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Tratamento de Fraturas com Falha Óssea na Mão

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Rev Bras Ortop _ Vol. 32, Nº 6 – Junho, 1997 459
TRATAMENTO DAS FRATURAS COM FALHA ÓSSEA DOS OSSOS DA MÃO PELO MÉTODO DE ILIZAROV
Tratamento das fraturas com falha óssea dos
ossos da mão pelo método de Ilizarov
Relato de caso*
MARCELO T. MERCADANTE1, ARMANDO A.A. TEIXEIRA2, MARCELO FREGONEZE2,
MARCOS R. MAIOCHI3, ROBERTO A.L. SANTIN4
* Trab. realiz. no Dep. de Ortop. e Traumatol. da Santa Casa de São Paulo.
1. Chefe do Grupo de Trauma.
2. Assistente do Grupo de Trauma.
3. Estagiário do Grupo de Trauma.
4. Professor Consultor do Grupo de Trauma.
da fixação externa associado ao transporte ósseo, utilizando-
se de diferentes técnicas, tem sido relatado com freqüência
na literatura nacional e estrangeira. As mãos também são en-
volvidas em traumas de alta energia, geralmente provenien-
tes de acidentes do trabalho, mas não se encontram relatos
do uso daquelas técnicas e meios de osteossíntese, como tra-
tamento para as perdas ósseas.
A indicação do uso da metódica de Ilizarov veio da expe-
riência vivida pelo Grupo de Trauma – Departamento de Or-
topedia e Traumatologia da Santa Casa de São Paulo – com
o tratamento pelo transporte ósseo, das falhas segmentares
dos ossos tubulares pequenos como as falanges.
DESCRIÇÃO DO CASO
No dia 26 de setembro de 1996, PSS, 24 anos, masculino,
branco, trabalhador braçal (metalúrgico), destro, sofreu aci-
dente com prensa hidráulica. A lesão mais extensa localiza-
va-se no quinto dedo da mão direita. Ocorrera perda cutânea
por ferimento lácero-contuso dorsal, medindo 8 x 2 cm e
lesão do tendão extensor. Ao exame da profundidade da le-
são evidenciava-se perda de: metade distal da falange proxi-
mal, articulação interfalângica proximal e cominuição da me-
tade proximal da falange média. Havia outros ferimentos cor-
tantes em ambos os membros superiores, mas que se limita-
vam à pele e subcutâneo.
O exame neurológico e vascular de todos os dedos era
normal.
Na emergência foi realizado desbridamento cirúrgico do
ferimento e estabilização dos fragmentos com fixador exter-
no, monolateral, com pinos de Schanz de 2,7mm de diâme-
tro (fig. 1). Esse tratamento inicial foi mantido por duas se-
manas, quando as partes moles estavam sem sinais de infec-
ção e recobertas por tecido de granulação.
RESUMO
As lesões músculo-esqueléticas ocasionadas por trau-
matismos de alta energia têm sido mais e mais freqüentes
no nosso meio. Essas lesões possuem como característica
a extensa perda tecidual. Neste trabalho é apresentado o
tratamento com transporte ósseo, por meio do método de
Ilizarov, para a perda óssea segmentar da metade distal
da falange proximal, da articulação interfalangiana pro-
ximal e da metade proximal da falange média do quinto
dedo da mão de um paciente, vítima de acidente do traba-
lho.
SUMMARY
Treatment of hand fractures with bone loss using Ilizarov’s
method. Report of a case
High energy trauma has become frequent, causing inju-
ries which usually present extensive tissue loss. This paper
presents osseous transportation with the Ilizarov apparatus
to treat a fifth finger open fracture with bone loss.
INTRODUÇÃO
As lesões determinadas por traumatismos de alta energia
têm sido mais habituais em nosso meio. Essas lesões carac-
terizam-se por perdas teciduais extensas, incluindo segmen-
tos ósseos. Nas lesões localizadas nos membros inferiores, o
acidente viário é o agente etiológico mais freqüente. O uso
M.T. MERCADANTE, A.A.A. TEIXEIRA, M. FREGONEZE, M.R. MAIOCHI & R.A.L. SANTIN
460 Rev Bras Ortop _ Vol. 32, Nº 6 – Junho, 1997
Fig. 1
Fig. 2 – Ilizarov, G.A.(3)
Fig. 3
O transporte no sentido distal para proximal foi feito com
a velocidade de 1mm ao dia, dividido em três sessões. Após
seis semanas, o transporte de 4,5cm estava completo e radio-
graficamente evidenciava-se regenerado de qualidade ade-
quada.
Com 12 semanas do início do tratamento ainda não havia
a consolidação entre o fragmento remanescente da falange
proximal e o transportado. Optamos pela adição de enxerto
ósseo autólogo. A pele havia cicatrizado por segunda inten-
ção.
Após quatro semanas (20 semanas do acidente) constata-
mos a consolidação óssea, sendo retirado o fixador externo
(fig. 4).
Em abril de 1997, cinco meses após o término do trata-
mento, PSS desempenhava as atividades profissionais pré-
vias ao acidente, sem queixas. A mobilidade da metacarpo-
falângica é de 90 graus de flexão, 20 de extensão; flexão de
30 graus na artrodese interfalângica proximal e 15 graus de
flexão da interfalângica distal, rígida e indolor após anquilo-
se, que identificamos como pós-traumática (figs. 5, 6 e 7).
DISCUSSÃO
O transporte ósseo com uso do fixador externo de Ilizarov
para ossos como tíbia e fêmur constitui recurso habitual no
tratamento das fraturas e pseudartroses por falha óssea. Não
é habitual o relato do uso desta técnica no tratamento das
Nessa ocasião havia necessidade de buscar solução para a
falha óssea e foi indicado o uso do fixador de Ilizarov para
transporte ósseo do fragmento fraturado da falange média,
de distal para proximal.
MATERIAL E TÉCNICA
Para realização do transporte ósseo, usamos a montagem
preconizada por Ilizarov para os ossos pequenos. Os compo-
nentes do fixador são os mesmos, com suas dimensões redu-
zidas. Alguns elementos são adicionados, como porcas com
bloqueio e luvas, que permitem o deslizamento do conjunto
pelas hastes rosqueadas (fig. 2).
Os fios utilizados são os lisos, de 1,5mm de diâmetro. Não
são transfixados pelo segmento, mas passados pelas duas cor-
ticais e ancorados na contralateral. Para fixá-los ao aparelho,
são dobrados em 90 graus, à distância aproximada de 2cm da
emergência da pele. Os fios são então fixados à haste ros-
queada, utilizando arruelas sulcadas prensadas por porcas.
Dessa maneira, é possível instalar a quantidade de fios ne-
cessária para a estabilização dos fragmentos ósseos (fig. 2).
Nesse paciente foram utilizados três fios no fragmento pro-
ximal, dois no fraturário e dois na falange média (fig. 3).
Rev Bras Ortop _ Vol. 32, Nº 6 – Junho, 1997 461
TRATAMENTO DAS FRATURAS COM FALHA ÓSSEA DOS OSSOS DA MÃO PELO MÉTODO DE ILIZAROV
Fig. 4
falhas ósseas nos ossos tubulares da mão. Nesse paciente uti-
lizamos a metódica de Ilizarov para o tratamento, baseados
na experiência prévia com transporte nos ossos longos.
O tratamento das falhas ósseas pelo método de Papineau
também é possível. Ocorre que nas perdas maiores que 3cm,
com freqüência existe necessidade de múltiplos procedimen-
tos cirúrgicos, seja por reabsorção do enxerto ósseo livre,
seja por falta de consolidação das extremidades ósseas.
A amputação seria uma solução menos trabalhosa como
tratamento, mas mutilante e, portanto, indesejável por mui-
tos pacientes. Devemos considerar, ainda, que condição se-
melhante ocorre com o polegar, ou outros dedos associada-
mente, quando a incapacidade determinada pela amputação
é sabidamente maior.
O transporte ósseo deve ser lembrado como alternativa para
casos de falha óssea nas mãos gravemente traumatizadas. A
técnica cirúrgica não é diferente da amplamente empregada
em outros segmentos corpóreos.
Fig. 6
REFERÊNCIAS
1. Alonso, J.E. & Regazzoni, P.: Uso do conceito de Ilizarov com o fixador
tubular AO/ASIF no tratamento de defeitos ósseos segmentares. Clin
Orthop Am Norte 21: 655-665, 1990.
2. Green, S.A.: Skeletal defects. A comparison of bone grafting and bone
transport for segmental skeletal defects. Clin Orthop 30: 111-117, 1994.
3. Ilizarov, G.A.: Transosseous osteosynthesys: theorical and clinical as-
pects of the regeneration and growth of tissue, Berlin, Springer, 1992.
4. Jupiter, J.B., Kour, A.K., Palumbo, M.D. et al: Limb reconstruction by
free-tissue transfer combined with the Ilizarov method. Plast Reconstr
Surg 88: 944-951, 1991.
5. Marsh, J.L., Prokuski, L. & Biermann, J.S.:Chronic infected tibial non-
unions with bone loss: conventional techniques versus bone transport.
Clin Orthop 301: 139-146, 1994.
6. Papineau, L.J.: L’éxcision – greffe avec fermeture retardeé délibérée dans
l’ostéomyiélite chronique. Presse Med 2: 2753-2755, 1973.
Fig. 7
Fig. 5

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