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470 Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta
Transtorno da Conduta
Critérios Diagnósticos
 A. Um padrão de comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos básicos de 
outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para a idade, tal como ma-
nifestado pela presença de ao menos três dos 15 critérios seguintes, nos últimos 12 meses, de 
qualquer uma das categorias adiante, com ao menos um critério presente nos últimos seis meses:
Agressão a Pessoas e Animais
 1. Frequentemente provoca, ameaça ou intimida outros.
 2. Frequentemente inicia brigas físicas.
 3. Usou alguma arma que pode causar danos físicos graves a outros (p. ex., bastão, tijolo, gar-
rafa quebrada, faca, arma de fogo).
 4. Foi fisicamente cruel com pessoas.
 5. Foi fisicamente cruel com animais.
 6. Roubou durante o confronto com uma vítima (p. ex., assalto, roubo de bolsa, extorsão, roubo 
à mão armada).
 7. Forçou alguém a atividade sexual.
Destruição de Propriedade
 8. Envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndios com a intenção de causar danos 
graves.
 9. Destruiu deliberadamente propriedade de outras pessoas (excluindo provocação de incêndios).
Falsidade ou Furto
 10. Invadiu a casa, o edifício ou o carro de outra pessoa.
 11. Frequentemente mente para obter bens materiais ou favores ou para evitar obrigações (i.e., 
“trapaceia”).
 12. Furtou itens de valores consideráveis sem confrontar a vítima (p. ex., furto em lojas, mas sem 
invadir ou forçar a entrada; falsificação).
Violações Graves de Regras
 13. Frequentemente fica fora de casa à noite, apesar da proibição dos pais, com início antes dos 
13 anos de idade.
 14. Fugiu de casa, passando a noite fora, pelo menos duas vezes enquanto morando com os 
pais ou em lar substituto, ou uma vez sem retornar por um longo período.
 15. Com frequência falta às aulas, com início antes dos 13 anos de idade.
 B. A perturbação comportamental causa prejuízos clinicamente significativos no funcionamento 
social, acadêmico ou profissional.
 C. Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, os critérios para transtorno da personalidade antissocial 
não são preenchidos.
Determinar o subtipo:
312.81 (F91.1) Tipo com início na infância: Os indivíduos apresentam pelo menos um sintoma 
característico de transtorno da conduta antes dos 10 anos de idade.
312.82 (F91.2) Tipo com início na adolescência: Os indivíduos não apresentam nenhum sinto-
ma característico de transtorno da conduta antes dos 10 anos de idade.
312.89 (F91.9) Início não especificado: Os critérios para o diagnóstico de transtorno da con-
duta são preenchidos, porém não há informações suficientes disponíveis para determinar se o 
início do primeiro sintoma ocorreu antes ou depois dos 10 anos.
Especificar se:
Com emoções pró-sociais limitadas: Para qualificar-se para este especificador, o indivíduo deve 
ter apresentado pelo menos duas das seguintes características de forma persistente durante, no 
mínimo, 12 meses e em múltiplos relacionamentos e ambientes. Essas características refletem o 
padrão típico de funcionamento interpessoal e emocional do indivíduo ao longo desse período, e 
Transtorno da Conduta 471
não apenas ocorrências ocasionais em algumas situações. Consequentemente, para avaliar os 
critérios para o especificador, são necessárias várias fontes de informação. Além do autorrelato, é 
necessário considerar relatos de outras pessoas que conviveram com o indivíduo por longos perío-
dos de tempo (p. ex., pais, professores, colegas de trabalho, membros da família estendida, pares).
Ausência de remorso ou culpa: O indivíduo não se sente mal ou culpado quando faz algu-
ma coisa errada (excluindo o remorso expresso somente nas situações em que for pego e/
ou ao enfrentar alguma punição). O indivíduo demonstra falta geral de preocupação quanto 
às consequências negativas de suas ações. Por exemplo, não sente remorso depois de 
machucar alguém ou não se preocupa com as consequências de violar regras.
Insensível – falta de empatia: Ignora e não está preocupado com os sentimentos de outras 
pessoas. O indivíduo é descrito como frio e desinteressado; parece estar mais preocupado 
com os efeitos de suas ações sobre si mesmo do que sobre outras pessoas, mesmo que 
essas ações causem danos substanciais.
Despreocupado com o desempenho: Não demonstra preocupação com o desempenho 
fraco e problemático na escola, no trabalho ou em outras atividades importantes. Não se es-
força o necessário para um bom desempenho, mesmo quando as expectativas são claras, 
e geralmente culpa os outros por seu mau desempenho.
Afeto superficial ou deficiente: Não expressa sentimentos nem demonstra emoções para 
os outros, a não ser de uma maneira que parece superficial, insincera ou rasa (p. ex., as 
ações contradizem a emoção demonstrada; pode “ligar” ou “desligar” emoções rapida-
mente) ou quando as expressões emocionais são usadas para obter algum ganho (p. ex., 
emoções com a finalidade de manipular ou intimidar outras pessoas).
Especificar a gravidade atual:
Leve: Poucos, se algum, problemas de conduta estão presentes além daqueles necessários 
para fazer o diagnóstico, e estes causam danos relativamente pequenos a outros (p. ex., mentir, 
faltar aula, permanecer fora à noite sem autorização, outras violações de regras).
Moderada: O número de problemas de conduta e o efeito sobre os outros estão entre aqueles 
especificados como “leves” e “graves” (p. ex., furtar sem confrontar a vítima, vandalismo).
Grave: Muitos problemas de conduta, além daqueles necessários para fazer o diagnóstico, estão 
presentes, ou os problemas de conduta causam danos consideráveis a outros (p. ex., sexo for-
çado, crueldade física, uso de armas, roubo com confronto à vítima, arrombamento e invasão).
Subtipos
Existem três subtipos de transtorno da conduta que se baseiam na idade de início do transtorno. 
O início poderá ser estimado com mais precisão a partir de informações fornecidas tanto pelo 
jovem quanto pelo cuidador; frequentemente essa estimativa tem uma discrepância de dois anos 
para mais em relação ao início real. Os dois subtipos podem ocorrer nas formas leve, moderada 
ou grave. Um subtipo de início não especificado é atribuído nas situações em que não há infor-
mações suficientes para determinar a idade de início.
Geralmente, no transtorno da conduta com início na infância, os indivíduos são do sexo 
masculino, costumam apresentar agressão física contra outras pessoas, têm relacionamentos 
conturbados com pares, podem ter tido transtorno de oposição desafiante precocemente na in-
fância e normalmente têm sintomas que preenchem critérios para transtorno da conduta antes 
da puberdade. Muitas crianças com esse subtipo têm também transtorno de déficit de atenção/
hiperatividade ou outras dificuldades do neurodesenvolvimento concomitantes. Indivíduos com 
o tipo com início na infância são mais propensos a ter o transtorno da conduta persistente na vida 
adulta do que aqueles com o tipo com início na adolescência. Em comparação a indivíduos com o 
tipo com início na infância, os com transtorno da conduta com início na adolescência são menos 
propensos a apresentar comportamentos agressivos e tendem a ter relações mais habituais com 
seus pares (embora, com frequência, apresentem problemas de conduta na companhia de outras 
pessoas). Esses indivíduos são menos propensos a ter o transtorno da conduta persistindo na 
vida adulta. A proporção masculino/feminino com o transtorno é mais equilibrada para o tipo 
com início na adolescência do que para o tipo com início na infância.
472 Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta
Especificadores
A minoria dos indivíduos com transtorno da conduta apresenta características necessárias para 
o especificador “com emoções pró-sociais limitadas”. Os indicadores desse especificador são 
aqueles que muitas vezes foram chamados de traços insensíveis e desprovidos de emoção em 
pesquisas. Outras características de personalidade,tais como busca de emoções fortes, audácia e 
insensibilidade a punições, também podem distinguir aqueles com as características descritas no 
especificador. Indivíduos com características descritas no especificador podem ser mais propen-
sos do que outros com transtorno da conduta a se envolver em agressões planejadas para obter 
ganhos. Indivíduos com qualquer subtipo do transtorno da conduta ou em qualquer nível de 
gravidade podem apresentar características que os qualificam para o especificador “com emo-
ções pró-sociais limitadas”, embora os com o especificador sejam mais propensos a ter o tipo com 
início na infância e um especificador de gravidade classificado como grave.
Embora a validade do autorrelato para avaliar a presença do especificador tenha sido confir-
mada em alguns contextos de pesquisa, os indivíduos com transtorno da conduta com esse espe-
cificador talvez não admitam prontamente que tenham tais traços quando questionados em uma 
entrevista clínica. Consequentemente, são necessárias informações de várias fontes para avaliar 
os critérios para o especificador. Além do mais, considerando que os indicadores do especifica-
dor são características que refletem o padrão típico de funcionamento interpessoal e emocional 
dos indivíduos, é importante levar em conta relatos feitos por outras pessoas que conheceram 
o indivíduo por longos períodos de tempo e em diferentes relacionamentos e ambientes (p. ex., 
pais, professores, colegas de trabalho, membros da família estendida, pares).
Características Diagnósticas
A característica essencial do transtorno da conduta é um padrão comportamental repetitivo e 
persistente no qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais 
relevantes e apropriadas para a idade (Critério A). Esses comportamentos se enquadram em qua-
tro grupos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça causar danos físicos a outras pes-
soas ou animais (Critérios A1 a A7); conduta não agressiva que causa perda ou danos a proprie-
dade (Critérios A8 a A9); falsidade ou furto (Critérios A10 a A12); e violações graves de regras 
(Critérios A13 a A15). Três ou mais comportamentos típicos devem estar presentes nos últimos 
12 meses, com pelo menos um comportamento presente nos últimos seis meses. A perturbação 
comportamental causa prejuízos clinicamente significativos no funcionamento social, acadêmico 
ou profissional (Critério B). Em geral, o padrão de comportamento está presente em vários am-
bientes, tais como casa, escola ou comunidade. Como os indivíduos com transtorno da conduta 
têm uma propensão a minimizar seus problemas comportamentais, o clínico frequentemente 
deverá se basear em informantes adicionais. Entretanto, o conhecimento dos informantes acerca 
dos problemas de conduta do indivíduo poderá ser limitado se a supervisão for inadequada ou 
se o indivíduo ocultou comportamentos sintomáticos.
Indivíduos com o transtorno em geral iniciam comportamentos agressivos e reagem agressi-
vamente a outras pessoas. Podem fazer provocações, ameaças ou assumir comportamento intimi-
dador (incluindo bullying via mensagens nas redes sociais por meio da internet) (Critério A1); com 
frequência iniciar brigas físicas (Critério A2); utilizar armas que podem causar danos físicos graves 
(p. ex., bastão, tijolo, garrafa quebrada, faca, arma de fogo) (Critério A3); ser fisicamente cruéis com 
pessoas (Critério A4) ou animais (Critério A5); roubar com confronto à vítima (p. ex., assalto, roubo 
de bolsa, extorsão, roubo à mão armada) (Critério A6); ou forçar alguém a atividade sexual (Crité-
rio A7). A violência física pode assumir a forma de estupro, violência ou, em casos raros, homicídio. 
A destruição deliberada de propriedade de outras pessoas inclui provocação deliberada de incên-
dios com a intenção de causar danos graves (Critério A8) ou destruição deliberada da propriedade 
de outras pessoas de outras maneiras (p. ex., quebrar vidros de carros, vandalizar propriedade 
escolar) (Critério A9). Atos de falsidade ou furtos podem incluir invadir casas, edifícios ou carros 
de outras pessoas (Critério A10); frequentemente mentir ou quebrar promessas para obter bens ou 
favores ou evitar dívidas ou obrigações (p. ex., “trapacear”) (Critério A11); ou furtar itens de valor 
considerável sem confrontar a vítima (p. ex., furtos em lojas, falsificação, fraude) (Critério A12).
Transtorno da Conduta 473
Indivíduos com transtorno da conduta também podem frequentemente cometer violações 
graves a normas (p. ex., na escola, em casa, no trabalho). Crianças com o transtorno costumam 
apresentar um padrão, iniciado antes dos 13 anos de idade, de ficar fora até tarde da noite, a 
despeito da proibição dos pais (Critério A13). As crianças podem apresentar também um padrão 
de fugir de casa, passando a noite fora (Critério A14). Para ser considerada um sintoma de trans-
torno da conduta, a fuga de casa deve ocorrer pelo menos duas vezes (ou apenas uma vez se o 
indivíduo não retornar por um longo período de tempo). Episódios de fugas de casa que ocorrem 
como consequência direta de abuso físico ou sexual geralmente não se qualificam para esse crité-
rio. Crianças com transtorno da conduta frequentemente faltam às aulas, comportamento que se 
inicia antes dos 13 anos (Critério A15).
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico
Sobretudo em situações ambíguas, indivíduos agressivos com transtorno da conduta costumam 
inadequadamente perceber as intenções dos outros como mais hostis e ameaçadoras do que real-
mente são e responder com uma agressividade que julgam ser razoável e justificada. Característi-
cas de personalidade que incluem traços de afetividade negativa e baixo autocontrole, incluindo 
baixa tolerância a frustrações, irritabilidade, explosões de raiva, desconfiança, insensibilidade 
a punições, busca de emoções fortes e imprudência frequentemente ocorrem de forma conco-
mitante com o transtorno da conduta. Uso problemático de substâncias com frequência é uma 
característica associada, sobretudo em adolescentes do sexo feminino. Ideação suicida, tentativas 
de suicídio e suicídios cometidos ocorrem a uma taxa mais elevada do que o esperado em indiví-
duos com transtorno da conduta.
Prevalência
As estimativas de prevalência na população em um ano variam de 2 a mais de 10%, com mediana 
de 4%. A prevalência do transtorno da conduta parece ser bastante consistente em vários países 
com raça e etnia diferentes. As taxas de prevalência aumentam da infância para a adolescência e 
são mais elevadas no sexo masculino do que no feminino. Poucas crianças que apresentam um 
transtorno da conduta que causa prejuízo recebem tratamento.
Desenvolvimento e Curso
O início do transtorno da conduta pode ocorrer no começo dos anos pré-escolares, embora os 
primeiros sintomas significativos costumem aparecer durante o período que vai desde a fase 
intermediária da infância até a fase intermediária da adolescência. O transtorno de oposição 
desafiante é um precursor comum do transtorno da conduta do tipo com início na infância. O 
transtorno da conduta pode ser diagnosticado em adultos, embora os sintomas geralmente sur-
jam na infância ou na adolescência, sendo raro o início depois dos 16 anos. O curso do transtorno 
é variável. Na grande maioria das pessoas, há remissão na vida adulta. Muitas – em particular 
aquelas tipo com início na adolescência e as com sintomas reduzidos e mais leves – conseguem 
atingir um ajuste social e profissional quando adultas. No entanto, o tipo com início precoce é 
um preditor de pior prognóstico e de risco aumentado para comportamento criminal, transtorno 
da conduta e transtornos relacionados ao uso de substâncias na vida adulta. Indivíduos com o 
transtorno da conduta estão em risco de apresentar transtornos do humor, de ansiedade, de es-
tresse pós-traumático, do controle de impulsos, psicóticos, transtornos de sintomas somáticos e 
transtornos relacionados ao uso de substâncias quando adultos.
Os sintomas do transtornovariam de acordo com a idade à medida que o indivíduo desenvol-
ve força física, capacidades cognitivas e maturidade sexual. Os primeiros comportamentos sinto-
máticos tendem a ser menos graves (p. ex., mentiras, furtos em lojas), ao passo que os problemas de 
conduta que surgem posteriormente tendem a ser mais graves (p. ex., estupro, roubo confrontando 
a vítima). Entretanto, há diferenças acentuadas entre os indivíduos, com alguns se envolvendo 
em comportamentos mais danosos em idades mais precoces (o que prediz pior prognóstico). No 
474 Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta
momento em que as pessoas com o transtorno da conduta atingem a vida adulta, os sintomas de 
agressão, destruição de propriedades, falsidade e violação de regras, incluindo violência contra 
colegas de trabalho, parceiros e crianças, poderão surgir no local de trabalho e em casa, de forma 
que a presença de um transtorno da personalidade antissocial pode ser considerada.
Fatores de Risco e Prognóstico
Temperamentais. Os fatores de risco temperamentais incluem temperamento infantil de di-
fícil controle e inteligência abaixo da média, principalmente no que diz respeito ao QI verbal.
Ambientais. Os fatores de risco familiares incluem rejeição e negligência parental, prática in-
consistente para criar os filhos, disciplina agressiva, abuso físico ou sexual, falta de supervisão, 
institucionalização precoce, mudanças frequentes de cuidadores, família excessivamente grande, 
criminalidade parental e determinados tipos de psicopatologia familiar (p. ex., transtornos rela-
cionados ao uso de substâncias). Os fatores de risco em nível comunitário incluem rejeição pelos 
pares, associação com grupos de pares delinquentes e exposição a violência na vizinhança. Am-
bos os tipos de fatores de risco tendem a ser mais comuns e graves em indivíduos com transtorno 
da conduta do subtipo com início na infância.
Genéticos e fisiológicos. O transtorno da conduta sofre influências de fatores genéticos e 
ambientais. O risco é maior em crianças com pais biológicos ou adotivos ou irmãos com esse 
transtorno. Ele também parece ser mais comum em crianças com pais biológicos com transtorno 
por uso de álcool grave, transtornos depressivo e bipolar ou esquizofrenia ou com pais bioló-
gicos com história de TDAH ou transtorno da conduta. Uma história familiar caracteriza espe-
cialmente os indivíduos com transtorno da conduta do subtipo com início na infância. Frequên-
cias cardíacas mais lentas no repouso foram consistentemente observadas em indivíduos com o 
transtorno, na comparação com pessoas saudáveis, sendo que esse marcador não é característico 
de nenhum outro transtorno mental. Redução no condicionamento autonômico do medo, em 
particular baixa condutância da pele, também está bem documentada. No entanto, esses acha-
dos psicofisiológicos não são diagnósticos do transtorno. Diferenças estruturais e funcionais em 
regiões do cérebro associadas à regulação e ao processamento do afeto, em particular conexões 
frontotêmporo-límbicas envolvendo o córtex pré-frontal ventral e a amígdala, foram observadas 
de forma consistente em indivíduos com transtorno da conduta na comparação com pessoas 
saudáveis. Os achados de neuroimagem, entretanto, não são diagnósticos do transtorno.
Modificadores do curso. A persistência é mais provável em indivíduos com comportamentos 
que preenchem os critérios para o subtipo com início na infância e para o especificador “com 
emoções pró-sociais limitadas”. O risco de persistência do transtorno da conduta também au-
menta com a comorbidade com o TDAH e com o abuso de substâncias.
Questões Diagnósticas Relativas à Cultura
O diagnóstico de transtorno da conduta pode ser incorretamente aplicado a indivíduos que vi-
vem em ambientes nos quais os padrões de comportamento disruptivo são considerados quase 
normais (p. ex., em áreas de crime altamente ameaçadoras ou em zonas de guerra). Portanto, o 
contexto em que os comportamentos indesejáveis ocorreram deve ser levado em consideração.
Questões Diagnósticas Relativas ao Gênero
Indivíduos do sexo masculino com o diagnóstico de transtorno da conduta frequentemente apre-
sentam brigas, roubo, vandalismo e problemas de disciplina escolar. Pessoas do sexo feminino 
com o diagnóstico do transtorno são mais propensas a exibir comportamentos como mentir, fal-
tar aulas, fugir de casa, usar substâncias e se prostituir. Enquanto no sexo masculino há uma 
tendência a demonstrar agressão física e relacional (comportamentos que prejudicam os relacio-
namentos sociais de outras pessoas), no sexo feminino há uma tendência a demonstrar relativa-
mente mais agressão relacional.
Transtorno da Conduta 475
Consequências Funcionais do Transtorno da Conduta
Os comportamentos do transtorno da conduta podem provocar suspensão ou expulsão da esco-
la, problemas de adaptação no trabalho, problemas legais, doenças sexualmente transmissíveis, 
gestação não planejada e lesões físicas causadas por acidentes ou brigas. Esses problemas pode-
rão impedir o indivíduo de frequentar escolas regulares ou viver na casa de pais biológicos ou 
adotivos. Com frequência, o transtorno da conduta está associado a início precoce do compor-
tamento sexual, consumo de álcool, tabagismo, uso de substâncias ilícitas e atos imprudentes 
e arriscados. As taxas de acidentes parecem ser maiores entre indivíduos com o transtorno em 
comparação com pessoas saudáveis. Essas consequências funcionais do transtorno da conduta 
são preditoras de problemas de saúde quando o indivíduo atinge a meia-idade. Não é raro que as 
pessoas com o transtorno defrontem-se com o sistema jurídico criminal em decorrência do envol-
vimento em comportamentos ilegais. O transtorno da conduta é um motivo comum para enca-
minhamento para tratamento e com frequência é diagnosticado em instituições de saúde mental 
para crianças, em especial na prática forense. Esse tipo de transtorno está associado a prejuízo 
mais grave e crônico do que aquele vivenciado por outras crianças referidas para tratamento.
Diagnóstico Diferencial
Transtorno de oposição desafiante. O transtorno da conduta e o transtorno de oposição de-
safiante estão relacionados a sintomas que colocam o indivíduo em conflito com adultos e outras 
figuras de autoridade (p. ex., pais, professores, supervisores de trabalho). Geralmente, os compor-
tamentos do transtorno de oposição desafiante são de natureza menos grave do que aqueles de 
indivíduos com transtorno da conduta e não incluem agressão a pessoas ou animais, destruição de 
propriedade ou um padrão de furto ou falsidade. Além disso, o transtorno de oposição desafiante 
inclui problemas de desregulação emocional (i.e., humor raivoso e irritável) que não estão inclusos 
na definição de transtorno da conduta. Ambos os diagnósticos poderão ser feitos caso sejam preen-
chidos critérios tanto para transtorno de oposição desafiante quanto para transtorno da conduta.
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Embora as crianças com TDAH com frequên-
cia apresentem comportamento hiperativo e impulsivo que pode ser disruptivo, esse comporta-
mento por si só não viola normas sociais ou os direitos de outras pessoas e, portanto, em geral não 
preenche critérios para transtorno da conduta. Ambos os diagnósticos poderão ser feitos nas situa-
ções em que forem preenchidos os critérios tanto para TDAH quanto para transtorno da conduta.
Transtornos depressivo e bipolar. Problemas de irritabilidade, agressividade e de conduta 
podem ocorrer em crianças ou adolescentes com transtorno depressivo maior, bipolar ou dis-
ruptivo da desregulação do humor. Em geral, os problemas comportamentais associados a esses 
transtornos do humor podem ser distinguidos, com base em seu curso, do padrão dos problemas 
de conduta observado no transtorno da conduta. Especificamente, pessoas com esse diagnóstico 
irão apresentar níveis substanciais de problemas de conduta agressivos ou não agressivos duran-
te períodos em que nãohouver nenhuma perturbação do humor, seja previamente (i.e., história 
de problemas de conduta com início anterior à perturbação do humor), seja concomitantemente 
(i.e., apresentação de alguns problemas de conduta premeditados e que não ocorrem durante pe-
ríodos de excitação emocional intensa). É possível fazer ambos os diagnósticos nos casos em que 
forem preenchidos critérios para transtorno da conduta e para transtorno do humor.
Transtorno explosivo intermitente. Tanto o transtorno da conduta quanto o transtorno ex-
plosivo intermitente envolvem altas taxas de agressividade. No entanto, a agressividade em in-
divíduos com o transtorno explosivo intermitente limita-se à agressão impulsiva que não é pre-
meditada e não busca atingir algum objetivo tangível (p. ex., dinheiro, poder, intimidação). Além 
disso, a definição de transtorno explosivo intermitente não inclui os sintomas não agressivos do 
transtorno da conduta. Se os critérios para ambos os transtornos forem preenchidos, um diagnós-
tico de transtorno explosivo intermitente somente deve ser feito se as explosões de agressividade 
impulsivas recorrentes justificarem atenção clínica independente.
Transtornos de adaptação. O diagnóstico de um transtorno de adaptação (com distúrbio da 
conduta ou com distúrbio misto de emoções e da conduta) deverá ser levado em conta se proble-
476 Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta
mas de conduta clinicamente significativos que não preenchem critérios para outro transtorno 
específico se desenvolverem em clara associação com o início de um estressor psicossocial e não 
desaparecerem dentro de seis meses após o término do estressor (ou de suas consequências). O 
transtorno da conduta é diagnosticado apenas nas situações em que os problemas de conduta re-
presentam um padrão repetitivo e persistente que esteja associado a prejuízos no funcionamento 
social, acadêmico ou profissional.
Comorbidade
O TDAH e o transtorno de oposição desafiante são comuns em indivíduos com transtorno da 
conduta, sendo que essa apresentação comórbida é preditora de evoluções piores. Pessoas que 
apresentam características de personalidade associadas ao transtorno da personalidade antis-
social frequentemente violam direitos básicos de outros ou normas sociais relevantes e apro-
priadas para a idade, e, como resultado, seu padrão de comportamento geralmente preenche 
critérios para transtorno da conduta. Esse transtorno pode ocorrer também com um ou mais dos 
seguintes transtornos mentais: transtorno específico da aprendizagem, transtornos de ansiedade, 
transtornos depressivo ou bipolar e transtornos relacionados ao uso de substâncias. O sucesso 
acadêmico, sobretudo no campo da leitura e de outras habilidades verbais, está frequentemente 
abaixo do nível esperado para a idade e a inteligência e pode justificar um diagnóstico adicional 
de transtorno específico da aprendizagem ou transtorno da comunicação.
Transtorno da Personalidade Antissocial
Os critérios e o texto para transtorno da personalidade antissocial podem ser encontrados no 
capítulo “Transtornos da Personalidade”. Levando-se em conta que esse transtorno está inti-
mamente ligado ao espectro dos transtornos da conduta “externalizantes” deste capítulo, assim 
como aos transtornos discutidos no capítulo subsequente, “Transtornos Relacionados a Substân-
cias e Transtornos Aditivos”, ele foi duplamente codificado neste capítulo, e no capítulo “Trans-
tornos da Personalidade”.
Piromania
Critérios Diagnósticos 312.33 (F63.1)
 A. Incêndio provocado de forma deliberada e proposital em mais de uma ocasião.
 B. Tensão ou excitação afetiva antes do ato.
 C. Fascinação, interesse, curiosidade ou atração pelo fogo e seu contexto situacional (p. ex., equi-
pamentos, usos, consequências).
 D. Prazer, gratificação ou alívio ao provocar incêndios ou quando testemunhando ou participando 
de suas consequências.
 E. O incêndio não é provocado com fins monetários, como expressão de uma ideologia sociopo-
lítica, para ocultar atividades criminosas, para expressar raiva ou vingança, para melhorar as 
circunstâncias de vida de uma pessoa, em resposta a um delírio ou alucinação ou como resulta-
do de julgamento alterado (p. ex., no transtorno neurocognitivo maior, na deficiência intelectual 
[transtorno do desenvolvimento intelectual], na intoxicação por substâncias).
 F. A provocação de incêndios não é mais bem explicada por transtorno da conduta, por um episó-
dio maníaco ou por transtorno da personalidade antissocial.
Características Diagnósticas
A característica essencial da piromania é a presença de vários episódios de provocação delibera-
da e proposital de incêndios (Critério A). Indivíduos com esse transtorno experimentam tensão

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