Buscar

IMPACTOS DAS IDÉIAS HUMANISTAS FENOMENOLÓGICAS E EXISTENCIAIS NA PSICOTERAPIA

Prévia do material em texto

IMPACTOS DAS IDÉIAS HUMANISTAS, FENOMENOLÓGICAS E EXISTENCIAIS NA PSICOTERAPIA
 INTRODUÇÃO
Estamos assistindo a um ressurgimento das terapias ditas humanista existenciais. Pequenos grupos espalhados por várias lugares começam a se organizar para sistematizarem seus estudos. Como exemplo deste revigoramento do que já foi chamada a 3a. força da Psicologia em algumas décadas passadas, tivemos, em setembro de 1993, o II Congresso Brasileiro de Psicoterapia Existencial; em setembro de 1994, a Segunda Conferência Internacional de Psicologia y Psiquiatria Fenomenológica; em outubro de 1994, 1o. Encontro Latino Americano da abordagem centrada na pessoa e, hoje, estamos iniciando o II Encontro Mineiro de Psicologia Humanista, que tem como objetivo reunir reflexões de profissionais para que possam explicitar melhor as características do ser humano, e, assim, compreenderem o homem como pessoa.
O desafio diante do qual nos deparamos é de vermos agrupados sob o nome da Psicologia Humanista, e mais especificamente, Psicoterapia humanista existencial as mais diversas práticas de psicoterapais, algumas meras técnicas que não têm nada a ver com a Psicologia Humanista ou Fenomenológico existencial. Este desafio se manifesta de uma dupla maneira. Em primeiro lugar, seria necessário separarmos as práticas terapêuticas de orientação humanista existencial das meras práticas alternativas que se proliferam no mundo moderno. Em segundo lugar, dentro das práticas humanista existenciais, separamos as diversas orientações que, num primeiro momento, podem parecer iguais, mas apresentam fundamentações teóricas divergentes.
O objetivo desta conferência, sem querer esgotar o assunto e muito menos julgá la completa, pretende traçar algumas linhas gerais das diversas terapias contemporâneas ditas humanista existenciais, a partir de suas fontes e de suas idéias chaves, respondendo, assim, ao segundo aspecto do desafio proposto. Para levarmos a contento o propósito estabelecido, dividiremos a exposição em dois momentos:
Análise das diferentes fontes do movimento psicoterápico humanista existencial.
Impacto destas idéias na prática clínica denominada psicoterapia.
AS FONTES DA PSICOTERAPIA HUMANISTA EXISTENCIAL
Para entendermos as diversas forças que vão moldar as psicoterapias de cunho humanista existencial, comecemos a distinguir as ideias humanistas das idéias fenomenológicas e das idéias existenciais. Em determinados momentos da história, estas idéias se intercruzam, mas é necessário distinguirmos suas origens.
CONTEXTO HISTÓRICO DAS FONTES
HUMANISMO INDIVIDUAL
O conceito histórico cultural de humanismo se refere à época do Renascimento e tinha como objetivo uma volta aos estudos dos autores clássicos Greco latinos. Dessa maneira, a recuperação os grandes modelos de sabedoria do pensamento antigo possibilitava o crescimento do homem. Por outro lado, o humanismo, enquanto possuidor de um significado ideal, designa uma concepção do mundo e da existência que tem por centro o homem. Assim temos tantos humanismos quantas concepções de homem. E nesta perspectiva que devemos entender o movimento humanista que surgiu na sociedade americana e que foi responsável pelo aparecimento da Psicologia humanista que se apresentou como a terceira força da Psicologia e como alternativa a psicanálise de Freud, que tinha como preocupação central o estudo do inconsciente e a Psicologia behaviorista, que tinha como objeto de estudo o comportamento. A psicologia humanista é um retorno ao estudo da experiência consciente. Esta psicologia constitui se em oposição à objetividade do behaviorismo, e, embora em acordo com a ênfase subjetiva da psicanálise, opõe se ao reducionismo
do comportamento a defesas e pulsões.	
O movimento cultural que sustentou esta transformação foi chamado por Gomes (1986) de humanismo individual e
sua história está associada com o desempenho da economia. Com a economia em ascensão, decorrente das transformações sociais pós guerra, valores tais como, independência, hedonismo, dissidência, tolerância, permissividade, auto expressão, ganham proeminência. Todo este movimento liberalizante e permissivo alcança seu pico no governo Kennedy onde suas qualidades anunciam mudanças rápidas significativas .
Nós assistimos à invasão da sociedade pelo Eu, onde tudo, a partir dos anos 60, se estruturou tendo nas preocupações pessoais seu lugar privilegiado. A lei, a seguir, formou se depois da percepção de que a política não leva a nada: Sentir e viver plenamente suas emoções. O impacto desta maneira de viver pode se sentir também na psicologia e é descrita por Gomes assim:
Exemplos da atmosfera dominante podem ser vistas em frases que ficaram célebres como a oração da Gestalt. Você cuide da sua vida que eu cuido da minha. Eu estou aqui para não viver as suas expectativas e nem você está aqui para viver as minhas. Ou como Mariow (1968) costumava dizer que uma pessoa é valorizada nao pelo que ela produziu mas pelo que pode vir a ser.
Ou ainda, na teoria rogeriana da confiança irrestrita na pessoa.
Este clima de centramento no sujeito é a matriz de vários movimentos terápicos e, hoje, a exacerbação do eu como centro, em tudo que se faz, provoca a onda de técnicas de auto ajuda que assistimos proliferarem na sociedade contemporânea.
FENOMENOLOGIA
Ao contrário do humanismo individual, a fenomenologia é um movimento filosófico que se estruturou no início do século XX através de Husserl. A palavra Fenomenologia foi utilizada pela primeira vez pelo médico francês J.H. Lambert em meados do século XVIII, para designar o estudo ou a descrição da aparência, na quarta parte do seu livro intitulado New Organon (1764) Este sentido pré husserliano é recolhido por Kant e retomado por Hegel na Fenomenologia do Espírito já para designar a sucessão, por necessidade dialética, dos fenômenos da consciência, desde as simples aparências sensíveis até o saberabsoluto. Sem se esquecer que o termo foi também utilizado por Hartmann, Pierce e Stumpf, chegamos ao sentido husserliano, anunciado na obra Logische Untersuchungen (1900 1901) onde Fenomenologia é entendida como um método para fundar a lógica pura, e, posteriormente,
pensada por Husserl para fundamentar a totalidade dos objetos possíveis.
É necessário lembrar que a concepção da Fenomenologia não foi colocada por Husserl de maneira acabada na referida obra. Ela sofre uma evolução ao longo do pensamento husserliano. Como nos mostra Van Breda no seu excelente artigo Phenomenologie, existe, em Husserl, duas grandes concepções de Fenomenologia. Na primeira, Husserl define Fenomenologia como uma ciência filosófica propedêutica, que tem como objeto a descrição das essências fundamentais para uma problemática filosófica dada. A segunda concepção, que se desenvolveu a partir do escrito de 1907, Idéias para uma fenomenologia pura, proclama a fenomenologia possuidora da seguinte tarefa: redescobir a gênese intencional da consciência e os passos constitutivos que a consciência coloca em movimento.
Hoje, quando falamos que um pensador é influenciado pela fenomenologia, devemos ter o cuidado de detectar qual e a sua concepção de fenomenologia subjacente ao seu trabalho teórico, pois a primeira concepção de fenomenologia influenciou um grande número de psicólogos, psiquiatras, crítico de artes dos quais podemos citar Jagers como o primeiro que trouxe esta concepção para o domínio da psicopatologia. Já a segunda concepção foi utilizada mais pelos filósofos nas suas investigações. No pensamento francês, podemos citar Sartre, Merleau Ponty e Ricoeur. 
Cada um dos inspirados pela fenomenologia vai, porém, trilhar um caminho próprio. É por esta razão que teremos diversas concepções de fenomenologia ao longo da história do pensamento psicológico. Uma observação se faz necessária no sentido de precisar que todos os que adotam o método fenomenológico se opoem ao método científico clássico e à análise central dos fenômenos psíquicos. Desta maneira, a fenomenologia é uma nova maneira de se abordar os fenômenos psíquicos.EXISTENCIALISMO
Enquanto a Fenomenologia é compreendida pelos discípulos como um método, o Existencialismo é entendido como uma doutrina filosófica sobre o homem. As filosofias da Existência surgirão como uma oposição a toda filosofia clássica a qual é entendida como o estudo das essências, cuja idéia principal seria a compreensão das dimensões estáveis. Os filósofos da existência vão redirecionar as perguntas sobre o homem. Em vez de se perguntar: o que é o homem se perguntará: quem é o homem?
Evidentemente a palavra existencialismo começou a ser usada depois da primeira guerra mundial para designar justamente o movimento de alguns pensadores e de alguns literatos sobre a investigação de quem é o homem. Este movimento, que se estruturou com mais força no entreguerras, isto é, entre 1918 e 1945 teve suas raízes históricas no pensamento de Kierkegaard quando o filosofo dinamarquês se opôs ao pensamento pós hegeliano dominante do seu tempo. A idéia central de luta de Kierkegaard era reagir contra o caráter universal, intelectual e determinista do egeliamsmo, afirmando o interesse pelo singular e pela vontade. Segundo os historiadores, o movimento existencialista se iniciou na Alemanha, em 1919, quando Barth publicou um comentário sobre a epístola aos Romanos e Jaspers publicou A Psicologia da Mun dividencia. De um lado, o movimento existencialista ganha forças justamente a partir da década de 20, uma vez que o entre guerras foi um período de muito sofrimento, desespero e angústias. Estes temas se tornaram os temas preferidos dos existencialistas, pois estes se preocupavam em falar e refletir sobre o que o homem estava vivendo naquele instante. Por outro lado, este movimento só veio a se expandir fora do contexto europeu a partir do fim da segunda guerra mundial, A década de 50 foi, talvez, a década de divulgação do movimento existencialista.
É necessário observar que, embora encontramos um número muito grande de escritores ditos existencialistas, Buber, Bultmann, Guardini Camus, Dostoievski, entre outros, só são considerados clássicos filósofos existencialistas Heidegger, Jaspers, Sartre e Marcel. E uma segunda observação é que todos estes quatro filósofos, que passaram para os anais da história da filosofia como os filósofos da existência, utilizaram, cada um a partir de uma inspiração pessoal, o método fenomenológico para concretizarem as suas reflexões sobre o homem.
A Filosofia da existência pode ser concretizada através de duas grandes características. A primeira é que todos os filosofes e escritores procuram valorizar o homem. A segunda é que todos procuram descrever e explicitar o modo concreto do homem viver, isto é, refletindo sobre a angústia, a liberdade.
Salientamos que o desenvolvido até aqui visa explicitar a necessidade de um cuidado de se detectar as diversas fontes da psicoterapia e, mais ainda, observar que os três movimentos, que ora analisamos, possuem as origens mais diversas e ideias forças
diretrizes muito diferentes.
AS IDÉIAS FORÇAS DE CADA MOVIMENTO
Gostaria, agora, de desenvolver as idéias chaves ou forças de cada um dos movimentos. Visto que o tempo de exposição nao permite uma análise exaustiva, escolherei uma idéia chave de cada uma das fontes das psicoterapias humanistas existenciais., escolha não reflete nenhuma escala de valores, mas procura de tacar as categorias mais significativas no nosso entender. Do pensamento humanista, escolhemos o conceito de auto realização, da fenomenologia, o da intencionalidade da consciência, e da filosofia existencial o conceito de Existência.
a) Auto realização e Autodesenvolvimento
A psicologia humanista procura entender a vida humana na sua totalidade e, assim, a compreensão do homem pelos psicólogos humanistas é entendê lo como um ser que, em primeiro lugar, possui uma unidade. A diferença entre as diversas abordagens esta em que cada uma, ao descrever as características principais do homem, sublinhará pontos diferentes. Como exemplo podemos citar Maslow, que coloca o acento sobre o projeto humano e na superação de si, quando fala das experiências culminantes.
A ênfase sobre o ciclo da vida é outra característica da Psicologia Humanista. Seus representantes têm enfatizado que a vida humana possui uma dinâmica na qual, em cadafase da vida, o ser humano deve alcançar um certo grau de realização, a fim de que possa, ao longo da vida, se estruturar como uma pessoa plena, integrada. Ora, essa ênfase dos humanistas nos faz perceber que o homem e compreendido, em primeiro lugar, como processo e evolução. Somente a partir deste processo é que podemos compreender a sua estrutura. Assim, Poelman, no seu livro O homem a caminho de si mesmo, afirma que esse processo da evolução é inerente à própria vida e que essa evolução não ocorre ao acaso, mas segue uma certa direção, tem um certo fim em vista; não é um processo que ocorre somente por acertos e erros ou por tentativas desconexas, não é um vôo no escuro.
Encontrar as categorias fundamentais que traduziriam estas duas características principais do pensamento humanista é o desafio do intelectual. Penso, porém, que, sob os conceitos de auto realização e autodesenvolvimento, poderíamos agrupar as diversas contribuições humanistas.
O conceito de auto realização quer acentuar que esse processo de crescimento inerente à dinâmica da vida deve ser entendido na sua globalidade, isto é, no desenvolvimento de todas as dimensões humanas, sejam elas biológicas, psicológicas, espirituais e sociais. Gostaria de citar Rogers e Maslow como os representantes mais significativos da explicitação das fases do processo de auto realização do homem. Rogers, no seu livro Tornar se Pessoa , na quarta parte, quando trata da Filosofia da Pessoa, traça características deste processo de auto-realização. Por outro lado, Maslow, no seu livro Motivation and Personality, na parte que trata da Teoria da Motivação humana, desenvolve as dimensões do ser humano que devem ser atingidas no processo de auto realização.
O conceito de autodesenvolvimento nos ajuda a entender a evolução do ciclo da vida do homem. Entre os humanistas citaria Buhler e um neoculturalista que traduz bem este processo, Erikson. Enquanto Buhler mostra que o ser humano deve passar por cinco fases, Erikson enumera oito fases, destacando sempre, em cada uma delas, uma dialética entre dois polos opostos. As duas interpretações estão baseadas no fato de que a vida é vivida corno um todo por uma pessoa que atinge seu pleno desenvolvimento no instante em que percorre as diversas fases, cada uma com uma conquista integrativa, retratadas através de seus sucessos e de seus fracassos.
b) Teoria da Intencionalidade
Sem querer fazer um estudo exaustivo sobre a fenomenologia, os psicólogos devem se interrogar sobre quais conceitos fundamentais da Fenomenologia são úteis para seu trabalho. Assim, não se trata de fazer Filosofia Fenomenológica, mas captar os conceitos que nos ajudariam a entender melhor os fenômenos psicológicos.
De um modo geral, utilizamos uma compreensão do método fenomenológico para nossos estudos. Este método tem, porém, alguns fundamentos e procedimentos que podem ser tematizados através da explicitação de suas características.
Para um certo domínio da fenomenologia, será necessária a compreensão do retorno às coisas mesmas, o conceito de redução eidética e a redução transcendental, a teoria da intencionalidade, a intuição das essências, o mundo da vida a intersubjetividade. Diante do tempo limitado desta conferência, destacaremos o que nos parece ser a descoberta mais significativa de Husserl, que é a teoria da intencionalidade.
A afirmação de Husserl é que a consciência é intencionalidade, isto é, que ela é sempre consciência de alguma coisa. Husserl avança o conceito de intencionalidade dos escolásticos retomado por Brentano, pois a intencionalidade husserliana não é apenas uma propriedade do ato ou vivência, como em Brentano que não fala ainda de consciência intencional. Segundo Husserl, a intencionalidade vivifica a vivência,tornando a designativa do objeto, em virtude de um processo mais radical, inerente à própria consciência. A novidade, aqui, é que a consciência se esgota em visar algo que não é ela mesma: ela se define pelo objeto que visa.
Assim, a ideia de intencionalidade que começou a ser desenvolvida por Brentano e retomada por Husserl, vai se articular independentemente da idéia que o sujeito e o objeto sao duas substâncias separadas, justamente o contrário da filosofia cartesiana onde o Cogito separa radicaimeníe o mundo do pensamento e a realidade do corpo. Podemos concluir com Forghieri dizendo que a intencionalidade é, essencialmente, o ato de atribuir um sentido: e ela que unifica a consciência e o objeto, o sujeito e o mundo. Com a intencionalidade há o reconhecimento de que o mundo nao e pura exterioridade e o sujeito não é pura interioridade, mas a saída de si para um mundo que tem uma significação para ele .
O conceito de Existência
Se também percorrermos os principais existencialistas, como citamos os principais humanistas, vamos destacar os temas mais relevantes para a Psicologia Existencial. Antes de destacar as principais categorias da Filosofia da Existência, faria duas observações. A primeira é que os ditos filósofos oficiais do existencialismo Sartre, Jaspers, Heidegger, Marcei cada um, a seu modo, utilizou o método fenomenológico para elaborar a sua filosofia da existência, unido assim os dois conceitos fenomenologia e existencialismo. A segunda observação é que a Psicologia Existencial não se baseia só nas filosofias oficiais do Existencialismo, mas utiliza também os conceitos elaborados pelos outros escritores existencialistas supracitados. Sem corrermos o risco de, sob o nome de Existencialismo, abrigarmos todo tipo de pensamento antiracionalista, é necessário procurarmos explicitar os fundamentos teóricos, isto é, analisar e esclarecer nossas próprias pressuposições de entendermos a existência humana.
Dentre a vasta temática das filosofias da Existência, podemos destacar as categorias de Existência, ser no mundo, liberdade, o outro, a Angústia, Temporalidade, o Amor etc. Escolhemos faiar sobre a Existência pois é ela que nos explicita melhor as dimensões do ser humano. A pergunta inicial seria a seguinte: é possível definir o conceito de Existência? A palavra Existência, diz Jaspers e um dos sinônimos da palavra realidade, mas, graças à maneira de como Kierkegaard a acentua, ela tomou um aspecto novo: ela designa o que eu sou fundarrientalmente por mim.
Existência não deve ser entendida no sentido trivial de ser no mundo, como simplemenie um ente no meio de outros entes. Ex sistere deve ser compreendida como ex = fora de e sistfere = ter sua postura. Existir é, pois, ter sua postura fora. A existência difere radicalmente do comportamento de todo os outros entes. Nós somos o destino de nós mesmo. Esta postura, que está sempre em construção, nunca acabada nos permite captar algumas características do existir humano. Em primeiro lugar, existir é ir sendo, o que se fará através da escolha e da decisão. Em segundo lugar, e estar em conflito consigo mesmo, e uma preocupação infinita
de si próprio. Em terceiro lugar, ela não é definível. Ela não pode tornar se objeto.
Cada filósofo, através de seus escritos, procura precisar as características de Existência. Heidegger deve ser lembrado como talvez, o que fez um esforço gigantesco na sua obra Ser e Tempo para analisar a estrutura da Existência, mostrando a estrutura Dasein, o estar fora de si e estar no mundo. Por isso, vai falar de existência autêntica e existência mantêutica. No aprofundamento do pensamento de Heidegger, vamos encontrar Binswanger que mostrando o limite das análises heideggerianas, quando compreende o Dasein como cuidado Sorge, mostra que o amor Liebe é uma outra dimensão do Dasein de Existência que não mereceu atenção dos filósofos.
Depois destas breves consderações, passemos a análise da repercussão destas idéias na psicoterapia.
- IMPACTO NAS PSICOTERAPIAS
O passo agora é estarmos atentos a qual destas fontes analisadas acima lançar os alicerces para a prática clínica denominada psicoterapia. Sem querer esgotar o assunto, tentaremos mostrar, em linhas gerais, quais as bases das mais significativas psicoterapias humanista existenciais e fenomenológico existencial. A divisão agora não é arbitrária, mas tem sua razão de ser e é o que tentarei mostrar.
Creio, porém, ser necessário destacar que tanto as terapias humanistas, as terapias existenciais,quanto as terapias fenomenológico existenciais, possuem uma concepção mais ou menos homogênea do que seja Psicoterapia. Sem medo de errar, podemos dizer que, para todas as principais tendências do mesmo solo epistemológico, a psicoterapia é entendida como um encontro interpessoal entre o cliente e o terapeuta. Encontro que só tem sentido se o tipo de relação estabelecida entre os dois seres humanos for vivida como uma relação pessoal intersubjetiva, isto é, quando os dois protagonistas trabalharem juntos a um nível subjetivo, nível este que deixa aflorar as vivências mais intensas do cliente.
Desta maneira, descartamos, de uma vez por todas, que não entendemos psicoterapia como uma aplicação de técnica. Ela é
uma relação pessoal intersubjetiva.
Para melhor entendermos o vasto panorama das diversas terapias, dividi lo em dois grandes grupos. No início, estes grupos se estruturam independentemente um do outro, mas, com o passar do tempo, os contactos vão se estreitando, e as influências reciprocas ajudam a enriquecer ambas as partes. Porém no meu entender, é possível ver, com grande nitidez, duas grandes escolas. A primeira escola chamarei de escola americana, a segunda, de escola européia.
A ESCOLA AMERICANA
O Humanismo individual é fruto da sociedade americana e foi este momento cultural juntamente com as peocupações do existencialismo de Kierkegaard os responsáveis pela primeira fase das terapias ditas humanista existenciais. May diz o seguinte: No pensamento e nas atitudes americanas também é muito importante a desconfiança em relação às categorias abstratas ou a teorização per se, uma desconfiança tão veementemente manifestada por Kierkegaard, assim como a rejeição da dicotomia sujeito objeto. A primeira tendência da escola americana é o que chamaremos Psicoterapia humanista existencial.
Psicoterapia Humanista Existencial
Terapia centrada na Pessoa de Cari Rogers.
É impossível, aqui, no contexto desta apresentação, analisarmos com profundidade os desdobramentos de cada teoria. Destacaremos só os pontos mais significativos que mereçam a nossa atenção.
O pensamento terapêutico de Rogers passa por três grandes fases: a não diretiva (1940 1950), a fase reflexiva (1950 1957) e a fase experiencial (1957 1970). No âmbito geral, a fundamentação de Rogers é mais no pensamento de Kierkegaard e Buber, tendo o contacto com a fenomenologia ocorrido mais tarde, em dois momentos distintos. O primeiro, através de Suygs e Combs e o segundo, por intermédio de seu discípulo Gendlin, que influenciou na passagem da segunda para a terceira fase de sua teoria.
Como o próprio Rogers escreve, a identificação com a psicologia humanista está baseada na sua advocacia peta dignidade e valor da pessoa individual na sua busca pelo crescimento. Sua teoria da Personalidade, que sustenta toda a prática terapica, vai apresentar uma interligação entre esta e a experiência que sera feita pelo organismo. Esta afirmação retrata um dualismo que, aos olhos da fenomenologia, trará problemas.
O fato de Rogers ter uma confiança nas forças positivas do organismo, que são utilizadas de forma exata, ajudará o indivíduo a ter uma vivência mais plena. Ele diz que em cada organismo há um fluxo subjacente de movimento em direção à realização cons trutiva das possibilidades que lhe são inerentes. Este posicionamento rogeriano o coloca mais próximo das idéias humanistas do que das idéias fenomenológicas.
Psicoterapia existencial de Whitaker e Malone
Outra abordagem de psicoterapia, que se alinha tendoas idéias humanistas como inspiradoras, é a psicoterapia existencial de Whitaker e Malone. O livro Metas de Psicoterapias, escrito pe los dois clínicos em 1953 e reeditado em 1981, traduz as ideias de que o indivíduo está inserido num meio cultural e deve ser entendido como uma pessoa, isto é, deve ser percebido no dinamismo filosófico e na sua inserção como ser social.
O movimento fenomenológico surgido na Europa teve também suas ramificações nas Américas, porém, a nosso ver ainda se estruturou de uma forma acadêmica ou escolar, tanto assim que Spigelberg, historiador do impacto das idéias fenomenológicas na Psicologia e Psiquiatria, divide em duas épocas distintas a vinculação das idéias fenomenológicas nos EUA. A publicação de Existência em 1958, um livro organizado por Rollo May e outros, tornou se o marco divisório das idéias fenomenológicas. É nesse livro que se tem, pela primeira vez, uma divulgação das ideias de Binswanger, Strauss, Minkowsky e Kuhn, teóricos da fenomenologia no campo da psiquiatria
Um ano depois, na Convenção Anual da Associação Americana de Psicologia, Maslow, numa conferência, diz o seguinte: A fenomenologia tem uma certa história no pensamento psicológico americano, mas, no todo, penso tem enfraquecido. Os fenomenólogos europeus, com suas demonstrações torturantemente cuidadosas e laboriosas, podem nos reensinar que o melhor modo de compreendermos outro ser humano ou, pelo menos, um modo necessário para algumas finalidades é penetrar em seu weltanschamung e ser capaz de ver seu mundo através de seus olhos. Este revigoramento vai se traduzir com o aparecimento de várias revistas de cunho fenomenológico e existencial.
a) Psicoterapia Existencial de Rollo May May tem se tornado o porta voz, nos Estados Unidos, das idéias fenomenológico existenciais. May é mais conhecido como existencialista, pois sua ênfase na fenomenologia tem sido recente. No seu artigo Uma abordagem fenomenológica da Psicoterapia, ele nos diz: Nós, psicoterapeutas, esperamos que a fenomenologia nos indique um caminho para a compreensão da natureza fundamental do homem.
A trajetória de May em seu contacto primeiro com o existencialismo se deve ao fato de ter convivido com dois refugiados alemães: Goldstein e Tillich, tendo, assim, acesso ao pensamento de Kierkegaard e Heidegger.
Rollo May não escreveu muito explicitamente sobre a conduta do terapeuta nesta perspectiva fenomenológica. O que temos e a explicitação de conceitos centrais no livro Existência, e retomados posteriormente, no livro A descoberta do Ser, como Ser e não ser, Ser no mundo, que servem para fundamentação do trabalho terapêutico na linha fenomenológico existencial.
b) Psicoterapia Existencial de Eugene Gendlin
O Psicólogo e filósofo Gendlin é o responsável pela reorientação da obra de Rogers, transformando-a em fenomenologia e existência. É também o criador da psicoterapia experiencial, que constitui se, basicamente, numa fusão das terapias centradas no cliente e existencial. Contudo, é uma fusão criativa que vai alem destes dois sistemas, invertendo as regras da Terapia centrada no cliente e ampliando a Terapia Existencial”.
Eugene, no artigo onde dá uma visão gerai da sua terapia, enumera os principais pensadores que constituem as raízes de seu trabalho. Dos filósofos, ele é devedor a Kierkegaard, Husserl, Heidegger, Buber, Sartre e Merleau Ponty; dos psicólogos ele destaca Whitaker e Malone, Rank, Rogers, Binswanger, Boss e May. Seu pensamento se traduz num esforço gigantesco de encontrar um método que fosse adequado para estudar o fenômeno da subjetividade.
Gendiin estrutura a terapia experiencial em torno de quatro conceitos básicos:
sentir experiências (experiential felt sense)
diferenças (differentiation)
o ir adiante (carrying forward)
d) interagir (interaction)
O processo de experiências se dá através dos três primeiros conceitos. No sentir experiencial, descreve este contato imediato com o todo situacional. Esta consciência pré reflexiva é possível quando o indivíduo está, interiormente, quieto e preparado para interagir com o próprio corpo. No diferenciar, define os elementos emergentes da informação organística e é, portanto, uma reflexão.
O ir adiante indica o movimento resultante da tensão dialética, que ocorre quando a informação organística é diferenciada e cada sentimento é nomeado. Porém, para Gendiin, este processo só ocorre se o ser humano possui um corpo, que está em contínua interação com o seu meio ambiente. Nota se aqui a grande influência do pensamento de Merleau Ponty.
Assim, Gendiin estrutura toda a sua técnica terapêutica numa condição fenomenológíca da teoria e consegue atingir a subjetividade ao ser humano, objeto de abordagem das teorias fenomenológico existenciais.
O mundo contemporâneo está passando por grandes transformações, e temos assistido a um questionamento de que os parâmetros antigos não são suficientemente claros para se entender determinados fenômenos. É o que se chama a crise dos paradigmas. No bojo desta problemática, tem surgido um novo eixo de organização da ciência, onde, para se entender um fenômeno, não basta hipótese simplista, pois o fenômeno é extremamente complexo. Fala se também que a referência não é mais a objetividade pura e simples, mas ela deve ser compreendida a partir da intersubjetividade. É o novo conceito de ciência e de homem que deve emergir neste final de milênio.
As práticas terapêuticas devem se estruturar não mais dentro do paradigma newtoniano cartesiano (Determinismo, Reducionismo, Fragmentação e Separação radical do sujeito objeto), mas dentro de um novo quadro referencial que seja sistêmico, linguístico, fenomenológico, existencial e transcendental.
Dentro desta perspectiva desafiante, é que gostaria de citar dois estudos, em psicoterapia existencial que devem nos motivar e buscar o diálogo com o que há de mais novo no pensamento contemporâneo. A psicoterapia existencial de Irvin Yalon e a de Salvatori Maddi.
A ESCOLA EUROPÉIA
A Europa, pela sua tradição filosófica, será o berço das principais idéias fenomenológicas e existenciais. Está em sua maneira de ser uma busca rigorosa na estruturação dos conceitos, e não poderia ser de outra maneira. Assim, as mais fecundas e o aparecimento dos primeiros discípulos dos mestres filósofos no campo da prática clínica se dá com mais força na Alemanha, sem, evidentemente, esquecermos as contribuições do pensamento francês.
Psicoterapia Fenomenológico Existencial
a) Daseinsanalyse de Ludwig Binswanger
Podemos resumir em duas as contribuições de Binswanger para a prática clínica. A primeira são os estudos fenomenológicos no campo da psicopatologia onde sua abordagem, a partir dos estudos de Husserl, marca um passo a mais nos estudos iniciados por Jaspers. A segunda é a construção da teoria terapêutica intitulada Daseinsanalyse. Porém, estas duas contribuições devem ser entendidas dentro de uma preocupação mais ampla que pautou todo o seu trabalho clínico, que foi a de encontrar uma fundamentação científica para a Psiquiatria do seu tempo.
Binswanger foi diretor da clínica Bellevue, fundada por seu avô, em Kreuzilníg, e de promoveu muitos encontros com intelecutais e mestres da época. Estas jornadas de estudos contaram com a presença de Husserl, Scheller, Heidegger, Buber e muitos outros que marcaram o pensamento binswangeriano. No campo da psicologia, Binswanger fez sua tese de doutorado sob a direção de Cari Jung e foi através deste que, em 1907, conheceu Freud do qual iria se tornar amigo, permanecendo psicanalista até o fim da vida, mesmo depois do rompimento intelectual com Freud.
Foi, no ano de 1930, com o lançamento de Sonho e Existência, que Binswanger começou a lançar as bases de Daseinsanalyse que tem seus fundamentos filosóficos e antropológicos explicitados em 1942 na obra Grundformen. Sua compreensão do Dasein vai além da heideggeriana no sentido que este não deve ser entendido só como Sorge cuidado, mas também como Liebe Amor. Estas duas dimensões do Dasein possibilitam que ele nãoseja só entendido como ser no mundo in der welt sein, mas, também, como um ser que ultrapasse o mundo uber die welt hinaus sein.
b) Análise Existencial de Medard Boss
Boss funda, em Zurick, um Instituto de Psicoterapia chamado Daseinsanalyse, mesmo nome do trabaho de Binswanger, e que tem como principal inspirador Martin Heidegger. Porém, antes de se iniciar ao pensamento de Heidegger, Boss foi muito influenciado
porJung.
As análises do ser no mundo introduzidas por Heidegger vao ajudar Boss, que não estava contente com as análises freudianas, a encontrar alternativas de uma concepção nao naturalista do homem como aberto ao ser. Assim, a função da terapia seria a completa liberação do paciente através da experiência fenomenal, à qual o terapeuta terá acesso através das análises dos sonhos que Boss desenvolveu em alguns dos seus mais importantes escritos.
Boss pontua suas divergências com a Psicanálise e poderiamos citar duas. Em primeiro lugar, enfatiza que os bonflitos individuais não estão na mente; eles são conflitos entre os diferentes modos de relação do nosso mundo e do mundo dos outros. Em segundo lugar, Boss ressalta que expressões de sentimento dos pacientes estão diretamente ligados à situação presente.
Psicoterapias Antropológicas
Entendemos por psicoterapias antropológicas as práticas terapêuticas que partem de uma elaboração explícita do ser humano trabalhado. Todos os procedimentos serão decorrentes da concepção de homem explicitada.
a) Logoterapia de Viktor Frankl
Frankl viveu situações dramáticas existenciais como prisioneiro no campo de concentração de Auschwitz, as quais são retratadas no livro O homem em busca do sentido. Sua teoria terapêutica estaria muito influenciada pelas experiências limite mais terríveis do totalitarismo, vividas durante três anos, como prisioneiro.
Após a segunda guerra, ele quis estudar filosofia e defendeu sua tese de doutorado aos 44 anos sobre a presença inconsciente de Deus. Assim, a sólida base filosófica veio apoiar suas experiências existenciais e médicas.
A concepção de homem explícita de Frankl pode ser resumida no sentido de que o homem deve ser entendido como um ser biopsicoespiritual, isto é, como uma totalidade. Desta antropologia tripartida, Frankl dará maior ênfase à dimensão noética, isto é, a dimensão do espírito, onde o homem será entendido como um ser em busca do sentido. Ele diz que o homem no final das contas, o que procura mais é a felicidade em si, mais uma razão para ser feliz. Com efeito, no dia a dia da clínica, vemos que é precisamente por não contar com uma. razão para ser feliz que o neurótico sexualmente perturbado, impotente ou frígido, encontra-se impossibilitado de obterá felicidade”
A diferença fundamental entre a Logoterapia e a Análise Existencial e que a primeira tem como finalidade incluir o logos na psicoterapia e a segunda é incluir a existência na psicoterapia. Segundo Frankl, a reflexão regressiva psicoterapêutica sobre o logos significa o mesmo que reflexão regressiva sobre o sentido e os valores.
A auto reflexão regressiva psicoterapêutica sobre a existência é igual a auto reflexão sobre a liberdade e a responsabilidade.
b) Psicoterapia Antropológico fenomenológica
A escola de Heidelberg que desenvolveu a aplicação da fenomenologia da psicopatologia através, primeiro, de Jaspers e, posteriormente, através de Tellenbach, que faleceu no último setembro, foi também a responsável pelo desenvolvimento de uma antropologia fenomenológica aplicada ao campo da medicina psicossomática.
Viktor Von Weizsacker foi o responsável pela elaboração da antropologia, que desenvolveu uma nova compreensão da relação médico paciente, trazendo, assim, novas luzes para uma relação terapêutica mais libertadora. Weizsacker diz que a pessoa está determinada pelas categorias do devir, do encontro, do sucesso, da confirmação e da responsabilidade.
Esta antropologia teve seus discípulos dos quais podemos destacar Paul Christian, que faz uma análise da compreensão da pessoa no moderno pensamento médico, e Walter Brautigam que desenvolve a dimensão antropológica da psicoterapia.
Psicoterapia Antropológica dos anos 80 90.
Temos assistido, na Europa, a uma efervescência de novas idéias que provaram um repensar de algumas posições defendidas pelas terapias apresentadas anteriormente. É necessário entrar em diálogo com as ciências desta segunda parte do séc. XX, para não correr o risco de se perder o bonde da história.
Dentro deste esforço, quero citar a Psicoterapia Dialytica de Luis Cencillo na Espanha. Dialysis hologênica que, literalmente, significa dissolução gerada pela totalidade, isto é, gerada pela compulsão da totalidade de todos os dados, elementos e registros disponíveis e verificáveis. Dialysis conota processo, um processo translaborativo que vai dissolvendo fixações, barreiras, bloqueios e as vai canalizando integralmente na totalidade funcional hologênesis. O autor parte, portanto, de uma explicitação da totalidade do ser humano para gerar a sua prática clínica. O segundo exemplo é o de Wyss, que tem elaborado uma Psicoterapia antropológica integrativa, na qual define a psicoterapia como um encontro intersubjetivo da comunicação. O autor desenvolve também toda uma reflexão sobre o que seja a comunicação e as suas implicações na relação terapêutica.
IV-CONCLUSÃO
Neste final de século, permeado por grandes transformações, as psicoterapias humanistas, existenciais e as psicoterapias fenomenológico existenciais se encontram diante de desafios novos e nunca pensados. Citarei só dois.
O primeiro grande desafio, no nosso entender, é a neessidade de se explicitar de maneira rigorosa os fundamentos da atividade terapêutica para tirarmos, de uma vez por todas, a idéia de que terapia humanista é uma mera aplicação ou técnica ou conversa livre amigável. A prática terapêutica deve se fundamentar numa coerente visão de homem, isto é, numa antropologia filosófica, e na explicitação dos fundamentos filosóficos, psicológicos, antropológicos e epistemológicos.
O segundo desafio é a busca de um diálogo com outro domínio da psicologia a fim de que uma visão mais abrangente possibilite , um trabalho clinico mais consistente. Aqui, refiro me a busca de integração dos conhecimentos gerados pelas teorias da comunidade pela cibernética, e também pelas novas pesquisas da psicologia cognitiva entre outras.
Almejando que o ressurgimento das terapias existenciais busque um aprofundamento do seu referencial teórico e não seja mais um modismo dentro da psicologia.

Outros materiais