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73415_Resumo-Aula-7_-Direito-Civil

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Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Direito das Coisas .............................................................................................................. 2 
1.1 Posse ................................................................................................................................. 2 
1.1.5 Classificação da Posse ............................................................................................ 2 
1.1.5.1 Posse direta e posse indireta ........................................................................ 2 
1.1.5.2 Posse justa e injusta ...................................................................................... 2 
1.1.5.3 Posse de má-fé e posse d e boa-fé ................................................................ 3 
1.1.6 Formas de aquisição da posse ............................................................................... 4 
1.1.7 Interversão da posse ............................................................................................. 5 
1.2 Propriedade ................................................................................................................. 5 
1.2.1 Conceito ................................................................................................................. 5 
1.2.2 Formas de aquisição da propriedade .................................................................... 5 
1.2.2.1 Usucapião ...................................................................................................... 6 
1.2.2.1.1 Espécies de usucapião em bens imóveis ............................................... 6 
1.2.2.1.1.1 Usucapião extraordinária ............................................................... 6 
1.2.2.1.1.2 Usucapião especial rural ................................................................ 6 
1.2.2.1.1.3 Usucapião especial urbana ............................................................ 6 
1.2.2.1.1.4 Usucapião ordinária ....................................................................... 7 
1.2.2.1.1.5 Usucapião por abandono do lar ..................................................... 7 
1.2.2.1.2 Usucapião em bem móvel ..................................................................... 7 
1.2.3 Propriedade resolúvel ........................................................................................... 8 
1.2.4 Direito de superfície .............................................................................................. 8 
1.2.5 Direito de vizinhança ............................................................................................. 9 
1.2.5.1 Uso anormal da propriedade ........................................................................ 9 
1.2.5.2 Passagem forçada ......................................................................................... 9 
1.3 Direitos reais em coisa alheia .................................................................................... 10 
1.3.1.1.1 Fruição ................................................................................................. 10 
1.3.1.1.2 Servidão ............................................................................................... 12 
1.3.1.1.3 Garantia ............................................................................................... 12 
 
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1. Direito das Coisas 
1.1 Posse 
1.1.5 Classificação da Posse 
1.1.5.1 Posse direta e posse indireta 
CC, art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem 
aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. 
Esse artigo autoriza que haja um desdobramento da posse e isso pode se dar em 
razão a um direito pessoal ou um direito real. O desdobramento faz com que o possuidor 
seja um possuidor direto ou um possuidor indireto. O possuidor direto é o que está em 
contato efetivo om a coisa e o possuidor indireto é o que abriu mão do contato efetivo. 
Exemplo de direito pessoal que desdobra a posse: comodato, locação, etc. 
Exemplo de direito real que desdobra a posse: usufruto, penhor, etc. 
Observação: o possuidor direto pode fazer uso dos interditos proibitórios em face do 
possuidor indireto e vice-versa, exceto se a lei der uma determinada ação específica para 
aquela situação. 
 Qual intervenção de terceiro que o possuidor direto faz jus quando é demandado em 
razão de um direito que o demandante tem contra o possuidor indireto. Exemplo: 
vizinho que move uma ação contra o locatário pensando que este é o possuidor. O 
locatário poderia ingressar com uma denunciação à lide. 
 
1.1.5.2 Posse justa e injusta 
A posse injusta está no art. 1.200, CC. Ela é aquela que possui algum dos vícios 
objetivos, que são: violência, clandestinidade e precariedade. 
CC, art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
Posse violenta é aquela adquirida pela força. A clandestina é aquela que adquirida na 
obscuridade. E a posse precária é aquela que decorre do abuso de confiança. A repercussão 
prática disso está no art. 1208, 2ª parte, CC. 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não 
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a 
violência ou a clandestinidade. 
A posse injusta é uma posse que não produz efeitos. Então aquele que adquire a 
posse de forma violenta, clandestina e precária, ele não poderá, por exemplo, usucapir, nem 
se utilizar dos interditos proibitórios 
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1.1.5.3 Posse de má-fé e posse d e boa-fé 
Boa-fé e má-fé estão no art. 1201, CC. 
CC, art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que 
impede a aquisição da coisa. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo 
prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
A boa-fé que está nesse artigo é a boa-fé subjetiva, que é a boa-fé do conhecimento, 
pois se o indivíduo conhece o impedimento para a aquisição de uma coisa e mesmo assim o 
faz, isso será má-fé. Agora se ele desconhece o impedimento, ele estará agindo com boa-fé. 
 Quem tem posse de má-fé, pode ser considerado possuidor? 
Sim, ele é tão possuidor quanto o possuidor de boa-fé. Ele poderá usucapir, utilizar-
se dos interditos proibitórios, etc. No entanto, o legislador outorgou uma série de vantagens 
para o possuidor de boa-fé: 
1ª) em relação aos frutos percebidos, que é aquele que já foi destacado do bem 
principal, observe o que informa os artigos 1.214 e 1.126, do CC: 
CC, art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos 
percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser 
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também 
restituídos os frutos colhidos com antecipação.CC, art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, 
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se 
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 
2ª) 
CC, art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, 
a que não der causa. 
 
CC, art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, 
ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na 
posse do reivindicante. 
3ª) 
CC, art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a 
levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de 
retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
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CC, art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias 
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de 
levantar as voluptuárias. 
 4ª) 
CC, art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido 
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, 
cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua 
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 
 
1.1.6 Formas de aquisição da posse 
A aquisição pode ser originária ou pode ser derivada. 
A aquisição originária se dá através da prática de um ato material. Esse ato material é 
a ocupação. 
A aquisição derivada se dá através de um ato negocial, um negócio jurídico. Existem 
duas cláusulas que negociam o negócio jurídico que são muito comuns em provas: traditio 
brevi manus e o constituto possessório. O traditio brevi manus é quando o possuidor direto 
se torna possuidor pleno. Exemplo: locatário compra o imóvel que ele aluga. Já o constituto 
possessório é uma cláusula que faz com que o possuidor pleno se torne mero possuidor 
direto. Exemplo: o proprietário doa para uma outra pessoa um imóvel, com reserva de 
usufruto. 
Os artigos 1206 e 1207, CC admitem uma sucessão da posse. A sucessão da posse 
pode ser universal ou pode ser singular. A sucessão universal é causa mortis e a sucessão 
singular é inter vivos. Com a sucessão, a posse se transfere com as mesmas características e 
com o mesmo tempo, ou seja, se a posse foi adquirida de má-fé, ela será transmitida de má-
fé, se foi de boa-fé, ela será transmitida de boa-fé, por exemplo. 
CC, art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os 
mesmos caracteres. 
 
CC, art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao 
sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 
 
Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos 
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que 
todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. 
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A sucessão de posse prevista no art. 1.243, CC é chamada de acessio possessionis. 
 
1.1.7 Interversão da posse 
É a alteração da natureza da posse. Então adquiriu a posse com uma determinada 
natureza e ela é alterada. 
Ela está prevista no art. 1203, CC – princípio da continuidade dos efeitos da posse. 
CC, art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter 
com que foi adquirida. 
Exemplo: uma pessoa alugou um imóvel, mas há dez anos não paga mais os aluguéis. 
A posse se iniciou devido ao aluguel, no entanto, em algum momento houve a intervenção e 
a posse passou a ser por uma situação de fato e não mais em decorrência do aluguel. A 
partir da intervenção poderá começar a contar o prazo para usucapião. 
 
1.2 Propriedade 
1.2.1 Conceito 
A propriedade é um direito subjetivo real, pleno, exclusivo, elástico e perpétuo, 
formado por um feixe de poderes, os chamados poderes dominiais (usar, fruir e gozar, 
dispor e reivindicar). 
Por ser um direito real, a propriedade é oponível erga omnes, ou seja, o titular pode 
exigir que toda a coletividade se abstenha de violar esse direito. 
Por ser um direito pleno, o titular da propriedade pode exercê-lo da forma que 
melhor lhe aprouver. Todavia, apesar disso, existe uma série de limitações a esse exercício, 
como por exemplo o direito de vizinhança. 
Em regra, o direito de propriedade é exclusivo, no entanto, nada impede a 
copropriedade. Exemplo: condomínio. 
A propriedade é um direito elástico porque o proprietário pode exercer aqueles 
poderes dominais na sua integralidade ou não. Exemplo: o proprietário empresta o 
apartamento para outra pessoa. 
A propriedade é um direito perpétuo, pois não se extingue pelo não uso. 
 
1.2.2 Formas de aquisição da propriedade 
A propriedade imóvel é adquirida pela usucapião, pelas acessões e pelo registro. 
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A propriedade móvel é adquirida pela usucapião, pela tradição, pela ocupação, pela 
confusão, pela especificação e pelo achado do tesouro. 
 
1.2.2.1 Usucapião 
A usucapião é um modo originário de aquisição da propriedade móvel ou imóvel, 
pelo exercício de uma posse qualificada (ad usucapionem). 
Os requisitos para a usucapião são: 1) posse mansa e pacífica (sem oposição); 2) 
posse ininterrupta; 3) por período de tempo previsto em lei; 4) sobre um bem apropriável 
(bem público não pode ser usucapido); 5) deve ser uma posse com animus, que é aquele da 
teoria de Savigny, ou seja, tem que ter a intenção de ser proprietário. 
 
1.2.2.1.1 Espécies de usucapião em bens imóveis 
1.2.2.1.1.1 Usucapião extraordinária 
CC, art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir 
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; 
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para 
o registro no Cartório de Registro de Imóveis. 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o 
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado 
obras ou serviços de caráter produtivo. 
O parágrafo único desse artigo traz uma causa de redução desse tipo de usucapião. 
 
1.2.2.1.1.2 Usucapião especial rural 
CC, art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua 
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não 
superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, 
tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
1.2.2.1.1.3 Usucapião especial urbanaCC, art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta 
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para 
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário 
de outro imóvel urbano ou rural. 
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, 
ou a ambos, independentemente do estado civil. 
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§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo 
possuidor mais de uma vez. 
 
1.2.2.1.1.4 Usucapião ordinária 
CC, art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido 
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, 
cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua 
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. 
O parágrafo único desse artigo traz uma hipótese de redução do prazo desse tipo de 
usucapião. 
 
1.2.2.1.1.5 Usucapião por abandono do lar 
CC, art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem 
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos 
e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-
companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, 
adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel 
urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) 
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma 
vez. 
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) 
 
1.2.2.1.2 Usucapião em bem móvel 
CC, art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente 
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
CC, art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá 
usucapião, independentemente de título ou boa-fé. 
 As causas preclusivas da prescrição se aplicam à usucapião? 
Artigos 197 ao 202, CC são causas que impedem o início de uma contagem, 
suspendem ou interrompem. Essas causas preclusivas são aplicadas à usucapião? 
 CC, Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas 
que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à 
usucapião. 
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1.2.3 Propriedade resolúvel 
Artigos 1359 e 1360, CC. 
CC, art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do 
termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e 
o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de 
quem a possua ou detenha. 
 
CC, art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, 
que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário 
perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele 
cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. 
A propriedade resolúvel é aquela que se resolve pelo implemento de termo ou de 
condição. 
 
1.2.4 Direito de superfície 
É um direito real que realiza o desdobramento do direito de propriedade, 
estabelecendo duas propriedades autônomas. Há propriedade da superfície e a propriedade 
do solo. O proprietário da superfície é chamado de superficiário e o proprietário do solo é 
chamado de fundieiro ou proprietário. 
O direito de superfície faz suspender a teoria da acessão, que está no art. 1253, CC. 
Assim, toda construção realizada na superfície pelo superficiário, entende-se ter sido feita 
por ele, não irá ser presumida construída pelo proprietário, que é o que a teoria da acessão 
diz. Exemplo: um proprietário instituiu o direito de superfície com uma construtora. a 
construtora ergueu 40 chalés naquela área e vai realizar a exploração econômica daqueles 
chalés. 
CC, art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita 
pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. 
O direito de superfície é sempre temporário, isso significa que em um determinado 
momento essa propriedade irá se concentrar novamente nas mãos do fundieiro. Portanto, a 
superfície é uma propriedade resolúvel. 
 O superficiário pode vender a superfície para outra pessoa? 
Pode, mas o art. 1395, CC determina que seja dado o direito de preferência ao 
fundieiro. 
 
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1.2.5 Direito de vizinhança 
É o conjunto de regras e princípios que visa regular a relação entre vizinhos. 
Vizinho é qualquer que interfere na esfera social do outro. 
Existe um rol taxativo no Código Civil sobre direito de vizinhança, que vai do art. 1277 
até o art. 1313, CC. 
 
1.2.5.1 Uso anormal da propriedade 
CC, art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar 
as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, 
provocadas pela utilização de propriedade vizinha. 
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, 
a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e 
os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. 
Exemplo: Os ensaios da escola de samba do Salgueiro estavam acontecendo às terças 
e às sextas. A associação do bairro ingressou com uma ação contra a escola de samba para 
que ela fizesse um revestimento acústico, pois os ensaios incomodavam os vizinhos. 
O que se pede em uma ação fundada no direito de vizinhança é que haja uma 
adequação no uso da propriedade. 
A ação pautada no uso anormal da propriedade é a ação de dano infecto. 
 
1.2.5.2 Passagem forçada 
CC, art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, 
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar 
passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. 
§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se 
prestar à passagem. 
§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso 
a via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem. 
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, 
existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste 
constrangido, depois, a dar uma outra. 
 
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1.3 Direitos reais em coisa alheia 
A propriedade é formada pelos poderes dominiais (usar, fruir/gozar, dispor). A 
propriedade é um poder elástico. Nada impede que o proprietário autorize que um terceiro 
use, frua ou goze e isso pode ser através de um direito pessoal ou de um direito real. 
Os direitos reais em coisa alheia estão divididos em três categorias: 1) aquisição; 2) 
fruição; 3) garantia. 
O direito de aquisição é o direito de registro. O de fruição são: habitação, uso, 
usufruto e servidão. E o de garantia são: penhor, hipoteca e anticrese. 
 
1.3.1.1.1 Fruição 
A diferença entre habitação, uso e usufruto é a intensidade da fruição. No usufruto a 
intensidade da fruição é ampla, no uso é menor e na habitação é menor ainda. 
No direito real de habitação, o habitante apenas pode morar, ele não tem direito aos 
frutos e rendimentos do bem. O direito real de habitação pode ser decorrente do contrato 
ou de uma imposição legal. 
CC, art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o 
titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com 
sua família. 
CC, art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, 
qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às 
outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes 
compete, de habitá-la. 
CC, art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua natureza, as 
disposições relativas ao usufruto. 
O art. 1831, CC é um exemplo de direito real de habitação imposto por lei. 
CC, art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será 
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de 
habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o 
único daquela natureza a inventariar. 
O Uso está previsto nos artigos 1212 e 1213, CC, nele além da moradia, o usuário tem 
acesso aos frutos necessários para a sua subsistência. O que exceder o necessário para a sua 
subsistência, ele tem que entregar ao proprietário. 
CC, art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra 
o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
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CC, art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não 
aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio 
serviente, ou daqueles de quem este o houve. 
No usufruto o terceiro pode gozar, usar e fruir de forma ampla do bem. 
Observação: em relação à forma de constituição do usufruto, há o usufruto legal, que 
é imposto por lei, ele está previsto no art. 1689, CC, também existe o usufruto judicial, que 
está no art. 736, do CPC, ainda existe o usufruto convencional, que decorre de um contrato 
registrado, e há o usufruto constitucional, que é o usufruto indígena. 
CC, art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar: 
I - são usufrutuários dos bens dos filhos; 
II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade. 
 
CPC, art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, 
poderá opor-se à execução por meio de embargos. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 
2006). 
Parágrafo único. Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados 
em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser 
declaradas autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Redação dada 
pela Lei nº 12.322, de 2010) 
Observação: O inciso VIII, do art. 1.410, CC excepciona a perpetuidade dos direitos 
reais. 
Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de 
Imóveis: 
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário; 
II - pelo termo de sua duração; 
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se 
ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer; 
IV - pela cessação do motivo de que se origina; 
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 
1.409; 
VI - pela consolidação; 
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não 
lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de 
crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 
1.395; 
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399). 
 
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1.3.1.1.2 Servidão 
É um direito real formado por dois prédios, em que o prédio dominante grava o 
prédio serviente, limitando os seus poderes dominiais. Exemplo: servidão de passagem. 
A diferença entre a servidão de passagem e passagem forçada é que a passagem 
forçada é um direito de vizinhança, é um direito que um vizinho tem de impor a passagem 
forçada para outro vizinho, já a servidão de passagem depende de um consenso, de um 
acordo de vontades. 
Observação: No art. 1389, III, CC, a característica do direito real que está sendo 
excepcionada é a perpetuidade, pois se não usar o direito de servidão no prazo de 10 anos, a 
servidão será extinta. 
CC, art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a 
faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção: 
I - pela reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa; 
II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título 
expresso; 
III - pelo não uso, durante dez anos contínuos. 
 
1.3.1.1.3 Garantia 
As disposições gerais do penhor da hipoteca e anticrese estão nos artigos 1419 ao 
1450, CC. 
O conceito de garantia real está no art. 1419, CC, que estabelece uma preferência 
creditória, em que o credor com garantia real prefere aos outros credores. 
O art. 1420, CC dá uma regra geral sobre garantia real – qualquer bem que pode ser 
alienado, pode ser dado em garantia real. O bem de família pode ser alienado, então ele 
pode ser dado como garantia, quando isso é feito, ele perde a sua impenhorabilidade. 
 É possível dar em garantia real a superfície? Sim. 
 É possível dar em garantia real um imóvel gravado com clausula de inalienabilidade? 
Não, pois ele não pode ser vendido. 
A palavra excutir, prevista no art. 1422, CC, significa alienar em hasta pública. Então 
um credor com garantia real pode alienar em hasta pública e o que sobrar ele deve entregar 
para o devedor. O art. 1428, CC proíbe a cláusula comissória, que é uma clausula 
estabelecida no contrato, em que ao invés de vender o bem em hasta publica, o credor iria 
ficar com o bem. 
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CC, art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa 
hipotecada ou empenhada, e preferir,no pagamento, a outros credores, observada, 
quanto à hipoteca, a prioridade no registro. 
Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em 
virtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos. 
 
CC, art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou 
hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. 
O penhor está previsto no art. 1431, CC. Ele recai apenas sobre bens móveis. No 
penhor ocorre a transferência da posse direta para o credor, ou seja, o credor tem que fazer 
a guarda e a conservação da coisa e quando o devedor terminar de pagar, ele terá que 
devolvera a coisa. 
CC, art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia 
do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma 
coisa móvel, suscetível de alienação. 
Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas 
empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar. 
A hipoteca está prevista no art. 1473, CC, ela apenas se aplica a bens imóveis. Nela a 
posse direta não se transfere para o credor. 
Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca: 
I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles; 
II - o domínio direto; 
III - o domínio útil; 
IV - as estradas de ferro; 
V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se 
acham; 
VI - os navios; 
VII - as aeronaves. 
VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
 X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
§ 1º A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial. 
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.481, de 2007) 
§ 2º Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos IX e X do caput deste 
artigo ficam limitados à duração da concessão ou direito de superfície, caso tenham sido 
transferidos por período determinado. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007). 
A anticrese está no art. 1506, CC, ela se aplica a bens imóveis, no entanto, diferente 
da hipoteca, nela ocorre a transferência da posse direta para o credor. 
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CC, art. 1.506. Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, 
ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos. 
§ 1o É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam percebidos pelo 
credor à conta de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa máxima permitida em lei 
para as operações financeiras, o remanescente será imputado ao capital. 
§ 2o Quando a anticrese recair sobre bem imóvel, este poderá ser hipotecado pelo 
devedor ao credor anticrético, ou a terceiros, assim como o imóvel hipotecado poderá 
ser dado em anticrese.

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