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1 LUANNA HONÓRIO PROFESSORA ANNA LUIZA MARINHO– DERMATO (P6) - 28/04/2021 INTRODUÇÃO As lesões cutâneas da tuberculose resultam da infecção pelo: • Mycobacterium tuberculosis • Mycobacterium bovis • Bacilo de Caimette Guerin (BCG) As lesões cutâneas podem decorrer: • Colonização da pele pelo bacilo (lesões bacilíferas) • Processo de hipersensibilidade a foco tuberculoso ativo (lesões pauci ou abacilares) EPIDEMIOLOGIA • Declínio até 1984 • A partir de 1985: aumento de 18% nos EUA e alguns países da Europa - Imigrantes dos países de alta prevalência - Epidemia da SIDA - Aumento de pessoas em estabelecimentos congregativos • Aumento global: relação com SIDA PATOLOGIA As respostas patológicas e os tipos clínicos das lesões são relacionadas a vários fatores: • Virulência do bacilo: - Bacilos de baixa virulência – Lúpus vulgar • Estado imunitário do hospedeiro - Idade - Estado geral - Nutricional - Fatores genéticos • Via de infecção -> Infecção exógenas – Tuberculose verrucosa -> Disseminação endógena: - Contiguidade de foco tuberculose subjacente: Escrofuloderma - Disseminação linfática: Lúpus vulgar - Disseminação hematogênica: lúpus vulgar ou tuberculose miliar aguda CATEGORIAS PRINCIPAIS DA TB CUTÂNEA • Inoculação de um foco exógeno: TB de inoculação primária e TB verrucosa da pele • Propagação endógena cutânea contiguamente ou por auto-inoculação: Escrofuloderma, TB cutânea orificial • Propagação hematogênica para pele: Lúpus vulgar, TB miliar aguda, úlcera tuberculosa, goma ou abcesso, celulite tuberculosa • Tubercúlides: eritema indurado – Bazin, tubercúlide pápulo-necrótica e líquen escrofuloso. VACINAÇÃO COM BCG BCG – bacilo de Calmette-Guérin. É o bacilo atenuado vivo de tuberculose bovina. É eficaz quando administrada em RN Adulto: eficácia ainda não é comprovada. Complicações: • Linfadenite regional • Escrofuloderma • Lúpus vulgar • Ulceração excessiva • Urticária • Eritema nodoso • Granuloma anular Teste tuberculínico: • É aplicada na região anterior do braço, 0,1mL. • Teste intradérmico ou Mantoux – imunidade celular. • Teste positivo entre 2 a 10 semanas após infecção • Positivo até 10 anos em crianças imunizadas • Reatividade prejudicada por doenças que comprometem a imunidade celular. • Tamanhos da pápula: - 0-4mm: negativa; 2 LUANNA HONÓRIO - 5mm ou mais: HIV fatores de risco, contactantes próximos, TX de TB curada, crianças com contactantes; - 10mm ou mais: usuários de drogas injetadas, baixa renda, imigrantes nascidos em países de alta prevalência, instituições; - 15mm: positivo em todos os outos. FORMAS CLÍNICAS Tuberculose primária: • Cancro tuberculoso • TB cutânea consequente ao BCG OBS: Primária: nunca tiveram contato com o bacilo e não foram vacinados. Tuberculose secundária (paciente já foi vacinado) • Lúpus vulgar • Escrofuloderma • Tuberculose miliar aguda • Tuberculose verrucosa • Tuberculose orificial • Tuberculose gomosa Tubercúlides: ações de hiperssensibilidade • Tubercúlide pápulo-necrótica • Tubercúlide liquenoide • Eritema indurado de Bazin CANCRO TUBERCULOSO É umas das tuberculoses primárias. • Resulta da inoculação da micobactéria na pele de indivíduo não previamente infectado com tuberculose. • O bacilo penetra através de abrasões ou feridas na pele. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Três a quatro semanas após inoculação surge pápula, placa ou nódulo que evolui para ulceração sem tendência à cicatrização. • Linfadenopatia regional – fistulização • Áreas mais acometidas: face, mãos, extremidades inferiores e mucosa oral • Resolução espontânea em 1 ano ou menos. DIAGNÓSTICO • Achados de bacilos nas secreções e cortes histológicos • Cultura • PPD (teste): positiva-se ao longo da evolução! Cancro na perninha esquerda, linfonodo regional e o teste feita no bracinho da criança: TUBERCULOSE CUTÂNEA CONSEQUENTE AO BCG É também uma das tuberculoses primárias. A vacina pelo BCG pode provocar as seguintes complicações: Complicações não específicas: 3 LUANNA HONÓRIO • Eritema nodoso • Reações eczematosas, granulosa • Cistos epiteliais • Cicatrizes queloideanas Complicações específicas: • Lúpus vulgar: pode surgir após meses e até 3 anos após vacinação • Fenômeno de Koch: necrose e ulceração frequentemente acompanhadas de linfadenite • Escrofuloderma • Linfadenite regional intensa • Abscessos subcutâneos • Erupção tipo tubercúlide LÚPUS VULGAR É uma das tuberculoses secundárias. • Forma rara em nosso meio. • É a forma crônica de TB cutânea que ocorre em indivíduos tuberculínico-positivos • Origina-se de foco tuberculoso (pulmonar ou de adenite cervical por disseminação hematogênica, linfática ou por contiguidade) • A evolução da doença sem tratamento é extremamente crônica • Possível complicação: surgimento de carcinoma espinocelular sobre lesões crônicas. 4 LUANNA HONÓRIO MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Localizações preferenciais: face. Pode haver invasão das mucosas oral, nasal e conjuntival. • Mácula, pápula ou nódulo. Da coalescência das lesões que resultam em placas infiltradas circulares ou giratas. • Formas clínicas: planas, hipertróficas, ulcerosas e cicatriciais. DIAGNÓSTICO • Clínico e histopatológico (necrose caseosa – 10% bar) • PPD fortemente positivo • Culturas em meios específicos • PCR – DNA da micobactéria na pele 5 LUANNA HONÓRIO TUBERCULOSE VERRUCOSA É também outra forma de tuberculose secundária. • Forma verrucosa de tuberculose cutânea • O bacilo penetra através de soluções de continuidade da pele em indivíduos que já tiveram contato com o bacilo. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesão inicial: pápula ou pápulo-pústula • As lesões evoluem muito lentamente transformando-se em placas verrucosas • Pode ocorrer atrofia central • As lesões localizam-se mais comumente em dorso das mãos e dedos e eventualmente para os pés, unilateralmente. DIAGNÓSTICO • Clínico • Histopatologia: - Hiperplasia pseudo-epiteliomatosa - Hiperceratose - Granuloma - Poucos bacilos • PPD, PCR e cultura 6 LUANNA HONÓRIO ESCROFULODERMA É também uma forma de tuberculose secundária. • É a forma de tuberculose mais comum em nosso meio • Resulta da propagação à pele de lesões tuberculosas de linfonodos (principalmente submandibular, subclavicular), ossos e articulações. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Locais mais comuns: região submandibular, cervical e supraclavicular • Iniciam-se com nódulos subcutâneos eritematosos que fistulizam e ulceram eliminando material caseoso e purulento. DIAGNÓSTICO • Histopatologia: inflamação granulomatosa e BAAR • PDD, PCR e culturas 7 LUANNA HONÓRIO TUBERCULOSE ORIFICIAL É outra forma de tuberculose secundária. • Forma rara de tuberculose das mucosas e da pele periorificial. • É decorrente de autoinoculação em doentes com tuberculose visceral progressiva: - Boca e lábios nos portadores de tuberculose pulmonar - Em torno do ânus nos portadores de tuberculose intestinal - Genitália externa nos casos de tuberculose urogenital. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Pápulas ou pápulo-pústulas que ulceram • Úlceras extremamente dolorosas, consistência mole (em saca-bocado) DIAGNÓSTICO • Histopatologia: numerosos bacilos • PPD: positividade variada • PCR e culturas 8 LUANNA HONÓRIO TUBERCULOSE MILIAR AGUDA Mais uma forma de tuberculose secundária. • Forma muito fara de tuberculose • Ocorre devido à disseminação hematogênica a partir de foco pulmonar ou menígeo MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões disseminadas atingindo predominantemente o tronco • Maculosas, papulosas, eritematosas e purpúricas às vezes com necrose central DIAGNÓSTICO • Presençade tuberculose grave • Histopatologia: bar abundante • Baciloscopia e culturas Pápulas eritematosas: miliar – múltiplas lesões. Tuberculose miliar aguda: TUBERCULOSE GOMOSA Outra forma de tuberculose secundária. • São múltiplos abscessos tuberculosos metastáticos. • Ocorre em situações de imunodeficiências • Decorre da disseminação hematogênica da micobactéria a partir de foco primário. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Nódulos subcutâneos inflamatórios, amolecidos com flutuação que evoluem com ulceração ou fistulização • Localizam-se na cabeça, tronco e extremidades. DIAGNÓSTICO • Clínica • Histopatologia • Culturas e PCR 9 LUANNA HONÓRIO TUBERCÚLIDES São manifestações de hipersensibilidade à distância (que nem na hanseníase) por foco de tuberculose. São lesões abacilares ou paucibaciliares (poucos). São consideradas tubercúlides: • Tubercúlide pápulo-necrótica • Líquen escrofuloso • Eritema indurado de Bazin TUBERCÚLIDE PÁPULO-NECRÓTICA • Ocorre em indivíduos tuberculino positivos • Admite-se que bacilos procedentes de um foco tuberculoso são liberados na circulação, localizando-se nos capilares da derme MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lesões ocorrem em surtos • Superfícies extensoras dos membros: joelhos, cotovelos, dorso das mãos e pés, tronco e nádegas • Pápulas e nódulos que sofrem pustulização e necrose central com formação de crosta que, ao cair, deixa cicatriz varioliforme DIAGNÓSTICO • Clínica • PPD positivo • Histopatologia • PCR O pretinho no meio é a necrose que vai formar uma crosta que vai cair e vai deixar essas manchinhas brancas: 10 LUANNA HONÓRIO TUBERCÚLIDE LIQUENÓIDE (LÍQUEN SCROFULOSORUM) • Erupção liquenoide observada em crianças com tuberculose pulmonar, ganglionar, óssea ou articular - Exclusivo de crianças que tem qualquer forma de tuberculose (pulmonar, ganglionar, óssea ou articular) • Reação de hipersensibilidade MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Pápulas liquenoides da cor de pele normal ou eritematosa com disposição folicular • Localização preferencial no tronco DIAGNÓSTICO • Clínica • Histopatologia TRATAMENTO • Alguns casos têm resolução espontânea • Tratamento da tuberculose ativa • Corticoides tópicos em baixas concentrações Disposição folicular (a lesão está no folículo): ERITEMA INDURADO DE BAZIN • Se assemelha ao eritema nodoso. • Se caracteriza por nódulos nas pernas e, que algumas vezes, relaciona-se à tuberculose • Paniculite lobular – inflamação cutâneo • Quando outra etiologia que não a tuberculose estiver envolvida, deve ser empregada o termo vasculite nodular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Nódulos de caráter inflamatório localizados preferencialmente na parte posterior das pernas, com tendência à ulceração • Nódulos podem ser acompanhados de livedo e hiperhidrose palmo-plantar. DIAGNÓSTICO • Clínica • Histopatologia • PPD • PCR 11 LUANNA HONÓRIO TRATAMENTO DAS TUBERCULOSES CUTÂNEAS Isoniazida: • Dose: 5 a 7mg/kg/dia; adulto: 400mg/dia • Utilizar concomitantemente piridoxina para prevenção de neuropatia periférica. Rifampicina: • Dose: 600mg/dia Pirazinamida: • Dose: 15 a 30mg/kg/dia Etambutol: • 15 a 30mg/kg/dia • Não deve ser empregado em menores de 13 anos Estreptomicia: • 1 a 2g/dia ESQUEMAS TERAPÊUTICOS Tuberculose sem infecção pelo HIV: • Rifampicina + Isoniazida + Pirazinamida + Etambutol – diariamente, durante 2 meses. Depois: Rifampicina + Isoniazida durante 4 meses • Duração mínima de 6 meses de tratamento Tuberculose com infecção pelo HIV: • Mesmo esquema do anterior • Porém, tem duração de 18 a 24 meses de tratamento.
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