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Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé Aminoglicosídeos Os aminoglicosídeos são produtos naturais ou derivados semissintéticos de compostos produzidos por uma variedade de actinomicetos do solo. São utilizados principalmente para tratar infecções causadas por bactérias Gram-negativas aeróbicas. São inibidores bactericidas da síntese de proteínas. Exemplos de aminoglicosídeos: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, canamicina, estreptomicina, paromomicina e neomicina. Mecanismo de ação A morte bacteriana dependerá da concentração: quanto maior a concentração, maior a taxa de morte bacteriana. A relação entre a concentração máxima e a concentração inibitória mínima do organismo é, portanto, um indicador-chave da eficácia do aminoglicosídeo. A atividade inibitória dos aminoglicosídeos persiste depois que a concentração sérica caiu abaixo da concentração inibitória mínima, um fenômeno conhecido como efeito pós-antibiótico. Os aminoglicosídeos difundem-se através dos canais aquosos formados pelas proteínas porinas na membrana externa das bactérias Gram-negativas, penetrando no espaço periplasmático. Uma vez no interior da célula, os aminoglicosídeos ligam-se aos polissomos e interferem na síntese de proteínas, levando a erros de leitura e terminação precoce da tradução do mRNA. O sítio de ação primário intracelular dos aminoglicosídeos é a subunidade 30S ribossômica. Resistência Bactérias podem ser resistentes aos aminoglicosídeos por: Inativação do fármaco pelas enzimas microbianas; Falha do antibiótico em penetrar no interior da célula; e Baixa afinidade do fármaco pelo ribossomo bacteriano. Absorção Os aminoglicosídeos são cátions polares e, portanto, são pouco absorvidos pelo trato GI. Menos de 1% da dose sofre absorção após administração oral ou retal. Todos os aminoglicosídeos são rapidamente absorvidos nos locais de injeção IM. As concentrações máximas no plasma ocorrem após 30 a 90 minutos. Distribuição Em virtude de sua natureza polar, os aminoglicosídeos não penetram na maioria das células, no SNC e no olho. A inflamação aumenta a penetração de aminoglicosídeos em cavidades peritoneais e pericárdicas. As concentrações de aminoglicosídeos obtidas no líquido cerebrospinal com administração parenteral geralmente são subterapêuticas. A administração de aminoglicosídeos a mulheres no final da gravidez pode levar ao acúmulo do fármaco no plasma fetal e no líquido amniótico. Devem ser usados com cautela durante a gravidez e apenas para indicações clínicas fortes na ausência de alternativas adequadas. Metabolismo e eliminação Sofrem um metabolismo mínimo e são excretados quase inteiramente por filtração glomerular. Os t1/2 dos aminoglicosídeos no plasma são de 2 a 3 horas em pacientes com função renal normal. Como a incidência de nefrotoxicidade e ototoxicidade provavelmente está relacionada à exposição geral dos aminoglicosídeos, é fundamental reduzir a dose de manutenção e o intervalo de dosagem desses medicamentos em pacientes com insuficiência renal. Usos terapêuticos Muitos tipos diferentes de infecções podem ser tratados de modo bem-sucedido com esses Thaís Lopes Valente – Instituto de Ciências Farmacêuticas UFRJ Macaé aminoglicosídeos; entretanto, em virtude de suas toxicidades, seu uso prolongado deve limitar-se ao tratamento das infecções potencialmente fatais e daquelas para as quais um agente menos tóxico está contraindicado ou é menos eficaz. Os aminoglicosídeos são frequentemente utilizados em combinação com um agente ativo na parede celular (β-lactâmico ou glicopeptídeo) para o tratamento de infecções bacterianas graves. Os três raciocínios para essa estratégia são: Expandir o espectro empírico de atividade do protocolo antimicrobiano; Atuar sinergisticamente com a morte bacteriana; Impedir que se desenvolva resistência aos agentes individuais. Efeitos adversos Todos os aminoglicosídeos têm potencial para produzir toxicidade vestibular, coclear e renal reversível e irreversível e bloqueio neuromuscular. A ototoxicidade induzida por aminoglicosídeos pode resultar em perda auditiva irreversível, bilateral, de alta frequência ou hipofunção vestibular. Aproximadamente 8 a 26% dos pacientes que recebem um aminoglicosídeo por vários dias desenvolvem comprometimento renal leve, que quase sempre é reversível. A toxicidade resulta do acúmulo e retenção de aminoglicosídeos nas células tubulares proximais. Os aminoglicosídeos podem inibir a liberação pré-juncional de acetilcolina, enquanto também reduzem a sensibilidade pós-sináptica ao transmissor, o que causa bloqueio neuromuscular.
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