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Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 1 Definição o Doença de notificação compulsória o Pode ser adquirida ou congênita o Infecção bacteriana de caráter sistêmico (devido disseminação hematogênica), curável e exclusiva do ser humano o Conhecida como: Lues, “grande impostor” o Transmissão via de regra: sexual Etiologia o Causada pelo Treponema pallidum, uma bactéria gram-negativa do grupo espiroquetas o Não pode ser cultivado (por conta da forma) o Viável em meio favorável: por sete dias a 35° ou 48h a 37° o Surgiu na América, e foi dispersa pelo mundo por Cristóvão Colombo e sua tripulação Classificação o 2 classificações para as formas clínicas da sífilis adquirida o Segundo o tempo de infecção: ▪ Sífilis adquirida recente (menos de 1 ano de evolução) ▪ Sífilis adquirida tardia (mais de 1 ano de evolução) o Segundo as manifestações clínicas: ▪ Primária ▪ Secundária ▪ Latente ▪ Terciária Epidemiologia o A partir de 2010 a notificação passou a ser compulsória, revelando um aumento dos casos → reemergência da doença o 2014 – Faltou benzetacil no BR – aumento no número de casos o Em 2018 foi publicado um boletim epidemiológico pelo Ministério da Saúde, que revelou um aumento de detecção de casos de sífilis em gestantes, sífilis congênita e sífilis adquirida o É a 3° IST mais importante do mundo o A sífilis atua como agente facilitador para risco de contrair HIV (entrada é facilitada pela presença de lesões genitais) o O T. pallidum no organismo acelera a evolução da infecção pelo HIV para a AIDS (Contexto epidemiológico da sífilis do PR) Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 2 Transmissão o Sexual (mais comum) o Congênita/vertical ▪ Geralmente ocorre pela passagem através da placenta, porém pode ocorrer na hora do parto também ▪ As formas 1ª e 2ª tem maior probabilidade de transmissão, principalmente no 2° trimestre da gestação ▪ Na gestação a sífilis pode apresentar consequências severas, como: aborto, nascimento prematuro, natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e morte do RN o Contato íntimo com área com lesão ativa (p. ex. beijo) o Transfusão de sangue humano ou hemoderivados (costuma ser rara) o Inoculação acidental Patogênese o Maior infectividade em estágios iniciais: ▪ Cancro duro ▪ Lesões de mucosa ▪ Condiloma plano (condiloma lata) o Tamanho do inóculo varia de paciente para paciente o 4 espiroquetas já podem estabelecer infecção o O treponema se divide a cada 30-33h o Lesões clínicas aparecem quando é atingida a concentração aproximada de 107 micro-organismos/grama de tecido o O período de incubação é proporcional ao tamanho do inóculo Características microbiológicas o Lesão característica: ▪ Endarterite obliterante consistindo de espessamento concêntrico proliferativo endotelial e fibroblástico ▪ No cancro duro, leucócitos PMN e macrófagos podem frequentemente ser demonstrados ingerindo treponemas ▪ Hiperceratose é frequentemente encontrada em lesões cutâneas de sífilis secundária e de forma marcante nas lesões de condiloma plano Estágios Clínicos Incubação o Maioria dos pacientes controla a infecção e não progride para doença tardia o Fatores relacionados à espiroqueta e ao hospedeiro que determinam a evolução da infecção são ainda desconhecidos o Parece ser crítica a resposta imune do hospedeiro o Resposta imune intensa do tipo celular o Mudança do tipo de resposta predominantemente Th1 (celular) para Th2 (humoral) Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 3 o Evento crítico a favor do patógeno e o desenvolvimento de infecção o Escape a uma resposta efetiva do sistema imune o Devido à pobreza de proteínas e lipoproteínas na membrana externa do micro-organismo Fase primária o O cancro duro não se desenvolve em todos os casos, ou pode ser tão discreto que não chega a ser percebido o Lesão de cancro – primeiro diagnóstico diferencial é cancro mole o Podem ocorrer lesões múltiplas, especialmente em HIV+ o Espiroquetas podem ser demonstradas nessas lesões o Desaparecem espontaneamente dentro de 2 a 8 semanas, mas podem persistir por períodos mais longos, especialmente em imunossuprimidos o Na sífilis primária, após o contato sexual infectante ocorre um período de incubação com duração entre 10 a 90 dias (média de 3 semanas) o A primeira manifestação é caracterizada por uma erosão ou úlcera no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais do tegumento) o É denominada “cancro duro” e é geralmente única, indolor (porém sensível ao toque), com base endurecida e fundo limpo, sendo rica em treponemas. A base é lisa, com bordas elevadas e firmes, consistência cartilaginosa. É limpa (sem exsudato) o Geralmente é acompanhada de linfadenopatia inguinal indolor o Esse estágio pode durar entre 2 a 6 semanas, e desaparecer de forma espontânea, independente de tratamento Fase secundária o Ocorre quando o número máximo de treponemas (grande carga antigênica) está presente no corpo, particularmente na corrente sanguínea; o Treponemas podem ser demonstrados em vários outros tecidos, especialmente pele e linfonodos o Anormalidades laboratoriais ou a presença de treponemas ou ambos podem ser detectados no SNC, inclusive no humor aquoso ocular, em até 40% desses pacientes o Nesse momento a resposta imune se torna bastante intensa e então pode se desenvolver um quadro de glomerulonefrite o Erupção cutânea não pruriginosa, maculopapular, acometendo tronco, palmas das mãos e plantas dos pés o Linfadenopatia generalizada e indolor o Condilomata lata o Lesões de mucosa “em placa” o Febre, adinamia, astenia Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 4 (Alopecia ariata) (Madarose – hanseníase) o Quadro clássico: lesões na pele máculo-papulares na sola e palmas das mãos o Diagnóstico diferencial: dengue, dermatite, farmacodermia (Jarisch Herxheimer - reação da benzetacil durante o tratamento); herpes; etc. o VDRL – é diagnóstico de rastreio. Exame de titulação para a classe das espiroquetas, não sendo treponema específico. Não fecha o diagnóstico, EXCETO no líquor. Fase latente o Após o quadro secundário desaparecer, tem início uma fase de latência em que o diagnóstico somente pode ser feito através de uma resposta positiva a testes sorológicos para sífilis o Como recidivas de quadro secundário podem ocorrer até quatro anos após o contato, essa fase latente é dividida em: ▪ Latente precoce ou recente: recidivas possíveis ▪ Latente tardia: recidivas muito improváveis o 75% das recidivas de secundarismo ocorrem no primeiro ano após o contato e são uma consequência de uma disfunção da imunidade celular (p. ex: durante o último trimestre da gravidez) Fase terciária o Doença ativa com manifestações cínicas aparentes ou inaparentes o Desenvolve-se em até 1/3 dos pacientes não tratados o Maioria das lesões envolvem o vaso vasorum da artéria aorta ou de artérias do SNC, ou ambos o O resto consiste principalmente de GUMAS, lesão granulomatosa característica com um centro coagulado ou amorfo e endarterite de pequenos vasos o A pele, fígado, ossos e baço sãoos sítios onde mais comumente se desenvolvem as gumas o Se a quantidade de treponema for muito grande, a pessoa pode já desenvolver a fase terciária no inicio o Pode evoluir para AVC (fazem arterites) o É considerada rara, a maioria da população consegue se curar o Alérgicos à benzetacil → questionar se já tomou amoxicilina, e se teve reação (pois são classes parecidas) o Tratamento na fase terciária: ▪ 1° opção: benzetacil ▪ 2° opção: ceftriaxona (tem ume espectro maior, e é reservada para pacientes com alergia ▪ 3° opção: doxiciclina Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 5 o Alérgicos à benzetacil → questionar se já tomou amoxicilina, e se teve reação (pois são classes parecidas) o Ocorre aproximadamente em 30% das infecções não tratadas, após um longo período de latência, podendo surgir entre dois a 40 anos depois do início da infecção o E considerada rara, maioria da população recebe indiretamente, ao longo da vida, antibióticos com ação sobre o T. pallidum e que levam à cura da infecção o Quando presente, a sífilis nesse estágio manifesta-se na forma de inflamação e destruição tecidual. É comum o acometimento do sistema nervoso e cardiovascular o Além disso, verifica-se a formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência a liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. As lesões causam desfiguração e incapacidade, podendo ser fatais o Manifestações clínicas: ▪ Lesões gumatosas de pele, ossos e tecido celular subcutâneo ▪ Lesões cardiovasculares - Aneurisma de aorta - Insuficiência aórtica ▪ Lesões neurológicas: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do sétimo par craniano, paralisia geral, tabes dorsalis e demência. Neurossífilis o A neurossífilis acomete o sistema nervoso central (SNC), o que pode ser observado já nas fases iniciais da infecção. Esse acometimento precoce, no entanto, ocorre por reação inflamatória da bainha de mielina, não havendo destruição anatômica das estruturas neurais. Estatisticamente, ocorre em 10% a 40% dos pacientes não tratados, na sua maioria de forma assintomática, só diagnosticada pela sorologia do líquor, exteriorizando-se clinicamente em apenas 1% a 2% como meningite asséptica Meníngea o Hidrocefalia sifilítica aguda (dor de cabeça, náusea e vômito) o Meningite aguda do vértex (sinais de envolvimento cortical) o Meningite basal aguda (envolvimento de nervos cranianos, principalmente par VII e VIII) o MENINGOVASCULAR: Forma clínica mais frequente combina forma vascular com inflamação meníngea Cefaléias, vertigens, insônia ou crise, alterações de personalidade, entre outros. Paralisia Geral Progressiva o Ocorre em 15-20 anos de infecção primária o Começa com distúrbios psiquiátricos não específicos nos estágios finais: convulsões, perda de força nos Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 6 membros, incontinência anal e da bexiga. o Estudo macroscópico: atrofia cerebral com ventrículos aumentados o Meninges geralmente são espessadas Tabes dorsalis o Aparecimento tardio da forma o Dor episódica em membros inferiores, em territórios de múltiplas raízes lombares o Estudo macroscópico: atrofia dos cordões medulares posteriores e espessamento das meninges na área afetada o Marcha tabética NeuroLues o A forma parética da neurosífilis é uma meningoencefalite progressiva que ocorre cerca de 10 a 20 anos após a infecção inicial não tratada o Em relação às manifestações clínicas, o início geralmente é insidioso, com deterioração sutil da cognição que se manifesta como dificuldade de concentração, irritabilidade, falta de interesse e discretas alterações de memória o Frequentemente não se encontram outras alterações ao exame neurológico, exceto,como no caso do nosso paciente, presença de alterações pupilares: as pupilas de Argyll Robertson (pupilas pequenas, que não reagem à luz, mas que convergem) o O quadro evolui de forma progressiva e pode mimetizar qualquer síndrome neuropsiquiátrica, mais frequentemente a demência associada a elementos paranóicos (delírios e alucinações) e a psicose maníaca. Com a progressão da doença, o paciente começa a apresentar hipotonia muscular, tremor de extremidades, disartria, convulsões, perda do controle de esfíncteres, e finalmente morte. Se não tratada, a doença progride de forma insidiosa em um período de 3 a 4 anos. Diagnóstico laboratorial o Raspado das lesões o IFD ou IFI o Campo escuro o Visualizar T. pallidum Sorologia o Testes não treponêmicos ▪ VDRL, RPR, ART, RST, EIA, TRUST ▪ Positivos 1- 6 semanas após exposição o Testes treponêmicos ▪ TP-PA, MHA-TP, FTA-ABS ▪ Positivos antes do RPR o Títulos maiores e ainda encontra → indicativo ruim Exame do líquor o Celularidade, proteínas, VDRL qualquer valor positivo (1:1) o Indicado: ▪ Sífilis congênita ▪ Terciária Aula 04 – DIP/Infectologia @juju_medresumos 7 ▪ Manifestações neurológicas ▪ Estágio latente, VDRL > 1:16 ▪ Pessoas tratadas e sem resposta sorológica adequada ▪ HIV+, com quadro neurológico*, ou falta de resposta sorológica ao tratamento - *AVC, anormalidades de pares cranianos e uveíte Tratamento o Para sífilis primária, secundária e latente, com menos de 1 ano de duração: ▪ Penicilina Benzatina 2.400.000 U IM ▪ Doxiciclina 100 mg via oral 12/12h por 14 dias ▪ Gestantes com alergia à penicilina: Eritromicina 40mg/kg/dia por 14 dias o Sífilis latente com mais de 1 ano de duração: ▪ Penicilina benzatina 2.400.000 U IM 1 vez por semana por 3 semanas seguidas ▪ Eritromicina por 28 dias o Neurossífilis: ▪ Penicilina cristalina G 3-4 milhões U IV 4/4 h (16-24 milhões por dia) por 14 dias o Outras opções terapêuticas: ▪ Ceftriaxona ▪ Azitromicina Acompanhamento sorológico o Primária, secundária e latente recente: 3, 6, 12 e 24 meses após o tratamento o Latente tardia e terciária:12 e 24 meses após o tratamento o Neurossífilis: 6, 12 e 24 meses após o tratamento o HIV+: 3, 6, 12 e 24 após tratamento e depois anualmente Resposta adequada o PRIMÁRIA ▪ 2 títulos (exemplo: 1:32 a 1:8) em 6 meses ▪ 3 títulos em 12 meses ▪ 4 títulos em 24 meses o SECUNDÁRIA ▪ 3 títulos em 6 meses ▪ 4 títulos em 12 meses o LATENTE PRECOCE ▪ 2 títulos em 12 meses o Diagnósticos diferenciais: leptospirose; lyme; pinta; meningite bacteriana; lúpus; o Realizar Fta-abs – teste treponêmicos: IgM + = ativo; IgG + = corpo fazendo soroconversão o Pode haver reinfecção: IgM volta a ficar positivo. A infecção não garante imunidade o Benzil penicilina: o 600.000 UI/ml 1 frasco o 1.200.000 UI/ml 1 frasco o Prescrição: Uso interno/ Via IM 1) Benzetacil 1.200.000 UI --------- 6 amp. Aplicar 2 amp. em glúteo profundo 1x por semana por 3 semanas. Uma em cada glúteo
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