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6.1 Pessoa natural

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3.1
PESSOA NATURAL
C
Introdução
A pessoa natural é o ser humano capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na esfera civil. Observe a redação dada pelo Código Civil:
“Art. 1º - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”
A personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações. Nem sempre a personalidade jurídica foi universalmente reconhecida a todos os seres humanos. Como visto, no direito romano, o escravo era considerado coisa, desprovido da aptidão para adquirir direitos, se participasse de uma relação jurídica, fazia-o na qualidade de objeto, não de sujeito. A condição do escravo não foi muito diferente ao longo da história, enquanto persistiu aquele instituto.
Início da personalidade 
Em geral, entende-se que a personalidade jurídica da pessoa natural tem início com o nascimento com vida. Há ainda alguns países que acrescentam a exigência de que o nascido com vida seja viável, isto é, esteja apto a continuar a viver, ou que tenha "forma humana". Com intuito de estabelecer a aquisição da personalidade jurídica de uma pessoa natural, ou seja, a capacidade de adquirir direitos e deveres, o Código Civil estabeleceu:
“Art. 2º - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”
Assim sendo, o início da capacidade jurídica começa com a respiração, sendo irrelevante se posteriormente o nascituro venha a óbito, a entrada de ar nos pulmões é o suficiente para aquisição da personalidade. Há nascimento e há parto quando a criança, deixando o útero materno, respira. Portanto, se o recém-nascido respirou, nasceu com vida. E é nesse momento que a personalidade civil da pessoa natural terá início em sua plenitude, com todos os efeitos subsequentes.
E para se saber se o ser nasceu vivo e em seguida morreu, ou se já nasceu morto (natimorto), é realizado um exame chamado de “docimasia hidrostática de Galeno”, que consiste em colocar o pulmão da criança morta em uma solução líquida; se flutuar é sinal que a criança chegou a dar pelo menos uma inspirada, portanto, nasceu com vida; se afundar, é sinal que não chegou a respirar e, portanto, nasceu morta, não recebendo e nem transmitindo direitos. No entanto, atualmente a medicina dispõe de técnicas mais modernas e eficazes para tal constatação.
	Atenção!
	Teoria natalista
De forma resumida, para elucidar o conceito de início da personalidade jurídica da pessoa natural, o Código Civil adotou a esta teoria, que diz que a personalidade jurídica da pessoa natural se inicia a partir do nascimento da criança com vida. 
No Brasil a doutrina se manifesta de forma divergente, pois, se por um lado a lei estabelece que a personalidade civil tem início com o nascimento com vida, o mesmo dispositivo coloca a salvo os direitos do nascituro desde sua concepção.
Colocar a salvo os direitos do nascituro significa impedir que situações que venham prejudicar os direitos que vão ser estabelecidos com seu nascimento possam ocorrer antes do mesmo. O Código Civil não nega a existência do nascituro, mas não concede a ele todo esse conjunto de direitos e deveres aos quais corresponde a personalidade. É uma entidade que possui a potencialidade de adquirir direitos, pois a regra é que ele venha a nascer e, nascendo, torne-se sujeito de direitos e essa é a ideia de potência, entendida como aquilo que não é atual, mas pode vir a ser.
Agora, para finalizar, embora o nascituro não seja considerado pessoa, o nascituro tem os seguintes direitos amparados: 
Tem direitos personalíssimos;
Pode receber doação;
Pode ser beneficiado por legado e herança;
Código Penal tipifica o crime de aborto;
Tem direito à realização do exame de DNA para aferição de paternidade.
Fim da personalidade
O início da personalidade se dá com o nascimento com vida, acompanhando o indivíduo durante toda a sua vida e termina com o fim da existência da pessoa natural, ou seja, com a morte.
Verificada a morte de uma pessoa, desaparecem, como regra, os direitos e as obrigações de natureza personalíssima, ou seja, de natureza pessoal (exemplo: dissolução do vínculo matrimonial, relação de parentesco e etc.). Já os direitos não personalíssimos (Exemplo: bens) são transmitidos aos seus sucessores.
A morte é o fim da personalidade, acaba a existência da pessoa (e não do ser), torna-se então "de cujus". Como reza o Código Civil:
“Art. 6º - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.”
O fim da pessoa natural se dá de várias maneiras em relação à morte, são elas, a morte:
Real: é a morte comprovada. É quando a pessoa devolve aquilo que recebeu ao nascer, ou seja, a vida. A morte real se dá através da paralisação do sistema respiratório (para o Direito Civil) e é necessário um cadáver plenamente morto. 
	Atenção!
	Falência definitiva do sistema cerebral
Para a medicina, para que possa ocorrer o fenômeno da morte deve ser observado alguns sinais para comprova-lo:
− Paralisação do sistema respiratório;
− Paralisação do sistema cardíaco;
− Falência do sistema cerebral.
Na medicina, enquanto não houver comprovadamente um desses sinais, há vida, diferente do que exige o Direito Civil. Diante desse dilema segue-se o que a Constituição Federal instrui: proteção e o direito à vida. Exige-se então o mesmo que a medicina legal para declarar a morte, ou seja, a paralisação definitiva do sistema cerebral, assim, encerrando sua atividade, a família está autorizada a doar órgãos.
Presumida: não é a morte de fato, é a morte declarada pelo juiz na ausência da materialidade do cadáver. Como consta no art. 7º do Código Civil, dispondo que pode ser declarada a morte presumida com ou sem decretação de ausência.
Sem ausência: se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado em até 2 anos após o término da guerra. Exemplo: se “A”, que sofreu um grave acidente aéreo, em 2009, e, até hoje, seu corpo não foi encontrado, trata-se de uma morte com extrema possibilidade de ter ocorrido. Portanto, com relação a ele, pode ser declarada sua morte presumida, inclusive com certidão de óbito dada à família. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento;
	Atenção!
	Regime militar
A justificação de óbito também pode ocorrer em razão de desaparecimento no período ditatorial brasileiro, compreendido entre 1961 e 1988.
Com ausência: o art. 6º do Código Civil determina que a existência da pessoa natural termina com a morte, presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Ou seja, ocorre quando a pessoa desapareceu, sem que houvesse uma situação em que se pudesse presumir que a pessoa faleceu, ela, simplesmente, desapareceu de seu domicílio sem deixar vestígios. Exemplo: “A” saiu para comprar cigarro e nunca mais voltou. A ausência poderá ser requerida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, devendo haver em relação à ausência a existência de uma declaração judicial. O juiz ao declarar a ausência, nomeará um curador para o ausente, o qual deverá cuidar de seus interesses bem como de seus bens.
	Atenção!
	Ausência
O objetivo do processo de ausência é arrecadar e cuidar dos bens do ausente até que ele retorne futuramente e se não retornar, é decretar sua morte. O simples desaparecimento do domicílio não caracteriza ausência, sendo necessário que não haja qualquer notícia acerca da pessoa. Exemplo: se o indivíduo ''A” desaparece de seu domicílio, mantendo constante comunicação com a família, mas não informando seu paradeiro, não se trata de ausência, mas de abandono do lar. Deve-se lembrar de que ausente é uma figura jurídica, somente existindo após a decretação em sentença. Observe as fases da ausência:− Curadoria: é aberta quando a pessoa desaparece de seu domicilio sem deixar notícias e um procurador ou representante para administrar seus bens. Caso a pessoa deixe um procurador, este será o responsável para administrar os bens do ausente. Caso o ausente não deixe o procurador ou representante, ou se esses não quiserem ficar responsáveis pelos bens do ausente, deverá ser escolhido um curador para isto, devendo ser respeitada a seguinte ordem:
• Cônjuge;
• Pais (e não os ascendentes! Ascendentes = pais, avós, bisavó e etc., no entanto aqui o código Civil limita somente aos pais);
• Descendentes.
Na falta das pessoas acima, caberá ao juiz a escolha do curador. Esta curadoria (sobre bens) não se confunde com curatela (sobre pessoas)!
− Sucessão provisória: é aberta após 1 anos da curadoria ou 3 anos se o ausente deixou representante. Os herdeiros devem fazer o seguinte para conseguirem a posse dos bens do ausente:
• Se o curador for o cônjuge, ascendentes ou descendentes, não precisam prestar garantia de devolução dos bens;
• Se o curador não for um dos três mencionados, precisarão prestar garantia mediante hipoteca ou penhora, sob pena de serem excluídos. Ou seja, deverão dar outro bem como garantia.
Os bens do ausente não podem ser vendidos! Como a pessoa ainda não foi declarada morta, os bens ainda lhe pertencem e, portanto, não podem ser vendidos, exceto se for por autorização judicial tendo como motivo evitar ruína (deterioração o bem), caso em que os valores deverão ser aplicados. Os frutos e rendimentos dos bens do ausente (exemplo: pensão, aluguel e etc.) ficam para o cônjuge, ascendentes e descendentes, no entanto os demais herdeiros deverão capitalizar (investir) a metade em imóveis ou títulos da União. Se o ausente aparecer nesta fase cessam todas as vantagens dos sucessores e volta tudo ao estado anterior a sua ausência;
− Sucessão definitiva: é aberta 10 anos após a sentença que concedeu a abertura da sucessão provisória ou quando o ausente tiver 80 anos ou mais e já estiver mais de 5 anos ausente. Aqui é decretada a morte do ausente, pois a longa decorrência do tempo presume isso. Se a pessoa que foi declarada morta aparecer nos 10 anos seguintes após a abertura da fase de sucessão definitiva, ela ainda terá direito aos bens existentes no estado em que se encontrarem, ou os sub-rogados (bens que foram comprados com seu patrimônio) em seu lugar. Mas, se passados esses 10 anos após o início da sucessão definitiva, não terá direito a mais nenhum bem.
Simultânea ou comoriência: ocorre quando duas ou mais mortes acontecem no mesmo momento, porém, não tem como comprovar o exato momento. Então presume-se que ambas morreram no mesmo instante. A regra da comoriência tem relevância principalmente nas questões do direito de sucessão. Para que seja aplicada é necessário que tenham morrido juntos parentes de sucessores recíprocos, ou seja, somente interessa saber qual delas morreu primeiro se uma pessoa for herdeira ou beneficiária da outra. Exemplo: se “B” é único filho de “A” e/ou “A” é casado com “C”. Pela ordem da herança, a sucessão ocorre na seguinte ordem: primeiro herdam os descendentes, depois os ascendentes, depois o cônjuge sobrevivente e por último os colaterais. Assim, se na morte conjunta de “A”, pai, e “B”, filho, em um acidente de carro, for possível determinar que “A”, morreu antes de “B”, haverá a passagem de herança de “A” para “B”, resultando que “C”, por ser a única herdeira de viva de “B”, ficará com a herança toda para ela. Se na morte conjunta de “A” e “B”, for impossível a fixação do momento exato da morte de ambos, aplicar-se-á a comoriência, isto é, não haverá transmissão da herança, um não herdará do outro. Consequentemente, “B” não herdará do pai. A herança de “A” passará ao seus pais se vivos e a “C” restará 1/3 da herança.
	Atenção!
	Premoriente
Quando é possível determinar quem faleceu antes, tem-se um premoriente.
Há um antigo provérbio latino que atribui à morte o poder de tudo solucionar, de resolver todas as questões, ou seja, “mors omnia solvit”. Contudo, não se pode assim pensar, pois as relações jurídicas iniciadas em vida, ressalvadas as personalíssimas, permanecerão e deverão ser cumpridas pelos herdeiros.
Do mesmo modo, com a morte não se extinguem as dívidas, visto que caberá às forças da herança solver todo o passivo existente, ou seja, deverão quitar as dívidas com os credores.
Resumo
O conceito de pessoa natural pode ser definido como o ser-humano que pode ser titular de direitos e obrigações na órbita civil.
Personalidade
A personalidade terá:
Início: a partir do nascimento da criança com vida;
Fim: com a morte. A morte poderá ser:
Real: é a morte comprovada; 
Presumida: é a morte declarada pelo juiz na ausência da materialidade do cadáver. Será declarada morte presumida sem ausência se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha de guerra ou feito prisioneiro, não for encontrado em até 2 anos após o término da guerra. E será declara morte presumida com ausência quando ocorre o desaparecimento da pessoa, sem que há uma situação em que se pudesse presumir que a pessoa faleceu, ela, simplesmente, desapareceu de seu domicílio sem deixar vestígios;
Simultânea ou comoriência: ocorre quando duas ou mais mortes acontecem no mesmo momento, porém, não tem como comprovar o exato momento. Então presume-se que ambas morreram no mesmo instante.
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Direito Civil

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