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Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Físicas e Matemáticas Departamento de Química Físico-Química Experimental A Profª Vera Lúcia Frescura Experimento 2: Determinação da velocidade de reação de hidrólise básica do Acetato de Etila seguida por condutância Helena Dias Chantal Jacomelli Yasmim Pereira Bach Felipe de Oliveira Florianópolis Maio, 2022 1. Introdução…………………………………………………………………………3 2. Experimental……………………………………………………………………...5 3. Resultados e Discussão.……………………………………………………….6 4. Conclusão.………………………………………………………………………..11 1. INTRODUÇÃO A velocidade de uma determinada reação pode ser definida como uma medida do tempo de surgimento de um produto em uma reação. Inúmeros fatores podem influenciar sua velocidade, como a concentração dos reagentes, a temperatura, a presença de um catalisador ou inibidor na reação e o meio experimental. O estudo da velocidade das reações químicas é dado a partir da análise cinética da reação. Um ponto de partida muito utilizado é a determinação da ordem da reação que irá ser estudada. Essa ordem pode ser dada a partir da relação entre a velocidade da reação e a concentração dos reagentes, tendo como a soma dos expoentes das concentrações dos reagentes expressos na lei de velocidade da reação. A reação de ordem 0 (zero) não é influenciada pela concentração de seus reagentes, já a reação de 1º (primeira) ordem, a velocidade é proporcional à concentração de um dos reagentes. Essa proporcionalidade é observada na equação abaixo de primeira ordem: Equação 1: V(t) = - d[A] / dt = k[A] Já uma reação de 2º (segunda), ocorre quando a velocidade da reação é proporcional ao produto das concentrações de dois reagentes. Como mostra a equação a seguir: Equação 2: V(t) = - d[A] / dt = k[A][B] = k[A]2 Outro parâmetro muito importante para a velocidade de uma reação é o tempo de meia-vida, que equivale ao tempo necessário para que metade de um reagente seja consumido na reação, como é demonstrado a seguir. Equação 3: t1/2 = 1 / k[A]0 A energia de ativação também é extremamente importante para a compreensão da cinética. Ela é definida como sendo o valor mínimo de energia necessário para que os reagentes possam iniciar uma reação, sendo que a mesma pode ser determinada utilizando a Equação de Arrhenius, como a próxima equação mostra. Equação 4: k = Ae-Ea/RT Perante as equações que auxiliam na determinação da velocidade das reações, objetivou-se então, a constante de velocidade (k), o tempo de meia-vida de uma reação e a energia de ativação de uma reação de segunda ordem. 2. EXPERIMENTAL Imagem 1: fluxograma do experimento Fonte: autores 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Seguindo a metodologia supracitada, obteve-se as leituras de condutividade como indicado na tabela 1. Tabela 1. Resultados obtidos experimentalmente. L: Condutividade (mS/cm) por temperatura tempo (min) 24,7 °C 34,1 °C 43,2 °C 0 5,01 5,10 6,05 2 - 4,13 4,05 3 4,20 - - 4 - 3,67 3,60 6 3,76 3,39 3,35 8 - 3,19 3,19 9 3,46 - - 10 - 3,04 3,09 12 3,24 2,94 3,02 14 - 2,86 2,96 15 3,08 - - 16 - 2,78 2,91 18 2,95 2,73 2,88 20 - 2,68 2,85 21 2,86 - - 24 2,78 - - 27 2,71 - - 30 2,66 - - tempo infinito 1,71 1,85 1,99 Fonte: Autores. Através da equação 5, que se trata de uma equação de reta, pode-se estabelecer a relação entre condutividade e a constante de velocidade, k, da reação. Equação 5: Com base na equação 5, calculou-se os valores para a razão (L∞ - L0) / {[A] (L∞ - Lt)}, que equivale aos valores de y para a reta construiu-se a tabela 2. Tabela 2. Relação dos valores da razão entre as condutividades e concentração inicial de OH- (A) para cada valor de tempo e para cada temperatura. Razão: (L∞ - L0) / {[A] (L∞ - Lt)} por temperatura Tempo (min) 24,7 ºC 34,1 ºC 43,2 ºC 0 50,00 50,00 50,00 2 - 71,27 98,54 3 66,26 - - 4 - 89,28 126,09 6 80,49 105,52 149,26 8 - 121,27 169,17 9 94,28 - - 10 - 136,55 184,54 12 107,84 149,08 197,09 14 - 160,89 209,28 15 120,44 - - 16 - 174,73 220,65 18 133,06 184,66 228,09 20 - 195,78 236,05 21 143,48 - - 24 154,20 - - 27 165,00 - - 30 173,68 - - Fonte: Autores. Sendo y a Razão: (L∞ - L0) / {[A] (L∞ - Lt)} exposta na tabela 2 e x os valores de tempo, também expostos na tabela 2, plotou-se um gráfico com regressão linear (Figura 1), onde a equação da reta demonstra o valor de k, a constante de velocidade, que neste caso é igual ao coeficiente angular. Figura 2. Gráfico de tempo versus (L∞ - L0) / {[A] (L∞ - Lt)} Fonte: Autores. Como pode-se observar, obteve-se retas muito boas, com valores altos de R², sendo que a curva à 43,2 ºC foi a que apresentou menor R², o que é totalmente justificável, visto que a constante de velocidade aumenta com o aumento da Temperatura, dificultando a leitura precisa do L0, já que a partir do momento em que as soluções entram em contato, a reação começa e o tempo desprendido entre misturar toda a solução B na solução A e colocar o detector do condutivímetro imerso na solução, a reação já está acontecendo e se tem uma leitura de L0, em um tempo diferente de 0 e portanto, as leituras começam a ser registradas quando a concentração de OH- já é menor do que 0,02 mol/L (como evidenciado pelo coeficiente linear da equação da reta que está bem acima de 50, que seria o valor teórico), mas no tempo infinito a concentração de acetato vai refletir a molaridade de 0,02 mol/L inicial e, portanto, tem-se uma discrepância bem aparente, mesmo seguindo o mesmo rigor metodológico. Comparando as equações das retas obtidas com a equação 5 supracitada, observa-se que k1 (24,7ºC) = 4,12 L mol-1 s-1; k2 (34,1ºC) = 7,17 L mol-1 s-1 e k3 (43,2ºC) = 8,55 L mol-1 s-1. Pode-se avaliar também, o coeficiente linear das equações, que equivale ao termo 1/[A], portanto para o cálculo teórico, onde sabe-se que foi adicionado 0,02 mol.L-1 inicialmente, tem-se o valor de referência como 1/0,02, consequentemente o valor de referência para uma mistura das soluções e leitura inicial da condutividade no tempo mais próximo à zero possível, o valor de 50,0 como coeficiente linear. Portanto, observa-se que na temperatura de 24,7ºC, L0 foi medido quando tinha-se uma concentração de OH- equivalente à 0,018 mol.L-1 ([OH-]1/coeficiente linear), na temperatura de 34,1ºC quando [OH-] ≅ 0,017 mol.L-1 e na temperatura de 43,2ºC quando [OH-] ≅ 0,012 mol.L-1; evidenciando novamente o aumento da constante de velocidade com a Temperatura, visto que num tempo mais ou menos igual de mistura de soluções e medida inicial de condutividade, quanto maior a temperatura, mais OH- já havia reagido e maior a imprecisão da medida inicial. Com base nos valores de constante de velocidade em, no mínimo, 3 temperaturas diferentes, pode-se calcular o valor de Energia de Ativação (Ea) através da equação de reta apresentada na equação 6. Equação 6: Utilizando os valores obtidos de k1, k2, e k3 juntamente com a equação 6 e os dados necessários para construção do gráfico com base na equação de reta apresentada acima, construiu-se a tabela 3. Tabela 3. Valores de k, ln k e 1/T para cada temperatura. Temperatura em K k (L mol-1s-1) ln k (ln L mol-1s-1) 1/T (1/K) 297,85 4,12 1,4158 3,3574 307,25 7,17 1,9699 3,2547 316,35 8,55 2,1459 3,1610 Fonte: Autores. Com base na equação de reta (equação 6) e nos valores apresentados na Tabela 3, plotou-se o gráfico da figura 2. Figura 3. Gráfico de ln k versus (1/T)*10-3. Fonte: Autores. Com base na equação 6 e na figura 2, pode-se observar que o coeficiente angular da reta é igual à -Ea/R, sendo Ea a energia de ativação da reação e R a constante universal dos gases, portanto tem-se que -3,75 = -Ea/R, considerando que R é igual à 8,314 J.mol-1 K-1, tem-se que Ea = 31,1775 kJ.mol-1. Ainda é possível determinar o fator A, a constante de Arrhenius, através do coeficiente linear, como demonstrado na equação 6. Portanto, tem-se que 14 = ln A, portanto A = e 14∴ A = 1,203*106. Pode-se também utilizar a equação 7 para calcular o tempo demeia-vida da reação. Equação 7: Portanto, o tempo de meia-vida para esta reação é de 12,14 minutos para a temperatura de 24,7ºC; 6,97 minutos à 34,1ºC e 5,85 minutos para a reação à 43,2ºC. 4. CONCLUSÃO Conclui-se portanto, que o experimento foi executado com exatidão e não houveram maiores dificuldades em sua realização experimental dentro do laboratório, ou em seu tratamento de dados já com os resultados. O experimento realizado mostra de forma simples e eficaz a disposição de parâmetros que estão presentes nos debates sobre a cinética de uma determinada reação. Destaca-se que pode haver desvios nos cálculos de velocidade, uma vez que para realizá-los, foi considerado a concentração de acetato de etila e hidróxido de sódio como sendo os mesmos, o que não pode ser considerado na prática, já que o experimento está apto ao erro, como: erro no preparo das soluções, erro na temperatura exata das soluções etc. Por mais que seja um erro experimental pequeno, ainda pode influenciar no resultado final, já que se trata de uma prática minuciosa no que se refere ao preparo dela. Vale ressaltar, que assim como descrito na literatura, a velocidade em temperaturas mais altas foi maior. Isso acontece pois existe mais energia sendo fornecida para o seu sistema (levando em consideração a redução do tempo de meia vida). Por fim, vale ressaltar a importância do estudo da cinética, já que é por meio de procedimentos experimentais, que a indústria consegue ter uma compreensão maior sobre qual é o melhor tempo para uma determinada reação acontecer de forma efetiva e rápida. Referências SOUZA, A. A. de; FARIAS, R. F. de. Cinética química: Teoria e prática. 1. ed. Campinas: Editora Átomos, 208.
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