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GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA Professora Me. Adriana Salvaterra Pasquini Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza Professora Me. Priscila Viviane de Souza Filipim GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PASQUINI, Adriana Salvaterra; SOUZA, Marcia Maria Previato de; FILIPIM, Priscila Viviane de Souza. Gestão Escolar e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica. Adriana Salvaterra Pasquini; Marcia Maria Previato de Souza; Priscila Viviane de Souza Filipim. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2018. 162 p. “Graduação - EaD”. 1. Gestão. 2. Organização. 3. Pedagógico. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0277-5 CDD - 22 ed. 378 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Marcia Maria Previato de Souza Qualidade Editorial e Textual Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Thomas Hudson Costa Revisão Textual Yara Martins Dias e Gabriel Bruno Martins Ilustração Bruno Cesar Pardinho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professora Me. Adriana Salvaterra Pasquini Graduada em pedagogia pela Fundação Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Paranavaí FAFIPA (1996), Especialista em Psicopedagogia (1999) e em Pesquisa Educacional (2004), pela Universidade Estadual de Maringá- UEM, Mestre em Educação (2009) pela UEM e doutoranda em Educação na Universidade Estadual de Maringá - UEM. É professora da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR / Campus Apucarana, nas áreas de Historiografia da Educação e Gestão Escolar. Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Especialista em Educação a Distância: Tutoria, Metodologia e Aprendizagem pela Sociedade de Educação Continuada - Educon. Especialista em Docência no Ensino Superior pelo Centro Universitário de Maringá - UniCesumar; Especialista em Gestão Educacional: Administração, Supervisão e Orientação pelo Centro Universitário de Maringá - UniCesumar e Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. No Centro Universitário de Maringá - UniCesumar, atua como Coordenadora Pedagógica do curso de Graduação em Pedagogia. Atua também na modalidade a distância como professora formadora da disciplina de Metodologia da Alfabetização desde 2007 e professora da pós-graduação nas disciplinas de Metodologia do Ensino e Fundamentos Históricos da Educação a Distância: Políticas e Práticas de EAD no Brasil, na mesma Instituição. A U TO RE S Professora Me. Priscila Viviane de Souza Filipim Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário de Maringá - UniCesumar, especialista em Gestão Educacional pelo Instituto Paranaense de Ensino e mestre em História e Historiografia da Educação pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Professora, desde 2006, da rede municipal de Maringá. Em 2009 passou a integrar o quadro da secretaria de educação - SEDUC, atuando como Assessora Pedagógicados Centros Municipais de Educação Infantil (C.M.E.I s) no qual encontra-se até hoje (2016). Atuou, também, como membro do Conselho Municipal da Educação do Município de Maringá nos anos 2009 à 2012. Em 2013 lecionou no Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) na UEM e, em 2014, assumiu algumas disciplinas no curso de Pedagogia - Educação a Distância (EAD), no Unicesumar. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) acadêmico(a), é com muito prazer que apresentamos o livro Gestão Escolar e Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica. Ao apresentá-lo, espera- mos que você conheça de modo claro e objetivo os caminhos que norteiam a Gestão Democrática. Almejamos, também, que você reflita sobre a práxis pedagógica dos pro- fissionais que atuam no campo educacional, compreendendo assim, os aspectos que embasam uma educação de qualidade e emancipatória. Ao escrevermos este livro, não tínhamos como foco a escrita de um “passo a passo” ou de uma “receita pronta” que envolvesse a Gestão Escolar e a Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Básica. No entanto, propusemo-nos trazer à tona algumas pro- vocações que pudessem fazer você compreender melhor o contexto escolar, sobretudo, o universo do gestor educacional. Assim, o referido livro foi organizado de modo especial a todos os acadêmicos do curso de Pedagogia que, no nosso entendimento, têm buscado com excelência compreender os desafios da gestão escolar. Posto isso, gostaríamos de esclarecer que os conteúdos aqui apresentados não serão apenas para aqueles que ocupam ou que pretendem ocu- par um cargo de direção ou vice-direção, mas para todos os profissionais que, na fun- ção de pedagogo, são chamados para realizar um trabalho coletivo. Estamos falando do gestor/diretor, do coordenador pedagógico e dos demais profissionais que atuam diretamente com os alunos em sala de aula, ou seja, professores, educadores, auxiliares educacionais, entre outras nomenclaturas. Agora, é chegada a hora de apresentarmos o livro. Este é composto por cinco unidades que darão sustentação para a presente discussão. As unidades são intituladas da seguin- te maneira: A primeira unidade, “Contextualização histórica da Gestão Escolar no Brasil”, aborda- rá a trajetória da gestão escolar em nosso país, bem como a atuação do pedagogo em diferentes períodos históricos e a influência neoliberal na Reforma de Ensino. Já a segunda unidade, “Fundamentos e instrumentos de consolidação da Gestão Democrática”, aprofundará nas bases legais que norteiam a gestão e a educação no território brasileiro, bem como as instâncias colegiadas que efetivam a participação da comunidade escolar, ou seja, dos pais/responsáveis, profissionais da educação e demais membros da sociedade que visam à melhoria educacional. Na terceira unidade, “A construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico - PPP”, você terá a percepção do quão é importante a atuação da equipe diretiva no trabalho coletivo. Nessa unidade, você poderá conhecer os Fundamentos Teóricos do Projeto Político-Peda- gógico (PPP) e os elementos que o compõem, bem como a forma de (re) elaborá-lo. Na quarta unidade, “Planejamento e trabalho coletivo”, você terá a chance de se apro- fundar sobre a função da escola na sociedade contemporânea e no planejamento esco- lar enquanto instrumento de ratificação do ensino e aprendizagem. Também, conhece- rá as dimensões do Planejamento Educacional – que é composto pelo Planejamento no APRESENTAÇÃO GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA APRESENTAÇÃO âmbito dos Sistemas e Redes de ensino, Planejamento no âmbito das Unidades Escola- res e Planejamento no âmbito do Ensino. A quinta e última unidade, denominada “Gestão escolar e os processos de avaliação”, retratará a relação entre a qualidade educacional e os processos de avaliação que são instrumentos de democratização do conhecimento científico. Nesta unidade, tivemos a pretensão de apresentar a você as especificidades dos processos da avaliação institucio- nal, isto é, do Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB. Assunto este que você precisa saber em razão de sua profissão docente. Finalizando esta parte introdutória, gostaríamos de apresentar a você uma proposta de estudo para auxiliá-lo na apropriação dos temas discutidos em cada unidade deste livro, sendo: • Sistematize um plano de estudo e registre em uma agenda a(s) sua(s) meta(s) e os prazos para sua efetivação. • Procure um ambiente adequado para sua leitura, ou seja, sem barulhos ou demais interferências. • Tenha sempre em mãos um caderno e uma caneta para registrar suas impressões sobre o texto/capítulo lido. • Procure esclarecer a(s) dúvida(s) em relação ao conteúdo ou algum termo desco- nhecido logo após a(s) leitura(s). Se deixar para outro momento, a dúvida pode não ter mais sentido e você acabará por não pesquisá-la. • Finalmente, depois de concluída a leitura, escreva um parecer pessoal sobre o mate- rial estudado, isto é, quanto à relevância do(s) tema(s) explorado(s) e do seu apren- dizado. Agora, vamos lá! Inicie sua leitura e tenha um ótimo estudo! SUMÁRIO 09 UNIDADE I CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL 15 Introdução 16 A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos 22 A Influência Neoliberal na Reforma de Ensino da Década de 1990 25 A Gestão Democrática no Cotidiano Escolar 31 Considerações Finais UNIDADE II FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA 39 Introdução 40 Fundamentos Teóricos e Legais da Gestão Democrática 43 Gestão Democrática: Elementos Básicos que a Compõe 46 A Importância das Instâncias Colegiadas em uma Gestão Democrática 49 As Instâncias Colegiadas e suas Especificidades 65 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 71 Introdução 72 A Atuação da Equipe Diretiva Frente ao Trabalho Coletivo 77 Fundamentos Teóricos do Projeto Político-Pedagógico 82 Os Elementos que Compõem o PPP 85 Orientações Para (Re) Elaboração Do PPP 94 A Elaboração do Projeto Político-Pedagógico 98 Considerações Finais UNIDADE IV PLANEJAMENTO E TRABALHO COLETIVO 105 Introdução 106 O Foco e a Função da Escola na Sociedade Contemporânea 110 O Planejamento Escolar Enquanto Instrumento de Ratificação do Ensino e da Aprendizagem 117 As Dimensões do Planejamento Educacional 120 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V GESTÃO ESCOLAR E OS PROCESSOS DE AVALIAÇÃO 127 Introdução 128 As Relações Existentes Entre a Qualidade Educacional e o Processo de Avaliação 132 Breve Resgate Histórico Sobre o Ato de Avaliar 134 As Especificidades do Processo de Avaliação Institucional 142 O Processo de Avaliação Enquanto Instrumento de Democratização do Conhecimento Científico 143 Considerações Finais 149 CONCLUSÃO 151 REFERÊNCIAS 157 GABARITO U N ID A D E I Professora Me. Adriana Salvaterra Pasquini Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza Professora Me. Priscila Viviane de Souza Filipim CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer o percurso histórico da Gestão Escolar no Brasil. ■ Compreender que as estruturas educacionais não são naturalmente postas, mas historicamente construídas. ■ Analisar o papel da Gestão Escolar. ■ Estabelecer relação entre o papel da escola e o mundo do trabalho. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ A atuação do pedagogo em diferentes períodos históricos ■ A influência Neoliberal na Reforma de Ensino da década de 1990 ■ A Gestão Democrática no cotidiano escolar INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a),nesta primeira unidade, você fará um estudo que, no nosso entendimento, é de extrema importância para a compreensão do papel do gestor escolar na contemporaneidade. No entanto, antes de iniciarmos essa discussão, gostaríamos de esclarecer a você que as relações postas no campo educacional não surgiram “do nada” e nem sempre foram como são hoje. Elas foram cons- truídas historicamente pela humanidade. Assim, o grande desafio desta unidade é o de resgatar brevemente o contexto histórico da Gestão Escolar no Brasil, bem como refletir sobre os conceitos que fundamentam tal proposta de estudo. Vale destacar que as discussões apresentadas neste capítulo serão embasa- das em duas vertentes, sendo: a atuação do pedagogo enquanto gestor escolar e a função do pedagogo como gestor, diretamente relacionado às exigências do processo de reestruturação produtiva do capitalismo. Já a periodização para tra- tar de tais assuntos será a partir da década de 1960, sobretudo com a instalação do Regime Militar, até os dias atuais. Posto isso, e pensando na ação que a edu- cação pode exercer para melhoria da sociedade brasileira, que consideramos de suma importância iniciarmos pela atuação do pedagogo em diferentes perío- dos históricos. Pedagogo este que articula as condições históricas postas com a sua fun- ção por meio de práticas coletivas do planejamento institucional; que direciona e organiza todo o contexto escolar, ou seja, sujeito que tem a missão de condu- zir, da melhor forma possível, o dia a dia de uma instituição, pensando sempre na qualidade do processo ensino-aprendizagem. Em outras palavras, não vamos proferir somente ao gestor/diretor de uma instituição escolar, mas a todos os pedagogos que lutam por uma educação mais justa e democrática, sendo eles: diretores, coordenadores pedagógicos (supervisor e orientador), professores, edu- cadores, auxiliares educacionais, auxiliares de creche, entre outras nomenclaturas. Então, vamos lá! Boa leitura a todos. 15 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ©shutterstock CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO EM DIFERENTES PERÍODOS HISTÓRICOS Para iniciarmos a discussão sobre a função do pedagogo como gestor diretamente ligado às exigências do capitalismo, devemos ter claro como a gestão sofreu, e sofre, influências do mundo do trabalho. Desse modo, é de suma importância que façamos um breve resgate histórico para acompanharmos essa trajetória. Vejamos: Foi no período posterior a 1964 que a formação do pedagogo ganhou des- taque. Até então, preceituava a hierarquização das funções como administração, supervisão, planejamento e inspeção escolar, uma vez que, sob a égide da Reforma Universitária (Lei nº 5540/68), as disciplinas profissionalizantes passaram a abran- ger as seguintes habilitações para o curso de graduação, sendo: Magistério das disciplinas pedagógicas de (2°) Grau, Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar. Dessa forma, a atuação do peda- gogo consistia em dar direção e controle no processo escolar. Em outras palavras, imperava o autoritarismo, a estrutura verticalizada, a falta de diálogo entre os profissionais que lecionavam em uma mesma instituição, entre tantos outros quesitos que caracterizavam o Regime Militar. O contexto acima só é passível de compreensão se “olharmos”, mesmo que bre- vemente, para as condições históricas que o determinam. Basta observarmos o modelo de produção taylorista/for- dista que influenciou – e muito o campo educacional, pois do mesmo modo que se exigia dos operários nas fábri- cas e/ou indústrias, exigia-se dos professores nas escolas. “A escola foi eleita pelos militares como instrumento de manutenção da ordem no país.” 17 A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O modelo em questão era pautado na padronização do método de trabalho e das ferramentas utilizadas, sendo sua finalidade atender às demandas da educa- ção de trabalhadores e dirigentes a partir de uma clara definição de limites entre ações intelectuais e instrumentais, determinando as atribuições de cada um no processo. Assim, o taylorismo/fordismo buscava eliminar o desperdício, ou seja, quanto mais proveito se tivesse dos recursos (redução dos custos de produção) e do tempo, mais lucro o proprietário da fábrica e/ou indústria teria. O mesmo acontecia nas instituições escolares, haja vista que a valorização não estava na qualidade do trabalho ofertado e sim na quantidade das atividades passadas aos profissionais que, consequentemente, repassavam aos alunos. Outro aspecto marcante do taylorismo/fordismo foi a fiscalização sobre a ociosidade operária. Em outras palavras, os operários eram supervisionados e controlados diariamente. O que acontecia, também, nas escolas. Como exemplo desse momento histórico, podemos mencionar as “janelinhas” de vidro que exis- tiam nas portas das salas de aula para que o supervisor passasse e observasse se o profissional estava ou não trabalhando, isto é, dando o conteúdo, explicando a lição etc. Reiteramos que até hoje existem essas “janelinhas” nas portas das salas, mas o foco do pedagogo deve ser outro, ou seja, ele tem a função de mediar, auxi- liar e conduzir os docentes em suas práxis pedagógicas – além, é claro, de envolver toda a comunidade escolar na luta por uma educação de qualidade. Vale destacar que o taylorismo ocorreu no fim do século XIX e início do século XX. Esse era denominado, também, de Teoria da Administração Científica, sendo seu idealizador o americano Frederick Winslow Taylor. Essa teoria tinha o intuito de aplicar a ciência à administração, com o objetivo de garantir uma melhor relação custo/benefício aos sistemas produtivos das empresas da época. Já Ford, a partir da racionalização da produção, idealizou e efetivou a linha de montagem como, por exemplo, a esteira mecânica. Esta lhe permitiu a produ- ção em série, processo no qual se produz em grande escala. Em suma, em uma sociedade dividida em classes, as relações sociais eram de extrema exploração. Posto isso, destacamos que a produção naquele momento centrava-se no grande número de trabalhadores que eram marcados pela divisão do traba- lho, mecanização da produção, estrutura hierarquizada verticalmente e distinta em níveis operacionais de direção, planejamento, supervisão e execução. ©shutterstock CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I E mais, o objetivo principal desse modo era a produção em massa, atendendo relativamente às demandas homogêneas, com tecnologia estável e processos de produção eletromecânica1. De modo geral, nesse período, não havia espaço sig- nificativo para mudanças, nem para a participação criativa dos trabalhadores – o que se mandava fazer/executar deveria ser feito, sem argumentações, sugestões etc. Essa base produtiva, por sua vez, deu origem a tendências pedagógicas que privilegiaram tanto a racionalidade formal quanto a técnica, caracterizando o conservadorismo das escolas tradicional, nova e tecnicista, fundamentadas pela dicotomia do fazer/técnica X pensar/intelectual. Tal organização produziu, então, a separação do trabalho intelectual e braçal, planejamento e execução. Destacamos ainda que, nessa época, prevaleciao termo administrador e não gestor escolar. Para compreensão do momento explorado, recomendamos aos acadêmicos do 1º ano do curso de Pedagogia – Unicesumar assistirem o filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin, que ilustra o quanto a educação sofreu e sofre influências do mundo do trabalho. 1 Eletromecânica é o ramo da ciência e tecnologia no qual são realizadas a análise, o projeto, o desenvolvimento, a produção e a manutenção de sistemas e dispositivos que integrem componentes elétricos e mecânicos no seu mecanismo. “Modern Times (Tempos Modernos, no Brasil e em Portugal) é um filme de 1936 dos Estados Unidos do cineasta Charles Chaplin, em que o seu famoso personagem “O Bolly” (The Tramp) tenta sobreviver em meio a tantas recuperações na escola.” ©shutterstock 19 A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Após assistirem e analisarem o filme, verão que as relações da escola não passa- ram ilesas às relações que se dão no mundo do trabalho. Portanto, para dar conta da formação dos profissionais, a educação foi requerida como fundamento para o desenvolvimento econômico, assumindo características do modelo produtivo taylorista/fordista, já que era preciso a qualificação em massa dos trabalhado- res. Shiroma, Moraes e Evangelista (2007) expõem que encontramos eco em tal exigência na teoria do capital humano que passou a ser adotada como base para as políticas educacionais. Conforme elencamos anteriormente, a Reforma Universitária de 1968 reflete a dicotomia entre o planejar e o executar na escola, em que o pedagogo-espe- cialista era responsável pelo planejamento, controle e avaliação. Fazendo uma relação com a fábrica, a sala de aula era considerada o “chão da fábrica”, lá, os pro- fessores executavam as tarefas preestabelecidas. Em suma, havia os profissionais que pensavam e os que executavam as tarefas propostas, ou seja, cada um reali- zava a sua função de forma fragmentada, não adentrando na função/atribuição do outro. Assim, ao incorporar a organização de trabalho taylorista/fordista, a escola assume uma função reprodutora da sociedade capitalista. “A escola reproduziu A ESTRUTURA das fábricas.” CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I De acordo com as contribuições de Pinto (2007), com a crise de 1970, a estag- nação da economia que afetou os países desenvolvidos o baixo crescimento dos mercados, a sua instabilidade, e a elevação da concorrência internacional impuseram entraves ao sistema taylorista/fordista. As transformações no setor produtivo, principalmente no desenvolvimento do setor financeiro, e o desloca- mento para o setor de serviços acarretaram em mudanças substanciais ao modelo de produção. Desse modo, passa a ser difundido um novo modelo de produção que já era vigente desde a década de 1950, no Japão, denominado de toyotismo. A principal característica do toyotismo é o sistema just-in-time (produ- ção por demanda), que diz respeito ao trabalho realizado em equipe e não mais individualizado como no modelo taylorista/fordista. Para Alves (2007), o toyo- tismo é um estágio superior de racionalização do trabalho, que não rompe com a lógica do taylorismo/fordismo. O autor salienta que, no campo da gestão da força de trabalho, o toyotismo realiza um salto qualitativo na captura da subje- tividade operária pela lógica do capital, o que o distingue, pelo menos no plano da consciência de classe, do taylorismo/fordismo. Poderíamos até afirmar que o toyotismo é o modo de organização do trabalho e da produção capitalista adequado à era das novas máquinas da automação flexível, que constituem uma nova base técnica para o sistema do capital, e da crise estrutural de superprodução, com seus mercados restritos. Entretanto, cabe salientar que toyotismo é mera- mente uma inovação organizacional da produção capitalista sob a grande indústria, não representando, portanto, uma nova forma pro- dutiva propriamente dita (ALVES, 2007, p. 246). Assim, o antigo processo de qualidade dá lugar ao controle internalizado, feito pelo próprio trabalhador. Verificam-se mudanças nas bases materiais de pro- dução: a base eletromecânica perde lugar para a base microeletrônica2. Nesse contexto, passam a ser enfocados não mais os procedimentos rígidos, mas a fle- xibilização da mão de obra, a gestão participativa e o controle de qualidade total como foco da ação. Dessa lógica, nasceram os certificados de qualidade ou ISO (9000, 9001, 9002...). 2 Microeletrônica é um ramo da eletrônica, voltado à integração de circuitos eletrônicos, promovendo uma miniaturização dos componentes em escala microscópica. ©shutterstock 21 A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . No toyotismo, passa a vigorar o operário polivalente e multifuncional, capaz de trabalhar com diversas máquinas simultaneamente. Com a possibilidade de conhecer outras operações, pode-se reforçar a cooperação entre os funcioná- rios de uma organização, aumentando a eficiência e a produtividade em prol do capitalismo (ANTUNES, 1999). Esse padrão flexível de organização do traba- lho implica mudanças para as funções desempenhadas pela gerência, que passa a ser denominada de GESTÃO e não mais de administração. Ao gestor, com- preende a coordenação de competências, recursos materiais e, sobretudo, de informações. Desse modo, uma nova pedagogia se faz necessária, pois a nova organização do trabalho exige novas competências. Chegam à escola os novos princípios toyotistas, em decorrência do novo método flexível de organização, gestão e trabalho. De grosso modo, o professor é visto como parceiro da escola, tendo oportunidade de opinar, dar ideias e sugestões em relação aos aspectos administrativos e pedagógicos de sua escola. Portanto, a partir da crise latente (que modifica o modo de produção taylorista/fordista), o sistema capitalista lança mão de um conjunto de valores próprios com conceitos e ideias que legitimem o novo padrão de acumulação. “Controle de qualidade total como foco da ação.” CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Por ser incontrolável, o capital elabora sempre uma saída para sua crise. Aqui, percebemos os postulados do Neoliberalismo que denotam para a desregula- mentação dos direitos do trabalho (da economia), a liberalização do mercado, mínima intervenção estatal, a privatização de empresas estatais. Posterior a isso, ocorre um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, que daria origem ao modelo flexível de produção. Petras (1997) expõe que, com o Neoliberalismo, após a década de 1990, se fazem necessárias as Reformas do Estado a fim de que houvesse sustentação para as novas exigências postas. A INFLUÊNCIA NEOLIBERAL NA REFORMA DE ENSINO DA DÉCADA DE 90 O Neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do Estado na economia. De acordo com essa doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), uma vez que esse princípio garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. Vale desta- car que o Neoliberalismo surgiu na década de 1970, por meio da Escola Monetarista do economista Milton Friedman, como uma solução para a crise que atingiu a eco- nomiamundial, em 1973, provocada pelo aumento excessivo no preço do petróleo. No Brasil, o Neoliberalismo efetivou-se no governo Fernando Henrique Cardoso. Esse processo se deu após a elaboração do Plano Nacional de Reforma do Aparelho do Estado, em 1995, com o então ministro Bresser Pereira. Muitas ações foram adotadas nessa reforma, das quais, destacamos as políticas de des- centralização e responsabilização da sociedade civil nas questões sociais, entre elas, a educação. De acordo com Viriato (2004), a descentralização é uma estraté- gia do Estado para se eximir das responsabilidades sociais, como saúde, moradia, segurança e educação, as quais são garantidas na Constituição de 1988. Referenda-se, assim, o Estado mínimo como sustentáculo das leis de mer- cado, mas garantido, na sua base, por um Estado forte que intervenha nos desvios do processo, reforçando as contradições entre o poder global e local. 23 A Influência Neoliberal na Reforma de Ensino da Década de 90 Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . [...] limitar o tamanho do Estado ao mínimo necessário para garan- tir as regras do jogo capitalista, evitando regulações desnecessárias; segurara com mão de ferro os gastos do Estado, aumentando o seu controle e impedindo problemas inflacionários; privatizar todas as empresas estatais porventura existentes, impedindo o Estado de de- sempenhar o papel de produtor, por mais que se considerasse essen- cial e/ou estratégico um determinado setor; e abrir completamente a economia, produzindo a concorrência necessária para que os produ- tores internos ganhassem em eficiência e competitividade (PAULA- NI, 2006, p. 71). Desencadeia-se, a partir da absorção desse novo entendimento do papel do Estado, um conjunto de medidas, ações políticas, legais e institucionais que consolidarão, na segunda metade da década de 90, a retirada do Estado de diversas atividades econômicas e mesmo da liderança na condução de políti- cas públicas. Nesse contexto, a nova face do processo de descentralização de políticas sociais no Brasil é condicionada, também, pelas decisões impostas por organismos internacionais de financiamento, representantes do interesse do capitalismo central, acreditando que descentralizar é uma forma de desone- ração do governo central, dando às funções de Estado uma espécie de caráter menor, de municipalidade. As reformas educacionais dos anos 90 não são especificidades do Brasil, mas de toda a América Latina e foram elaboradas como atendimento às exigên- cias neoliberais representadas, principalmente, nas recomendações de agências internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM), Banco Interamericano de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e a Comissão Econômica da América Latina e Caribe (CEPAL). Nesse cenário, percebe-se que o papel social da educação está atrelado aos ditames economicistas e é regido pela égide capitalista e pelas regras propostas pelo poder estabelecido. Shiroma, Moraes e Evangelista (2007) argumentam que, a partir desse contexto, as agências multilaterais assumem a educação como fator decisivo para o desenvolvimento econômico dos países periféricos e elegem a necessidade de um sistema democrático que favoreça a participa- ção da sociedade. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Como você pode observar, essa concepção de gestão foi, também, projetada para a instituição escolar, isso fica explícito na Constituição de 1988, quando a gestão democrática é vista e compreendida como princípio na organização do sistema de ensino público e que encontrou eco na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) - nº 9394/96. De acordo com o postulado, muda o papel do pedagogo, ou seja, ele deixa de ser um especialista em supervisão ou orientação escolar e passa a ser um Pedagogo Unitário. Esse pedagogo unitário é a síntese proposta ou sonhada de um profis- sional que tenha uma sólida formação teórica, um compromisso políti- co e uma clareza das questões sociais emergenciais que se põem diante da escola. É um profissional que, aliado ao professor, enfrenta alguns desafios que a realidade impõe (URBANETZ; SILVA, 2008, p. 45). Nessa dinâmica, é possível verificar que a organização flexível do trabalho exige indivíduos capazes de atuar em funções diferentes. Desse modo, podemos afirmar que tais engendramentos só podem ser analisados e compreendidos se conside- rarmos a sociedade permeada pela materialidade histórica nas transformações ocorridas no capitalismo. No contexto escolar, tais ações se concretizam por meio de práticas coletivas de planejamento da organização do trabalho pedagógico e da avaliação na insti- tuição como reflexo das mudanças advindas. Gostaríamos, aqui, de explicitar de modo especial a importância do planejamento enquanto processo fundamen- tal para o desenvolvimento de toda atividade, conforme evidencia Vasconcellos (1995) ao afirmar que um planejamento crítico implica na ratificação de ações que almejam a transformação de uma realidade. Sobre o ato de planejar, estare- mos aprofundando no Capítulo IV deste livro. Aqui, cabe-nos, apenas, aguçar o seu interesse para a importância desse documento que consiste no cotidiano e na atribuição dos pedagogos. Em meio ao movimento de redemocratização do Brasil e do movimento de luta por uma escola pública de qualidade, o planejamento participativo passa a ser considerado como o principal instrumento que favorece a prática da demo- cracia e o desenvolvimento da consciência crítica (LIBÂNEO, 2004). ©shutterstock 25 A Gestão Democrática no Cotidiano Escolar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Sabemos que o pla- nejamento coletivo só se efetiva por meio da Gestão Democrática. Dessa forma, o governo lança mão de planos que se vinculam ao discurso da Gestão Democrática, tais como o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), o Programa Nacional de Fortalecimento de Conselhos Escolares, Plano de Mobilização Social pela Educação, entre outros que expressam o discurso da responsabilidade da sociedade civil na consolidação de uma escola pública de qualidade. A GESTÃO DEMOCRÁTICA NO COTIDIANO ESCOLAR Tudo o que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mão, também. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe diante de nós que é o de assumir esse país democra- ticamente (BRASIL, 2004). Sabia que a participação é um exercício de aprendizado político? Você sabe como participar das decisões de sua escola? Dos movimentos de seu bairro? Do orçamento participativo de sua cidade? Fonte: as autoras. “A luta pela redemocratização da nação ecoou nas escolas.” ©shutterstock CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I De acordo com as contribuições de Paro (2006), a Gestão Democrática favorece a participação da comunidade e essa não deve se restringir à eleição de direto- res, mas ao acompanhamento efetivo de todas as ações pedagógicas. Mas, afinal, você sabe o que significa a expressão DEMOCRACIA? A palavraDemocracia tem sua origem na Grécia Antiga (demo = povo e kracia = governo). Em um sentido genérico ou global, ela significa “governo do povo, pelo povo e para o povo”. Desse modo, Coutinho (2000, p. 20) expõe que Democracia é o “regime que assegura a igualdade, a participação coletiva de todos na apropriação dos bens coletivamente criados”. Democracia é um regime polí- tico em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou por meio de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal3. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exer- cício livre e igual da autodeterminação política. 3 O sufrágio universal, em oposição ao sufrágio restrito, consiste no direito de voto a todos os indivíduos considerados intelectualmente maduros (em geral, os adultos). Até o século XIX, por “Sufrágio Universal” compreendia-se, apenas, o voto de homens adultos. Entretanto, a partir do início do século XX, com o movimento das sufragistas, o direito ao voto foi estendido as mulheres na maioria dos países democráticos. “Governo do povo e para o povo – isso é democracia!” 27 A Gestão Democrática no Cotidiano Escolar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Nesse processo, o Projeto Político-Pedagógico (PPP) se constitui em um importante instrumento que favorece a ratificação do processo democrático. O envolvimento da comunidade escolar nas discussões pertinentes ao contexto educacional por meio do PPP deve refletir o compromisso e a corresponsabili- dade nas metas e objetivos para formação de cidadãos plenos e comprometidos com a transformação social. É importante destacar as contribuições do professor Libâneo (2004) que enfa- tiza que o PPP se constitui em um importante instrumento que contribui para a superação de um modelo tecnicista e a concretização de uma prática progres- sista que explicite a participação de sujeitos críticos com competência de atuar criticamente na escola e na comunidade. Queremos, aqui, explicitar a atuação do pedagogo como gestor, cujo papel privilegia a participação de professores, funcionários, alunos e pais/responsáveis que discutem e propõem o trabalho pedagógico que supere os conflitos e o autoritarismo e que, sobretudo, promo- vam a mudança de uma estrutura escolar fundamentada na fragmentação. Vale destacar que, para Martins (s.d.), o pedagogo é considerado o mediador do trabalho pedagógico da escola, pois “[...] responde pela medição, organi- zação, integração e articulação do trabalho pedagógico, garantindo a Gestão Democrática como princípio” (MARTINS, s.d., p. 2). Sendo mediador, como enfatiza Bonkoski (s.d., p. 9), o pedagogo possui “[...] um grande espaço de inter- venção pedagógica, na medida em que reconhece as dificuldades enfrentadas na escola e, juntamente com seus pares, intervêm pedagogicamente na busca da qualificação do processo educativo”. Desse modo, pressupõe–se que o pedagogo tem como responsabilidade pro- piciar momentos planejados que visem contemplar a participação efetiva dos membros escolares em prol de uma educação coerente. Como gestor do trabalho pedagógico, tem como base de sua atuação a Gestão Democrática, pois “[...] é o articulador dessas propostas na instituição escolar, ele é quem organiza e planeja essas atividades essenciais para obter uma educação democrática [...]” (SILVA; LEITE, 2010, p. 10). Posto isso, “[...] a atuação do pedagogo está em orientar e supervisionar […] através de trabalhos coletivos […] para melhor compreensão do processo pedagógico da escola [...]” (SILVA; LEITE, 2010, p.12). ©shutterstock CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Nesse contexto, percebemos que a atuação do pedagogo como gestor nas práticas coletivas de planejamento, na organização do trabalho pedagógico e na avaliação favorece a consolidação de uma escola comprometida com o papel político e social. Desse modo, prezado(a) aluno(a), podemos concluir que o papel do gestor edu- cacional precisa ser ressignificado a fim de superar a visão fragmentada entre administrativo e pedagógico. Acerca dessa questão, o pedagogo como gestor tem um papel importante na superação da reprodução das relações capitalistas e no favorecimento do debate e da reflexão. Podemos nos valer das contribuições de Jamil Cury (2005, p. 21) e respon- dermos que “o que já existe legalmente em matéria de Gestão Democrática é uma substância necessária para sua efetivação, contudo ainda não é suficiente”. É necessário exercitar a cidadania e extrapolar a exigência meramente burocrática, romper a visão ingênua, acrítica e legalista, afinal, tais leis demonstram, clara- mente, a não neutralidade da educação. Para pensar e adotar a Gestão Democrática da escola pública, a comunidade escolar deve ter em mente algumas orientações “O trabalho coletivo e o envolvimento de todos é fundamental para a consolidação da Gestão Democrática.” 29 A Gestão Democrática no Cotidiano Escolar Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . como: primeiro, “[...] que cada escola precisa construir sua gestão democrática” (JORNAL DO PROJETO PEDAGÓGICO, 2002, p. 2). Não existem fórmulas ou receitas mágicas, mas deve haver vontade, capacidade, criatividade, perseverança e certeza de que é o caminho para se alcançar uma escola e um ensino público de qualidade (JORNAL DO PROJETO PEDAGÓGICO, 2002, p. 2). Segundo, que, embora a Gestão Democrática da escola pública seja possível, não se instala como em passe de mágica, sendo sempre esta processual, conflituosa e coletiva. Nesse sen- tido, ensina-nos a sabedoria popular de um Provérbio Chinês que diz que “sempre que pensamos em mudar, queremos tudo o mais rápido possível. Mas não deve- mos ter pressa, pois as pequenas mudanças são as que mais importam. Por isso, não devemos ter medo de mudar lentamente, devemos ter medo de ficar parados”. Finalmente, ressaltamos a amplitude do nosso papel frente ao desafio de consolidar uma educação de qualidade, capaz de pensar criticamente o conheci- mento científico e, consequentemente, as relações sociais postas. Eis nossa grande missão, consolidar uma educação capaz de formar cidadãos críticos capazes de atuarem na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A gestão democrática da educação não se tornará efetiva somente pela afir- mação de princípios e mudanças de normas. A nova prática precisa estar fundamentada num novo paradigma de educação, já tão proclamado por educadores, como Anísio Teixeira, Paulo Freire, entre tantos outros: o da educação emancipadora. E aqui está o grande desafio: a democracia, que é exercício efetivo da cidadania, pressupõe a autonomia – das pessoas e das instituições. Educação emancipadora e gestão democrática são indis- sociáveis, sem o que estaríamos trabalhando numa contradição intrínseca. Escolas, profissionais da educação e estudantes privados de autonomia não terão a condição essencial para exercer uma gestão democrática, de promo- ver uma educação cidadã. A abordagem da gestão democrática da educação pública passa pela sala de aula, pelo Projeto Político-Pedagógico e pela autonomia da escola. Genuíno Bordignon Fonte: adaptado de Gestão... (2005, online). CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.I Cabe-nos esclarecermos que “a educação não é a redentora da Pátria”, mas é por meio dela que a sociedade se transforma e melhora sua condição atual. É óbvio que uma transformação não acontece de forma instantânea, leva tempo, e muito tempo. Basta olharmos para o cenário atual e nos pergun- tarmos: vivemos em um país democrático? Quais avanços o Brasil obteve no quesito democracia desde a Constituição Federal de 1988 até o presente momento? Ou, temos um discurso lindo, para não dizer utópico, sobre o ter- mo democracia? O que devemos fazer para alcançarmos essa tão sonhada democracia na prática? Reflita sobre a atual realidade do Brasil e chegue as suas próprias conclusões. Fonte: as autoras. 31 Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), você deve ter observado que as reflexões desta primeira uni- dade apresentaram um resgate histórico da atuação do pedagogo no Brasil, que sofreu e sofre influência direta do modo de organização do mundo do trabalho. Outro ponto importante destacado diz respeito às especificidades do papel do pedagogo frente ao desafio de organizar o trabalho docente na perspectiva da Gestão Democrática, sendo esse um Pedagogo Unitário, que deve estar atento a tudo e a todos – sobretudo no que diz respeito aos aspectos administrativos e pedagógicos. A visão do Pedagogo Unitário deve ser ampla, contemplando não só a rea- lidade de sua instituição, mas o contexto social, econômico e cultural como um todo. Isso fará muita diferença na formação de cidadãos plenos e comprome- tidos com a transformação do contexto que os cercam. Assim, concluímos que o modelo atual de gestão foi construído ao longo da história e que o modo de produção vigente e as relações de trabalho interferem de modo significativo na forma de organização do contexto educacional. As exigências atuais trazem o foco da Gestão Democrática como princi- pal instrumento de Gestão Escolar, eis o nosso desafio: compreender todos os aspectos da Gestão Participativa a fim de que a organização do trabalho escolar aconteça de modo crítico e coerente. Para tanto, é preciso refletir sobre a pos- tura do “novo” gestor escolar, gestor este que não caracteriza somente na figura do diretor da instituição, mas em todos os profissionais que almejam uma edu- cação justa e emancipatória. Uma educação de excelência, em que os sujeitos sejam formados para serem competentes, críticos, criativos e autônomos. Para isso, fazem-se necessários profissionais qualificados, comprometidos e dispos- tos a amenizar os impactos do mundo capitalista. 1. Pesquise na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 o artigo que se refere à Gestão Democrática e registre com suas palavras o que essa tão importante Lei diz sobre a organização escolar. 2. Em relação ao PEDAGOGO, podemos mencionar que, no período de instalação do Regime Militar, se preceituou a hierarquização das funções, como adminis- tração, supervisão, orientação e inspeção. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9394/96, muda-se o papel do pedagogo, sendo esse considerado UNITÁRIO. Nessa pers- pectiva, escreva sobre a função do pedagogo unitário nos dias atuais. 3. Sabemos que a descentralização e a autonomia são propostas das políticas pú- blicas da década de 1990. Escreva sobre o sentido da autonomia que deve res- paldar uma concepção de Gestão Democrática. 4. Escreva sobre a relação entre diálogo, autoridade e Gestão Participativa. 5. Em relação ao modo de produção taylorista/fordista que influenciou o contex- to educacional, sobretudo a administração escolar na década de 60, assinale a alternativa que expõe algumas de suas características e/ou formas de trabalho: I. Produção por demanda em que o trabalho era realizado em equipe, ou seja, um auxiliava o outro na efetivação de suas tarefas. II. Existia a flexibilidade da mão de obra e a gestão participativa. Todos os funcio- nários (seja na fábrica ou na escola) eram chamados a conhecerem o processo do começo ao fim, participando e aprimorando os resultados obtidos. III. Divisão do trabalho, mecanização da produção, entre outros, que fez do admi- nistrador um fiscal de planejamento e controlador do trabalho alheio. IV. Visava a ênfase nas tarefas, buscando a eliminação do desperdício, da ociosida- de operária e a redução dos custos de produção. a. ( ) Somente I está correta. b. ( ) Somente II está correta. c. ( ) Somente I, II e IV estão corretas. d. ( ) Somente III e IV estão corretas. e. ( ) Todas estão corretas. 33 O PAPEL DO GESTOR NA CONTEMPORANEIDADE Nos dias atuais, o(a) sujeito(a) que aceita ser gestor(a) em uma instituição escolar, seja ele(a) eleito(a) ou indicado(a) por seus superiores, precisa ter claro alguns fatores que contribuirão para a obtenção de êxitos em sua trajetória. Nesse caso, é importante va- lorizarmos, primeiramente, o gestor que é pedagogo, ou seja, que tem sua base funda- mentada em teóricos que poderão lhe auxiliar na prática. Mesmo assim, sabemos que não é tarefa fácil dirigir uma instituição escolar, seja ela de pequeno ou grande porte, pois há uma diversidade cultural, econômica e social grandiosa. Vale destacar, que a própria rotina da instituição coloca inúmeros entraves que, se o gestor não focar em seu papel ou atribuições, acaba tornando-se “bombeiro”, isto é, passa o dia inteiro apagando fogo e a sua função, obviamente, acumula. O gestor precisa ter um plano de ação que conduz suas atividades. Esse plano, contudo, é flexível. Um bom gestor precisa ter um pé no administrativo e o outro no pedagógico. Não é aceitável, nos dias de hoje, um diretor de “gabinete”, aquele que foca apenas nas ques- tões burocráticas e que presta, apenas, para fiscalizar os demais membros de sua equi- pe. É preciso buscar uma gestão democrática, em que a comunidade escolar é convi- dada a participar ativamente da vida de seus filhos(as). O gestor deve ser exemplo para todos que estão ao seu redor, uma vez que o seu comportamento e as suas atitudes refletem nos demais membros de sua equipe. É preciso que o gestor conheça a cultura organizacional de seu estabelecimento de ensino, ou seja, saiba quem são seus com- panheiros de trabalho (professores, auxiliares operacionais, entre outros), os discentes que ali estudam, os familiares dos educandos, bem como a história de cada um. Precisa estar sempre perto, acompanhando o dia a dia da sala de aula, da escola, para criar um clima de proximidade entre os parceiros, além de contribuir com ideias e sugestões para a melhoria educacional. É preciso dar autonomia aos professores e colaboradores, além de saber delegar tarefas e outras atitudes. É preciso, ainda, saber aconselhar e mediar conflitos, enxergar a escola como um todo, tendo a capacidade de escuta. Deve buscar formação e atualizações para si e para a equipe, a fim de definir caminhos para o sucesso da escola e da aprendizagem dos alunos. Esses são alguns fatores para a concretude de uma gestão democrática e participativa. Para enriquecer ainda mais o tema abordado, sugerimos a você, acadêmico(a), que aces- se o link a seguir para visualizar o texto: “O novo gestor escolar”. Matéria publicada na edição de novembro de 2014. Disponível em: <http://www.gestaoeducacional.com.br/index.php/reportagens/recur- sos-humanos-lideranca/914-o-novo-gestor-escolar>. Acesso em: 14 de nov. 2015. Fonte: as autoras. MATERIAL COMPLEMENTAR Gestão Democrática da Educação: Atuais Tendências, Novos Desafi os Naura S. Carapeto Ferreira Editora: Cortez Sinopse: Este livro contribui nasinvestigações do âmbito da Gestão Democrática da educação. Visa participar do debate sobre as questões candentes da educação na contemporaneidade, prioritariamente das políticas de formação, reunindo as contribuições mais atuais que inquietam os educadores. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade do Ensino. Vitor Henrique Paro Editora: Ática Sinopse: Este livro consolida os resultados de anos de dedicação de Vitor Henrique Paro à pesquisa teórica e prática na área educacional. O autor examina o conceito de qualidade do ensino e sua relação com a democracia na organização da escola. Por meio de meticulosa pesquisa empírica realizada na rede de escolas públicas no ensino fundamental, Paro investiga também a visão dos agentes escolares quanto às implicações da estrutura didática e administrativa no desempenho escolar e na construção da cidadania. Ao confrontar conceitos teóricos com a prática cotidiana, a obra propõe refl exões sobre o papel sociopolítico da educação e apresenta propostas para a implantação de mudanças com vistas ao ensino para a democracia. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática. José Carlos Libâneo Editora: Álternativa Sinopse: O livro Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática, de José Carlos Libâneo, nos quatro primeiros capítulos, discute os objetivos, funções e critérios de qualifi cação das escolas e da situação do professor enquanto profi ssional. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Neoliberalismo, Políticas Educacionais e a Gestão Democrática da Escola Pública de Qualidade. Célia Borges Dalberio Editora: Paulus Sinopse: Neoliberalismo, Políticas Educacionais e a Gestão Democrática da Escola Pública de Qualidade discutem as relações do neoliberalismo e da globalização infl uenciando as políticas educacionais e a qualidade de ensino das escolas públicas. A democracia é uma conquista e apresenta avanços, mas carece de aperfeiçoamento. A pós-modernidade gera incertezas e desesperança na vida dos educadores. Para a construção da escola que democratiza o acesso ao saber, a comunidade deve participar e intervir na luta pela emancipação educacional. Este livro subsidia teoricamente as discussões sobre políticas educacionais, didática, fi losofi a e sociologia da educação, gestão escolar e projetos pedagógicos. Assista aos vídeos para enriquecer seus conhecimentos acerca dos assuntos estudados TEMPOS MODERNOS Disponíveis em: <https://www.youtube.com/watch?v=ieJ1_5y7fT8>. <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=3848>. <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=3849>. <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=3852>. <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=3853>. <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=3854>. Acessos em: 17 dez. 2015. U N ID A D E II Professora Me. Adriana Salvaterra Pasquini Professora Me. Marcia Maria Previato de Souza Professora Me. Priscila Viviane de Souza Filipim FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Objetivos de Aprendizagem ■ Conhecer os fundamentos teóricos e legais da Gestão Democrática. ■ Analisar as Instâncias Colegiadas enquanto instrumentos de participação coletiva. ■ Refletir sobre a função política das Instâncias Colegiadas na instituição escolar. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Fundamentos teóricos e legais da Gestão Democrática ■ Gestão Democrática: elementos básicos que a compõe ■ A importância das Instâncias Colegiadas em uma Gestão Democrática ■ As Instâncias Colegiadas e suas especificidades INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), como você deve ter observado, na primeira unidade deste livro, realizamos um resgate histórico da atuação do pedagogo no Brasil. Vale frisar, mais uma vez, que o pedagogo sofreu e continua sofrendo influências do mundo do trabalho, alterando assim, seu modo de cuidar e educar os sujeitos que estão inseridos no contexto capitalista. Outro ponto importante destacado na unidade anterior e que precisa estar claro a você, acadêmico do curso de Pedagogia, é a especificidade do papel do pedagogo frente ao desafio de organi- zar o trabalho docente em uma perspectiva de Gestão Democrática. Assim, para aprofundarmos nossa discussão acerca da atuação do pedagogo na gestão escolar, propomos, nesta unidade, uma análise sobre os fundamen- tos teóricos e legais que respaldam a consolidação de uma Gestão Democrática, chegando às Instâncias Colegiadas que são instrumentos que compõe as especifi- cidades de uma instituição escolar pautada na mesma perspectiva. Vale destacar que as Instâncias Colegiadas são instituições auxiliares para o aprimoramento do processo educativo, ou seja, são espaços nos quais docentes, discentes, fun- cionários, pais/responsáveis e comunidade local são ouvidos, dando sugestões, ideias ou opiniões, tudo em prol da melhoria educacional. Finalizando as discussões desta unidade, propomos a observação da atuação da equipe diretiva (gestor/dire- tor, vice-diretor, coordenador pedagógico etc.), frente ao desafio do trabalho coletivo. Trabalho este que influencia de modo direto na gestão escolar em que a comunidade (na qual a instituição está inserida) é convidada a somar, ou seja, ser parceira na luta por um mundo mais justo e democrático. Para tanto, faz-se necessário momentos de reflexões e análises sobre os problemas que atingem os cidadãos, sobretudo brasileiros. A escola é um dos espaços propícios para tais discussões, pois nela encon- tra-se o caminhar para transformação social. Agora, avancemos o nosso estudo rumo ao apro- fundamento teórico e científico. Vamos lá! “A Gestão Democrática abrange a participação de todas as pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem.” ©shutterstock 39 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II FUNDAMENTOS TEÓRICOS E LEGAIS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA A Constituição Federal (CF) de 1988 dispõe, no artigo 205, que o trabalho con- junto entre Estado e família deve nortear a educação pública brasileira. Já, no artigo 206, inciso IV, a Constituição Federal prevê “a gestão democrática na forma de lei” (BRASIL, 1988). Destacamos, ainda, que, nesse documento, são apresentados os princípios que regem a educação formal no Brasil, os quais serão tratados adiante. Com base no exposto, foram vários os setores da sociedade civil que se mobiliza- ram em prol da formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN - nº 9394/96), com destaque ao Fórum Nacional em defesa da escola Pública. Afinal, a LDB precisava ser repensada e alterada, haja vista que, até o presente momento, a lei em vigor era a Lei nº 5692/71. Após sucessivos impasses, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) foi aprovada no dia 20 de dezembro de 1996. A referida Lei (LDBEN, nº 9394/96) apresenta no artigo 3º a seguinte redação: O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa- mento, a arte e o saber; III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV. respeito à liberdade e apreço à tolerância; V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII. valorizaçãodo profissional da educação escolar; VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legisla- ção dos sistemas de ensino; IX. garantia de padrão de qualidade; X. valorização da experiência extraescolar; XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (BRASIL, 1996). ©shutterstock 41 Fundamentos Teóricos e Legais da Gestão Democrática Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Como você pode perceber, a LDB nº 9394/96 tornou em letra de lei os anseios da sociedade civil da década de 1980, que “gritava” por uma educação pública de qualidade, sobretudo democrática. Posto isso, era preciso garantir a todos os cidadãos o direito de aprender, sejam esses frutos de famílias abastadas ou menos favorecidas. Em outras palavras, era preciso que todos tivessem igual- dade de condições para o acesso e permanência na escola; além de liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber, o pluralismo de ideias etc. É importante destacar, caro(a) estudante, que a Gestão Democrática é o processo político por meio do qual todas as pessoas envolvidas no processo de ensino e aprendizagem discutem, deliberam, planejam, solucionam problemas, bem como o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola. Esse processo tem como sustentáculo a participação efetiva de todos os segmentos da comuni- dade escolar, ou seja, alunos, professores, funcionários, pais/responsáveis e demais segmentos que fazem parte da comunidade local, tais como presidente do bairro em que a instituição está inserida, moradores, líderes religiosos, ONGs etc. “Era preciso que todos tivessem igualdade ao acesso e permanência na escola.” FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II Vale destacar que as ações são definidas por meio de planejamento que consi- dera o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola. A gestão democrática entendida como ação que prevê a descentraliza- ção pedagógica e administrativa como um meio para alcançar a auto- nomia da escola, deseja e implanta o funcionamento de colegiados que garantam uma participação mais decisória dos protagonistas escolares (FONSECA; OLIVEIRA; TOSCHI, 2004, p. 62). Contudo, mesmo em uma nação atualmente denominada democrática, perce- bemos o autoritarismo como a principal baliza dos governos políticos e que, na maioria das vezes, pretende satisfazer a minoria da população. Uma vez que, na escola, se repetem as ações da sociedade, é comum observarmos gestores/ diretores, professores e funcionários que, muitas vezes, atuam de modo pouco democrático, ou seja, não respeitam a opinião dos outros, só “ele(a)” sabe o caminho e as decisões a serem tomadas etc. Reiteramos que essas atitudes são consideradas antidemocráticas. Assim, é possível perceber que a democracia implica considerações à cidada- nia, ou seja, o direito pleno do cidadão em exercer o seu papel. Nesse momento, cabe-nos perguntar: O QUE É SER CIDADÃO? TODAS AS PESSOAS PODEM SER CONSIDERADAS CIDADÃS? Historicamente, o termo cidadania foi usado na Roma Antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. De modo geral e, em outras palavras, cida- dania é a prática dos direitos e deveres de um indivíduo em um Estado. Nessa perspectiva, destacamos que os direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que o direito de um cidadão implica necessariamente numa obrigação de outro cidadão. Segundo Dalmo Dallari (1998, p.14): A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possi- bilidade de participar da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do próprio grupo social. ©shutterstock 43 Gestão Democrática: Elementos Básicos que a Compõe Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Para aprofundar essa questão, ressaltamos a definição do sociólogo Souza (1994) que também define cidadãos como pessoas que têm consciência de seus direitos e deveres e, por isso, participam de todas as ações e decisões de uma sociedade, tomando conhecimento de tudo o que acontece no mundo, no país, no bairro, uma vez que tudo, em certo sentido, interferirá em suas vidas. Em síntese, cidadão é todo indivíduo que, conhecedor de seus direitos e deveres, cumpre seus deveres e luta para que os seus direitos individuais e os direitos da coletividade sejam respeitados. Desse modo, podemos inferir que nem todas as pessoas exercem cidadania plena. GESTÃO DEMOCRÁTICA: ELEMENTOS BÁSICOS QUE A COMPÕE A Gestão Democrática só é possível por meio da interação escola versus comu- nidade, ou seja, é por meio do exercício da cidadania pautado na participação de vários segmentos da sociedade na administra- ção escolar, que a Gestão Democrática se efetiva. Assim, inúmeros parceiros são convidados a lutarem em prol dos mesmos objetivos – rumo a um mundo mais justo e democrático. E você, está cumprindo seu papel de cidadão na sociedade em que vive? Fonte: as autoras. “Gestão Democrática é sinônimo de participação coletiva.” FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II A educação é uma ferramenta importantíssima nesse processo, uma vez que visa formar cidadãos integrais nos seguintes aspectos: físico, social, cognitivo e emocional. E, é por meio da educação que os sujeitos vão ampliando suas visões de mundo, tornando-se críticos, reflexivos, dinâmicos, solidários, criativos e capa- zes de solucionarem os problemas do seu cotidiano. Em suma, é preciso que os sujeitos abandonem a condição alienante que os “poderosos” lhes impõem. É preciso enxergar a vida com outros olhos, isto é, aprofundar a visão e não ter um olhar superficial dos temas ou assuntos que abarcam nossa sociedade. Conforme ressalta Libâneo, Oliveira e Toschi (2006, p. 301): A organização e gestão são meios para atingir as finalidades do ensino. É preciso ter clareza de que o eixo da instituição escolar é a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que, mediante procedimentos pedagógico-didáticos, propiciam melhores resultados de aprendizagem. São de pouca valia inovações como gestão democrática, eleições para diretor, introdução de modernos equipamentos e outras, se os alunos continuam apresentando baixo rendimento escolar e aprendizagens não consolidadas. Diante do exposto, cabe-nos apresentar a você o foco da escola que é o conhecimento científico, erudito e transformador. Desse modo, todo esforço na implementação de uma Gestão Democrática não pode perder de vista a função social da escola – que é socializar os conteúdos historicamente acumulados pela humanidade, dando con- dições aos sujeitos de progredirem, ascenderem e desenvolverem-se plenamente. É ao relacionar-se entre si e com a natureza que os homens se constituem e, nessa relação, constroem saberes, objetos, conhecimentos e cultura. Os conhecimentos e os saberes construídos historicamente pelos homens, nas relações que estabelecem entre si, nas diferentes esferas da vida social, constituem o que se chama de educação, que,compreendida na perspec- tiva ampliada, define-se como prática social que se dá nas relações sociais que os homens estabelecem, nas diversas instituições e movimentos sociais, por eles criados e modificados ao longo de sua história. Fonte: Brasil (2006). 45 Gestão Democrática: Elementos Básicos que a Compõe Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . A ratificação da Gestão Democrática na escola se dará por meio de alguns ele- mentos básicos, como: a. Constituição do Conselho escolar e das demais Instâncias Colegiadas. b. Elaboração do Projeto Político-Pedagógico (PPP) de maneira coletiva e participativa. c. Definição e fiscalização das verbas da escola pela comunidade escolar, bem como a divulgação e transparência na prestação das contas. d. Avaliação institucional das ações realizadas na e pela escola, com a par- ticipação de todos os partícipes. e. Eleição direta para o(a) gestor(a)/diretor(a). É importante destacar que, não obstante ao processo de reorganização do modus operandi iniciado na década de 1980 e fortalecido na década de 1990, as for- mas de gestão escolar, respaldadas pelas políticas públicas, retomam o foco da administração com base nas teorias práticas empresariais renovadas pelas impo- sições do processo produtivo. A consequência de tal influência foi a aplicação no campo educacional da chamada Gestão Compartilhada, assimilada nos moldes da gestão de qualidade total, suprimindo o papel da escola aos valores da pro- dutividade e eficiência, negando o papel democrático da escola. Eis aí a grande contradição da Gestão Democrática inserida nesse contexto. Cury (2005, p. 21), com suas sábias palavras, expõe que “o que já existe legal- mente em matéria de Gestão Democrática é uma substância necessária para sua efetivação, contudo, ainda, não é suficiente”. É necessário exercitar a cidadania e extrapolar a exigência meramente burocrática, romper a visão ingênua, acrí- tica e legalista. Afinal, tais leis (Constituição Federal de 1988, LDB - nº 9394/96) demonstram claramente a não neutralidade da educação. FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II A IMPORTÂNCIA DAS INSTÂNCIAS COLEGIADAS EM UMA GESTÃO DEMOCRÁTICA Como você percebeu, a partir da promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988, sobretudo da implantação da LDB – nº 9394/96, a escola adotou a Gestão Democrática, passando a estimular a formação das Instâncias Colegiadas. Vale destacar que as Instâncias Colegiadas são instrumentos que favorecem a parti- cipação de todos os envolvidos no processo educacional, de modo que o diretor da escola não exerce uma ação individual, mas sim coletiva. É por meio desses espaços denominados de Instâncias Colegiadas que a Gestão Democrática se efetiva no interior das instituições escolares, conforme nos aponta a autora Veiga (2001, p. 113): Podemos considerar que a escola é uma instituição na medida em que a concebemos como a organização das relações sociais entre os indiví- duos dos diferentes segmentos, ou então como um conjunto de normas e orientações que regem essa organização. [...] Por isso tornam-se rele- vantes às discussões sobre a estrutura organizacional da escola, geral- mente composta por conselho escolar e pelos conselhos de classe que condicionam tanto sua configuração interna, como o estilo de intera- ções que estabelece com a comunidade. Democracia é o governo no qual o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos seus repre- sentantes livremente eleitos. As eleições numa democracia não podem ser fachadas atrás das quais se escondem ditadores ou um partido único, mas verdadeiras competições pelo apoio do povo. As sociedades democráticas devem se empenhar nos valores da tolerância, da cooperação e do compromisso. Essas sociedades reconhecem que che- gar a um consenso requer compromisso e que isto nem sempre é realizável. Nas palavras de Mahatma Gandhi, “a intolerância é em si uma forma de vio- lência e um obstáculo ao desenvolvimento do verdadeiro espírito democrá- tico”. Fonte: Ideia... (online). ©shutterstock 47 A Importância das Instâncias Colegiadas em uma Gestão Democrática Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Além do Conselho Escolar e do Conselho de Classe mencionado, na citação acima, podemos destacar mais duas instâncias, sendo: Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) e o Grêmio Estudantil. Em suma, são quatro as Instâncias Colegiadas – CONSELHO ESCOLAR, CONSELHO DE CLASSE, APMF e GRÊMIO ESTUDANTIL. Alguns autores não consideram o Conselho de Classe como Instância Colegiada, porém, no nosso entendimento, o referido conselho se constitui como uma impor- tante Instância Colegiada, pois envolve aquilo que deveria ser a preocupação primeira de uma instituição escolar: o processo de ensino-aprendizagem. Assim, podemos dizer que todas as Instâncias Colegiadas são espaços nos quais discen- tes, docentes, funcionários, pais/responsáveis e comunidade local podem se fazer ouvir, tendo voz e vez diante das barreiras que são impostas no contexto escolar. Vale destacar que, nas reuniões das Instâncias Colegiadas, não são relatados apenas, problemas que a escola enfrenta, mas sim ações para melhorias, ou seja, são lidos elogios, avaliados os pontos positivos que são protocolados no início de cada reunião ou anteriormente, há análise do desempenho dos alu- nos, da equipe diretiva, da Proposta Curricular, do Regimento Escolar etc. “As Instâncias Colegiadas são espaços onde a comunidade escolar/local tem voz e vez.” FUNDAMENTOS E INSTRUMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II Cada instância tem a sua especificidade, isto é, uma dá voz e vez aos discentes, outra observa e analisa o processo ensino-aprendizagem; outra é mais abrangente por ser órgão máximo etc., mas todas congregam um único fim – o aprimora- mento do processo educativo. Desse modo, a possibilidade da criação dos Conselhos e sua participação junto à administração da escola são previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN, nº 9394/96, sobretudo no Art. 14 (BRASIL, 1996): Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escola- res e equivalentes. A consolidação desses princípios por meio das Instâncias Colegiadas favorece o exercício de uma Gestão Escolar de fato democrática. Muitas vezes falamos em Gestão Escolar e Gestão Educacional como se fos- sem sinônimos. Mas, não é bem assim. Existem diferenças entre as nomen- claturas supracitadas. Quando falamos em Gestão Educacional, fazemos referência ao aspecto mais amplo, ou seja, das políticas públicas que en- volvem o setor educacional, bem como todas as ações provenientes do Es- tado. Agora, quando fazemos referência à Gestão Escolar, nos referimos ao aspecto micro e, não menos importante, da gestão. Aqui envolvemos todos os encaminhamentos dados no âmbito escolar. Embora, Gestão Escolar e Gestão Educacional, apresentem ações distintas, são complementares, pois congregam os mesmos fins e objetivos.