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Manual de Tronco Comum Psicologia de Desenvolvimento Código A0013 Universidade Católica de Moçambique (UCM) Centro de Ensino à Distância (CED) Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), Centro de Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. Elaborado Por: António Domingos Braço Mestrado (Msc) em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Brasil Revisado por: Farissai Pedro Campira Licenciado em Psicologia Pedagogia, Mestrando em Psicologia Educacional pela Universidade Pedagógica – Moçambique. Universidade Católica de Moçambique (UCM) Centro de Ensino à Distância (CED) Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa Beira – Sofala Telefone: 23 32 64 05 Cell: 82 50 18 440 Moçambique Fax: 23 32 64 06 E-mail: ced@ucm.ac.mz Website: www.ucm.ac.mz Agradecimentos A Universidade Católica de Moçambique (UCM) – Centro de Ensino à Distância (CED) e o autor do presente manual, António Domingos Braço, agradecem a colaboração de todos que directa ou indirectamente participaram na elaboração deste manual. À todos sinceros agradecimentos. Psicologia de Desenvolvimento i Índice Visão geral 1 Benvido à Psicologia de Desenvolvimento Humano ........................................................ 1 Objectivos do curso .......................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 2 Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2 Ícones de actividade .......................................................................................................... 3 Acerca dos ícones .......................................................................................... 3 Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 4 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 5 Avaliação .......................................................................................................................... 5 Unidade N0 01-A0013 7 Tema: A Psicologia e Educação ....................................................................................... 7 Introdução ................................................................................................................ 7 Sumário ............................................................................................................................. 7 Exercícios ........................................................................................................................ 11 Unidade N0 02-A0013 12 Tema: Concepção Inatista de Desenvolvimento ............................................................. 12 Introdução .............................................................................................................. 12 Sumário ........................................................................................................................... 12 Exercícios ........................................................................................................................ 15 Unidade N0 03-A0013 16 Tema: Concepção Ambientalista de Desenvolvimento. ................................................. 16 Introdução .............................................................................................................. 16 ii Índice Sumário ........................................................................................................................... 16 Exercícios ............................................................................................................................ Unidade N0 04-A0013 20 Tema: O Associativismo ................................................................................................. 20 Introdução .............................................................................................................. 20 Sumário ........................................................................................................................... 20 Exercícios ........................................................................................................................ 22 Unidade N0 05-A0013 23 Tema: O Behaviorismo ................................................................................................... 23 Introdução .............................................................................................................. 23 Sumário ........................................................................................................................... 23 Exercícios ........................................................................................................................ 26 Unidade N0 06-A0016 27 Tema: Concepção Interaccionista de Desenvolvimento. ................................................ 27 Introdução .............................................................................................................. 27 Sumário ........................................................................................................................... 27 Exercícios ........................................................................................................................ 29 Unidade N0 07-A0016 30 Tema: O Cognitivismo. ................................................................................................... 30 Introdução .............................................................................................................. 30 Sumário ........................................................................................................................... 30 Exercícios ........................................................................................................................ 34 Unidade N0 08-A0016 35 Tema: O Gestaltismo. ..................................................................................................... 35 Introdução .............................................................................................................. 35 Psicologia de Desenvolvimento iii Sumário ........................................................................................................................... 35 Exercícios ........................................................................................................................ 37 Unidade N0 09-A0016 38 Tema: Teoria Sócio-Interacionista. ................................................................................. 38 Introdução .............................................................................................................. 38 Sumário ........................................................................................................................... 38 Exercícios ........................................................................................................................ 41 Unidade N0 10-A0016 38 Tema: O Desenvolvimento Pré-natal. .............................................................................42 Introdução .............................................................................................................. 42 Sumário ........................................................................................................................... 42 Exercícios ........................................................................................................................ 45 Unidade N0 11-A0016 46 Tema: O Desenvolvimento na Infância. ......................................................................... 46 Introdução .............................................................................................................. 46 Sumário ........................................................................................................................... 46 Exercícios ........................................................................................................................ 51 Unidade N0 12-A0016 52 Tema: O desenvolvimento na Adolescência. .................................................................. 52 Introdução .............................................................................................................. 52 Sumário ........................................................................................................................... 52 Exercícios ........................................................................................................................ 55 Unidade N0 13-A0016 56 Tema: O desenvolvimento na Adolescência. .................................................................. 56 Introdução .............................................................................................................. 56 iv Índice Sumário ........................................................................................................................... 56 Exercícios ........................................................................................................................ 58 Unidade N0 14-A0016 59 Tema: O desenvolvimento Cognitivo. ............................................................................ 59 Introdução .............................................................................................................. 59 Sumário ........................................................................................................................... 59 Exercícios ........................................................................................................................ 65 Unidade N0 15-A0016 66 Tema: O Desenvolvimento da Linguagem. .................................................................... 66 Introdução .............................................................................................................. 66 Sumário ........................................................................................................................... 66 Exercícios ........................................................................................................................ 70 Unidade N0 16-A0016 71 Tema: O desenvolvimento afectivo-motor. .................................................................... 71 Introdução .............................................................................................................. 71 Sumário ........................................................................................................................... 71 Exercícios ........................................................................................................................ 75 Unidade N0 17-A0016 76 Tema: O Desenvolvimento Moral. ................................................................................. 76 Introdução .............................................................................................................. 76 Sumário ........................................................................................................................... 76 Exercícios ........................................................................................................................ 79 Unidade N0 18-A0016 80 Tema: Diferenças Individuais. ........................................................................................ 80 Introdução .............................................................................................................. 80 Psicologia de Desenvolvimento v Sumário ........................................................................................................................... 80 Exercícios ........................................................................................................................ 82 Unidade N0 19-A0016 83 Tema: Inteligência. ......................................................................................................... 83 Introdução .............................................................................................................. 83 Sumário ........................................................................................................................... 83 Exercícios ........................................................................................................................ 85 Unidade N0 20-A0016 86 Tema: Memória ............................................................................................................... 86 Introdução .............................................................................................................. 86 Sumário ........................................................................................................................... 86 Exercícios ........................................................................................................................ 90 Unidade N0 21-A0016 91 Tema: Motivação. ........................................................................................................... 91 Introdução .............................................................................................................. 91 Sumário ........................................................................................................................... 91 Exercícios ........................................................................................................................ 92 Unidade N0 22-A0016 93 Tema: Socialização ......................................................................................................... 93 Introdução .............................................................................................................. 93 Sumário ........................................................................................................................... 93 Exercícios ........................................................................................................................ 95 Unidade N0 23-A0016 96 Tema: A adolescência e a Escola. ................................................................................... 96 Introdução .............................................................................................................. 96 vi Índice Sumário ........................................................................................................................... 96 Exercícios ........................................................................................................................ 98 Unidade N0 24-A0016 99 Tema: Necessidade Educativas Especiais. ...................................................................... 99 Introdução .............................................................................................................. 99 Sumário ........................................................................................................................... 99 Exercícios ......................................................................................................................102 Psicologia de Desenvolvimento 1 Visão geral Benvindo à Psicologia de Desenvolvimento Humano A existência humana atravessa fases bem distintas: a concepção, a infância, a adolescência, a vida adulta e a morte. Em cada uma delas o ser humano desenvolve certo aspectos peculiares e cabe, então, ao educador inteira-se dessas particularidades para que compreenda os aspectos inerentes ao processo de ensino- aprendizagem. O presente manual tem por objectivo apresentar, de forma suscinta, as principais características do desenvolvimento humano em todas as idades. Objectivos do curso Quando terminar o estudo da Psicologia de Desenvolvimento, o estudante deve ser capaz de: Explicar as fases e os processos do desenvolvimento humano, relacionando-as com os ciclos de aprendizagem. Identificar os processos referentes ao desenvolvimento cognitivo, afectivo-emocional, social e moral do ser humano. 2 Unidade Quem deveria estudar este módulo Este módulo foi concebido para todos aqueles que frequentam os cursos à distância, oferecidos pela Universidade Católica de Moçambique (UCM), através do seu Centro de Ensino à Distância (CED). Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem, um resumo da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo. Psicologia de Desenvolvimento 3 Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Acerca dos ícones Os icones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia. Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste módulo. Habilidades de estudo Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser importante planificar muito bem o seu tempo. Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho, com colegas, outros). Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc. O manual contém muita informação, algumas chaves, outras complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a 4 Unidade informação mais relevante. Use estas informações para a resolução dos exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de notas desempenha um papel muito importante. Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento. Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar, organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso. Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente. Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima. Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for da natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo número 825018440. Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode apresentar dúvidas, tratar questões administrativas, entre outras. O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me mutuamnte, reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências. Juntos na Educação à Distância, vencendo a distância. Psicologia de Desenvolvimento 5 Tarefas (avaliação e auto- avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas.As tarefas devem ser entregues antes do período presencial. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega , implica a não classificação do estudante. As trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docentes. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade cintífica e o respeito pelos direitos autorais devem marcar a realização dos trabalhos. Avaliação Vocé será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si desenvolvidos , durante o estudo individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira. Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões presenciais, eles representam 60% , o que adicionado aos 40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante concluia cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de: (a) admissão ao exame, (b) nota de exame e, (c) conclusão do módulo. Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 3 (três) trabalhos; 2 (dois) testes escritos e 1 (um) exame escrito. 6 Unidade Não estão previstas quaisquer avaliação oral. Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizadas como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a indicação das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual. Consulte-os. Alguns feedbacks imediatos estão apresentados no manual. Psicologia de Desenvolvimento 7 Unidade N0 01-A0013 Tema: A Psicologia e a Educação Introdução O surgimento da Psicologia como área científica de investigação sobre o comportamento humano veio impulsionar a Pedagogia, dando-a suporte na compreensão do ser humano, em todas as suas dimensões: fisico-motor, psíquico e afectivo e no aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem. Nesta unidade serão desenvolvidos os conceitos de Desenvolvimento, da Aprendizagem e a relação entre ambos. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Conceituar a Psicologia de Desenvolvimento. Explicar o objecto de estudo da Psicologia de Desenvolvimento. Ralacionar o Desenvolvimento com a Aprendizagem. Sumário A Psicologia e o Desenvolvimento No mundo educativo escolar parece ser concensual a ideia de que a Psicologia é uma das disciplinas científicas que mais auxilia a Pedagogia na definição de procedimentos didácticos- metodológicos que facilitam o processo de ensino-aprendizagem. No sentido etimológico o termo Psicologia é uma aglutinação de duas palavras do latim, Psyché, que significa psíquico ou mente e logia (logos) que quer dizer tratado ou ciência. Assim, a Psicologia é a ciência ou o tratado sobre a mente, ou os factos psíquicos. No entanto, ao se desvincular da Filosofia, no fim do século XIX, a evolução da disciplina esteve marcada pelo behaviorismo (do 8 Unidade inglês behavior que significa comportamento). Este facto fez com a a Psicologia fosse definida como a ciência que estuda o comportamento humano. É sob o ponto de vista metodológico que se situa a Psicologia de Desenvolvimento, sendo assim, ela é toda investigação que visa compreender o crescimento do indivíduo em todos os ciclos da sua vida, da gestação à velhice. Para Rappaport (1981a) a disciplina de Psicologia de Desenvolvimento busca a compreensão do indivíduo, através da descrição e exploração das mudanças psicológicas que se verificam com o tempo. Entenda-se por desenvolvimento o “conjunto de transformações que se sucedem ao longo do tempo nas pessoas (...)” (UNISUL, 2000:17), podendo se expressar na inteligência, no físico, na afectividade e na sociabilidade. É que ao longo da sua existência, o organismo humano vai adquirindo certas características peculiares que permitem entender seu comportamento. O desenvolvimento é inerente a todo o ser humano. Ele é fruto das relações que o indivíduo estabelece com o meio físico e social. Sendo assim, as características humanas não são apenas biologicamente herdadas, mas também, historicamente construídas. O objectivo principal da Psicologia de Desenvolvimento é “(...) estudar como nascem e como se desenvolvem as funções psicológicas que distiguem o homem [e a mulher] de outras espécies” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994: 19). Nesse sentido, o objecto de estudo da Psicologia de Desenvolvimento é a evolução da percepção, da capacidade motora, intelectual, moral e afectiva do ser humano. Para ser mais preciso a psicologia do desenvolvimento trata de estudar a dinâmica evolutiva da psique humana centrando-se nos processos intra-individuais e ambientais, pois esses processos influenciam nessa dinâmica evolutiva do ser humano. A partir desse estudo pode-se compreender que todas as manifestações humanas são fruto de uma caminhada que começa na gestação. Isto faz com que a disciplina seja de importância primordial para os educadores, pois conhecendo-se os processos internos de desenvolvimento pode-se ativá-los e aprimorar as condições de ensino-aprendizagem. Factores do Desenvolvimento Humano Segundo Davidoff (2001:417) a maturação do indivíduo, este conjunto de “padrões de comportamento que dependem fundamentalmente do crescimento do corpo e do sistema nervo” pode ser influenciado por três factores: Psicologia de Desenvolvimento 9 a) Universais. Estes são eventos comuns ao desenvolvimento de uma determinada espécie. Por exemplo, há ocorrência de situações semelhantes entre os indivíduos da espécie humana em todas as partes do mundo, que ocorrem obedecendo a mesma ordem. Por isso, todos os bebés, independentemente das circunstâncias, gatinham antes de ficarem de pé e andarem. Isso permite determinar o que é ‘normal’ ou ‘anormal’ em cada idade. Por exemplo, que seria ‘anormal’, em qualquer parte do univereso, uma criança andar sem que antes gatinhar. b) Individuais. Mesmo admitindo-se que são percorridas as mesmas etapas no desenvolvimento humano (etapas universais), os indivíduos crescem, cada um a sua velocidade, que pode ser determinada pela hereditariedade, que actua com mais ênfase nos primeiros anos da vida. No entanto, as diferenças individuias podem estar relaccionadas com o contexto sócio-cultural em que a pessoa está inserida. Por exemplo, alguns bebés, influenciadas pelas condições hereditárias podem desenvolver mais rapidamente a linguagem que outros. c) Ambientais. As experiências propiciadas pelo contexto em que o indivíduo se insere, influem na sua maturação, no desenvolvimento das habilidades motoras, psíquicas e afectivas. Em parte, os indivíduos são uma invenção das sociedades em que vivem, de onde absorvem experiências sociais, económicas e culturais a partir de processos educativos, formais, informais ou não formais. E, aqui a educação (escolar ou não-escolar) desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do ser humano. A grande discussão no campo da Psicologia diz respeito a influência de cada um desses factores no desenvolvimento humano. Assim, podemos encontrar três grupos de pesquisadores. O primeiro, que privilegia os factores universais e conclui que todos os traços para a maturação do indivíduos estão escritos em si, bastando o tempo para desenvolvê-los. O segundo, que resume o desenvolvimento humano, na gestão da ‘carga génetica’ recebida dos progenitores. E, o terceiro diz que o ser humano é fruto da sociedade em que vive, da qual aduire todas as peculiardades. Esse debate vem caracterizando a História da Psicologia. Em termo mais genéricos trata-se da controvérsia entre a natureza (a herediteriedade) e a educação (o meio). De um lado os teóricos da hereditariedade – que defenderam que “(...) os traços psicológicos eram transmitidos directamente pelos genes, de geração em geração” (SPRINTHALL, 1993:30). Por exemplo, um indivíduo que o pai fosse pastor e a mãe com um 10 Unidade Quociente de Inteligência (QI) abaixo da média não poderia aspirar a níveis de ensino superior. E de outro, os defensores do meio – como argumentavam de que “(...) toda a essência da pessoa era moldada pelo modo e circunstâncias em que o ser era criado ou educado” (ibdem). E neste sentido, qualquer criança poderia ser moldada em qualquer espécie de adulto, desde que fossem satisfeitas as condições apropriadas. A polarização desse debate tem tido repercussões extremas na educação escolar: alguns educadores consideram que a “criançanasce pronta”, assim, não valeria a pena educar certas crianças, pois pelas suas histórias, ou melhor, pela história das suas famílias, jamais poderiam alcançar níveis superiores de escolaridade e; outros, que fundamentam que a criança “é uma tábua rasa” e por isso mesmo, a sociedade poderíamos fazer dela o que bem entender. Como educador, qual seria a sua posição perante esse debate? Acha justo que as crianças sejam tratadas como “criaturas prontas” ou “tábuas rasas”? Essas e outras questões são importantes para a reflexão da relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem (e o ensino). Em síntese os factores de desenvolvimento podem ser sintetizados em dois grupos principais: a) factores endógenos (hereditariedade, maturacao neurofisiológica) e b) factores exogenos ou externos (meio ambiente, alimentação, a educação) O Desenvolvimento e a Aprendizagem Nesse curso adopta-se a concepção de que o desenvolvimento humano resulta de causas múltiplas, ou seja, da hereditariedade em interacção com o meio, em função do tempo. Por isso, a aprendizagem assume um papel primordial no desenvolvimento humano. A aprendizagem entendida aqui como o processo a partir do qual o indivíduo se apropria de conteúdos da experiência humana de um grupo social, estabelece-se em duplo sentido: (a) acontece tendo em conta a maturidade e (b) amadurece o indivíduo, “para aprender conceitos, generalizações, conhecimentos, a criança deve formar acções mentais adequadas” (LEONTIEV, apud, DAVIS e OLIVEIRA, 1994:20) e, quando a criança mais aprende mais se desenvolve. Por isso, muitos teóricos consideram que certas etapas de desenvolvimento humano são mais propícios para a aprendizagem de determinados objectos e conceitos. É neste sentido que ocorre a relação entre a Psicologia de Psicologia de Desenvolvimento 11 Desenvolvimento e de Aprendizagem: a Psicologia de Desenvolvimento ao ter como foco o surgimento e o amadurecimento das funções psicológicas superiores (aquelas que diferenciam o ser humano de outros seres) auxilia a Psciologia da Aprendizagem, no estudo do complexo processo de apropriação de conhecimentos pela criança. Portanto, a Psicologia do Desenvolvimento é uma disciplina inerente a formação do educador, pois ela expõe as habilidades, capacidades e limitações de cada faixa etária nos vários aspectos do ser humano (motores, emocionais, intelectuais, sociais, etc.), o que pode ajudar no desenho dos programas escolares, das metodologias de ensino e em todas as actividades pedagógicas (RAPPAPORT, 1981a). Exercícios Auto-avaliação 1 – Por que é que a disciplina de Psicologia de Desenvolvimento é importante para a formação docente? Resposta: Porque conhecendo-se os processos internos de desenvolvimento humano, a evolução da sua percepção, da sua capacidade motora, intelectual, moral e afectiva pode-se activá- los e aprimorar as condições de ensino-aprendizagem. 12 Unidade Unidade N0 02-A0013 Tema: Concepção Inatista de Desenvolvimento Introdução Toda teoria de desenvolvimento apoia-se em uma concepção do ser humano e de mundo. Nos primórdios da história da humanidade considerava-se que os factores externos não influenciavam no desenvolvimento humano. Nesta unidade pretende-se aprofundar a compreensão das teorias inatistas e o seu impacto no campo educacional. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Explicar a concepção inatista de desenvolvimento; Mostrar as implicações do inatismo na educação. Sumário O Inatismo Todos os teóricos inatistas enfatizam a importância de factores endógenos. Por exemplo, sob o ponto de vista da Filosofia afirma-se a existência de idéias inatas e, na linguística, destaca-se que os conhecimentos essenciais para o domínio da linguagem não são adquiridos, pois já fazem parte da estrutura cognitiva que é comum em toda a espécie humana. O pensamento inatista tem dupla origem: Psicologia de Desenvolvimento 13 a) Na Teologia – a partir da ideia de que Deus é o Criador do Ser Humano e tudo o que o indivíduo tem depende da “Graça Divina” e; b) Nas Teorias Evolucionistas – de Darwin, Embrionária e Genética. Para Darwin o papel do ambiente no desenvolvimento humano é limitado, as mudanças graduais e cumulativas no desenvolvimento das espécies decorreriam de “variações hereditárias que fornecem vantagens adaptativas em relação às condições ambientais prevalecentes (...) só os mais aptos de uma determinada espécie – aqueles capazes de se adaptar ao meio sobreviveriam” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:28). Porém, a teoria de Darwin teria sido mal interpretada pelos inatistas que a usaram como base de sua fundamentação teórica, suprimindo dela as experiências individuais, que são fruto de contextos socioculturais. Os conhecimentos de embriologia também alimentaram o pensamento inatista. A embriologia considera que as sequências do desenvolvimento seriam praticamente invariáveis e “(...) reguladas por factores endógenos, ou seja, de origem interna” (idem). E isso supõe que o desenvolvimento intra-uterino ocorre em um ambiente fisiológico relativamente constante e isolado de estimulações externas. E, consequentemente, após o nascimento, consideram os inatistas que toda a experiência individual não teria impacto sobre o organismo, podendo ser desprezada. E, os inatistas encontram sua sustentação teórica na Genética ao se referir que “(...) todos os traços psicológicos eram transmitidos directamente pelos genes, de geração para geração”. (idem, p.30) e, portanto, nada poderia ser acrescido a partir de factores externos ao indivíduo. No campo da Psicologia a concepção inatista parte do pressuposto de que tudo o que ocorre após o nascimento não influi no desenvolvimento do indivíduo. Sendo assim, a educação e o ambiente em geral não exerceriam qualquer impacto no processo de desenvolvimento espontâneo do indivíduo. Isso porque se considera que o ser humano nasce pronto, a educação e o ambiente apenas aprimoram aquilo que ele virá a ser. Nessa perspectiva: As qualidades e capacidades básicas de cada ser humano – sua personalidade, seus valores, hábitos e crenças, sua forma de pensar, suas reações emocionais e mesmo sua conduta social – já se encontrariam 14 Unidade basicamente prontas e em sua forma final por ocasião do nascimento, sofrendo pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma transformação ao longo da existência (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:27). O que quer dizer que os seres humanos nascem com todas as predisposições para tudo o que irão ser. É a lei do destino. Implicações Educacionais da Concepção Inatista de Desenvolvimento A concepção inatista de desenvolvimento tem grande impacto nos processos educativos. No sentido mais extremo, essas teorias anulam a acção do meio e, consequentemente, da educação no processo de desenvolvimento humano. Na escola a concepção inatista se manifesta através de conceitos como aptidão (disposição natural), prontidão (pré-condição para agir) e quocientes de inteligência (índice que mede a capacidade intelectual dos indivíduos. Esses conceitos alimentam os preconceitos na sala de aula. Ao considerarem que as diferenças são apenas fruto da hereditariedade, como sendo “algo dado” pela natureza, ou que os genes herdados dos pais seriam responsáveis para a inteligência e pela motivação, essas teorias contribuíram para o fomento da discriminação em ambientes escolares. Por exemplo, crianças cujos pais são pobres e exercendo actividades que não exigem grandes capacidades intelectuais não poderiam freqüentar a universidade e indivíduos “incapazes” de realizar certas actividades seriam “podadas” da escola sob o ditado de que “pau que nasce torto morre torno”, portanto, nada haveria para endirectá-lo.Psicologia de Desenvolvimento 15 Exercícios Auto-avaliação 1 – Quais são as consequências da concepção Inatista de Desenvolvimento nos processos educativos escolares? Resposta: A concepção Inatista de desenvolvimento pode fomentar a discriminação no espaço escolar, ao considerar que alguns indivíduos tem aptidão para aprender e outros não, o professor poderá se excluir e responsabilizar os alunos pelo fracasso escolar. 16 Unidade Unidade N0 03-A0013 Tema: Concepção Ambientalista de Desenvolvimento. Introdução O desenvolvimento e a apendizagem seriam meramente influenciados por factores endógenos, inatos? Os que defendem a concepção ambientalista de desenvolvimento vem dizer que o ser humano é fruto da sua interacção com o meio ambiente. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Explicar a concepção ambientalista de desenvolvimento. Mostrar as implicações da concepção ambientalista na Educação. Sumário O Meio como factor de Desenvolvimento Humano A concepção ambientalista de desenvolvimento parte do pressuposto de que o ambiente é responsável pelo desenvolvimento humano, neste sentido, o indivíduo é reactivo à acção do meio. A teoria ambientalista tem como base filosófica o empirismo, que dá ênfase a experiência sensorial na construção do conhecimento. Um dos expoentes máximos do empirismo foi o filósofo Inglês John Locke (1632-1704), que desenvolveu em sua tese a idéia de Psicologia de Desenvolvimento 17 que a mente é uma tábua rasa sobre a qual se escreve a experiência. Nesta óptica, o ambiente, ou o meio seria o elemento mais importante para o desenvolvimento do ser humano. Daí que os ambientalistas considerem que “o homem [e a mulher] é concebido como um ser extremamente plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:30). Na verdade, para os defensores da concepção ambientalista de desenvolvimento “(...) o bebé não é mais do que um pedaço de barro que pode ser moldado e trabalhado pelas mãos de um mestre artesão, ou seja, o meio, de forma a ficar na forma que se pretenda” (SPRINTHALL, 1990:31). Isso significa dizer que os seres humanos não nascem assim, eles são construídos, são condicionados a ser assim, pelas mãos do ambiente em que estão inseridos. Desta forma, John Broadus Watson (1878-1958) – psicólogo americano e considerado o fundador e principal teórico do behaviorismo – “acreditava que as pessoas eram feitas, não nasciam; um bebé pode ser moldado de modo a vir a ter qualquer forma adulta – artista de trapézio, músico, criminoso – através do uso de técnicas de condicionamento” (ibidem). Um dos principais defensores da teoria ambientalista na Psicologia é Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), psicólogo americano. Skinner propõe uma ciência de comportamento e defende que o ambiente “é mais importante do que a maturação biológica. Na verdade, são estímulos presentes numa dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento” (idem, p.31). Conceitos chaves na teoria ambientalista: estímulo, reforço e extinção Os conceitos de estímulo, reforço e extinção são deveras importantes no entendimento da teoria ambientalista. Assim, estímulo é um elemento presente no ambiente, que manipulado pode controlar o comportamento de um indivíduo, fazendo com que apareça ou desapareça em situações consideradas adequadas, ou fazendo que com o comportamento seja refinado ou aprimorado. Considera-se que no geral os indivíduos buscam maximizar o prazer e minimizar a dor. É esse processo pode ser estimulado por algo que se encontra no meio (ambiente). 18 Unidade Sendo assim, as conseqüências ou os resultados positivos da mudança de comportamento são denominadas de reforço. Este aumenta a frequência da manifestação de um determinado comportamento. E a extinção é o procedimento a partir do qual comportamentos inadequados são eliminados totalmente nos indivíduos, “nele o objetivo é quebrar o elo que se estabeleceu entre o comportamento visto como indesejável e determinadas conseqüências do mesmo” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:32). Portanto, a pessoa é resultado de aprendizagens realizadas ao longo da vida, a partir de estímulos que reforçam ou punem seus comportamentos anteriores, pois “quando os comportamentos modelos são reforçados, tende-se a imitá-los e quando são punidos, procura-se evitá-los” (ibidem). E o comportamento é sempre resultado de associações que são estabelecidas entre algo que o provoca – neste caso um estímulo antecedente – e algo que segue e o mantém – ou seja, um estímulo conseqüente. Outro conceito importante é o de generalização que é o fenómeno a partir do qual, certo comportamento é associado a determinados estímulos e tendem a reaparecer na presença de estímulos semelhantes. Implicações educacionais da concepção ambientalista de desenvolvimento Em termos educacionais a visão ambientalista de desenvolvimento concebe a aprendizagem “como processo pelo qual o comportamento é modificado como resultado da experiência” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:33). Assim, o ensino e a aprendizagem seriam processados por meio da manipulação dos estímulos que antecedem ou sucedem o comportamento. Em termos educacionais essa concepção pode trazer vantagens e desvantagens. São vantagens da concepção ambientalista de desenvolvimento no processo educativo escolar: a) A valorização da planificação do ensino; b) A clareza nos objectivos, sequências de actividades. Psicologia de Desenvolvimento 19 c) A valorização do papel do professor, que reforça o comportamento dos alunos através de elogios, notas, diplomas, etc. E, entre as desvantagens pode-se destacar: a) A concepção da educação como tecnologia, em que o professor domina a programação do ensino a partir de uma fórmula-padrão; b) A visão do ser humano como criatura passiva face ao ambiente, que pode ser manipulado e controlado pela alteração das situações em que se encontra; c) A desvalorização da aprendizagem espontânea e da cooperação entre as crianças. Entre as teorias de aprendizagem que se alimentam da concepção ambientalista de desenvolvimento estão o Associativismo e o Behaviorismo. E estas teorias serão desenvolvidas nas próximas unidades. Exercícios Auto-avaliação 1 – Em que consiste a concepção ambientalista de desenvolvimento humano? Resposta: A concepção Ambientalista de desenvolvimento humano consiste na ideia de que o desenvolvimento humano está em função das condições oferecidas pelo meio ambiente em que o indivíduo se encontra, de tal modo que concebe o bebé como um pedaço de barro que pode ser moldado pelo meio. 20 Unidade Unidade N0 04-A0013 Tema: O Associativismo Introdução Umas das repercurssões da teoria ambientalista de desenvolvimento são a concepção de que a aprendizagem decorre da associação entre um estímulo e a resposta do indíviduo. Daí nasce a teoria associativista que faz parte do conteúdo desta unidade. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Explicar a teoria associativista no processo de ensino-aprendizagem Descrever as implicações educacionais do associativismo. Sumário O Associacionismo Esses teóricos consideram que a aprendizagem é resultado da formação de conexões entre estímulos e respostas observáveis. Edward Lee Thorndike “via a aprendizagem como uma série de conexões e vínculos estímulo-resposta (E-R)” (SPRINTAHALL, p.209). Sua teoria descreve as formas em que as conexões são estabelecidas (fortalecidas ou enfraquecidas). “Achava que a aprendizagem era, basicamente, um empreendimento de tentativas e erros e prestou pouca atençãoà possibilidade de formação de conceito e de pensamento” (idem, p.209); Psicologia de Desenvolvimento 21 Thorndike formulou três leis fundamentais de aprendizagem: a) A lei da prontidão: quando o organismo se encontra num estado em que as unidades de transmissão (as conexões E-R) estão prontas a transmitir, então a transmissão é satisfatória, ao contrário ela será perturbada. Ele se refere a prontidão neurológica e não maturacional. b) A lei do exercício (uso e desuso): quanto mais uma conexão E-R for utilizada, mais forte se tornará, quanto menos for utilizada mais fraca se tornará” e esclarece que a prática apenas melhora se for seguida de uma informação retroactiva positiva (conseqüência sobre o acto). c) A lei do efeito: uma conesão E-R é fortalecida se for seguida de satisfação (recompensa). Do mesmo modo, uma conexão é enfraquecida se for seguida de um aborrecimento (punição). A partir das leis de Thorndike começou a ser realçado a importância da motivação na educação. O russo Ivan Pavlov (prémio Nobel da medicina em 1904) notou que os cães salivavam, não só quando a carne era directamente colocada nas suas bocas, mas também antes disso (ao som de passos, sinos...). Para descrever esse fenômeno criou a expressão “reflexo condicionado”, que é fruto de um estímulo incondicionado, tal como acontece quando uma luz forte incide sobre os olhos e a pessoa os fecha, ou quando a carne é colocada na boca do cão e esse começa a salivar. Ele notou também que se um estímulo neutro – que por si só não desencadeia determinada resposta – for repetidamente associado a um estímulo incondicionado – que automaticamente desencadeia uma determinada resposta – o estímulo neutro acaba por adquirir o poder de desencadear a resposta. A esse processo chamou o nome de condicionamento clássico. Exemplo do cão que saliva ao som do sino. O cão associa o som à carne. A carne seria o estímulo incondicionado (EI) pois origina uma resposta que não depende da experiência ou aprendizagem anterior. O som ou sinal denomina-se de estímulo condicionado (EC), pois a resposta que dá origem precisa ser aprendida. A salivação à carne chama-se resposta incondicionada (RI) e a salivação ao som resposta condicionada (RC). Outro conceito importante desenvolvido por Pavlov refere-se a Generalização do Estímulo. Isso acontece quando “quando um estímulo condicionado é associado a um reflexo, outros estímulos similares também adquirem o poder de dar a resposta” (SPRINTHAL, 1993:212). O estímulo condicionado inicial generaliza-se e o organismo começa a 22 Unidade responder a outros estímulos que, de algum modo, se assemelham ao inicial. Implicações Educacionais do Associativismo Muitos teóricos defendem que “mas das razões pela qual os educadores precisam de conhecer o condicionamento é que um grande número de reflexos autônomos podem ser condicionados ao longo de toda a escolaridade” (SPRINTHALL, 1993:211). O aluno, por exemplo, pode ser condicionado a ter medo da Matemática, da Biologia, da Física, etc. Nesse sentido, o medo é associado a uma experiência real acontecida em sala de aula. Em termos de generalização dos estímulos, uma criança que foi condicionada a ter medo de matemática pode generalizar esse medo a outras disciplinas escolares. O processo que quebra a associação entre um estímulo e uma resposta condicionada chama-se de extinção. Alcança-se a extinção quando o EC perde o seu poder de evocar a RC; isso é conseguido com a apresentação repetida do EC sem se seguir o EI. Exercícios Auto-avaliação 1 – Explica o que é o Condicionamento clássico? Resposta: Condicionamento Clássico é o processo a partir do qual um estímulo neutro – que por si só não desencadeia determinada resposta – é repetidamente associado a um estímulo incondicionado – que automaticamente desencadeia uma determinada resposta – o estímulo neutro acaba por adquirir o poder de desencadear a resposta. Psicologia de Desenvolvimento 23 Unidade N0 05-A0016 Tema: Behaviorismo Introdução Para os behavioristas aprender é mudança de comportamento. Essa teoria tem grandes implicações no campo da educação, pois e a partir dela que surge a dicotomia entre o ensino e a aprendizagem e consequentemente, entre o professor e o aluno. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Explicar a aprendizagem behaviorista; Descrever as implicações educacionais da concepção behaviorista de aprendizagem. Sumário O Behaviorismo Burrhus Frederik Skinner (1904-1990) de uma linhagem comportamentalista-associacionista defende uma Psicologia de comportamento totalmente ligada ao meio. Ou seja, “é o meio que causa as mudanças no comportamento, porque as conseqüências da resposta influenciam a acção futura e porque estas consequências ocorrem no meio exterior. Tudo o que a pessoa faz, ou pode fazer no futuro, é um resultado directo da sua história única de reforços e punições” (SPRINTHAL, 1993:226). Essa teoria enfatiza a psicologia de um ‘organismo vazio’, uma psicologia em que as condições do meio (estímulos) se associam a e afectam o repertório de respostas do organismo. 24 Unidade Para Skinner, a mente não é relevante para a compreensão da razão porque as pessoas se comportam desta ou daquela maneira, pois considera que “a aprendizagem é uma associação entre estímulo (E) e resposta (R), embora nem sempre por esta ordem, realçando também as associações R-E como associações E-R, isto é, verificou que o condicionamento ocorre quando a resposta é seguida de um estímulo reforçador” (idem, p. 226). Reforço Skinner retoma a lei de efeito (de Thorndike) – que afirma que a aprendizagem é uma associação entre um estímulo e uma resposta resultante da conseqüência de um acto – e denomina-a de reforço. Só que na concepção de Skinner o reforço não oferece ao indivíduo que aprende uma recompensa, nem lhe proporciona um sentimento de satisfação, tal como propunha Thorndike, mas ele é medido e observado. O Reforço Positivo – É qualquer estímulo que, quando acrescentado à situação, aumenta a probabilidade de ocorrência da resposta. O Reforço Negativo – é qualquer estímulo que, quando retirado da situação, aumenta a probabilidade de ocorrência da resposta. Em ambos casos não se faz menção da subjectividade e ao prazer. O seu principal objectivo é aumentar a probabilidade de ocorrência da resposta Condicionamento Clássico Tal como no associativismo, a teoria behaviorista tem no condicionamento clássico um dos seus principais pressupostos. O Condicionamento Clássico é o processo de aprendizagem que se baseia na associação de um estímulo condicionado e um estímulo natural, de modo que o individuo reaja ao estímulo condicionado do mesmo modo que reage ao estímulo natural. Um exemplo clássico é o da experiência de Pavlov com um cão (referida na teoria associativa, unidade 4). O cão foi condicionado a salivar como reacção ao som de uma campainha, aprendeu a dar resposta a um estímulo não adequado e adquire uma nova conduta. Psicologia de Desenvolvimento 25 A aquisição seria o processo de associação do estímulo condicionado (EC) e do estímulo incondicionado (EI), de modo a ser aprendida a resposta condicionada, Durante o condicionamento podem ocorrem os seguintes processos: a) extinção, que é a eliminação da resposta pretendida, pela apresentação repetida do estímulo condicionado sema presença o estímulo incondicionado; b) Recuperação espontânea – que é o aparecimento temporário de uma resposta extinta, após algum tempo; c) Recondicionamento – apresentação de um novo reforço (EI), associado ao estímulo condicionado (EC) que aumenta a resposta; d) Reextinção – a diminuição da resposta pela apresentação apenas do estímulocondicionado; e) Generalização do estímulo – processo que consiste em estender a resposta aprendida a novos estímulos que se assemelham ao estímulo usado no treino e; f) discriminação – processo que consiste em estabelecer diferenças entre estímulos semelhantes, respondendo-lhes de modo diversificado. Condicionamento Operante É o processo de aprendizagem dinamizado pela obtenção do reforço e que é baseado na sua associação á resposta operante. Se no condicionamento clássico é o sujeito que responde a estímulos, no condicionamento operante é o sujeito que toma iniciativa de modo a obter recompensa. Skinner observou o comportamento de um rato colocado numa caixa, a um dado momento ele começa a explorar o ambiente, cheira, arranha, locomove, Pará, ergue-se, etc., até que, pro acaso, acciona uma alavanca e cai um alimento. A tendência foi de que o rato repetia a pressão a alavanca para obter alimento. Nesta experiência existe uma associação entre a resposta operante (premir a alavanca) e o reforço (alimento. Assim a aprendizagem foi condicionada. O reforço é um estímulo agradável que, ao surgir em conseqüência de um comportamento, aumenta a sua ocorrência. O reforço pode ser positivo quando o estímulo apetecível aumenta a freqüência do comportamento ou negativo, quando a retirada de um estímulo aversivo aumenta a ocorrência do comportamento. 26 Unidade Implicações educacionais da teoria behaviorista de aprendizagem Para os behavioristas aprender é mudar o comportamento. Neste sentido a principal tarefa do professor é ensinar, ou seja, estimular a mudança de comportamento do aprendente, o aluno. No campo da educação escolar o behaviorismo alimenta as considera ‘pedagogias tradicionais’ nas quais o professor é o principal agente do processo educativo, ele explica, dita, fala, manda, deposita o conteúdo a um aluno que é passivo, que apenas escuta, faz, obedece e assimila o conteúdo. Paulo Freire denominou-a de educação bancária, na medida em que o aluno se transforma em um depósito de conteúdos, em um ‘banco’. No acto da avaliação o aluno deve ‘vomitar’ o conteúdo tal e qual o aprendeu, com os pontos, as vírgulas e incluindo os suspiros do professor. A aprendizagem, deste modo, não é significativa. Exercícios Auto-avaliação 1 – Quais são as implicações educacionais do behaviorismo? Resposta: Os behavioristas acreditam que a aprendizagem é fruto apenas da relação do indivíduo com o meio e consideram um aluno como uma tábua rasa, ou uma garrafa vazia, na qual o professor deposita o conteúdo, que durante a avaliação deve ser devolvido, tal e qual como foi entregue. Por isso, não promove a aprendizagem significativa. Psicologia de Desenvolvimento 27 Unidade N0 06-A0013 Tema: Concepção Interaccionista de Desenvolvimento Introdução Será que o desenvolvimento humano é nato, apenas? Ou é fruto somente da acção do meio? Neste unidade, será explica a teoria que estabelce a relação dialética dos factores endógenos e exógenos no desenvolvimento humano, a concepção interaccionista do desenvolvimento. De entre vários interacionistas como Vygotsky, Bruner, Ausebel, tomamos em conta a teoria interaccionista de Piaget como suporte teórico. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os pressupostos principais da teoria interaccionista de desenvolvimento. Descrever as principais implicações educacionais do interaccionismo. Sumário Desenvolvimento como fruto da interacção entre o Organismo e o Meio Para os interaccionistas o desenvolvimento humano não é apenas inato, nem apenas fruto da ação do meio, eles destacam que “(...) o organismo e o meio exercem ação recíproca. Um influencia o outro e essa interação acarreta mudanças sobre o indivíduo” (DAVIS e OLIVEIRA, 1994:36). 28 Unidade A concepção interaccionista de desenvolvimento apóia-se, portanto, na idéia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido passivamente graças às pressões do meio. Essa concepção é secundada por Jean Piaget que sustenta que o desenvolvimento envolve um processo contínuo de trocas entre o organismo vivo e o meio ambiente. Conceitos principais na teoria interacionista de desenvolvimento Segundo Davis e Oliveira (1994) os conceitos principais desta teoria são: a) Equilíbrio – a concepção de que todo organismo vivo – quer seja uma ameba, um animal, uma criança – procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação com seu meio, agindo de forma a superar perturbações na relação que ele estabelece como o meio. b) Equilibração – que é o processo dinâmico e constante do organismo em busca de um novo e superior estado de equilíbrio. Assim, o desenvolvimento cognitivo é resultado de constantes desequilíbrios e equilibrações, o aparecimento de uma nova possibilidade orgânica no indivíduo ou a mudança de alguma característica do meio ambiente, por mínima que seja, provoca a ruptura do estado de repouso – da harmonia entre o organismo e meio – causando desequilíbrio. c) Assimilação – é mecanismo a partir do qual o organismo – sem alterar suas estruturas – desenvolve ações destinadas a atribuir significações, a partir da sua experiência anterior, aos elementos exteriores com os quais interage. d) Acomodação – é o mecanismo através do qual o organismo tenta restabelecer um equilíbrio superior com o meio ambiente. Neste momento, o organismo é impelido a se modificar, a se transformar para se ajustar as demandas impostas pelo ambiente. Psicologia de Desenvolvimento 29 Implicações educacionais da teoria interaccionista de desenvolvimento A partir da concepção interaccionista de desenvolvimento surgem teóricos que explicam os processos educativos a partir de uma relação intrínseca entre o ensino e a aprendizagem, como unidades indissociáveis. A aprendizagem é vista, assim, não apenas como uma qualidade inata do aluno e muito menos como uma operação somente do professor, mas ela é fruto da interacção entre o professor e o aluno, entre o organismo e o meio, ou mesmo, entre o sujeito e o objecto a ser aprendido. Neste sentido, os professores valorizam os conhecimentos e as experiências dos alunos, pois eles têm consciência de que estes sabem algo dos conceitos que vão ser aprendidos. O professor não se considera um ‘sabe tudo’ e muito menos como o dono do conhecimento. A aprendizagem será mais significativa. Exercícios Auto-avaliação 1 – Em que consiste a teoria interaccionista de desenvolvimento? Quais são as suas implicações educacionais? Resposta: A teoria interaccionista de desenvolvimento consiste na ideia de que o desenvolvimento humano é fruto da interacção entre o organismo e o meio. Em termos dos processos educativos considera-se o conhecimento e as experiências dos alunos como dados importantes na assimilação de novos conceitos. 30 Unidade Unidade N0 07-A0013 Tema: Cognitivismo. Introdução Uma dos grandes resultados da concepção interaccionista de desenvolvimento e a teoria cognitivista de aprendizagem a ser detalhada nesta unidade. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Explicar os pressupostos da teoria cognitivista de aprendizagem; Identificar os principais teóricos da aprendizagem cognitiva; Descrever as implicações educacionais da aprendizagem cognitiva. Sumário O cognitivismo Para os cognitivistas o papel do ensino é aumentar o número de conhecimentos dos alunos. A aprendizagem é vista como um processo activo do aprendiz. Normalmente a aprendizagem é por Insight “processo que ocorre quando se dá a compreensão rápidae inesperada dos dados de um problema e da forma de organizar para p resolver” (ABRUNHOSA e LEITÃO, 2009:161) Os defensores da concepção interaccionistas de desenvolvimento acreditam que diante a relação do indivíduo com o meio, este é capaz de recolher, selecicionar, processar e armazenar informações através de seus próprios processos mentais. Psicologia de Desenvolvimento 31 Aprender é assim, compreender e resulta da capacidade humana de adquirir, transformar e avaliar informações que obtemos da nossa experiência com o mundo. Bruner e a aprendizagem por descoberta Bruner, um dos psicólogos de desenvolvimento enfatiza a aprendizagem por descoberta e afirma que “qualquer disciplina pode ser ensinada efectivamente com alguma honestidade intelectual a qualquer criança em qualquer estágio de desenvolvimento” (apud, MWAMWENDA, 2004:185). Desde que se respeite o grau de maturidade intelectual do aluno por isso ele advoga um currículo em forma de aspiral em que o mesmo conteudo seria abordado em diferentes estagios de forma gradual. E a descoberta não significa necessariamente descobrir o conhecimento que é desconhecido por toda a gente, mas a descoberta do conhecimento pelo próprio sujeito aprendente. Em vez, de revelar aos alunos os grandes conceitos e princípios que eles esperam aprender nas aulas, o educador deve dar-lhes a oportunidade de descobrirem por eles mesmos, atraves de pesquisas, experiencias, visitas de estudo na comunidade e mais actividades criativas ao aluno. O papel do educador é o de facilitar o processo. Na aprendizagem por descoberta o aluno é principal sujeito e exige- se a sua participação activa e, assim ela é benéfica porque possibilita aos alunos a retenção de informações por muito tempo e a capacidade de transferi-los. Para Bruner (apud MWAMWENDA, 2004) a aprendizagem cognitiva compreende os seguintes princípios: a) Motivação: a predisposição para aprender, que se reflete na curiosidade e no desejo de explorar e descobrir; b) Estrutura: a que são as capacidades de compreensão da criança, aquilo que ela já sabe; c) Sequência: a organização do conteúdo de forma seqüencial, que influi na distribuição das disciplinas e no calendário da escola. d) Reforço: o encorajamento ao aluno através de notas altas, sorrisos e elogios. Bruner propõe assim que o educador é o que dá a oportunidade do educando construir seus próprios conceitos (Princípio do Construtuvismo). E educando deve pensar, aprender a resolver 32 Unidade problemas de forma independente. O educador dá o feedback (retorno) aos educandos sobre o seu desempenho. Ausubel e a Aprendizagem Significativa Também na perspectiva cognitivista David Ausubel (nasceu nos EUA em 1918) defende a aprendizagem por recepção ou aprendizagem significativa. Ausubel acredita que a aprendizagem é fruto do que o educando aprende na relação com o que já sabe. Aprendizagem por recepção significa que o educador deve disponibilizar toda a informação, para que ela seja significativa, por se assentar no que os alunos já sabem. Toda informação é significativa quando ela se relaciona com uma experiência do passado, presente ou futuro da criança. Ausubel defende três tipos de aprendizagem significativa: 1. Aprendizagem significativa por subordinação Isso acontece quando o que será ensinado é mais específico, mais particular ou menos abrangente do que aquilo que o aluno conhece. Por exemplo, o conceito de cobra (específico) subordina-se a classe mais abrangente (repteis). O novo conceito pode servir de exemplo directo de um conceito mais amplo, já conhecido pelo aluno – daí seria subordinação directiva. Ou a nova idéia, além de se subordinar a um conceito mais global ou abrangente, amplia- o- subordinação correlativa. 2. Aprendizagem por supra-ordenação Acontece quando as novas idéias, conceitos ou preposições que serão ensinados têm um grau maior de generalidade, são mais abrangentes do ponto de vista conceituação, do que os conhecimentos prévios dos alunos. Assim, o aluno desenvolve um raciocínio indutivo para supra-ordenar esses conceitos, a partir de exemplos particulares, o aluno alcança a classe geral dos conceitos. A partir do exemplo que rasteja, o aluno pode chegar a classe dos repteis. 3. Aprendizagem por combinação Psicologia de Desenvolvimento 33 Acontece nas situações de aprendizagem em que o que está a ser aprendido não é mais específico nem é mais abrangente do que aquilo que o aluno sabe sobre o assunto. Por isso, acontecem as duas aprendizagens anteriores. Condições para a Aprendizagem Significativa Ausubel (apud MWAMWENDA, 2004:189) propõe as seguintes condições para a ocorrência de uma aprendizagem significa: a) Avaliação da aptidão: a investigação sobre a vida do educando – idade, capacidades, isso pode acontecer a partir da avaliação e de testes; b) Selecção de material: o educador deve concentra-se no que é central sobre um tema, começar a partir da experiência do educando e ir além do que o manual, utilizando outras fontes, como jornais, revistas, relatos pessoais, etc. c) Identificação de princípios organizadores: determinar os conceitos fundamentais da aula. d) Apresentação de uma perspectiva geral: que seriam os conceitos principais ou gerais a serem enfatizados ao longo da aula; e) Utilização dos organizadores avançados: articulação dos conhecimentos novos com os antigos, que pode ser realizada através da revisão da aula anterior; f) Destaque dos princípios de conceitos: exercitar a capacidade de questionar, discutir, explicar e rever para a que aprendizagem não seja mecânica; g) Foco nas relações: o foco da aula é o que está a matéria que está a ser ensinada, a relação desse conhecimento com outras matérias e com a vida real. Actualmente, a aprendizagem significativa é preferida porque possibilita melhor relação entre o contexto escolar e a vida real e ajuda a melhorar o desempenho dos educandos. 34 Unidade Exercícios Auto-avaliação 1 – Explica o processo de aprendizagem significativa de Ausubel? Menciona as condições de ocorrência. Resposta: A aprendizagem significativa na perspectiva de Ausubel acontece quando o professor consegue disponibilizar informações que fazem com que o aluno relacione-as com o seu passado (suas experiência e aquilo que ele já sabe). As condicções para a sua realização são: Avaliação da aptidão, Selecção de material, Identificação de princípios organizadores, apresentação de uma perspectiva gera, utilização de organizadores avançados, destaque dos principais conceitos e foco nas relações. Psicologia de Desenvolvimento 35 Unidade N0 08-A0013 Tema: Gestaltismo. Introdução Os gestaltistas defendem a ideia de que o indivíduo aprende a partir do todo, por isso, preocupam-se com a percepção das formas e formatos a partir de uma visão global. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os pressupostos teóricos da teoria do gestalt; Descrever as implicações educacionais da teoria de gestalt. Sumário A Aprendizagem Gestalt Gestalt é uma palavra de origem alemã que significa organização ou configuração. Os psicólogos da Gestalt estão mais interessados pela percepção e pelo comportamento como um todo. Eles argumentam que “um determinado objecto é compreendido através da sua visão global, e não pela análise detalhada de cada aspecto particular” (MWAMWENDA, 2004: 196). Os teóricos da Gestalt também primam por uma aprendizagem cognitiva, mas eles apresentam nova visão que os faz serem tratados de forma separada. 36 Unidade Leis da Aprendizagem Gestalt Mwamwenda (2004) apresenta as seguintes leis da aprendizagem Gestalt: 1. Lei da Proximidade: partes queestão próximas no tempo e no espaço tende a ser percebidos em conjunto. 2. Lei da Semelhança: partes semelhantes são vistas em conjunto como que a formar um grupo; 3. Lei do Fechamento: as pessoas têm a tendência perceptiva para completar figuras incompletas; 4. Lei de Continuidade: figuras e desenhos serão completados da mesma maneira com são apresentados; 5. Lei do Pragmatismo: todos os eventos psicológicos têm potencial para serem significantes, assim com simples e complexos. Teoria de Campo de Kurt Lewin Kurt Lewin baseando-s nos princípios da Física aplicados à Psicologia elaborou a teoria do campo. Na sua análise o campo “é um sistema dinâmico e inter-relacionado, onde qualquer uma das partes influencia as restantes” (MWAMWENDA, 2004:200). Isso significa que o que acontece com uma pessoa pode afectá-lo em mais de uma forma. Assim, o comportamento é resultado da situação tal como ela é percebida pelo indivíduo, e pela forma como o indivíduo a relaciona com os propósitos e as necessidades. Kurt denomina de campo cognitivo a forma como o indivíduo percebe o ambiente em que se situa. E espaço de vida é a percepção e experiência do mundo, em conjunto com os objectivos e as barreiras a esses mesmos objectivos (MWAMWENDA, 2004). O espaço da vida seria a Pessoa e o seu Ambiente. O comportamento da pessoa é determinado por esse espaço. Psicologia de Desenvolvimento 37 Implicações educacionais da teoria de campo A compreensão do comportamento dos educandos depende da descoberta pelo educador do seu espaço de vida. Muitos problemas de relacionamento entre educadores e educandos podem advir da qualidade das relações que estes últimos têm na sua família. Os educadores devem propiciar aos educandos ambientes que podem gerar mudanças e ainda. As dificuldades de aprendizagem podem ser supridas pela suficiência de material de leitura, professores qualificados, tempo adequado de aprendizagem, e pela suficiência de exercícios. Exercícios Auto-avaliação 1 – Explica as implicações educacionais da teoria de campo de Kurt Lewin? Resposta: A teoria de campo de Kurt Lewin permite compreender que o comportamento dos educandos depende da descoberta pelo educador do seu espaço de vida. Muitos problemas de relacionamento entre educadores e educandos podem advir da qualidade das relações que estes últimos têm na sua família. 38 Unidade Unidade N0 09-A0013 Tema: Teoria Sócio- Interaccionista. Introdução Hoje as teorias mais avançadas da Psicologia de Aprendizagem se alimenam da perspectiva sócio-interaccionista de aprendizagem, na medida em que consideram que a sociedade e a história do individuo reflectem na sua educação. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Explicar a teoria Sócio-Interaccionista de aprendizagem; Explicar o processo da mediação nos processos educativos. Sumário A abordagem Sócio-Histórica da Aprendizagem Um dos principais defensores é o psicólogo Bielo-Russo Lev Semionovitc Vygotsky que afirma que “as características singulares humanas, os processo psicológicos, são produzidos a partir das relações sociais, isto é, do convívio com os outros indivíduos da espécie humanas, capazes de elaborar cultura e fazer história” (UNISUL, 2008:111). Para construir a sua teoria Vygotsky se apropria dos princípios do materialismo histórico e dialético de Karl Marx. Psicologia de Desenvolvimento 39 Os conceitos principais na abordagem sócio-histórica da aprendizagem são: 1. Actividade Humana O ser humano idealiza o objecto que pretende produzir muito antes de tê-lo concretamente, por meio da representação mental, planifica o que vai executar para alcançar seus objectivos. As características da actividade humana são: i) Consciência da finalidade, que é a imagem mental do que pretende realizar ou produzir; ii) Instrumentos mediadores; iii) O produto, o bem material simbólico que é componente da cultura. Supõe-se que a actividade mental do sujeito, a sua consciência é reflexo modifição de sua actividade objectiva no mundo. 2. Mediação É meio para realização da actividade. Algo que ajuda de forma eficaz a alcançar os objectivos. Existe a mediação instrumental, que é o uso de instrumento mediadores materiais ou simbólicos na actividade humana. Exemplos carteiras, óculos, quadro, etc. (instrumentos materiais) e palavras e signos linguisticos (instrumentos simbólicos). A mediação social é acção na qual um sujeito auxilia outros sujeitos a se apropriarem dos instrumentos materiais e simbólicos. Exemplo, o pai a ajudar o filho a pedalar bicicleta. E, por fim, a mediação pedagógica, é uma mediação social sistematizada e intencional e tem a finalidade de levar o aluno à apropriação dos instrumentos mediadores necessários a vida acadêmica e que contribui directamente na qualidade da formação humana, profissional e intelectual. Na escola o professor seria um dos principais mediadores, sua acção deve incidir sobre uma zona de capacidade que está em desenvolvimento no aluno, denominada de zona de desenvolvimento proximal. 40 Unidade 3. Internalização É o processo de reconstrução interna de uma operação realizada externamente pelo sujeito que aprende. Neste momento se estabelece a relação entre objectos e eventos e a formação de conceitos. A internalização é a transformação de um processo interpessoal em um processo intrapessoal. 4. Funções Psicológicas Superiores São funções que aparecem naturalmente com o amadurecimento do sistema nervoso do ser humano em condições ambientais favoráveis, “elas são funções tipicamente humanas, mediadas pela linguagem internalizada nas relações interpessoais” (UNISUL, 2000:118). O desenvolvimento das funções superiores estabelece-se pelas relações entre o pensamento e a linguagem. 5. Zona de Desenvolvimento Proximal Existem dois níveis da Zona de Desenvolvimento Proximal: i) O nível do desenvolvimento real: são as capacidades já existentes no aluno (conhecimentos, experiências, capacidades, habilidades, etc.). Cabe apenas o educador (mediador) verificá-las. ii) O nível de desenvolvimento potencial: corresponde ao que o aluno consegue realizar contando com a ajuda de outras pessoas (professor, colegas, irmãos, etc.). A mediação pedagógica acontece nas capacidades que se encontram na zona de desenvolvimento proximal. É o professor tem de agir sobre essa zona de modo a consolidar esses conhecimentos. Implicações educacionais da concepção sócio- histórica Umas das grandes contribuições da teoria histórico-cultural para a escola são os conceitos de mediação social e mediação pedagógica. Há que estar consciente de que o aluno não constrói nenhum conhecimento sozinho, mas necessita se apropriar dos significados atribuídos aos objectivos de conhecimento pelo grupo cultural para se desenvolver. Psicologia de Desenvolvimento 41 Assim, torna-se relevante a mediação do processo de ensino e aprendizagem pelo professor de modo a intervir na zona de desenvolvimento proximal. Exercícios Auto-avaliação 1 – Explica o conceito de mediação pedagógica? Resposta: é uma mediação social sistematizada e intencional e tem a finalidade de levar o aluno à apropriação dos instrumentos mediadores necessários a vida acadêmica e que contribui directamente na qualidade da formação humana, profissional e intelectual. Na escola o professor seria um dos principais mediadores, sua acção deve incidir sobre uma zona de capacidade que está em desenvolvimento no aluno, denominada de zona de desenvolvimento proximal. 42 Unidade Unidade N0 10-A0013 Tema: O Desenvolvimento Pré Natal Introdução O conhecimento sobre o que ocorre na fecundaçãoe no crescimento da criança na vida uterina é um dos pontos essenciais para o esclarecimento de certos comportamentos, distúrbios de personalidade, deformações físicas que se manifestam nas outras fases da vida. Assim, nesta unidade será privilegiada o conhecimento da vida humana a partir da sua gestação. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Mencionar as principais características no perído pré-natal; Descrever os factores perinatais e pré-natais que podem causar disturbios nos bebés; Sumário Características do Período Pré-Natal O perído pré natal começa com fecundação do óvulo e após 72 horas da fertilização, são frmadas 32 células que se juntam e multiplicam rapidamente e começam a se diferenciar em orgaos, múscultos, osos, tecidos e outras partes do corpo. Assim, os primeiros 9 meses da vida do bebé são passadas dentro do útero da mãe. Pode-se conceber o período pré-natal (intra-uterino) em três fases: Psicologia de Desenvolvimento 43 a) Fase germinal (da concepção até o 14º dia); b) Fase embrionária – de duas a oito semanas. Em quatro semanas o embrião atinge 1,3 cm de comprimento e o coração já bate 65 vezes por minuto, embora não desenvolvido por completo. Através de microscopio é possível detectar ligeiras saliência na cabeça que virão a ser os olhos, ouvidos, boca e nariz; c) Fase fetal – começa na oitava semana e vai até ao nascimento. O bebé é chamado de feto. Aos tres meses o feto pesa uns 28 gramas e mede em torno de 8 cm e tem completamente desenvolvidas: dedos das mão e dos pés, pálbebras, orelhas, cordas vocais, lábios e nariz, permitindo com que o feto respire e engula alimentos. Aos cinco meses de idade, pesa meio queilo e mede uns 30 cm de comprimento. O desenvolvimento muscular aumenta e torna mais forte o seu reflexo e movimentos. Ele chuta e estica-se. O batimento cardíaco dá para se ouvido no abdômen da mãe. Rappaport (1981b:1)) considera que muitas crenças estabelecem a relação entre o estado emocional da gestante que se transmite para a criança, afectando no desenvolvimento do feto a partir “(...) da suposta conexão neural entre o sistema nervoso da mãe e o do filho e da transmissão direta de emoções, desejos, angústias (...)”. O que acontece não é uma transmissão por meio neural, pois essa seria impossível devido as diferenças na maturidade entre a mãe o feto, mas sim são as substâncias que passam da placenta da mãe para o feto e nesse sentido, “alterações na fisiologia da mãe produzem mudanças no feto” (idem). Isso quer dizer que as deformações da criança podem ter origem em virus (rubéola, sífilis, HIV-SIDA, etc), venenos, radiações, substâncias químicas (drogas e antibióticos), ausência ou excesso de vitaminas por parte da mãe (gestante), o que justifica que os estudos na idade pré-natal sejam relacionados ao comportamento e as acções da mãe. Existem vários factores que podem influenciar na saúde do futuro bebé, usualmente denominados de factores perinatais e pré-natais. Factores perinatais e pré-natais Esses factores podem ser entendidos sob a perspectiva emocional. Nesse sentido, Sontag (apud, Rappaport, 1981:2) sugere que “substâncias químicas que aparecem no sangue materno durante o stress emocional se transmitem ao feto, gerando neste efeitos adversos”. 44 Unidade Rappaport (1981), numa análise mais detalhada destaca os seguintes factores pré e perinatais: a) Idade da mãe – mães muito jovens ou muito idosas podem gestar fetos deformados. Ex. Mongolismo ou Síndrome de Down, que segundo do dicionário Laurosse é a “alterações cronossomial caracterizada por deficiência mental e anormalidade física, como retardo de crescimento, face pequena e achatada”. b) Dependência de drogas – para Davissof (2001:427) “quando mulheres grávidas abusam de drogas, os bebés frequentemente exibem complicações pré-natais e apresentam o síndrome de abstinência logo após o nascimento”. Entre as drogas que mais efeito nocivos criam na criança citam-se: a heroína, cocaína, maconha, sedativos e tranquilizantes. c) Radiações – a exposição prolongada ou intensa a raios x ou substâncias radioactivas pode gerar deformaçõesno cérebro da criança. d) Doenças infecciosas – as doenças de transmissão sexual (DTS) como sífilis podem produzir abortos (a eliminação de fetos mal- formados) ou anormalidades físicas (cegueira, surdez) ou mentais. e) Grupo sanguineo ou Factor Rh – “quando houver incompatibilidade entre os tipos sanguineos da mãe e do feto, podem ocorrer abortos, natimortos, morte logo após o nascimento, ou mesmo paralisias parciais ou deficiências mentais” (RAPPAPORT, 1981b:3). f) Emoções – “como todo mundo as mulheres grávidas respondem a emoçõpes com uma liberação maciça de hormónios. Essas secreções adentram a corrente sanguinea do bebé em desenvolvimento” (DAVIDOFF, 2001:427). A partir dessa análise pode-se verificar que a saúde da mãe influi e muito no desenvolvimento da criança. No entanto, estudos recentes demonstram que o pai tem um papel importante no desenvolvimento pré-natal. Metade do material génetico que o bebé recebe provém do pai e se “o esperma foi degradado por factores como substâncias químicas, radiações, infecção ou por simples envelhecimento, pode provocar defeitos de nascimento” (DAVIDOFF, 2001:427). Contribuição do pai no período da gestação Estudos recentes demonstram que o pai também contribui no desenvolvimento pré-natal , pois em gestação o bebé rece metade do seu material genético. Espermas degradados com substãncias Psicologia de Desenvolvimento 45 químicas, radiações e infecções ou por envelhaecimento, podem provocar defeitos de nascimento. Exercícios Auto-avaliação 1 – Quais são os factores perinatais e pré-natais que interferem no desenvolvimento do feto? Resposta: Os factores perinatais e pré-natais que interferem no desenvolvimento intra-uterno da criança são a idade da mãe, as drogras, as radiçãoes, as doenças infecciosas, o factor R e a dieta. 46 Unidade Unidade N0 11-A0013 Tema: O Desenvolvimento na Infância. Introdução A infância inclui o período que vai desde o nascimento até aos dez anos de vida, porém não é consensual pelo que tem havido designações como 1ª infancia, 2ª ifancia, etc em alguns casos ultrapassa os dez anos abrangido a adolescencia. Nesta etapa, a criança adquire particularidades no seu desenvolvimento que merecem um tratamento especial, por se tratar do primeiro contacto com a vida pós uterina e das primeiras relações a serem estabelecidas com o meio Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Mencionar as principais características no desenvolvimento infantil; Descrever as implicações educativas inerentes ao desenvolvimento fisico infantil. Sumário Características da Infância É importante que os educadores tenham noções básicas sobre o desenvolvimento físico na infância que seriam: peso, capacidades sensoriais e motoras. Há que notar que a infância, período que vai do nascimento até aos seis ou sete anos de idade, pode ser dividido em sub-períodos. Psicologia de Desenvolvimento 47 (a) Infância Inicial (0-18 meses) A infância inicial (0-18 meses) seria o período em que o desenvolvimento intelectual estaria ligado de forma directa à maturação do sistema nervoso central, à capacidade de receber e aprender impressões sensoriais, de executar movimento. A maturação refere-se aqui a questões de ordem biológica, o crescimento em tamanho e, ainda, o inicio e o controle de movimento, a integração de impressões sensoriais, a possibilidade de sentar, gatinhar, andar, parar, agarrar, subir, controlar os esfíncteres, segurar lápis, andar de bicicleta, etc. A execução de tais actividades revelaum desenvolvimento sadio da criança. Na infância, os órgãos genitais, femininos e masculinos crescem significativamente. A partir dos seis meses surgem os primeiros dentes, primeiro no maxilar inferior e depois no superior e ao atingir um ano de idade ela terá aproximadamente doze dentes. Pode-se considerar que uma das funções básicas do desenvolvimento na primeira infância é o conhecimento do próprio corpo. O bebé ao explorar o seu corpo, olhando as mãos, executando movimento, está formando um esquema de si próprio, que é designado de eu corporal. O eu corporal inclui a experiência de afectos (positivos e negativos) que influenciarão no seu auto-conceito. Já no segundo ano de idade a criança desenvolve capacidades motoras de correr, sentar-se numa cadeira, sem ajuda, subir e descer escadas; aumenta o crescimento dos dentes, demonstra a preferência no uso dos membro (mão direita ou esquerda) no momento das brincadeiras, na forma de agarrar objectos e na alimentação. Mas, há que ter em conta, que para além dos factores meramente biológicos, o meio influi muito na maturação da criança, estimulando-a, principalmente, no desenvolvimento da linguagem. Esta depende também da estimulação ambiental (cognitiva, afectiva e social), se a qual a criança pode apresentar retardos na sua aquisição e perturbação. O Desenvolvimento Social na Infância Inicial Durante a infância o bebé entra em contacto com outras pessoas, a mãe, o pai, os irmãos e familiares. Neste momento ele imita 48 Unidade todas as coisas que acontecem ao seu redor e com as pessoas que o circunda. No inicio ela não escolhe as pessoas, no entanto, a partir dos 07 meses começa a preferir algumas pessoas, mantendo com estas uma relação mais próxima, isso lhe garante conforto a tranqüilidade, o que é bom para o seu desenvolvimento social, pois isso pode manifestar-se na segurança e no autocontrole. E preciso notar, também que durante na infância o comportamento dos pais e do bebé influem-se mutuamente, “o facto é que os pais modificam o seu comportamento em resposta directa ao comportamento das crianças” (MWAMWENDA, 2004:42). Por exemplo, o grito de um pai ou mãe pode ser influenciado pelo silêncio do bebé, ao não acatar com a recomendação dada. O bebé reage também à chegada de um(a) novo (a) irmão(ã), com a regressão de comportamento, agindo como agiria o irmão mais novo, apegando-se aos pais, atacando o recém nascido, como forma de chamar a si toda a atenção dos pais. O Desenvolvimento Emocional na Infância Inicial Em termos emocionais o choro “é uma das mais precoces manifestações emocionais demonstradas na infância” (Mwamwenda, p.43). O choro pode ter uma ligação com fome, dor ou zanga e, normalmente termina com a presença da pessoa que cuida dela, pois nela estaria um símbolo de auxílio. Importa sublinhar que nem sempre o choro do bebé é sinal de aflição ou doença, pediatras recomendam nestas situacoes que a mae ou o pai observem com atenção a razão do choro, se não é fome, não é dor, deixa chorar, pois pode ser importante exercício respiratório. O sorriso manifesta-se no bebé poucas horas após o seu nascimento. Com o crescimento o sorriso surge como resposta a sinais, sons e vozes humanas, rostos familiares. A partir dos quatro meses o bebé ri por uma acção provocada (cócegas ou por imitação de outras crianças). Outra emoção muito forte no bebé é o medo, originado por barulhos e ruídos fortes, gritos e medo de pessoas estranhas. (b) Primeira Infância (3-6 anos) Neste período manifestam-se na criança o aumento do peso, da estatura e da musculatura dos membros inferiores e superiores. A criança tem na brincadeira a sua actividade principal, o que Psicologia de Desenvolvimento 49 contribui para o desenvolvimento dos seus músculos, dando-a maior aptidão para subir, chutar, correr e andar. No entanto, ela ainda terá dificuldades em atar os sapatos, abotoar as calças e a camisa. Socialmente a criança vai além da sua família, ela estende-se para outras pessoas, expondo-se a novas situações, idéias, coisas, problemas e papeis, que são importantes para o seu desenvolvimento social. Mesmo assim, os pais continuam sendo o seu ponto de referência. É conhecido, também, como o período das perguntas, das quais os pais nem sempre tem as respostas, o que gera a necessidade da escola. Daí que os pais e os professores têm um papel importante na facilitação do seu desenvolvimento, na construção da sua autonomia. Em termos de aprendizagens, as crianças entre os 3 aos 6 anos estariam aptos a assimilarem novas formas de comportamentos sociais: seguir instruções, ir a casa de banho, tomar banho, vestir- se e jogar ou brincar com os amigos. É apto, também a aprender as letras, os números, a fazer pequenas construções, a pintar e desenhar, tudo isso, dependendo do meio a que está inserido. Seria o momento propicio para proporcionar a ela o ingresso à educação pré-escolar. O Desenvolvimento Emocional dos 3 aos 6 anos Quanto ao seu desenvolvimento emocional envolve a compreensão da criança e o controle de emoções tais como a alegria, o riso, a tristeza, o amor, a zanga, a inveja e a agressão. Há que ter em conta que neste período as emoções da criança são distinguíveis, assim, as alterações de humor são acompanhadas de ameaças e de insultos e manifestam-se de forma física, por exemplo, com pontapés, “os rapazes muitas vezes expressam a sua zanga através de violentos gestos de agressão, enquanto as raparigas tendem a usar mais a agressão verbal” (Mwamwenda, p. 49). Com crescimento as crianças criam formas alternativas de expressão das suas emoções, que seriam mais aceitáveis, assim elas utilizam o raciocínio para evitarem situações de desconforto. Há que ter em conta que medidas fortes de disciplina são ameaças à segurança, independência e liberdade da criança pré- escolar. Os pais e os professores são responsáveis na promoção do desenvolvimento social da criança. Dentre as implicações educacionais no período de desenvolvimento físico na infância destacam-se: 50 Unidade a) Ao envolver uma variedade de actividades físicas, as capacidades motoras das crianças são facilitadas e melhoradas; b) A garantia de uma alimentação sadia, pois esta contribui para o desenvolvimento físico da criança; c) Ao se envolver em actividades físicas na idade pré-escolar a criança desenvolve a sua coordenação muscular e, consequentemente a autoconfiança e a segurança. Assim os professores devem encorajar o desenvolvimento das capacidades motoras da criança; d) Os pais e professores devem escolher ambientes propícios para o crescimento e o desenvolvimento da criança; (c) Segunda infância (7-10 anos) É o período especial na vida da criança, pois esta se expõe ao processo de socialização escolar. No aspecto físico as principais mudanças verificam-se com relação ao peso e à altura e são acompanhadas pela mudança dos órgãos internos (rins, coração, digestivos e de respiração). Neste período, existe maior controlo dos músculos mais largos e maiores do que dos mais pequenos e mais finos, o que explica, em parte, por que as crianças, nos primeiros dois anos de escola têm dificuldades em escrever. Escrever requer coordenação óculo-motor entre a mão e a visão, o que requer o uso de músculos pequenos e finos (MWAMWENDA, 2004). No âmbito geral, o tronco cresce em comprimento e acontece o desenvolvimento dos ossos e dos músculos, que é mais rápido nos rapazes que nas raparigas. Aumenta a energia física e melhora a capacidade de participar em actividades como a natação, corrida, subir, andar de bicicleta, atirar e agarrar bolas, dançar, etc. O Desenvolvimento Social na Segunda Infância As características mais destacáveis do desenvolvimento social nesta idade são: a capacidade de vestir-se sozinha,seguir instruções para ir e voltar de um lugar, envolver-se em brincadeiras egocêntricas (sozinha) e sociais (com outras crianças) e estabelecer amizades. As crianças aprendem a identificar as letras do alfabeto, os números e os sons, dominam o escrever, ler e contar, mas tem dificuldades em prestar atenção por muito tempo. Durante os jogos são capazes de assimilarem as regras. Cresce a influência dos amigos, mais do que dos pais, no seu comportamento. Tudo o que fazem tende a satisfazer às expectativas e exigências dos outros: no modo de vestir, de andar, etc. Psicologia de Desenvolvimento 51 Neste sentido a escola torna é o espaço de descoberta de novas amizades e proporciona o desenvolvimento de capacidades necessárias para a adaptação social. O Desenvolvimento Emocional na Segunda Idade Em termos emocionais, a criança torna-se menos dependente dos pais na tomada de decisões. No entanto, elas identificam-se com os pais e adoptam os seus valores, traços de personalidade, crenças, opiniões, como se fosse seus. Essa identificação permite: (a) a adopção de valores dos pais e manter o contacto com eles, mesmo com a separação física, as vozes de elogio, tranqüilidade, reprimenda ainda podem regular o comportamento; (b) a interdependência, pois uma vez os valores internalizados os pais não precisam estar presentes parta lhes dizer o que devem fazer. Nessa etapa, desenvolvem os atributos de simpatia e empatia “o que lhes permite identificarem-se e apreciarem os sentimentos dos outros” (MWAMWENDA, 2004:56). O que os torna sensíveis aos sentimentos dos outros e enfurecidas as críticas injustas, humilhações e situações ridículas. Nesse sentido, algumas regras da escola podem entrar em conflito com as emoções e as necessidades da criança. A criança experimenta também o afecto, a alegria e o prazer. . Exercícios Auto-avaliação 1 – Quais são as prinpcais características da Infância? Resposta: As principais características da Infância são a busca de conhecimento sobre si, o crescimento dos músculos, da linguagem, maior dependência dos pais. 52 Unidade Unidade N0 12-A0013 Tema: O Desenvolvimento na Adolescência. Introdução Não poucas vezes o adolescente é apelidado de “aborrecente”. Por que será? Quais seria os pressupostos de desenvolvimento que justificam a rebeldia na adolescência? Como devem agir as educadoras e os educadores perante os adolescentes? Essas e outras questões justificam o estudo desta etapa da vida humana. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Caracterizar fisica, social e emocionalmente o adolescente; Descrever as principais mundanças verificadas pela pessoa no período da adolescência; Mencionar as implicações educativas inerentes à adolescência. Sumário Principais Características da Adolescência A adolescência estende-se dos 12 aos 17anos, 21 anos [pode se confundir com a juventude, essa é uma discussão muito renhida entre os desenvolvimentistas] e é caracterizada pela busca da consolidação da identidade. Mwamwenda (2004: 59) caracteriza a adolescência como um período “(...) fascinante, interessante e desafiante do crescimento e desenvolvimento humano. É um período de grandes mudanças físicas, sócias, emocionais, fisiológicas e psicológica. Psicologia de Desenvolvimento 53 No âmbito geral, dos 12 aos 18 anos as raparigas experimentam mudanças e crescimento rápido dois anos à frente dos rapazes e elas ficam mais altas e com maior peso. Em ambos os sexos acontece à maturidade sexual e a capacidade de reprodução. Há um crescimento acelerado e mudanças precipitadas nas secreções das hormonas da glândula pituitária, localizada na base do cérebro. Principais mudanças nos rapazes Nos rapazes aumento o tamanho e força dos músculos e dos troncos. Verifica-se, também o crescimento rápido dos testículos, dos pêlos púbicos e do pénis, o que permite a erecção, podendo ser causada por estímulos eróticos e fantasias, pressão provocada sobre as roupas, etc. tal erecção pode gerar a ejaculação, podendo o rapaz engravidar uma rapariga. A ejaculação é seguida pelo crescimento dos pêlos nas axilas, pêlos na face (barba) e a mudança de voz. Principais mudanças nas raparigas Normalmente as raparigas nascem com um sistema nervoso e esqueleto mais maduro que os rapazes. No inicio da adolescência desenvolvem-se as glândulas mamarias e os pêlos púbicos. O útero, a vagina e o peito aumentam de tamanho em preparação para a função de mãe. Os lábios da vagina e o clitóris se alargam o que culmina com a primeira menstruação da jovem. A menstuação é sinal de maturidade sexual, visto que a jovem pode engravidar caso mantenha relações sexuais sem protecção com o sexo oposto. As ancas e a pélvis tornam-se mais largas, os odores corporais tornam-se mais intensos. O tom da voz torna-se mais aguda. Em ambos os sexos, muitas vezes os adolescentes não aceitam as mudanças que experimentam. Uns ficam insatisfeitos com a aparência física, isso depende da relação estabelecida pelos pais, que tanto contribuem na formação do auto-conceito (auto- percepção) concorrendo na formacao da sua identidade. Desenvolvimento Social na Adolescência Em geral, o adolescente interessa-se por assuntos relacionados com o sexo. Ele sente-se numa fase muito atractiva e teme a responsabilidade da idade adulta. É influenciado pela pressão dos grupos o que pode lhe conduzir a comportamentos indesejáveis: drogas, crimes e álcool. E, é propenso a desenvolver neuroses de popularidade e a agradar os outros. 54 Unidade Uma das grandes vantagens na relação com os seus pares na fase da adolescência é a possibilidade dos adolescentes “desenvolverem competências sociais que continuam a ser importantes na relação com a sua família, com outras pessoas da comunidade” (MWAMWENDA,2004:65). Além disso, os grupos facilitam a criação da sua identidade, clarificando as suas vivências e a interiorização dos valores. Os adolescentes tendem a ser idealistas e perfeccionistas com eles próprios, com a sociedade e os pais, buscam o prazer. Uma das perguntas mais comuns na adolescência é saber, “quem são, do que é que são capazes, o que querem na vida, que valores querem adoptar como seus, com quem querem casar, que tipo de família querem ter, que orientação sexual seguir, e se são ou não capazes de manter amizades e relações e manter o respeitos dos outros” (idem, p.66). Essas questões referem-se à construção da identidade. E nesse sentido a reflexão trazida pela escola é deveras importante para a construção da mesma. Marcia (apud DAVIDOFF, 2001:465) realizou uma pesquisa sobre a identidade envolvimento as esferas da profissão, religião e política. Chegou a conclusão de que existem quatro padrões para a forma de lidar com os conflitos de identidade na adolescência: a) Os pré-resolvidos: aderem os padrões de outras pessoas, os pais por exemplos sem questionamentos. Muitas vezes podem assumir identidades que não tem nada a ver com suas personalidades. b) Os dispersos: olham para todas as direcções e não se preocupam por viver sem encontrar papeis e ideologias que os satisfaçam. c) Os moratórios: estão numa crise de busca continuada de papeis, rejeitam todas as opções e permanecem incertos e; d) Os realizados: são os que escolhem uma filosofia e objectivos de sua carreira, fazendo uso dos seus talentos e atendendo as suas necessidades. Nesse caso, a influência dos pais e educadores contribuem muito para o desenvolvimento da sua auto-satisfação e na busca da sua identidade. Adolescentes que vivem em famílias harmoniosas e tem bom relacionamento com seus pais tendem a transferir isso nos relacionamentos com os seus pares. Por outro lado, os adolescentes voltam-se intensamente para aspessoas da sua faixa etária, seus pares, onde eles encontram apoio, orientação, auto-estima e identidade. Em geral eles aderem Psicologia de Desenvolvimento 55 aos padrões do grupo a que se inserem, por isso, os pais devem estar atentos a isso. O Desenvolvimento Emocional na Adolescência Os adolescentes experimentam emoções de agressividade, de medo, ansiedade, ou preocupação. Com o crescimento eles aprendem a controlar essas emoções. Porque estão em processo de maturação sexual são capazes de se apaixonar por pessoas de sexo oposto, envolverem-se em actividades que lhes dá prazer. Implicações Educacionais da Adolescência Há que tratar os adolescentes com cuidado, compreensão e sensibilidade, encorajá-los ao respeito mútuo. Orientá-los quanto à vida sexual, profissional e estudantil. As escolas devem proporcionar aos adolescentes um espaço de alegria, sem imposição de regras duras. A questão principal é como lidar com este personagem que busca firmar a sua identidade? Como o professor e a escola devem agir perante o adolescente? Não existe uma receita pronta, cabe cada educadora e educador, ao terem noções sobre essa etapa da vida e a construir formas próprias para lidar com o adolescente. Exercícios Auto-avaliação 1 – O que caracteriza fundamentalmente a adolescência? Resposta: A adolescência caracteriza-se fundamentalmente pela busca da identidade. Neste período acontecem mudanças significativas na criança no que se refere ao seu afecto, ao social, ao emocional e ao físico. 56 Unidade Unidade N0 13-A0013 Tema: O Desenvolvimento na Idade Adulta. Introdução Talvez seria esse o período de grande maturidade na vida humana, no que se refere ao apogeu do seu desenvolvimento. O que educadores devem saber sobre os adultos (ou sobre si mesmo)? Como lidar com essa faixa etária nos processos educativos? Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Caracterizar fisica, social e emocionalmente o adulto; Descrever as principais mundanças verificadas pela pessoa na idade adulta; Mencionar as implicações educativas inerentes ao adulto. Sumário Principais Características da Idade Adulta A idade adulta começa normalmente quanto termina a adolescência, entre 18 a 21 anos. E o adulto é uma pessoa que aceita e se implica em responsabilidades que lhe são atribuídas (a ele ou ela) e que está numa posição de tomar decisões sociais viáveis, ainda que seja capaz de integrar e manter uma personalidade estável. No inicio da idade adulta, os músculos do homem continuam a aumentar, facto que não acontece com as mulheres. Há uma tendência de aumento de peso e fisicamente, estes se tornam mais Psicologia de Desenvolvimento 57 fortes. É o inicio na independência econômica, de responsabilidades, estabelecimento de relações íntimas com o sexo oposto, ocorrência de casamento e formação de uma família. Davidoff (2001) resume que os adultos são motivados a partenidade/maternidade por nove valores: 1) Validação do status de adulto e da identidade social – pois há crenças que presumem que não ter filhos significa não ser adulto, principalmente nas mulheres que se sentem incompletas por não serem mães; 2) Expansão do eu – os filhos são visto como vector de ligação como as novas gerações, gerando um sentimento de imortalidade; 3) Realização dos valores morais – um filho pode significar a realização de ideais sociais, religiosos ou pessoais; 4) Criação de novos laços – ser mãe ou pai aumenta o grau de afectividade do adulto; 5) Estimulação agradável – as crianças são fontes de novidade e alegria; 6) Realização, competência, criatividade – pelo facto de participar de uma idéia criativa, a de gerar outro ser; 7) Poder e influência – pelo controlo que se tem quanto ao bebé e pela possibilidade de modelar um Sr humano; 8) Comparação e competição social – deliciando-se com a idéia de que o seu bebé é melhor que o dos outros; 9) Utilidade econômica – possibilidade do bebé, futuramente, ajudar na casa, nos negócios e na velhice. Muitos dos sentidos atingem o seu pico nos primeiros anos da idade adulta. Com o avanço da idade, a maioria dos sistemas fisiológicos deixa de funcionar no seu ritmo óptimo e podem ser verificadas mudanças no sistema cadiovascular, respiratório, sensorial (audição, vista, olfato). Por isso, uma das grandes preocupações na meia idade e manter saúde e aparência jovem. É comum que o adulto, para manter essas características preocupe-se com o corpo: fazer exercícios, tomar vitaminas, fazer dieta, pintar o cabelo de modo a manter uma aparência desejável. A velhice começa normalmente aos 65 anos para os homens e mais cedo para as mulheres. A pele fica rugosa, os ossos tornam- 58 Unidade se mais frágeis, os sentidos menos precisos, o funcionamento fisiológico menos eficiente, o ritmo da erecção do homem muda e leva mais tempo para atingir a excitação sexual. Esta etapa da vida termina com a morte. Exercícios Auto-avaliação 1 – Qual é a contribuição que o conhecimento do desenvolvimento do adulto pode dar na sua educação? Resposta: O conhecimento sobre o desenvolvimento na idade adulta contribui para a realização do processo eductivo que respeite a sua realidade, considerando-o como alguém que atingiu a maturidade e com larga experiência. Também, ajuda nos sistemas de educação de adultos a compreender as dificuldades do adulto em entender as matérias. Psicologia de Desenvolvimento 59 Unidade N0 14-A0013 Tema: O Desenvolvimento Cognitivo. Introdução Falar do desenvolvimento cognitivo é falar do desenvolvimento da capacidade mental da pessoa para pensar, raciocinar, interpretar, compreender, adquirir conhecimento, lembrar, organizar informações, analisar e resolver problemas. Na Psicologia do desenvolvimento, quando se aborda este tema tem- se a preocupação de explicar como os seres humanos adquirem conhecimento acerca de si mesmo, das outras pessoas e das coisas que os rodeiam. Cabe aos professores reconhecerem as capacidades humanas, para ajudarem os alunos a perceber as suas potencialidades através da aprendizagem. Nesta unidade analisa- se o desenvolvimento cognitivo da infância à idade adulta a partir das teorias de Jean Piaget e Jerome Bruner. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Mencionar os principais aspectos do desenvolvimento cognitivo; Descrever as teorias de desenvolvimento cognitivo de Piaget e Bruner; Mencionar as implicações educativas inerentes ao desenvolvimento cognitivo. Sumário A teoria de desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget O psicólogo suíço Jean Piaget parte do pressuposto de que os seres humanos nascem com necessidade de se adaptarem ao meio ambiente. A adaptação “ocorre naturalmente à medida que os 60 Unidade organismos interagem com o ambiente. Este processo expande automaticamente as capacidades mentais” (DAVIDOFF, 2001: 437). Por seu turno, o processo de adaptação é composto de dois processos complementares: assimilação e acomodação. Assimilação A assimilação é a tentativa do sujeito em “soluccionar uma determinada situação, utilizando uma estrutura mental já formada, isto é, a nova situação, ou o novo elemento é incorporado e assimilado a um sistema já pronto” (RAPPAPORT, 1981a:57). Pode-se então entender que a assimilação é o momento em que a criança actualiza um aspecto no seu repertório comportamental ou mental. Exemplo: a partir do momento em que a criança aprende a abrir uma porta, saberá fazer isso em qualquer outra circunstância, ou se ela aprender o caminho da sua casa ao bazar, ela poderá ir sozinha ao bazar quando a mãe solicitá-la. Isso significa dizer que ela assimilou o acto de abrir uma porta ouo caminho da casa para o bazar. Acomodação Mas, pode acontecer que essa criança depare-se um dia com uma porta que tenha uma fechadura diferente, na qual estarão presentes novos elementos. Ela tentará agir com esta porta da mesma forma fez com a primeira e, certamente, não obterá sucesso. Neste caso, estará a usar um processo de assimilação, a tentar resolver a situação, que é nova, a partir de estruturas antigas (RAPPAPORT, 1981a). E para abrir a porta, a criança deverá modificar suas estruturas antigas e este processo Piaget denomina de Acomodação “a criação de novas estratégias ou sua modificação ou combinação de antigas para lidar com algum desafio” (DAVIDOFF, 2001:437). E no momento em que a criança abre a segunda porta, diz-se que ela acomodou a ela, portanto, adaptou-se a nova situação. Os processos de assimilação e acomodação são complementares e estão presente ao longo de toda vida do indivíduo, “por mais que um [professor] procure ater-se ao mesmo conteúdo e à mesma metodologia (assimilação), algumas modificações serão introduzidas, em função da reação dos alunos (acomodação)” (RAPPAPORT, 1981a:58). E isso faz com que o processo de adaptação seja dinâmico. Psicologia de Desenvolvimento 61 Piaget (apud RAPPAPORT, 1981a:60) usa o termo esquema ou estrutura para designar “unidades estruturais móveis que se modificam e adaptam, enriquecendo com isso o repertório comportamental como a vida mental do indivíduo”. Seriam assim acções ou conceitos no processamento de material sensorial: olhar, agarrar, sugar a serem exercitados e organizados. Os primeiros esquemas nas crianças são compostos por reflexos simples, posteriormente se transformam em planos, regras, construções mentais e pressupostos. Isso acontece através dos processos de assimilação e acomodação, que possibilitam à criança a lidar com novos desafios de forma mais lúcida e eficaz. A teoria de Piaget busca dar uma explicação compreensiva do mundo da criança como esta compreende e interpreta. Para isso, Piaget identifica quatro estágios do desenvolvimento cognitivo, designadamente: (a) o estágio sensório-motor; (b) o estágio pré-operatório; (c) o estágio operatório ou das operações concretas e; (d) o estágio das operações formas. Para melhor compreensão esses estágios serão descritos separada e detalhadamente. 1. Estágio Sensório-Motor (0-24 meses) Nesse período, os bebés entendem suas experiências pela visão, tato, paladar, olfato e manipulação (sistema sensorial e motor). Eles aprendem que as visões e os sons, assim como os toques, gostos, cheiros e outras impressões estão relacionadas sobre o mesmo objecto. A criança não consegue diferenciar o eu do mundo exterior e tem uma visão egocêntrica da realidade. Ela centra-se na sua própria actividade. O bebé busca o autoconhecimento, explorar o seu corpo, conhecer os seus vários componentes, sentir emoções, através disso, ela estará formando uma noção do seu eu “de se distinguir como objecto dos demais objectos existentes no exterior e de se colocar em relação a eles” (RAPPAPORT, 1981a:67). Nos primeiros meses de vida, o que está fora da visão da criança, equivale a não existir. Mas com o tempo desenvolvimento a noção de permanência do objecto e passam a entender que pessoas e objectos continuam a existir mesmo que não sejam percebidos. Desenvolvem a capacidade de descobrir novas utilizações para velhos objectos. Assim, a panela pode ser transformada em carro, 62 Unidade ou chapéu nas suas brincadeiras. Ela é capaz de imitar respostas novas e complexas. 2. Estágio pré-operatório (2-7 anos) Neste período as crianças guiam-se pelas percepções da realidade. Consegue resolver problemas pela manipulação de objectos concretos, apesar das dificuldades com as versões abstractas na resolução de problemas. Em seu pensamento mistura a realidade com a fantasia. Nesta fase da vida a criança é egocêntrica. Ela confunde-se com objectos e pessoas, atribuindo a eles seus próprios sentimento e pensamentos. O egocentrismo manifesta-se, também, na linguagem, pois é comum neste estágio as crianças fazerem monólogos (falar sozinha) e as crianças não se importam que alguém as ouça. Uma das realizações importantes no período pré-operatório é a capacidade que a criança desenvolve de pensar sobre o ambiente a partir da manipulação de símbolos que representam este ambiente. Assim, elas desenvolvem a linguagem; formulam conceitos simples, começam a representar na suas brincadeiras, por exemplo, ao utilizar objectos da casa como bonecas ou brinquedos e; elas desenham figuras em representação da realidade (RAPPAPORT, 1981a). No estágio pré-operatório as crianças começam a entender o conceito de classificação – organizar objectos por tamanho, cor ou forma. Porém, seu julgamento depende de uma percepção imediata e, por isso mesmo, sujeito a erros. Segundo Rappaport (1981/1) a criança não tem desenvolvida a capacidade de conservação de quantidade, de volume e de massa conforme. Essas capacidades podem ser verificadas partir de exercícios como se ilustra abaixo. a) Conservação de quantidade Amostra 1 Amostra 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Modificando a amostra 1 para a 2, certamente a criança dirá que na 2 tem maior quantidade. Psicologia de Desenvolvimento 63 b) Conservação de Volume Amostra 1 Amostra 2 Pondo a mesma quantidade de liquido em dois recipientes um baixo e largo outro fino e alto a criança, certamente dirá que tem mais liquido segundo recipiente. c) Conservação de Massa Amostra 1 Amostra 2 Transformando o massa 2 num formato de salsicha a criança dirá que esta e maior, mesmo sendo a mesma massa. Piaget realizou estas e várias outras provas para demonstrar a ausência do pensamento conceitual e das noções de conservação e invariância na criança na idade pré-escolar, daí que esse período seja denominado de pré-operatório. 3. Estágio das Operações Concretas (7-11 anos) Este período corresponde a idade do inicio da escolarização da criança e caracteriza-se pelo desenvolvimento na criança da capacidade de usar a lógica e, consequentemente, diminui o uso de informações sensoriais para entender a realidade. No período das operações concretas as crianças usam o raciocínio na resolução de problemas e são capazes de categorizar e classificar objectos. Se submetidas as provas anteriores elas serão capazes de concluir que a quantidade objectos, o volume e a massa permanece a mesma apesar da variação do espaço ou do formato do recipiente, pois “neste estágio a criança já dominou a idéia de que as dimensões sensoriais, como tamanho e formato, podem mudar 64 Unidade sem alterar propriedades mais básicas, como quantidade” (DAVIDOFF, 2001:440). Apesar de a criança agir com lógica ela não será capaz de lidar com idéias abstractas, pois resolve os problemas na base de tentativas e erros. A abstracção é uma capacidade a ser desenvolvida na etapa seguinte da sua vida. 4. Estágio das Operações Formais (12 em diante) Neste período as crianças desenvolvem a capacidade de entender a lógica abstracta, antecipam, planificam e analisam. Rappaport enfatiza que com isso ela é capaz de “criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta; discute os valores morais de seus pais e constrói os seu próprios” (1981a:74), ou seja adquire autonomia. Teoria de desenvolvimento Cognitivo de Jerome Bruner A teoria de Bruner realça o papel da linguagem no desenvolvimento cognitivo. De acordo com o autor acriança passa por três estágios de desenvolvimento cognitivo: modo de pensamento activo, icônico e simbólico. Modo activo Caracteriza-se pela acção que se reflecte no acto de tocar, saborear, mexer e agarrar, ou seja, a criança reproduz cada experiência de forma psicomotora. Segundo Mwamwenda (2004:97) “a criança percebe o objecto em termos do que faz com ele, e o seu pensamento é baseado no que o objecto faz – existe uma forte conceptualização baseada na representação”. Apesar de ser predominamente característica das crianças novas, o modo activo faz parte, também, da acção dos adolescentes e adultos, quando estes se envolvem com actividades motoras como nadar, tocar, piano entre tanta outras. Modo Icónico Objectos e experiências continuam a existir, mesmo com a sua ausência, pois fazem parte da experiência internalizada. A partir de imagens e desenhos a criança representa a realidade. O pensamento icônico pode ser desenvolvido na escola a partir de vídeos, televisão e simulações. Modo simbólico: Psicologia de Desenvolvimento 65 A criança representa a realidade com base em símbolos, idéias, pensamentos e conhecimentos. Estas capacidades são desenvolvidas a partir da linguagem “que serve como veiculo para a expressão dos seus pensamentos” (idem, p.97). Neste momento a criança é capaz de construir hipóteses, usar metáforas e resolver problemas de raciocínio lógico. Implicações educacionais das teorias cognitivas A teoria de Bruner tem grande impacto na educação escola. Normalmente, crianças aprendem mais facilmente quando objectos concretos, acções, materiais e exemplo são usados. A manipulação dos objectos ajuda, por exemplo, na aprendizagem das operações matemáticas (somar, adicionar, multiplicar e dividir). Já Piaget ao dividir o desenvolvimento cognitivo por etapas permite compreender a idade mental da criança e os processos educativos inerentes a estes períodos, ou seja, permite ao educador seleccionar os conteudos e metodologias de aprendizagem adequadas com o seu estagio de desenvolvimento. Exercícios Auto-avaliação 1 – Menciona e explica as etapas de desenvolvimento cognitivo em Jean Piaget? Resposta: As etapas de desenvolvimento cognitivo em Jean Piaget são o estágio sensório-motor, pré-opertário, operações concretas e operações formais. 2- Explique, através de uma das teorias do desenvolvimento cognitivo, a fixação da idade de 6 anos como ideal para o ingresso da criança na educacao escolar em Moçambique? Resposta: De acordo com a teoria de Piaget, uma das realizações importantes no período pré-operatório (2-7 anos) é a capacidade que a criança desenvolve de pensar sobre o ambiente a partir da manipulação de símbolos que representam este ambiente O fim deste período corresponde a idade do inicio da escolarização da criança e caracteriza-se pelo desenvolvimento na criança da capacidade de usar a lógica e, consequentemente, diminui o uso de informações sensoriais para entender a realidade. 66 Unidade Unidade N0 15-A0013 Tema: O Desenvolvimento da Linguagem. Introdução Já imaginou se não houvesse linguagem no mundo? A linguagem é importante instrumento de comunicação e ela é uma aquisição universal porque todos os grupos sociais possuem uma linguagem, ou língua. Como, então as crianças aprendem a falar? Qual é a natureza da linguagem, seu processo de desenvolvimento? Quais são os mecanismos envolvidos e pré- requisitos necessários à aquisição da linguagem? Nesta unidade buscamos responder estas e outras questões. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os mecanismos e requisitos para o desenvolvimento da linguagem; Descrever as teorias de desenvolvimento da linguagem de Chomsky, Skinner e Piaget; Mostrar as implicações educativas inerentes ao desenvolvimento cognitivo. Sumário As teorias de desenvolvimento da linguagem Em termos gerais, os estágios de desenvolvimento da linguagem, segundo Mwamwenda (2004) são: arrulhar, balbuciar, enunciar uma palavra, enunciar duas palavras, construir frase e expandir o vocabulário. Psicologia de Desenvolvimento 67 Porém, a primeira forma de linguagem adquirida pela criança é o choro, a gesticulação e o balbuciar. Normalmente, a criança aprende a linguagem por imitação (no que se refere a língua materna), neste momento ela associa o objecto ou a situação com o som. Aos doze meses a criança é capaz de dizer palavras simples, como papá e mamá. No inicio a primeira habilidade é o pronunciamento de nomes, depois segue a das acções, os verbos associados aos nomes, comer e beber, por exemplo, associado os nomes comida e água. Normalmente por volta dos dois anos o vocabulário da criança terá evoluído complexa e rapidamente, ela começa a produzir frases com palavras essenciais. Aos quatro anos já é capaz de produzir frases com mais de quatro palavras. Esse processo todo pode ser entendido a luz de estudos realizados por alguns teóricos e neste caso, dar-se-á ênfase a explicação de Noam Chomsky, Skinner e Piaget. Teoria de desenvolvimento da linguagem de Chomsky Este autor defende a idéia de que a estrutura da linguagem é, em grande parte, especificada biologicamente “a função da experiência (...), não é propiciar a aprendizagem, mas sim ativar a capacidade inata dos seres humanos para adquirir e utilizar um código lingüístico” (RAPPAPORT, 1981c:57). Nessa perspectiva a linguagem seria algo específico e exclusivo dos seres humanos e inata. Para provar a sua teoria Chomsky submeteu chimpanzés à aprendizagem de uma língua e o processo não deu resultados satisfatórios. Isso não se verificaria com as crianças que desenvolvem a linguagem naturalmente. Chomsky considera também que a capacidade de adquirir a linguagem é igual ou comum para todos os membros da espécie, o que dispensaria as habilidades e competências individuais na sua aquisição. O modelo de aquisição da linguagem proposto por Chomsky supõe a existência de um dispositivo para a aquisição da linguagem LAD (do Inglês language acquisition device). A partir deste dispositivo os dados lingüísticos seriam processados para compor um sistema gramatical, pelo qual é possível prever as sequências para sentenças gramaticais e distinguir os aspectos da fala que são importantes do ponto de vista gramatical. 68 Unidade Teoria de desenvolvimento da linguagem de Skinner Benjamin Frederic Skinner considera que a linguagem é adquirida através do condicionamento operante, assim como qualquer outro comportamento. E ele define o comportamento verbal “como o comportamento reforçado pela mediação de outras pessoas” (apud, RAPPAPORT, 1981c:61). Sua proposta pressupõe que a linguagem é aprendida no discurso do desenvolvimento através de associações, estímulo-resposta (S- R), imitação, prática e reforço. Para uma criança aprender a palavra “caderno”, seria necessário mostrar-lhe o caderno, dizer- lhe caderno e pedir que ela repita caderno. Isso significa que a função comunicativa ocorre com a presença do emissor, receptor e da interacção social. E a aprendizagem seria desenvolvida a partir da imitação do comportamento verbal de pessoas adultas. No caso, o desenvolvimento da linguagem na criança está aliado ao reforço que advém da comunidade, que considera essa linguagem adequada ou não ao convívio social. Assim, a criança aprende a discriminar quais as palavras mais reforçadas pelas pessoas que a circundam. Se as crianças vivem em condições ambientais distintos ou que significa dizer que estão sujeitas a práticas de reforços diferentes, como se explica que o desenvolvimento da linguagem siga padrões universais em diferentes grupos socioculturais? Essa é talvez a pergunta que a teoria de Skinner precisaria explicar, pois todasas diferenças parecem não ter efeito marcante no processo de aquisição da linguagem. A teoria de desenvolvimento de linguagem de Piaget Piaget coloca-se diversas perguntas: Por que as crianças falam? Quais são seus objectivos ao usar a linguagem? Que função a linguagem infantil exerce? Na sua perspectiva o desenvolvimento da linguagem começa no período sensório-motor. A linguagem seria a substituição ou a representação dos objectos e eventos por símbolos mentais. E isso acontece a partir da imitação. Normalmente, os sons são associados a acções e a aquisição da linguagem se processa através da imitação desses sons. Piaget distingue duas categorias de linguagem: linguagem egocêntrica e linguagem socializada. Psicologia de Desenvolvimento 69 a) A linguagem egocêntrica ou não comunicativa. Essa tem origem no primeiro objectivo da linguagem, o de permitir que a “pessoa comunique com ela própria de forma abstracta e simbólica” (MWAMWENDA, 2004:142). É comum que as crianças nas suas brincadeiras falarem sozinhas (monólogos), sem a preocupação de serem escutadas. Elas estão somente centradas nas suas actividades. b) A linguagem socializada ou comunicativa. Essa tem origem no segundo objectivo da linguagem que é o de possibilitar a pessoa a transmitir os seus pensamentos aos outros. Por isso que a linguagem socializada envolve a interacção entre duas ou mais pessoas. Ela tem função de trocar idéias, fazer pedidos, persuadir ou instruir. Segundo Piaget as subclasses da linguagem socializada seriam: (a) informação adaptada, na qual duas crianças podem falar sobre o mesmo assunto; (b) críticas, a criança deprecia ou afirma sua superioridade, por exemplo, “meu boneco é mais bonito que o seu”, o que muitas vezes provoca brigas entre elas; (c) ordens; (d) questões e (e) respostas. Na análise de Piaget o conceito principal no que se refere a aquisição da linguagem é o egocentrismo e esta é também uma das principais características da criança na idade pré-escolar. Implicações educacionais das teorias de desenvolvimento da linguagem Uma das questões importantes para se reflectir é: o desenvolvimento da linguagem é inato, como afirma Chomsky ou é adquirida a partir da interacção social descrito pelo modelo de Piaget? Independentemente da posição assumida por cada educador, não se pode negar o significado da linguagem no processo de comunicação das idéias, principalmente nos ambientes escolares. A aprendizagem é adquirida através da linguagem. Com a aquisição da linguagem as crianças são capazes de armazenar experiências na memória e pensar de forma abstracta e simbólica. É importante o domínio da língua tanto pelos professores como pelos alunos. Em função do papel que assume a linguagem para cada estágio, o educador deve ter em conta a forma de apresentação do conteúdo escolar de acordo com as características apresentadas pelas crianças, quer dizer, não se pode apresentar o conteúdo que requeira domínio de conteúdos abstratos no períoso pre-escolar. 70 Unidade Exercícios Auto-avaliação 1 – Menciona e caracteriza as duas categorias no desenvolvimento da linguagem? Resposta: as duas categorias de linguagem são a linguagem egocêntrica ou não comunicativa que tem sua origem no primeiro objectivo da linguagem, o de permitir que a pessoa comunique com ela própria de forma abstracta e simbólica. É comum que as crianças nas suas brincadeiras falarem sozinhas (monólogos), sem a preocupação de serem escutadas. Elas estão somente centradas nas suas actividades. E a linguagem socializada ou comunicativa. Essa tem origem no segundo objectivo da linguagem que é o de possibilitar a pessoa a transmitir os seus pensamentos aos outros. Por isso que a linguagem socializada envolve a interacção entre duas ou mais pessoas. Psicologia de Desenvolvimento 71 Unidade N0 16-A0013 Tema: O Desenvolvimento Afectivo-Emocional. Introdução Todo o ser humano é apto para amar e ser amado. Por que será que isso faz parte da condição humana? Como a afectividade a a emoção se desenvolvem no indivíduo? Nesta unidade busca-se responder estas e outras questões inerentes ao desenvolvimento afectivo-emocional. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os mecanismos e requisitos para o desenvolvimento afectivo-emocional; Descrever as teorias de desenvolvimento afectivo-emocional na perspectiva de Freud e Erickson; Mostrar as implicações educativas inerentes ao desenvolvimento afectivo-emocional. Sumário A Afectividade na Vida Humana A descoberta do inconsciente, que tira ao ser humano o domínio sobre sua própria vontade teve um tremendo impacto na humanidade. Segundo o modelo psicanalítico são três os constructos da estruturação da personalidade: 72 Unidade a) O id – “é o reservatório de energia do indivíduo. É construído pelo conjunto dos impulsos instintivos inatos, que motivam as relações do indivíduo com o mundo” ((RAPPAPORT, 1981a:20). Desde o nascimento, o organismo é uma fonte de energia, que busca no mundo a satisfação do que necessita para o seu desenvolvimento. O que pode explicar melhor o mecanismo do id é o conceito de instinto. Pela necessidade do estabelecimento de ralações evolutivas, o organismo sente uma carência, que mobiliza energias em direção a sua satisfação. Por exemplo, diante da fome, há necessidade de se organizar uma imagem de alimento. E, ao “mecanismo de gerar imagens correspondentes às pulsões, Freud chama de ‘processo primário’” (idem, p.21) e constitui no mecanismo fundamental de manifestação do Id. Características do id: O id é responsável pelo processo primário, diante da manifestação do desejo, forma no plano do imaginário, o objecto que permitirá a satisfação; Funciona pelo princípio de prazer, satisfazendo as necessidades imediatas, sem questionar a realidade física, social ou moral, “querer a qualquer preço”. Não há o princípio da não-contradição, sendo assim todas as coisas são possíveis ao nível do id. É atemporal, alimenta-se apenas do presente. Não é verbal, pois funciona através de imagens. É uma instância estruturalmente inconsciente. b) O ego. Serve de intermediário entre o desejo e a realidade. O ego se estrutura como uma nova etapa de adaptação evolutiva do sujeito, é corporal, ou seja, biológico. Com o ego começam a ser estabelecidas as correlações entre o desejo e a realidade. Características do ego: Dá juízo da realidade, Intermedeia os processos internos (Id e Superego), o desejo e as proibições morais. É o sector mais organizado e actual da personalidade, que torna o indivíduo único e original e permitindo-lhe uma adapação activa ao mundo presente em que vive. Psicologia de Desenvolvimento 73 c) o superego. É “responsável pela estruturação interna dos valores morais, ou seja, pela internalização das normas referentes ao que é moralmente proibido e o que é valorizado e deve ser activamente buscado” (RAPPAPORT, 1981a:28). Existe o Ego Ideal que internaliza os ideais valorizados dentro de um grupo sociocultural e que o indivíduo em sendo membro desse grupo deve buscá-los, como a honestidade, a coragem, a caridade, etc. Mas, de outro lado, existe a Consciência Moral que é a internalização das proibições. No entanto, o superego é uma estrutura necessária para o desenvolvimento do grupo social. Com o termo sexualidade, conceito que domina a sua teoria, pretende explicar o conjunto das pulsações, desejos, fantasias que exigem sua satisfação. Dai que a satisfação destes desejos é por algumas partes do “organismo” a que denominou zonas errógenas; essas zonas são, por exemplo, a boca (fase oral), o ânus (fase anal) e orgãos genitais (fase genital). Fases do Desenvolvimentosegundo Freud Fase Características Oral Adaptação da criança ao meio ambiente. Estrutura sensorial desenvolvida é a boca: a partir dela começa a provar e conhecer o mundo. O seio materno é a primeira descoberta afectiva (a criança sente um grande prazer no acto de mamar) O libido organiza-se em torno da zona oral, é daí que a criança sente o prazer. Por isso, toda criança põe objectos na boca, como forma de conhecê-los e senti-los. Anal No segundo ano de vida o libido passa a organizar-se sobre a zona erógena anal e a criança começa a ter fantasias com as suas fezes, dando-as valor simbólico, pois geram prazer, quando a criança ama e sente que é amada pelos pais, cada elemento que a criança produz é sentido como bom e valorizado. Estabelece-se na criança o controlo dos esfíncteres. Crescem os sentimentos de amor. Fálica a partir dos 3 anos de idade a erotização é dirigida pelos genitais e desenvolve-se o interesse pela masturbação e a preocupação com as diferenças sexuais. A tarefa básica é organizar os modelos da relação entre o homem e a mulheres. Os meninos criam a fantasia de casar com a mãe e como se 74 Unidade sente impotente diante do pai surge o Complexo de Édipo, o desejo de eliminar aquele que o impede do amor da mãe, no caso o pai. Latência Inicio da escolarização. Período de repressão da energia sexual e canalizada para outras finalidades (desenvolvimento social e intelectual). Genital Capacidade de amar e trabalhar. Discriminação do papel sexual. Desenvolvimento intelectual e social. A necessidade da perpetuação da vida (casar e fazer filhos). Perspectiva de desenvolvimento afectivo-emocional de Erik Erikson As fases de desenvolvimento propostas por Erikson são: a) Fase oral sensorial (fase oral segundo Freud): que consiste na descoberta do prazer de ser alimentado, de amamentar. Ela começa também a estruturar as modalidades sociais de tomar e agarrar. Neste período gera-se a crise confiança X desconfiança. b) Fase muscular-anal (fase anal segundo Freud): Sentimento de prazer pela evacuação das fezes e da urina. Neste período gera-se a crise Autonomia X vergonha e dúvida. c) Fase locomotora-genital (fase fálica): organização do Ego na construção do sujeito, das fantasias afectivas e da discriminação das diferenças sexuais. O acto de cainha e correr configuram, progressivamente a sua autonomia. Neste período gera-se a crise iniciativa X Culpa (iniciativa de conquistar e a culpa em cometer algo errado). d) Fase de latência: dormência dos impulsos sexuais, canalizados para as tarefas de construção intelectual e social (processo de sublimação). Neste período gera-se a crise Indústria X inferioridade (de um lado a capacidade de produzir e de outro sentimento de não produzir). e) Fase de Adolescência (fase genital segundo Freud): a configuração da identidade sexual, profissional e ideológica. Gera-se o conflito Identidade X confusão de papeis. Psicologia de Desenvolvimento 75 f) Fase da idade adulta jovem (fase genital segundo Freud): caracteriza-se pela associação da sua identidade a outras (amor e filiação). Gera-se a crise Intimidade X isolamento, a capacidade de filiar-se a alguém e confiá-lo e o medo de ficar sem amar e ser amado. g) Fase adulta: Caracteriza-se pela capacidade de produzir e reproduzir. Também é a etapa da maturidade humana. De um lado gera-se o conflito Generatividade X estagnação, a capacidade de gerar vida e o medo pelo fracasso de que isso acontece. E, de outro, integridade do ego X desesperança, a aceitação ou não da velhice e da morte. Exercícios Auto-avaliação 1 – Menciona e explica as fases de desenvolvimento afectivo- emocional concebidas por Freud? Resposta: As fases de desenvolvimento afectivo-emocional desenvolvidas por Freud são fase oral, anal, fálica, de latência e genital. 2-Explique a importância da fase de latência para a educação escolar. Resposta: Entre os 5 a 6 anos trata-se do início da escolaridade, há repressão da energia sexual dando lugar para outras actividades de natureza académica ou escolar, por isso é óptimo momento da criança ingressar na escola. 76 Unidade Unidade N0 17-A0013 Tema: O Desenvolvimento Moral. Introdução Como a criança aprende a determinar o que é certo e o errado? A preocupação nesta unidade é analisar as diferenças entre o conceito de moralidade da criança e do adulto. Isso será feito a partir das abordagens de Piaget e Kohlberg Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os passos na aquisição da moralidade; Descrever as teorias de desenvolvimento moral de Piaget e Kohlberg; Mostrar as implicações educativas inerentes ao desenvolvimento moral; Sumário O Desenvolvimento Moral na perspectiva de Jean Piaget Piaget considera que as transgressões, desobediências, as teimosias ou mesmo os cinismos das crianças devem ser analisados a luz do nível do seu desenvolvimento mental. Piaget estuda o desenvolvimento da moral da criança a partir do seu envolvimento no jogo (de berlindes), onde observou como as regras eram interpretadas com a variação da idade da criança. Para Piaget “a moral nada mais é do que a tendência a aceitar e seguir um sistema de regras que regulam o comportamento interpessoal” (RAPPAPORT, 1981d:80). E a criança desenvolve Psicologia de Desenvolvimento 77 essas regras com o aumento da idade, ou seja, a prática de seguir regras passa por diversos estágios. a) Estágio egocêntrico (4 a 7 anos): durante o jogo a criança é incapaz de levar em consideração o ponto de vista do outro (tal como acontece na linguagem). As crianças jogam juntas, mas cada uma age a partir de suas próprias regras. É um jogo individual. b) Estágio de cooperação incipiente (7 aos 10 anos): a cooperação não entendida no sentido de ajuda mútua, mas no carácter social do jogo, a partir de regras básicas comungadas pelos jogadores. É a fase da competição, o objectivo é ganhar. Surgem conflitos porque o domínio das regras não está consolidado. c) Estágio da cooperação genuína (11-12 anos): A criança tem completo domínio das regras e é capaz de discutir a legitimidade das mesmas. Como a linguagem o comportamento moral da criança começa do estado egocêntrico para o estado socializado. Dos quatro aos dez anos (estágio egocêntrico e de cooperação incipiente) a criança vive o que Piaget denomina de moralidade heterogênea ou de restrição. Primeiro, ela acredita que alguma autoridade criou as regras e não seriam passiveis de modificações, apesar de quebrá-las em alguns momentos e, seguidamente, ao conhecer as regras ela recusa-se a aceitar modificações. A partir dos 11 anos de idade a criança deixa de acreditar no carácter perene das regras, pois não considera mais os pais como ser infalíveis. A autoridade pode ser discutida e, portanto, as regras podem ser violadas. Para concluir a visão de Piaget, de acordo com Sisto e Martinelli (2008), distinguem três tipos de moralidade: a) Anomia- Esta fase, por vezes omissa em certos autores, não se pode falar de moralidade, a criança vive no meio sem seguir as regras ou normas de conduta, é a fase dos bebés recém-nascidos. b) Heteronomia- Nesta etapa já se pode falar de cumprimento das regras de conduta, porém as crianças não as seguem porque as reconhecem, mas por medo de represárias ou punições dos pais ou dos adultos a sua volta. Trata-se de normas impostas. c) Autonomia- Aqui, diferentemente da imposição sofrida na fase anterior, a criança reconhece a necessidade de cumprimento das regras e autofiscaliza-se. Como o nome sugere, é a fase de desenvolvimento da autonomia, ela cumpre as obrigações não 78 Unidade pelo medo de sanções para pela compreensão do bem e do mal que podecausar a acção. Desenvolvimento Moral na perspectiva de Kohlberg Este autor propõe três níveis de moralidade: pré-convencional, convencional e pós-convencional, dentro destes níveis podem ser verificados alguns estágios. a) Nível pré-convencional: é típica nas crianças entre 4 a 10 anos de idade em que as crianças tomam decisões egocêntricas e interesses pessoais. Estágio I: Orientação para o castigo e a obediência – as crianças avaliam as boas e as más acções a partir das recompensas e os castigos. Estágio II: Orientação Instrumental – a criança determina o certo por aquilo que lhe dá felicidade. b) Nível convencional: a moral é centrada no social, os interesses dos outros também são levados em conta na hora de tomada de decisão. Necessidade e desejo de corresponder às normas sociais. Estágio III: Orientação para o bom menino ou boa menina – e as crianças evitam, assim, comportamentos inaceitáveis. Estágio IV: Orientação para a ordem e a lei – a criança entende que sua aceitação na sociedade está condicionada a obediência da lei. c) Nível pós-convencional: a criança é autônoma nos seus julgamentos e não se prende ao seu ego nem a sociedade na tomada de suas decisões. Estágio V: Orientação para o contrato social – a criança vê a sociedade como fonte da lei, vale a protecção dos direitos individuais. Estágio VI: orientação para os princípios éticos universais – que seria o grau mais elevado do desenvolvimento moral do individuo, o que vale é a vida humano e ela tem primazia sobre todas as coisas. Implicações Educacionais do Desenvolvimento Moral A escola, ou melhor, os educadores devem facilitar o desenvolvimento moral dos educandos de modo que estes Psicologia de Desenvolvimento 79 compreendam o valor da vida e ajam com justiça. As crianças na escola devem ser educadas a agir a partir da sua própria consciência e não por imitação dos outros, como diz a música “que pensa com a cabeça dos outros é piolho”. Tanto os educadores como os educandos devem agir, moralmente, para promoverem a vida e a justiça social. Exercícios Auto-avaliação 1 – Como devem ser analisados as transgressões, a desobediências, os erros e as rebeldias no desenvolvimento da criança? Resposta: As transgressões, desobediências, as teimosias ou mesmo os cinismos das crianças devem ser analisados a luz do nível do seu desenvolvimento mental e moral. 80 Unidade Unidade N0 18-A0013 Tema: Diferenças Individuais. Introdução As etapas do desenvolvimento humano seriam percorridas de igual modo por todos os indivíduos? Todas as pessoas são iguais? Nesta unidade discute-se a questão das diferenças entre os indivíduos, a diversidade humana. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os factores que contribuem para as diferenças nos indvíduos; Mostrar as implicações educativas inerentes as diferenças individuais e a diversidade humana. Sumário Aspectos das diferenças individuais Embora haja etapas universais no processo de desenvolvimento humano, sabe-se que cada indivíduo tem características que lhe são próprias e pode comportar-se diferente nas diversas situações, aprender mais rápido, ou mais lento. Como explicar estas diferenças? Elas são intrínsecas aos indivíduos ou dependem das relações em que eles estão inseridos. Há que entender que “a diversidade em todos os aspectos, designadamente biológico, cultural e social é a condição essencial para que as pessoas construam de modo original sua história pessoal, conferindo significados a tudo que acontece Psicologia de Desenvolvimento 81 consigo e ao que vêem acontecer em seu redor” (ABRUNHOSA e LEITÃO, 2009:120). Aspectos biológicos Fazem parte as informações genéticas que cada um recebe de seus progenitores. Essas informações são particulares e distinguem o indivíduo; A anatomia e fisiologia do cérebro, apesar de apresentarem caracteres e funções semelhantes, possuem diferenças que podem acentuar aprendizagens, lembranças e experiências significativas. Essa heterogeneidade de caracteres depende também da qualidade e quantidade de informações veiculadas pela sociedade em que o individuo vive. Essas diferenças podem se manifestar no desenvolvimento físico (altura, aparência, peso, gênero, etc.). Aspectos culturais Diz-se que o Ser Humano é também fruto da Cultura. Saberes, valores, hábitos sociais e práticas cotidianas distinguem as pessoas de um grupo com outro. E isso influi no modo de viver, de se vestir, de se alimentar, etc., em suma, modo de conceber a vida e de apreciar valores. As diferenças nos padrões culturais traduzem-se em divergências nas relações sociais e na organização da vida. Aspectos Sociais A sociedade em que cada indivíduo vive também é capaz de propiciar a formação de uma pessoa diferente. Pois, as pessoas não têm a mesma família, não freqüentam a mesma escola e vivem problemas diferentes o que os individualiza. Em si, as diferenças individuais dentro de uma sociedade têm suas vantagens. Elas são factores de novas aprendizagens, pelo convívio com pessoas de grupos socioculturais diferentes; são factor de abertura e tolerância; factor de desenvolvimento intelectual e factor de progressão cultural. Implicações educacionais das diferenças individuais A escola é um instrumento de promoção das diferenças individuais. Muitas vezes acontece que esta negligência os dotes das crianças, ajustando-as apenas as suas pretensões. 82 Unidade Cabe a escola identificar os talentos dos alunos nas várias áreas: literatura, arte, ciência, desporto, etc., e na medida do possível desenvolver este talento. Muitos programas de ensino hoje privilegiam a abordagem tendo em conta as diferenças individuais, naquilo que se denomina aprendizagem centrada no aluno e crêem que assim o que este aprende será mais significativo para sua vida pessoal e estará em consonância com as suas potenciais habilidades. Isso exige uma maior flexibilidade na planificação do professor, naquilo que os pedagogos e didactas apelidam de Pedagogia diferencial ou personalisada. Exercícios Auto-avaliação 1 – Como a escola deve agir perante as diferenças individuais? Resposta: A escola é um instrumento de promoção das diferenças individuais. Ela não pode negligenciar os dotes das crianças. Cabe a escola identificar os talentos dos alunos nas várias áreas: literatura, arte, ciência, desporto, etc., e na medida do possível desenvolver este talento. Psicologia de Desenvolvimento 83 Unidade N0 19-A0013 Tema: A Inteligência. Introdução O que é inteligência? Quais os factores inerentes à inteligência? Todas as pessoas são inteligentes? Por quê? Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Definir a inteligência; Mostrar a importância dos testes de inteligência no processo educativo. Sumário O que é Inteligência O que está no cerne da inteligência, para uns a ênfase é o pensamento abstracto e o raciocínio; para outros, o foco está nas capacidades que possibilitam a aprendizagem e a acumulação de conhecimentos; outros ainda frisam a competência social, é a cultura que auxilia a resolução de problemas. A inteligência é “a habilidade de aprender depressa, resolver problemas, compreender assuntos complexo e abstractos e, de forma geral, comportar-se de forma razoável, racional e aprorpiada” (MWAMWENDA, 2004:235). Portanto, a inteligência é a capacidade que os individuos possuem para se adaptarem em circunstâncias em que vivem. 84 Unidade Assim, todo o ser humano é inteligente, pois todos têm esta capacidade, mas existem os que fazem isso de forma mais rápida que outros. Os testes de Inteligência O FrancisGalton e McKeen Cattell não desenvolveram os tetes de inteligência mas estudos de inteligências. Estes essumem no seu estudo através de variáveis laboratorialmente isolados, como a percepção. Por sua vez Alfred Binet propõe-se analisar dimensões mais complexas que são as funções cognitivas superiores. Origem dos testes A preocução com a educação de massa nos paises industrializados fez com que se encontre uma alternativa para detectar crianças com dificuldades de aprendizagem, suas causas e soluções. No início do Sec XX, o ministro francês preocupado com educação de massa solicitou Alfred Binet professor de Psicologia para construir escala ou teste e testar a inteligência de crianças. Por isso Bitnet é destacado como pai de testes de inteligência. Por sua vez encontramos inteligência conceptual que é a capacidade de resolver problemas por intermédio de conceitos e noções abstractas que podem ser verbalmente expressos e por outro lado temos a inteligência prática que é a capacidade de resolver problemas por intermédio de percepções, acções e movimentos que se expressam no fabrico e utilização de instrumentos. Pode-se afirmar que não existe uma inteligencia mas várias de acordo com Gardner, autor da teoria de múltiplas inteligências (capacidades de matemática, musicais, artísticas, científicas, atléticas e outras). Francis Galton desenvolveu os testes de inteligência. Ele acreditava que “a inteligência estava relacionada com o equipamento sensorial como a visão, a audição, o tempo de reação e, por isso, seus testes de inteligência concentravam-se no tempo de reacção, na acuidade auditiva, na sensibilidade táctil” (MWAMWENDA, 2004:235). Thurstone (apud, DAVIDOFF, 2001), por sua vez, mediu sete componentes com o famoso teste (Capacidades Mentais Primárias): Psicologia de Desenvolvimento 85 1. Rapidez e precisão nas operações de adição, subtração, multiplicação e divisão; 2. Facilidade de pensar em palavras que correspondam a requisitos específicos; 3. Capacidade de entender idéias em forma de palavras; 4. Memória; 5. Raciocínio; 6. Percepção das relações espaciais; 7. Velocidade perceptiva – capacidade de identificar objectos com rapidez e precisão. Entre os testes mais actuais destaque vai para o de WAIS-R que supõe dois tipos de inteligência: os subtestes verbais e os subtestes de desempenho. Os subtestes verbais contêm: Informações, compreensão, Aritmética, similaridades, memorização de números, vocabulário. Os subtestes de desempenho contêm: símbolo numérico, complemento de figuras, cubos, disposições de figuras e montagem de objectos. Muitos dos pesquisadores pensam que inteligência presume o pensar rápido, como puramente cognitiva, acreditando na motivação e no ajustamento. Muitos outros testes de inteligência podem ser elaborados, conforme os propósitos que se pretendem. Os testes de inteligência são de ampla utilização: como forma de providenciar as necessidades educativas especiais a crianças superdotadas; como forma de diagnosticar os problemas de inteligência, cujos sintomas incluem frustração, ansiedade, falta de realização, distúrbios emocionais e retardamentos; podem ser usados nos aconselhamentos educacional e profissional (vocacional) e; são úteis para se avaliar factores de maturação e desenvolvimento. Sabe-se que a hereditariedade e o meio influem nos coeficientes de Inteligência. 86 Unidade Exercícios Auto-avaliação 1 – O que é inteligência? Resposta: A inteligência é a habilidade de aprender depressa, resolver problemas, compreender assuntos complexo e abstractos e, de forma geral, comportar-se de forma razoável, racional e apropriada. 2 – Que papel assume a inteligência na aprendizagem escolar? Resposta: A aprendizagem consiste na resolução de problemas se a inteligência facilita essa resolução, então é inegável a sua contribuição na aprendizagem escolar. Talvés o problema se situa em como trabalhar com as múltiplas inteligências. A resposta não é directa, mas ao reconhecermos as diferenças individuais na sala de aulas facilitando o seu desenvolvimento estaremos a contribuir para uma cada vez mais justa e responsável. Psicologia de Desenvolvimento 87 Unidade N0 20-A0013 Tema: Memória Introdução Caro estudante, imagine a vida como seria se não tivessemos a capacidade de reter, fixar e reproduzir nessas realizações. Tudo seia novo para nós não é? De que valeriam então as experiências que vivenciamos? Tudo isso faz parte da memória, então qual é a natureza da Memória? E quais são os seus limites? Como a memória trabalha? O que causa o esquecimento? Essas e outras questões fazem parte da análise nesta unidade. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar os processoes e as estruturas da memória; Descrever a importância da memória no processo de ensino- aprendizagem. Sumário A memória e sua natureza O facto é que se os indivíduos não tivessem memória teriam dificuldades de percepção. Muitas vezes a capacidade de resolver problemas depende da capacidade de reter cadeias de idéias. Na memória, são os processos e estruturas envolvidos no armazenamento e recuperação de experiências. Por isso mesmo, a aprendizagem e a memória não podem ser separadas uma da outra. Mwamwenda (2004) garante que a memória é tão importante na vida humana e para a sua sobrevivência, sem ela as 88 Unidade pessoas teriam dificuldades em ir para diferentes lugares, de progredir na escola, de recordar nomes, amigos e seus feitos. Normalmente, a memória alimenta-se dos estímulos captados pelos sentidos: a visão, o tacto, o olfacto e o paladar, que seria o registo sensorial. Processos da Memória São três os procedimentos da memória, segundo Davidoff (2001): 1. Codificação ou aquisição: refere-se a todo processo de preparação das informações para o seu armazenamento. As informações, letras, símbolos, sinais e imagens são traduzidas e passam a ter um significado. Na codificação acontece uma aprendizagem deliberada. 2. Armazenamento: depois da codificação ou aquisição a informação é armazenada. Normalmente, o armazenamento é automático. 3. Recuperação: quando o indivíduo deseja usar uma informação ele precisa recuperar a mesma. Essa pode ser uma tarefa fácil ou difícil, dependendo das circunstâncias ou das características de cada indivíduo. Na mesma classificação Davidoff (2004) distingue três tipos nas estruturas da memória: sensorial, de curto prazo e de longo prazo. a) Memória sensorial É a informação que chega aos órgãos dos sentidos é retida momentaneamente por um sistema de armazenamento, e este sistema denomina-se de memória sensorial. Seus conteúdos são iguais a imagens persistentes, que desaparecem em pouco tempo, caso não sejam transferidos a estrutura posterior de memória. b) Memória de curto prazo É considerada como o centro da consciência. A memória de curto prazo tem uma capacidade limitada para guardar a informação por um período longo de tempo. Informações significativas são encaminhadas para a memória de curto prazo, as outras são descartadas do sistema de armazenamento. c) Memória de longo prazo Psicologia de Desenvolvimento 89 O armazenamento da informação por um período de tempo mais longo requer um processamento profundo “as pessoas prestam muita atenção, pensam nos significados ou reúnem dos itens relacionados e já armazenados” (DAVIDOFF, 2001:201). Essa informação não é facilmente esquecida, o esquecimento ocorre apenas se a recuperação da informação não for activada pelas pistas necessárias para a identificação da informação. O que facilita a memória Porque a memória tem importância especial no processo de ensino-aprendizagem o professor deve dominar osfactores que permitem o seu desenvolvimento. Mwamwenda (2004) destaca seis factores na facilitação da memória a saber: reconhecimento, ensaio, organização, significado, actividade e Atenção. a) Reconhecimento É a relação entre o estímulo e a informação já existente na memória de longo prazo. Caso a informação não seja disponível para a pessoa, não acontecerá o processamento da mesma e não ocorrerá o registro sensorial. No acto de ler o aluno o reconhecimento ocorre quanto o texto é legível e a linguagem é familiar ao aluno. b) Ensaio É a repetição e a recitação de competências ou informações tantas vezes quanto for necessário para que sejam guardadas na memória de longo prazo. c) Organização A boa organização das informações permite que estas possam ser retidas por um longo período de tempo. A organização consiste na ligação das unidades das informações entre si. d) Significado Ninguém pode armazenar uma informação por muito tempo se ela não tiver algum significado para a sua vida. e) Actividade 90 Unidade O investimento que o aluno faz em debater assuntos tratado sem sala de aula, pode auxiliar a armazenar suas informações por muito tempo. f) Atenção Como processo de selecção das informações, a atenção é importante para o processamento das mesmas. Na sala de aula os alunos podem estar a ouvir o que o professor fala, mas ele pode não captar todas as informações por distracções internas ou externas. Tal como as pessoas armazenam as informações elas pode esquecer. Entre os vários tipos de esquecimento Davidoff (2001) enfatiza os seguintes: 1) Falhas de codificação: ocorre quando a informação não é representada por completo. 2) Falhas de armazenamento: ocorre com o tempo, quando a memória é desintegrada e não resta nada para recuperar. 3) Falhas de recuperação: isso ocorre quando há interferência entre duas informações. Por exemplo, um aluno que estuda a língua francesa e inglesa e no momento da fala, não consegue distinguir as palavras em francês e em inglês. Em Psicologia Geral estudaram a atenção selectiva, que significa que o indivíduo precisa seleccionar o que lhe é significativo do momento na impossibilidade de aprender tudo ao mesmo tempo o que poderia lhe distrair ao invés de facilitar a retenção. No entanto, o esquecimento pode ser motivado. Isso acontece quando um indivíduo consciente ou inconscientemente quer suprimir uma informação perturbadora dentro da sua memória. A amnésia A amnésia é a perda de memória que pode ocorrer pro um golpe no cérebro, uma doença, cirurgia, drogas ou terapia. A amnésia vária conforme as dimensões da lesão e pode acontecer um distúrbio temporário ou irreversível e as pessoas podem perder parte ou a totalidade da memória. Implicações educacionais No espaço escolar os professores são os principais mediadores para o desenvolvimento da memória dos alunos de forma a que o Psicologia de Desenvolvimento 91 que for aprendido dentro dela possa ser usado no futuro na vida do aluno, em sua casa e na sua comunidade. Há necessidade de que os educadores tenham consciência de que o acto de decorar informações, por si só, não garante o armazenamento da informação na memória de longo tempo. Para que isso aconteça efectivamente, é preciso que as informações tenham significado e valor para o aluno. Os professores devem usar métodos variados para melhorar a capacidade de memorização dos alunos, tais como: tomar notas, rever a matéria ou recordar o que foi aprendido e criar momentos de aprendizagem profunda, de modo a discutir temas de interesse para os estudantes e sempre relacionar com o dia-a-dia da vida dos alunos. Exercícios Auto-avaliação 1 – Por que é que é importante o estudo sobre a memória? Resposta: Porque a partir destes estudos é possível saber as reais potencialidades humanas quanto ao armazenamento de informações e o seu processamento. Também, ajuda a activar a memória dos alunos de modo a que alcancem melhores sucessos, assim como a organização e abordagem dos conteúdos deve ser cuidado para facilitar a sua compreensão. 92 Unidade Unidade N0 21-A0013 Tema: A Motivação. Introdução Por que é que afinal as pessoas fazem as coisas? O que motiva as pessoas a estudar? O conceito da motivação veio impulsionar o campo da educação e principalmente, a planificação do processo de ensino-aprendizagem. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Definir a motivação; Descrever as implicações educacionais da motivação. Sumário O que é Motivação? A motivação é um conceito utilizado para explicar o modo como a pessoa ou o organismo se comporta. É a energia ou a força interior, um desejo ou um impulso que leva os indivíduos a envolverem-se em certos comportamentos. Trata-se de uma energia que orienta, dirige, controla e mantém o comportamento do indivíduo para o alcance dos objectivos propostos. A motivação pode ser social, quando os impulsos são influenciados pela cultura. Entre estes se podem destacar a satisfação das necessidades de afiliação e de realização. Desde o inicio da sua vida o indivíduo demonstra a motivação social, Psicologia de Desenvolvimento 93 principalmente para desenvolver a linguagem. Em termos sociais a motivação e dependente da aprovação da família, dos pais, etc. Motivação de realização, provem da necessidade de buscar a excelência, atingir objectos e ser bem sucedido. Normalmente a motivação de realização é influenciada pela expectativa de fracasso, que gera um sentimento de desamparo e consequentemente, a possibilidade de ser bem sucedido. A expectativa de fracasso que o professor cria com relação as crianças economicamente desfavorecidas certamente interfere na eficácia e eficiência de suas aprendizagens. O mesmo acontece com a expectativa que se gera com relação às mulheres. A Motivação Cognitiva – parte-se de princípios de que as idéias podem ser motivadoras e podem superar os impulsos básicos. As pessoas tendem a valorizar a coerência, tanto a própria como a dos outros e quando percepções, informações ou idéias entram em conflito, muitas pessoas sentem-se desconfortáveis, ao mesmo tempo em que elas sentem-se motivas para reduzir a ansiedade provocada pelo conflito e algumas partem para buscar novas informações. A motivação do está associada às suas crenças, percepções e práticas em sala de aula. E isso pode ser entendido pelo sucesso e insucesso escolar. Os alunos que atribuem o seu sucesso ou insucesso à capacidades, à dificuldades de tarefas e à sorte acreditam que eles não têm controlo e não teriam motivação para mudar a situação. Motivar os alunos significa facilitar um conjunto de objectivos e pedir aos alunos para se envolverem no alcance dos objectivos. É comum entre os psicólogos de aprendizagem distinguirem a motivação intrínseca da extrínseca, a primeira refere-se a realização da tarefa pelo gozo ou prazer que ela causa no indíduo já a segunda (motivação extrínseca) trata de explicar a realização da tarefa pelo benefício que pode trazer, podem ser prémios, bolsa de estudo entre outros benefício que a tarefa pode proporcionar. 94 Unidade Exercícios Auto-avaliação 1 – Menciona e descreva os tipos de motivação? Resposta: A motivação pode ser social, quando a busca é motivada pela satisfação dos valores culturais, a motivação de realização, quando se busca satisfazer as necessidades individuais em função da sociedade e a motivação cognitiva quando os princípios da busca vão além dos valores culturais e de realização pessoal. Psicologia de Desenvolvimento 95 Unidade N0 22-A0013 Tema: A Socialização. Introdução Desde a infância a criança descobre a necessidade de viver em grupo e a medida que o indivíduocresce, aumenta a necessidade e a influência dos grupos. A aprendizagem social é uma das áreas mais exploradas na actualidade, pois as pessoas são frutos das suas relações sociais. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Caracterizar os processos de socialização ou aprendizagem social; Identificar os principais factores e agentes na socialização. Sumário A Aprendizagem Social A socialização implica processo de aprendizagem na escola e na comunidade. Nestas, a criança adquire comportamentos, atitudes, valores etc., que seriam importantes e adequados para a cultura em que vive. Na aprendizagem social estão envolvidos os processos de observação e imitação. Nalguns momentos, algumas pessoas servem de modelos com maior destaque nos pais e professores e tendem a ser imitados pelos outros aos quais elas se identificam 96 Unidade (processo denominado de modelagem). Essa modelagem pode ser positiva ou negativa. No âmbito social podem ser destacados os seguintes agentes, que passaram a ser descritos com detalhe. a) A família, A família é representada fundamentalmente pela mãe e pelo pai. Muitas respostas sociais são aprendidas simplesmente pela observação e reprodução de comportamentos observados na família. A primeira identificação das crianças é com os membros da família. Quanto à mãe, esta seria a mediadora de recompensas biológicas e sociais. A qualidade da sua relação influi no desenvolvimento da personalidade da criança. O inicio da formação do elo mãe-criança se relaciona com a satisfação das necessidades fisiológicas básicas. Assim a criança adquire a tendência de ficar próximo da sua mãe, um comportamento que caracteriza a idade pré-escolar. Quando ela atinge a idade escolar este comportamento diminui, pois ela já consegue cuidar de sua própria segurança física e solucionar alguns problemas. Assim, para além do desenvolvimento afectivo e social a mãe pode também contribui para o desenvolvimento cognitivo, pelo número de informações que ela disponibiliza ao longo do crescimento da criança. A influência do pai começaria aos três anos, principalmente na formação do superego, na internalização das regras morais de convivência. Normalmente, os meninos se identificam com os padrões de conduta paternos (do pai). Mesmo que o desenvolvimento da criança dependa de vários outros factores, não se pode deixar menosprezar a importância da família, para a formação da identidade sexual no sentido do género (masculo ou feminino) e para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança. b) Os amigos Dede a infância inicial a criança interessa-se por outras da mesma idade e até aos três anos ela se exercita para as actividades cooperativas. Já que a criança é predominantemente egocêntrica há criança em contacto com outras vai atenuando as dificuldades em compartilhar seus Psicologia de Desenvolvimento 97 objectos e vai desenvolvendo o comportamento cooperativo e altruísta. Nos processos de atracção interpessoal pode se distinguir a amizade, que consiste na experiência de ter uma relação íntima, didáctica e recíproca como outras pessoas e a popularidade, que é experiência de ser aceite pelos membros do grupo. Entre adolescentes a formação dos grupos “naturais” é de extrema importância, pois estes influem sobre a vida de cada um deles. Nestes os grupos são caracterizados pela existência de comportamentos recíprocos que podem ser hierarquizados com base no poder e na posição social e a existência de uma série de normas sociais, valores compartilhados, de uma linguagem, de apelidos e regras que especificam as diferenças individuais. A formação de grupo pode ser formal quando a reunião é pela busca de objectivos estabelecido (equipa de futebol, grupo de catequese, etc.) ou informal que é a agregação espontânea dos adolescentes, para compartilhar um tempo livre ou um divertimento. c) Os meios de Comunicação Social: Os meios de comunicação social são hoje, talvez os mais influentes na formação da identidade da criança e principalmente dos adolescentes e jovens. A Televisão pode influenciar em comportamentos não comuns na família e nos grupos de amizades. Com mais incidência nos dias actuais está a internet, um meio que possibilita transpor todas as fronteiras físicas e morais. O cuidado tanto dos pais como do professor são imprescindíveis para o desenvolvimento de uma aprendizagem de qualidade a partir dos meios de comunicação de massa. Exercícios Auto-avaliação 1 – Menciona e caracteriza os principais agentes da aprendizagem social? Resposta: Os principais agentes da aprendizagem social são a família, os amigos e os meios de comunicação social. 98 Unidade Unidade N0 23-A0013 Tema: A Adolescência e a Escola. Introdução Na formação como docente é importante abordar a situação do adolescente de uma forma particular. Nesta unidade quer-se enfatizar o papel do professor perante a educação escolar dos adolescentes e as formas que permite ao professor de analisar o comportamento comunicativo do adolescente. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar o papel do professor na função docente perante o adolescente, Avalia o comportamento dos adolescentes nos processos educativos Sumário A escola constitui um espaço importante de socialização, um lugar onde são construídas condutas interactivas, as quai s podem aperfeiçoar as competências sociais. A escola é comprometida nos processos colectivos da construção de explicações e legitimação de fenómenos ligados ao desenvolvimento, aprendizagem, sucesso escolar, adminstração das diferenças. Um dos maiores desafios da escola é de propiciar aos alunos a possibilidade de realizar, com os materais e meios disponíveis algo que possa fornecer novas perspectivas aos adolescentes. Psicologia de Desenvolvimento 99 Para isso o profesor deve assumir, junto com a escola, um papel disciplinador, possuir um universo cultural e valores implícitos para que seja modelo e pessoa de referência. O fracasso escolar dos adolescentes muitas vezes está aliado, a falta do que os alunos denominam, usualmente, «o bom professor», ou ainda, «o professor ideal», que é capaz de explicar bem, usar os recursos com habilidade e competência e ser imparcial nos seus julgamentos. São três as áreas de julgamento dos adolescentes sobre os professores: a) A área da instrução: na qual são lembrados aspectos relativos à competência profissional e a didáctica; nesse âmbito são levados em consideração o conhecimento dos professores relaticos as disciplinas que leccionam, seu nível de actualização, sua capacidade didáctica (aulas interessantes, exposição com clareza, conexão entre o conteúdo ensinado e problemas da actualidade. b) A área relacional: na qual evidencia as habilidades sociais e comunicativas do professor, tanto nas relações com cada adolescente, quanto em relação à conduta na sala. c) Área da personalidade: na qual são citadas características da pessoa, traços idiossincráticos. De todas essas características, as mais lembradas são as de professor ideal e professor inadequado. Se o professor se centraliza em um indivíduo corre o risco de perder o controlo do grupo, aumentando o barulho na sala de aula. Porém, é necessário saber que a interacção com os grupos de adolescentes para ser produtiva deve-se activar os seus níveis de participação e motivação. Produzem resultados melhores em termos de qualidade pedagógica aquelas escolas nas quais é encorajada a participação dos alunos onde é colocado em prática o ouvir recíproco entre professores e alunos, e cujos professores podem programar em grupo as actividades e contar com supervisão daqueles maisexperientes. 100 Unidade Exercícios Auto-avaliação 1 – Menciona e descreva as três áreas de julgamentos alunos aos professores? Resposta: A área da instrução: na qual são lembrados aspectos relativos à competencia profissional e a didáctica; nesse âmbito são levados em consideração o conhecimento dos professores relaticos as disciplinas que leccionam, seu nível de actualização, sua capacidade didáctica (aulas interessantes, exposição com clareza, conexão entre o conteúdo ensinado e problemas da actualidade. A área relacional: na qual evidencia as habilidades sociais e comunicativas do professor, tanto nas relações com cada adolescente, quanto em relação à conduta na sala.Área da personalidade: na qual são citadas características da pessoa, traços idiossincráticos. De todas esas caracteísticas, as mais lembradas são as de professor ideal e professor inadequado. Psicologia de Desenvolvimento 101 Unidade N0 24-A0013 Tema: Necessidade Educativas Especiais. Introdução Será que todos os indivíduos devem ser tratados de igual forma nos processos educativos, por quê? Depois desse percurso todo cabe abordar sobre as particularidades caracterizam o desenvolvimento humano e as conseqüentes implicações no que se refere à educação. Ao completar esta unidade, você será capaz de: Objectivos Identificar as principais necessidades educativas entre as crianças; Descrever as principais necessidades educativas; Encontrar estratégias para trabalhar com crianças excepcionais. Sumário Crianças Excepcionais As crianças podem apresentar dificuldades que reduzem a capacidade de aprendizagem ou qualidade que entram em conflito com a velocidade do tempo escolar (superdotadas). No entanto, vamos privilegiar nesta unidade a abordagem das principais dificuldades que influem no processo do seu desenvolvimento e aprendizagem. 102 Unidade As dificuldades podem ser divididas em áreas. a) Na área físico-motor: Destaca-se a paralisia cerebral, a epilepsia, afasia, incapacidade visual, perda de audição, danos cerebrais mínimos, problemas de fala e dislexia. A dislexia é uma perturbação na aprendizagem relacionada com a leitura e a ortografia. Essas dificuldades podem ter origem neurológica ou psicossocial. “Crianças com dislexia tem dificuldades em associar sons, significados e símbolos, por isso mesmo elas têm dificuldades em compreender textos, de pronunciar correctamente as palavras” (MWAMWENDA, 2004: 313), omitindo-as. Essas crianças também podem ter problemas na resolução de problemas matemáticos. Se o problema for detectado cedo há possibilidades, pela acção médica de se suprir a perturbação. As crianças podem ter também problemas mentais ligeiros que vem da subnutrição ou de outros danos durante o nascimento, caracterizados pela falta de coordenação ou hiperactividade. Esses danos podem ser também, genéticos. A criança hiperactiva tem dificuldade em se concentrar em uma só actividade e ela envolve-se em várias ao mesmo tempo. Aqui é importante recordar certas crianças são agitadas na sala pela diferença de capacidades que apresenta em resolver com muita facilidade os exercícios apresentados ou porque o conteúdo apresentado não lhe é significativo. Quando a criança é incapaz de escrever o seu próprio nome, de copiar triângulos ou quadrados, ou se inverte as letras na hora de dizer o alfabeto pode ser sinal de dificuldades perceptuais-motoras. b) Na área sócio-emocional: Destaca-se a inibição, a ansiedade, as reacções neuróticas, agressão e delinqüência. Estes problemas são influenciados pelo ambiente familiar autocrático, no qual a criança é submetida em castigos quando desobedece. Isso pode desenvolver depressões e influenciar no rendimento escolar da criança. Psicologia de Desenvolvimento 103 Também podem ser influenciados pelo ambiente familiar protector, no qual as crianças tornam-se dependentes aos pais. Esta situação que pode se estender para a escola. Estas crianças podem apresentar sinais de ansiedade e não conseguirem fazer amizades. Teóricos do desenvolvimento reconhecem que grande parte de comportamentos anti-sociais é reflexo da infância; recorda-se da necessidade de cooperação nos jogos cumprindo as regras quando tratamos do desenvolvimento moral? A inobservância dessas regras pode ser a génese de comportamentos de intolerância e desobediência na fase adulta. c) Na área cognitiva-intelectual: Destacam-se as crianças mentalmente superdotadas e com problemas mentais. Um dos sinais de que a criança é superdotada está na capacidade de produzir respostas educativas originais extremamente avançadas para a sua idade. Na escola estas crianças as crianças superdotadas normalmente têm melhores desempenhos que as outras, aprendem a informação e as competências de uma forma rápida e com facilidade, não tem problemas de compreensão de significados e estabelecer relações entre conceitos e objectos; tem um pensamento rápido e envolvem-se em tarefas mentais difíceis. No caso da debilidade mental as causas podem ser variadas. Existem causas endógenas, que advém de factores genéticos (mutação genética, gene recessivo ou presença de um só gene dominante) e; causas exógenas, oriundas de factores de ambiente (doenças, lesão ou privação ambiental). Entre as causas exógenas estão também danos cerebrais, factores perinatais e pré-natais (drogas, DTS, trauma de nascença, falta de dieta equilibras, etc). Os três níveis de dificuldade mental 1. O nível de dificuldade mental educável Neste nível as crianças podem aprender a ler, escrever, contar e realizar operações matemáticas, mas num rítimo diferente a de outras crianças. Suas características são: prestam pouco tempo de atenção, tem actividades mentais que correspondem a idade inferior a sua. 2. O nível de dificuldades mentais treináveis 104 Unidade Neste nível as crianças não são capazes de agir sozinhas, necessitam sempre de alguém para cuidá-las. São suas características a necessidade de protecção, a idade mental entre 4 a 8 anos, o que significa que comportam-se como crianças mesmo sendo adultas. Elas podem ser treinadas para desenvolverem atitudes aceitáveis na saúde, linguagem oral e segurança. 3. O nível das dificuldades mentais sob custódia As crianças neste nível de dificuldade não conseguem viver sem ajuda. Neste caso o papel dos pais e do professor é indispensável na correcção desta necessidade educativa. Implicações Educacionais As crianças excepcionais necessitam de cuidados educativos especiais e muitas vezes personalizados. O desenvolvimento das crianças superdotadas pode ser facilitado acelerando o seu processo de escolarização para níveis mais elevados. Crianças com dificuldades de aprendizagem podem receber apoio médico, de psicólogos e outros especialistas de modo que essas dificuldades sejam aos poucos supridas. O professor e a escola devem estar atentos às diferenças individuais e a identificarem as necessidades de cada indivíduo conforme seja este superdotado ou com alguma dificuldade de aprendizagem. Exercícios Auto-avaliação 1 – Quais são as principais necessidades educativas especiais? Resposta: Entre as principais necessidades educativas destacam- se na área físico-motor paralisia cerebral, a epilepsia, afasia, incapacidade visual, perda de audição, danos cerebrais mínimos, problemas de fala e dislexia. Na área sócioemocional a inibição, a ansiedade, as reacções neuróticas, agressão e delinqüência. E na área cognitiva as crianças mentalmente superdotadas e com problemas mentais. Psicologia de Desenvolvimento 105 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER Em cinco (5) páginas no mínimo, faça uma redação dos seguintes sub-temas do tema : Trabalho1 para primeira sessão presencial – Código: T-F.E-01 A Questão dos Objectivos Educacionais: : (a) Crítica a concepção inatista de desenvolvimento a partir dos pressupostos da teoria ambientalista. (b) A importância das duas teorias na educação escolar. Trabalho2 para segunda sessão presencial – Código: T-F.E-02 A Questão dos Objectivos Educacionais: (a) Impacto das teorias interaccionistas de desenvolvimento com relação as teorias de aprendizagem (b) Avanço das teórias socio-interaccionistas com relação as anteriores teorias. Trabalho3 para terceira sessão presencial – Código: T-F.E-03 A Questão dos Objectivos Educacionais: (a) Principais cuidados no processo de desenvolvimento humano (físico, social, moral e afectivo). (b) Aprendizagem Social na Adolescência 106 Unidade REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ABRUNHOSA, Maria Antónia e LEITÃO, Miguel. Psicologia B. Lisboa: Edições Asa, 2009. DAVIDOFF, Linda. Introdução à Psicologia. 3 ed. São Paulo: Artmed, 2001. Cláudia, DAVIS e OLIVEIRA Zilma de. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1990. MWAMWENDA, Tuntufye S. Psicologia Educacional: Uma perspectiva africana. Maputo: Textos Editora Ltda, 2004. RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia de Desenvolvimento: Teorias de Desenvolvimento. v1. São Paulo: EPU, 1981a. _____________. Psicologia de Desenvolvimento: Infância Inicial, o bebé e sua mãe. v2. São Paulo: EPU, 1981b. _____________. Psicologia de Desenvolvimento: A idade pré- escolar. v3. São Paulo: EPU, 1981c. _____________. Psicologia de Desenvolvimento: Idade escolar e a adolescência. v4. São Paulo: EPU, 1981d. SPRINTHALL, Norman A. e SPRINTHAL, Richard. Psicologia Educacional: Uma abordagem Desenvolvimentista. Lisboa: McGraw-Hill, 1993. SISTO, F. Fernandes & MARTINELLI, S. de Cássia. (org). Afectividade e dificuldades de Aprendizagem. SP, Metropolis, 2008. UNISUL. 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