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ANTIBIÓTICOS ANTIMETABÓLICOS E OUTROS 1. SULFONAMIDAS: Sulfametoxazol, Sulfadiazina, Sulfametazina e Sulfadimetoxina ● Foi um dos primeiros grupos de agentes utilizados para tratar infecções bacterianas (antes das penicilinas); ● Prontosil foi descoberto em 1935 com atividade quimioterápica, e posteriormente verificou-se que ele originava a sulfonamida; ● O surgimento das penicilinas e resistência bacteriana reduziu seu uso; ● Trimetoprima + sulfametoxazol → ampliação do uso das sulfas; ● Além da ação antibacteriana deu origem a outras classes farmacológicas: diuréticos tiazídicos, sulfoniluréias (hipoglicemiante) e inibidores da anidrase carbônica. ➔ Farmacocinética: ◆ São derivados da sulfanilamida; ◆ Diferentes sulfas são obtidas pela substituição do átomo de hidrogênio do grupo sulfamil; ◆ Estrutura molecular semelhante ao ácido para-aminobenzóico (PABA); ◆ Vias de administração: ● Oral: ○ Promove níveis séricos adequados; ○ Promove ação local com sulfas de baixa absorção. ● Parenteral: ○ Administradas na forma de sais sódicos; ○ Usado quando a via oral não é possível; ○ Utilizado quando é necessário um efeito imediato. ● Retal: ○ Absorção de 15-30% usado excepcionalmente para infecções das porções finais do intestino. ● Tópica: ○ Conjuntiva, canal auditivo e mucosa vaginal; ○ Tratamento de queimaduras; ○ Podem ser inativadas na presença de pus e serosidade. ◆ Exceto as de baixa absorção (sulfaganidina e ftalilsulfatiazol) todas tem boa absorção oral, de 70-100%; ◆ A absorção está relacionada com coeficiente de partição, pH e ionização; ◆ É distribuída por todos os tecidos e líquidos; ◆ Interage com proteínas plasmáticas (principalmente a albumina); ◆ Atinge o líquor; ● Em casos de meningite bacteriana, a distribuição através da barreira é facilitada pelo processo inflamatório. Contudo, à medida que o tratamento progride é necessário um ajuste de dose porque a distribuição pela barreira hematoencefálica vai ser dificultada. ◆ Podem ser eliminadas de três formas: inalteradas, conjugadas ao ácido glicurônico ou conjugadas ao grupo acetil (acetilação). ◆ Eliminados principalmente na urina. ● Na urina ácida podem precipitar (cristalúria); ● Na urina alcalina a cristalúria é reduzida, mas há um aumento da excreção. ➔ Farmacodinâmica: ◆ Amplo espectro de ação (agem em bactérias, protozoários e fungos); ◆ São bacteriostáticas; ◆ Por serem análogos estruturais do ácido para-aminobenzóico (PABA), competem pela mesma enzima, a di-hidropteroato sintetase. ◆ Impede a formação do ácido fólico, metabólito essencial para a síntese de aminoácidos. ➔ Resistência bacteriana: ◆ Alteração na di-hidropteroato sintetase; ◆ Aumento na capacidade de inativação do fármaco (acetilação); ◆ Desenvolvimento de uma via metabólica alternativa. ◆ Podem ocorrer pelos mecanismos de mutação, seleção de cepas resistentes e transferência por meio de plasmídeos. ➔ Indicações clínicas: ◆ Indicados para o tratamento de infecções do trato urinário causadas por E. coli; ◆ Toxoplasmose; ◆ Infecções por Chlamydia; ◆ Profilaxia da febre reumática em pacientes alérgicos à penicilina. ➔ Interações medicamentosas: ◆ Capacidade de deslocar outros fármacos de proteínas plasmáticas. ● Ex: anticoagulantes cumarínicos, barbitúricos e metotrexato ◆ Acentuada hipoglicemia quando co-administrado com tolbutamida; ◆ Pode formar precipitados na presença de metenamina; ◆ Evitar uso com PABA ou anestésicos locais derivados (benzocaína, procaína e tetracaína), que antagonizam as sulfonamidas. ➔ Toxicidade: ◆ Alterações do SNC: dor de cabeça, letargia, depressão, tontura, zumbido, vertigem, psicose, neurite, ataxia e convulsões; ◆ Hipersensibilidade; ◆ Síndrome de Stevens-Johnson (fatal em 25% dos pacientes suscetíveis); ◆ Alterações de células sanguíneas; ◆ Nefrotoxicidade: oligúria, anúria e cristalúria; ◆ Icterícia no feto recém nascido; ◆ Anorexia, vômito, náusea e diarréia. 2. TRIMETROPINA-SULFAMETOXAZOL: Trimetropina-Sulfametoxazol ● Fármacos que atuam em sinergismo sobre a síntese de ácido fólico; ● Também denominado co-trimoxazol (Bactrim®); ● A sulfametoxazol é uma sulfonamida; ● A trimetropina é uma diaminopirimidina; A trimetropina tem ação contra bactérias gram-positivas e gram-negativas. Enterobactérias apresentam diversidade geográfica quanto a sensibilidade. Sensibilidade de 50-95% das cepas de: - Staphylococcus aureus - Staphylococcus epidermidis - S. pyogenes - E. coli - Proteus mirabilis - P. morganii - e espécies de Salmonella, Shigella, Enterobacter e Pseudomonas. ➔ Farmacocinética: ◆ A absorção por via oral de trimetropina é mais rápida que a absorção do sulfametoxazol; ◆ Concentração sanguínea máxima ocorre em 2 e 4 h respectivamente para trimetoprima e sulfametoxazol; ◆ Possuem meia-vida similar em torno de 10h; ◆ Para se obter a relação 1:20 geralmente é administrado 800mg de sulfametoxazol e 160 mg de trimetoprima 2x dia; ◆ 65 % da sulfametoxazol e 40% da trimetropina ligam-se a proteínas plasmáticas. ➔ Farmacodinâmica: ◆ Inibe a enzima dihidrofolato reductase; ◆ A associação tem efeito sinérgico na inibição da síntese de ácido tetrahidrofólico; ◆ Altamente seletivo pela redutase de microorganismos; ➔ Resistência: ◆ Associado a obtenção de um plasmídeo que codifica uma di-hidrofolato redutase modificada; ◆ Desenvolvimento de resistência em S. aureus e Enterobactérias têm sido problemáticos no tratamento dessas infecções em pacientes com AIDS. ➔ Toxicidade: ◆ Pode causar megaloblastose, leucopenia e trombocitopenia em indivíduos com carência de folato; ◆ Apresentam os efeitos de hipersensibilidade típicos das sulfonamidas (entretanto com incidência 3x maior na associação); ◆ Náusea e vômito; ◆ Alterações do SNC causadas pela sulfametoxazol (cefaléia, depressão, alucinação); ➔ Aplicações clínicas: ◆ Infecções do trato urinário inferior (aguda, crônicas e recorrentes); ◆ Pode ser utilizado no tratamento de prostatite bacteriana; ◆ Infecções do trato respiratório: bronquite, sinusite e otite média, causadas por H. influenza, S. pneumoniae. (não deve ser utilizado na faringite estreptocócica); ◆ Infecções gastrointestinais por Shigella resistente a ampicilina; ◆ Infecção de Pneumocystis carinii em pacientes com AIDS. 3. FLUOROQUINOLONAS: Ácido Nalidíxico, Norfloxacino, Ciprofloxacino, Levofloxacino e Trovafloxacino ● Pertencem ao grupo das quinolonas, sendo o ácido nalidíxico o primeiro descoberto em 1962 por Lesher e col.; ● As quinolonas perderam importância devido ao restrito espectro de ação e desenvolvimento de resistência; ● A adição de flúor e do grupo piperazínico deu origem a fluoroquinolonas na década de 80; ● Em 1987 o norfloxacino foi liberado para o uso seguido pelo ciprofloxacino; Classificação de Fluoroquinolonas Primeira geração Segunda Geração Terceira Geração Quarta Geração Ácido Nalidíxico Norfloxacino Levofloxacino Trovafloxacino Ácido Oxolínico Enoxacino Esparfloxacino Clinafloxacino Cinoxacino Ciprofloxacino Grepafloxacino Gatifloxacino ➔ Farmacocinética: ◆ Todas as quinolonas fluoradas tem rápida biodisponibilidade por via oral; ◆ Apresentam biodisponibilidade superior a 80%; ◆ Alimentos retardam a absorção; ◆ Antiácidos, bloqueadores H2 e outros que retardam o esvaziamento gástrico ou peristaltismo diminuem absorção; ➔ Farmacodinâmica: ◆ Inibe a topoisomerase IV, bloqueando a síntese de DNA, exercendo efeito bactericida. ➔ Resistência: ◆ Diminuição da permeabilidade (Gram-negativas); ◆ Bombas de efluxo; ◆ Mutação na DNA girase e Topoisomerase IV; ➔ Indicações clínicas: ◆ Infecções do trato urinário e próstata: Staphylococcus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa; ◆ Doenças sexualmente transmissíveis: Neisseria, Chlamydia, Treponema; ◆ Infecções do trato respiratório: Streptococcus pneumoniae, H. influenza, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, Staphylococcus aureus; ◆ Infecções gastrointestinais: E. coli, Salmonella typhi, Shigellasp, Vibrio cholerae, Aeromonas sp, Yersinia enterocolitica; ◆ Infecções dermatológicas e de tecidos moles: Streptococcus pyogenes, E. coli, P. aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp, Proteus sp; ◆ Infecções ósseas e articulares: P. aeruginosa, S. aureus; ➔ Toxicidade: ◆ Alterações do TGI (3 – 6%); ◆ Efeitos SNC (0,9-11%): tonturas, cefaleia, agitação, insônia, sonolência, ansiedade ou depressão, alterações do paladar, olfato, confusão mental, alucinações, convulsões e psicose; ◆ Fotofobia e alterações na percepção de cores e alteração na acomodação; ◆ Reações de hipersensibilidade (0,2-2,2%); ◆ Toxicidade hepática principalmente com cinoxacino; ◆ Alterações do hematócrito (<1%): leucopenia, trombocitopenia, eosinofilia e depressão medular; ◆ Lesões articulares nos tratamentos prolongados; ◆ Na urina neutra ou alcalina, norfloxacino e ciprofloxacino forma cristais renais e nefrotoxicidade; ◆ Não deve ser administrado em grávidas, crianças e mulheres amamentando devido a possibilidade de erosão da cartilagem; ◆ Pessoas com hipersensibilidade; ◆ Ácido nalidíxico não deve ser usado em pacientes com história de distúrbios convulsivos, psicose, parkinsonismo e esquizofrenia; ◆ Deve ser tomado cuidado em pacientes com doença hepática, arteriosclerose cerebral e insuficiência renal. 4. ANTISÉPTICOS NO TRATAMENTO E INFECÇÕES URINÁRIAS: ➔ METENAMINA (Sepurin): ◆ Em água se decompõe para formar formaldeído; ● A decomposição vai depender do pH urinário. Em pH 7,4 não há decomposição; Em pH 6,0 há decomposição de 6%; Em pH de 5,0 há decomposição de 20%; ◆ 90% de decomposição é alcançado somente após 3h; ◆ Absorvida por via oral, porém ocorre inativação de 10 a 30% pelo suco gástrico; ◆ Não deve ser utilizado em pacientes com insuficiência renal; ➔ NITROFURANTOÍNA: ◆ Após absorção é rapidamente excretado na urina (meia vida de 0,3-1h); ◆ Enzimas bacterianas reduzem o composto gerando intermediários altamente reativos que lesam o DNA; ◆ Atividade sobre várias cepas: E. coli, Proteus, Pseudomonas, ◆ Enterobacter e Klebsiella; ◆ Utilizado no tratamento de recorrência de infecção do trato urinário, porém seu uso vem diminuindo devido a resistência e melhor eficácia das fluoroquinolonas. 5. VANCOMICINA: ● É um glicopeptídeo derivado do Streptomyces orientalis com ação bactericida de espectro estreito utilizado no tratamento de infecções por Staphylococcus aureus em pacientes hospitalizados e em estado grave. ● Tratamento de colite pseudomembranosa grave provocada por Clostridium difficile; ● Uso cauteloso devido ao surgimento de enterococcus e Staphylococcus aureus resistentes à vancomicina. ➔ Farmacocinética: ◆ Administração i.v. por 60 min; ◆ Administração rápida provoca reações anafilactóides; ◆ Pode precipitar com heparina não devo ser administradas pelo mesmo sistema iv; ◆ Excretada principalmente por filtração glomerular; ◆ Meia-vida de 6 - 8 horas em pacientes com função renal normal; ◆ Atinge o liquor somente em pacientes com meningite; ➔ Farmacodinâmica: ◆ Tripla ação: ● Interfere com a formação da parede bacteriana impedindo ligação entre os peptideoglicanos; ● Inibe a síntese de RNA; ● Altera a permeabilidade da membrana plasmática da bactéria ◆ Possui ação bactericida e devido aos seus diferentes mecanismos, é de difícil resistência. ➔ Toxicidade: ◆ Preparações parenterais e purificadas tem boa tolerância; ◆ Pode haver nefrotoxicidade e ototoxicidade no uso associado com aminoglicosídeos; ◆ Síndrome do homem vermelho associada à liberação de histamina pela hiperosmolaridade; (uso com anti-histamínico pode reduzir esses efeitos.) ◆ Pode ocorrer neutropenia no uso prolongado; 6. POLIMIXINAS: Polimixina B e Colistina (Polimixina E) ● Compreende um grupo de antibióticos produzidos pelo Bacillus polymyxa; ➔ Farmacocinética: ◆ A meia-vida da polimixina B é de 6h, podendo se acumular e seu nível sanguíneo duplicar em uma semana; ◆ A colistina tem meia-vida de 1,5-2,7h; ◆ Usada na forma de sulfato ou metanosulfonato para via parenteral; ◆ Acumula no: fígado, rim, coração, cérebro, músculos e pulmões. ➔ Farmacodinâmica: ◆ O mecanismo de ação se dá pelo aumento da permeabilidade da membrana; ◆ Pode haver aumento da atividade quando associadas à sulfas ou trimetropina. ➔ Resistência: ◆ Neisserias são resistentes; ◆ É raro o desenvolvimento de resistência em bactérias sensíveis; ➔ Indicações clínicas: ◆ São ativas contra bacilos entéricos (exceto espécies Proteus); ◆ Gram-negativas: H. influenza, B. pertussis, salmonelas, shigelas; ◆ Potencia ação de fungicidas como anfotericina B; ◆ Pode vir associado a Bacitracina (antibiótico que interfere com a síntese da parede bacteriana assim como a membrana plasmática), para uso tópico.
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