação inicial) e pós-tes- te (avaliação ao final do atendimento para avaliar melhora do desempe- nho motor). 18Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 02. Sobre a Classificação Internacional de Funcionalidade, Inca- pacidade e Saúde (CIF) e suas características, analise as afirma- tivas I e II: AFIRMATIVA I: A CIF é estruturada abrangendo componentes de funcionalidade e incapacidade (estrutura e função do corpo, ati- vidade e participação) e de fatores contextuais (fatores ambien- tais), podendo ser concebidos como aspectos positivos, negati- vos ou neutros que interagem entre si. AFIRMATIVA II: Para codificar seus componentes, a CIF utiliza um sistema numérico universal acompanhada de um qualifica- dor, visando quantificar o acometimento. Assinale a alternativa CORRETA. 🅐 As duas afirmativas estão corretas, e a segunda é justificativa da primeira. 🅑 As duas afirmativas estão incorretas, e a segunda não é justificativa da primeira. 🅒 Apenas a primeira afirmativa está correta, e a segunda não é justificativa da primeira. 🅓 As duas afirmativas estão corretas, e a segunda afirmativa não é justificativa da primeira 🅔 Apenas a segunda afirmativa está correta e não é justificativa da primeira. Clique aqui para ver o gabarito da questão. 19Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I A avaliação deve ser iniciada pela anamnese, quando coletamos os dados pessoais, e a primeira coisa que deve ser investigada é a queixa principal, que deve ser expressa como a função que o paciente deseja restabele- cer. Devemos lembrar que precisamos manter o nosso paciente motivado e, portanto, o que guiará a nossa reabilitação será essa queixa principal. Precisamos questionar sobre a história da doença atual (HDA), para en- tendermos se o evento neurológico foi algo agudo ou de instalação lenta e progressiva, e a história patológica pregressa (HPP), para descobrirmos quais comorbidades acompanham o paciente. Tão importante quanto as demais informações, a história social, que inclui a participação social do paciente precisa entrar na anamnese, e a indagação sobre o seu nível funcional mais alto, ou seja, suas maiores potencialidades. Exemplo: se um paciente se mantém em ortostase com independência, devemos investir nessa posição durante a reabilitação, ao invés de mantê-lo em decúbito no atendimento. Pensando-se na avaliação estrutural, vamos focar aqui no sistema neuromotor: A. TÔNUS MUSCULAR Dentro do sistema neuromotor, avaliamos o tônus muscular, que é um es- tado muscular natural de contração. Deve ser alto o suficiente para nos manter contra a gravidade e baixo o suficiente para permitir que nos mo- vimentemos. Ele deve ser avaliado a partir da palpação muscular e mobi- lização passiva. Após uma lesão neurológica, o tônus pode se apresentar acima do normal (hipertonia) ou abaixo do normal (hipotonia). 20Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 7 - Hipertonia e Hipotonia Hipertonia Plástica Elástica Lesão de Neurônio Motor Superior Lesão Extrapiramidal Hipotonia Fonte: Autoria Própria. Precisamos saber diferenciar a hipertonia elástica da hipertonia plás- tica. A hipertonia elástica é decorrente de lesão de neurônio motor su- perior e/ou de vias descendentes medulares, conhecida como sinal de canivete. Ela acomete apenas o músculo agonista. Já a hipertonia plás- tica acomete o agonista e o antagonista, sendo característica de lesão extrapiramidal, conhecida como roda denteada. A hipertonia elástica é velocidade-dependente, ou seja, quanto mais rápido o movimento é feito, mais exacerbada ela se apresenta. Para graduar essa hipertonia, tem-se a escala de Ashworth modificada: • 0= sem aumento de tônus • 1= leve aumento no final do movimento • 1+= resistência aumentada na metade da amplitude • 2= resistência em toda ADM • 3= movimento passivo bem difícil • 4= impossível mover o membro Na hipertonia elástica, podemos encontrar o sinal de canivete e, na hiper- tonia plástica, o sinal de roda denteada. 21Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 8 - Sinal de Canivete e Sinal de Roda Denteada Sinal de Canivete Sinal de Roda Dentada Hipertonia Elástica Hipertonia Plástica Fonte: http://angellejacomo.com.br/2018/11/07/sinal-do-canivete/ Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/41254 Fonte: Autoria Própria. 03. Uma paciente de 43 anos de idade sofreu um acidente, em 2018, que a deixou paraplégica, com lesão medular traumática in- completa (lesão penetrante por projétil de arma de fogo) no nível de T2. No primeiro ano após a lesão, a paciente manifestou um quadro tetraplégico, sem controle esfincteriano e bexiga atôni- ta,fazendo-se necessário o uso de sonda. Nesse período, ela não recebeu atendimento fisioterapêutico domiciliar, o que levou ao surgimento de úlceras de pressão, que, com o agravo, ocasiona- ram perda tecidual das regiões (trocantéricas, sacrais, isquiais). Atualmente, a paciente encontra-se em um quadro paraplégico, possuindo controle de esfíncter anal, porém, sem controle sobre o esvaziamento da bexiga, fazendo-se necessário o uso de fral- das. Locomove-se em seu ambiente domiciliar utilizando cadeira de rodas. Apresenta preservação de cognição e possui indepen- dência. Durante a inspeção, observam-se pés em plantiflexão, tônus muscular aumentado em membros inferiores e mobilidade de membros superiores preservada. Com base nesse caso clíni- co e tendo em vista os conhecimentos correlatos, julgue os itens a seguir. A escala de Ashworth é utilizada para avaliação da con- dição funcional do paciente, podendo estar correlacionada à sua atividade de vida diária. 🅐 Certo 🅑 Errado Clique aqui para ver o gabarito da questão. 22Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I B. REFLEXOS Os reflexos são divididos em profundos, ou miotáticos, e superficiais. Figura 9 - Classificação dos tipos de Reflexos Hiperreflexia: Lesão de Neurônio Motor Superior Avaliados pelo Martelo Neurológico Buck ou Martelo de Reflexo Reflexo Plantar (Babinski) Positivo: extensão de dedos (hiperreflexia) Reflexos Profundos Reflexos Superficiais Hiporreflexia: Lesão de Neurônio Motor Inferior Fonte: Autoria Própria. Figura 10 - Reflexo Plantar de Babinski Fonte: https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/11609/mod_resource/ content/1/un02/top04p01.html 23Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I C. COORDENAÇÃO A coordenação pode ser avaliado pelos testes index-index e index-na- riz, nos quais pedimos aos pacientes para levarem o dedo um em dire- ção ao outro, ou em direção ao nariz. De forma mais funcional, pedimos que ele alcance algum objeto. Em qualquer uma das formas de avalia- ção, devemos observar as seguintes alterações, que caracterizam défi- cit de coordenação: • Erro de direção • Erro de velocidade • Tremor de Intenção Figura 11 - Teste index-index e index-nariz Fonte: http://artrohombro.blogspot.com/2016/ No tópico de lesões cerebelares, abordaremos as alterações de coorde- nação que podemos encontrar nos nossos pacientes. http://artrohombro.blogspot.com/2016/ 24Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I D. SENSIBILIDADE A sensibilidade é dividida em subjetiva e objetiva. A subjetiva é aquela que o paciente refere, como hiperestesia e parestesia. A objetiva é aquela avaliada por nós e pode ser dividida em superficial e profunda: • Superficial: térmica, dolorosa e tátil protopática (avaliada com o estesiômetro) • Profunda: tato discriminativo ou epicrítico, também conhecido como tato fino. Figura 12 - Teste de sensibilidade superficial e profunda Fonte: Adapatado de https://pt.slideshare.net/pauloalambert/sensibilidade-14 Além do sistema neuromotor, é importante avaliarmos o sistema senso- rial, o qual inclui: • Visual • Auditivo • Tátil (já descrito acima) • Vestibular • Somatossensorial 25Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I • Teste do espelhamento: avalia propriocepção (movimentamos o membro acometido e pedimos ao paciente que repita esse movi- mento, de olhos fechados). O objetivo é verificar se ele consegue perceber o membro no espaço. Figura 13 - Teste do espelhamento Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=ZMNa4q418_Y Vale lembrar que esses sistemas interferem na manutenção do equilíbrio, o qual pode ser avaliado por testes e escalas funcionais. Falando nelas, temos algumas escalas que avaliam diversos desfechos. 26Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Quadro 2 - Teste e Escalas de avaliação Teste ou Escala Desfecho Escala de equilíbrio de Berg Equilíbrio Alcance funcional e alcance lateral Reações de equilíbrio Timed up and Go Mobilidade funcional (apesar de alguns pensa- rem que avalia equilíbrio, é validado para ava- liar mobilidade funcional) Fukuda Stepping Equilíbrio (componente vestibular) Medida de Independência Funcional (MIF) Independência funcional Índice de Barthel Capacidade funcional/independência Single-leg Stance Equilíbrio estático Índice dinâmico da marcha (DGI) Equilíbrio na marcha Fonte: Autoria Própria. Assista agora a Pocket Aula sobre Avaliação Neurofuncional e CIF clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_fisio_6459 27 ANOTAÇÕES 28Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL O acidente vascular cerebral (AVC), ou acidente vascular encefálico (AVE), é um acometimento vascular no encéfalo, abrupto, agudo, que apresenta como consequência a morte neuronal. Para entendermos o AVC, vamos relembrar a vascularização encefálica. O encéfalo é vascula- rizado pelo polígono de Willis, o qual se origina nas artérias vertebrais que ascendem pelo forame magno e adentram o encéfalo. O polígono de Willis é formado por três artérias principais que se ramificam para irrigar todo o encéfalo: • Artéria Cerebral Anterior • Artéria Cerebral Média • Artéria Cerebral Posterior Figura 14 - Representação do polígono de Willis Fonte: https://crescendoinfantil.wordpress.com/2016/02/26/deficiencia- do-crescer-infantiljuvenil-por-comprometimento-de-hormonios-hipofisarios- associados/ https://crescendoinfantil.wordpress.com/2016/02/26/deficiencia-do-crescer-infantiljuvenil-por-comprometimento-de-hormonios-hipofisarios-associados/ https://crescendoinfantil.wordpress.com/2016/02/26/deficiencia-do-crescer-infantiljuvenil-por-comprometimento-de-hormonios-hipofisarios-associados/ https://crescendoinfantil.wordpress.com/2016/02/26/deficiencia-do-crescer-infantiljuvenil-por-comprometimento-de-hormonios-hipofisarios-associados/ 29Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I A gravidade do AVC depende de alguns fatores (Powers et al., 2019): 1. Área lesionada: a depender do vaso acometido, uma área encefálica é acometida e a sua respectiva função prejudicada. EX: se houver um AVC no tronco encefálico, pode haver o acometimento do centro res- piratório e, por consequência, uma parada respiratória. Isso não acon- teceria se a lesão fosse no cerebelo. 2. Extensão da lesão: quando o acometimento é de vasos principais, a área lesionada é maior, aumentando a gravidade da lesão. 3. Circulação colateral: se houver vasos colaterais ao lesionado, eles po- dem tentar suprir a irrigação sanguínea da área lesionada, diminuindo a gravidade da lesão. 4. Tempo de atendimento: uma das coisas mais importantes para redu- zir a gravidade da lesão é um atendimento rápido e eficaz ao paciente que teve um AVC. Isso porque o tratamento será mais rápido e a mor- te neuronal pode ser diminuída em extensão. O AVC pode se apresentar de duas formas: (Powers et al., 2019) 1. AVC isquêmico: quando há obstrução de um vaso, com consequente interrupção do fluxo sanguíneo 2. AVC hemorrágico: quando há extravasamento sanguíneo por ruptura de vasos encefálicos. Figura 15 - Representação do AVC isquêmico e do AVC hemorrágico Fonte: http://www.clinicafisioform.com.br/site/blog/visualizar/133 30Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Temos dois subtipos: 1. Acidente isquêmico transitório (AIT): quando há um AVC isquêmico cujos sintomas não duram mais do que 24 horas, por isso chamado de transitório. 2. AVC isquêmico com transformação hemorrágica: quando inicialmen- te o AVC é isquêmico, porém de forma secundária, há a ruptura da parede do vaso, seguida de sangramento intracraniano. O quadro abaixo lista osfatores de risco para os dois tipos de AVC: Quadro 3 - Fatores de risco para AVC Isquêmico e AVC Hemorrágico AVC Isquêmico AVC Hemorrágico Hipertensão Doença vascular hipertensiva Diabetes (lesão na parede do vaso) Ruptura de aneurisma intracraniano Aterosclerose Lesões vasculares por tumores Sedentarismo Anomalias arteriovenosas Tabagismo (fibrose na parede do vaso) *** Uso de anticoncepcional oral *** AIT prévios *** Cardiopatias (fibrilação atrial) *** Fonte: Autoria Própria. Os sintomas do AVC são descrito pela sigla SAMU (Sorrir, Abraço, Música, Urgência): • Cefaleia • Náuseas • Dificuldade de movimentar partes do corpo (face) 31Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I • Dificuldade na fala • Problemas de visão Figura 16 - Representação do SAMU do AVC Fonte: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2014/agosto/18/ 1---AVC--IAM-e-DRC---Fogolin-OK.pdf O tratamento clínico dependerá do tipo: • AVC isquêmico: uso de trombolíticos (indicação para até 3 horas após os sintomas - janela terapêutica) • AVC hemorrágico: craniectomia descompressiva (retirada cirúrgica de parte da calota craniana com a finalidade de reduzir a pressão intracra- niana pelo acúmulo de sangue e evitar uma maior morte neuronal). O quadro funcional do paciente vai depender da área lesionada e se ele se encontra na fase aguda ou crônica: 32Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Quadro 4 - Fases Aguda e Crônica do AVC Fase Aguda (Fase de Choque) Fase Crônica Hipotonia Hipertonia Hiporreflexia Hiperreflexia Início da neuroplasticidade Mantém neuroplasticidade Fonte: Autoria Própria. 04. Uma das sequelas mais comuns relacionadas ao acidente vascular cerebral (AVC) e que merece atenção minuciosa do pro- fissional fisioterapeuta é a hemiplegia. A fase espástica da hemi- plegia caracteriza-se por:. 🅐 rigidez, bradicinesia, tremor e instabilidade postural 🅑 rigidez muscular, hiporreflexia e reflexo de Babinski 🅒 hipotonia muscular, clônus e presença do reflexo de Babinski 🅓 hipertonia muscular, hiperreflexia e presença do reflexo de Babinski 🅔 hipotonia muscular, arreflexia e presença do reflexo mentoniano. Clique aqui para ver o gabarito da questão. A principal repercussão funcional do paciente após o AVC é a hemiplegia ou hemiparesia, que inclui um conjunto de alterações presentes no pa- ciente a depender de qual área encefálica foi acometida. 33Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 17 - Características da Hemiplegia Invervação Recíproca Afasia Disartrofonia Alteração de Tônus Muscular Déficit de equilíbrio Alterações de linguagem Hemiplegia ou Hemiparesia Disturbios Sensoriais Perda de movimentos seletivos Fonte: Autoria Própria. Importante ressaltar que a lesão cortical à direita traz repercussões fun- cionais no hemicorpo esquerdo, devido à decussação das pirâmides, que ocorre no tronco encefálico. Ou seja, se o paciente tiver uma lesão do lobo parietal direito, apresentará déficit sensorial no hemicorpo esquerdo. As principais complicações do paciente após o AVC são as que acometem o ombro, como descrito na tabela abaixo: Quadro 5 - Alterações do ombro após AVC Disfunção do Ombro Características Tratamento Fisioterapêutico Subluxação do ombro • hipotonia do manguito na fase aguda, com ruptura do ritmo escápulo-umeral • fraqueza de romboide e serrá- til anterior • sinal da Dragona • ativação muscular correta • eletroestimulação • estímulo perceptual e pro- prioceptivo (cadeia cinética fechada) Ombro doloroso • pinçamento de estruturas articulares • perda do ritmo escápulo-umeral • manuseio incorreto • mobilização articular • ativação muscular • ativação do ritmo escápulo-umeral Fonte: Autoria Própria. 34Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Disfunção do Ombro Características Tratamento Fisioterapêutico Síndrome ombro-mão • extrema flexão ou extensão de punho com carga • alteração perceptual no mem- bro acometido • bloqueio do retorno venoso • edema em dorso da mão • limitação de ADM • deformidade em mão na fase final • posicionamento na fase inicial com uso de órtese para exten- são de punho • mobilização articular • estímulo perceptual Fonte: Autoria Própria. Alguns pacientes após o AVC podem apresentar a síndrome do não ali- nhamento, secundária à lesão no córtex parietal. O paciente cursa com alteração perceptual, não reconhecendo o hemicorpo parético, e reco- nhece como se o seu centro de gravidade fosse deslocado para o lado não acometido. Para tentar corrigir essa alteração, o paciente se empurra em direção ao lado acometido, por isso sendo conhecida como síndrome de Pusher (empurrar em português). Como tratamento fisioterapêutico para essa síndrome, devemos pensar em estímulos perceptuais para que o pa- ciente reconheça corretamente os dois hemicorpos e consequentemente o direcionamento do centro de gravidade, além do estímulo à ortostase de forma precoce (Davies, 2008). Continuação Quadro 5 - Alterações do ombro após AVC 35Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 18 - Representação do paciente com a síndrome de Pusher Fonte: Adaptado de https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/99/60- Controle_Postural_Na_SYndrome_de_Pusher_-_CYpia.pdf O tratamento fisioterapêutico direcionado ao paciente após AVC depen- derá de diversos fatores: • área lesionada • comprometimento funcional • função desejada pelo paciente O mais importante é a avaliação criteriosa e individualizada de cada pa- ciente! Precisamos sempre pensar nos domínios da CIF, a partir dos quais devemos incluir como objetivos a reabilitação estrutural, funcional e rein- serção social. https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/99/60-Controle_Postural_Na_SYndrome_de_Pusher_-_CYpia.pdf https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/99/60-Controle_Postural_Na_SYndrome_de_Pusher_-_CYpia.pdf 36Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 05. A desordem motora de pacientes com sequela de AVC envol- ve tanto a manutenção postural quanto às transferências. Nesse sentido, algumas estratégias e/ou manobras para o ganho fun- cional nas atividades motoras são necessárias. Referente a es- sas estratégias e/ou manobras, assinale a alternativa correta: . 🅐 Para pacientes com dificuldade em se manter sentado, é neces- sário realizar exercícios de alcance de objetos apenas na direção acima da cabeça 🅑 Para pacientes com dificuldade em passar de sentado para em pé, a altura do assento para o treino desta atividade deve ser mais baixa quanto menor for o grau de força muscular dos membros inferiores 🅒 Para pacientes com dificuldade em se manter sentados, a ade- quação da postura sentada por adaptações é necessária para fa- vorecer o alinhamento corporal 🅓 Para pacientes com dificuldade em se manter em posição or- tostática, é necessário incentivar a prática da transferência de peso para o lado são 🅔 Para pacientes com dificuldades em deambulação, as órteses suropodálicas não são indicadas, pois dificultam a marcha Clique aqui para ver o gabarito da questão. Acesse aqui o comentário das cinco questões anteriores https://sanar.link/aula_fisio_6469 37 ANOTAÇÕES 38Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO O traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma lesão craniana de natureza traumática, secundária à uma força externa. Pode produzir diversas alterações, a saber: • habilidades cognitivas • motricidade • comportamento • emoção Os possíveis mecanismos de lesão do TCE são: 1. IMPACTO DIRETO: por golpe ou contra golpe. Existe um espaço entre o encéfalo e o crânio e, por esse motivo, após a lesão inicial de golpe, há uma lesão porcontragolpe. Figura 19 - Representação das lesões por golpe e contragolpe Fonte: https://prosense.com.br/traumatismo-craniano/ 2. FERIMENTO POR OBJETO PENETRANTE: quando acontece a perfura- ção encefálica por um objeto perfurante. https://prosense.com.br/traumatismo-craniano/ 39Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I E o trauma pode ser classificado como aberto e fechado. Como o nome diz, o trauma aberto é quando há solução de continuidade entre encéfalo e meio externo (fratura de crânio). Já no fechado não há lesão craniana, ape- nas encefálica. Essa lesão encefálica causa danos primários, que ocorrem no momento do trauma e, como não há uma lesão focal como acontece no AVC, denomina-se como lesão axonal difusa. Os danos secundários vêm como complicações do trauma e são eles: • Hemorragia intracraniana • Edema encefálico • Aumento da pressão intracraniana • Hipóxia ou isquemia cerebral Alguns sinais aparecem de imediato após o trauma craniano, entre eles as alterações autonômicas, com sinais vitais e hemodinâmica instáveis, e alteração do nível de consciência. Por isso que quando éramos crianças e batíamos a cabeça, nossos pais não deixavam a gente dormir, para que pudessem observar qualquer uma dessas alterações do nível de consci- ência. São elas: 1. Síndrome pós-traumática: cefaleia, vertigem, cansaço e/ou sono, dis- túrbios de memória e irritabilidade emocional 2. Amnésia pós-traumática: perda da memória recente. Quanto maior o tempo dessa alteração, pior o prognóstico do paciente. 40Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 06. Uma paciente de 15 anos de idade é vítima de violência do- méstica; foi espancada pelo pai, que estava alcoolizado. Sofreu lesões contundentes e cortantes no crânio, na face, no tórax, e nos membros superiores e uma fratura no corpo de L4. Chegou ao hospital consciente, respirando com máscara de O2 e sangra- mento intenso. Após o período inicial na unidade de terapia in- tensiva (UTI), encontra-se consciente, em respiração espontânea ao ar ambiente, com ausculta respiratória e saturação dentro do padrão de normalidade. Aguarda exames para alta. Quanto a esse caso clínico e aos conhecimentos correlatos, jul- gue os itens a seguir. A manutenção da paciente em UTI, mesmo sem alterações do nível de consciência, é relevante para a obser- vação de episódios de sonolência, cefaleia, confusão e até mes- mo coma, complicações associadas ao TCE. 🅐 Certo 🅑 Errado Clique aqui para ver o gabarito da questão. Além disso, alguns aspectos clínicos são observados de imediato, listados abaixo: 1. Perda da função motora: a partir da lesão axonal difusa, há uma ativa- ção muscular incorreta, o que pode gerar essa perda da função motora 2. Perda do controle motor seletivo: a lesão encefálica causa a perda da inervação recíproca, o que acarreta desarmonia entre agonistas e an- tagonistas e consequente perda do controle motor seletivo. 41Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 3. Reflexos primitivos: os reflexos primitivos estão presentes no desen- volvimento neuropsicomotor da criança. Com o crescimento, eles são integrados pelo aprendizado dos movimentos voluntários. Após uma lesão axonal difusa, esses reflexos aparecem de forma exacerbada. 4. Tônus anormal: diferente do AVC, que o paciente passa pela fase aguda hipotônica, no TCE, o paciente apresenta de imediato aumento do tônus muscular, cursando com uma hipertonia elástica. 5. Alterações nas funções do tronco encefálico: por ser uma lesão axo- nal difusa, pode ter o acometimento do tronco encefálico, o que vai acarretar alterações nos sinais vitais. O quadro clínico desse paciente se dará devido à lesão de neurônio motor superior, seguindo as suas características. Figura 20 - Quadro clínico após TCE Plegia ou Paresia Hipertonia Muscular e Hiperreflexia Perda de movimentos seletivos Alteração de equilíbrio Hemiplegia Dupla Hemiplegia Por ser lesão neuronal difusa, pode acometer ambos os hemisférios encefálicos, com repercussão nos dois hemicorpos Fonte: Autoria Própria. O prognóstico funcional do paciente após TCE não deve ser traçado antes dos 24 meses por ser o período de maior recuperação, mas existem fato- res que predizem um melhor prognóstico: (Chris et al., 2002) 42Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 21 - Fatores que influenciam no prognóstico apos TCE Menor tempo de Coma e Amnésia Pós-traumática Melhora Cognitiva nos primeiros 6 meses após a lesão Rancho Los AmigosMenor tempo de Coma e Amnésia Pós-traumática Acompanhamento cognitivo dos pacientes após TCE Fonte: Autoria Própria. Falando em coma, que é o estado de não responsividade e uma manifesta- ção clínica que indica falência dos mecanismos de manutenção da consci- ência, ele é dividido em níveis: • GRAU 1: TORPOR (quando o paciente reage, porém apenas a estímulo vigoroso) • GRAU 2: COMA SUPERFICIAL (o paciente apresenta conexões com o meio interrompidas) • GRAU 3: COMA PROFUNDO (o paciente entra-se em estado de aboli- ção completa da consciência, nenhuma conexão com o meio) • GRAU 4: ESTADO VEGETATIVO PERSISTENTE (ausência do conheci- mento de si e do meio, porém com funções vegetativas preservadas, como o ciclo vigília-sono e manutenção da função cardiorrespiratória) Para avaliar o estado de coma, utilizamos a escala de coma de Glasgow, de fácil aplicação, não tendo necessidade de nenhum equipamento. Ela avalia três parâmetros: abertura ocular, resposta verbal e resposta moto- ra. Cada uma dessas recebe uma pontuação a depender da resposta dada pelo paciente a partir da graduação descrita abaixo. As pontuações obti- das em cada parâmetro avaliado devem ser somadas, e essa escala apre- senta um escore que varia de 3 a 15. Quanto maior a pontuação, melhor o nível de consciência do paciente. 43Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Quadro 6 - Escala de Coma de Glasgow ABERTURA OCULAR RESPOSTA VERBAL RESPOSTA MOTORA 4 – Abertura ocular espon- tânea 3 – Abertura ocular ao cha- mado 2 – Abertura ocular ao estí- mulo doloroso 1 - Sem abertura ocular 5 – Orientado, conversa normalmente 4 – Desorientado, confuso 3 – Palavras desconexas 2 – Sons incompreensíveis 1 – Não apresenta resposta verbal 6 – Obedece a comandos 5 – Localiza estímulo dolo- roso 4 – Reflexo de retirada a estímulo doloroso 3 – Flexão anormal a estí- mulo doloroso (decortica- ção) 2 – Extensão anormal a estímulo doloroso (desce- rebração) 1 – Não se movimenta Fonte: Autoria Própria. Em 2018, essa escala sofreu uma atualização, quando foi incluído mais um parâmetro a ser avaliado: a resposta pupilar. Porém, diferente dos demais parâmetros descritos acima, a pontuação obtida pela resposta pupilar será subtraída do resultado total, uma vez que quanto menor a sua pontu- ação, melhor o quadro clínico do paciente (Brenna et al., 2018). Quadro 7 - Atualização da Escala de Coma de Glasgow RESPOSTA PUPILAR 2- Inexistente 1- Parcial 0- Completa Fonte: Autoria Própria. A escala de coma de Glasgow é adaptada para crianças, uma vez que as respostas exigem uma análise diferente (Figura 22). 44Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 22 - Escala de Coma de Glasgow para crianças Parâmetro Resposta Pontos Abertura ocular Espontânea 4 Ao comando verbal 3 Ao estímulo doloroso 2 Nenhuma 1 Resposta verbal Sons apropriados, sorriso social, segue com os olhos 5 Choro consolável 4 Choro inconsolável, irritado 3 Inquieto, agitado 2 Nenhuma 1 Resposta motora Movimentos intencionais espontâneos 6 Retirada em flexão à dor localizada 5 Retirada em flexão generalizada 4 Postura em flexão (decorticação) 3 Postura de extensão (descerebração) 2 Nenhuma 1 Fonte:https://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/cirurgia/ livro12/ape11-02.html https://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/cirurgia/livro12/ape11-02.html https://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/cirurgia/livro12/ape11-02.html 45Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 07. A escala de Glasgow, que vai de 3 a 15, mede o nível de consci- ência após lesão cerebral. Sobre a escala de Glasgow, é correto afirmar que: 🅐 existe uma adaptação dessa escala para atendimento do pú- blico infantil. 🅑 o traumatismo cranioencefálico pode ser classificado como leve se alcançar de 3 a 8 pontos na escala Glasgow. 🅒 o escore 15 é compatível com morte cerebral, no entanto, para a confirmação há a necessidade de avaliar outros parâmetros. 🅓 a escala de Glasgow avalia a partir de cinco parâmetros: aber- tura ocular, reação motora, resposta verbal, reação ao estímulo acústico e tamanho pupilar. 🅔 a escala de Glasgow é aceita mundialmente por sua padroniza- ção, contudo a sua forma de avaliação exige instrumentos especí- ficos para a sua medição, nem sempre disponíveis. Clique aqui para ver o gabarito da questão. Assim como com pacientes após AVC, na lesão de neurônio motor supe- rior, o mais importante é a avaliação criteriosa e individualizada de cada paciente! Precisamos sempre pensar nos domínios da CIF, a partir dos quais devemos incluir como objetivos a reabilitação estrutural, funcional e reinserção social. Assista agora a Pocket Aula sobre Lesão de Neurônio Motor Superior clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_fisio_6458 46 ANOTAÇÕES 47Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I LESÃO MEDULAR Como visto na aula de Anatomia Humana, a medula espinhal se estende desde o bulbo (tronco encefálico) até o nível da segunda vértebra lombar (L2). Abaixo deste nível, encontra-se a cauda equina, conjunto de nervos periféricos. Da medula espinhal emergem raízes de nervos periféricos, sensitivo e motor, sendo que cada raiz nervosa inerva uma área cutânea e um músculo, gerando a representação de dermátomos e miótomos, respectivamente. Diversas causas podem gerar a lesão na medula espinhal, entre elas a traumática, que chamamos de trauma raquimedular (TRM). O TRM tem como principal motivo a fratura ou deslocamento vertebral, com conse- quente dano medular, e acomete mais pacientes do sexo masculino, devi- do a acidentes automobilísticos, mergulho e ferimentos por arma de fogo. A lesão pode ser completa, quando atinge todos os tratos medulares, ou incompleta, quando atinge alguns pontos da medula, com capacidade de neuroplasticidade medular. A depender do nível da lesão, pode ser classi- ficada em paraplegia ou tetraplegia. T1 para cima = Tetraplegia T1 para baixo = Paraplegia 48Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 23 - Representação de níveis de lesão medular Fonte: http://www.acessibilidadeinclusiva.com.br/lesao-medular-traumatica- %E2%80%93-objetivos-funcionais/ Para classificar se a lesão é completa ou incompleta, temos a ferramenta da American Spinal Injury Association (ASIA), que avalia os dermátomos e miótomos para identificar o nível motor e sensitivo preservados (Kir- shblum et al., 2011). Quadro 8 - Classificação do nível da lesão medular, de acordo com a ASIA ASIA APRESENTAÇÃO CLÍNICA ASIA A Lesão completa, sem função motora nem sensitiva preservada abaixo do nível da lesão. ASIA B Lesão sensitiva incompleta, com sensibilidade preservada e perda da função motora abaixo do nível da lesão. ASIA C Lesão motora incompleta, força muscular menor do que 3 na maioria dos mús-culos abaixo do nível da lesão. ASIA D Lesão motora incompleta, força muscular maior do que 3 na maioria dos mús-culos abaixo do nível da lesão. ASIA E Funções sensitiva e motora preservadas. Fonte: Autoria Própria. 49Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I A apresentação clínica do TRM é diferente na fase aguda e na crônica, como mostra o quadro abaixo: Quadro 9 - Diferenças entre as fases aguda e crônica da lesão medular FASE AGUDA FASE CRÔNICA Fase de choque Hiperreflexia Arreflexia ou hiporreflexia Hipertonia Hipotonia Hipotrofia ou atrofia muscular por desuso Hipoestesia ou anestesia e/ou dor neuropática Hipoestesia ou anestesia e/ou dor neuropática Fonte: Autoria Própria. Associados a essas características, o paciente pode cursar com: 1. alterações sensoriais 2. alteração do controle térmico 3. alteração do controle vasomotor 4. hipotensão postural (principalmente em pacientes com lesão em região torácica, onde localizam-se a maior parte dos gânglios autonômicos) Como principais complicações, tem-se: trombose venosa profunda, redu- ção da densidade mineral óssea (DMO) abaixo do nível da lesão, contratu- ras musculares e deformidades articulares, alterações respiratórias, in- fecções do trato urinário, decorrentes da bexiga neuropática e úlceras de pressão. Vale lembrar que quando a lesão é em cauda equina o paciente cursa com sinais de lesão de neurônio motor inferior. 50Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 24 - Lesão Medular X Lesão de Cauda Equina Sinais de lesão de NMS Lesão Medular Sinais de lesão de NMI Lesão em Cauda Equina Fonte: Autoria Própria. Além das lesões traumáticas, podemos encontrar pacientes com síndro- mes medulares, com apresentações clínicas específicas para cada uma delas, como descritas no quadro abaixo: Quadro 10 - Síndromes medulares Síndrome Medular Características Siringomielia ou síndrome do cordão central Acomete a região central da medula, mais comumente na região cervical, devido à retenção de líquor nesse local ou devido à hiperextensão acentuada, e traz repercussões funcionais nos membros superiores. Síndrome de Brown-Sequard Acomete metade da medula espinhal, com lesão dos tratos cor- ticoespinhal, espinotalâmico e grácil e cuneiforme, com reper- cussões de perda de força muscular e propriocepção ipsilateral à lesão, e perda de sensibilidade dolorosa e térmica contralate- rais à lesão. Síndrome do cordão anterior Relativamente rara, causada por flexão excessiva, e que acome- te os dois terços anteriores da medula. Há o comprometimento dos tratos corticoespinhal e espinotalâmico, com sintomas clínicos que incluem perda de função motora, sensação de dor e temperatura abaixo do nível de lesão. Síndrome do cordão posterior Acomete os tratos ascendentes medulares com repercussão sensorial abaixo do nível da lesão. Síndrome da cauda equina Envolve os nervos lombossacrais que formam a cauda equina, e o indivíduo cursa com sinais de lesão de neurônio motor inferior, ou seja, hipotonia, hiporreflexia e hipoestesia, além do acometi- mento vesical. Fonte: Pinto et al., 2020 51Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 25 - Representação das síndromes medulares Síndrome posterior Síndrome central Síndrome anterior Síndrome de brown Séquard Fonte: Ruz, 2019 A reabilitação para pessoas com lesão medular deve ter início precoce para que as complicações sejam evitadas. Os objetivos da Fisioterapia vão depender do nível da lesão e se a lesão foi completa ou incompleta: 1. fortalecer a musculatura acima do nível da lesão em lesões completas e também abaixo desse nível em lesões incompletas, para facilitar a independência funcional 2. preservar o alongamento muscular 3. facilitar o ortostatismo, visando adequação vasomotora, descarga de peso em membros inferiores, o que contribui para melhora da densi- dade mineral óssea 4. treinar transferências 5. promover a independência, autonomia e participação social 52Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 08. Um paciente de 29 anos de idade sofreu uma lesão medularna coluna cervical posterior após acidente automobilístico. Ini- cialmente, o paciente apresentou quadriplegia, porém, conforme a resposta inflamatória cedia, quase toda função dos membros superiores e inferiores retornou (ASIA C). Após 12 semanas do acidente, o paciente era capaz de iniciar a marcha com o membro inferior esquerdo, mas apresentava habilidade mínima para rea- lizar com o membro inferior direito em razão de déficit de flexão de quadril, joelho e tornozelo. O principal objetivo do paciente com o tratamento fisioterápico é ser capaz de deambular com in- dependência por distâncias curtas no ambiente doméstico com funcionalidade razoável. Com base no caso clínico exposto e nos conhecimentos correla- tos, julgue os itens a seguir. O treino de marcha em suspensão com sustentação do peso do corpo no solo ou em esteira é indi- cado para esse paciente como forma de treinamento motor. 🅐 Certo. 🅑 Errado. Clique aqui para ver o gabarito da questão. Assista agora a Pocket Aula sobre Lesão Medular clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_fisio_6465 53 ANOTAÇÕES 54Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I LESÕES CEREBELARES Antes de falarmos sobre as características das lesões cerebelares, va- mos relembrar a anatomia e a neurofisiologia do cerebelo. O cerebelo desempenha importantes funções no sequenciamento das atividades motoras e na progressão rápida de um movimento para o outro ajuda no controle da inervação recíproca (controle entre os músculos agonistas e antagonistas), controla atividade musculares rápidas, como correr, digi- tar e tocar piano. O cerebelo recebe informações constantes sobre o programa motor que foi elaborado pelo córtex motor, compara com o movimento real que está acontecendo e realiza os ajustes corretivos necessários. Por exemplo, quando vamos pegar um objeto que já conhecemos antecipadamente, fa- zemos o cálculo de qual força precisamos imprimir, porém às vezes erra- mos esse cálculo e precisamos rapidamente recalcular para que o objeto não caia ao chão. Quem realiza esse ajuste é o cerebelo. O cerebelo é dividido em áreas funcionais: 1. Lobo anterior 2. Lobo posterior 3. Lobo foculonodular: controle do equilíbrio, juntamente com o sistema vestibular. 55Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 26 - Representação das áreas funcionais do cerebelo Fonte: https://pt.slideshare.net/joaomaria/crtex-cerebral Como mostra a figura acima, cada lobo cerebelar apresenta uma relação com a filogenética e regiões funcionais: https://pt.slideshare.net/joaomaria/crtex-cerebral 56Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 27 - Filogenética Cerebelar e relação funcional Trato EspinocerebelaresPaleocerebelo Dorsal Ventral Lobo Anterior NeocerebeloLobo Posterior ArquicerebeloLobo Foliculonodular Informações sobre estado musculartônus Informações do córtex motor e pré-motor Informações do equilíbrio Via Corticopontocerebelo Via Vestíbulocerebelar Fonte: Autoria Própria. Além disso, podemos fazer uma divisão anatomofuncional entre o vérmis e os hemisférios cerebelares: Figura 28 - Divisão anatomofuncional entre o vérmis e os hemisférios cerebelares Vérmis Controle dos movimentos axiais Hemisférios Cerebelares Controle dos movimentos apendiculares ipsilateriais Fonte: Autoria Própria. Então, após lembrarmos todas as funções do cerebelo, fica fácil enten- dermos quais alterações estarão presentes após uma lesão cerebelar: Quadro 11 - Características das alterações cerebelares ALTERAÇÃO DESCRIÇÃO Dismetria Erro de medida e velocidade do movimento. Hipometria ou hipermetria. Pode estar presente em lesão cerebelar ou no trato espinocerebelar. Ataxia Déficit de coordenação. Veremos adiante os tipos de ataxia. Disdiadococinesia Incapacidade de realizar movimentos alternados rapidamente (perda da percepção da sequência do movimento) Fonte: Autoria Própria. 57Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I ALTERAÇÃO DESCRIÇÃO Tremor de intenção Movimentos oscilantes, principalmente quando se aproximam do alvo (falha no controle do movimento). Hipotonia O cerebelo exerce influência excitatória no tônus, e sua lesão causa hipotonia muscular. Pode ser acompanhada por uma tentativa compen- satória, chamada hipertonia reativa. Disartria ou disartro- fonia Dificuldade de articulação da fala, devido ao déficit de controle muscu- lar. Distúrbios de postura e equilíbrio O cerebelo controla atividade antecipatória. Nistagmo cerebelar Dificuldade de fixação ocular por déficit de controle da musculatura extrínseca dos olhos. Fonte: Autoria Própria. Como dito no quadro acima, existem três tipos de ataxia, que é um sinto- ma e não uma doença. Todas irão apresentar alteração na coordenação dos movimentos: Quadro 12 - Tipos de Ataxia Ataxia Características Tratamento Fisioterapêutico Cerebelar Dificuldade de ajustes, de sequenciar os movimen- tos, que se tornam sem seletividade (movimentos “em bloco”). Acontecem por lesão em cerebelo ou em suas vias, descritas anteriormente. Foco no controle dos movimentos Sensorial Déficit somatossensorial. Lesão em: vias proprioceptivas (grácil e cuneiforme) nervo periférico (sensitivo) área cortical sensorial (córtex sensitivo e tálamo) Dependência visual para compensar a perda sen- sorial, marcha com passos fortes e base alargada. Adequação sensorial e proprioceptiva e con- trole motor. Vestibular Dificuldade para mudanças posturais, principal- mente de movimentos de cabeça. Presença de vertigem e nistagmo posicional. Lesão no sistema vestibular ou no nervo vestibu- lococlear. Fisioterapia vestibular, com habituação ou sensibilização do siste- ma vestibular. Fonte: Autoria Própria. Continuação Quadro 11 - Características das alterações cerebelares 58Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 09. Na avaliação da coordenação motora dos membros superio- res de um paciente acometido por Isquemia na região cerebelar afetando a via cerebrocerebelo. No teste de index-nariz vamos encontrar: 🅐 Dismetria dos movimentos. 🅑 Decomposição dos movimentos. 🅒 Disdiadococinesia. 🅓 Teste de rechaço positivo. Clique aqui para ver o gabarito da questão. Assista agora a Pocket Aula sobre Lesões Cerebelares clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_fisio_6466 59 ANOTAÇÕES 60Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I DOENÇA DE PARKINSON Quando pensamos em doenças que mais acometem os idosos, lembra- mos de algumas e uma das primeiras a serem lembradas com certeza é a doença de Parkinson (DP). Talvez o que você não saiba é que esta doença também acomete pessoas jovens. Veremos em seguida os principais mo- tivos que corroboram com essa afirmação. Sua primeira descrição aconteceu em 1817 por James Parkinson, sendo ca- racterizada como uma doença progressiva, mais comum em homens, que apresentavam lesão de neurônios dopaminérgicos na substância negra (núcleos da base) que, por sua vez, levava à redução de produção de dopa- mina, um importante neurotransmissor catecolaminérgico que tem como precursor a L-dopa, Essa, por sua vez, é responsável pela regulação de di- versas funções neuronais, como controle do movimento voluntário, ciclo sono-vigília, e aprendizado. Figura 29 - Fisiopatologia na DP Fonte: https://blogpilates.com.br/pilates-para-alunos-com-doenca-de-parkinson/ https://blogpilates.com.br/pilates-para-alunos-com-doenca-de-parkinson/ 61Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Os sintomas e alterações funcionais podem ocorrer com a presença de tremor de repouso, rigidez muscular e bradicinesia. Mais recentemente, a instabilidade postural foi incluída como pertencente ao grupo de sinto-mas clássicos da DP. Figura 30 - Esquema de principais sintomas da DP Parkinson Tremor de repouso Rigidez muscular BradicinesiaInstabilidade Postural Fonte: Autoria Própria. Figura 31 - Indivíduo com DP Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_Parkinson https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_Parkinson 62Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Quadro 13 - Sintomas e alterações funcionais da DP Sintomas Descrição Tremor de repouso O tremor tende a sumir quando o paciente realiza movimento, por ve- zes apresenta-se em um hemicorpo, porém ao progredir a doença, pode ocorrer em ambos os lados. Rigidez muscular Aumento do tônus muscular entre agonistas e antagonistas que leva a uma hipertonia plástica. Bradicinesia Caracterizada pela redução da velocidade de movimento, apresenta-se em membros, tronco e face, sendo que na última gera uma redução de- nominada “face em máscara”. O congelamento (freezing) é outra condi- ção relacionada diretamente à bradicinesia e à marcha festinada. Instabilidade postural Alterações posturais, deslocamento de centro de gravidade anterior- mente e reações de tornozelo e quadril diminuídas devido à rigidez podem estar nas características mais incapacitantes da doença, predis- pondo a quedas. Fonte: Autoria Própria. A redução da produção de dopamina pode ocorrer por outras causas, como lesões expansivas nos núcleos da base, toxicidade por drogas ou lesão vascular que causem deterioração dos neurônios dopaminérgicos podem acontecer. Neste caso, teríamos uma condição de parkinsonismo. O indivíduo apresenta sintomas similares à DP, porém como uma causa aparente. A DP pode se apresentar com variação dos sintomas, sendo as- sim foi classificada como: Quadro 14 - Subtipos da doença de Parkinson Doença de rápida progressão Doença de lenta progressão Início em idosos Início em jovens, onde predominam o tremor de repouso, bradicinesia e rigidez. Fonte: Autoria Própria. Cerca de 10% da população desenvolve precocemente o Parkinson, sen- do definida como o aparecimento dos sintomas iniciais antes dos 40 anos. Esses indivíduos geralmente têm um curso mais benigno a longo prazo. 63Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Para avaliar funcionalmente um paciente com doença de Parkinson, é ne- cessário estar atento se o mesmo não somente realiza tarefa, mas qual a velocidade que ele irá realizá-la. A marcha pode ser avaliada por meio do padrão geral e pela velocidade e distância, assim como o equilíbrio que deverá ser verificado cuidadosamente. Os principais instrumentos e es- calas relacionadas na avaliação de um paciente com DP são: Quadro 15 - Instrumentos de avaliação da doença de Parkinson Escala/Teste Descrição Unified Parkinson’s Disease Rating Scale (UP-DRS) Avalia diversos aspectos da DP e mensura de forma eficien- te o comprometimento e a incapacidade dos portadores da doença. Estado mental, comportamento e humor, atividade de vida diárias (AVD) e exame motor e complicações. Escala de Estadiamento de Hoehn e Yahr (HY) Avalia através do estágio de progressão da doença a partir de características clínicas e funcionais. Escala de Berg Avalia o equilíbrio postural. Mini BesTest Avalia o equilíbrio postural. Dynamic Gait Index (DGI) Avalia o equilíbrio durante a marcha. Freezing Of Gait Questionnaire Avalia a presença de congelamento na marcha. Timed Up and Go (TUG) Avalia mobilidade funcional Fonte: Pinto et al., 2020 O indivíduo com doença de Parkinson deverá ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar por apresentar demandas físicas, psicológicas e sociais. Apesar da levodopa diminuir a bradicinesia, sozinha ela não será efetiva no aumento do movimento ou na melhora do equilíbrio, portanto, o tratamento farmacológico associado à reabilitação almeja potencializar a funcionalidade e reduzir complicações. A Fisioterapia deve estar presen- te logo nos estágios iniciais da doença, focando na adequação da marcha, equilíbrio e flexibilidade, bem como melhora da capacidade aeróbica e da independência funcional e participação social. 64Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Figura 32 - Esquema com objetivos do tratamento de Fisioterapia na DP FisioterapiaCoordenação Controle motor Condiciona- mento Equilíbrio Marcha Força Muscular Flexibilidade Independência Funcional Fonte: Autoria Própria. Técnicas e exercícios intensivos são benéficos nos estágios iniciais da doença. O fortalecimento com resistência e exercícios aeróbicos de bai- xo impacto bem executados também são recomendados mesmo em esta- dos avançados da doença. A facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) e realidade virtual são outras opções que o fisioterapeuta pode utilizar no tratamento do paciente com DP. O uso de estímulos visuais é eficaz na luta contra episódios de congelamento e inclui usar linhas no assoalho e subir escadas. O treino de marcha em esteira melhora a velo- cidade da marcha e condicionamento cardiovascular, além de estimular o automatismo da marcha, por vezes perdido pelo indivíduo com DP, uma vez que estimula o gerador padrão central (GPC). A associação do treino orientado à tarefa e de equilíbrio é benéfico para pessoas com DP. Por fim a atividade física e o movimento parecem aumentar a qualidade de vida, diminuindo a depressão e melhorando o humor e iniciativa. 65Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I 10. A Doença de Parkinson (DP) é uma das afecções degenera- tivas do sistema nervoso central, cuja incidência varia de 1 a 2% na população acima de 65 anos. Em relação a essa afecção e à conduta fisioterapêutica para essa doença, assinale a alternati- va INCORRETA. 🅐 A terapia com estímulos visuais, auditivos e somatossensitivos faz parte da intervenção fisioterápica 🅑 Os estímulos facilitariam os movimentos, o início e a continua- ção da marcha, o aumento da cadência dos passos e a redução da frequência e intensidade dos congelamentos 🅒 Treinamento com exercícios de alta intensidade e terapia mus- cular ativa estão contra indicados para essa população. 🅓 Treinamento de marcha (sem e com estímulos externos) está indicado bem como o treinamento das atividades diárias, terapia de relaxamento e exercícios respiratórios. 🅔 Pode ser realizado treinamento em esteira com suporte do peso e treinamento do equilíbrio. Clique aqui para ver o gabarito da questão. Acesse aqui o comentário das cinco questões anteriores Assista agora a Pocket Aula sobre Doença de Parkinson clicando no ícone ao lado https://sanar.link/aula_fisio_6470 https://sanar.link/aula_fisio_6466 66 ANOTAÇÕES 67Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia | Fisioterapia Neurofuncional - Parte I Questões Comentadas (1-5) Questões Comentadas (6-10) GABARITO: 01 B 02 C 03 B 04 D 05 C 06 B 07 A 08 A 09 A 10 C Para retornar à questão em que estava, clique nos botões abaixo: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 https://sanar.link/aula_fisio_6469 https://sanar.link/aula_fisio_6470 68Curso Intensivo para Residências | Fisioterapia REFERÊNCIAS 1. ALIZADEH A, DYCK SM, KARIMI-ABDOLREZAEE S. Traumatic Spinal Cord Injury: An Overview of Pathophysiology, Models and Acute Injury Mechanisms. Front Neurol. 2019;10:1-25. 2. BRENNA PM, MURRAY GD, TEASDALE GM. Simplifying the use of prognostic information in traumatic brain injury. Part 1: The GCS- -Pupils score: an extended index of clinical severity. 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Controle Motor: teorias e aplicações práticas. 3 ed. São Paulo: Manole, 2010. © 2020 - Todos os Direitos Reservados - R. Alceu Amoroso Lima, 172 - Salvador Office & Pool, 3º andar - Caminho das Árvores, CEP 41820-770, Salvador - BA - Brasil. Tel.: 0800 337 6262 Editora Sanar LTDA - ME. CNPJ: 18.990.682/0001-92 GABARITO: REFERÊNCIAS Doença de Parkinson Lesões cerebelares Lesão Medular Acidente Vascular Cerebral Avaliação neurofuncional e CIF Neuroplasticidade e controle motor APRESENTAÇÃO Traumatismo cranioencefálico
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