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Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas - PDF

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Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
1 
 
Introdução 
• Método filosófico que se propõe a 
absorver aquilo que está 
acontecendo na vivência imediata 
do ser humano, sem explicações que 
afastem o homem dessa vivência; 
• Do grego “Phainesthai”; 
• Não há uma regra para interpretar 
o homem e o mundo, mas tem como 
proposta a compreensão de como o 
ser humano, de forma vivencial 
percebe a trama e o percurso da 
sua vida. 
Influência Filosófica: 
Existencialismo 
• Sören Kierkegaard: 1813 – 1855; 
• Jean paul Sartre: 1905 – 1980; 
• Martin Heidegger: 1889 – 1976; 
• Friedrich Nietzsche: 1844 – 1900. 
Contribuições Da Filosofia De 
Husserl Para Construção Do 
Método Psicológico 
Fenomenológico 
1. A objetivação do sujeito humano e 
o falso paralelismo experiência 
externa-experiência interna: 
▪ A crítica ao conceito de 
experiência na lógica 
cartesiana; 
▪ O eu do mundo-da-vida, o eu 
encarnado no próprio corpo é 
assim, eliminado, 
dicotomizando subjetividade 
e corporeidade; 
▪ (A crise das ciências 
europeias e a fenomenologia 
transcendental); 
2. Naturalismo e experiência 
psíquica: 
▪ Os conceitos de “experiência 
psicológica” e “experiência 
psíquica”; 
▪ Nessa experiência 
apreendemos um sujeito 
pessoal no sentido lato; 
▪ (Fenomenologia e Teoria do 
Conhecimento); 
3. Experiência como atividade do eu: 
▪ Retorno à origem do mudo-da-
vida, significa voltar ao 
fator subjetivo por cuja 
ação intencional o mundo 
assumiu sua forma atual: 
▪ O subjetivo aqui, não é o da 
psicologia, mas o subjetivo 
transcendental refere-se a 
volta às fontes últimas das 
formações cognitivas pelas 
quais o sujeito do 
conhecimento reflete acerca 
de si mesmo e da própria 
vida cognitiva; 
▪ (Experiência e Juízo): 
4. A experiência na psicologia como 
ciência da pessoa: 
▪ Diferente das ciências 
naturais – para quem o 
espírito é algo que se soma 
ao corpo – a ciência da 
pessoa volta-se ao ser 
pessoal que tem o corpo 
próprio como objeto 
privilegiado de seu mundo-
da-vida; 
▪ (A crise das ciências 
europeias e a fenomenologia 
transcendental). 
Psicologia Fenomenológica 
• Abordagem Existencial 
Fenomenológica (AEF) tem como 
proposta a compreensão de como o 
ser humano percebe, de forma 
vivencial, desenvolvendo uma trama 
significativas de acontecimentos, 
o percurso de sua vida; 
• A descrição do fenômeno como ele 
aparece para o sujeito é de 
extrema importância para o 
compreensão desse fenômeno na vida 
do paciente; 
• A revelação do homem está ́nos 
pequenos dizeres, que trazem toda 
sua essência; 
• Suspender pré-juízos e pré-
julgamentos é fundamental para 
AEF; 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
2 
 
• Intencionalidade – a consciência é 
consciência de alguma coisa; 
• Redução Fenomenológica – tudo que 
é informado pelos sentidos é 
mudado em uma experiência de 
consciência. 
Posição Do Psicólogo 
Fenomenológico-Existencial 
• A função do psicólogo existencial 
é entender o outro da forma como 
ele entende as coisas, os seres, o 
mundo, por isso o paciente é visto 
de forma ativa nessa relação 
terapêutica, uma vez que se 
apropria de sua vida e utiliza 
seus recursos para desenvolver seu 
potencial, bem como cuidar de sua 
existência; 
• Diferentemente de outras 
abordagens psicológicas, a 
abordagem fenomenológico-
existencial não concorda com a 
ideia de cisão entre mente e 
corpo, o homem, através do seu 
corpo (sentidos abertos), existe, 
por estar com ele nesse mundo; 
• Somos o que parecemos ser, não o 
que queremos parecer ser; 
• O homem, dentro dessa abordagem, é 
sempre um vir a ser, estando, 
portanto, em constante mudança, 
sendo afetado pelas relações 
estabelecidas em seu meio; 
• O psicólogo existencial pode 
ajudar o paciente a perceber que a 
partir das experiências vividas 
pode se formar a sua história, bem 
como, ressignificar 
acontecimentos, voltar atrás, 
mudar, se assim lhe convém, o seu 
modo de ser pode ser “alterado” 
conforme suas novas vivências, que 
por sua vez, produzirão novas 
consciências de sua existência. 
Husserl Vida e Trabalhos 
• Nasceu em 1859 em Prossnitz (atual 
república Tcheca); 
• Estudou em Leipzig (Concentração 
em Matemática); 
• Interesse filosófico em 1880; 
• Contato com Franz Brentano: estudo 
sobre intencionalidade na 
medievalidade; 
• Produções matemáticas: sobre o 
conceito de número (1887), 
filosofia da aritmética (1891); 
• Investigações lógicas: virada do 
século XX, ataque ao empirismo e a 
psicologia lógica; 
• Em 1905 Husserl classifica a 
fenomenologia como disciplina pura 
e transcendental; 
• A concepção revisada de Husserl da 
fenomenologia é evidente em suas 
conferências de 1907, publicadas 
como A ideia da fenomenologia, 
assim como em seu manifesto de 
1911, “Filosofia como Ciência 
Rigorosa”, que contém outro ataque 
ao naturalismo na filosofia. Em 
1913 Husserl publicou o primeiro 
volume de Ideias relativas à 
Fenomenologia Pura e à Filosofia 
Fenomenológica; 
• “Husserl morreu em 1938. Seus anos 
finais, logo após se aposentar de 
uma cátedra de filosofia em 
Friburgo, foram bastante 
infelizes. O surgimento dos 
nazistas na Alemanha significava 
que Husserl, devido à sua 
ascendência judia, estava excluído 
de qualquer tipo de atividade 
acadêmica oficial”. 
Do antinaturalismo à 
fenomenologia 
• Ao longo da sua vida teve um 
grande interesse em explicar a 
natureza da lógica e da 
matemática; 
• Final do século XIX começa o 
despertar pelo interesse ao 
antinaturalismo; 
• “Uma rejeição da ideia de que as 
ciências naturais podem fornecer 
uma descrição completa ou 
exaustiva da realidade”; 
• “Um aspecto do antinaturalismo de 
Husserl, portanto, é sua rejeição 
da ideia de que a lógica pode ser 
entendida psicologicamente”; 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
3 
 
• Pensamento: Platão foi mestre de 
Aristóteles; 
• “Para Husserl, seguindo Brentano, 
a intencionalidade é “a marca do 
mental”, e assim podemos 
considerá-lo como generalizando 
essas observações sobre o 
pensamento para a noção da 
experiência consciente em sua 
totalidade. Toda experiência 
consciente, à medida que exibe 
intencionalidade, tem uma 
estrutura essencial que é 
independente dos particulares 
empíricos de qualquer ente ao qual 
pertença a experiência. Dada essa 
independência, a estrutura 
essencial da experiência não pode 
ser entendida naturalisticamente, 
ou seja, em termos dos estados e 
processos psicológicos empíricos 
que podem ser causalmente 
responsáveis por entes tendo essa 
experiência”; 
• “Questões transcendentais estão, 
em princípio, para além do alcance 
das ciências naturais, e assim o 
naturalismo, que vê as ciências 
naturais como a quintessência da 
investigação, equivale a pouco 
mais do que uma cegueira 
deliberada com respeito à ideia de 
investigação transcendental”; 
• A diferença que Husserl faz e 
relação a experiência perceptual e 
a percepção fenomenológica, o 
exemplo da pedra que pode ter 
várias perspectivas de 
experimentação. A experiência muda 
conforme as possibilidades; 
• “Uma experiência cujo “objeto” é 
um fenômeno, em vez de um objeto 
físico, é aquela que admite a 
possibilidade da “adequação”: o 
fenômeno pode estar completamente 
presente como o objeto dessa 
experiência”; 
• “Nenhuma teoria concebível pode 
nos fazer errar com respeito ao 
princípio de todos os princípios: 
que toda intuição nocional 
originária é uma fonte legítima de 
cognição, que tudo originalmente 
(por assim dizer, em sua realidade 
“pessoal”) oferecido para nós na 
“intuição” deve ser aceito 
simplesmente como se apresenta, 
mas também somente dentro dos 
limites nos quais se apresenta”. 
Redução fenomenológica 
• Nosso exame do antinaturalismo de 
Husserl revelou vários interesses 
e aspiraçõesorientadores de sua 
fenomenologia, a saber: 
o Discernir e descrever a 
estrutura essencial da 
experiência; 
o Perguntar e responder 
questões transcendentais 
sobre a experiência; 
o Atingir a certeza 
epistemológica; 
• Experiência entre os fenômenos 
conscientes e os objetos estudados 
pelas ciências naturais; 
• As limitações de princípios de 
ciências naturais, quando se trata 
de questões transcendentais do tipo 
“como é possível”, ou seja, se 
necessita de uma explicação 
filosófica. Para Husserl é a 
fenomenologia que fornece essas 
explicações; 
• A diferença entre a estrutura 
essencial da experiência de ser 
diferente da experiência causal; 
• Para Husserl é possível que duas 
criaturas façam a mesma 
experiência em termos de conteúdo 
ideal, mesmo que o maquinário que 
produz a experiência sejam 
diferentes; 
• Deve-se suspender tudo o que se 
tem de preconcepções sobre a 
experiência para que se possa 
responder as questões 
transcendentais sobre a 
possibilidade da experiência; 
• “A fim de nos envolvermos na 
filosofia transcendental, não 
devemos assumir que objetos são de 
fato dados na experiência; em vez 
disso, devemos consentir que é ao 
menos concebível que nossa 
experiência nunca, em absoluto, 
atinja coisa alguma para além dela 
mesma”; 
• Epoché: exclusão; 
• Começar pelo processo de exclusão 
é executar o que Husserl chama de 
redução fenomenológica 
existencial; 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
4 
 
• A redução para Husserl é um tipo 
de purificação; 
• “Quando executo a redução, não 
atento mais aos objetos mundanos 
de minha experiência, nem me 
pergunto sobre os fundamentos 
causais dessa experiência, em vez 
disso, foco minha atenção na 
experiência desses objetos 
mundanos. Presto atenção à 
apresentação do mundo ao meu redor 
(e de mim mesmo), em vez do que é 
apresentado”. A redução é, assim, 
um tipo de reflexão: para Husserl, 
o domínio da reflexão é “o campo 
fundamental da fenomenologia”; 
• Mas existe alguma coisa da qual 
não se possa duvidar e que não se 
deixa por entre parênteses? Se 
existe, o que é isso que pode 
resistir a epoché? Pois bem, para 
Husserl, o que resiste aos ataques 
da epoché, ou seja, o que não se 
pode por entre parênteses, é a 
consciência ou subjetividade. 
Aquilo cuja existência é 
absolutamente evidente é o cogito 
com seus cogitata, a consciência a 
qual se manifesta tudo aquilo que 
aparece; 
• A consciência, portanto, é o 
resíduo fenomenológico que resiste 
aos continuados assaltos da 
epoché; 
• Mas a consciência, prossegue 
Husserl, não é apenas a realidade 
mais evidente, e sim também 
realidade absoluta, é o fundamento 
de toda realidade, é aquela 
realidade que nulla re indiget ad 
existendum. 0 mundo, diz Husserl, 
é "constituído" pela consciência. 
Descrição fenomenológica 
• Quando se realiza a redução então 
o pesquisador consegue responder 
questões que fazem parte da 
própria fenomenologia; 
• “Que estrutura deve ter a 
experiência a fim de ser 
experiência? Como é possível para 
a experiência consciente 
“alcançar” ou “contatar” um 
objeto? Como, em outras palavras, 
é possível a intencionalidade?”; 
• Suponhamos: 
o Que tipo de estrutura a 
experiência deve ter a fim 
de ser de ou sobre uma 
melodia? 
o Que tipo de estrutura a 
experiência deve ter a fim 
de ter o conteúdo ouvir uma 
melodia? 
o Como é possível para a 
experiência consciente ser 
de ou sobre uma melodia?” 
• Melodia da 5 sinfonia de 
Beethoven: 
o Retenção; 
o Protensão; 
o Horizonte; 
o Síntese; 
• “De acordo com Husserl, a 
experiência deve ao menos ter uma 
estrutura retencional-
protensional, sintético-
horizontal”. 
Noesis e noema 
• O noema de um processo mental (o 
que Husserl também chama o 
“sentido” ou “significado” do 
processo mental) é aquilo em 
virtude do que o processo é 
dirigido a um objeto, 
independentemente de se objetos 
existem ou não; 
• Noesis: o processo de sintetizar 
os vários momentos da experiência; 
• O recurso à noesis e ao noema 
indica a complexidade estrutural 
da experiência, envolvendo o 
processo de experienciar (noesis) 
e o conteúdo experienciado 
(noema); 
• Noese então é o ter consciência e 
noema aquilo de que se tem 
consciência. 
Intencionalidade da consciência 
• Fenomenologia é a ciência das 
essências; dos modos típicos do 
aparecer e do manifestar-se dos 
fenômenos à consciência, cuja 
característica fundamental é a da 
intencionalidade; 
• A consciência é sempre consciência 
de algo; 
• Por isso se pode ver a distinção 
entre sujeito e objeto. Sujeito é 
capaz de atos de consciência, o 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
5 
 
objeto é o que se manifesta nestes 
atos; 
• A consciência, portanto, é 
intencional. Como escreve Husserl, 
a intencionalidade é o que 
caracteriza a consciência de modo 
significativo. Nossos atos 
psíquicos têm a característica de 
se referirem sempre a um objeto, 
pois sempre fazem aparecer 
objetos; 
• O que importa, no entanto, é 
descrever o que efetivamente se dá 
à consciência, o que nela se 
manifesta e nos limites em que se 
manifesta. E o que se manifesta e 
aparece é o fenômeno, em que por 
“fenômeno” não devemos entender a 
"aparência" contraposta a “coisa 
em si”: 
o Eu não ouço a aparência de 
uma música, eu escuto a 
música; 
o Eu não sinto a aparência de 
um perfume, eu sinto o 
perfume; 
o Nem tenho a aparência de uma 
recordação, eu tenho uma 
recordação. 
Introdução 
• Rogers acreditava que estava 
escrevendo para psicoterapeutas, 
mas só depois percebeu que seu 
escrito atingiu pessoas: 
enfermeiras, professoras, médicos, 
donas de casa; 
• Ficou muito conhecido pós anos 60, 
do século passado, era conhecido 
como o Psicólogo das Américas; 
• Era chamado a falar de questões 
relacionadas criatividade até 
autoconhecimento; 
• Psicanálise (o impulso humanos) -
sexo e agressão -tornava o ser 
humano doente e o paciente era 
forçado a aceitar as 
interpretações do analista para o 
modelos; 
• O terapeuta freudiano ele 
interpreta o que o terapeuta trás 
para a sessão por meio da 
associação livre; 
• A transferência é um mecanismo de 
defesa do ego importante; 
• Rogers afirmava que as pessoas 
precisava ser aceitas; 
• As habilidades utilizadas pelo 
terapeuta rogeriano são a empatia 
e aceitação incondicional; 
• A transferência pode até existir 
mais um método improdutivo: contra 
terapêutica; 
• De Rogers é que nos vem a ideia 
contemporânea de autoestima; e o 
poder de mobilizar outras forças 
na pessoa; 
• A noção de Rogers de aceitação 
como força libertadora última, 
implica que as pessoas que não 
estão doentes podem se beneficiar 
da terapia e que não profissionais 
podem agir como terapeutas; 
• O grupo de autoajuda moderno 
provém quase que diretamente do 
movimento rogeriano de potencial 
humano; 
• A obra “Tornar-se pessoa” não 
necessita de introdução, pois 
Rogers começa falando de um ensaio 
intitulado: “ Esse sou Eu”; 
• Rogers localiza sua herança 
cultural na filosofia existencial, 
mais frequentemente em Kierkegaard 
(“ser o eu que verdadeiramente se 
é”), a frase de Kierkegaard é a 
resposta para a questão rogeriano: 
“Qual é meta da vida?”; 
• Rogers, em outras palavras, 
dirigiu um esforço intelectual 
substancial a serviço de uma 
simples crença: “seres humanos 
necessitam de aceitação, e quando 
esta lhes é dada movem-se em 
direção à autorrealização”; 
• Se a aceitação, a empatia e a 
consideração positiva constituem 
as condições necessárias e 
suficientes para o crescimento 
humano, então elas devem da mesma 
forma esta presentes nas relações 
de ensino-aprendizagem, amizade e 
da vida familiar; 
• Rogers foi atacado numa série de 
campos determinados. Revisões da 
literatura de pesquisa mostravamque a necessidade e a suficiência 
de suas teorias/condições era 
difíceis de provar (aceitação 
incondicional, abertura e 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
6 
 
empatia); embora a evidência 
favorecendo uma postura presente e 
empática por parte do terapeuta 
permanecesse forte; 
• Martin Buber critica a posição de 
que paciente e terapeuta 
estivessem na mesma altura; 
• Embora Rogers rejeite a premissa 
puritana do pecado original 
(porque ele confia no potencial 
positivo presente em cada homem) 
ele cria uma visão terapêutica do 
homem que se conforma a aspectos 
importantes do espírito e das 
crenças. Para Rogers as pessoas 
são inerentemente plenas de 
recursos; 
• Para Rogers o pecado cardeal em 
terapia ou no ensino, ou na 
família ou em qualquer relação, é 
a imposição da autoridade; 
• Acreditava que as pessoas são 
capazes de autodireção, sem 
precisar de instituições. 
Capítulo 1: Este Sou Eu 
• Este é um livro sobre o sofrimento 
e a esperança, a angústia e a 
satisfação presentes na sala de 
todos os terapeutas. É sobre o 
caráter único da relação que o 
terapeuta estabelece com cada 
cliente, e, igualmente, sobre os 
elementos comuns que descobrimos 
em todas essas relações. Este 
livro é sobre as experiências 
profundamente pessoais de cada um 
de nós. É sobre um cliente no meu 
consultório, sentado perto da 
escrivaninha, lutando para ser ele 
mesmo e, no entanto, com um medo 
mortal de ser ele mesmo — 
esforçando-se para ver a sua 
experiência tal como ela é, 
querendo ser essa experiência, e, 
no entanto, cheio de medo diante 
da perspectiva; 
• É um livro sobre mim, sentado 
diante do cliente, olhando para 
ele, participando da luta com toda 
a profundidade e sensibilidade de 
que sou capaz. É um livro sobre 
mim, tentando perceber a sua 
experiência e o significado, a 
sensação, o sabor que esta tem 
para ele; 
• É sobre mim, lamentando a minha 
falibilidade humana para 
compreender o cliente e os 
ocasionais fracassos em ver a vida 
tal como ela se mostra diante 
dele, fracassos que caem como 
objetos pesados sobre a intricada 
e delicada teia do desenvolvimento 
que está ocorrendo; 
• É um livro sobre mim, alegre com o 
privilégio de ser o responsável 
pelo parto de uma nova 
personalidade — maravilhado diante 
do surgimento de um self uma 
pessoa, de um processo de 
nascimento no qual tive um papel 
importante e facilitador. É sobre 
mim e o cliente, que contemplamos 
com admiração as forças ordenadas 
e vigorosas que se evidenciam em 
toda a experiência, forças que 
parecem profundamente arraigadas 
no universo como um todo. É um 
livro, creio eu, sobre a vida, a 
vida que se revela no processo 
terapêutico — com a sua força cega 
e a sua tremenda capacidade de 
destruição, mas com um ímpeto 
primordial voltado para o 
desenvolvimento, se lhe for 
oferecida a possibilidade de 
desenvolvimento; 
• “Sentia que provavelmente sempre 
me interessaria por questões tais 
como o sentido da vida e a 
possibilidade de uma melhoria 
construtiva da vida do indivíduo, 
mas não poderia trabalhar no campo 
determinado por uma doutrina 
religiosa específica em que devia 
acreditar”; 
• Quando estava no Teacher’s College 
pedi e consegui uma bolsa ou um 
lugar como interno no novo 
Instituto para Orientação da 
Crianças patrocinado pelo 
Commonwealth Fund; 
• Trabalhou em Rochester em contato 
com crianças e adolescentes 
infratores; 
• Desilusões desse período: 
o Durante os meus anos de 
formação, tinha sido atraído 
pelas obras do Dr. William 
Healy, segundo o qual a 
delinquência se baseava 
muitas vezes num conflito 
sexual e que, uma vez 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
7 
 
descoberto esse conflito, a 
delinquência cessava; 
o Descoberta de um artigo no 
qual se orientava fazer uma 
entrevista clínica, palavra 
a palavra soava muito mais 
como um interrogatório; 
o O incidente com o menino, no 
qual o tratamento não 
avançava; ao comunicar o 
fracasso para a mãe, a 
própria então solicita para 
ser atendida: “é o próprio 
cliente que sabe daquilo que 
sofre”; 
• Depois da publicação de “Conselhos 
e Psicoterapia” favoreceu sua 
contratação em Ohio; 
• “Desejaria ainda acentuar a 
importância cada vez maior que a 
investigação passou a ter para 
mim. A pesquisa é a experiência na 
qual posso me distanciar e tentar 
ver essa rica experiência 
subjetiva com objetividade, 
aplicando todos os elegantes 
métodos científicos para 
determinar se não estou iludindo a 
mim mesmo. Estou cada vez mais 
convencido de que descobriremos 
leis da personalidade e do 
comportamento que serão tão 
importantes para o progresso 
humano ou para a compreensão do 
homem como a lei da gravidade ou 
as da termodinâmica”. 
Coisas fundamentais que aprendi 
sobre as relações 
• Nas minhas relações com as pessoas 
descobri que não ajuda, a longo 
prazo, agir como se eu fosse o que 
não sou; 
• Descobri que sou mais eficaz 
quando posso ouvir a mim mesmo 
aceitando-me, e posso ser eu 
mesmo: tenho a impressão de que, 
com os anos, aprendi a tomar-me 
mais capaz de ouvir a mim mesmo; 
• Atribuo um enorme valor ao fato de 
poder me permitir compreender uma 
outra pessoa; 
• Verifiquei ser enriquecedor abrir 
canais através dos quais os outros 
possam me comunicar os seus 
sentimentos, seus mundos 
perceptivos particulares; 
• É sempre altamente enriquecedor 
poder aceitar outra pessoa; 
• Quanto mais aberto estou às 
realidades em mim e nos outros, 
menos me vejo procurando, a todo 
custo, remediar as coisas. 
Coisas fundamentais que aprendi 
sobre as minhas próprias ações e 
valores 
• Posso confiar na minha 
experiência; 
• A avaliação dos outros não me 
serve de guia; 
• A experiência é, para mim, a 
suprema autoridade; 
• Gosto de descobrir ordem na 
experiência; 
• Os fatos são amigos; 
• Aquilo que é mais pessoal é o que 
é de mais geral; 
• A experiência mostrou-me que as 
pessoas têm fundamentalmente uma 
orientação positiva; 
• A vida, no que tem de melhor, é um 
processo que flui, que se altera, 
e onde nada está fixo. 
O Que Sabemos da Psicoterapia: 
Objetiva e Subjetivamente 
• “A terapia, no entanto, desempenha 
um papel extremamente importante 
na libertação e no processo de 
facilitação da tendência do 
organismo para um desenvolvimento 
psicológico ou para a sua 
maturidade, quando essa tendência 
se viu bloqueada”. 
Conhecimento objetivo 
1. Psicoterapia: favorece um 
crescimento no ser humano e abre 
novas perspectivas para novas 
pesquisas cientificas; 
2. Congruência: descobriu-se que a 
transformação pessoal é facilitada 
quando o psicoterapeuta é aquilo 
que é, quando as suas relações com 
o cliente são autênticas e sem 
máscara nem fachada, exprimindo 
abertamente os sentimentos e as 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
8 
 
atitudes que nesse momento fluem 
nele; 
• Quanto mais autêntico e 
congruente o terapeuta for, 
maior as chances de ocorrer 
modificações na 
personalidade do cliente; 
3. Consideração positiva 
incondicional: quando o terapeuta 
está vivenciando uma atitude 
calorosa, positiva e de aceitação 
para com aquilo que está no seu 
cliente, isso facilita a mudança; 
4. Compreensão empática: quando o 
terapeuta é sensível aos 
sentimentos e às significações 
pessoais que o cliente vivencia a 
cada momento, quando pode 
apreendê-los “de dentro” tal como 
o paciente os vê, e quando 
consegue comunicar com êxito 
alguma coisa dessa compreensão ao 
paciente, então está cumprida essa 
terceira condição; 
• Quando alguém me compreende 
do jeito que sou, sem me 
julgar, então poderei 
desabrochar e crescer. 
A dinâmica da mudança 
• Em primeiro lugar, como encontra 
alguém que ouve e aceita os seus 
sentimentos, ele começa, pouco a 
pouco,a tomar-se capaz de ouvir a 
si mesmo; 
• Enquanto vai aprendendo a ouvir a 
si mesmo, começa igualmente a 
aceitar-se mais, e percebe que o 
terapeuta tem para com ele e para 
com os seus sentimentos uma 
atitude congruente e uma 
consideração positiva 
incondicional; 
• Ouvir com maior atenção os 
sentimentos interiores, com menos 
espírito de avaliação e mais de 
aceitação de si, encaminha-se 
também para uma maior congruência. 
Descobre que é possível abandonar 
a fachada atrás da qual se 
escondia, que é possível pôr de 
lado os comportamentos de defesa e 
ser de uma maneira mais aberta o 
que realmente é; 
O processo 
1. Maleabilidade: partindo de um 
ponto em que a experiência é 
construída em quadros rígidos, 
captados como fatos exteriores, o 
cliente caminha para uma mudança 
no desenvolvimento em que as 
significações da experiência são 
construídas de forma maleável, 
construções estas modificáveis a 
cada nova experiência; 
2. Fluidez: a possibilidade de 
mudanças, para o imediatismo dos 
sentimentos e da experiência, para 
a aceitação desses sentimentos e 
dessa experiência, para tentativas 
de construção, para a descoberta 
de um eu que se transforma numa 
experiência mutável, para a 
realidade e proximidade das 
relações, para uma unidade e 
integração do funcionamento. 
Os resultados da terapia 
1. O cliente modifica-se e reorganiza 
a concepção que faz de si mesmo; 
2. Conquista progressivamente uma 
concepção de si mesmo como uma 
pessoa de valor, autônoma, capaz 
de fundamentar os próprios valores 
e normas na sua própria 
experiência; 
3. O cliente torna-se menos 
defensivo, e, por isso, mais 
aberto à sua própria experiência e 
à dos outros; 
4. A distância inicial entre o eu que 
ele é e o eu que ele desejaria ser 
diminui consideravelmente. Dá-se 
uma redução da tensão em todas as 
suas formas — tensão fisiológica, 
mal-estar psicológico, ansiedade; 
• “Quanto mais o cliente percebe o 
terapeuta como uma pessoa 
verdadeira ou autêntica, capaz de 
empatia, tendo para com ele uma 
consideração incondicional, mas 
ele se afastará de um modo de 
funcionamento estático, fixo, 
insensível e impessoal, e se 
encaminhará no sentido de um 
funcionamento marcado por uma 
experiência fluida, em mudança e 
plenamente receptiva dos 
sentimentos pessoais 
diferenciados. A consequência 
desse movimento é uma alteração na 
personalidade e no comportamento 
no sentido da saúde e da 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
9 
 
maturidade psíquicas e de relações 
mais realistas para com o eu, os 
outros e o mundo 
circundante”(Rogers). 
Imagem Subjetiva: A Experiência 
do Terapeuta 
• Para o terapeuta, é uma nova 
aventura que começa; 
• No entanto, ao ouvi-lo, começo a 
sentir um certo respeito por ele, 
a sentir que somos próximos; 
• Gostaria de apreender os seus 
sentimentos e que ele soubesse que 
eu os compreendo; 
• Gostaria que os meus sentimentos 
nessa relação fossem para ele tão 
evidentes e claros quanto 
possível, a fim de que ele os 
captasse como uma realidade 
discutível a que pode regressar 
sempre. Gostaria de acompanhá-lo 
nessa temerosa viagem ao interior 
de si mesmo, ao medo nele 
escondido, ao ódio, ao amor que 
ele nunca foi capaz de deixar 
aflorar em si. Reconheço que é uma 
viagem muito humana e imprevisível 
tanto para mim como para ele e que 
eu me arrisco, sem mesmo saber que 
tenho medo, a retrair-me em mim 
mesmo perante certos sentimentos 
que ele revela; 
• Mas, sobretudo, pretendo que veja 
em mim uma pessoa real. 
A Imagem Subjetiva: A Experiencia 
do Cliente 
• Tenho medo dele. Preciso de ajuda, 
mas não sei se posso confiar nele. 
Talvez ele veja em mim coisas de 
que não tenho consciência — 
elementos terríveis e maus. Ele 
não parece estar me julgando, mas 
tenho a certeza de que o faz. Não 
posso dizer-lhe o que realmente me 
preocupa, mas posso falar-lhe de 
algumas experiências passadas em 
relação com essas minhas 
preocupações. Ele parece que 
compreende essas experiências, 
logo, posso abrir-me um pouco mais 
com ele. 
Algumas Direções do Processo 
Terapêutico 
• Conhecemos pelo menos algumas 
atitudes necessárias para 
desencadear o processo; 
• Sabemos que, se o terapeuta adotar 
interiormente em relação ao seu 
cliente uma atitude de profundo 
respeito, de aceitação total do 
cliente tal como ele é e de 
confiança nas suas potencialidades 
para resolver seus próprios 
problemas; se essas atitudes 
estiverem impregnadas de 
suficiente calor para se 
transformarem numa simpatia ou 
numa afeição profundas pela 
pessoa; se se atingir um nível de 
comunicação onde o cliente pode 
começar a perceber que o terapeuta 
compreende os sentimentos que está 
experienciando e que os aceita a 
um profundo nível de compreensão, 
nesse momento podemos estar certos 
de que iniciou o processo 
terapêutico. 
Características Pertinentes da 
Terapia Centrada no Cliente 
• Aumento do discernimento quanto ao 
mundo interno da maturidade dos 
comportamentos relatados, de 
atitudes mais positivas, à medida 
que a psicoterapia progride; 
• Alterações da percepção e da 
aceitação de si; 
• Incorporação de experiências 
previamente negadas na estrutura 
do eu; 
• Mudança de orientação da fonte de 
avaliação, passando do exterior 
para o interior; 
• Transformações na relação 
terapêutica; 
• Alterações características na 
estrutura da personalidade, no 
comportamento e nas condições 
fisiológicas. 
A Vivência Do eu potencial 
• Seguem então muitas vezes o 
seguinte esquema: 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
10 
 
o “Eu sou isso e aquilo, mas 
experimento esse sentimento 
que não tem qualquer relação 
com aquilo que sou”; 
o “Gosto dos meus pais, mas 
sinto um surpreendente 
rancor em relação a eles, de 
tempos em tempos”; 
o “Realmente não valho nada, 
mas às vezes tenho a 
impressão de ser melhor do 
que qualquer um’; 
• Assim, de início, a expressão é: 
o “Sou um eu que é diferente 
de uma parte da minha 
experiência”; 
• Mais tarde, isso se transforma num 
esquema provisório: 
o “Talvez eu seja alguns eus 
muito diferentes, ou talvez 
o meu eu encerre mais 
contradições do que aquelas 
que eu imaginava”; 
• Mais tarde ainda, o esquema é: 
o “Tinha certeza de que eu não 
podia ser a minha 
experiência — era demasiado 
contraditória — mas agora 
começo a acreditar que posso 
ser o todo da minha 
experiência”; 
• Podemos, portanto, concluir esta 
seção dizendo que uma das direções 
fundamentais que o processo 
terapêutico toma é o vivenciar 
livremente as reações sensoriais e 
viscerais reais do organismo, sem 
demasiado esforço para relacionar 
essas experiências com o eu; 
• Isto é geralmente acompanhado da 
convicção de que esses dados não 
pertencem ao eu nem podem ser 
integrados nele; 
• O ponto final do processo é o 
momento em que o cliente descobre 
que pode ser a sua experiência, 
com toda a sua variedade e 
contradição superficial; que ele 
pode se definir a partir da sua 
própria experiência, em vez de 
tentar impor uma definição do seu 
eu à sua experiência negando-se a 
tomar consciência dos elementos 
que não entram nessa definição. 
Integral de uma relação afetiva 
• A terapia é para o cliente, a 
aprendizagem de uma aceitação 
plena e livre, sem receio, dos 
sentimentos positivos de outra 
pessoa; 
• Essa aceitação do terapeuta e do 
seu interesse caloroso foi sem 
dúvida um dos traços mais 
profundos da terapia; 
• Certamente não se trata de um 
fenômeno de transferência e 
contratransferência. Alguns 
psicólogos experientes foram os 
primeiros a levantar objeções 
contra o emprego dos termos 
transferência e 
contratransferência para descrever 
esse fenômeno; 
• O essencial das suas afirmações 
consistia em que se tratava dealgo de recíproco e apropriado, ao 
passo que a transferência e a 
contratransferência são fenômenos 
cuja característica é realizarem-
se unicamente num sentido e serem 
inadequados às realidades da 
situação; 
• Durante a terapia, o sentimento de 
aceitação e de respeito do 
terapeuta em relação ao cliente 
tende a transformar-se em alguma 
coisa que se aproxima da 
admiração, à medida que vamos 
assistindo à luta profunda e 
corajosa que a pessoa trava para 
ser ela própria; 
• Por conseguinte, ele sente em 
relação ao cliente uma reação 
afetiva, calorosa e positiva; 
• Isso coloca um problema ao cliente 
que, muitas vezes, acha difícil 
aceitar o sentimento positivo de 
outra pessoa; 
• Mas, uma vez que o aceitou, a 
reação inevitável por parte do 
cliente é a de se descontrair, de 
permitir que o calor e a afeição 
do outro reduzam a tensão e o medo 
que o rode iam para olhar a vida 
de frente; 
• A construção de sentimentos de 
fraternidade do terapeuta, permite 
superar toda e qualquer forma de 
desejo egoísta, como os desejos 
sexuais. 
A Afeição em Relação a Si Mesmo 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
11 
 
• “Nos vários artigos e pesquisas 
publicados sobre a terapia 
centrada no cliente, insistiu-se 
na aceitação de si como sendo uma 
das direções e um dos resultados 
da terapia. Estabelecemos o fato 
de que, numa psicoterapia bem-
sucedida, as atitudes negativas em 
relação ao eu diminuem e as 
atitudes positivas aumentam”. 
A Descoberta de que O Centro da 
Personalidade é Positivo 
• “Um dos conceitos mais 
revolucionários que se destacaram 
da nossa experiência clínica foi o 
reconhecimento progressivo de que 
o centro mais íntimo da natureza 
humana, as camadas mais profundas 
da sua personalidade, a base da 
sua “natureza animal”, tudo isso é 
naturalmente positivo — 
fundamentalmente socializado, 
dirigido para diante, racional e 
realista”; 
• O trecho acima, se aproxima, se é 
que não podemos comparar com o 
método fenomenológico. 
Ser O Seu Próprio Organismo, A 
Sua Própria Experiência 
• A terapia parece ser um regresso 
às percepções sensoriais de base e 
à experiência visceral; 
• Antes da terapia, o indivíduo é 
levado a perguntar a si mesmo, 
muitas vezes sem qualquer 
intenção: ‘O que é que os outros 
pensam que eu devia fazer nessa 
situação?”, “O que é que os meus 
pais ou a minha cultura pretendem 
que eu faça?”, “O que é que eu 
penso que é necessário fazer?”; 
• O indivíduo age assim 
constantemente segundo as formas 
que seriam impostas ao seu 
comportamento; 
• Isso não significa necessariamente 
que ele atue sempre de acordo com 
as opiniões dos outros; 
• Pelo contrário, o indivíduo pode 
procurar agir de forma a 
contradizer o que os outros 
esperam dele; 
• Ele age, todavia, sempre em função 
do que os outros esperam (muitas 
vezes reage a expectativas 
introjetadas dos outros); 
• Durante o processo terapêutico, o 
indivíduo acaba por perguntar a si 
mesmo, a propósito de áreas cada 
vez mais vastas da sua experiência: 
“Como é que eu vivencio isso?”, “O 
que é que isso significa para 
mim?”, “Se eu me comporto de 
determinada maneira, como é que eu 
simbolizo a significação que isso 
terá ́para mim?”; 
• Ele acaba por chegar a uma maneira 
de agir em função do que se 
poderia chamar um realismo — um 
realismo que oscila entre as 
satisfações e as insatisfações que 
a sua ação lhe trouxer. 
O Processo de Tornar-Se Pessoa 
• O indivíduo deseja, no mais 
profundo do seu íntimo, tornar-se 
ele mesmo; 
• Compreender a maneira como se 
sente em seu próprio mundo 
interior, aceitá-lo como ele é, 
criar uma atmosfera de liberdade 
na qual ele possa se mover, ao 
pensar, sentir e ser, em qualquer 
direção que desejar; 
• Pode-se, neste excerto anterior, 
vê-la examinando a máscara que 
vinha utilizando, reconhecendo sua 
insatisfação com ela, e procurando 
saber como chegar ao verdadeiro eu 
que se encontra embaixo, se tal eu 
existe; 
• O próprio Kierkegaard dizia que o 
maior desespero humano é ser outra 
pessoa que não ele mesmo; 
• Por outro lado, ser aquele eu que 
se deseja ser, é o oposto ao 
desespero humano, e esta escolha 
constitui a mais profunda 
responsabilidade do homem; 
• Remover uma máscara é doloroso, 
porém libertador; 
• É na verdade, ser quem na verdade 
se é. 
A experiencia do sentir 
• Dificuldade do sentir; 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
12 
 
• A psicoterapia como espaço seguro 
para viver tais sentimentos; 
• O medo de ter sentimento deve ser 
vencido ao vivenciar os 
sentimentos dentro do setting 
terapêutico. 
A descoberta do eu na 
experiência 
• Parece que gradualmente, 
dolorosamente, o indivíduo explora 
o que está ́por detrás das máscaras 
que apresenta ao mundo, e mesmo 
atrás das máscaras com as quais 
vem se enganando. 
A pessoa que aflora: que tipo de 
pessoa se tornar 
• Estar apto a assimilar a evidência 
em uma nova situação, como ela é, 
ao invés de distorcê-la para se 
ajustar ao padrão que ele já ́
sustém; 
• Uma segunda característica das 
pessoas que emergem da terapia é 
difícil de ser descrita. Parece 
que a pessoa descobre cada vez 
mais que seu próprio organismo é 
digno de confiança, que constitui 
um instrumento adequado para 
descobrir o comportamento mais 
satisfatório em cada situação 
imediata. 
Um foco interno de avaliação 
• O indivíduo passa a perceber cada 
vez mais que esse foco de 
avaliação se encontra dentro de si 
mesmo; 
• Cada vez menos olha para os outros 
em busca de aprovação ou 
desaprovação, de padrões a seguir, 
de decisões e escolhas; 
• Ele reconhece que cabe a ele mesmo 
escolher, que a única questão que 
importa é: viverei de uma maneira 
que é profundamente satisfatória 
para mim, e que me expressa 
verdadeiramente? 
• Esta talvez seja a pergunta mais 
importante para o indivíduo 
criativo. 
A Psicoterapia Considerada Como 
um Processo 
• Primeiro estágio: 
o O indivíduo que se encontra 
neste estágio de fixidez e 
de distanciamento da sua 
experiência não virá 
seguramente de boa vontade à 
terapia; 
o No entanto, posso ilustrar, 
em certa medida, as 
características desse 
estágio: 
▪ Etapas: 
 Recusa de 
comunicação 
pessoal; 
 Comunicação 
apenas sobre 
assuntos 
exteriores; 
• Segundo estágio: 
o Quando a pessoa no primeiro 
estágio podem vivenciar a si 
mesma como é totalmente 
aceita, segue-se então o 
segundo estágio; 
o Parecemos saber muito pouco 
sobre como proporcionar a 
experiência de ser aceito 
para a pessoa no primeiro 
estágio, mas por vezes isso 
se consegue pela terapia 
lúdica ou em grupo; 
o Nessas circunstâncias, a 
pessoa se beneficia de um 
clima de aceitação, sem ser 
obrigada a tomar qualquer 
iniciativa pessoal, durante 
um tempo suficientemente 
longo para se sentir aceito; 
o Em cada situação em que 
vivencia isso, nota-se que a 
expressão simbólica se torna 
um pouco mais maleável e 
fluida, o que se caracteriza 
por: a expressão em relação 
aos tópicos referentes ao 
não-eu começa a ser mais 
fluente; 
• Terceiro estágio: 
o Se a leve maleabilidade e o 
início do fluxo no segundo 
estágio não forem bloqueados 
e o cliente se sentir sob 
esses aspectos totalmente 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
13 
 
aceito tal qual é, dá-se uma 
maior maleabilidade e 
fluência da expressão 
simbólica; 
o Eis algumas das 
características que parecem 
acompanhar aproximadamente 
esse ponto do contínuo: 
▪ Há um fluir mais livre 
da expressão do eu 
como um objeto; 
▪ Há também uma 
expressão das 
experiências pessoais 
como se tratasse de 
objetos; 
▪ Há igualmente 
expressão sobre o eu 
como um objeto 
refletido, que existe 
primariamente nos 
outros; 
▪ O cliente exprime e 
descreve sentimentose 
significados pessoais 
que não estão 
presentes; 
• Quarto estágio: 
o Quando o cliente se sente 
compreendido, bem-vindo, 
aceito tal como é nos vários 
aspectos da sua experiência, 
no nível do terceiro 
estágio, dá-se então uma 
maleabilidade gradual de 
seus construtos e uma 
fluência mais livre dos 
sentimentos, características 
de movimento no contínuo. 
Podemos tentar captar 
algumas características 
dessa descontração e 
designá-las como o quarto 
estágio do processo: 
▪ O cliente descreve 
sentimentos mais 
intensos do tipo “não-
presentes-agora; 
▪ Os sentimentos são 
descritos como objetos 
no presente; 
▪ Os sentimentos são por 
vezes expressos no 
presente, outras vezes 
surgem como que contra 
os desejos do cliente; 
• Quinto estágio: 
o Se o cliente se sente aceito 
nas suas expressões, 
comportamentos e 
experiências no quarto 
estágio, isso irá ́favorecer 
uma maleabilidade ainda 
maior e uma renovada 
liberdade no fluxo 
organísmico. Creio que 
podemos novamente delinear 
aproximadamente as 
características desse 
estágio do processo: 
▪ Os sentimentos são 
expressos livremente 
como se fossem 
experimentados no 
presente; 
▪ Os sentimentos estão 
prestes a ser 
plenamente 
experimentados. 
Começam a “vir à tona 
“, “brotar “, apesar 
do receio e da 
desconfiança que o 
cliente experimenta em 
vivê-los de um modo 
pleno e imediato; 
• Sexto estágio: 
o Supondo que o cliente 
continua a ser plenamente 
aceito na relação 
terapêutica, os aspectos 
característicos do quinto 
estágio tendem a ser 
seguidos por um estágio 
muito distinto e 
frequentemente dramático. 
Caracteriza-se do seguinte 
modo: 
▪ Um sentimento que 
antes estava 
“bloqueado “, inibido 
na sua evolução, é 
experimentado agora de 
um modo imediato; 
▪ Um sentimento flui 
para o seu fim pleno; 
▪ Um sentimento presente 
é diretamente 
experimentado com toda 
a sua riqueza num 
plano imediato da 
experiência e o 
sentimento com toda a 
sua riqueza num plano 
imediato; 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
14 
 
▪ Esse caráter imediato 
da experiência e o 
sentimento que 
constitui seu conteúdo 
só aceitos. Isto é 
algo real e não uma 
coisa para ser negada, 
temida ou combatida; 
• Sétimo estágio: 
o Nas áreas em que se atingiu 
o sexto estágio, já não é 
tão necessário que o cliente 
se sinta plenamente aceito 
pelo terapeuta, embora isso 
ainda parecia ser de grande 
ajuda; 
o No entanto, devido à 
tendência do sexto estágio 
para ser irreversível, o 
cliente parece alcançar 
muitas vezes o sétimo e 
último estágios sem ter uma 
grande necessidade da ajuda 
do terapeuta. Esse estágio 
ocorre tanto fora da relação 
terapêutica como dentro 
dela, é muitas vezes 
relatada mais do que 
vivenciada no decurso da 
sessão terapêutica. Vou 
procurar descrever algumas 
das suas características 
como as julgo ter observado: 
▪ São experimentados 
novos sentimentos de 
modo imediato e com 
uma riqueza de 
detalhes, tanto na 
relação terapêutica 
como fora a ela; 
▪ A experiência de tais 
sentimentos é 
utilizada como um 
claro ponto de 
referência. 
A gênese 
• Voltar as próprias coisas; 
• O fenomenólogo quer construir uma 
filosofia onde a sua fundamentação 
se dê em dados indubitáveis; 
• O caminho para se construir tal 
filosofia é a  (epoché): 
procedimento que consiste em pôr 
entre parênteses nossas persuasões 
filosóficas e científicas e as 
próprias convicções embutidas em 
nossa atitude natural que nos faz 
crer na existência nas coisas do 
mundo ou do próprio mundo; 
• Aquilo que se sobra do processo de 
 (epoché), Husserl chamará de 
resíduo fenomenológico, este se 
encontrará na consciência: a 
existência da consciência é 
imediatamente evidente; 
• Sobre a base desta evidência a 
fenomenologia se exerce na 
descrição dos modos típicos em que 
as coisas e os fatos se apresentam 
à consciência: e esses modos 
típicos são as essências 
eidéticas; 
o Exemplo: a essência do 
pudor, da simpatia, da 
santidade, do amor, etc; 
• Em poucas palavras a consciência é 
sempre intencional, sempre 
consciência de algumas coisa; 
• A questão que se põe é se o modos 
típico que as coisas de apresentam 
à consciência, se essas essências 
eidéticas são constituídas pela 
própria consciência (direção 
idealista) ou ao contrário se são 
realidades que se impõe (direção 
realista) a consciência (como a 
luz aos olhos, o som aos ouvidos); 
• A Fenomenologia nasce com Husserl 
nasce como polêmica 
antipsicologista, e sobre a base 
da ideia da intencionalidade da 
consciência; 
• Pelo antipsicologismo Husserl 
atingiu o pensamento do matemático 
Bernhard Bolzano e pela 
intencionalidade da consciência as 
teses de seu mestre Franz 
Brentano; 
• Bolzano falou da proposição em si, 
da verdade em si; 
• Brentano sustenta que a 
intencionalidade é a 
característica que tipifica os 
fenômenos psíquicos: estes se 
referem sempre ao outro. 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
15 
 
A fenomenologia: um método para 
“voltar às próprias coisas” 
• Heidegger em ser e tempo: a 
expressão “fenomenologia” 
significa, antes de mais nada, um 
conceito de método; 
• O pensamento de Heidegger expressa 
um lema que poderia ser assim 
postulado: voltemos as próprias 
coisas; 
• Como sustentar tal filosofia? 
• Para cumprir essa tarefa, é 
preciso partir de dados 
indubitáveis para com base neles 
construir depois o edifício 
filosófico; 
• Procura-se as evidências estáveis 
para se colocar na própria 
filosofia: sem evidência não há 
ciência; 
• Assim é preciso buscar fenômenos 
tão evidentes que não podem ser 
negados; 
• É preciso suspender o juízo sobre 
tudo o que não é apodítico nem 
objeto de controvérsia até se 
conseguir encontrar aqueles 
"dados" que resistem aos 
reiterados assaltos da epoché; 
• Os resíduos estão na consciência. 
A fenomenologia é descrição das 
essências eidéticas 
• Os fenomenólogos querem descrever 
como os modos típicos, como as 
coisas, os fatos se apresentam à 
consciência; 
• A Fenomenologia não é ciência de 
fatos, mas das essências; 
• Para o fenomenólogo não interessa 
a análise desta ou daquela norma 
moral, porém compreender por que 
esta ou aquela norma são normas 
morais e não, por exemplo, normas 
jurídicas ou regras de 
comportamento. Da mesma forma, o 
fenomenólogo não se interessará 
(ou, pelo menos, não se 
interessará principalmente) em 
examinar os ritos e os hinos desta 
ou daquela religião, ao contrário, 
ele se interessará por compreender 
o que é a religiosidade, ou seja, 
o que transforma ritos e hinos tão 
diferentes em ritos e hinos 
"religiosos”; 
• Como podemos dizer que este é um 
ato de simpatia, aquele um gesto 
de ira, este outro um 
comportamento desesperado ou 
aquele outro ainda um 
comportamento de santidade, se não 
houvesse precisamente essências, 
ou seja, ideias essenciais, de 
simpatia, de ira, de desespero ou 
de santidade? 
• Eis, portanto, o que a 
fenomenologia pretende ser: 
ciência fundamentada estavelmente, 
voltada a análise e a descrição 
das essências. 
Direção idealista e direção 
realista da fenomenologia 
• A consciência sempre é 
intencional, ou seja, consciência 
de algo; 
• A função do fenomenólogo é de 
questionar sobre a consciência 
transcendental: o que se entende 
por amor, religiosidade, justiça, 
percepção, simpatia, etc; 
• Há uma questão posta: o significa 
das essências dos objetos eles são 
postos pela consciência ou o olhar 
do teórico desinteressado e postos 
pela consciência ou o olhar do 
teórico desinteressado os intui 
enquanto dados objetos? 
• Daí nasce as duas correntes da 
fenomenologia: 
o Idealista: movida pelo 
primeiro aspecto que tem 
Husserl como principal 
expoente; 
o Realista: partindoda 
segunda premissa da questão 
movido sendo representada 
por Scheler. 
As origens da fenomenologia: 
Bolzano e o valor logico 
objetivo das proposições 
• Ideias fundamentais para Husserl é 
a intencionalidade da consciência; 
• Ele se inspira em Bolzano em suas 
obras “Os paradoxos do infinito” 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
16 
 
(1847-48) e a “Doutrina da 
ciência” (1837); 
• Em 1874, que Brentano escreve “A 
psicologia do ponto de vista 
empírico”. Nesta obra ele afirma o 
caráter intencional da 
consciência; 
• Na escolástica, “intentio” 
significava o conceito enquanto 
indica algo diferente de si. 
Segundo Brentano, precisamente, a 
intencionalidade é o que tipifica 
os fenômenos psíquicos, que sempre 
se referem a algo diferente de si 
próprio. Eles se distinguem em 
três classes fundamentais, que são 
a representação, o juízo e o 
sentimento: 
o Representação: o objeto é 
puramente presente; 
o Juízo: ele é afirmado ou 
negado; 
o Sentimento: ele é amado ou 
odiado; 
• Enfim, Bolzano traz uma nova 
imagem ou compreensão da lógica 
aristotélica. 
• O movimento foi algo sem 
precedentes na história da 
filosofia. Prova disso a imensa 
multidão no funeral de Jean Paul 
Sartre em 1980 (variam entre 50 a 
100 mil pessoas); 
• O segundo sexo (Simone de 
Beauvoir): um dos livros mais 
amplamente lidos no sec. XX; 
• Peças de teatro como a Náusea, de 
Sartre e O estrangeiro de Camus 
tem sido lido e criticado e 
aclamados; 
• Les Temps Modernes: revista onde 
trabalhou Sartre e Merleau Ponty; 
• Na poesia, Martin Heidegger 
exerceu grande influência, seu 
trabalho ajudou a engendrar dois 
movimentos importante a 
Hermenêutica e a desconstrução; 
• A Segunda Guerra mundial 
contribuiu para que 
existencialistas pensassem temas 
como a liberdade, responsabilidade 
e morte; 
• O termo existencialismo foi 
cunhado por Marcel: “descrevendo 
Sartre e outros, e somente veio a 
ser aceito por Sartre e de 
Beauvoir alguns anos mais tarde em 
1945. Merleau-Ponty nunca aceitou 
o rótulo incondicionalmente, ao 
passo que Heidegger rejeitou-o 
veementemente. Por isso é difícil 
argumentar que o existencialismo 
representa um movimento filosófico 
único, unificado. O famoso 
comentário de Sartre de que a 
“existência precede a essência” 
talvez seja um bom ponto de 
partida, ainda que essa afirmação 
tenha sido também usada por muitos 
outros filósofos”. 
TEMAS EXISTENCIAIS 
Existência Autenticidade 
Liberdade Angústia 
Solidão Amor 
Essência Tedio existencial 
O ser-no-mundo Culpa 
Morte Felicidade 
O sentido da vida 
Transcendência 
Existência 
• Não houve preocupação dos 
pensadores existencialistas com 
uma definição formal do termo 
existência que pudesse diferenciá-
lo de outras correntes 
filosóficas. Etimologicamente o 
termo existência significa "estar 
fora de", e, numa tentativa de 
manter o sentido etimológico da 
palavra, os existencialistas, a 
separaram com um hífen, usando 
"ex-istência" em vez de 
"existência"; 
• Tanto Heidegger como Sartre se 
colocam sobre a disparidade 
radical entre o humano e o não 
humano, que ambos os autores 
exprimem' reservando o termo 
"existência" para o homem apenas; 
• O existencialista contrapõe essa 
posição trazendo à tona das 
discussões o fato de não ser 
possível esse tipo de idealização 
na medida em que determinadas 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
17 
 
agruras existenciais -angústia, 
solidão, tédio etc’, fazem parte 
da existência e condição humana. 
Liberdade 
• Não é livre aquele que não tem 
condição para tal; 
• Do ponto de vista político: quando 
temos condições de expressar 
nossas vontades e opiniões; 
• A existência precede a essência, 
toda liberdade se explica como 
fundamento de todas as essências; 
• O homem é um ser livre e decide 
sobre suas escolhas assim como 
arca com suas responsabilidades; 
• A liberdade é o que me estrutura 
como homem; 
• Sartre x invasão alemã. 
Solidão 
• Passou a ser vista como inerente a 
condição humana; como inerente a 
existência humana; 
• A solidão é uma condição imanente 
ao homem, faz parte da vida, só 
que em determinados momentos a 
percebemos mais agudamente; 
• Entender o que é um ser ajuda a 
entender o que é solidão; 
• As vezes associada com sofrimento 
e desejo de suicídio; 
• Entrar em contato com a solidão 
não é algo fácil. Mas, ao 
compreendê-la, ao constatar que 
cada um é único com sua própria 
história seu próprio percurso, sua 
própria biografia, sua maneira 
própria de buscar sentido para a 
vida também se percebe que ela 
demonstra a grandeza e a beleza da 
condição humana. 
Essência 
• A essência humana, ao contrário, 
tem condições de desenvolver-se e 
transformar-se segundo projetos de 
vida previamente estabelecidos 
pelo próprio homem; 
• A essência, ao ser determinada 
pela existência, torna-se a 
própria dimensão da vida em sua 
forma mais exuberante; 
• A essência humana, dessa forma, 
jamais é estática ou a mera 
repetição de fenômenos a partir de 
fatos ocorridos no passado. Essa 
condição assegura ao homem à 
peculiaridade de poder se 
transformar e se necessário 
recomeçar e reconstruir a cada 
instante uma vida que dada diante 
do sofrimento e das agruras da 
existência. 
O ser-no-mundo 
• O homem existe em sua condição de 
ser no mundo. Do ponto de vista do 
existencialismo, o homem não está ́
sob influência daquilo que é 
externo a ele, na verdade, ele se 
compõe juntamente a esse extremo, 
misturando-se com ele; 
• O fato de estar-no-mundo constitui 
um fato por si só ́determinante de 
muito sofrimento e desespero; 
• O ser-no-mundo implica uma luta 
constante do homem consigo próprio 
para não perder a sua dignidade 
existencial e suas características 
individuais; 
• O homem é o ser que existe ao 
contrário dos outros objetos que 
apenas são; 
• O ser-no-mundo traz a questão de 
que o homem é o único ser que 
constrói seu ambiente de vida. 
Morte 
• A decisão resoluta de assumir a 
finitude não apenas alivia o 
terror original que a perspectiva 
da morte inspira; serve também de 
ato de encerramento de nossa vida 
e sua constituição numa espécie de 
totalidade, modificando, assim, a 
profunda brecha em nosso ser, 
causada pela necessidade 
ontológica de perpétua 
autotranscendência; 
• Na morte, somos a totalidade que 
não pudemos ser em vida; mas, 
mesmo em vida, podemos em certo 
sentido antecipar-nos a nós mesmos 
em direção à morte e, assumindo a 
morte, adotar um ponto de vista 
sobre nós como totalidade; 
• “É perfeitamente gratuito dizer 
que morrer é a única coisa que 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
18 
 
ninguém pode fazer por mim... Se a 
morte for considerada como 
possibilidade última e subjetiva, 
evento que só concerne ao para-si, 
é evidente que ninguém pode morrer 
por mim. Mas segue-se disso que 
nenhuma de minhas possibilidades 
tomada desse ponto de vista pode 
ser projetada por um outro eu que 
não eu” (Sartre). 
O sentido da vida 
• A vida enquanto existência única e 
isolada não tem sentido. O homem 
existe a partir de suas 
realizações, não existindo pela 
sua própria vida isolado do 
contexto de suas realizações; 
• A consciência de que a vida é um 
emaranhado de sofrimentos e 
agruras existenciais faz com que 
assumamos a dimensão da nossa 
responsabilidade enquanto seres 
livres e responsáveis pela 
construção dos próprios ideais de 
vida; 
• O sentido da vida é a propulsão 
capaz de levar o homem a 
horizontes sequer atingíveis pela 
razão; 
• A resposta ao sentido da vida é 
mobilizadora de forças vitais; 
• O homem existe a partir de suas 
realizações, não pela sua própria 
vida, isolado do contexto de suas 
realizações. Se se permitisse à 
existência o desenvolvimento plenode suas realizações, o homem teria 
possibilidades de crescimento 
pessoal muito mais amplas. 
Transcendência 
• Pelo conceito de transcendência é 
que se pode perceber a extensão de 
que o homem não é um ser estático, 
mas sim um ser em contínuo 
desenvolvimento. E nesse sentido a 
famosa frase de Sartre: "o homem é 
ao ser que não á o que á e que é o 
que não é". É a transcendência à 
questão que nos permite definir a 
condição humana da introspecção e 
meditação. Também é pela 
hanscendência que o homem descobre 
a totalidade de suas 
possibilidades existenciais, 
possibilidades que não se esgotam 
ainda que a existência esteja 
quedada, inerte diante das 
vicissitudes existenciais. 
Autenticidade 
• "O ser que existe é o homem. Só ́o 
homem existe. As pedras são, mas 
não existem. Os cavalos são, mas 
não existem. Os anjos são, mas não 
existem. Deus é, mas não existe" 
(Heidegger); 
• Sartre ensina que o homem 
autêntico é aquele que se submete 
à conversão radical através da 
angústia e assume sua liberdade; 
• Tanto para Sartre como para 
Heidegger, o homem autêntico é o 
que reconhece a dualidade radical 
entre o humano e o não humano, que 
reconhece que estar-no-mundo não 
implica estar-no-meio-do-mundo. 
Angústia 
• o pensamento existencialista a 
coloca como um dos determinantes 
que trazem a condição humana à 
nossa presença e nos direciona à 
categoria de seres livres e 
únicos; 
• Para os existencialistas, a 
angústia não é um sentimento 
negativo, e sim uma experiência 
valiosa que emerge quando tomamos 
consciência da nossa condição 
humana; é um sentimento que nos 
amedronta diante do "nada" 
existencial; 
• A angústia é mais do que algo 
transitório e esporádico, é a 
totalidade da existência humana. 
Assim, a angústia é deslocada 
daquelas situações em que uma mãe 
vê seu filho ameaçado por uma 
doença ou a possível iminência de 
uma guerra para situações que nos 
remetem à condição humana como tal 
em seu nível mais profundo de 
sofrimento existencial; 
• A angústia seria, assim, o objeto 
primário de sofrimento da própria 
existência, ou ainda a 
particularidade ou individualidade 
da condição humana. 
Amor 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
19 
 
• Os humanistas estão certos ao 
dizerem que o amor universal 
dependeria de algum tipo de 
identificação com os outros. E 
seguramente aceitar o outro como 
semelhante é algo muito difícil de 
ser vivido e até ́mesmo 
dimensionado; 
• Ao reconhecermos o outro como 
nosso semelhante, práticas como 
tortura, espoliação mercantilista 
de mão-de-obra, a miséria, a fome 
e tantas outras atrocidades 
provocadas ao homem pelo próprio 
homem tornam-se inconcebíveis. 
Afinal, aquilo que acontece a um 
semelhante igualmente ocorre 
comigo mesmo na projeção do outro 
como Pessoa. Como semelhante, não 
posso aceitar esses desatinos 
silenciosamente. 
Tédio existencial 
• O tédio existencial é uma temática 
bastante pertinente à reflexão do 
homem contemporâneo. sem dúvida, e 
isso é inegável, o tédio 
existencial é um dos determinantes 
que mais sofrimento têm legado à 
existência, estando sempre 
presente, embora não 
necessariamente com essa 
definição, na prática 
psicoterápica. Sua inclusão no rol 
e temáticas existenciais visa 
tornar constrita a reflexão sobre 
a realidade contemporânea da 
existência; 
• O tédio existencial basicamente 
pode ser definido como aquela 
situação em que o homem sofre a 
dor de ver o tempo passar e não 
estar realizando o desdobramento 
de suas possibilidades 
existenciais. 
Culpa 
• A culpa se apresenta quando o 
homem questiona a realização de 
suas possibilidades existenciais, 
quando renúncia à sua liberdade 
humana; 
• A culpa também se faz presente 
quando enfrentamos outros homens 
sem respeito à sua condição 
humana; quando coisificamos nosso 
semelhante, aniquilando suas 
possibilidades existenciais. A 
culpa ainda é presente quando 
dimensionamos nossa 
responsabilidade social; 
• Diferentemente do uso corrente da 
palavra culpa, que tende a 
responsabilizar uma pessoa por um 
ato determinado e específico numa 
relação de causa e efeito, 
entende-se a culpa ontológica, em 
termos existenciais, como o 
sentimento de "estar em dívida". 
Pensando dessa maneira, vê-se que 
se trata de um fenômeno pertinente 
a todas as existências, seja em 
termos pessoais (em dívida comigo 
mesmo), interpessoais (em dívida 
com o outro) e até ́mesmo sociais 
(em dívida com a realidade 
social). 
Felicidade 
• Felicidade é a ausência do 
desprazer. Ser feliz é o que todo 
ser existente deseja; 
• A felicidade é uma forma de ser 
indelével que, embora buscada de 
forma incessante, não tem modelos 
estanques de estruturação. A 
essência da felicidade pode ser 
definida como aquela exuberância 
capaz de prover esperança e ilusão 
à existência humana. A própria 
forma automatizada a como vivem os 
habitantes das grandes cidades e, 
por assim dizer, a quase 
totalidade dos seres existentes é 
quebrada pela ilusão que a busca 
da felicidade acena. 
Principais Pensadores 
Existencialistas 
• Sören Kierkegaard: dinamarquês, 
1813 -1855 (primeiro a se 
denominar existencialista); 
• Friedrich Nietzsche: alemão, 1844-
1900; 
• Heidegger: alemão, 1889-1976; 
• Paul Sartre: francês, 1905-1980; 
• Husserl: guia de Heidegger, 
Sartre, Merleau-Ponty, 
especialmente no que se refere no 
método; 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
20 
 
• Pensamento existencialista 
aproxima-se da fenomenologia e 
compõe uma visão diferenciada, mas 
não distanciada a fenomenologia. 
Alguns Pensadores e Temas 
Existenciais Centrais 
• Kierkegaard e a religião: 
o Kierkegaard adota uma 
explicação altamente 
subjetiva do significado, 
que rejeita o cristianismo 
doutrinário e ortodoxo que 
busca pregar a verdade para 
as pessoas; 
o Como ele eloquentemente 
sugere, a tradição cristã 
requer que o devoto “dance 
na ponta do paradoxo” de que 
Deus, através de Cristo, 
caminhou entre os entes 
humanos; 
o Embora tentativas 
ontológicas, cosmológicas e 
teleológicas de provar a 
existência de Deus possam 
ser consideradas 
equivocadas, deveríamos 
observar que, para 
Kierkegaard, Deus é 
simplesmente o desconhecido, 
e por isso ele evita a 
armadilha que pensa afligir 
muito a teologia: presumir 
que o discurso racional 
possa tornar a experiência 
religiosa compreensível; 
o A religião como experiência 
única do ser humano, 
traduzida na obra “Temor e 
tremor”; 
o Os três estágios da vida, 
segundo Kierkegaard: 
▪ Estágio estético: 
abarca o momento 
sensível, prazer e 
beleza, mas é 
considerado trivial; 
▪ Estágio ético: tenta 
legitimar os padrões 
morais absolutos 
baseados nos costumes 
sociais, ou 
racionalidade, mas é 
considerado meramente 
transitório; 
▪ Estágio religioso: 
pressupõe a pessoa por 
si própria, destituída 
de sua confiança nos 
hábitos sociais, e sem 
autoconfiança e 
dogmatismo do estágio 
ético; 
• Nietzsche, ressentimento e a morte 
de Deus: 
o Ele repete a declaração de 
Ludwig Feuerbach de que Deus 
está morto e castiga o 
cristianismo por encorajar 
uma forma do que ele chama 
“moralidade escrava”; 
o Questiona a existência de 
Deus; 
o Nós construímos a ideia de 
Deus; 
o Nós mesmos matamos Deus; 
o Não fala de ter fé em Deus; 
o Emoções, sentimentos e 
razão; 
o A utilização de razão em 
excesso nos levou ao caos; 
o Somos mais Apolo que 
Dionísio e isso destrói 
nossa sociedade; 
• Jean Paul Sartre: 
o Em 1945, em Paris, palestra: 
O existencialismo é um 
humanismo; 
o Nascemos antes de viver, 
agir, sentir, atuar; 
o Controle da própria vida; 
o Não existe ideia pré-
concebida de ser humano não 
é Deus, nem o mundo das 
ideias de Platão que definem 
sua essência;o O ser humano existe 
primeiro, se encontra e se 
define depois; 
o Será posteriormente aquilo 
que se tornar; 
o Primeiro existe depois gera 
sua essência; se define; 
o Porque é livre e define sua 
essência deve tomar cuidado 
porque algumas escolhas 
podem ser irreversíveis; 
o Foi extremamente engajado na 
política e muito considerado 
nos anos 60. Para ele os 
intelectuais deveriam 
contribuir com a sociedade 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
21 
 
para ajudar as pessoas 
fazerem as escolhas certas. 
A Prática Psicoterapêutica: 
Espaço para a Vivência do Ser 
• A psicoterapia será um encontro, 
um ser-com; 
• A psicoterapia existencial 
investiga a história de vida de um 
paciente, como em qualquer outro 
método terapêutico; 
• No entanto não busca explicar a 
história de vida e suas 
idiossincrasias patológicas, ao 
contrário, compreende esta 
história de vida como modificações 
da estrutura total do ser-no-mundo 
dos pacientes; 
• Essa modalidade de terapia não 
mostra apenas onde, quando e até 
que ponto o paciente falhou em 
realizar a totalidade de sua 
humanidade, mas tenta fazê-lo 
experienciar isso o mais 
radicalmente possível; 
O método 
• As técnicas existenciais devem ser 
versáteis e flexíveis, variando de 
paciente para paciente e de uma 
fase a outra no tratamento com o 
mesmo paciente, porque o dinamismo 
psicológico (exercício da 
liberdade) pelo sujeito deve 
assumir sempre um sentido a partir 
da situação existencial imediata 
de um sujeito; 
• O uso dos métodos deve permitir, 
em última instância, o exercício 
da liberdade para que o sujeito 
utilize suas próprias capacidades 
existenciais; 
• Seis implicações terapêuticas 
consequentes de uma visão 
existencial na prática clínica 
(May, 1958): 
1. A compreensão que se orienta 
pela técnica, mas a técnica 
que acompanha a compreensão 
existencial do terapeuta. As 
técnicas existenciais devem 
ser versáteis e flexíveis, 
variando de paciente para 
paciente e de uma fase a 
outra no tratamento com o 
mesmo paciente; 
2. Dinamismo psicológico 
interpretável deve assumir 
sempre um sentido a partir 
da situação existencial 
imediata de um paciente. O 
centro desse dinamismo 
psíquico deve ser a 
possibilidade inimputável de 
exercício da liberdade; 
3. O indica que a ênfase de uma 
terapia existencial reside 
na presença; 
4. Às formas de comportamento 
que destroem a presença. A 
confrontação entre duas 
pessoas pode ser 
profundamente criadora de 
ansiedade. Nesse sentido, a 
visão técnica de outra 
pessoa pode ser a forma 
terapêutica mais utilizada 
para a redução de ansiedade. 
Contudo, a técnica não deve 
ser uma forma para bloquear 
a presença; 
5. Remete-se ao objetivo do 
processo terapêutico. O foco 
de uma terapia existencial é 
de que o paciente 
experimente sua existência 
como real, o que significa 
tornar-se consciente de suas 
potencialidades e estar apto 
para agir com base nelas; 
6. Refere-se à importância do 
compromisso existencial do 
paciente. O psicólogo afirma 
que a decisão pela mudança 
precede o conhecimento, o 
que implica afirmar que 
conhecer-se e aumentar o 
número de insights sobre si 
não possui valor sem que se 
tome uma orientação prévia 
decisiva para a vida; 
• Processo temporal terapêutico 
(Moss, 1989): 
o Fase de abertura: o 
terapeuta tem o desafio de 
sintonizar, de se unir e de 
acompanhar o fluxo de 
experiência do paciente; 
o Fase intermediária: o 
terapeuta e paciente seguem 
unidos para um desafio 
duplo, qual seja aceitar a 
vida e o mundo de cada um 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
22 
 
enquanto se apresentam e se 
aprofundam na relação. Nesse 
momento, importa o 
entendimento da realidade 
alheia como o produto das 
escolhas de cada um, mais do 
que todos os fatos 
contingenciais e acidentais; 
o Última fase: da 
temporalidade terapêutica, 
paciente e terapeuta 
enfrentam as limitações do 
tempo e da situação 
existencial, considerados 
por Moss como centrais na 
psicoterapia e na vida. Ao 
aceitar tais limitações, 
atribui-se ao tempo 
terapêutico grande seriedade 
e valor, impulsionando a 
criatividade dos parceiros 
terapêuticos para lidar com 
as contingências 
existenciais; 
• Objetivos do processo terapêutico 
existencial (Deurzen, 2007): 
1. Que as pessoas tomem posse 
de sua situação, de seus 
valores e de suas crenças; 
2. Negociem o arranjo entre 
crises do passado, presente 
e futuro; 
3. Busquem maior autoconfiança; 
4. Ampliem suas perspectivas em 
si mesmo e no mundo à sua 
volta; 
5. Encontrem clareza sobre o 
seu sentido de vida e como 
podem aprender do passado 
para criar algo no presente; 
6. Valorizem um sentido pelo 
que viver; 
7. Entendam a si mesmos e aos 
outros da melhor forma e 
achem meios para com 
eficiência se comunicar e 
estar com os outros; 
8. Produzam sentido a partir 
dos paradoxos, conflitos e 
dilemas de sua existência. 
Noções introdutórias 
• O termo clínica fenomenológica 
abrange várias modalidades de 
diagnósticos e descrições; 
• Embora tem sido usado na prática 
médica tem sua origem na filosofia 
alemã; 
• Basicamente preocupados em 
responder sobre o Nômeno ou numeno 
(real) e o fenômeno (percebido); 
• O termo foi cunhado por Edmund 
Husserl para estudar a experiência 
consciente, e depois usado por 
outros como Heidegger e Jaspers; 
• Neste material falaremos sobre a 
Fenomenologia como terceira frente 
no campo da Psicologia. 
Fenomenologia 
• Phainómenon – que quer dizer 
aquilo que é possível ser posto à 
luz, tudo aquilo que resplandece, 
iluminando-se; 
• “Fato é de algum modo um fenômeno 
parado, preciso, determinado, com 
contornos que se podem apreender e 
desenhar: implica uma espécie de 
fixidez e de estabilidade 
relativas. O fenômeno é o fato em 
movimento, é a passagem de um fato 
a outro, é o fato que se 
transforma em instante a 
instante”. (Janet, 1823-1899); 
• A definição de fenomenologia se 
aplica a essa passagem do 
movimento do tempo da experiência 
para a consciência; 
• O interesse é o fenômeno, que é 
apreendido pelos sentidos e pelo 
conjunto desses fenômenos que 
compõem as fenomenalidades. 
Considerações históricas e 
metodológicas 
• As forças teóricas da Psicologia 
no século XX: Psicanálise, 
Behaviorismo e o Humanismo (A 
fenomenologia foi incorporada ao 
humanismo); 
• O método fenomenológico foi 
proposto como um recurso 
epistemológico para todas as 
ciências. Deveria ser a ciência 
das ciências por focalizar a 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
23 
 
tomada de conhecimento, seja ele 
noético, referente ao processo de 
conhecer, seja ele noemático, 
referente ao objeto conhecido; 
• Parecido com a lógica aristotélica 
que se tornou uma propedêutica 
para todas as ciências; 
• Lembremos que Husserl foi leitor 
assíduo de Aristóteles; 
• O movimento humanista do meado do 
século XX tomou o existencialismo 
como tema central e a 
fenomenologia como método; 
• Abordagens terapêuticas 
preocupadas com as questões da 
existência foram denominadas de 
fenomenológico-existenciais, sendo 
seus terapeutas simpáticos ao 
método fenomenológico; 
• Obra clássica: Phenomenology in 
Psychology and Psychiatry, de 
Spielberg (1972). No Brasil é 
Existential-Phenomenological 
Perspectives in Psychology, 
organizada por Valle e Halling 
(1989); 
• Contudo, a obra de referência 
brasileira por excelência é o 
texto sobre psicologia 
fenomenológica de Forghieri 
(1993); 
• Poucas obras do Husserl 
traduzidas, pouco mais de 25, o 
que não chega a 50% de toda 
produção husserliana; 
• Talvez umas das dificuldades para 
traduções esteja no fato de que a 
ciência dominante não apoia a quem 
a contradiz; 
• Conflito com o positivismo 
científico;• A importância da figura do 
religioso holandês van Breda. 
Nascimento da clínica 
psicológica 
• A clínica psicológica é 
historicamente associada à 
psicoterapia. Psicoterapia pode 
ser definida como a arte e a 
ciência que se dedica ao alívio do 
sofrimento humano, decorrente de 
conflitos e desordens emocionais; 
• A psicoterapia é um processo 
comunicacional no qual uma pessoa 
(o profissional) compreende e 
intervém em outra pessoa 
(paciente/cliente) que busca ser 
ouvida ou tratada; 
• Lembremos da prática psicoterápica 
de Freud e o médico Josef Breuer 
que descobrem que instabilidades 
emocionais, acompanhadas de 
impedimentos físicos, poderiam ser 
tratadas por indução hipnótica; 
• A clínica fenomenológica vai 
nascer nas cercanias dessa 
influência; 
• Os grandes praticantes da clínica 
fenomenológica foram treinados em 
psicanálise e entendiam que a 
prática exercida era também uma 
psicanálise; 
• Ainda hoje é comum psicoterapeutas 
fenomenológico-existenciais se 
apresentarem como psicanalistas; 
• Spinelli, por exemplo, critica 
reconhecidos representantes da 
análise existencial, por atuarem 
muito próximos do enquadre 
psicanalítico. 
Perspectiva fenomenológica na 
clínica psicológica 
• Ludwig Binswanger (1881-1966), em 
um texto sobre os progressos da 
psicoterapia (Binswanger, 1958), 
apresentou a análise existencial 
(Daseinanalise) como um método de 
pesquisa fenomenológico 
psiquiátrico; 
• Essa breve referência aponta de 
imediato para as conexões entre 
análise existencial e método 
fenomenológico; 
• Esclarece-se, assim, a origem da 
vertente psicoterápica que viria a 
ser conhecida, entre outras 
denominações, como fenomenológico-
existencial, psicoterapia 
existencial ou mesmo psicoterapia 
humanístico-existencial; 
• Os dois conceitos, identificados 
como novos recursos ao tratamento, 
procediam de tradições distintas, 
embora não tão distantes uma da 
outra: o problema da relação entre 
sofrimento e existência, e da 
relação entre psicoterapia e 
método. 
Filosofia existencial 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
24 
 
• A história do pensamento 
filosófico debate-se, desde os 
seus primórdios, com dois polos 
opostos: 
o a proposição objetiva de um 
sistema metafísico a partir 
das ideias de homem (alma), 
de mundo e de Deus; 
o a busca de uma compreensão 
para o homem, para o mundo e 
para Deus que viesse da 
interioridade, do 
sentimento, da experiência 
vivida, da subjetividade. 
Método fenomenológico 
• Husserl (1929/1968) definiu a 
fenomenologia como um método 
filosófico descritivo: 
o capaz de circunscrever uma 
psicologia a priori que 
fundamentaria a psicologia 
empírica; 
o capaz de, como filosofia 
universal, proceder à 
revisão metodológica de 
todas as ciências; 
• O problema do método 
fenomenológico não seria, 
portanto, a clarificação da 
subjetividade, mas a depuração da 
racionalidade na busca do 
conhecimento; 
• O método fenomenológico (Husserl, 
1901/2007) aplica-se à relação 
entre consciência e experiência. A 
consciência é definida como uma 
estrutura apta para tomar 
conhecimento do que se apresenta 
na experiência. 
Características da clínica 
fenomenológico-existencial 
• A psicoterapia existencial 
investiga a história de vida de um 
paciente, como em qualquer outro 
método terapêutico; 
• Contudo, não busca explicar a 
história de vida e suas 
idiossincrasias patológicas. Ao 
contrário, compreende está 
história de vida como modificações 
da estrutura total do ser-no-mundo 
dos pacientes; 
• Essa modalidade de terapia não 
mostra apenas onde, quando e até 
que ponto o paciente falhou em 
realizar a totalidade de sua 
humanidade, mas tenta fazê-lo 
experienciar isso o mais 
radicalmente possível; 
• O lugar do terapeuta no setting é 
o plano de uma existência em 
comum, sendo o paciente um 
parceiro existencial. A 
psicoterapia será ́um encontro, um 
ser-com; 
• Nos sonhos, o que se observa é o 
homem total, portanto, a função da 
terapia deve ser abrir novas 
possibilidades estruturais para 
esses processos existenciais 
alterados; 
• O uso dos métodos deve permitir, 
em última instância, o exercício 
da liberdade para que o indivíduo 
utilize suas próprias capacidades 
existenciais; 
• Rollo May – Implicações 
Terapêuticas: 
o Não é a compreensão que se 
orienta pela técnica, mas a 
técnica que acompanha a 
compreensão existencial do 
terapeuta. As técnicas 
existenciais devem ser 
versáteis e flexíveis, 
variando de paciente para 
paciente e de uma fase a 
outra no tratamento com o 
mesmo paciente; 
o O dinamismo psicológico 
interpretável deve assumir 
sempre um sentido a partir 
da situação existencial 
imediata de um paciente. O 
centro desse dinamismo 
psíquico deve ser a 
possibilidade inimputável de 
exercício da liberdade; 
o Ênfase de uma terapia 
existencial reside na 
presença. Isso é, que a 
relação entre paciente e 
terapeuta contemple a 
compreensão e experiência do 
terapeuta o mais próximo 
possível do ser do paciente; 
o Refere-se às formas de 
comportamento que destroem a 
presença. A confrontação 
entre duas pessoas pode ser 
Perspectivas Fenomenológicas Existenciais e Humanistas 
 
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profundamente criadora de 
ansiedade. Nesse sentido, a 
visão técnica de outra 
pessoa pode ser a forma 
terapêutica mais utilizada 
para a redução de ansiedade. 
Contudo, a técnica não deve 
ser uma forma para bloquear 
a presença; 
o Remete-se ao objetivo do 
processo terapêutico. O foco 
de uma terapia existencial é 
de que o paciente 
experimente sua existência 
como real, o que significa 
tornar-se consciente de suas 
potencialidades e estar apto 
para agir com base nelas; 
o Refere-se à importância do 
compromisso existencial do 
paciente. O psicólogo afirma 
que a decisão pela mudança 
precede o conhecimento, o 
que implica afirmar que 
conhecer-se e aumentar o 
número de insights sobre si 
não possui valor sem que se 
tome uma orientação previa 
decisiva para a vida; 
• Para Moss e as 3 fases do processo 
terapêutico existencial: 
o Abertura, o terapeuta tem o 
desafio de sintonizar, de se 
unir e de acompanhar o fluxo 
de experiência do paciente; 
o Fase intermediária, 
terapeuta e paciente seguem 
unidos para um desafio 
duplo, qual seja aceitar a 
vida e o mundo de cada um 
enquanto se apresentam e se 
aprofundam na relação. Nesse 
momento, importa o 
entendimento da realidade 
alheia como o produto das 
escolhas de cada um, mais do 
que todos os fatos 
contingenciais e acidentais; 
o Fase da temporalidade 
terapêutica, paciente e 
terapeuta enfrentam as 
limitações do tempo e da 
situação existencial; 
• Deurzen entende que: 
o Que as pessoas tomem posse 
de sua situação, de seus 
valores e de suas crenças; 
o Negociem o arranjo entre 
crises do passado, presente 
e futuro; 
o Busquem maior autoconfiança; 
o Ampliem suas perspectivas em 
si mesmo e no mundo à sua 
volta; 
o Encontrem clareza sobre o 
seu sentido de vida e como 
podem aprender do passado 
para criar algo no presente; 
o Valorizem um sentido pelo 
que viver; 
o Entendam a si mesmos e aos 
outros da melhor forma e 
achem meios para com 
eficiência se comunicar e 
estar com os outros; 
o Produzam sentido a partir 
dos paradoxos, conflitos e 
dilemas de sua existência. 
Clínica fenomenológica-
existencial no brasil 
• Chegada nos anos 1930; 
• Waclav Radecki (1887-1953) e 
Nilton Campos (1889-1963) 
receberam influências dos textos 
de Husserl; 
• Nilton Campos publicou Psicologia 
da Vida afetiva em 1930; em 1951, 
lança o Método Fenomenológico em 
Psicologia; 
• Em meados da década de 1950, deu-
se a associação entre 
fenomenologia e existencialismo 
nos círculos acadêmicos 
brasileiros; 
• Enzo Azzi (1921-1985), em 1954, 
sobre o tema da atitude

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