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Resuminho Farmacologia Estratégia quimioterápica: explorar as diferenças morfológicas e metabólicas do parasita e hospedeiro. Os antimicrobianos devem: ● alcançar alvos moleculares: ultrapassar a membrana celular bacteriana. ● interagir com uma molécula alvo de modo a desencadear a morte da bactéria. ● evitar ação das bombas de efluxo que jogam antimicrobianos para fora da célula bacteriana: quando sofrem perturbações elas tentam evadir a ação. ● evitar inativação por enzimas capazes de modificar o fármaco. Bactericidas: matam e destroem as bactérias. Modificação que deixa inviável a vida. Reduzem o nível de micro-organismos viáveis. Bacteriostáticos: inibem crescimento ou multiplicação bacteriana. A resolução do processo infeccioso é mediada pela resposta imunológica. Efeito: o efeito depende da dose, pH, temperatura, duração de ação, fase metabólica do parasita e presença de substâncias. ● Efeito farmacocinético bem marcado: não deve sair da janela terapêutica pois irá perturbar as bactérias, não matando e levando a resistência. ● Dose: existe uma dose média, em obesos pode ser necessário aumentar. ● pH: implica no cuidado de armazenamento. Algumas não devem ser administradas com alimento pelo meio ácido. Penicilinas são instáveis em meio ácido, quinolonas e tetraciclinas formam complexos. ● Temperatura: se estiver com febre, é necessário baixar antes do antibiótico. ● Infecção ativa (capta mais medicamento) ou latente (não capta medicamento): depende do estado metabólico da bactéria. Antagonismo: associação de bacteriostáticos e bactericidas. Eles não devem ser associados pois diminui a eficácia do bactericida. Ao entrar em contato com o bacteriostático, diminui a atividade metabólica da bactéria e não capta o bactericida. Quimioterapia + associações: ● Quimioterápico e adjuvante: aliviar sintomas. Antitérmico e antiinflamatório. ● Quimioterápico e fármaco para aliviar efeitos colaterais: para tratamentos prolongados. Repositores de flora. ● Dois quimioterápicos que atuam por mecanismos diferentes: normalmente hospitalar. Seleção de um agente antimicrobiano: ● Tratamento empírico: maioria dos casos. ● Tratamento definitivo: cultura e antibiograma. ● Tratamento profilático: protocolos do hospital. Deve se basear nas manifestações clínicas sugestivas de um micro-organismo específico que provavelmente cursam com infecções específicas. ● Quando se realiza um tratamento e em um período de 30 dias se retorna com infecção no mesmo sítio é considerado falha terapêutica e não nova infecção. ● É solicitado coleta de cultura e antibiograma antes de iniciar tratamento empírico ou em falha terapêutica. ● Medicamentos que interfiram na parede celular não interferem no humano, apenas na bactéria. Na membrana celular sim, é tóxico para organismo se usado se muito necessário. Infecções do trato urinário baixo: etiologia mais comum é a E.coli. Outros são staphylococcus saprophyticus, Klebsiella pneumoniae, Proteus e Pseudomonas. ● Primeira linha ITU: sulfametoxazol + trimetoprima, nitrofurantoína ou fosfomicina. Em gestantes cefalexina, amoxicilina ou amoxicilina + clavulanato. Sulfonamidas: ● Mecanismo de ação: inibem competitivamente a enzima diidropteroato sintase, responsável pela incorporação do PABA ao ácido diidropteróico, precursor do ácido fólico. Inibem a folatosintase e folatoredutase. Trimetropina já vem associada e pirimetamina separada. Bactérias gram + e - (mais empregado em gram -). Ação bacteriostática. ● Trimetoprima/pirimetamina (Daraprim): inibem a diidrofolato redutase. A combinação da sulfonamida com esse inibidor proporciona atividade sinérgica pela inibição da síntese do folato. - Sulfametoxazol + trimetoprima: 12/12h 800mg S + 160mg T em adultos. 40mh S + 8mg T em crianças. - Pirimetamina: 25mg. ● Mecanismo de resistência: pode ocorrer por mutação levando a produção aumentada de PABA. A resistência trimetoprima pode ter por alteração da permeabilidade celular (não deixa sulfa entrar). ● Farmacocinética: absorvidos no estômago e intestino delgado e distribuída para o corpo, SNC e placenta. Metabolização hepática. São teratogênicas (ação antifolata). No primeiro trimestre pode ser usado em casos de toxoplasmose com suplementação de ácido fólico. Os ocidentais têm mais risco de cristalúria. - Sulfadiazina: tratamento da toxoplasmose (+pirimetamina). Primeira escolha. Baixa risco de cristalúria. 1 a 2g. - Sulfametoxazol: Pode causar cristalúria. Associado à trimetoprima. Tratamentos mais curtos. 160 a 800mg. - Sulfassalazina: infecções crônicas intestinais (colites) e artrite reumatoide. - Sulfadiazina de prata: queimaduras. - Sulfacetamida: colírio. ● Usos clínicos: infecções do trato urinário e trato gastrointestinal (principais). Trato respiratório (em casos de alergias a outros), malária e toxoplasmose. ● Interações medicamentosas: pode ter falha dos anticoncepcionais orais combinados. A progesterona passa direto e o estrogênio faz efeito de primeira passagem e se liga ao ácido glicurônico e é excretado pela via biliar. Quando chega no intestino grosso, ocorre a quebra do estrogênio e ácido glicurônico. O estrogênio passa pela circulação entero hepática. As bactérias no intestino grosso que quebram a molécula pois querem o ácido (açúcar). Antibióticos interferem na biodisponibilidade pois matam as bactérias e não ocorre a recirculação. ● Reações adversas: - Náuseas, vômitos, diarréia, cefaléia, tontura, fotossensibilidade, rash cutâneo. Anemia e leucopenia em uso prolongado. - Cristalúria: exceto sulfadiazina. - Hipersensibilidade: urticária, eritrodermia, eritema multiforme. - Reações graves: necrólise epidérmica tóxica e síndrome de Stevens Johnson. Encaminhar para o hospital. Se torna sistêmico. Antibióticos que inibem a DNA girase: quinolonas. ● Mecanismo de ação: inibem a topoisomerase II (DNA girase) impedindo o relaxamento do DNA superespiralado, necessário para transcrição e replicação. A inibição da topoisomerase IV interfere na separação do DNA cromossômico das células filhas. Bactericidas 2 a 3 dias depois e mais efetivos contra gram -. Não deve iniciar com essa classe. ● Agentes de amplo espectro: ciprofloxacino, levofloxacino e norfloxacino = streptococcus pneumoniae e P.aeruginosa. ● Gatifloxacino, gemifloxacin e moxifloxacino: contra gram + = micoplasma, clamídia, Legionella pneumophila. ● Ciprofloxacino: bactérias gram - e +. Infecções do trato urinário. 2x dia 500mg. ● Levofloxacino: bactérias gram - e +. Reservado para infecções do trato respiratório inferior. Alternativa para alérgicos a penicilinas e cefalosporinas. 500mg 1x dia. ● Norfloxacino: 2x dia 400 mg. ● Mecanismo de resistência: alteração da enzima DNA girase que não sofre ação do antimicrobiano. Por mutação cromossômica ou alteração da permeabilidade celular. Confere resistência cruzada dentro dos derivados quinolonas. ● Farmacocinética: concentrações elevadas na urina e tecido prostático, exceto moxifloxacino que passa pela via biliar. ● Interações: propriedades quelantes, junto com alimentos, cria supermoléculas e não absorve. Pode ter cristalúria. Suspender suplementação de íons. Não utilizar em crianças e adolescentes e gestantes por serem quelantes e alteraram a absorção dos íons afetando o crescimento ósseo. ● Usos: infecções do trato urinário, respiratórias, ósseas, TGI, alternativo para toxoplasmose, pneumonia. ● Efeitos adversos: náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal. Cefaleia, confusão, alucinação, ansiedade. Fototoxicidade. Danos no desenvolvimento das cartilagens. Nefrotoxicidade. Nitrofurantoína (Hantina): ● Mecanismo de ação: bioativado pelas enzimas bacterianas em moléculas reativas que reagem de maneira inespecífica com proteínas ribossomais que bloqueiam síntese de proteínas, RNA, DNA e processos metabólicos. Ativo contra gram + e -. Bactericida. Não há resistência cruzada. Opção para E.coli resistente a sulfas e quinolonas. Age contra E.coli, Enterococcus, Klebsiella e Enterobacter. ● Farmacocinética: 100mg 4x dia. Metabolizada e excretadade forma rápida não alcançando ação antibacteriana sistêmica, apenas em casos de insuficiência renal. Pode ser em adultos, crianças e gestantes. ● Usos: infecções urinárias e pouco no TGI. Profilaxia contra infecções. Inibidor da síntese da parede celular: Fosfomicina (Monuril): ● Mecanismo de ação: inibe a enzima citoplasmática enolpiruvato transferase, bloqueando a formação do resíduo N-acetilmurâmico (peptídeo inicial da síntese da parede celular). Ativo gram - e + (Streptococcus, Neisseria, Haemophilus, E.coli, Salmonella). Bactericida. ● Uso: infecção urinária. Dose única antes de deitar com a bexiga vazia. 8g. Liberado adultos e gestantes. ● Efeitos adversos: hipersensibilidades, sintomas TGI (pirose, náuseas, diarréia, cefaléia, faringite). Metananina (Sepurin): ● Mecanismo de ação: a metenamina é hidrolisada ao formaldeído (bactericida) e amônia na urina ácida. pH deve ser mantido inferior a 5,5 para efeito máximo. Atua contra E.coli, Klebsiella e Pseudomonas. Antisséptico urinário, quando inicia a proliferação (venda livre). ● Farmacocinética: via oral, absorção TGI e excreção renal. Melhor eficácia combinada ao ácido ascórbico. 2 drágeas 4x dia. Tomar suco ácido e frutas para baixar o pH. Se continuou tendo sintomas, evoluiu para infecção urinária. ● Efeitos adversos: distúrbios TGI, cristalúria, micção dolorosa, irritação da bexiga, elevação TGO e TGP. Urina verde. Fenazopiridina (Pyridium): ● Mecanismo de ação: não apresenta atividade antibacteriana. Tem efeito analgésico sobre o trato urinário. Urina vermelha. Via oral 200 mg 3x dia. ● Efeitos adversos: cefaléia, tontura, dor abdominal, dermatite alérgica, pele amarelada, urina vermelha. Pode mascarar o agravamento da infecção. Antibióticos beta-lactâmicos: penicilinas. ● Fisiologia da parede celular bacteriana: a parede celular circunda a membrana celular e impede que a pressão osmótica rompa. As proteínas de ligação à penicilina (PLP) catalisam a reação transpeptidação. Os antibióticos beta lactâmicos são análogos estruturais da DAla-DAla, que é substrato para a PLP. Como se ligam a PLP, a reação é inibida. Essa inativação resulta em lesões que promovem morte bacteriana. Dependentes da interação com PLP, se tiver mutação não funciona. Bactericida. ● Fatores que afetam a atividade antimicrobiana das penicilinas: estabilidade (instável em pH ácido), densidade das bactérias e idade da infecção. O espectro de ação é determinado pela capacidade de permear a parede celular. Eficazes contra gram - e algumas +. Usado via IM. ● Farmacocinética: a dose via oral é maior pois é pouco absorvida, pH destroi o antibiótico e é hidrossolúvel. Distribuição ampla nos líquidos corporais. Atravessam a placenta (seguras para gestantes: cistite ou bacteriúria assintomática usar amoxicilina ou ampicilina por 14 dias). Eliminação renal. ● Indicações clínicas: primeira geração - penicilinas (meningites, endocardites, profilaxia cirúrgica) e segunda geração - amoxicilina e ampicilina (pneumonias, otites e sinusites, faringites, infecções cutâneas). ● Efeitos adversos: alteração da flora bacteriana do intestino, flebite, tromboflebite e neurotoxicidade. Hipersensibilidade cruzada. As reações consistem em choque anafilático, doença do soro e exantemas cutâneos, lesões orais, febre, nefrite intersticial, eosinofilia, anemia. - Reações imediatas: 1h. Anafilaxia, hipotensão, angioedema, urticária, broncoespasmo. - Respostas aceleradas: 1-72h. Urticária angioedema, broncoespasmo. - Respostas tardias: mais de 72h. Erupções morbiliformes, urticária, angioedema, nefrite intersticial, anemia. ● Mecanismo de resistência: As enzimas hidrolisam a ligação amina do anel betalactâmico impedindo a ligação de antimicrobianos se ligarem às PBPs. Foram desenvolvidos betalactâmicos capazes de se ligarem reversivelmente às beta lactamases, como o S.aureus, inibindo-as (clavulanato, tazobactam) que são combinados às penicilinas para restaurar sua atividade. Mecanismos gerais: - Inativação do antibiótico pela beta lactamase: mais comum. Sensível aos inibidores de beta lactamase e cefalosporinas de segunda geração. - Modificação das PBP alvo - Penetração reduzida do fármaco - Efluxo Penicilina cristalina ou aquosa: endovenosa, eliminada rapidamente.Concentrações terapêuticas em quase todos os tecidos. Permeia barreira hematoencefálica quando há inflamação. Ação na hora. Penicilina G procaína: IM. Complexada em uma molécula de anestésico local. Ação 12h. Penicilina G benzatina: IM, depósito 15 a 30 dias. Liberada lentamente. Profilaxia de endocardite e tratamento de sífilis. Faringite (1,2 mU) e sífilis (2,4mU). Não tem proteção contra enzimas betalactamases, se tiver uma bactéria com essas enzimas perde o efeito (Staphylococcus são detentoras). Amoxicilina: penicilina de segunda geração. Segura para gestantes e crianças. 0,25 ou 0,5g 3x dia. ● Clavulanato: inibidores de betalactamases. Não têm efeitos antibacterianos. Pode ter alergia apenas dele. ● Podem causar desequilíbrio da microbiota, pois as bactérias da microbiota já têm resistência. ● Agudo não se associa com inibidor e crônica ou repetição sim. Hospitalar sempre associa. Cefalosporinas: As cefalosporinas injetáveis tem amplo espectro contra gram + e - e cepas de staphylococcus resistentes a penicilinas. A maioria não é bem absorvida pelo intestino. Cefalosporinas de primeira geração: ativas contra cocos gram + (pneumococos, estreptococos). Betalactamases sensíveis. Uso em infecções trato respiratório superior, celulites, abscessos. Pouco efetivo para infecções sistêmicas. Usado em alergia tardia a penicilinas. Opção para tratar infecção urinária em gestantes. Cheiro de enxofre. Fármacos: cefazolina, cefadroxila, cefalexina, cefalotina, cefapirina e cefradina. Cefalosporinas de segunda geração: ativas contra os microorganismos que são sensíveis às cefalosporinas de 1° geração + bactérias gram negativas. Resistentes a algumas beta lactamases. Tratamento em média 10 dias. Não tem no SUS. Fármacos: Cefaclor e axetilcefuroxima são mais comuns (sinusite, PAC e infecções crônicas), cefaloxitina injetável para infecções por anaeróbios (Serratia). Cefamandol, cefonicida, cefuroxima (PAC, atividade contra H.influenzae e Klebsiella produtores de beta lactamases e pneumococos sensíveis às penicilinas). Usos: sinusite, otite, infecções das vias respiratórios inferiores (reservado). Peritonite, diverticulite e DIP. Em faringites (resistentes a outros). Cefalosporinas de terceira geração: mais ativas contra cepas gram - (amplo espectro) e resistente contra beta lactamases positivas. Devem ser usadas quando há resistência aos fármacos ou infecções graves. Tratamento em média 5 dias. Fármacos: cefetamet, cefixima, cefpodoxima, cefodizina, cefoperzona, cefatoxina, ceftriaxona (primeiro fármaco de escolha para tratar infecções trato respiratório inferior e trato urinário inferior para pacientes hospitalizados), cefepima e cefpiroma, moxalactam. Ativos contra citrobacter, H.influenzae, Neisseria produtoras de beta lactamases. São hidrolisadas por beta lactamases AmpC. ESBL de espectro estendido: bactérias que têm resistência ampliada aos beta lactâmicos cefalosporinas de 3 geração e penicilinas não são efetivas. Cefalosporinas de quarta geração: cobertura ampliada contra gram -. Resistente à hidrólise por beta lactamases cromossômicas mas é hidrolisada por beta lactamases de espectro ampliado. Fármaco: cefepima. Atividade contra pseudomonas, enterobacter, s.aureus e s.pneumoniae. Penetra bem no líquido cérebro-espinhal. Usos: pneumonias hospitalares, meningites e infecções urinárias graves. Efeitos adversos: náuseas, vômitos, diarreia, dor no local, pseudolitíase bilar (ceftriaxona), nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, neurotoxicidade. Reação de sulfiram (inibe a aldeído desidrogenase) que causa vômitos intensos. Hipersensibilidade como das penicilinas com febre, anafilaxia, erupções cutâneas, nefrite, anemia hemolítica. Pode ter alergia cruzada com penicilinas. Interações medicamentosas: aumenta os efeitosanticoagulantes da varfarina (hipoprotrombinemia). Intolerância ao álcool. Inferir na absorção de vitamina K (relação com a coagulação, se estiver tomando anticoagulantes pode ter hemorragia). Mecanismos de resistências: Bactérias gram positivas: ● Bactérias resistentes à meticilina (MRSA): antimicrobianos beta lactâmicos se ligam a proteínas que participam da síntese da parede celular, chamadas PBP, impedindo a formação da parede celular e resultando em lise bacteriana. O MRSA, está relacionado ao desenvolvimento de uma PBP adicional (PBP2a) que não mantém afinidade por antimicrobianos beta-lactâmicos. A codificação dessas novas PBPs, tornam esses patógenos resistentes aos beta lactâmicos. - A vancomicina e teicoplanina são os fármacos de escolha para o tratamento de infecções causadas por MRSA. São resistentes a antibióticos beta lactâmicos, cefalosporinas e carbapenêmicos. Outra opção é a linezolida. ● Bactérias resistentes VRE: enterococcus são bactérias gram + encontradas no intestino e trato genital feminino. E.faecalis (90%) e E.faecium (10% mas com maior propensão ao desenvolvimento de resistência, baixa afinidade das PBPs). Resistência intrínseca aos aminoglicosídeos, aztreonam, cefalosporinas, clindamicina e oxacilina. Tratamento com linezolida ou tigeciclina, alterações de PBPs com vancomicina. Bactérias gram negativas: ● Alteração do sítio de ação PBPs: gram - (Neisseria, Haemophilus, Pseudomonas. Beta lactâmicos não podem ser utilizados. ● Alteração da permeabilidade da membrana: dificuldade de penetrar na membrana. Mais comum em Pseudomonas. ● Beta lactamases de espectro estendido (ESBLs): presença de sítios ativo-serina e capacidade de hidrolisar cefalosporinas de amplo espectro. Os genes que codificam estão geralmente contidos em plasmídios e podem ser transferidos entre as bactérias. É frequente em Klebsiella e E.coli. Principal resistência hospitalar. - Essas enzimas hidrolisam todos os beta lactâmicos com exceção dos carbapenens e cefamicinas. Outras classes como aminoglicosídeos e quinolonas, não sofrem hidrólise e são opções terapêuticas. Tratamento de escolha são carbapenêmicos: imipenem + cilastatina. - Surgiram resistência aos carbapenêmicos: superbactérias KPC. O tratamento de primeira linha para KPC são as polimixinas. Elas destroem a parede celular dos humanos também, ocorre esterilização do corpo ficando sem microbiota. ● Produtores de beta-lactamases AmpC: citrobacter, enterobacter, morganella são produtores de beta lactamases AmpC. A hiperprodução dessa enzima, acarreta na hidrólise de cefalosporinas ocasionando falha terapêutica. As cefalosporinas de 4 geração e os carbapenens são mais estáveis à hidrólise pela AMPc. Quinolonas e aminoglicosídeos quando sensíveis pelo antibiograma. Outros antibióticos beta lactâmicos Carbapenens: são estruturalmente relacionados com antibióticos beta lactâmicos. Amplo espectro, boa atividade contra gram - (Pseudomonas) e +. Mostram-se resistentes à maioria das beta-lactamases mas não as carbapenemases ou metalo-beta lactamases. Penetram nos tecidos e líquidos corporais. Sofrem depuração renal e sua dose deve ser reduzida em IR. Uso hospitalar. Klebsiellas são as primeiras a apresentar resistência. Uso em infecções resistentes a outros fármacos: infecção abdominal, SNC, pneumonia, infecção de pele, trato urinário e ginecológica. ● Imipenem: amplo espectro, bactericida. Resistente a ação das beta lactamases. Administrado IV. Associado a cilastatina (inibe a desidropeptidase impedindo a formação de compostos nefrotóxicos). 1-2g 8h/8h. Primeira escolha para ESBL. ● Meropenem: amplo espectro, bactericida. 0,5-1g 8h/8h. Reservado para gram -. Mais potente (maior o dano oara microbiota). Efeitos adversos: náuseas, vômitos, diarreia, exantemas, reações no local, convulsões. Resistência: em microrganismos gram -, pode ser decorrente da diminuição da permeabilidade da membrana externa aos antimicrobianos, hiperexpressão de bombas de efluxo (redução do antimicrobiano no interior da célula) e produção de enzimas beta lactamases que degradam os carbapenens. ● Carbapenemases (KPC): produzidas por microrganismos como Klebsiella. A aquisição dos genes codificadores de metalo beta lactamases representa a diminuição de sensibilidade aos beta lactâmicos impossibilitando seu uso. Dentre as opções terapêuticas estão as quinolonas e polimixinas, de acordo com teste de sensibilidade. Já existe em pseudomonas. Monobactâmicos: ● Aztreonam: ativo contra gram - aeróbicos. Uso hospitalar. Contra enterobactérias. Administrado IM ou IV e excretado pela urina. Penetra nos ossos, próstata, pulmão, secreção traqueal, SNC e TGI. Uso: infecção vias urinárias, vias aéreas, pélvicas, intra-abdominais. 0,5-1g 8-12h. Glicopeptídeos: ● Vancomicina, teicoplanina e dalbavancina: inibem a síntese da parede celular e a enzima transglicosilase. Deixa a bactéria suscetível a lise e membrana celular danificada contribuindo para o efeito antimicrobiano. Bactericida, contra gram +. Antibiótico de escolha para resistência MRSA. Não absorvida pelo TGI, tratamento colite pseudomembranosa e enterocolites. Via IV para tratamento de sepse, endocardite, infecções trato respiratório e SNC. Uso hospitalar. - GRSA: resistência a vancomicina nos enterococos e S.aureus por uma modificação do sitio de ligação DAlaDAla em que a DAla terminal é substituída por D'Lactato. Não se liga ao alvo. Efeitos adversos: flebite, calafrios, febre, ototoxicidade, nefrotoxicidade. Dano renal. Polimixinas: atividades da polimixina B e da colistina são semelhantes e limitam-se às bactérias gram -. Desorganizam a estrutura das membranas celulares, inclusive do humano, a permeabilidade modifica-se em contato com o fármaco. A polimixina B liga-se a porção lipídica A da endotoxina e inativa a molécula. Não absorvidas via oral e depuradas no rim. Uso tópico: sulfato de polimixina B (uso oftálmico e otológico) por Pseudomonas. Uso sistêmico: gram - resistentes a diversos fármacos apesar de sua toxicidade (Acinetobacter, Pseudomonas e Klebsiella). Efeitos adversos: nefrotoxicidade, fraqueza muscular, apneia, parestesias, vertigem e fala arrastada. Células renais são as mais afetadas devido à depuração. A bainha de mielina também é acometida. ● Daptomicina: bactericida ativo contra gram +. Liga-se a membrana celular levando a efluxo de potássio e despolarização da membrana com morte celular. Administração IV lenta e eliminação renal. Uso: infecções de pele e partes moles, bacteremia e endocardite. Alternativa à vancomicina. Efeitos adversos: distúrbios TGI, ,miopatia (degradação da massa muscular e insuficiência renal aguda). Opção para GRSA, mas nunca primeira escolha, apenas em caso de falha. 500mg 8h/8h. Inibidores da síntese proteica Glicilciclinas: ● Tigeciclina: 50mg 12h/12h IV lento. Análogo das tetraciclinas, tendo atividades das tetraciclinas e também contra mecanismos resistentes a elas. Amplo espectro. Inibe a síntese proteica por meio da ligação da subunidade 30S do ribossomo. Pode levar à anemia pois bloqueia o grupo heme. Bacteriostática. Ativa contra gram + resistentes e gram - produtores de beta-lactamases. Não afeta p450, baixa interação com outros fármacos. Efeitos adversos gastrointestinais (náuseas, vômitos e diarreia) necessitando usar antieméticos e excretado via biliar (pode usar tendo problema renal). Uso: infecção de pele e tecidos moles, intra abdominais complicadas. Primeira opção terapêutica quando tem GRSA. Risco de resistência cruzada com tetraciclinas. ● Linezolida: classe das oxadolidizonas. Atividade contra gram + e -. Inibe seletivamente a síntese proteica bacteriana ao bloquear a formação do complexo ribossômico. Sem resistência cruzada. 600mg 2x dia. Uso hospitalar. Efeitos adversos: neutropenia, plaquetopenia. Segunda opção para GRSA. Aminoglicosídeos São fortemente básico e hidrofílicos, não são metabolizados (excretados inalterados). Concentram-se nos rins e aumentam a ação em ITU. Restritos para infecções graves por gram -. Bactericidas. Usado emESBL ou carbapenemase. Fármacos: gentamicina, amicacina, estreptomicina, tobramicina, canamicina, neomicina (tratamento no TGI mas não é absorvido), netilmicina. Efeitos adversos: ototoxicidade (perda auditiva irreversível, vertigem e perda de equilíbrio) e nefrotoxicidade (lesão dos túbulos renais, depende da taxa de filtração). Aplicada IM ou EV. Mais ativos em meio alcalino. Eliminação renal. ● Se ligam a proteínas ribossomais da subunidade 30S impedindo a síntese proteica. Penetram no citosol por difusão por meio dos canais de porinas. Causam interferência com o complexo de iniciação de formação de peptídeo, provoca incorporação de aminoácidos incorretos e clivagens não funcionais. Isso torna letal a célula bacteriana. Depois do quinto dia tem ação bactericida. Afeta o homem também. ● Usos: pielonefrites, ósseas, sepse, pneumonia hospitalar, oculares. Gentamicina é o mais comum usado com bacilos gram - (E.coli, Klebsiella). Combinados com beta lactâmicos na terapêutica empírica da sepse (sinergismo de ação). A combinação de gentamicina e clindamicina é útil em pacientes com infecção intra abdominal. 5mg/kg. ● Resistência: inativação por enzimas microbianas, diminui a penetração do fármaco no cortisol e falta de ligação dos fármacos aos ribossomos devido a mutação. ● Dose: ajuste de dose é feito de forma dose mantida intervalo aumentado ou dose diminuída e intervalo mantido. Dose/valor de creatinina sérica em paciente com função renal normal (1mg/dL) 60 kg 5mg/kg 300mg dia. Com creatinina 3mg/dL deve ser 100mg/dia. Penicilina pode inativar aminoglicosídeos. Tetraciclinas Inibição da síntese proteica. Ligam-se à subunidade 30S dos ribossomos. Essa ligação impede a adição de aminoácidos à cadeia peptídica que está sendo produzida. Inibem a replicação bacteriana. São ativas contra gram + e -. ● Mecanismos de resistência: Influxo comprometido ou efluxo aumentado por bomba proteica, proteção do ribossomo e inativação enzimática. Bastante resistência cruzada com aminoglicosídeos. ● Farmacocinética: absorvidas no intestino. Apresentam propriedades quelantes (formam complexos insolúveis com íons). Atravessam a placenta. Excreção biliar e remal. - Quelantes: tetraciclina, oxitetraciclina. Duração de ação curta. 500mg 6h/6h. - Médio quelantes: demeclociclina e metaciclina. Duração intermediária. 150-300mg 12h/12. - Pouco quelantes: doxiciclina, minociclina e limeciclina. Longa duração. 50-100m 12h ou 24h. ● Usos: ISTs, micoplasma, clamídias, riquétsias, cólera, acne (principal). Tratamento alternativo para H.pylori. Gestante e crianças não podem utilizar devido a propriedade quelante, faz deformidades ósseas. ● Efeitos adversos: náuseas, vômitos e diarreia, modificação da flora intestinal (candidíase), tonturas, vertigens, pigmentação dentária, deformidades ósseas, fotossensibilidade, lesão renal, aumento de ureia. Clindamicina: inibe a síntese proteica. Liga-se irreversivelmente à subunidade 50S. Bacteriostático. Resistência cruzada com macrolídeos (azitromicina). 150-300mg 8h/8h. Metabolizado fígado e excretado renal e biliar. Uso: infecções anaeróbicas associadas com cefalosporinas e aminoglicosídeos, feridas, abscessos, profilaxia endocardite (primeira escolha quando não pode penicilina). Efeitos adversos: diarréia, náuseas, erupções cutâneas, neutropenia, hepatite. Alternativa para penicilinas. Macrolídeos Ligam-se reversivelmente a subunidades 50S, inibindo a síntese proteica. Bacteriostáticos, mas quando em alta concentração ou microrganismo sensíveis pode ser bactericida. A clindamicina por ter o mesmo mecanismo pode antagonizar os macrolídeos. A resistência é comum pelo decréscimo da afinidade da subunidade 50S. Administração oral longe das refeições, atinge tecido prostático e placenta. Excreção biliar podendo ser usado em casos de insuficiência renal. Usos: alternativo a penicilinas, pneumonia, faringe, sinusites, infecções via aéreas superiores, pele não complicada. Efeitos adversos: gastrointestinais, hepatite com icterícia e erupções cutâneas. ● Eritromicina: contra os mesmos que penicilina G, escolha para alérgicos. 250-500mg 6h/6h. Uso tópico na acne. Mitomicina e espiramicina (tratamento alternativo de sulfa ou gestante do primeiro trimestre para toxoplasmose): moléculas modificadas da eritromicina. ● Claritromicina: menor incidência de problemas TGI. 2x dia 250-500mg. Usado no tratamento H.pylori. ● Azitromicina: administrado longe das refeições. 0,5-1g. ● Roxitromicina: mistura de todos. ● Metronidazol: creme vaginal, suspensão oral 500mg. É um pró fármaco que precisa ser bioativado pelas bactérias. Após redução pelas enzimas ferredoxinas presentes nos microrganismos, tornando-se reativos e reagem com o DNA e RNA produzindo danos ao parasita. Espectro: Clostridium, Helicobacter, Entamoeba, Giardia, Trichomonas, Gardnerella. Via oral e excreção renal e biliar. Usos: amebíase, giardíase, tricomoníase, H.pylori e gardnerella, profilaxia cirúrgica. Efeitos adversos: distúrbios TGI, gosto metálico e amargo, cefaleia, tontura, exantema, queimação uretral. Casos: ● Gestante, 24 anos, 15s e infecção urinária: amoxicilina. ● 57 anos, feminina, cistite: sulfametoxazol-trimetoprima. ● 52 anos, masculino, prostatite: ciprofloxacino. ● Gestante, bacteriúria assintomática: amoxicilina. ● Cistite e fez uso de ciprofloxacino há 3 semanas: sulfametoxazol + trimetoprima. ● 44, feminino, fez tratamento para toxoplasmose recentemente, cistite: ciprofloxacino. ● S. S. 4 anos, quadro de faringite e história pregressa de alergia tardia à penicilina: Cefalexina. (se fosse alergia imediata seria azitromicina). ● X. S, gestante, quadro de faringite e história pregressa de alergia tardia à penicilina: Cefalexina. (se fosse imediata seria azitromicina). ● M. S., 24 anos, quadro de faringite e história pregressa de alergia imediata a penicilina: Azitromicina. ● J. S., 24 anos, quadro de pneumonia comunitária e história pregressa de alergia imediata a penicilina: Levofloxacino. Pode ser azitromicina, mas tem se evitado pela resistência. ● G. X., 5 anos, quadro de pneumonia comunitária: Amoxicilina com clavulanato. ● J. S. 30 anos, imunossuprimido, quadro de pneumonia comunitária: Amoxicilina com clavulanato (é bactericida). ● G. S., 5 anos, quadro de faringite de recorrência: amoxicilina com clavulanato (na faringite é só amoxicilina, tendo resistência coloca clavulanato). ● Y. X., 40 anos, imunossuprimido, quadro de pneumonia comunitária e história pregressa de alergia imediata a penicilina: Levofloxacino.
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