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1 AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS PIAGETIANOS E PSICOPEDAGOGIA 2 Sumário AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS PIAGETIANOS E PSICOPEDAGOGIA ........................................................................................... 1 NOSSA HISTÓRIA ............................................................................................. 4 1.INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 2.A PSICOLOGIA DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET ..................................... 14 2.1 INFLUÊNCIAS DA PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO ................................... 18 2.2 CONTRIBUIÇÕES DAS IDEIAS DE PIAGET PARA A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA ........................................................................................ 19 3. PRESSUPOSTOS DA TEORIA PIAGETIANA ............................................. 23 3.1 COMPREENSÕES DO CONSTRUTIVISMO ACERCA DO CONTEXTO ESCOLAR ................................................................................... 26 4. AS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE JEAN PIAGET PARA A APRENDIZAGEM ............................................................................................. 30 5. REFLEXÕES DE PIAGET SOBRE ALGUNS RAMOS DE ENSINO ............ 32 6. A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR .. 36 QUAL É O OBJETIVO DA PSICOPEDAGOGIA? ............................................ 36 A APRENDIZAGEM NA ESCOLA .................................................................... 37 A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR ...... 38 COMO O PSICOPEDAGOGO ATUA NO CONTEXTO ESCOLAR .................... 39 COMO O ATENDIMENTO CLÍNICO AJUDA OS PACIENTES NO CONTEXTO ESCOLAR ..................................................................................................................... 40 7. O EDUCADOR E O EDUCANDO: A PRÁTICA DOCENTE SOBRE O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO ...................................................................................... 40 7.1 O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL: O SEU PAPEL NO PLANEJAMENTO ESCOLAR .......................................................................... 42 file://192.168.0.2/E$/Pedagogico/EDUCAÇÃO/PSICOPEDAGOGIA%20COM%20ÊNFASE%20EM%20DIAGNÓSTICO%20PSICOPEDAGÓGICO/AS%20CONTRIBUIÇÕES%20DOS%20ESTUDOS%20PIAGETIANOS%20E%20PSICOPEDAGOGIA/AS%20CONTRIBUIÇÕES%20DOS%20ESTUDOS%20PIAGETIANOS%20E%20PSICOPEDAGOGIA.docx%23_Toc97712688 file://192.168.0.2/E$/Pedagogico/EDUCAÇÃO/PSICOPEDAGOGIA%20COM%20ÊNFASE%20EM%20DIAGNÓSTICO%20PSICOPEDAGÓGICO/AS%20CONTRIBUIÇÕES%20DOS%20ESTUDOS%20PIAGETIANOS%20E%20PSICOPEDAGOGIA/AS%20CONTRIBUIÇÕES%20DOS%20ESTUDOS%20PIAGETIANOS%20E%20PSICOPEDAGOGIA.docx%23_Toc97712688 3 8. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 46 4 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre- sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere- cendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici- pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra- vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 1. INTRODUÇÃO 5 Será retomado as obras pedagógicas de Jean Piaget com o objetivo de extrair as contribuições que podem ser aplicadas à prática pedagógica do/a pro- fessor/a. É importante ressaltar que a prática de sala de aula não é uma ação desvinculada do contexto maior em que o/a professor/a está inserido/a, porque a sua prática é a construção histórica de sua condição de ser professor/a. A partir da abordagem piagetiana, pode-se caracterizar os procedimentos didáticos de- senvolvidos em sala de aula como sendo de dois tipos: aqueles que favorecem a autonomia do aluno e aqueles que não favorecem essa autonomia. A partir desta perspectiva, diferentes metodologias podem ser concebidas para um mesmo fim, desde que levem em consideração as estruturas que o aluno dispõe para que ocorra o processo de aprendizagem. Com base em Piaget, entende-se que todas as discussões em torno dos procedimentos da educação mostram que as realidades que constituem o processo educativo não são dadas a priori e nem resultam dos dados exclusivamente colhidos do meio exterior, pois as mesmas se desenvolvem nas relações interindividuais do aluno. Nesse sentido, as rea- ções dos alunos estão diretamente ligadas às relações que os mesmos estabe- lecem no espaço sociocultural em que vivem, decorrendo desta conexão o seu processo formativo. Na obra O juízo moral na criança (1994), Piaget aborda a formulação das regras do jogo de bolinhas que são instituídas pelas crianças; mostra como a necessidade de estabelecer regras comuns faz com que elas incorporem o res- peito à lei. Essa brincadeira, tão comum na vida da criança, traz elementos ex- tremamente significativos para as suas ações posteriores, pois aí estão presen- tes dois grupos de fenômenos: as atividades e a consciência dessas atividades. No estudo da construção dessas regras, observa-se em geral, que as mesmas são transmitidas pelos adultos e a criança fica impedida de construir, ela mesma, as regras. Isso leva Piaget a se interessar pelos jogos infantis, pois nestes as regras são construídas pelas próprias crianças. A abordagem da construção das regras pela criança mostra que a prática pedagógica deve ser no sentido de de- senvolver atividades em que os alunos se sintam envolvidos na produção do significado de suas ações e, conseqüentemente, o aprendizado se torne mais 6 prazeroso e mais significativo. Isso exige repensar as formulações forjadas his- toricamente sobre o papel do professor como transmissor de conteúdos ou faci- litador do mesmo. De acordo com Piaget, em seu processo de desenvolvimento, o indivíduo percorre três tipos de regras: a) a regra motora que nasce da inteligência pré-verbal e independente de toda relação social; b) a regra coercitiva que é consequência do respeito unilateral e c) a regra racional que decorre do respeito mútuo. Esses três tipos de regras se articulam no processo de relações pedagógi- cas em sala de aula e pode tomar rumos que trarão contribuições ou não ao aprendizado. Se as relações se derem de forma coercitiva em que o aluno não participa, é passivo, por conseguinte, não há contribuições ao processo de co- nhecimento e a aprendizagem será, no máximo, uma memorização que deve ser repetida corretamente. Se, ao contrário, predominar o tipo racional em que pre- valece o respeito mútuo, as relações entre o professor e o aluno são de busca e desafio constante diante do conhecimento. Dessa forma, o conhecimento passa a ser significativo e, ao mesmo tempo, possibilita o envolvimento do aluno com o processo de sua construção. Destarte, um processo em que só o professor sabe e o aluno nada sabe, faz com que as relações pedagógicas de sala de aula sejam assimiladas a deveres, propriamente ditos. Este procedimentofaz com que o conhecimento se torne absoluto e sacra- lizado e, dessa forma, impossibilita as discussões e debates em sala de aula, pois predomina a palavra do/a professor/a como quem detém o saber e, nesse sentido, os demais devem se calar. Portanto, o/a professor/a não pode ser ques- tionado e assim o dever é essencialmente heterônimo e as exigências operacio- nalizadas por meio da ação docente devem ser observadas ao pé da letra, acar- retando uma concepção objetiva de responsabilidade. É necessário compreen- der que o pensamento verbal da criança é uma tomada de consciência progres- siva dos esquemas construídos pela ação. Por isso evolui, segundo a idade com 7 uma certa regularidade. Todavia, a escola nem sempre acompanha este desen- rolar natural da criança conduzindo o processo de aprendizagem de forma auto- ritária, inibindo as iniciativas próprias da infância e, conseqüentemente, impe- dindo o seu desenvolvimento intelectual. Isso traz conseqüências para a vida acadêmica futura. Deve ser feito, então, um trabalho de resgate da autonomia do aluno, en- volvendo o mesmo em atividades que propiciem a descoberta e os desafios. Por isso, o conhecimento não pode ser “depositado” na mente do aluno pelo/a pro- fessor/a, mas deve ser construído na trama das ações e interações em que tanto professor/a quanto alunos se sintam desafiados a desvendar a realidade. Piaget argumenta com insistência que desde o momento em que a criança inicia sua vida escolar, há uma relação imposta pelo/a professor/a; é uma relação em que não há reciprocidade. Esta forma de convivência entre professor/a e aluno, às vezes, se torna tensa, caracterizando a existência de ações conflitantes no inte- rior da escola, o que requer um redimensionamento da prática educativa na pers- pectiva de desenvolver a reciprocidade. É preciso ressaltar que somente a reci- procidade possibilita a autonomia do indivíduo. Esta é possível quando o respeito mútuo é bastante forte para que o aluno sinta interiormente a necessidade de tratar os outros como gostaria de ser tratado. Isso leva à autonomia no processo de aprendizagem, pois o/ a aluno/a não precisa aceitar o modelo de organização do espaço de construção de conhecimento, se este não possibilitar o exercício do questionamento, do debate, da busca, do desafio etc. No espaço acadêmico, a aquisição das relações de responsabilidade, com- promisso e respeito mútuo constituem o núcleo fundamental das relações huma- nas. Existem dois tipos de respeito: o respeito unilateral, que se caracteriza por uma relação de alguém que manda e outro que obedece, e o respeito mútuo que se caracteriza por uma relação de cooperação. Somente este último conduz à responsabilidade, pois o aluno, também participa e, ao fazer isso, constrói sua autonomia. Assim, as normas podem ser melhor compreendidas e vivenciadas. O respeito mútuo leva à cooperação em sala de aula que, por sua vez, conduz à responsabilidade do aluno diante do trabalho desenvolvido na prática escolar. Nesse sentido, Piaget ressalta “... que o fim da educação moral é constituir per- sonalidades autônomas aptas à cooperação...” (1998a, p. 32). 8 Esta oposição entre respeito unilateral e respeito mútuo não ajuda a escla- recer os procedimentos metodológicos de sala de aula, por isso Piaget aproveita as contribuições e os limites de cada um e aponta para os procedimentos ativos da educação como sendo o melhor caminho para formar um ser autônomo e livre. Para isto, é necessário falar de relações pedagógicas, partindo das intera- ções que o aluno estabelece com a realidade e que vão construir seus esquemas de ação. Dessa forma, Piaget destaca a escola ativa em que a vida do aluno deve estar ligada a toda atividade escolar. Assim, o desenvolvimento moral é decorrente tanto do respeito mútuo como do respeito unilateral e a cooperação no trabalho escolar se caracteriza como o procedimento mais propício da edu- cação escolar. Este procedimento leva o aluno a compreender que não é único e que, juntos, podem encontrar soluções para os problemas do dia-a-dia, tais como re- solver um problema relacionado ao conteúdo, discutir problemas relacionados às teorias epistemológicas, resolver um problema do cotidiano, etc. Com isso, o método ativo não impõe pela autoridade aquilo que o aluno pode buscar por si mesmo e, ainda mais, contribui para criar um espaço em que o aluno possa re- alizar suas próprias experiências e discuti-las à luz dos conhecimentos que dis- põe. Uma prática pedagógica baseada na autoridade torna o indivíduo cada vez menos livre, pois as ações pedagógicas são realizadas por meio da coação por parte do/a professor/a. As ações pedagógicas se manifestam nas avaliações (provas), nas rotulações (não sabe, é burro, não estuda, é preguiçoso etc), nas ameaças (cuidado com a prova, vai reprovar, nunca vai sair da escola, você vai ver o que vai acontecer, etc) e, enfim, na prática pedagógica autoritária. O aluno acaba recebendo o conhecimento simultaneamente prático, efetivo e ideológico que as autoridades tanto políticas como educacionais detêm. Essas práticas fa- zem com que o processo pedagógico torne o indivíduo cada vez menos livre com o avanço da idade, trazendo conseqüências desastrosas para o mesmo. Essas consequências se manifestam nas dificuldades do adulto de se ex- pressar, expor aquilo que pensa, colocar no “papel” as suas elaborações intelec- tuais, enfim, tem medo de encarar a realidade em que está inserido. Na prática pedagógica, o aluno deve ser instigado sempre a buscar o conhecimento através da pesquisa individual e coletiva, dos trabalhos em grupos, dos seminários, dos 9 debates, das discussões enfim, de todos os procedimentos que possibilitem a participação ativa do aluno. O/a professor/a não pode deixar o aluno caminhar sozinho, senão o seu papel fica sem importância; pelo contrário, deve discutir com o aluno, desafiando-o sempre a avançar em seu processo de conhecimento. Por isso deve ser um profundo conhecedor da sua área de conhecimento. Para realizar o seu trabalho, o professor/a pode lançar mão de todos os recursos dis- poníveis, pois o valor dos recursos está nas atividades que desencadeiam, nas atividades operatórias que propiciam. É necessário ressaltar que se os recursos não possibilitarem a realização de atividades que desafiem os alunos, permanecem apenas no verbalismo da imagem mais refinada que a palavra e não ajudam em nada o processo de co- nhecimento do aluno. Portanto, os recursos não podem dispensar o papel do/a professor/a de provocar as atividades operatórias em salas de aula. Nesse sen- tido, a escola deve ser vista como o espaço da liberdade, que leva o/a aluno/a ao esforço de construir para si uma representação das coi sas e, ao mesmo tempo, um projeto pessoal de vida. A esse respeito, o processo educativo não pode dicotomizar a vida do aluno de sua educação intelectual, pois não se forma o indivíduo apenas para a escola, mas para interagir com as várias dimensões que compõem a vida em sociedade. Destacando a importância de que o docente não seja dono da verdade, para que a inteligência do aluno não seja submetida a sua autoridade, Piaget assim preleciona: “... a formação do espírito é uma só, e se a inteligência do aluno for submetida à autoridade de um professor no ter- reno dos conhecimentos, a consciência moral não conseguirá libertar-se a ponto de construir uma regra de conduta adaptada aos problemas atuais” (1998a, p. 165). A educação deve conduzir o aluno para construir, por conta própria, as so- luções para os problemas enfrentados no dia-a-dia, pois somente a ação efetiva pode construir o progresso da consciência e o amadurecimento pessoal para enfrentar os desafios exigidos pela vida em sociedade. Nesse aspecto, merecem destaque os métodos ativos para formar pessoas participantes quetragam o progresso ao futuro da sociedade. Para alcançar esta meta, é necessário anali- sar o que terá mais êxito: se a transmissão de verdades prontas e acabadas por meio da repetição ou uma assimilação mais ativa. Nesse sentido, Piaget mostra 10 que as funções essenciais da inteligência consistem em construir estruturas, es- truturando o real. Esta estruturação do real não é repetição, é ação sobre o ob- jeto para transformá-lo; é captar os mecanismos dessa transformação, possibili- tando organizar o real em ato ou em pensamento e não, enquanto, cópia. O trabalho pedagógico deve desenvolver na prática de sala de aula a vivência da solidariedade, fazendo com que a criança descubra, desafiada pelo/a profes- sor/a, as leis das relações sociais. Piaget diz que num primeiro momento, a solidariedade é externa e a regra deve ser obedecida e num segundo momento, a solidariedade se torna interna e são as próprias crianças que elaboram as regras de convivência. Esses dois tipos de solidariedade conduzem ou ao respeito unilateral ou ao respeito mútuo, os quais têm implicações na prática pedagógica, estendendo-se ao mundo das relações sociais mais amplas. O respeito unilateral conduz à obediência passiva, cerceando o aluno do seu direito à liberdade, enquanto o respeito mútuo conduz à cooperação. Esta é definida por Piaget como sendo (...) o conjunto das interações entre indivíduos iguais (por oposição às interações entre superiores e inferiores) e diferenciados (em contrapo- sição ao conformismo compulsório). Sociologicamente, a cooperação organizou-se em correlação com a divisão do trabalho social e com a diferenciação psicológica dos indivíduos que dela resultou. A coopera- ção supõe, então, a autonomia dos indivíduos, ou seja, a liberdade de pensamento, a liberdade moral e a liberdade política (1998a, p. 153). A solidariedade verdadeira só pode ser construída num espaço em que exista a cooperação, possibilitando que cada um compreenda o outro. Por isso é importante que, na de sala de aula, os alunos trabalhem juntos para que tomem consciência da solidariedade intelectual dos indivíduos e, ao mesmo tempo, ela- borem a sua própria. Isso, segundo Piaget, passa pelo processo de os alunos colaborarem no seu próprio trabalho. Nesse sentido, é importante que quando a criança inicia sua vida escolar, o ambiente seja desafiador propiciando-lhe a construção das regras de convivência humana. Assim é possível desenvolver a perspectiva de que a verdade nunca está pronta, é um esforço permanente de todos os que têm um espírito aberto às novas possibilidades. A cooperação deve ser vivida em todos os aspectos da vida escolar e extra- escolar do aluno. Esta perspectiva constrói a autonomia a qual leva à liberdade; 11 o indivíduo faz uma avaliação crítica do sentido da experiência e da necessidade de coerência lógica, pressupondo o livre jogo das funções intelectuais. Esta li- berdade decorre de um efetivo compromisso educacional, pois “toda pessoa tem direito à educação”. Isso leva a reconhecer claramente o papel dos fatores soci- ais na formação do indivíduo. Por isso, o direito à educação implica uma ambi- ência social específica, pois a educação é condição formadora do próprio desen- volvimento do indivíduo. Nesse sentido, Piaget afirma que o direito à educação significa “... garantir para toda criança o pleno desenvolvimento de funções men- tais e a aquisição dos conhecimentos, bem como dos valores morais que corres- pondam ao exercício dessas funções, até a adaptação à vida social atual...” (1984, p. 34). O/a educador/a tem diante de si um grande desafio: construir um instru- mental que possibilite ao aluno compreender e agir diante das circunstâncias em que se encontra inserido e, ao mesmo tempo, permitir-lhe relacionar os fatos entre si. Para que isso aconteça são necessárias algumas condições: 1) é preciso sair do egocentrismo intelectual e moral, em que nos faz ser o centro do mundo, em que se entende que todo o processo de conhecimento gira em torno do próprio sujeito, 2) livrar-nos das coerções sociais que nos mantêm ligados às tradições, ao passado e ao grupo social ao qual pertencemos para alargar os horizontes e ampliar nossa visão de mundo, saindo do pequeno grupo que nos cerca, 3) promover a reciprocidade, compreendendo que o ponto de vista pessoal não é o único possível, embora seja muito importante para que tanto o/a professor/a como os alunos mostrem as suas concepções de conheci- mento, de escola, de sociedade, de aprendizagem, de ser humano, de vida, etc. Caracterizando esta importância, Piaget afirma “...creio que cada um deve manter sua perspectiva particular, pois ela é, em última instância, o único laço que existe com o real.” (1998a, p. 103). Por isso é preciso abandonar o egocen- trismo para construir outro instrumento: a lógica das relações, pois toda adapta- ção do indivíduo ao espaço ou ao grupo implica a lógica das relações com os 12 demais membros do grupo social. A cooperação ainda encontra muita resistên- cia devido ao processo educativo que se mantém de forma tradicional, pois se entende como natural coerção na escola. No entanto, os novos métodos insistem que os alunos devem se relacionar, através das mais diversas atividades desen- volvidas tanto no espaço escolar como extra-escolar. Nesse sentido, somente uma pedagogia das relações sociais possibilita atitudes sadias e permitirá aos alunos um avanço na compreensão da vida em sociedade, em suas mais diver- sas circunstâncias. Por isso, somente uma educação que coloque em prática a reciprocidade e a cooperação está em condições de transformar as crianças, os adolescentes e os jovens desenvolvendo neles um espírito ativo, criativo e que todos, na vida adulta, tomem decisões diante das exigências da vida, no sentido de construir a sua autonomia e, conseqüentemente, a cidadania plena. Este processo pedagógico deve ser feito por meio dos métodos ativos. Pi- aget destaca dois: 1) o self-government que possibilita desenvolver a personalidade e o espí- rito de solidariedade no aluno, levando-o à autonomia interior. Este proce- dimento ensina os alunos a sairem do egocentrismo e a realizarem ações conjuntas, submetendo-se às normas comuns. É necessário observar que as crianças, até os 7-8 anos, não manifestam disposição para a coopera- ção. A partir desta idade, há um início de cooperação, quando as regras deixam de ser dispersas; há o começo do controle mútuo, que substitui a obediência aos adultos. Somente a partir dos 11-12 anos é que a coopera- ção se manifesta de forma mais precisa gerando uma obediência às regras como conseqüência do respeito mútuo e que deve ser aceita pelo grupo. 2) O trabalho em grupo é muito importante para o desenvolvimento intelec- tual, pois possibilita a organização cognitiva do indivíduo, o pensamento objetivo e comunicável e, ao mesmo tempo, se descubra, aprendendo a conhecer os outros e a desenvolver suas atividades numa perspectiva de conjunto. O processo acontece através da discussão, da troca de idéias, debates, da cola boração no jogo e na realização da pesquisa acadêmica, etc. Este trabalho 13 grupal fortalece as relações de cooperação, o que é muito significativo, pois esta (a cooperação) é uma fonte de regras para o pensamento. A cooperação possi- bilita exercitar o pensamento, fazendo com que o aluno elabore análises concei- tuais que estejam de acordo consigo mesmo, ou seja, sendo honesto na organi- zação e na conduta do pensamento. Por isso a cooperação é condição funda- mental para a formação da própria capacidade de pensar. Os novos métodos favorecem a adaptação, ou seja, o equilíbrio a partir das trocas entre o indivíduo e os objetos, pois utilizam as tendências próprias da infância e a atividade es- pontânea da criança em seu desenvolvimento mental. Essa adaptaçãoé um equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, pois o pensamento é adaptado à realidade quando o indivíduo assimila a seus esquemas essa realidade. Por isso a adaptação supõe uma interação (...) entre o sujeito e o objeto, que o primeiro possa incorporar a si o segundo levando em conta as suas particularidades; a adaptação é tanto maior quanto forem melhor dife- renciadas e mais complementares essa assimilação e essa acomoda- ção. (PIAGET, 1998b, p. 157). A forma de trabalho desenvolvido pela escola ativa mostra que o esforço deve vir do próprio aluno e não pode ser imposto, pois o aluno é sujeito do pro- cesso de busca do conhecimento e, por isso, deve ter uma atuação ativa, agir sobre os conteúdos, as informações provenientes da experiência, a partir dos esquemas de ações e operações que o próprio aluno dispõe. Esses esquemas vão sendo construídos no processo próprio de suas atividades discentes, ou seja, de atuação sobre o que está sendo “descoberto” no processo pedagógico da sala de aula. Esta perspectiva mostra simplesmente que as leis da inteligên- cia devem ser respeitadas. Estas leis indicam que antes da linguagem, há uma inteligência prática na criança que já organiza no plano da ação, um universo sólido e coerente. Esta inteligência prática precede a inteligência refletida. Os métodos novos “... se inspiram todos mais ou menos na doutrina do justo meio, dando lugar de um lado à maturação estrutural e de outro às influên- cias da experiência e do meio social e físico ...” (Ibidem, p. 173). Aqui não se pode negar que uma mudança na prática pedagógica exige a formação do/a professor/a, pois os métodos ativos são mais difíceis de ser realizados, exigem uma nova metodologia de trabalho que conduza à participação do aluno e, para 14 isso, faz-se necessário um conhecimento profundo dos métodos ativos por parte do/a professor/a. O/a professor/a não pode afirmar que trabalha com um deter- minado método sem conhecê-lo o suficiente para avaliar os seus resultados. Isso não se faz do “dia para a noite”, exige estudos e muito esforço por parte do/a professor/a. O desconhecimento e o despreparo levam muitos docentes a con- fundirem métodos ativos com métodos intuitivos, fazendo com que pensem que a atividade do sujeito se reduz a ações concretas, quando, na realidade, o tra- balho pedagógico deve levá-lo a uma reflexão interior e abstrata de suas próprias ações. Outra confusão é entender que as atividades que incidem sobre objetos concretos se reduzem a um processo figurativo, em que se forneça uma imagem mental aos objetos em questão. Isso não contribui para o processo de conheci- mento, pois este não é cópia em percepção ou imagens mentais dos objetos em questão. 2. A PSICO- LOGIA DA CRIANÇA SEGUNDO PIAGET 15 A epistemologia genética, criada pelo suíço Jean Piaget é a teoria do co- nhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Criada enquanto método clínico no campo da psicologia estuda o desenvolvimento comportamen- tal da criança propiciado por cada fase do desenvolvimento biológico. De acordo com Piaget a criança passa por quatro fases do desenvolvimento que vão desde o nascimento até a adolescência. Com formação em biologia, Piaget concebeu uma teoria na qual defende que a criança adquire novas capacidades de pensa- mento de acordo com o que lhe é oferecido em cada fase do seu desenvolvi- mento. Os níveis de desenvolvimento propostos por Piaget são: sensório motor, intuitivo ou simbólico, operações concretas e operações formais ou lógico-formal (MASTELLA et al., 2014). O nível sensório-motor se inicia ao nascimento, diz respeito à fase da criança que, antes de a linguagem, já tem a capacidade de reagir a estímulos e de obter assimilações pertinentes a este nível, no qual ainda não diferencia ou seleciona os estímulos. É o nível da acomodação ou indiferen- ciação. O autor divide este nível em seis estádios. No estádio I as assimilações da criança partem de uma assimilação funcional ou reprodutiva que se prolonga a uma assimilação generalizadora para se organizar numa assimilação recognitiva (de quando já conhece o objeto apresentado). Está relacionado aos reflexos do recém-nascido, através dos quais este vai reconhecendo o ambiente e as pes- soas. O estádio II é o que a criança possui hábitos, que repousam num esquema sensório-motor do conjunto. O estádio III, que ocorre por volta dos quatro meses da criança é onde se inicia a coordenação da visão com a preensão, na qual a criança tenta pegar objetos que estão ao alcance da sua visão, é o estádio inicial de formação identificável da inteligência. O estádio IV é onde a criança consegue demonstrar a inteligência prática, na qual há uma finalidade nos movimentos. O estádio V, por volta do 11º/12º mês de vida, adquire diferenciação dos meios conhecidos. É quando, se não consegue o objetivo por um meio, é capaz de testar outros, para que o alcance (PIAGET E BARBELINHELDER, 2009). O segundo nível é o intuitivo ou simbólico. Nesta fase se dá o aparecimento da função semiótica. É quando a criança começa a evocar simbolicamente um objeto ausente. Esta fase começa por volta dos dois anos de idade, e é quando 16 a criança tem a capacidade de representar através de gestos, desenhos ou lin- guagem, objetos que estejam ausentes. Nesta fase ocorre também a imitação, segundo Piaget, uma representação da imitação. A função semiótica proposta pelo autor envolve os símbolos, que são motivados pela semelhança com o seu significado, e os sinais que são arbitrários, recebidos pela criança pela imitação e remodelados por ela à sua maneira (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009). Esta fase dura até os sete anos de idade, aproximadamente, e é o período da imaginação, do pensamento intuitivo, imaginário e também, do egocentrismo (MASTELLA et al., 2014). O egocentrismo, apesar de Piaget rejeitar o termo, seria a subjetividade centrada no “eu”, no qual a criança percebe o mundo a partir de si mesma (Piaget, 2009). É uma forma de perceber o mundo quando ainda não está formada a capacidade de abstração, quando a criança ainda con- cebe tudo a partir do próprio ponto de vista. Difere-se este termo, portanto, do egoísmo, pois o adulto já tem a capacidade de pensar socialmente. O termo ”egocentrismo" é algumas vezes confundido com “egoísmo”, que significa fazer alguma coisa para benefício próprio, mesmo sa- bendo que esse ato não convém ou magoa outra pessoa. Egocen- trismo é diferente de egoísmo na medida em que se refere à total ina- bilidade de ver outro ponto de vista. As crianças de três a quatro anos estão interessadas apenas no que “elas” fazem, e não lhes ocorrem comparar sua performance com nenhuma outra (MESQUITA apud MASTELLA et al., 2014). Algumas possibilidades de aquisição desta fase são descritas por Piaget (2009) como a linguagem, o desenho, as imagens mentais e as imagens-cópia, além da própria imitação. Este período, também concebido como pré-operatório, é quando a criança já tem a representação do mundo, mas com capacidade de abstração limitada. O período das abstrações é o das operações concretas, que acontece entre os sete e doze anos da criança. Nesta fase já está desapare- cendo o egocentrismo e a criança já é capaz de utilizar o pensamento, de distin- guir a fantasia da realidade e de compreender noções como conservação, dife- renciar entre aparência e realidade (MASTELLA et al., 2014). Piaget denota que as operações são passíveis de reversibilidade (inversões) ou reciprocidade, para as quais a criança desta fase já usa dessas habilidades. As operações concretas são de classificações, seriações, correspondências termo a termo, que suportam agrupamentos e requerem uma dedução coerente (PIAGET E BARBEL-INHEL- DER, 2009). 17 O último estágio de desenvolvimento proposto por Piageté o das opera- ções formais ou lógico-formal. Neste último nível, a principal característica ad- quirida pelo adolescente é a autonomia. A partir de então o sujeito é capaz de diferenciar forma e conteúdo e de raciocinar corretamente sobre proposições nas quais não acredita, de elaborar e compreender hipóteses. Nesta fase o sujeito já se refere ao universal (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009). A elaboração de conceitos é importante para que o adolescente em formação construa o seu de- senvolvimento motor, cognitivo e emocional (MASTELLA et al., 2014). O autor concebe o desenvolvimento da criança enquanto a sucessão de três grandes construções, as quais se iniciam pelo desenvolvimento dos esquemas sensório- motores, passando depois às construções das relações semióticas, do pensa- mento e das conexões interindividuais e, por fim, das operações concretas. Cabe ressaltar que algumas funções não são limitadas a um só nível do desenvolvimento. Um exemplo é a função das interações sociais e afetivas que perpassa desde o nível sensório-motor ao das operações concretas, cujos as- pectos afetivos, sociais e cognitivos da conduta permanecem indissociáveis ao longo do desenvolvimento. Portanto, o esquema proposto por Piaget compre- ende o desenvolvimento da afetividade e da motivação como processos à parte dos níveis de desenvolvimento cognitivo. O autor afirma que a afetividade cons- titui a energética das condutas enquanto que a cognição constitui as estruturas. Os sentimentos estão também sujeitos à maturação e se enriquecem ao longo do convívio social ou interindividual. (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009). O produto das assimilações e acomodações é equilibração, necessária para “con- ciliar as contribuições da maturação, da experiência dos objetos e da experiência social” (PIAGET E BARBEL-INHELDER, 2009, p. 141). Este é o conceito central da teoria interacionista do conhecimento, que pode ser perturbado por algum desequilíbrio ou equilibrado pelo processo de regulação, de acordo com a dinâ- mica da vida vivida do sujeito e a experiência real. Piaget identificou quatro fatores atuantes no processo de desenvolvi- mento cognitivo: maturação, experiência com o mundo físico, experiên- cias sociais e equilibração (ou auto-regulação). A equilibração é o fator mais importante. As experiências sociais, onde se inclui a interação entre crianças, coetânea ou não, só são relevantes na medida em que elas podem afetar o processo de equilibrarão ao introduzir o conflito cognitivo. (LIMA, 1990, p. 8) 18 2.1 Influências Da Psicologia Na Educação A influência da psicologia sobre a educação se dá a partir do fato de que, enquanto esta busca explicar o “não aprender” aquela fornece informações so- bre comportamento e aprendizado que sistematizam o conhecimento e formula teorias que propiciam essa explicação (LIMA, 1990). Para Lima (1990), essa relação nem sempre harmoniosa foi marcada períodos críticos ou acríticos, a partir do momento histórico e do país onde ocorreu. Em 1913, o Behaviorismo inaugurado por Watson estuda o desenvolvimento de uma maneira determinista e defende que o aprendizado ocorre por condicionamento do tipo operante e clássico, sendo que alguns comportamentos são moldados por um tipo de con- dicionamento e outros por outro tipo. Já Pavlov, mesmo sendo behaviorista, ad- mitia a internos na aprendizagem (LIMA, 1990). Lima (1990) defende que o Behaviorismo foi um movimento mais local- izado, de caráter regional, nos Estados Unidos, e não global. Para a autora, o pensamento behaviorista cometeu o grande equívoco de negar as influências internas e a existência da consciência, sendo então gradativamente substituído pelo cognitivismo. A psicologia cognitivista, embora considere a existência dos processos internos, conserva o experimentalismo característico do behaviorismo (LIMA, 1990). No Brasil, nota-se a forte influência norte-americana na psicologia e na educação, consequência da tradução indireta de obras de autores como Piaget e Vygotsky, traduzidas para o português das versões norte-americanas ao invés das obras originais e modificando, muitas vezes, o sentido de termos e, consequentemente, de conceitos (LIMA, 1990). O construtivismo de Piaget avança no sentido de considerar a criança en- quanto sujeito ativo no desenvolvimento cognitivo. Após este período, a ciência da educação, motivada pelos processos políticos mundiais e pela existência do socialismo, passa a ser permeada pelos processos sociais e como eles partici- pam do desenvolvimento cognitivo. Retoma-se então autores como Vygostsky, Leontiev, Luria e outros. (LIMA, 1990). Estes autores, apesar de incluírem os meios social e cultural como elementos do aprendizado, concordam também que a criança seja sujeito ativo no processo de apreensão cognitiva. 19 Ao interacionismo do indivíduo com o mundo físico, proposto pelo mo- delo piagetiano, vem se colocar a questão do social, constituindo o só- ciointeracionismo. Fortalece-se a noção de que o indivíduo aprende na interação com o outro e enfatiza-se a importância da interação entre parceiros. Nas duas últimas décadas, verifica-se uma linha de pes- quisa que se propõe a estudar a função da interação entre crianças no processo de construção do desenvolvimento cognitivo e da linguagem. (LIMA, 1990, p. 10) Mastella et al. (2014) afirma que a teoria de Piaget não pode ser concebida somente como uma teoria do desenvolvimento mas também como uma teoria da aprendizagem, uma vez que não há aprendizagem sem desenvolvimento. As forças que moldam a aprendizagem seriam, para a autora, Maturação, experiên- cia ativa, equilibração e interação social. 2.2 Contribuições Das Ideias De Piaget Para A Educação Con- temporânea Em seu trabalho sobre a influência de Piaget na educação atual, Mastella et al. (2014) enfatiza a importância da contribuição deste autor na educação, uma vez que concebe a educação enquanto processo dos estágios de conheci- mento no qual se pode formar indivíduos inovadores, criativos, autônomos, com capacidade de produção e ainda participativos do processo de construção do conhecimento. Para a autora, quando o professor conhece os estágios de de- senvolvimento da criança, pode propor atividades de aprendizagem compatíveis com esses estágios. O professor estaria, assim, oferecendo as oportunidades necessárias para que a criança, em cada fase, pudesse construir o conheci- mento (MASTELLA et al., 2014). A autora também ressalta que o ensino funda- mental de nove anos, no Brasil, foi concebido considerando as fases do desen- volvimento cognitivo da criança, embora tal afirmação não conste dos documen- tos oficiais brasileiros. Segundo Vasconcelos (1994) a concepção da Epistemo- logia Construtivista foi feita por Piaget em 1967, no último capítulo de uma obra de muitos autores, denominada Logique et Connaissance Scientifique. Este autor traz alguns atributos do construtivismo, enquanto uma teoria do conhecimento da educação, a saber: valoriza as ações enquanto operações do 20 sujeito cognoscente, o construtivismo tem função apenas formalizante, o conhe- cimento é concebido como um "tornar-se" antes de um "ser", o conhecimento só tem sentido enquanto uma teoria da ação e não enquanto uma teoria da repre- sentação é produto de uma ação espontânea ou desencadeada, mas nunca in- duzida. Sanchis e Mahfouz (2010) analisam que Piaget, embora tenha produzido muitos escritos para a área de educação, não pretendia ser realizar métodos pedagógicos. No entanto, escolas denominadas construtivistas seguem méto- dos baseados na teoria Piagetiana ou em autores correlatos. As autoras indicam o lugar de Piaget no conhecimento contemporâneo e o pioneirismo do mesmo em utilizar a palavra Construtivismo pela primeira vez. Enfatizam ainda como se organiza o pensamento construtivista: Dentro dessa posição,a especificidade do construtivismo de Piaget está no fato de que essa construção do conhecimento (ativa por parte do sujeito, mas possibilitada por sua inserção no mundo) é o que per- mite a construção de estruturas de compreensão (no sujeito) cada vez mais equilibradas, ao mesmo tempo em que uma estruturação (em ter- mos de significado) cada vez mais abrangente do mundo. Um constru- tivismo em que gênese/estrutura e sujeito/objeto se relacionam perma- nentemente. (SANCHIS E MAHFOUD, 2010, p.21) As autoras contam como a obra do pensador suíço foi difundida pelo mundo e como afetam a educação de uma forma geral. Dizem que muitos pesquisado- res, em seus trabalhos específicos se referenciam na obra de Piaget, que trata de temas diversos, mas com a finalidade de debater a construção do conheci- mento. Dentre os autores citados pelas autoras Emília Ferreiro estudou os pro- cessos de aquisição da linguagem escrita pelas crianças, sob a orientação de Piaget, em Genebra. Seu trabalho questiona a relação entre o real e a represen- tação, e concluem que a escrita não é apenas cópia de um modelo, mas sim um processo de construção por parte da criança, o que corrobora com os processos de construção descritos por Piaget (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). Outro pes- quisador que seguiu a linha piagetiana foi o psicólogo norte-americano Lawrence Kohlberg, que pesquisou o desenvolvimento moral da criança e do adolescente. Para ele, o desenvolvimento moral se dá em termos de estágios hierarquizados que podem ser agrupados em três grandes níveis: o chamado de pré-convenci- onal, o convencional e o pósconvencional. 21 No primeiro as regras são interpretadas de acordo com as consequências das próprias condutas e do poder físico das figuras de autoridade. No segundo nível as normas já não dependem de consequências imediatas, sendo justifica- das pela manutenção das expectativas dos grupos sociais nos quais se está in- serido e no terceiro nível, as regras são aceitas, mas com aceitação baseada em princípios morais mais gerais (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). No Brasil, as ideias de Piaget foram representadas inicialmente pela Escola Nova, que em- bora um movimento mundial, chegou cronologicamente atrasada ao Brasil e se deparou com problemas como o analfabetismo. Ao contrário dos outros países, no Brasil iniciou-se o escolanovismo nas escolas públicas e posteriormente nas escolas experimentais e jardins da infância de iniciativa privada (VASCONCE- LOS, 1996). De acordo com Vasconcelos (1996), os educadores do século XX reivindicavam uma escola que fosse renovada e correspondesse às estratégias de reconstrução social a partir da educação. Ainda no Brasil, Sanchis e Mahfouz (2010) citam Lauro de Oliveira Lima e Fernando Becker (2010), que construíram linhas pedagógicas baseados na teoria piagetiana. O primeiro fundou um centro educacional construtivista no Rio de Janeiro e ainda escreveu sobre o desenvol- vimento da inteligência na teoria piagetiana. A tendência geral do processo biológico (compreendendo-se como for- mas adaptativas do processo biológico os fenômenos psicológicos e sociológicos) é a reprodução (...). Como o real está em permanente reorganização, a simples reprodução seria letal para o processo vital (...). Daí o mecanismo de reequilibração majorante (...), pela qual a vida, por reequilibração, supera as agressões do meio, produzindo a evolução (e, em termos microssociológicos, o desenvolvimento da cri- ança) (LIMA apud SANCHIS e MAHFOUD, 2010, p. 24). Becker toma a obra de Piaget como uma proposta transformadora para a qual se desenvolve apoiado nos processos estruturantes do conhecimento e da compreensão da realidade, se aproximando mais de Piaget e Paulo Freire na sua construção do pensamento pedagógico: (...) o homem só compreende bem aquilo que faz, e só faz bem o que compreende: fazer e compreender (Piaget) equivale a agir e refletir (Freire) desde que dialeticamente entendidos; tomada de consciência (Piaget) e processo de conscientização (Freire) são processos pareci- dos, talvez quase idênticos, sobretudo no que têm de atividade cria- dora e inventiva, desde que entendidos como função da ação do pró- prio homem e não de um ensino unidirecional ou de uma repetitiva doutrinação (BECKER apud SANCHIS E MAHFOUD, 2010, p. 25). 22 Uma importante crítica formulada pelas autoras é a de que as interpreta- ções reducionistas da obra de Piaget reduzem a teoria do autor ao pré-formismo ou ao empirismo. Na qual, o primeiro caso estaria concebendo uma inteligência préformada e no segundo a inteligência se desenvolveria apenas condicionada pelo ambiente. As autoras ressaltam que, em ambas as interpretações, nota-se a redução da noção de sujeito dentro do construtivismo piagetiano, pois em ne- nhuma das interpretação não há lugar para um sujeito autônomo e criativo que constrói seu conhecimento através de suas ações, conforme postulado por Pi- aget (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). Piaget, apesar de não ser e nem se pretender pedagogo um modelo de aprendizagem, o construtivismo mesmo quando no campo da psicologia, é tra- tado dentro da psicologia escolar. Além disso, ficou constituído o espaço escolar como lugar preferencial de aplicação do construtivismo. Sanchis e Mahfoud (2010) lembram o lugar “des-naturalizado” de Piaget na psicologia, onde cons- truiu seu trabalho epistemológico mais aplicado na prática pedagógica, no qual se desenvolveu o campo primordial de seu trabalho, sendo de certa forma, con- cebido mais como pedagogo, do que como psicólogo, ou biólogo, que original- mente, representa sua formação. O construtivismo constitui um modelo de aprendizagem interativo, que vai se contrapor a um modelo empirista. A interação é condição, mas não é suficiente. O conhecimento deve ser construído, a partir dessa interação, através de um processo em que as aquisições anteriores são a possibilidade para as posteriores, sendo que as novas aquisições se integram (e não se agregam) às mais antigas. Por isso, uma concepção construtivista e interacionista do processo de construção do conhecimento se opõe a uma con- cepção cumulativa, em que cada nova aquisição se soma às demais (processo linear de construção do conhecimento), pois, ao integrar-se, o conhecimento sempre se transforma. O construtivismo, como quadro organizador da atividade humana, considera o conhecimento como re- sultado de uma reelaboração e reestruturação por parte do sujeito (PARRAT-DAYAN apud SANCHIS E MAHFOUD, 2010, p.27). O construtivismo trabalha a aprendizagem além da aprendizagem formal e considera todos os processos ligados à construção cognitiva do sujeito. O sujeito para o construtivismo está em constante aprendizado desde o momento em que nasce e até sua morte (SANCHIS E MAHFOUD, 2010). Pode-se dizer que o grande feito de Piaget foi o de ajudar a compreender o objeto do conhecimento e os mecanismos que possibilitam a sua aquisição. Os processos de acumula- ção e assimilação, a prática ativa de acordo com o nível de desenvolvimento da 23 criança e a mediação deste aprendizado pelo professor. Seguindo a análise da aplicação prática da teoria construtivista na pedagogia Sanchis e Mahfouz (2010) relembram que a aplicação da teoria não passa apenas pelos aspectos perten- centes à teoria, e envolve uma complexidade de elementos que permeiam o fe- nômeno educativo, como os políticos, econômicos, familiares, institucionais, etc. e só pode ser aplicado quando em equilíbrio de forças com esses fatores, o que pode explicar (grifo nosso) a não inserção das teorias piagetianas nos documen- tos institucionais brasileiros. 3. PRESSUPOSTOS DA TEORIA PIAGETIANA Piaget fundamentou a sua teoria nos estudos da Biologia, da Filosofia, da Física, da Lógica, da Matemática, da Psicologia e, sobretudo, nos estudos da Teoria da Epistemologia Genética: nomenclatura comumenteutilizada para de- nominar a Teoria do Conhecimento. Então, realizando pesquisas que tinham por enfoque compreender como o sujeito consegue progredir de um nível de conhe- cimento mais rudimentar a outro nível de conhecimento mais estruturado, che- gando à conclusão de que o desenvolvimento da inteligência está intrinseca- mente relacionado à adaptação do sujeito ao meio: é suscitado devido à intera- ção do sujeito com os objetos da sua realidade. Portanto, sendo construídas es- truturas de inteligências, as quais recebem a incumbência de possibilizar ao su- jeito adaptar-se à sua realidade em um processo cada vez mais intenso (Cae- tano, 2010, p. 1-2). 24 Ainda nesta perspectiva, o processo de adaptação do sujeito à sua reali- dade, o qual é responsável pelo desenvolvimento da inteligência, é compreen- dido por dois conceitos: (1) Acomodação e (2) Assimilação. O primeiro refere-se ao momento em que ocorre a adaptação do sujeito aos objetos da sua realidade, exercendo assim modificações na sua estrutura. O segundo, ao contrário, refere- se ao momento em que o sujeito exerce a ação sobre os objetos da sua reali- dade. Embora sejam conceitos distintos, são indissociáveis (Coutinho, 2001, p. [...]). Por conseguinte, é imprescindível ressaltar que o equilíbrio entre esses conceitos, durante o processo de adaptação, é responsável por fomentar a aprendizagem; o desequilíbrio, porém, por causar perturbações psíquicas, difi- cultando a aprendizagem. Desse modo, Silva (2010, p. 4-5) conclui proferindo que tanto o equilíbrio quanto o desequilíbrio do processo de aprendizagem estão interligados a quatro principais períodos. São eles: Período sensório-motor: ocorre da nascença aos dois anos de idade. Caracteriza-se pelos reflexos existentes no mundo externo. A título de explicação tem-se o fenômeno do amamentar. É importante deixar a salvo que nesse período a criança não se furta da sua realidade por completo, ao contrário, está em um momento onde seu processo de inteligência é eminentemente relacionado à prática, o que Piaget con- ceituou de indiferenciação. Portanto, é quando surge a acomodação, porque a particularidade da criança é de toda sensorial e motora, sendo forçoso estimulá-la com atrativos (Silva, 2010, p. 4-5); Período intuitivo ou simbólico: ocorre dos dois aos sete anos de idade. É quando a criança percebe a sua realidade externa e, a partir dos subsídios que por ela são fornecidos, constrói uma realidade simbólica. Entretanto, esta simbolização é circunscrita, porque a criança ainda está demasiado submetida à ação do outro. As crianças nesse período não conseguem fazer diferenciações matemáticas (Silva, 2010, p. 4- 5); Período das operações concretas: ocorre dos sete aos onze anos de idade. É quando a criança dá início ao desenvolvimento das suas es- truturas mentais, sendo-lhe possibilitada a elaboração de abstrações. Há duas peculiaridades principais nesse período: a primeira refere-se às operações matemáticas, pois não são construídas de maneira gen- eralizada; a segunda refere-se à superação do egocentrismo, sendo possível colocar-se no lugar do outro (Silva, 2010, p. 4-5); Período das operações formais: ocorre a partir dos doze anos de idade, aproximadamente. É, porventura, o período de culminação da criança, porque é a inserção integral dela no mundo. Assim, o seu pensamento lógico é desenvolvido, passando a agir de maneira autônoma e a cog- itar acerca de temas essenciais como, por exemplo, os relacionados à família (Silva, 2010, p. 4-5). 25 Além do mais, embora tenha conseguido solidificar pressupostos sublimes concernentes ao desenvolvimento intelectual, Piaget, ainda, objetivou apreender como é que se dá o desenvolvimento dos valores ético-morais na criança, par- tindo da perspectiva de que a educação é, particularmente, a responsável por ressignificar os paradigmas da sociedade (Caetano, 2010, p. 3). Mais especifi- camente, que a construção da moral é, sobretudo, um processo de aprendiza- gem de valores, os quais irão direcionar a conduta do sujeito. Sendo assim (PI- AGET, 1994, p. 23), “Toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”. Em consequência das suas pesquisas, chegou à conclusão de que há avanços significativos referentes ao desenvolvimento moral na criança. A partir disso, apresentando três períodos principais, são eles: (1) Anomia; (2) Heterônoma; e (3) Autonomia. Serão mais bem explicados nos parágrafos a se- guir. No tocante ao primeiro período. É, em parte, mais simples, porque se refere à idade que a criança não se encontra cônscia das regras existentes, cumprindo- as de maneira inconsciente, não as considerando como condutas obrigatórias. No tocante ao segundo período, heterônoma ou realismo moral. Refere-se ao momento em que a criança começa a torna-se cônscia das regras existentes na realidade onde está inscrita, como também a cumpri-las. Entretanto, o cumpri- mento das regras por ela, nesse período, está intrinsecamente relacionado à autoridade e à admiração aos adultos. Em consequência, cumprindo as regras que lhes são apresentadas ou impostas para conservar a afetividade, ou por medo das punições. Jean Piaget (PIAGET, 1994, p.34) reforça esta linha de ra- ciocínio proferindo que “A regra é considerada sagrada, intangível, de origem adulta e de essência eterna; toda a modificação é considerada pela criança como transgressão”. Quer isso dizer que a regra é compreendida pela criança como uma lei ríspida, severa, devendo ser obedecida com honra, até que as compre- enda como norteadoras de conduta moral. Tornando-se indispensável salientar que nesse período a criança já se encontra consciente dos seus comportamen- tos, compreendendo, assim, se eles estão ou não equiparados ao que é exigido pelo social, mesmo estando sob a orientação de adultos. 26 A partir disso, a criança dá início à cogitação acerca dos objetivos e senti- dos das regras, passando a valorizar significativamente o sentimento de justiça. Por conseguinte, internalizando-as e avaliando-as sob o seu crivo de moralidade, motivo que lhe faz ingressar no terceiro estágio de desenvolvimento moral. No tocante ao terceiro estágio. Segundo Piaget (1994, p. 34), nesse período a cri- ança despoja-se da concepção de que as regras são, sobretudo, mandamentos a serem seguidos de maneira inviolável, passando a compreendê-las como or- ganizadoras das relações, as quais têm como valor principal o respeito, sendo, portanto, possível realizar algum determinado comportamento com o outro desde que haja consentimento recíproco. Compreendendo que as regras são essenciais para que se viva em sociedade. Em relação ao desenvolvimento da moral, percebe-se que o seu nível mais preponderante está relacionado ao estágio de autonomia, sendo esse a supera- ção do estágio de heterônoma. Porém, um não exclui o outro; ao contrário, com- plementam-se. Em suma, observa-se que a teoria piagetiana faz emergir mu- danças acadêmicas e sociais, não desqualificando o sujeito tampouco o estig- matizando. Além disso, conforme salienta Coelho (2010, p. 3-4), pode ser consi- derada educacional, porque os seus argumentos defendem que o sujeito desen- volve-se a partir das suas relações, e é ele um dos agentes principais para isso. 3.1 Compreensões Do Construtivismo Acerca Do Contexto Es- colar Na construção da sua teoria, Jean Piaget proferiu que o conhecimento nunca deve ser apresentado ao sujeito de maneira determinativa, fazendo emer- gir cogitações acerca do estado da pedagogia. Em consequência, percebe-se que, atualmente, as relações estabelecidas entre os professores e os estudantes têm recebido um novo caráter, sejam elas em escolas públicas ou privadas. Por exemplo, sendo mais propícias a diálogos, a mudanças, a dialéticas hodiernas e a recursostecnológicos. No entanto, somente isso não faz com que a educação seja profícua. Portanto, serão elucidadas nos parágrafos a seguir algumas con- tribuições portentosas desse teórico no que tange à educação. 27 Conforme ressaltado nas partes incipientes, o processo de aprendizagem está intimamente relacionado ao contexto social. Em consequência, não se pode furtar à magnitude que as influências dos educadores exercem aos estudantes. Justifica-se porque os educadores participam do processo de aprendizagem como mediadores das relações entres os estudantes e as instituições sociais, não as deixando estarem inflexíveis e autoritárias. Não obstante, é relevante sa- lientar que os estudantes também são responsáveis pelos seus desenvolvimen- tos, sendo proativos, ou seja, manifestando as suas reflexões, as suas criativi- dades, participando assiduamente e tendo auto-organização das informações instruídas (Silva, 2010, p. 9). Nesse caso, torna-se indispensável proferir que o conceito de desequilíbrio psíquico, proposto por Piaget, embora seja uma conjuntura de perturbações, não é de todo pernicioso. Ao contrário, pode ser essencial, porque suscita o desen- volvimento do processo de aprendizagem: as dificuldades e os erros são artefa- tos da concepção do sujeito, portanto, não devem ser ignorados. Nessa linha de raciocínio, percebe-se que o papel do educador é o de apresentar ao estudante situações problemáticas acerca dos diversos contextos nos quais ele esteja ins- crito, assim, dando-lhe liberdade para descobrir novas possibilidades de ação, mesmo que as sejam meras quimeras (Silva, 2010, p. 10). Segundo Piaget, nós, seres humanos, estamos à procura da organização e da generalização das nossas experiências e vivências, através de representa- ções simbólicas. Compreendendo isso, portanto, os educadores podem possibi- litar ao estudante novas discussões e vivências, despertando-lhe o raciocínio concreto (Silva, 2010, p. 10). Para isso, é indispensável que haja comunicação, porque os contextos nos quais o sujeito está inscrito devem ser compreendidos como grupos educativos, que façam emergir, sobretudo, discussões, reflexões e iniciativas de decisão. Ou seja, deve-se ter conhecimento de que a realidade é dinamizada e exige a participação do sujeito para o seu próprio desenvolvimento. Ademais, o contexto escolar exerce influências extraordinárias às crianças e aos adolescentes, pois eles estão em processo de aprendizagem. Sendo as- 28 sim, Piaget ressalta postulando que devido a essas faixas etárias estarem rela- cionadas ao começo da escolaridade, sinaliza alterações significativas no que se refere ao desenvolvimento psíquico e social, porque (PIAGET, 1999, p. 40): Em cada um dos complexos da vida psíquica, quer se trate da inteli- gência ou da vida afetiva, das relações sociais ou da atividade propri- amente individual, observa-se o aparecimento de formas de organiza- ção novas, que complementam as construções esboçadas no decorrer do período precedente, assegurando-lhes um equilíbrio mais estável e que também inaugure uma série de interrupta de novas construções (PIAGET, 1999, p. 40). Isso é perceptível no contexto escolar, pelo fato de ser ensejado às crian- ças certo nível de liberdade para trabalharem em grupo ou individualmente e, sobretudo, por poderem realizar a conversação durante as atividades designa- das. No entanto, compreender o discernimento das crianças, daquilo que é par- ticular e grupal, através das atividades realizadas individualmente e em coletivo no contexto escolar, pode ser uma tarefa complexa, porque elas, com frequên- cia, iniciam o ato de conversação, mas, não é exato saber se praticam o ato de auscultação. Em verdade, é possível saber se as crianças dedicam-se ao mesmo trabalho, mas não se a intenção delas é a de ajuda mútua (Piaget, 1999, p. 41). Nessa perspectiva, Jean Piaget (1999) postula que, embora seja impreciso apreender o intuito das crianças ao estabelecerem as suas relações, é nessa fase da vida que ocorre o progresso dos relacionamentos interindividuais. Em consequências, as crianças tornam-se ativas para (PIAGET, 1999, p. 41): [...] cooperar, porque não confundem mais seu próprio ponto de vista com o dos outros, dissociando-os mesmo para coordená-los. Isso é visível na linguagem entre crianças. As discussões tornam-se possí- veis, porque comportam compreensões a respeito do ponto de vista do adversário e procura de justificação ou provas para a afirmação própria (PIAGET, 1999, p. 41). Com efeito, os seus comportamentos coletivos vão sendo construídos, no- tando-se com clarividência mudanças relacionadas a atitudes sociais. Quanto a isso, o contexto escolar disponibiliza-se de instrumentos como, por exemplo, jo- gos, que são essenciais para o desenvolvimento da moral, porque impõem às crianças regras de distintas ordens, destinadas a organizar as suas relações e o 29 sentimento de perda e ganha. Em outras palavras, ao invés das escolas apre- sentarem às crianças condutas impetuosas, munidas de crenças imediatas e de egocentrismo, devem apresentar-lhes condutas que fazem emergir o discerni- mento antes de agir, dando início à aquisição do juízo moral (Piaget, 1999, p. 41-42). No tocante aos adolescentes, percebe-se que os maiores, durante a inscri- ção no contexto escolar, são abarcados pelo sentimento de colaboração afetiva. Tornam-se tão solidários que, às vezes, fica complexo discernir se são deveras capazes de refletir com sensatez, de coordenarem os seus comportamentos com os dos outros, em consequência, se o processo de socialização é quem faz os seus pensamentos serem reforçados e interiorizados (Piaget, 1999, p. 41). Além disso, essa é uma fase decisiva, também, porque é quando a estruturação dos valores morais se dá realmente, tendo como consequência a sua organização e a sua hierarquização. É relevante salientar que nessa fase da vida o sujeito, devido ao início da construção da sua personalidade, consegue estabelecer re- lações que apresentam sentimento de igualdade, principalmente com os mais velhos (Piaget, 1999, p. 61-62). Quanto à vida social do adolescente, o contexto escolar exerce um papel significativo, porque o sujeito apresenta-se, às vezes, antissocial, tendo ínfimos interesses. Sendo assim, o contato com outros adolescentes no contexto escolar serve como base, mesmo que sejam relações impetuosas (Piaget, 1999, p. 63- 64). Em síntese, o processo de aprendizagem não deve – ou pelo menos não deveria – ser estático, mas, sim, dinâmico e aberto a mudanças, propiciando a interação do sujeito com a sua realidade. Não obstante, para isso se tornar rea- lizável, é indispensável, principalmente, a colaboração dos educadores, com ações que despertem o interesse dos estudantes pelo aprendizado (Silva, 2010, p. 10). 30 4. AS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE JEAN PIAGET PARA A APRENDIZAGEM Para Piaget, o conhecimento construído pelo homem é resultado do seu esforço de compreender e dar significado ao mundo. Nessa tentativa de intera- ção e compreensão do meio, o homem desenvolve equipamentos neurológicos herdados que facilitam o funcionamento intelectual. O organismo do homem é essencialmente seletivo por organizar os alimentos que lhe podem ser útil; esses alimentos vão sendo adaptados, de acordo com as necessidades biológicas. À medida que o homem seleciona os alimentos e inicia a adaptação destes ao organismo, acontece à assimilação, ou seja, a estrutura biológica acomoda os alimentos para satisfazer as necessidades do corpo (GOULART, 1995). Segundo Piaget, esse esquema de organização, assimilação e adaptação feito pelo organismo pode ser aplicado ao processo de aprendizagem, que se dá na estrutura cognitiva. A organização seletiva que a cognição realiza dá-se em um processo permanente de interação do homem com o meio ambiente,por meio da apreensão do que é útil e necessário à adaptação do homem no mundo. O processo de organização, adaptação e assimilação de um novo conhecimento depende de esquemas assimilativos como a repetição e a generalização (GOU- LART, 1995). As ações, as reflexões e as representações, ao serem repetidas em situações diferentes, tornam-se novas estruturas, novos conhecimentos. Por- tanto, a repetição reforça os conhecimentos assimilados, ou preexistentes, tor- nando-os mais consistentes, o que facilita a aprendizagem e o desenvolvimento 31 da inteligência. Para Piaget, a estrutura cognitiva vai construindo-se concomi- tante à construção de novos conhecimentos, por meio da busca natural do ho- mem de adaptar-se ao meio ambiente. Piaget concebe o homem como sujeito ativo dentro do processo de apren- dizagem, por entender o conhecimento como o resultado da interação homem- meio. Ao relacionar-se, o homem não se despoja de sua condição de sujeito ativo. Segundo (Wachowicz, citado por Matui, 1995, p. 62) "na verdade, o ho- mem se produz ao produzir a realidade na qual vive, ao se relacionar com o meio e com os outros homens". A interação social que se segue a cada momento de nossas vidas é um elemento definidor de nossas ações e de nossos comporta- mentos sociais. Piaget pensa o ser social como o indivíduo que se relaciona com os outros, seus semelhantes, de forma equilibrada. Entretanto, Piaget faz uma ponderação muito interessante sobre relação equilibrada, a qual, segundo ele, somente pode existir entre pessoas que estejam no mesmo estágio de desen- volvimento (Taille, 1992). O equilíbrio a que Piaget se refere somente pode existir entre pessoas que estejam no mesmo nível de desenvolvimento, ou seja: “A ma- neira de ser social de um adolescente é uma, porque é capaz de participar de determinadas relações (...) e a maneira de ser social de uma criança de cinco anos é outra, justamente porque ainda não é capaz de participar de relações sociais que expressam e que demandam um equilíbrio de trocas intelectuais”. (TAILLE, 1992, p.14). Portanto, dependendo do estágio em que a criança esteja, poderá falar-se de um grau maior ou menor de socialização. Resumidamente, para Piaget, a socialização possui vários graus. Começa no grau zero, quando a criança é re- cém-nascida, até o grau máximo, representado pelo conceito de personalidade. A personalidade significa, portanto, o momento de autonomia do indivíduo, quando ele já superou o egocentrismo e consegue estabelecer uma relação de trocas intelectuais recíprocas com os outros. Está claro que, para Piaget, o co- nhecimento deve ser visto como uma construção em constante processo. Isso pressupõe entender que a criança é capaz de criar, recriar e experimentar de forma autônoma, impulsionando seu próprio desenvolvimento. Nesse sentido, o ato de errar não pode ser visto como falha e, sim, como um momento necessário da aprendizagem; a ausência do erro denuncia a ausência 32 da experimentação e, consequentemente, a ausência da aprendizagem. Visto que a socialização e a moral vão sendo consolidadas ao longo da infância, o trabalho coletivo em Piaget tem o papel de mediador das relações e de instigador da capacidade de participação, cooperação e respeito mútuo. O trabalho coletivo socializa, estabelece laços de afetividade e permite, à criança, perceber-se como parte de uma coletividade, superando seu egocentrismo. No Construtivismo piagetiano, o educador não é o detentor do saber, mas o facilita- dor do processo ensino-aprendizagem. O aluno não é mero receptor de conhe- cimento, mas o agente ativo que constrói conhecimento. A relação professor- aluno deve ser de respeito mútuo e cooperação. É claro que não se pode tomar uma teoria como verdade absoluta. O conhecimento é sempre relativo e uma teoria é sempre limitada. Por isso, uma teoria deve servir, dentre tantas, como uma possibilidade de construção de uma educação diferenciada. A própria prática pedagógica, que se renova a cada dia, deve ser vista como um palco onde se experimenta se inventa e se recria o ato de ensinar: nesse palco, podem surgir outras teorias. Por fim, na aplicação de uma teoria, é preciso levar em conta a realidade sociocultural dos alunos para que não se caia no risco de reproduzir e de copiar mecanicamente determinada concepção de educação: o que deu certo em determinado lugar não, necessariamente, pode responder as necessidades de outra e diversa realidade. 5. REFLEXÕES DE PIAGET SOBRE ALGUNS RAMOS DE EN- SINO Piaget traz contribuições significativas para algumas áreas específicas do conhecimento humano, caracterizando o processo de aprendizagem e mos- trando o que pode e o que deve ser feito para desenvolver o ensino ativo de forma que o aluno se sinta envolvido no processo de construção do seu conhe- cimento. Em relação ao ensino de história, Piaget mostra que desconhecemos a forma como a criança se relaciona com o passado não vivido e de como ultra- passa a memória individual. A análise desse tema deve contar com a contribui- ção de pedagogos e psicólogos. Os psicólogos contribuem para descobrir os 33 mecanismos dos fatos e os pedagogos analisam as condições em que os fatos foram produzidos pelo passado e que são estudados em aulas de história. A criança pensa a partir de realidades mais conhecidas, concebendo o passado em função do presente. Nesse sentido, só é possível compreender o estudo das civilizações antigas e justificar sua presença nos currículos pela relação com a civilização moderna. Além disso, esta abordagem precisa ser desenvolvida numa perspectiva sociológica que permita ao aluno uma visão mais abrangente dos diversos fatores sociais que fazem parte da sociedade atual. Por isso é im- portante pesquisar com maior profundidade a psicologia das representações his- tóricas da criança, possibilitando compreender suas atitudes intelectuais espon- tâneas, e que assim se possa determinar o meio mais apropriado para o ensino de história. As ciências naturais (física, química e biologia) desempenham um papel importante na formação de uma inteligência ativa, crítica e criativa e contribuem para a pesquisa construtiva, pois ela favorece a atividade do aluno, ajudando-o a formar o espírito científico. Observa-se um interesse muito grande dos alunos entre 7 e 12 anos pelas ciências naturais, pois estas atendem ao desenvolvi- mento intelectual próprio dessa idade. O papel do/a professor/a é discutir e, so- bretudo, instigar a curiosidade da criança. Para que isso aconteça, o professor deve ser um mediador que instiga o aluno à atividade e que o leve, por meio da 34 ação, a elaborar suas próprias operações intelectuais, alterando a prática peda- gógica de impor verdades, através da leitura da realidade, enquanto algo dado e externo, por uma atividade de descoberta e de invenção das próprias experi- ências. Este caminho aciona a descoberta de novos problemas e leva o aluno a ser um experimentador ativo, que busca soluções intelectuais. Estas ciências evoluíram significativamente em suas pesquisas, e em de- corrência disso, a sociedade contemporânea sofreu grandes transformações, a partir dos trabalhos desenvolvidos pelos físicos, químicos e biólogos. Estas pes- quisas requerem que a escola trabalhe cada vez mais a capacidade hipotético- dedutiva da criança para possibilitar uma educação do espírito experimental e que o ensino, em geral, deva insistir mais na pesquisa e na descoberta do que na repetição. Na educação artística, Piaget destaca que ao observar o desen- volvimento das funções mentais e das aptidões na criança, dois fatos merecem uma cuidadosa atenção: o primeiro é que a criança menor parece mais dotada para o desenho, à expressão simbólica e à música que a mais velha, já em rela- ção às funções intelectuais e aos sentimentossociais, observa-se um progresso contínuo. Já no campo da expressão artística, percebe-se um retrocesso, isso causa estranheza, pois parece que o espaço familiar e a escola, ao invés de desenvolverem as formas de expressão infantil, agem de modo a dificultar essas tendências naturais da criança. O segundo é a dificuldade de estabelecer fases regulares de desenvolvimento das tendências artísticas na criança. A educação artística deve ser a educação da espontaneidade da criança, por isso não pode aceitar a transmissão de uma verdade ou ideal já elaborados. Estes só são significativos se forem recriados pelo próprio sujeito. Sobre o en- sino da filosofia, Piaget ressalta que com o objetivo de formar o espírito, a abor- dagem filosófica constitui elemento essencial para todos os alunos, situando os valores do conhecimento no conjunto dos outros fins humanos, constituindo uma espécie de fé racionalizada. Por isso o ensino da filosofia tem diferentes aborda- gens, dependendo das concepções políticas presentes na administração do Es- tado. Esta dispersão e falta de unidade fizeram com que a filosofia perdesse espaço no decorrer do tempo, por exemplo, a lógica saída da reflexão aristoté- lica, passando pela possibilidade de generalização por Leibniz, conquistou sua 35 autonomia no século XIX, de forma que hoje está muito mais próxima da mate- mática; poucos filósofos se arriscam a ensiná-la. Da mesma forma, a psicologia e a sociologia constituíram seu próprio campo de estudo, de investigação. Tudo isso trouxe uma crise para a filosofia e que perdura até os dias de hoje. Em relação ao ensino das línguas antigas, Piaget aponta que este tem dois objetivos: um é formar o espírito histórico e conhecer as civilizações passadas, para compreender a sociedade atual. Este objetivo é essencial, pois destaca a importância de estudar as culturas e sua história. O outro objetivo é a formação do espírito geral e que através do exercício intelectual o sujeito avança significa- tivamente em outras atividades ligadas ao conhecimento humano. Em relação ao ensino de línguas, Piaget fala do conflito entre o gramático e o lingüista, mos- trando o caráter antiquado de certas normas gramaticais, enquanto que a lin- güística tem avanços significativos constituindo “... uma fonte inesgotável de cul- tura e permanece quase de todo ausente dos programas do segundo grau...” (1998b, p. 70). No que tange à matemática, Piaget destaca a necessidade de observar o desenvolvimento espontâneo das operações lógico-matemáticas na criança, pois esse desenvolvimento é necessário e não pode ser simplesmente esquecido pelos estudiosos. O ensino deve formar e, ao mesmo tempo, trazer os avanços conquistados nesse campo e não passar a ideia de que conhecimento matemático é pronto e estático, mas que carrega (como as demais áreas de conhecimento) em sua formulação a sua própria dinâmica. É preciso que o aluno descubra e não tenha uma verdade como absoluta. O desafio no ensino da matemática é superar os métodos arcaicos baseados na transmissão e no verbalismo para primar pela reinvenção ou na descoberta pelo aluno. Desde os sete anos de idade, a criança manipula operações de conjunto, de espaço vetorial, etc., mas não sabe disso, pois são esquemas fundamentais de comportamento e posteriormente de racio- cínio, antes mesmo de serem objeto de reflexão. É preciso então conciliar os avanços no campo da matemática com os conhecimentos obtidos pela psicolo- gia, pois assim abre um futuro promissor para o processo ensino-aprendizagem desta disciplina. No ensino da matemática, observa-se um paradoxo: alunos com facilidades em outros campos do saber, têm dificuldades em matemática, pois esta convida para uma reflexão sobre as estruturas, exigindo um alto grau de 36 abstração; esta é de natureza operatória e procede por etapas a partir das ob- servações mais concretas. 6. A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO CONTEXTO ES- COLAR A contribuição do psicopedagogo no contexto escolar é expressiva! Este profissional atua tanto na prevenção de dificuldades de aprendizagem durante a vida escolar quanto na superação delas. Ele também busca métodos de ensino adequados para alunos que demonstram ter perturbações no processo de apren- der. O trabalho desempenhado pelo psicopedagogo no contexto escolar é, en- tão, de grande importância para o aproveitamento das aulas por parte dos alu- nos. Do mesmo modo, os pais se beneficiam da atuação do psicopedagogo ins- titucional. O profissional faz orientações exatas sobre os problemas de aprendi- zagem dos filhos, aconselhando uma investigação mais profunda de seu qua- dro. Qual é o objetivo da psicopedagogia? A psicopedagogia é o campo da psicologia associado à pedagogia que es- tuda a relação das pessoas com a aprendizagem. Assim, o profissional desta https://www.vittude.com/blog/psicopedagogia/ 37 área busca reduzir dificuldades com o aprender e tratar transtornos de aprendi- zagem. As crianças costumam ser os principais pacientes dos psicopedago- gos por uma razão simples. É nesta faixa etária que certas funções cognitivas começam a se desenvolver. São elas: memória, associação, raciocínio lógico, atenção, percepção, linguagem, entre outras. Essas competências são estimu- ladas a todo instante na escola. Deste modo, é mais fácil perceber deficits em pacientes em idade escolar. Quando a criança não consegue acompanhar o ritmo dos coleguinhas em sala de aula, fica evidente que algo está dificultando o seu processo de aprendizagem. Todavia, adolescentes, adultos e idosos tam- bém podem ter um transtorno específico de aprendizagem. A ausência de diag- nóstico na infância impede que eles aproveitem as suas experiências acadêmi- cas e profissionais. Esses indivíduos podem pensar que possuem menos inteligência e capa- cidade que outros em virtude dos sintomas de um transtorno de aprendizagem. Como não receberam um diagnóstico para explicar as suas dificuldades, podem crescer com um complexo de inferioridade. Neste contexto, a psicopedagogia também devolve a autoestima dos pacientes, ensinando-lhes que são capazes de aprender, ler, escrever, calcular e reter informação como os outros. Eles só precisam das ferramentas e dos métodos exatos para fazer isso. A aprendizagem na escola É no ambiente escolar que a criança tem a oportunidade de desenvolver suas habilidades mais básicas. Além das que dizem respeito à aprendizagem, as crianças ainda têm a oportunidade de aprimorar as suas capacidades sociais e adquirirem valores éticos para a vida em sociedade. Logo, é importante que a experiência da criança na escola, especialmente nos primeiros anos de vida, seja de boa qualidade. A escola é um local que possibilita múltiplas vivências, atividades, projetos, novidades e escolhas. Para ser capaz de aproveitar todos esses elementos, a criança precisar estar no controle do seu processo de apren- dizagem. Um déficit significa a perca desse controle, levando os pequenos a ex- perimentarem frustrações. https://www.vittude.com/blog/quando-procurar-um-psicopedagogo-para-meu-filho/ https://www.vittude.com/blog/quando-procurar-um-psicopedagogo-para-meu-filho/ https://www.vittude.com/blog/o-que-e-transtorno-especifico-de-aprendizagem/ https://www.vittude.com/blog/o-que-e-transtorno-especifico-de-aprendizagem/ https://www.vittude.com/blog/o-que-e-transtorno-especifico-de-aprendizagem/ https://www.vittude.com/blog/atitudes-para-aumentar-autoestima/ 38 Os transtornos de aprendizagem afetam o desempenho escolar das seguintes formas: Atrasa o desenvolvimento de habilidades básicas, como leitura e escrita; Dificulta a realização de cálculos matemáticos; Aumenta a ansiedade e a frustração das crianças; Reduz o interesse pelo estudo; Torna a concentração em sala de aula difícil; Estimular comportamentos inadequados;
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