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TCC - SHEILA final corrigido

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QUINTININA DINIZ DE OLIVEIRA:
MULHER E POLÍTICA EM 1934 NO ESTADO DE SERGIPE
Sheila Fernanda Silva Santos
* sheilasilva_aju@yahoo.com
Resumo
Esse artigo tem como objetivo analisar a trajetória política de Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro, a primeira mulher no Estado de Sergipe a assumir um cargo público no período de 1934 a 1938. Diniz foi eleita deputada estadual, com isso tornou-se um marco histórico para a política local. A análise dessa pesquisa é vislumbrar dados sobre os aspectos que contribuíram para a realização desse fenômeno na historiografia sergipana, visto que, a figura de Quintinina Diniz como política é pouco analisada, por isso se faz necessário trazer uma visão panorâmica sobre a sua desenvoltura como política, os aspectos que influenciaram para o seu alistamento eleitoral. Por fim, corroborar para a análise da inserção da mulher no contexto político sergipano, almejando contribuir com a historiografia local. A metodologia adotada para o desenvolvimento deste estudo foi a revisão bibliográfica do tipo integrativa, utilizando de livros, portal acadêmicos (Scielo e Google Acadêmico). Conclui-se que a desigualdade ainda é preponderante, entretanto, há um desenvolvimento político renovado, que vem crescendo para inserção da mulher na política e agregando valores a todo momento.
Palavras-chave: Quintina Diniz; Deputada estadual; Mulher; Política; Igualdade de gênero. 
Summary
This article aims to analyze the political trajectory of Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro, the first woman in the State of Sergipe to assume a public office in the period from 1934 to 1938. Diniz was elected state deputy, thus becoming a historic landmark for local politics. The analysis (commitment) of this research is to glimpse data on the aspects that contributed to the realization of this phenomenon in Sergipe historiography, since the figure of Quintinina Diniz as a policy is little analyzed by Sergipe historiography, so it is necessary to bring a panoramic view about his resourcefulness as a politician, the aspects that influenced his electoral enlistment. Finally, to corroborate the analysis of the insertion of women in the political context of Sergipe, aiming to contribute to the local historiography. The methodology adopted for the development of this study was the bibliographic review of the integrative type, using books, academic portals (Scielo and Google Scholar). It is concluded that inequality is still prevalent, however, there is a renewed political development, which has been growing for the insertion of women in politics and adding values ​​at all times.
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Keywords: Quintina Diniz; State Representative; Women; Policy; Gender equality.
Introdução
No Brasil, até o final do período Imperial, predominou a vida na zona rural, com isso, os aspectos sociais próprios da modernidade tornaram-se relevantes a partir do século XIX, quando ocorreram importantes mudanças sociais, incluindo a organização familiar e as novas atribuições femininas. Foi assim, que alguns valores e o modo de vida da burguesia europeia passaram a compor a sociedade brasileira (ARENDT, 2001).
Verifica-se, assim, que o primeiro envolvimento das mulheres brasileiras com uma reivindicação por direitos sociais, não especificamente os seus, reforça seu papel social – secundário, com características de dedicação e esforço físico, numa reprodução de seu papel familiar. Note-se, também, que na atividade político-partidária a atuação das mulheres muitas vezes limita-se, ainda hoje, a ações que expressam esse mesmo papel secundário, isto é, atuar como "militante", o que envolve abnegação e esforço físico (MACHADO, 2000).
É importante notar que, mesmo num clima de transformações sociais predominou, nessa época, uma clara concepção social de diferentes papéis para cada gênero. Alguns dos argumentos de então, contrários à emancipação feminina, tendem a reaparecer em outros momentos históricos, quando novos "direitos" femininos passam a ser discutidos. Como, por exemplo, a partir dos anos 60 (sessenta), quando se defende enfaticamente o direito feminino de exercer uma atividade profissional, assumir cargos de chefia ou escolher profissões com características específicas, como a atividade militar. Uma vez vencido os argumentos que se opunham ao exercício de tais atividades pelas mulheres – ou, simplesmente, ignorado por elas – passam a exercer essas funções. As previsões mais pessimistas, como as de destruição do lar, não se concretizam (ARENDT, 2001).
Haja vista tratar-se de um fenômeno que marcou a história local, esse tema foi pouco abordado pela historiografia sergipana, uma vez que pouquíssimos documentos que relatam a vida política de Quintina Diniz foram encontrados. Porém, na busca por informações acerca da trajetória política de Diniz, faz-se necessário recorrer a documentos que possuem uma semelhança com o estudo aqui abordado, a fim de dissertar informações acerca da intelectual.
A personalidade de Diniz é, geralmente, recordada através de estudos que abordam sua atuação no campo educacional, no qual dedicou-se por longos anos de sua vida. Sua carreira no magistério foi promissora, empenhou-se na aplicação de um ensino direcionado ao gênero feminino, sendo uma das pioneiras a implantar esse sistema de ensino em Sergipe, deixando um legado e muitos relatos de sua devoção para com seus alunos. 
Todavia, é através desses estudos que tentaremos extrair informações que possam evidenciar a vida de Quintina Diniz como deputada, a fim de encontrar indícios que versem sobre sua vida política, uma vez que o acesso a fontes que discorra sobre sua legislatura é um tanto quanto escasso; por isso, é de suma importância retomamos a sua história como educadora e, assim, adentrar em relatos que nos levem ao seu envolvimento com a política.
Essa escassez de documentos que relate esse grande marco para o estado de Sergipe é lastimável, uma vez que foi um fenômeno na política sergipana, que através de tantas lutas enfrentadas pelo gênero feminino em diversas partes do país, lutas tão árduas, que faz parte da história mundial, difundida por mulheres como Bertha Maria Julia Lutz[footnoteRef:1], alcançou o pequeno estado nordestino. [1: ¹A Revolução Constitucionalista foi um movimento armado iniciado em 9 de julho de 1932, liderado pelo estado de São Paulo, que defendia uma nova Constituição para o Brasil e atacava o autoritarismo do Governo Provisório de Getúlio Vargas.] 
 Um cenário dominado pela oligarquia patriarcal, em qual o contexto político, vivia em desarmonia conjuntural, em que o sistema eleitoral não tinha credibilidade, fazia com que o povo clamasse por mudanças realmente eficazes. As mudanças formam acontecendo de forma gradativa, porém, foi de suma importância para a renovação do quando político nacional, estadual e municipal.
Mas é em meados dos anos de 1930 que o setor político passa por uma transformação de grande relevância. Embora, o ano de 1934 seja o principal foco do estudo, discorreremos sobre o ano de 1932, quando mudanças significativas ocorrem, a exemplo da “denominada” “Revolução Constitucionalista¹”. Apesar de não ser bem-sucedida, “a criação da Constituição de 1934 é fruto dessa fracassada revolução.
Diante disso, a Convenção é aplicável a todos os setores da economia, incluindo os setores público e privado e a economia informal, tanto em áreas urbanas como rurais. Os países que ratificaram a Convenção comprometem-se a estabelecer mecanismos de prevenção e proteção, aplicação, remediação e reparação, bem como orientação e divulgação.
A criação da Justiça Eleitoral em 1932, na presidência de Getúlio Vargas, com a publicação do Código Eleitoral, com o propósito de moralizar o processo eleitoral, que conseguinte, veio a extensão do direito ao voto às mulheres, Rebbelo,2016, p.201). Segundo o autor, foi a partir dessa extensão, que uma mulher foi eleita para compor uma Assembleia Nacional constituinte no Brasil.
 A influência de mulheres intelectuais, que contribuíram diretamente para a realização desse marco histórico,é fundamental para a análise desse fenômeno, visto que a luta por igualdade de entre homens e mulheres, já era difundia em diversos estados brasileiros, não só pelos direitos políticos, mas por direitos por educação, independência econômica e o de exercer cargos delegados apenas ao gênero masculino.
Logo, é através desse viés, que pretendesse analisar a influência dessas mudanças para classe feminina sergipana e, buscar entender as causas as quais levaram Quintina Diniz a ser indicada a função de Deputada Estadual e quais motivos fizeram passar desapercebida na política sergipana. Outro fator a ser analisado é o fato de depois dessa grande conquista, a figura da mulher com representante na política local estagnou por mais de vinte anos.
Ainda que fontes utilizadas nesse estudo têm caráter um tanto quanto limitadas, através delas que extrairemos informações sobre a atividade política da deputada. São através de periódicos, depoimentos, homenagens, citações em artigos acadêmicos que tem relação com o tema, arquivos legislativos e livros. Desse modo, nota-se que pesquisas referentes à participação da mulher na política sergipana ainda é algo pouco explorado na historiografia local.
 É importante frisar que essa pesquisa foi realizada em um período muito peculiar em nossa sociedade, uma vez que entramos em uma crise epidêmica mundial, a qual impossibilitou o contato presencial com pessoas e o acesso a arquivos públicos, restringindo assim, o acesso as fontes, seja de cunho oral ou escritas, que condensasse com mais clareza essa pesquisa.
Por fim, através dessa pesquisa buscamos contribuir com a historiografia sergipana e despertar o interesse de outros estudiosos que possam se debruçar e aprofundar ainda mais sobre esse tema. Assim, vislumbrar sobre um tema de grande importância, a participação da mulher na política, para história local e, com isso avivar a história política de Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro.
2 Aspectos históricos sobre o estudo da politica
Os estudos de história política, até meados dos anos de 1980, a princípio, partem do pressuposto nacional, focando geralmente na figura considerada de maior relevância, a exemplo da figura do chefe de Estado. Essas análises abordam uma visão macro da história política, direcionando quase sempre para a esfera unilateral, deixando escapar, ou expõe de forma superficial, o contexto sociopolítico local da época. 
Todavia, ainda que esses estudos sejam de fundamental importância para historiografia brasileira, não são suficientes para analisarmos os acontecimentos políticos de forma singular. Fenômenos ocorridos no setor político nacional, que influenciaram mudanças no quadro eleitoral estadual e municipal, por vezes, passaram despercebido pelo estudo historiográfico difundidos na época. Diante dessa realidade na história, uma nova metodologia surge, suprindo essa necessidade de analisar o objeto histórico de um ponto de vista individual.
A metodologia que permite a reflexão dos aspectos sociais, econômicos, políticos, dentre outros a serem analisados de forma separada dos “grandes” acontecimentos, assim antes denominados, é a Micro História. Esse método que surge entre 1981 e 1988, com os historiadores Carlos Ginzburg e Giovanni Levi, que a partir da criação de uma coleção denominada Microstorie, passa a abrir novas possibilidades de análises, na qual é possível estudar o objeto histórico através de vários ângulos, além da ótica da “História Geral”. 
Com isso, é permitido estudar os aspectos políticos ocorridos no decorrer dos séculos, que envolveram personagens que contribuíram para a historiografia regional. Indivíduos responsáveis por adventos históricos de grande importância para o contexto político de cada região do país e, por vezes esquecidos devido à análise direcionada a figuras consideradas de maior relevância para a história. 
Portanto, esse tipo de metodologia tem contribuído para o estudo dos aspectos políticos difundido por personalidades local, nos permitido ter uma visão panorâmica dos acontecimentos que influenciaram transformações de grande relevância no quadro eleitoral regional. Assim, possibilitando observar de forma individual o impacto que o contexto político nacional trouxe para determinadas sociedades.
 Além da metodologia histórica passar por mudanças no estudo do seu objeto, ela também sofre modificações a sua interpretação acerca do estudo da história política dentro do contexto histórico. A ótica lançada para a análise da política no decorrer dos séculos era feita de uma forma generalizada, muitas vezes se limitando a personalidades políticas elevadas a categoria de herói, analisando o contexto político através da sua figura.
Então é a partir da década de sessenta que essa forma de análise sofre modificações, segundo Êça Pereira, a História Política em meados dos anos sessenta passa por um período reflexivo entre os pesquisadores. É através da obra “Por uma história política” de Renè Remond, que passa a ser feito um balanço teórico-metodológico denominada “História Politica Renovada”, que explica as razões do “ostracismo ao qual o político foi relegado durante a primeira metade do século XX (Remond,-2003 apud PERREIRA,2014, p.2).” 
Criticada por se tratar de uma “narrativa factual, presa aos eventos, de curta duração, portanto, superficiais no que se refere a esfera política”, como também por abordar apenas “particularidades nacionais”, não exercendo sua função no “espaço/tempo ou mesmo para a formulação de conceitos, que caracterizam a cientificidade das humanidades,” (BARROS, p. 2, 2004).
A História Política foi acusada, ainda, “de estar presa à narrativa cronológica, de modo que, tornava-se uma quase literatura”, sendo que nem o autor conseguia escrever de modo interessante. Outro “defeito” era o fato de focar-se na biografia de “grandes homens de Estado”, e na força de suas vontades como motor da história, de modo que, a explicação das transformações históricas estavam nas ideias dos grandes personagens, (Remond,2003).
É através desse movimento intelectual difundido por Remond (2003), que “o político, saiu do ostracismo, para ocupar todos os lugares: religião, relações de gênero, moda, alimentação”, dentre outras áreas para melhor ser compreendida. A História Política passou a ter relação com diversas áreas do conhecimento, como Sociologia, Psicologia Social, Direito Público, Linguista e etc. Afirma que “é impossível para “história política praticar o isolamento, a pluridisciplinaridade é para ela como o ar de que precisa para respirar” (p.29).
Outro fator que a História Política reagiu positivamente, segundo Pereira, “era a de apenas focar-se numa minoria privilegiada” e negligenciar a participação do povo. Segundo o autor, “Além dos temas eleitorais e da política partidária que possibilitava vislumbrar as opções de uma parcela da população, a possibilidade de estudar a trajetória de movimentos sociais, sindicatos, movimentos culturais, enfim, compreender como a sociedade se organiza e disputa poder para além e também dentro do Estado”, (PERREIRA,2014, P.4) (2014, p.28) 
Ainda na perspectiva da análise do autor Rene Remónd, que defende a interdisciplinaridade, a ampliação e diversificação das fontes, considera que todos os seguimentos sociais participaram da história. Logo, a História Política é “plural e é construída através da participação da sociedade como um todo e diversificadas áreas da sociedade, tudo está interligado”. De acordo com Francisco Falcon, o que a princípio é político, afeta o social, o cultural e assim por diante. “O estudo da política abrange outros campos, sendo impossível separar de outros aspectos sociais, econômicos e culturais, ” (FALCON,1997, p. 65). 
Entretanto, na visão tradicional, a análise dos objetos políticos ou da política, iniciava-se com os olhares voltados para os grandes nomes da política, “as instituições, o Estado, e isso perdurou durante muito tempo como objeto por excelência na produção histórica”. Diante disto, surgiu sobre um novo paradigma, abrindo um novo horizontede perspectivas à pesquisa histórica, possibilitando em grande parte, o alargamento de suas fontes e o surgimento de novas ciências auxiliares que, ligadas ou não a política, viabilizaram e aprofundaram inovações temáticas e analíticas.
Nesse sentido, “teremos de um lado aqueles antigos enfoques da História Política tradicional, que apesar de terem sido rejeitados pela historiografia mais moderna a partir de 1930, trouxe contribuições relevantes para a análise crítica das fontes e a valorização dos arquivos” (p. 17). Longe de ser um fenômeno passageiro, esse novo paradigma da política na história, lança novas bases para a historiografia contemporânea, cujo núcleo passou a ser a sociedade e a participação do exercício do poder, sobretudo de novos sujeitos na política (PEREIRA, 2012)
Como aponta René Remond “A história do indivíduo, em boa parte do século XX, recebia críticas, pois dizia-se que a história não podia se limitar ao estudo do indivíduo”. A respeito, ele ainda ressalta a abordagem feita pelos Annales a respeito dessa análise, “[...] os comportamentos coletivos tinham mais importância para o curso da história que as iniciativas individuais [...]”. Mas esse século trouxe em seu bojo, juntos aos fatos que nele se desenvolveram, positivos ou negativos, novas percepções do ser humano (RÉMOND,2003, p .16).
Portanto, essa visão renovadora acerca da história política, não anula os estudos anteriores, mas traz uma forma de abordar essa temática vasta e cheia de nuances, incluindo vários personagens e setores que inclui uma sociedade. Assim como aborda o autor. 
As revoluções que derrubaram os regimes monárquicos não destronaram a história política de sua posição preeminente, apenas mudaram seu objeto. Em vez de fixar-se na figura do monarca, a história política voltou-se e a nação, consagrando daí em diante suas obras à formação dos Estados nacionais, às lutas por suas unidades ou emancipação, às revoluções políticas, ao advento da democracia, às lutas partidárias, aos confrontos entre as ideologias políticas. (REMOND,2003, p. 15).
Visto isso, podemos acrescentar que as críticas lançadas a história política foram de grande relevância, uma vez que auxiliaram na sua renovação, abrangendo um vasto campo do estudo que inclui outras áreas do saber. Portanto, como ressalta Rafael Willian,
“Uma história que se tronou relevante para a ciências humanas não deve ser apenas alvo de revisões e de um alto grau de criticidade, mas deve reconhecer também o que os historiadores do político fizeram para que os seus objetos fossem vistos pela sociedade como ferramenta utilizável na constante construção do homem político, enfim, do homem em sociedade” (2003, p.46).
Em 1935, no curto período de organização democrática da chamada República Nova, Quintina Diniz foi eleita deputada estadual constituinte, participando da elaboração da Constituição estadual de 1935. Foi a primeira mulher a ter esse tipo de participação política, decorrente do seu engajamento nas causas atuais do seu tempo, incluindo o movimento feminista que liderou e destacou muitas mulheres, em todo o Brasil. Lutou pela democracia quando foi decretado o Estado Novo em 1937 que limitou as liberdades individuais e a organização política.
Política, natural de Laranjeiras (SE), foi professora e fundou em Aracaju (SE), em 1906, o primeiro educandário feminino de seu estado. Adepta das ideias feministas, participou da FBPF, entidade que a apoiou para ser eleita a primeira deputada estadual de Sergipe, em 1934. Foi a primeira deputada estadual de Sergipe, ocupando o cargo de maio de 1935 a 1937. 
No ano de 1931, Maria Rita Soares de Andrade se empenhou para nomear oficialmente Cesartina Régis como representante de Sergipe no II Congresso Feminista. De acordo com Freitas (2003), a participação das duas sergipanas no evento foi divulgada pela imprensa Sergipana e recebeu um número especial na Revista Renovação. Estrategicamente estas mulheres conquistaram visibilidade no cenário político local. O movimento pelo sufrágio foi o projeto mais intenso das militantes Sergipanas. Em 1934, Cesartina Régis e Rita Soares estavam empenhadas no processo de alistamento eleitoral no Estado de Sergipe, ambas estavam cotadas para serem indicadas a candidatura, entretanto romperam com a liderança política com a qual se coligavam. Assim retiraram seus nomes para eleição e apoiaram a candidatura da Professora Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro para a Assembleia Constituinte em 1934. Conforme o estudo realizado por Freitas (2003, p. 188), a escolha da Professora de Pedagogia da Escola Normal, Quintina Diniz, em detrimento “da atuante farmacêutica Cesartina Régis e da irrequieta advogada Maria Rita, fez parte de uma estratégia construída pelas lideranças da FBPF, não só em Sergipe, mas em todo o Brasil, para garantir a presença feminina nos cargos eletivos, em 1934”. Ao fim da jornada, Quintina Diniz foi eleita e empossada para Deputada Estadual do Estado de Sergipe na assembleia constituinte em 1935. (PINTO, 2003)
3 Reflexos do contexto político em Sergipe
Com o advento da modernidade social dentro do quadro político, a difusão de novas ideias de grupos políticos, foi fundamental para fomentar uma nova perspectiva nos estudos desse tema, possibilitando alargar a visão crítica sobre as reflexões sobre esse tema. A nova estrutura política tinha a democracia como tema central, entretanto, ainda não tinha alcançado seu efeito positivo para grande parte da população.
O final do século XIX para o início do XX, foi um período histórico marcados pelas inovações que trouxeram grandes mudanças para a sociedade em todo o mundo. Houve, em diversos aspectos, inovação tecnológica, a expansão da cultura, dos meios de comunicação, como jornais e revistas, as transições políticas que expressaram novas ideologias, entre outros acontecimentos.
A transição no setor político durante o período Monárquico para a República, trouxe mudanças para a sociedade brasileira, principalmente na área política, embora de forma gradativa, porém significante para o país. Ainda sobre os “louros” que a “nova” forma de governo traria, segundo Ibarê Dantas, “em Sergipe as pregações dos republicanos também falavam em muitas vantagens, entre a as quais, maior compatibilidade da república com a democracia” (DANTAS, 2004, P.15).
Entretanto, esse quadro político-social perdurou durante décadas sem um planejamento contundente que nivelasse de fato, a sociedade aos ideais republicanos e, estreitassem os compromissos com ações democráticas. Contudo, os indivíduos alijados da nova estrutura política, buscavam galgar seu espaço dentro da sociedade, buscando ultrapassar as barreiras dominantes das oligarquias existentes, aspirando por igualdade em todos os aspectos sociais. 
No decorrer da instauração da República, ocorreram diversas mudanças no “arcabouço institucional”, a exemplo do poder Executivo, que antes tinham seus representantes indicados pelo Imperador, homens que não eram naturais da região a qual iam gerir, passava a ser representando por políticos da terra, com a perspectiva de serem eleito pelo voto popular. Todavia, esses novos administradores não tinham um devido preparo para exercer o que o projeto republicano almejava. 
Logo, os resultados esperando pela nova forma de governo não promoveu a mudança tanto esperada pelos seus apoiadores políticos e pelos cidadãos que almejavam ser inseridos nesse novo sistema administrativo e, assim, poder exercer sua cidadania na integralidade. Então, mudanças na estrutura política continuaram acontecendo de forma célere, porém de forma desajustada.
Diante disto, o decorrer dos anos, essas mudanças foram ocorrendo de forma mais coerente, entretanto, o quadro político ainda estava nas mãos dos grupos abastados formados pela oligarquia genuinamente masculina. Instabilidade política continuava com grande relevância para a sociedade brasileira. Foi nesse aspecto de renovação que novas ideologias foram inseridas no contexto político no país. 
Mudanças que vão desde de criações de Leis,construção de instituições que pudessem dar maior respaldo a esse setor, como também, o aumento significante de grupos partidários. Junto a essas mudanças estrutural, eram adquiridas ideias de cunho ideológico, geralmente influenciado por políticos e filósofos de diversas parte do mundo, a exemplo do pensamento Liberal, entre outras mudanças. 
Entretanto, essas mudanças não ocorriam de forma democrática, uma vez que a população ainda permanecia fora das decisões políticas, assim, impedidos de assumir o papel de cidadão atuante. Com o advento dos movimentos comunistas nos estados brasileiros, no período do século XX, com destaque para os grandes centros urbanos, todavia chegando até o Nordeste, serviu para desestabilizar de certo modo o poder das elites políticas através dos movimentos urbanos de cunho político e social.
 Foi nesse aspecto de renovação que pouco a apouco, o cidadão passa a lutar com mais afinco pelo direito de opinar e participar do quadro político tanto de cunho nacional como regional. Acontecimentos como a luta por igualdade de gênero difundido pela A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e a União Universitária Feminina, com sede no Rio de Janeiro, dar respaldo para a luta feminina em diversos campos sociais. 
Portanto, foi através dessas constantes mudanças na conjuntura sócio-política que a população percorreu um longo e árduo processo de inclusão social, na busca de exercer os seus direitos como cidadão e ter a sua dignidade conquistada e, assim, usufruir da democracia prometida.
4 Biografia de Quintina Diniz
Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro nasceu na cidade de Laranjeiras (SE), no dia 18 de junho de 1878. Filha de Dr. Victor Diniz Gonçalves e de D. Maria Petrina de Oliveira Gonçalves, ela teve três irmãos: Pedro Diniz Gonçalves, Elisa Diniz Gonçalves Ribeiro e Georgina Diniz Gonçalves Ribeiro, o primeiro era proprietário de terras em Lagarto (SE) e suas irmãs atuaram alguns anos no colégio Sant’Anna ajudando na obra educacional de Quintina. Faleceu em 22 de junho de 1942. 
Quintina Diniz iniciou seu processo de escolarização em um núcleo urbano e intelectual importante, denominado na época de “Atenas de Sergipe”, onde a diversificação social estava explicita em sua vida cultural através dos teatros, dos gabinetes de leituras, das escolas, clubes e dos jornais que demostravam sintonias com as polêmicas da época. 
Foi matriculada no renomado Colégio Inglês, estabelecimento de ensino criado em 1886, dirigido por Miss Anne Carol e tinha como docentes Julia e Laura de Oliveira, além da própria diretora que ministrava o primário e secundário. Também estudavam no ferido Colégio, sua irmã Elisa de Oliveira, e sua prima Alice Oliveira Gonçalves (FREITAS, 2004, p. 67-68).
Ainda sobre a educação de Quintina Diniz, no Colégio Inglês, o estudo realizado por Anamaria Freitas (2003), nos permite analisar que esse tipo de educação escolar era direcionado para as moças de famílias adotivas que eram consideradas a elite sergipana, famílias de sobrenomes que exerciam influencia na sociedade. Uma educação oferecida por uma instituição privada, não oriunda do estado sergipano e que possuía curriculum diversificado que contrastava com o oferecido pela instituição pública da época.
É nessa instituição educacional que Quintina se desenvolveu como intelectual, pois recebeu educação diferenciada, com aulas de Alemão, Francês, Inglês, piano, pinturas, desenhos, como também aulas de História e Geografia, algo não comum para a educação feminina do período, além das matérias básicas, a exemplo da Gramática, da Aritmética, da Religião e Prendas Doméstica, nota-se nessa última, a preocupação em não desvincular a mulher as atividades do lar.
Embora essas moças tivessem capacidade intelectual para ocupar cargos público, só lhe restavam o oficio do magistério, pois a sociedade da época tinha em seu discurso a ideia de que essa profissão era a mais apropriada para a mulher, visto que existia uma semelhança como a maternidade. O estudo realizado por Thais Souza (2019) explica esse pensamento: “a mulher tinha por natureza inclinação para cuidar das crianças, pois eram as primeiras ‘educadoras naturais da sociedade’ e que essa profissão de certa forma era uma extensão da maternidade” (p.25).
Então, era natural que a maioria das moças que cursou o ensino primário e secundário e que fosse habilitada a lecionar, exercesse essa a profissão. Quintina já tinha a experiência de ensinar, antes mesmo concluir seus estudos. Com apenas quinze anos de idade, já era responsável pelo ensino dos filhos dos trabalhadores da fazenda do seu irmão, Pedro Diniz Gonçalves. Em 1899, assume a direção do Colégio Nossa Senhor Santana e, em 1906, o Colégio é transferido para capital. 
Além de proprietária e administradora do Colégio Santana, Quintina foi catedrática da cadeira das disciplinas Pedagogia e Psicologia no ano de (1911-1941), na Escola Normal Rui Barbosa, situada em Aracaju (SE). Estudo realizado por Anamaria Freitas (2003) afirma que “as vivências de Quintina Diniz no interior do Colégio Inglês foram marcantes na sua trajetória profissional” (p.68). Não há informações sobre ela ter frequentado outra instituição escolar. 
Mulher naturalmente retraída e de uma modéstia excessiva, além de professora, era poetisa lírica e mística, oradora e política. Permaneceu sem casar, dedicou-se a sua vida profissional e a criação e educação de suas sobrinhas, filhas de irmãos falecidos. Em depoimento para PINA, sua sobrinha Marizete Diniz Gonçalves fala sobre suas características como educadora. Era uma educadora nata. Para ela não havia aluna rebelde. A todos dobrava. Jamais bateu em alguém. Dizia que pancada nunca educou. (1994, p. 211).
 A admiração atribuída a educadora, é algo presente em depoimentos colhidos no estudo realizado sobre a sua trajetória no magistério e, sobre sua vida pessoal. M. Ligia Pina (1994) relata também: “raramente uma criatura reúne tantos dotes e virtudes como soube reunir Quintina Diniz em inigualável, de alma magnânima, sublime, como jamais pode alguém superá-la”. “Espalhava benefícios a mancheias, ocultando sempre de todos o que fazia”
O tradicional Colégio Santana encerrou suas atividades depois de quarenta e sete anos dedicados a formação moral das moças sergipanas, deixando os meios pedagógicos educacionais de Sergipe, sensibilizado com o seu fechamento. Quintina Diniz aposentou-se da docência exercida na Escola Normal em 1941, vindo a falecer meses depois, em 22 de junho de 1942.
5 Participação feminina e luta política no estado de Sergipe
A história de Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro compôs a história política de Sergipe no período varguista, marcada por sua candidatura como deputada estadual. A mulher brasileira sempre travou uma luta árdua, ao tentar minimizar, ou até mesmo reverter a situação de inferioridade perante a sociedade patriarcal, e foi na convivência com a dicotomia social, que a mulher busca pelos seus direitos.
 Encorajadas por movimentos feministas difundidos em outras regiões do país, a mulher sergipana lutou por igualdade social, política e econômica, buscando com afinco exercer os seus direitos como cidadã. A participação nos movimentos de cunho feminista, recebeu o apoio das intelectuais sergipanas, como Ítala Silva de Oliveira, Maria Rita Soares de Andrade, Cesartina Regis, entre outas que contribuíram para essa transformação histórica.
Estudos já realizados Campos e Pina mostram que a participação da mulher na luta por igualdade de gênero no setor público, deixou seu legado na história. A busca incessante para ocupar seu espaço na sociedade, vem desde os primórdios do século XIX, mulheres como Maria Quitéria de Jesus Medeiros (1791-1835), que na guerra de Independência, na Bahia, alistou-se num Regimento de Artilharia e depois no batalhão de Caçadores. 
Segundo estudo realizado por Pina 2004, Quitéria foi condecorada com a Ordem do Cruzeiro e formada como o soldado de alfares, recebeu uma carta do imperador para ser entregue ao pai, elogiando o seu heroísmo e pedindoque ele recebesse a filha que fugiu de casa para ajudar a salvar a pátria do jugo português. (2015, p.142).
Outras pioneiras que marcaram a luta sócio-política devem ser citadas: Leolinda Daltro, que batalhou pelo direito de voto a mulher, tendo liderado em 1917, uma passeata de 84 mulheres com esse objetivo. Além dela, Bertha Maria Júlia Lutz organizou o Primeiro Congresso Feminista no Brasil e foi por inúmeras vezes gestora na Organização Internacional do Trabalho (OIT)¹, lutando pela garantia ao trabalho da mulher operária, dentre outras causas. Carlota Pereira de Queiroz, primeira deputada federal, eleita por São Paulo, em 1934; Luiza Alzira Teixeira Soriano eleita em 1928, prefeita de Lajes/RN, são alguns dos nomes de mulheres pioneiras na luta feminina pelo direito de igualdade.
Organizações criadas para representar a luta feminina no país, foram de suma importância, pois foi através dessas que os ideias femininos passaram a ser difundidos, são eles: A Federação Brasileira para o Progresso Feminino, criado em 1922 e que funcionou até 1937, atuou em prol dos direitos civis e políticos das mulheres; a União Universitária Feminina do Brasil de 1935, que passou a ser ilegal no mesmo ano pelo Presidente Getúlio Vargas, considerada como sendo “atividade subversiva da ordem política e social” e a Cruzada Feminista Brasileira, criada por Martha de Hollanda em 1931, na construção de uma nova cultura política feminista.
 No Estado de Sergipe, não foi diferente, tivemos desbravadoras que buscaram com afinco assegurar os direitos da mulher e trazer mais condições de igualdade entre homem e mulher, uma luta que deixou um legado para a história local. Com o surgimento de jornais e revistas editadas por mulheres, como o “Jornal da Senhora” (1852-1855) e “Renovação”, criou-se uma brecha para alicerçar as lutas femininas na sociedade sergipana. 
 Apesar de apenas uma pequena parcela de mulheres terem acesso a esses meios de comunicação, geralmente as que vinham de famílias abastadas, mulheres que tiveram a oportunidade de estudar e de se expressarem no meio social ao qual frequentavam, uma vez que seus familiares tinham forte influência em vários setores públicos, esses veículos de imprensa foram de fundamental importância para a propagar as lutas diárias da mulher. 
Embora, essa pequena classe feminina tivessem o respaldo familiar ao seu favor, não significa que tinham a liberdade de decidirem sobre política. A trajetória da mulher brasileira na busca pelo seu reconhecimento intelectual e profissional nos setores público, não a desvinculou das suas obrigações domésticas, uma vez que a educação ofertada, tinha o objetivo de torna-las instruídas não para desenvolver uma profissão, mas para torna-las moças prendadas. Segundo Anamaria Freitas (2003), não foi diferente com as moças de famílias tradicionais sergipanas:
Em Laranjeiras, no período de escolarização de Quintina Diniz, não havia nenhum Colégio confessional católico as escolas escolhidas pelas famílias da elite local, para formação de meninas e jovens eram, Colégio Inglês e o Colégio Sant”Anna que mesmo não sendo estabelecimento de ensino confessionais ministravam aula de orientação religiosa católica. Mesmo tendo a chance de aprender outras línguas estrangeiras, além do francês, assim como História e Geografia, disciplinas ausentes na maioria dos currículos das escolas femininas do período. A ênfase dada aos trabalhos manuais e ao aprendizado da Música revela a adequação ao ideal de educação esperado para as jovens da elite sergipana. (p.54)
A educação ofertada para essa classe feminina teve como prioridade aumentar os predicativos de moça prendada. Segundo Anamaria Freitas (2003), “são mulheres detentoras do conhecimento de certos usos e costumes que fazem o quotidiano das casas e que devem ser transmitidos a gerações seguinte visando a reprodução social do grupo”. (p.35). Embora a intenção não fosse preparar a mulher para o mercado de trabalho, a educação dada a elas, favoreceu a difusão da luta contra a hegemonia masculina no setor público.
A formação intelectual dessas moças abriu possibilidades para a articulação dos seus ideais feministas que, começam a ganhar espaço em jornais e revistas da época, geralmente eram mulheres de famílias tradicionais com influência na sociedade em que viviam, a exemplo de Etelvina Amália de Siqueira (1862-1935), sergipana do município de Itabaiana. Foi professora, poetisa, contista, jornalista, oradora e declamadora. Colaborou para o jornal A Discussão
, de Pelotas (RS), no qual escreveu defendendo a abolição da escravatura. Contribuiu também para vários jornais de Aracaju (PINA,1994, p.193). 
É nesse contexto social que a mulher foi obtendo suas conquistas na sociedade sergipana. Embora, tenha sido privilégio de poucas, foi fundamental para fortalecer a luta de muitas que tinham o mesmo objetivo. Assim, paulatinamente o sexo feminino foi buscando cada vez mais alcançar cargos públicos que literalmente eram ocupados pelo sexo masculino, a exemplo da política. A mulher não podia votar, nem ser eleita, podia trabalhar em empresas privadas, pois não podia ser funcionária pública.
Com a participação de intelectuais sergipanas, a exemplo de Cezartina Reis (1890-1980), primeira farmacêutica do Estado de Sergipe, formada no Rio de Janeiro e, da advogada Maria Rita Soares de Andrade (1904-1998), formada em Salvador, a trajetória política feminina em Aracaju (SE), sofreu a influência da Dra. Bertha Maria Júlia Lutz (1894 -1976), fundadora da Federação Brasileira para o Progresso Feminino. Organizou o Primeiro Congresso Feminista no Brasil. São inúmeras as atividades desenvolvidas por Bertha Lutz na luta em pró pelo respeito a igualdade de gênero no Brasil.
Carmem Portinho, engenheira da Prefeitura do Rio de Janeiro, que fundou a União Universitária, em 1922. Ao ser incentivada por Carmen, a sergipana Maria Rita Soares aceitou fundar em Aracaju (SE) a secção da Federação Para O Progresso Feminino. A disseminação das causas femininas em Sergipe, Maria Rita entra em contatado com Cezartina Regis, que era considerada uma figura exponencial nos meios sociais de Sergipe, a junção de ideias difundidas por essas intelectuais foi determinante para a inclusão do sexo feminino na política do Estado. (PINA,1994, p.362).
A figura de Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro se fez presente na luta a favor da inserção da mulher na sociedade, participou com afinco dos discursões difundias pela FBPF no estado sergipano, defensora de uma educação mais avançada para a classe feminina, Quintina tinha grande respeito na sociedade sergipana, sua intelectualidade e suas inclinações na área política fez com que Cersatina Regis após uma ruptura com membros da FBPF, situação essa que não foi abordado pela literatura, lançasse em seu lugar, o nome de Quintina Diniz à deputada estadual pelo Partido Social Democrata (PSD), em 1934. 
O PSD em Sergipe foi criado por Augusto Maynard Gomes, que tinha como ideologia o Regionalismo. Disputou as eleições 1934, em uma coligação com a União Republicana de Sergipe, conseguindo eleger Quintina Diniz como a primeira mulher a ser eleita deputada estadual em Sergipe e, Leandro Maynard Maciel para deputado federal. Anamaria Freitas ressalta que “ a união de dois grupos conservadores fortes que representavam o retorno dos senhores do açúcar, especialmente dos usineiros, a centralidade do poder”. 
Quintina Diniz ficou conhecida no campo político pelo seu domínio da oratória e por apoiar o interventor Augusto Maynard Gomes. Ao ser entrevistada pelo jornal A Nação que enviou um representante a Sergipe, ao perguntarem sobre a situação política em Sergipe, respondeu: “a situação é anormal, mas não posso acreditar que se acentue este estado de coisas e que o patriotismo ceda lugar à violência e o desrespeito à justiça (PINA,1994, p.362)”.
Em relação ao seu programa como deputada respondeu: “Contribuir com o meu esforço para que meu Estado seja dotado de um Estatuto condigno, inspirado no Direito que regi as democracias”. Comuma forte admiração e respeito ao líder do Partido e com uma devoção ao seu Estado, acrescenta: “Coerente com o meu Partido e com o meu chefe, o deputado Leandro Maciel, atuarei, entretanto, mais como sergipana do que mesmo como elemento do partido”.
Mulher forte, segura de suas convicções Quintina Diniz afirma não ter medo da perturbação da ordem pública, “Não, porque considero a justiça mais do que a violência e, tanto quanto à justiça, a vontade soberana de Sergipe em entrar na ordem constitucional”. (FREITAS, 2004, p. 67-68).
A última pergunta feita pelo jornal foi se ela iria comparecer à todas às sessões da Assembleia, com um espirito cívico e respeito que tinha por sua pátria, responde: “ Com todo jubilo cívico de brasileira e orgulho incontido de sergipana” (FREITAS, 2004, p. 67-68).
. Essa afirmação é reforçada pela professora Leyda Regis: “ realmente nunca faltou a uma sessão” Entrevista relatada pelo Jornal de Aracaju -1935.
 Foi recebida na Assembleia com elogios e muita aclamação pelo deputado Antônio Manuel de Carvalho Neto que em suas palavras disse: “Entrai, deputada Quintina Diniz de Oliveira Ribeiro. Esta Assembleia vos recebe com maior respeito. Todos sabem que as suas palavras ecoam evangelicamente nos lares sergipanos”. Os relatos acerca da parlamentar são poucos, no decorrer a sua carreira pouco se ouviu falar do seu desempenho, a dificuldade em encontrar documentos justifica essa falta.
Observa-se a falta de documentação que relate o desempenho de Quintina Diniz durante o seu mandato legislativo, como também a falta de documentos que relatem sobre a sua campanha eleitoral, a exemplo de quantidades de votos que a elegeram, se foram de maioria feminina ou masculina, se sua campanha política teve repercussão a nível nacional, se ela discursava e leva suas ideias até o povo sergipano.
 A falta de documentos no estudo desse fenômeno estadual que foi difundido em todo Brasil e que se tornou um marco na história nacional, nos leva a creditar que não foi vislumbrado e valorizado como deveria, com isso, a ideia que essa situação nos passa é que o direito ao alistamento e o direito de votar foi meramente apaziguador para o período conflitante que a conjuntura política da época passava.
A luta feminina ainda busca galgar o devido espaço no universo político, algo árduo e constante, pois em pleno século XXI, percebemos ainda o incômodo que a mulher causa ao adentrar no “universo masculino”, uma visão outrora assim determinada pela sociedade patriarcal. Apesar da Constituição Federal de 1988 resguardar o direito a mulher de se candidatar a cargos públicos, é perceptível a falta de seriedade de alguns partidos no esforço em agregar a mulher ao seu programa eleitoral. 
Uma vez que é pequeno o número de mulheres participativas na política partidária. A desigualdade ainda é preponderante, porém sabemos que no decorrer do tempo, a renovação política vem crescendo e mostrando sua “nova face”, cuja a sua dimensão vem alcançando outros patamares e ganhando visibilidade. Entretanto, esse desenvolvimento político renovador vem se arrastando a passos lentos, não permitindo galgar o patamar democrático devido.
6 CONCLUSÃO
É de suma importância destacar a luta de gênero difundida por mulheres intelectuais que fizeram com que o fenômeno da igualdada entre homens e mulheres nos setores educacionais, econômico, culturais e político, independente de classe social fosse um direito, de fato exercido. Embora ainda haja muitas barreiras a serem derrubadas não apenas relacionadas às mulheres, mas também a outros gêneros, a luta pelo direito ao voto e ao alistamento feminino foi um difusor no processo democrático na década de 1930, no qual o país ainda insistia em manter o patriarcado de outrora.
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