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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE DIREITO PÚBLICO - DIPUB DIREITO CONSTITUCIONAL I DOCENTE: ARTUR CORTEZ BONIFÁCIO MARIA EUNICE BERTOLDO FERREIRA VITAL FICHAMENTO DA OBRA: HESSE, Konrad. Livro "A Força Normativa da Constituição". Sergio Antonio Fabris Editor, 1991. NATAL/RN 2022 A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO Capítulo I Para Konrad Hesse (1919 – 2005), em seu primeiro capítulo, sua tese fundamenta-se em discorrer de forma contrária à ideia do também jurista alemão Fernand Lassalle, no qual os Fatores Reais do Poder é que são a constituição real, sendo a constituição escrita uma mera folha de papel. Hesse expõe sua busca, em que se considera com maior prestígio os fatores políticos e sociais têm relevância, mas a Constituição possui força própria, não estando à mercê dos ocorridos políticos e sociais. Por conseguinte, o seu caráter jurídico se faz presente. Hesse trata em sua obra a refutação da assertiva de que a Constituição Jurídica só possui capacidade de regular e de motivar uma vez que seja conciliável com a Constituição Real. Ele acredita que “a Constituição real não significa outra coisa senão a própria negação da Constituição jurídica”, ou seja, “o Direito Constitucional está em contradição com a própria essência da Constituição”. Com isso, Hesse esclarece que a Constituição escrita possui força normativa própria, o mesmo utiliza dessa máxima para dar o título ao seu livro e, assim, discorrer sobre o fundamento, o alcance e as forças determinantes do e para o Direito Constitucional. Capítulo II Na busca de responder aos questionamentos pressupostos no capítulo I de sua obra, Hesse destaca três pontos sobre a problemática: 1. O condicionamento recíproco entre a Constituição jurídica e a realidade político-social; 2. Que ambas têm de ser consideradas, nessa conjuntura, os limites e as possibilidades da atuação da Constituição jurídica; e 3. A investigação dos pressupostos de eficácia da Constituição. 1. No tocante à relação entre a Constituição jurídica e a realidade político-social, Hesse alega que se faz necessário compreender a problemática, não se sujeitando a qualquer um dos lados, mas persistir em busca de uma conceituação que não se refira à dicotomia alude ao pensamento constitucional retrógrado. 2. Por consequência, o autor discorre sobre a dicotomia citada anteriormente e afirma que é necessário estabelecer um equilíbrio entre os dois lados. Hesse aborda que a norma constitucional existe associada à vida real, entretanto a sua vigência está na sua essência, o que quer dizer que a situação que a constituição regula pretende ser concretizada na realidade. De todo modo, Hesse trata que a Constituição obtém força normativa à medida que atinge este requisito de validade jurídica pleiteada no presente. 3. O autor afirma que a Constituição é tanto a expressão do ser quanto do dever ser, não sendo uma mera projeção dos fatores reais de poder. Por conta de sua eficácia, a Constituição tem como função imprimir ordem e conformação à realidade político-social. Ela é determinada e determinante, sendo possível, portanto, distinguir toda e qualquer situação social sobre ambas, mas não podem ser definitivamente separadas ou confundidas. A Constituição jurídica tem significado próprio. Em seguida, o autor traz a síntese de que as origens da vontade da Constituição são: a) a compreensão da necessidade e do valor de uma ordem normativa intransigente, que sirva de amparo contra decisões; b) o entendimento de que essa ordem constituída é mais do que uma ordem legitimada pelos fatos, o que faz com que tal ordem precisa ser constantemente legitimada; e c) essa ordem não conseguirá ser eficaz sem o concurso da vontade humana. O autor acredita que, para que a constituição exerça melhor seu poder normativo, seu conteúdo deve não apenas se adequar à singularidade do presente, ou seja, "integrar-se ao espírito dos tempos", mas também ao espírito da temporalidade. Pode ser adaptado a quaisquer alterações condicionais. Portanto, deve ter poucos princípios básicos. Além disso, para manter seu poder normativo, a constituição deve incorporar, mediante cuidadosa consideração, partes de estruturas opostas: direitos e deveres; divisão e concentração de poderes. Urge considerar, além do seu conteúdo, a prática de seu poder normativo, neste caso, a vontade de constituição. Em consequência disso, é preciso atentar para se há grande necessidade de reforma constitucional, para não dar demasiada atenção às questões fáticas e prejudicar a ordem normativa vigente, ao passo que também é necessário a interpretação construtiva da norma passível de ruptura ou não. Capítulo III A eficácia dessa força normativa depende do grau de crença na inviolabilidade (vontade de constituição) da própria constituição. Quanto mais forte for a vontade da constituição, menos evidentes serão as restrições e limitações ao poder das normas constitucionais. No entanto, a vontade da Constituição não pode suprimir essas restrições, e a Constituição deve cumpri-las. Portanto, a Constituição não é um simples pedaço de papel, como afirma Lasalle. Em caso de conflito, a Constituição não é necessariamente vista como a parte mais fraca. Há pressupostos alcançáveis de que a validade normativa da constituição é assegurada mesmo em caso de confronto. Somente quando essas premissas não puderem ser satisfeitas, a questão constitucional como questão jurídica será transformada em questão de poder. O poder normativo da constituição não está garantido no plano, e lhe é atribuída uma missão que só pode ser bem cumprida sob certas condições. A Constituição tem a responsabilidade de fortalecer, despertar e manter a vontade da Constituição, que é, sem dúvida, a maior garantia de seu poder normativo. Capítulo IV A resposta à indagação se o futuro de um Estado é uma questão de poder ou um problema jurídico a depender da preservação e do fortalecimento da força normativa da Constituição persiste na discussão. De tudo quanto exposto neste texto, a tese de Hesse acerca da força normativa da Constituição é de grande importância para a manutenção da segurança jurídica e da estabilidade das relações sociais, haja vista que possui força ativa para também influenciar o acontecimento das ações. Ora, caso a Constituição fosse um mero reflexo das forças de poder da sociedade, estaríamos sempre à mercê de determinados grupos alheios ao prosseguimento da sociedade. .
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