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QUESTÕES NORMA PENAL NO TEMPO - DIREITO PENAL

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1) Qual é a fonte material do Direito Penal?
A fonte material do Direito Penal é o Estado, que delimita quem pode criar normas penais.
2) Quais são as fontes formais? O que sabe sobre elas?
As fontes formais se dividem em:
Imediata - a lei, conforme art. 5°, inc. XXXIX da CF e art. 1° do CP.
Mediata - costumes, princípios gerais e analogia.
Crimes só são criados por fontes imediatas, sendo as mediatas somente um norte para tal.
3) Quais são as características principais da lei penal?
As principais características da lei penal são:
Imperatividade: Imposta a todos independentemente da vontade do indivíduo. -
Generalidade: A Norma Penal se dirige a todos em igual situação. - Exclusividade: Somente
a ela cabe a tarefa de definir infrações penais.
Abstratividade / Impessoalidade: Decorre de um denominador comum para o maior
número possível de casos (Art. 121 CP - “Matar alguém”, não importa o tipo de morte,
matar alguém é um crime. Diferente de “Matar alguém com faca de cozinha”, seria um caso
específico). É impessoal, elaborada para punir acontecimentos futuros e não a uma pessoa
determinada.
4) Qual é o preceito primário de uma lei penal? E o secundário?
O preceito primário de uma lei penal são as normas incriminadoras, que cuidam dos crimes
e das penas, descrevendo as condutas proibidas. Já o preceito secundário diz respeito à
norma não-incriminadora, que subdivide-se em explicativa ou complementar, quando
fornece parâmetros para a aplicação de outras normas, e permissiva quando aumenta o
âmbito de licitude da conduta. Ex: Lei explicativa ou complementar, que cuida de alguma
causa justificante e exclui a antijuridicidade: Legítima defesa e Estado de Necessidade; Ex:
Lei permissiva, que autoriza uma conduta (aborto em caso de estupro);
5) O que é o caput de um artigo?
Caput é a parte inicial de um artigo de lei quando o mesmo possui incisos e/ou parágrafos.
6) Cite exemplos de métodos de interpretação da lei penal.
Existem diversos métodos para a interpretação da lei penal.
Interpretação quanto ao sujeito;
- Autêntica (legislativa): fornecida pela própria lei. Exemplo, o artigo 327 do Código Penal dá
o conceito de Funcionário Público.
- Doutrinária ou científica: feita por estudiosos, como os livros de doutrinas.
- Jurisprudencial: significado dado pelos tribunais.
Interpretação quanto ao modo;
- Gramatical: sentido liberal das palavras.
- Teleológico: se observa a intenção objetivada na lei.
- Sistemática: interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais
do direito.
- Progressiva: Busca o significado legal de acordo com o progresso da ciência.
Interpretação quanto ao resultado;
- Declarativa: Aquela que a letra da Lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis
dizer, nada suprimindo, nada adicionando.
- Restritiva: A interpretação reduz o alcance das palavras da Lei para corresponder a vontade
do texto.
- Extensiva: Amplia-se o alcance das palavras para que corresponda à vontade do texto.
7) O que é a revogação de uma lei e como pode ser seu alcance?
A revogação ocorre quando uma lei deixa de existir quando uma lei nova conflitante é
criada. Pode se dar de forma tácita ou expressa, e ainda ser uma derrogação (quando
somente uma parte da lei é revogada) ou abrrogação (a lei inteira é revogada).
8) O que são princípios?
Os princípios, no âmbito do Direito Penal, exercem função de “limitadores” do poder
Estatal. Eles servem para garantir que seja feita justiça e não vingança.
9) Você saberia dar exemplos de princípios?
Temos o princípio da legalidade, que nos dá garantia de que somente atos cometidos após a
entrada em vigor da lei serão punidos pela mesma. Outro exemplo é o princípio da
proporcionalidade, que nos diz garante que o réu seja julgado de forma justa, sem
intervenções excessivas ou desnecessárias por parte do Estado.
10) Explique o Princípio da Dignidade Humana.
O princípio da dignidade humana nos dá segurança de que o Estado cumprirá o papel de
punição do réu dentro dos parâmetros da justiça e não de vingança. Este princípio é grande
importância nos dias atuais, onde há grande comoção popular e linchamento virtual por
parte da população. Ninguém será punido de forma cruel e desumana, visando proteger a
integridade física, psíquica e moral.
11) O que é o Princípio da Legalidade e quais são os seus desdobramentos?
O princípio da legalidade nos dá garantia de que somente atos previstos em lei serão
condenados. Sendo assim, uma ação feita hoje não será punida criminalmente por uma lei
criada amanhã. Art. 1°, CC: Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal;
Tem como desdobramentos:
- Princípio da reserva legal: somente a lei em sentido estrito, ou seja, elaborada
diretamente pelo Poder Legislativo, sendo ela lei ordinária ou até mesmo uma lei
complementar, poderá definir quais são as condutas consideradas criminosas e
elencar qual será sua pena caso ela seja praticada.
- Princípio da anterioridade da lei penal: após a edição de uma lei, ela apenas deve
ser aplicada em fatos ocorridos posteriormente a sua vigência, não incidindo em
condutas preteridas, exceto quando favorecer de alguma forma o infrator.
12)O que é uma norma penal incriminadora? Ex.
Norma penal incriminadora é aquela que cuida do crime e da pena, estabelecendo as
infrações e fixando as respectivas penas. Ex: “Art. 121. Matar alguém”
13)O que é uma norma penal não incriminadora? Ex.
A norma penal não incriminadora é aquela que estabelece regras gerais de interpretação e
aplicação das normas incriminadoras. Subdivide-se em explicativa ou complementar,
quando fornece parâmetros para a aplicação de outras normas, e permissiva quando
aumenta o âmbito de licitude da conduta. Ex: Lei explicativa ou complementar, que cuida de
alguma causa justificante e exclui a antijuridicidade: Legítima defesa e Estado de
Necessidade; Ex: Lei permissiva, que autoriza uma conduta (aborto em caso de estupro);
14)O que é norma penal em branco?
Norma penal em branco é aquela que precisa de complemento de outro dispositivo
normativo, pois o preceito primário se apresenta incompleto. Exemplo: o art. 237 do CP
pune a conduta daquele que contrai casamento tendo ciência da existência de
impedimento que lhe cause nulidade absoluta, sendo que tais nulidades não são definidas
pelo Código Penal, mas constam do Código Civil.“.
15)Qual é a regra geral para resolver o conflito de leis penais no tempo?
A regra geral de resolução de conflitos de leis penais é a utilização do princípio da atividade.
Ou seja, a lei utilizada para punir tal conduta será a vigente no tempo em que ocorreu o
fato. Todavia, existem casos em que se usa a Extratividade, onde a lei é retroativa ou
ultrativa em benefício do réu.
16) Como se resolvem os conflitos de leis penais no tempo quando o fato foi praticado na
vigência de lei anterior nestas hipóteses: Novatio legis incriminadora? Lex gravior?
Abolitio criminis? Lex Mitior (ou novatio legis in mellius)?
Novatio legis incriminadora: a lei anterior (revogada) será ultrativa em benefício do réu.
Lex gravior: a lei anterior (revogada) será ultrativa em benefício do réu.
Abolitio criminis: a lei nova irá retroagir em benefício do réu.
Lex Mitior: a lei nova irá retroagir em benefício do réu.
17) Diferença entre abolitio criminis e princípio da continuidade delitiva? Dê exemplo.
Abolitio criminis é quando a lei é retirada do ordenamento jurídico, não mais incriminando
tal conduta. Exemplo crime de adultério. O princípio da continuidade normativo-típica, por
sua vez, significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém com o
deslocamento para outro tipo penal. Exemplo a Lei 12.015/2009, ao revogar o art. 214 do
CP, não promoveu a descriminalização do atentado violento ao pudor (não houve abolitio
criminis). Ocorreu, no caso, a continuidade normativo-típica, considerando que a nova Lei
inseriu a mesma conduta no art. 213. Houve, então, apenas uma mudança no local onde o
delito era previsto, mantendo-se, contudo, a previsão de que essaconduta se trata de
crime.
18) Qual é o juízo competente para aplicar a lei mais benéfica ou a abolitio criminis?
Ocorrendo abolitio criminis após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória,
caberá à vara de execuções penais competente, mediante revisão criminal, conhecer e
aplicar a lei mais benéfica. A competência para aplicar a lei penal mais benéfica é do Juiz de
Execuções Penais.
19)Qual é o tempo do crime para a Teoria da Atividade?
O tempo do crime para a teoria da atividade é o momento do ato ou omissão, utilizando-se
da lei vigente para tratar do fato.
20)O que é lei temporária? Ex.
Leis temporárias são aquelas criadas já com “prazo de validade”, quando na criação da lei já
se tem a data de revogação da mesma. Um exemplo foi a lei geral da copa.
21)O que é lei excepcional? Ex.
Leis excepcionais são aquelas criadas em casos especiais, como em pandemias, apagões,
secas, etc. O que difere das leis temporárias é que, apesar de ser revogada com o fim da
causa que suscitou a criação da lei, não se pode saber quando o quadro irá normalizar. Um
exemplo é a lei do covid.
22)O que é conflito aparente de leis penais?
O conflito aparente de leis penais se dá quando há duas ou mais leis tratando do mesmo
crime, ambas em estado de vigência.
23) Como se resolve o conflito aparente de leis penais utilizando os princípios da Especialidade,
Subsidiariedade e Consunção?
Princípio da especialidade: a lei especial prevalece sobre a lei geral. Ex: O homicídio culposo
de trânsito, previsto no art. 302 do CTB, é especial em relação ao homicídio culposo do CP
(art. 121, § 3º).
Subsidiariedade: Quando distintos os graus de ofensa previstos em diferentes normas
penais, mas referidos ao mesmo bem jurídico, pode-se aplicar o princípio da
subsidiariedade;
Consunção: o agente, para satisfazer sua intenção criminosa, pratica dois ou mais crimes,
estabelecendo entre os mesmo uma relação de meio e fim, isto é, para alcançar aquele
intento, ele utiliza um outro tipo penal. O crime fim absorve o crime meio.
24)Qual é a lei utilizada para os casos de crime continuado e crime permanente?
Nestes casos se utiliza a súmula 711 do STF, que diz: “A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE
AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À
CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.”.
25) Qual a diferença entre conflito de leis no tempo, conflito aparente de leis penais e
concurso de crime?
Quando há conflito de leis do tempo, significa que existe uma lei nova e uma lei revogada
tratando sobre o mesmo assunto. Neste caso, a regra geral é o uso do princípio da
atividade, podendo ainda se usar a extratividade em certos casos (em benefício do réu). Já
no conflito aparente de leis penais, ambas leis conflitantes encontram- se em vigência.
Neste caso usa-se a lei especial para tratar do caso. Concurso de crime é quando o agente,
por mais condutas (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes (idênticos ou não).

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