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369 SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 FRENTE U | CAPÍTULO 01 SOCIOLOGIA 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA INTRODUÇÃO A introdução à Sociologia se faz necessária para melhor compreendermos a dinâmica da ciência da sociedade e nos familiarizarmos com suas abordagens e problematizações. O fascínio da Sociologia está no fato de que sua perspectiva nos leva a ver, sob nova luz, o próprio mundo em que todos vivemos. Isto também constitui uma transformação da consciência (...). O sociólogo não examina fenômenos de que ninguém mais toma conhecimento. Entretanto, ele olha esses mesmos fenômenos de um modo diferente. Berger, 1986, p. 31 e 38) PARA QUE ESTUDAR SOCIOLOGIA? Ao olharmos para a trajetória da Sociologia, percebemos que ela surge como uma ciência que estuda as consequências sociais do mundo moderno e contemporâneo. De tal modo, temas como a ascensão da burguesia e surgimento do proletariado; formação do Estado Moderno; industrialização crescente e êxodo rural; aglomerados urbanos, conflitos trabalhistas, desemprego e marginalidade; trabalho infantil, mendicância, prostituição e criminalidade; reivindicações sociais e políticas; desigualdades sociais; globalização; impactos trazidos pelas novas tecnologias etc. surgem como questões sociológicas a serem exploradas e esclarecidas. Assim, nomes como Comte, Durkheim, Marx (também Engels) e Weber constituíram aqueles que, pela primeira vez, tentaram discutir de forma racional e metódica tais pontos que marcam, em menor ou maior grau, o mundo em que vivemos. Apesar disso, mesmo sendo a Sociologia um campo do saber que surge como uma “ciência da crise”, independentemente dessa conceituação elementar, ela busca um claro entendimento dos elementos fundamentais da sociedade em que vivemos. De tal modo, algumas dessas subsequentes questões fazem parte de suas inquietações: • Por que as pessoas na maioria das vezes parecem agir ou pensar de forma relativamente padronizada? • Por que existe tanta desigualdade, desemprego, violência e criminalidade? Como tudo isto acaba se configurando e repercutindo na sociedade? • Por que existe a hierarquia e as relações de poder nos mais variados setores da vida em sociedade, tais como no Estado, na família, na igreja e na escola? • O que é o Estado e como ele age? Temos direitos e deveres? O que é ser cidadão? Somos todos iguais perante a execução das leis? • Por que alguns grupos ou comunidades agem de um modo peculiar e outros de outra maneira? Por que há conflitos étnicos e choques culturais? • Por que existem movimentos sociais e sindicatos com interesses tão diversos? • O que é cultura? Existe gente inculta? Como os gostos criam distinções e preconceitos em todas as camadas da sociedade? Como as segregações operam? • O que é ideologia? O que é alienação? Como isso pode nos afetar? Como os meios de comunicação acabam estruturando formas de conduta? Por que muitas pessoas seguem a moda cegamente? Essas são algumas das questões que rondam o pensamento sociológico. Portanto, percebamos que muito embora a Sociologia se estabeleça enquanto uma ciência do “caos moderno”, por assim dizer, na realidade ela passa a querer compreender tudo aquilo que, de uma forma geral, incide na vida em sociedade. Tudo isso, porque a Sociologia pretende nos ajudar a entender com mais domínio essas e tantas outras questões que envolvem nosso cotidiano. O fundamental nessa empreitada da Sociologia é, sem dúvidas, oferecer-nos conceitos e categorias precisas para analisar a sociedade com mais perspicácia. Assim, de um modo mais sistemático, consistente e crítico, a Sociologia tenta compreender tudo aquilo que é estabelecido socialmente. É justamente em face de seu papel crítico e não dogmático que para Pierre Bourdieu, sociólogo francês, “a Sociologia é um esporte de combate.”, pois incomoda muito, revelando e desmascarando coisas aparentemente despercebidas se olhadas sob o prisma religioso ou do senso comum. A propósito, é nessa perspectiva de desvelar coisas não tão visíveis que Peter Berger, sociólogo austríaco, compara o papel do sociólogo ao papel do detetive, do agente secreto. Berger assim procede porque o sociólogo além de tratar dos traços oficiais e conhecidos da sociedade, deve também conhecer os bastidores do teatro social e, de tal modo, catalogar os traços informais, não oficiais e não tão conhecidos por todos. Portanto, o exercício sociológico é uma busca incessante e curiosa dos aspectos sociais aparentemente não existentes. A Sociologia, em virtude da tomada de consciência que nos proporciona, tende a formar indivíduos conscientes e autônomos, que se transformam em “juízes” da realidade; pessoas capazes de analisar por si mesmas o discurso dos políticos, os noticiários de jornais, as telenovelas, os programas de rádio etc., apreendendo assim o que se oculta nesses mesmos discursos e formando seu próprio ponto de vista sobre aquilo que lhes 370 SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 rodeia. Consequentemente, a sociologia acaba por despertar em nós o que Charles Wright Mills, sociólogo americano, chamou de “imaginação sociológica”, isto é, a capacidade de pensarmos o social fora das rotinas comuns e familiares de nossas vidas cotidianas, para que assim possamos enxergá-lo de forma renovada e reconstruída, ou seja, destituídos dos óculos turvos e obsoletos do senso comum. BERGER, Peter Ludwig. Perspectivas sociológicas: Uma visão humanística. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1986. COMO A SOCIOLOGIA PODE NOS AJUDAR? Ainda para Charles Wright Mills, a Sociologia apresenta muitas contribuições práticas para as nossas vidas. Apontando para alguns desses aportes, poderíamos dizer que ela nos proporciona uma consciência crítica das diferenças socioculturais e uma visão mais cuidadosa dos efeitos que algumas medidas políticas podem ocasionar, por exemplo. Contudo, inegavelmente, talvez sua maior contribuição seja a de nos munir de um autoesclarecimento, isto é, de um melhor entendimento sobre nós mesmos e daquilo que nos rodeia. • Conscientização das diferenças: A Sociologia possui a capacidade de nos proporcionar um ponto de vista crítico sobre as diferenças socioculturais. Sendo assim, ela nos lembra, por exemplo, que há culturas diferentes e não culturas inferiores ou superiores, o que nos ajuda a desenvolver certa tolerância com grupos culturais diversos. Ela nos lembra, ainda, que esquecer todos nossos preconceitos e estereótipos além de dedicar algum tempo a tentar conhecer a cultura e valores alheios, constituem uma excelente forma de entender melhor os outros e a nós mesmos. • Visão mais cuidadosa sobre as medidas políticas: As pesquisas sociológicas podem fornecer suportes práticos na avaliação de medidas políticas. Por exemplo: Um gestor público que almeja saber se certa política pública é viável numa determinada região, pode solicitar uma pesquisa sociológica sobre as práticas e costumes dos agentes sociais dessa mesma região. Assim, caso um determinado estudo assevere que os indivíduos que aí residem costumam se locomover de bicicleta e que há inúmeros acidentes em virtude das péssimas condições de tráfego, o mesmo gestor pode pensar na possibilidade de construir uma ciclovia nessa localidade, medida que poderia ajudar a diminuir os acidentes de trânsito que envolvem ciclistas. • Autoesclarecimento: A Sociologia pode nos oferecer, ainda, uma melhor compreensão de nós mesmos, de nossa própria trajetória, de nossa historicidade. Quanto mais soubermos sobre nós mesmos, mais estaremos aptos para viver melhor. Quanto mais soubermos sobre a nossa sociedade e sobre o universo social em que estamos inseridos, provavelmente estaremos mais aptos para proceder de forma consciente. Auxiliar a nos conhecer melhor, bem como observarmos que somos agentes sociaisque edificam a história, constituem as mais fascinantes tarefas da Sociologia. Coragem para pensar Por daniel martins de barros Um dos grandes problemas dos debates que vêm ocorrendo vem da dificuldade que as pessoas têm de diferenciar opinião de conhecimento. Antes de sair dizendo que a legalização da maconha é boa ou ruim, que a essa ou aquela idade penal é um absurdo, que cotas raciais são positivas ou negativas, dê uma olhada nas pesquisas que já foram feitas. “Todo mundo tem direito às próprias opiniões, mas não aos próprios fatos.” Que frase mais apropriada para encerrar o ano. Dita pelo sociólogo Daniel Patrick Moynihan, ela é citada no novo livro da dupla freakonomics, “Pense como um freak”, lançado esse ano pela editora Record. Talvez um dos livros mais importantes do ano. Não estou exagerando. Um dos grandes problemas dos acalorados e estéreis debates que vêm ocorrendo, não só no Brasil “dividido” mas no mundo todo, vem da dificuldade que as pessoas têm de diferenciar opinião de conhecimento. Opinião é um palpite sobre como as coisas são, conhecimento é quando tal opinião não só é verdadeira, mas com uma justificativa tão racional que supere pontos de vista, ideologias, preferências. Muito dos debates acontecem porque, crendo que suas opiniões são fatos, as pessoas envolvem-se em raciocínios falaciosos, buscando apresentar essa necessária justificativa, mas que nesse caso nem existe. A conversa torna-se um diálogo de surdos, que não ajuda a esclarecer a questão, nem tampouco favorece reflexão ou a construção (e quiçá mudanças) de opinião. Em “Pense como um freak”, Steven Levitt e Stephen Dubner resolvem expor o método por trás de seus bestsellers anteriores, Freakonomics e SuperFreakonomics, permitindo que todas as pessoas desenvolvam esse tipo de raciocínio. E qual é ele? Simples: questione. Tenha coragem de questionar não só o establishment, mas suas próprias opiniões. Será mesmo que você está certo? Mais do que isso: teste. A “abordagem econômica” que eles propõem aplicar aos vários domínios da vida, nada mais é do que a busca de dados concretos, garimpando pepitas de conhecimento no lamaçal das opiniões. Só pensar, influenciados por pré-concepções que nem sabemos ter, pode não levar a nada. Lembremos da advertência de Willian James, segundo quem muitas pessoas acreditam estar pensando, quando estão apenas reorganizando seus preconceitos. Ou seja: abrace a dúvida. Como eles mostram no livro, a variável que mais leva as pessoas a errar é o dogmatismo – a certeza é inimiga do aprendizado. Permito-me acrescentar uma dica própria, complementar ao método freak: pesquise. Você não pode passar a vida criando experimentos para pôr à prova todos conceitos que precisa ou quer formar. Mas muita pesquisa é feita no mundo. Muita, você não imagina. Então, antes de sair dizendo que o casamento gay é prejudicial ou não para os filhos, que a legalização da maconha é boa ou ruim, que a essa ou aquela idade penal é um absurdo, que cadeias são universidades do crime, que cotas raciais são positivas ou negativas, dê uma olhada nas pesquisas que já foram feitas, mas o faça com coragem de encontrar fatos que contradigam sua opinião. Porque se você já tem uma posição muito firme sobre determinado assunto, nesse caso, não perca tempo. Pensar seria desperdício de energia. http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/coragem-para-pensar/ 371 SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 PARADIGMAS CLÁSSICOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS O estudo das primeiras teorias das ciências sociais constitui uma forma de abalizarmos os principais conceitos e categorias da Sociologia Clássica. Ao entrarmos nesse campo, acessamos algumas das peculiaridades das ciências humanas. Assim também, aqui consideramos uma das habilidades da prova do ENEM, a saber, comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica. A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HUMANO A emergência do pensamento científico Pensar cientificamente o ser humano e sociedade resultou de um lento processo pelo qual a ciência foi ganhando espaço e legitimidade. A humanidade desenvolveu diferentes formas de explicação a respeito da vida, da natureza e da sociedade em que vive, dependendo dos fatores sociais, da tradição, da influência de outros grupos e da maior ou menor resistência cultural. No mundo antigo, tal qual o entendemos hoje, predominou o pensamento mítico e religioso que concebia o mundo como uma obra divina, submetida aos desígnios dos deuses. Para os egípcios, como para os babilônicos, por exemplo, a eficiência do pensar limitava-se à praticidade, ou seja, à necessidade de solucionar problemas particulares que se apresentavam como obstáculos ao transcurso da existência. O pensar como um exercício voltado para si mesmo, capaz de se desenvolver sem uma aplicabilidade imediata, independente das crenças religiosas e do pensamento mítico, teve suas raízes históricas na civilização grega. Tudo começou com os gregos Entre os séculos VIe V a. C., os gregos romperam com o senso comum, com a tradição e com o pensamento mítico. Com essa mudança, desenvolveram uma reflexão laica e independente, própria do pensamento especulativo, que se debruçava sobre o mundo procurando entendê-lo em sua objetividade. Em consequência, acabaram por criar a filosofia e muitos dos campos do saber até hoje conhecidos, como a geometria e a astronomia. Alguns historiadores dão o nome de “milagre grego” a esse salto qualitativo do conhecimento humano sobre si e a natureza, em que se abandona a explicação mítica e o princípio da interferência das forças sobrenaturais nos destinos do homem, para dirigir-se à obtenção do saber por meio da abstração comandada pela razão. A ideia de milagre vem, por um lado, das amplas repercussões causadas por essa revolução na vida da época e de períodos posteriores e, por outro, da falsa impressão de ter sido uma mudança abrupta, vinda do nada e ocorrida rapidamente. A consciência individual emancipava-se à medida que o homem grego constatava ser o destino o resultado da ação humana, não da vontade dos deuses e do respeito aos rituais sagrados. Crescia nele a percepção de si mesmo como um indivíduo dotado de razão e capaz de realizar ações inspiradas por ela. Apesar do grande avanço no conhecimento da natureza e da sociedade proporcionado pelos gregos antigos, a racionalidade e a investigação especulativa da natureza só se tornaram formas dominantes de pensar muitos séculos mais tarde, a partir do Renascimento (séculos XIV-XVI). O Darwinismo Social O século XIX foi marcado pelo desenvolvimento do conhecimento científico. A busca por novas tecnologias, alavancada pela Revolução Industrial, fez com que os estudiosos se multiplicassem nas mais variadas áreas do conhecimento. Nessa época, várias academias e associações voltadas para o “progresso da ciência” reconheciam a figura dos cientistas e os colocavam como importantes agentes de transformação social. No ano de 1859, um estudioso chamado Charles Darwin transformou uma longa caminhada de viagens, anotações e análises no livro “A origem das espécies”. Nas páginas daquela obra revolucionária, nascia a teoria evolutiva, o mais novo progresso galgado pela ciência da época. Negando as justificativas religiosas vigentes, Darwin apontou que a constituição dos seres vivos é fruto de um longo e ininterrupto processo de transformação e adaptação ao ambiente. Polêmicas à parte, Darwin expôs que as espécies se transformavam a partir de uma seleção em que características mais adaptadas a um ambiente se tornavam predominantes. Com isso, os organismos que melhor se adaptavam a um meio, poderiam sobreviver através do repasse de tais mudanças aos seus descendentes. Em contrapartida, os seres vivosque não apresentavam as mesmas capacidades acabavam fadados à extinção. Com o passar do tempo, observamos que as noções trabalhadas por Darwin acabaram não se restringindo ao campo das ciências biológicas. Pensadores sociais começaram a transferir os conceitos de evolução e adaptação para a compreensão das civilizações e demais práticas sociais. A partir de então, o chamado “darwinismo social” nasceu desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de valores que as colocavam em condição superior às demais. Na prática, essa afirmativa acaba sugerindo que a cultura e a tecnologia dos europeus eram provas vivas de que seus integrantes ocupavam o topo da civilização e da evolução humana. Em contrapartida, povos de outras regiões (como África e Ásia) não compartilhavam das mesmas capacidades e, por tal razão, estariam em uma situação inferior ou mais próxima das sociedades primitivas. A divulgação dessas teorias serviu como base de sustentação para que as grandes potências capitalistas promovessem o neocolonialismo no espaço afro-asiático. Em suma, a ocupação desses lugares era colocada como uma benfeitoria, uma oportunidade de tirar aquelas sociedades de seu estado “primitivo”. Por outro, observamos que o darwinismo social acabou inspirando os movimentos nacionalistas, que elaboravam toda uma justificativa capaz de conferir a superioridade de um povo ou nação. De fato, o darwinismo social criou métodos de compreensão da cultura impregnados de equívocos e preconceitos. Na verdade, ao falar de evolução, Darwin não trabalhava com uma teoria vinculada ao choque binário entre superioridade e inferioridade. Sendo uma experiência dinâmica, a evolução darwiniana acreditava que as características que determinavam a “superioridade” de uma espécie, poderiam não ter serventia alguma em outros ambientes prováveis. Com isso, podemos concluir que as sociedades africanas e asiáticas nunca precisaram, necessariamente, dos valores e invenções oferecidas pelo mundo ocidental. Isso, claro, não significa dizer que o contato entre essas culturas fora desastroso ou marcado apenas por desdobramentos negativos. Entretanto, as imposições da Europa “superior” a esses povos “inferiores” acabaram trilhando uma série de graves problemas de ordem, política, social e econômica. O Evolucionismo Cultural De acordo com a teoria evolucionista da humanidade, a história do homem seguiu, desde sempre, um mesmo caminho, 372 SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 linear, progressivo, homogêneo e padronizado, por assim dizer. Analisando algumas condições entendidas como universais, pode-se traçar o caminho realizado pelo homem desde seus primórdios até os dias de hoje, evidenciando uma diferença temporal entre aqueles que ainda não possuíam determinados estágios desenvolvidos. Seguindo a tendência de alguns cientistas sociais, que tinham como base no séc. XIX as teorias de Lamarck, Malthus e Darwin, Lewis Morgan determinou que as condições básicas que se pode analisar em cada estágio da história humana são, por um lado, as invenções e descobertas e, por outro lado, o surgimento das primeiras instituições socialmente constituídas. Assim, constatam-se alguns fatos que marcavam a gradual formação e desenvolvimento de certas paixões, ideias e aspirações, comuns aos humanos em cada estágio. Estes fatos são: 1. A subsistência; 2. O governo; 3. A linguagem; 4. A família; 5. A religião; 6. A arquitetura; 7. A Propriedade. Cada um desses fatos e seus desenvolvimentos caracterizariam a formação de um período étnico, permitindo a sua identificação e distinção dos demais. De forma geral, Morgan designou três grandes períodos étnicos da humanidade: a Selvageria, a Barbárie e a Civilização. Vejamos como ocorreram: • A selvageria iniciou-se com o surgimento da raça humana, adquirindo uma dieta à base de peixes e também desenvolvendo o conhecimento e uso do fogo, chegando, por fim, à invenção do arco e flecha; • A barbárie é a fase imediatamente posterior à selvageria, tendo como característica distintiva a invenção da arte da cerâmica. É também caracterizada pela domesticação de animais, bem como do cultivo de plantas através de um sistema de irrigação. O uso de tijolos de adobe e pedras na construção de moradias também fez parte desse período. Por fim, a invenção do processo de fundição do minério de ferro e o uso de ferramentas desse metal. • A civilização, período ao qual pertencemos, tem início, conforme Morgan, com a invenção do alfabeto fonético e o uso da escrita, estendendo-se, como dito, até a atualidade. • É assim que Morgan entende o sentido da evolução humana. Em cada uma dessas etapas, as invenções passaram por um processo de adaptação progressiva. Pode-se entender que o homem civilizado, porque tem armas mais sofisticadas, instrumentos que exijam uma tecnologia mais avançada e instituições mais consolidadas, é o padrão de referência para o julgamento dos homens nos tempos anteriores a esse status. Mas, será que o índio ou o aborígene não tem cultura? Não seguem regras e não possuem, também, linguagem? Essa crítica pode ser levantada, pois a chamada civilização torna- se juiz de si mesma, isso criou o que conhecemos na história como Etnocentrismo, ou seja, uma etnia (cultura) no centro, julgando as outras a partir de suas próprias condições. Portanto, é desse modo que a sociedade atual fala em progresso, em evolução e institucionalização, pois segue a ideia clássica de que a humanidade tem uma mesma origem no tempo, embora em espaços diferentes, mas que aquelas sociedades que se livram das condições de estágios anteriores, alcançaram o nível de civilidade, enquanto as outras que não se livraram dessas mesmas condições continuam, seja num estágio de selvageria, seja num estágio de barbárie. O Positivismo O positivismo é uma linha teórica das ciências sociais esboçada por Auguste Comte (1798-1857), que passou a buscar critérios objetivos, sistemáticos e regulares na observação e compreensão dos fenômenos sociais. Os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética. Para Comte, o método positivista consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação. O fundador da linha de pensamento sintetizou seu ideal em sete palavras: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Comte preocupou-se em tentar elaborar um sistema de valores adaptado com a realidade que o mundo vivia na época da Revolução Industrial, valorizando o ser humano, a paz e a concórdia universal. O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua representação máxima, o emprego da frase positivista “Ordem e Progresso”, extraída da fórmula máxima do Positivismo: “O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”, em plena bandeira brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social. Embora o positivismo tenha tido grande aceitação na Europa e também em outros países, como o Brasil, e talvez seja, a base do pensamento da sociologia, as ideias de Comte foram duramente criticadas pela tradição sociológica e filosófica marxista, com destaque para a Escola de Frankfurt. É o choque de civilizações? Por Clóvis Rossi Atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos. Responsáveis: terroristas islâmicos. Atentados aos trens de Madri. Responsáveis: terroristas islâmicos. Atentados ao metrô e a ônibus de Londres. Responsáveis: terroristas islâmicos. Atentado ao jornal satírico “Charlie Hebdo” em Paris. Os autores gritaram que estavam “vingando o profeta”, alusão à publicação das charges de Maomé ea sucessivas outras edições que radicais muçulmanos acharam ofensivas. Ou seja, por trás de todos os atentados de grande repercussão no Ocidente, estão fanáticos muçulmanos. Culpa do Corão, então? Não, responde, por exemplo, Reza Aslan, escritor iraniano-americano, pesquisador de estudos religiosos: “A noção de que há uma correlação direta entre crenças religiosas e comportamento, pode parecer óbvia e autoevidente para aqueles são familiarizados com o estudo da religião. Mas [a correlação] tem sido menosprezada por cientistas sociais que notam que crenças não explicam comportamento, que o comportamento é, na verdade, o resultado de complexas interações entre uma série de fatores sociais, políticos, culturais, éticos, emocionais e, sim, religiosos”. 373 SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 O que complica tremendamente a equação é que quase todos esses fatores atuam mais ou menos simultaneamente sobre as comunidades muçulmanas radicadas na Europa. Delas saíram os terroristas responsáveis pelos atentados anteriores aos desta quarta em Paris, mesmo os do 11 de Setembro, que viveram e se prepararam na Alemanha. É o terrorismo “home grown”, feito em casa, em tradução livre. São comunidades que se sentem marginalizadas social, política e culturalmente. E é óbvio que só podem se sentir emocionalmente tocadas quando veem desabrochar com força movimentos islamófobos como o Pegida (acrônimo em alemão para Patriotas Europeus contra a Islamização da Europa). A propósito: não deve ser mera coincidência que a barbárie contra o “Charlie Hebdo” tenha ocorrido no momento em que está sendo lançado o livro “Submissão”, em que o polêmico escritor Michel Houellebecq, descreve a eleição de um muçulmano como presidente da França em 2022 e todo o cortejo de “submissões” que se segue. Os radicais islâmicos e os islamófobos europeus acabam se alimentando mutuamente. O atentado ao jornal satírico faz Noureddine Bouzian, correspondente em Paris da Al Jazeera, prever que “os próximos dias serão muito duros para os muçulmanos na França, especialmente se a extrema direita entrar em ação”. Faz também Philip Johnston, editor-assistente de Opinião do britânico “Daily Telegraph”, reconhecer que “atitudes anti-islâmicas começam a se mover da extrema direita mais para dentro da corrente principal do descontentamento popular”. Para azar de todos, parece estar se tornando realidade a profecia do choque de civilizações, lançada pelo cientista político Samuel P. Huntington, segundo quem as identidades culturais e religiosas seriam a principal fonte de conflito no mundo contemporâneo. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2015/01/1572089-e-o- choque-de-civilizacoes.shtml O Positivismo é peça-chave para compreendermos a formação da república brasileira e o darwinismo social é o grande suporte teórico da ‘’superioridade’’ europeia no século XIX. AULAS 16 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA APOSTILAS 4 resumos + 20 questões EXERCÍCIOS ONLINE 30 questões CAIU NO ENEM 10 questões REVISÃO NA PLATAFORMA QUESTÕES ORIENTADAS QUESTÃO 01 (UEL) O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”, indica a forte influência do positivismo na formação política do Estado brasileiro. Assinale a alternativa que apresenta ideias contidas nesse lema. A. Crença na resolução dos conflitos sociais por meio do estímulo à coesão social e à evolução natural da nação. B. Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os valores das gerações adultas. C. Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições sociais e garantem os privilégios dos ricos. D. Ideal de superação da sociedade burguesa através da revolução das classes populares. E. Negação da instituição estatal e da harmonia coletiva baseada na hierarquia social. QUESTÃO 03 (UEL) “No início, a ciência quis a morte do mito como a razão quis a supressão do irracional, visto como obstáculo a uma verdadeira compreensão do mundo, dando início assim a uma guerra interminável contra o pensamento mítico. Valéry glorificou essa luta destruidora contra as ‘coisas vagas’: ‘Aquilo que deixa de ser, por ser pouco preciso, é um mito; basta o rigor do olhar e os golpes múltiplos e convergentes das questões e interrogações categóricas, armas do espírito ativo, para se ver os mitos morrerem’. O mito por sua vez trabalha duro para se manter e, por meio de suas metamorfoses, está presente em todos os espaços. Do mesmo modo, a ciência atual busca menos sua erradicação que seu confinamento. Quando a ciência traça seus próprios limites, ela reserva ao mito – e ao sonho – o lugar que lhe é próprio.” BALANDIER, Georges. A desordem: elogio do movimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.p.17. Com base no texto, é correto afirmar: A. Pelo fato de ser destituído de significado social, o mito está ausente dos espaços sociais contemporâneos. B. A delimitação da área de atuação do saber científico implica na constituição de um lugar próprio para o mito. C. A morte e o extermínio do mito no ocidente decorrem da supervalorização e conseqüente predomínio da razão. D. Na modernidade, o pensamento mítico é crucial para a compreensão científica do mundo. E. O pensamento mítico se disseminou porque se pauta em conceitos e categorias. QUESTÃO 04 (UEL) Nas três últimas décadas, os trabalhos publicados por Ralph Dahrendorf, Daniel Bell, Alain Touraine e André Gorz permitiram ampliar a compreensão do processo de passagem da sociedade industrial para a pós-industrial. Desde então, muitos dos conceitos que haviam norteado o campo da análise social desde o século XIX perderam relevância. Com base nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir. I. Na sociedade pós-industrial, além da concentração do capital, ocorre a perda da identidade coletiva dos trabalhadores, que se tornam cada vez mais individualistas. II. O retorno aos conceitos elaborados à luz da análise social do século XIX impõe-se, dada a mobilidade socioeconômica desde o advento da sociedade industrial. III. Com o advento da sociedade pós-industrial, o campo da investigação sociológica amplia-se para além dos estudos dos movimentos de classe. 374 SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 1 IV. O uso de sistemas técnicos oriundos das descobertas científicas é o que distingue a sociedade pós-industrial da sociedade industrial. Estão corretas apenas as afirmativas: A. I e II. B. I e III. C. III e IV. D. I, II e IV. E. II, III e IV. SEÇÃO VESTIBULARES QUESTÃO 01 (UNIMONTES) O Positivismo foi uma corrente de pensamento filosófico predominante no século XIX e início do século XX. Seu mais eminente representante foi Auguste Comte (1798-1857), que é considerado o precursor da Sociologia. No que tange às características fundamentais do Positivismo, pode-se afirmar, EXCETO: A. Para o Positivismo, o conhecimento científico é a “bússola da sociedade”. Nesse sentido, é imprescindível que se tenha o conhecimento acerca dos fenômenos sociais, para que se consiga prever os mesmos e agir com eficácia. B. O Positivismo persegue um objetivo principal: descobrir as leis gerais que regem os fenômenos sociais. C. O Positivismo é uma doutrina filosófica que enfatiza a busca pelo conhecimento das singularidades sociais, dando ênfase ao estudo interpretativo das ações de indivíduos em uma determinada coletividade. D. O Positivismo preza pela regularidade, estabilidade e bom funcionamento das instituições sociais. QUESTÃO 02 (UPE) Nas três primeiras décadas do século XX, embora a burguesia já mostrasse sem disfarces a sua faceta conservadora e belicista, defrontando-se com um movimento operário organizado, e testemunhasse também um acontecimento como a instalação do poder soviético na Rússia, conseguia, nãoobstante, controlar, até certo ponto, as ameaças dos movimentos e dos grupos revolucionários. Além disso, deve-se mencionar que a existência da monopolização das empresas e dos capitais daquelas décadas, embora consideráveis, evidentemente eram menos acentuadas do que são em nossos dias. Dessa forma, a burocratização do trabalho intelectual não era ainda uma realidade viva e concreta que aprisionava e inibia a imaginação dos sociólogos. MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia? São Paulo: Brasiliense, 2006, pp. 76-77. O texto faz referência a um período da história da Sociologia. Sobre esse período, é CORRETO afirmar que: A. o conhecimento sociológico foi organizado com base no pensamento iluminista de Descartes. B. a escola sociológica francesa se tornou uma referência para os estudos da realidade social com base no pensamento de Durkheim. C. a visão sociológica ofereceria um conhecimento útil para consolidar a desorganização social após a Revolução Francesa e Industrial. D. a pesquisa de campo ganhou destaque com o pensamento positivista, orientando o caminho metodológico que o sociológico deveria seguir. E. o pensamento de Augusto Comte representou um importante papel na elaboração do conhecimento sociológico, fundamentado na valorização da economia e dos mitos como instrumento intelectual para compreender as relações sociais. QUESTÃO 03 (UEL) Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como na Antiguidade Clássica, parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A constituição de saberes autônomos, organizados em disciplinas específicas, como a Biologia ou a própria Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva reflexão filosófica, como a liberdade e a razão. Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12. Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da Sociologia, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a relação entre conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas. A. A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi defendida pelo Iluminismo, que influenciou o Positivismo. B. A crença na razão como promotora do progresso da sociedade foi compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo. C. O Iluminismo forneceu os princípios e as bases teóricas da luta de classes para a formulação do Positivismo. D. O reconhecimento da validade do conhecimento teológico para explicar a realidade social é um ponto comum entre o Iluminismo e o Positivismo. E. Os limites e as contradições do progresso para a liberdade humana foram apontados pelo Iluminismo e aceitos pelo Positivismo. QUESTÃO 04 (UPE) Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalorizar determinadas instituições que, segundo eles, desempenham papéis fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assumia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social e destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30. Com base nele, o surgimento da Sociologia foi motivado pelas transformações das relações sociais ocorridas na sociedade europeia, nos séculos XVIII e XIX, contribuindo para A. o aumento da desorganização social estabelecida pela Revolução Industrial. B. a organização de vários movimentos sociais controlados por pensadores como Saint-Simon e Comte. C. a elaboração de um conceito de sociologia incluindo os fenômenos mentais como tema de reflexão e investigação. D. a criação da corrente positivista, que propôs uma transformação da sociedade com base na reforma intelectual plena do ser humano. E. o surgimento de uma “física social” preocupada com a construção de uma teoria social, separada das ideias de ordem e desenvolvimento como chave para o conhecimento da realidade. 375 EXERCÍCIOSSOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 QUESTÃO 05 (UNIOESTE) Os fenômenos sociais são objeto de investigação desde o surgimento da filosofia, na Grécia Antiga, por volta dos séculos VII e VI a.C.; mas a constituição de uma ciência específica da sociedade remonta apenas ao século XIX. Considerando- se o enunciado acima, assinale a alternativa que apresenta as principais causas que contribuíram para o nascimento da Sociologia na Europa do século XIX. A. As modificações no modo vigente de compreender os povos tribais na Europa do século XIX possibilitaram a constituição da Sociologia. B. As alterações na mentalidade religiosa na Europa do século XIX condicionaram o surgimento da Sociologia. C. As mudanças econômicas, políticas e sociais que moldaram as sociedades europeias do século XIX geraram perguntas (‘questão social’) que demandaram a constituição da Sociologia. D. As mutações ocorridas na filosofia e na moral das sociedades europeias do século XVI contribuíram para o surgimento da Sociologia. E. As transformações na sensibilidade estética das sociedades europeias do século XIX favoreceram o processo de formação da Sociologia. QUESTÃO 06 (UEMA) A Sociologia como ciência da modernidade foi influenciada por várias mudanças decorrentes das revoluções burguesas, especialmente na Europa nos séculos XVIII e XIX. Para Bourdieu, a singularidade dos estudos sociológicos ocorre porque. A sociologia descobre o arbitrário, a contingência, ali onde as pessoas gostam de ver a necessidade ou natureza. Descobre a necessidade, a coação social, ali onde se gostaria de ver a escolha, o livre arbítrio. Uma das características das realidades históricas é que sempre é possível estabelecer que as coisas poderiam ser diferentes, que são diferentes em outros lugares, em outras condições. O que se quer dizer é que, ao historicizar, a Sociologia desnaturaliza, desfataliza. BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica ao julgamento social. São Paulo: Edusp, 2007. A partir das singularidades dos estudos sociológicos expressos na assertiva de Bourdieu, as correntes de pensamento que determinaram o aparecimento da Sociologia como ciência da modernidade são conhecidas como: A. Nazismo, Criticismo, Anarquismo e Marxismo. B. Socialismo, Idealismo, Comunismo e Empirismo. C. Cristianismo, Naturalismo, Capitalismo e Fascismo. D. Iluminismo, Liberalismo, Racionalismo e Positivismo. E. Materialismo Histórico, Democracia, Feudalismo e Utilitarismo. QUESTÃO 07 (UFU) Na parte mais tardia de sua carreira, Comte elaborou planos ambiciosos para a reconstrução da sociedade francesa em particular, e para as sociedades humanas em geral, baseado no seu ponto de vista sociológico. Ele propôs o estabelecimento de uma “religião da humanidade”, que abandonaria a fé e o dogma em favor de um fundamento científico. A Sociologia estaria no centro dessa nova religião. GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 28. Com base nessa assertiva, Comte aponta para o papel da Sociologia como ciência fundamental para a compreensão A. da ideia da revolução, como solução para sanar as questões da desigualdade social. B. da crença na ação dos indivíduos, como fator de intervenção na realidade. C. do consenso moral, como solução para regular e manter unida a sociedade. D. dos elementos subjetivos da sociedade, tendo em vista a pluralidade social. QUESTÃO 08 (UEG) A sociologia nasce no séc. XIX após as revoluções burguesas sob o signo do positivismo elaborado por Augusto Comte. As características do pensamento comtiano são: A. a sociedade é regida por leis sociais tal como a natureza é regida por leis naturais; as ciências humanas devem utilizaros mesmos métodos das ciências naturais e a ciência deve ser neutra. B. a sociedade humana atravessa três estágios sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e o teológico, no qual predomina a religião positivista. C. a sociologia como ciência da sociedade, ao contrário das ciências naturais, não pode ser neutra porque tanto o sujeito quanto o objeto são sociais e estão envolvidos reciprocamente. D. o processo de evolução social ocorre por meio da unidade entre ordem e progresso, o que necessariamente levaria a uma sociedade comunista. QUESTÃO 09 (UNIOESTE) ,A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia de Augusto Comte –, foi sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar porque o pensamento positivista deve imperar entre os homens. Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto afirmar que: A. Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências e o espírito humano desenvolvem-se na seguinte ordem em três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica e a metafísica. B. na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha um papel de primeiro plano no estado teológico. O estado teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao estado positivo. C. o estado teológico, segundo está formulada na “Lei dos Três Estados”, não tem o poder de tornar a sociedade mais coesa e nenhum papel na fundamentação da vida moral. D. o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” como o momento em que a observação prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutáveis nos fenômenos observáveis. E. para Comte, o estado metafísico não tem contato com o estado teológico, pois somente o estado metafísico procura soluções absolutas e universais para os problemas do homem. QUESTÃO 10 (UNICENTRO) Considerando-se as grandes mudanças que ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram no século XVIII — e que se estenderam no século XIX — só foram superadas pelas grandes transformações do final do século XX. As mudanças provocadas pela revolução científico- 376 EXERCÍCIOSSOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 tecnológica, que denominamos Revolução Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por completo, criando novas formas de organização e causando modificações culturais duradouras, que perduram até os dias atuais. DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia.São Paulo: Persons Prentice Hall, 2004. Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na modernidade, é correto afirmar: A. A intensificação da economia agrária em larga escala nas metrópoles gerou o êxodo para o campo. B. O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou ao crescimento das cidades rurais. C. O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a diminuição da divisão do trabalho. D. A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que fez surgir as ciências sociais. E. A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os novos problemas sociais. QUESTÃO 11 (UFU) De um ponto de vista histórico, a Sociologia como disciplina científica surgiu ao longo do século XIX, como uma resposta acadêmica para os novos desafios da modernidade. Além das concepções advindas da Revolução Francesa e dos fortes impactos gerados pela Revolução Industrial na estrutura da sociedade, muitos outros processos também contribuíram para essa nova configuração da sociedade. Em seu desenvolvimento ao longo do século XIX, a Sociologia esperava entender A. os grupos sociais e as causas da desintegração social vigente. B. como a Revolução Industrial encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, sem prejuízo da classe trabalhadora, pois foi beneficiada por esse processo. C. a subjetividade dos indivíduos nas pesquisas sociológicas, como uma disciplina científica com metodologia própria. D. a Revolução Francesa como um marco revolucionário que modificou o pensamento, apesar de manter as tradições aristocratas. QUESTÃO 12 (UEL) O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus principais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim. Sobre a concepção de conhecimento científico, presente no positivismo do século XIX, é correto afirmar: A. A busca de leis universais só pode ser empreendida no interior das ciências naturais, razão pela qual o conhecimento sobre o mundo dos homens não é científico. B. Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem objeto do conhecimento científico, haja vista sua incompatibilidade com os princípios gerais de objetividade do conhecimento e a neutralidade científica. C. Apreender a sociedade como um grande organismo, a exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado como fonte de influência e orientação para as investigações empreendidas no âmbito das ciências sociais. D. A ciência social tem como função organizar e racionalizar a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas historicamente. E. O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, aportando à compreensão da sociedade os valores por ele assimilados durante o processo de socialização obtido no seio familiar. QUESTÃO 13 (UNICENTRO) Seu esquema sociológico era tipicamente positivista, ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender esse progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social. Era um grande defensor da moderna sociedade capitalista. Essa descrição está relacionada com o perfil de: A. Karl Marx. B. Max Weber. C. Auguste Comte. D. Émile Durkheim. E. Herbert Spencer. QUESTÃO 14 (UNICENTRO) Uma série de mudanças políticas e econômicas ocorreu na Europa, a partir do fim da Idade Média. O quadro “A liberdade guiando o povo” (1830), de Eugène Delacroix, alude a um dos mais importantes acontecimentos decorrente desse período na história europeia, a Revolução Francesa. Sobre a ligação entre as mudanças referidas no texto e o surgimento da Sociologia, é correto afirmar: A. O desenvolvimento da indústria se opunha à formação do processo de instalação da sociedade moderna. B. A credibilidade da vida social, nas cidades, passa a ser buscada na coerência dos textos sagrados e na adoração religiosa. C. A vida religiosa foi adquirindo cada vez mais importância, o que fez com que a história do cotidiano fosse concebida por um olhar sagrado. D. A arte renascentista, ao apresentar a forte ligação entre Deus e os homens, expressou as transformações sociais de forma contundente. E. O desenvolvimento tecnológico e a nova postura do homem ocidental decorrentes das transformações desse período histórico propiciaram o interesse pelo entendimento da vida social. QUESTÃO 15 (UNIMONTES) Uma das grandes preocupações de Auguste Comte era a crise de sua época, causada, segundo ele, pela desorganização social, moral e de ideias. A solução se encontraria na constituição de uma teoria apropriada – a Sociologia –, capaz de extinguir a anarquia científica vigente, origem do mal. Esse 377 EXERCÍCIOSSOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 seria, precisamente, o momento em que se atingiria o estado positivo, o grau máximo de complexidade da ciência. Estão corretos os conceitos que foram discutidos e defendidos por Auguste Comte como os mais importantes para a sua Sociologia: A. estática, dinâmica, individualismo e alienação. B. positivismo, ordem e progresso, autoridade moral. C. cientificismo, organicismo, evolucionismo e indústria cultural. D. consenso moral, altruísmo, contratualismo e individualismo SEÇÃO ENEM QUESTÃO 01 (ENEM) “(...) não vejo nada de bárbaro ouselvagem no que dizem daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. (...) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que assar e comer um homem previamente executado. (...) Podemos portanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mesmos, que os excedemos em toda sorte de barbaridades.” MONTAIGNE, Michel Eyquemde, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984. Michel de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, as guerras das sociedades Tupinambá com as chamadas guerras de religião dos franceses que, na segunda metade do século XVI, opunham católicos e protestantes. O trecho de Montaigne ratifica: A. a ideia de relativismo cultural, que se baseia na hipótese da origem única do gênero humano e da sua religião. B. a diferença de costumes, que não constitui um critério válido para julgar as diferentes sociedades como superiores ou inferiores. C. a estigmatização dos indígenas, que são mais bárbaros do que os europeus, pois não conhecem a virtude cristã da piedade. D. a barbárie, que é um comportamento social que não ocorre em uma cultura dita civilizada e racional. E. a ingenuidade dos indígenas, que equivale à racionalidade dos europeus, o que explica que os seus costumes são similares. QUESTÃO 02 (ENEM) Os adeptos do evolucionismo cultural falam em progresso, seguindo a ideia clássica de que a humanidade tem uma mesma origem no tempo, embora em espaços diferentes, mas que aquelas sociedades que se livram das condições de estágios anteriores, alcançaram o nível de civilidade, enquanto as outras que não se livraram dessas mesmas condições continuam, seja num estágio de selvageria, seja num estágio de barbárie. De acordo com a teoria evolucionista da humanidade, a história cultural do homem seguiu, desde sempre, um mesmo caminho, linear e progressivo. De um ponto de vista da sociologia mais contemporânea, o evolucionismo apresenta graves problemas, pois trouxe o (a): A. Crença de que a cultura é um elemento irrelevante no bojo das relações sociais e no entendimento das sociedades. B. Ideal de que amor, ordem e progresso são elementos constituintes de todas as sociedades na História. C. Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições sociais e garantem os privilégios dos ricos. D. Ideia de superação da sociedade burguesa através da revolução das classes populares. E. Negação da i ideia de que todas as sociedades são portadoras de cultura, uma vez que cultura é sinônimo de civilidade. GABARITO VESTIBULARES ENEM 1 C 11 A 1 B 2 B 12 D 2 E 3 B 13 C 3 • 4 D 14 E 4 • 5 C 15 B 5 • 6 D 16 • 6 • 7 C 17 • 7 • 8 A 18 • 8 • 9 D 19 • 9 • 10 C 20 • 10 • 379 SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 FRENTE U | CAPÍTULO 02 SOCIOLOGIA 2. TEÓRICOS SOCIOLÓGICOS INTRODUÇÃO Ao final do século XIX, no período de formação da Sociologia enquanto ciência, Émile Durkheim preocupava-se em criar regras para o método sociológico, garantindo-lhe um status de saber científico, assim como as demais áreas do conhecimento, a exemplo da biologia, da química, entre outras. Contudo, tão importante quanto definir o método, era definir o objeto de estudo. Assim, segundo Durkheim, à sociologia caberia estudar somente os “fatos sociais”, e esses consistiriam em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção sobre esse mesmo indivíduo. A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM As respostas para nossa organização social estariam nos fatos sociais e, para isso, seria necessária a aplicação de um método para os compreendermos melhor enquanto objeto sociológico, devendo ser vistos como se fossem “coisas”, objetos passíveis de análise, assim como a biologia se debruça sobre uma planta. Para ele, o homem naturalmente cria falsas noções do que são as coisas que o rodeiam, mas não é através da criação de ideias que se chegará à realidade. Para Durkheim, deve-se propor a investigação dos fatos para buscar as verdadeiras leis naturais que regem o funcionamento e a existência desses, pois possuem existência própria e são externos em relação às consciências individuais. Em sua obra intitulada As regras do método sociológico, de 1895, Durkheim afirma que “espera ter definido exatamente o domínio da sociologia, domínio esse que só compreende um determinado grupo de fenômenos. Um fato social reconhece- se pelo poder de coação externa que exerce, ou é suscetível de exercer sobre os indivíduos; a presença desse poder reconhece- se, por sua vez, pela existência de uma sanção determinada ou pela resistência que o fato opõe a qualquer iniciativa individual que tenda a violentá-lo [...]. É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais”. Os fatos sociais dariam o tom da ordem social, sendo construídos pela soma das consciências individuais de todos os homens e, ao mesmo tempo, influenciam cada uma. O importante é a realidade objetiva dos fatos sociais, os quais têm como característica a exterioridade em relação às consciências individuais e exercem ação coercitiva sobre essas. Mas uma pergunta se coloca: de onde vem esta ação coercitiva? Pensemos em nossa sociedade atual. Fomos criados, por nossos pais e pela sociedade, com a ideia de que não podemos, em um restaurante, virar o prato de sopa e beber de uma só vez, pois certamente as pessoas vão rir ou talvez achar um tanto quanto estranho, já que existem talheres para se tomar sopa. Não existem leis escritas que impeçam quem quer que seja de virar o prato de sopa, segurando-o com as duas mãos para beber rapidamente. No entanto, a grande maioria das pessoas se sentiria proibida de praticar isso. Da mesma forma, por que quando trabalhamos em um escritório ou algum lugar formal, os homens estão de terno e não de pijamas? Isso é a ação coercitiva do fato social, é o que nos impede ou nos autoriza a praticar algo por exercer uma pressão em nossa consciência, dizendo o que se pode ou não fazer. Se um indivíduo experimentar opor-se a uma dessas manifestações coercitivas, os sentimentos que nega (por exemplo, o repúdio do público por um homem de terno rosa) voltar-se-ão contra ele. Em outras palavras, somos vítimas daquilo que vem do exterior. Assim, os fatos sociais são produtos da vida em sociedade, e suas manifestações são o que interessa à Sociologia. Fragmento extraído de http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/durkheim-fato-social. htm e adaptado por Hiran S. Andrade Jr. Durkheim e a Anomia O conceito de anomia foi cunhado por Émile Durkheim nas obras “Da Divisão Social do Trabalho” (1893) e “O Suicídio” (1897) e depois utilizado na obra “A Educação Moral” (1902), em que abordou o papel da moral no combate ao estado anômico. Para Durkheim, a anomia é uma situação social produzida pelo enfraquecimento dos vínculos sociais e pela perda de capacidade da sociedade regular o comportamento dos indivíduos, gerando, por exemplo, fenômenos sociais como o suicídio. Trata-se de uma ausência de um “corpo de normas sociais” capaz de regular o convívio social marcado pela “solidariedade”. Para Durkheim, a anomia é uma etapa temporária, produto das rápidas transformações sociais, perda da fé (em seu sentido maisamplo) e das tradições. Essa etapa, para ele, é superada a partir do momento que grupos de interesses determinam novas regras a fim de regulamentar o que encontra-se “desajustado” na sociedade, assim como afirmar novas tradições ou refortalecer as já estabelecidas. Nesse sentido, anomia seria um mal crônico das sociedades modernas, marcadas pelas rápidas transformações sociais, as quais levam a situações de desajustes sociais causadas pela crise (ou ausência) de uma forte “consciência coletiva”. No contexto de uma situação anômica, os limites sociais se encontram frágeis ou não existem, não estando claro o que é justo ou injusto, SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2. TEÓRICOS SOCIOLÓGICOS 380 SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 legítimo ou ilegítimo; perdem assim, os indivíduos, as referências sociais. Essa situação gera um sentimento de frustração e mal- estar, parecendo que não existem normas e impera o “tudo pode”. Características Centrais de Durkheim • Um dos pais fundadores da Sociologia Francesa; • Discípulo de Comte e do Organicismo; • Autor moralista e conservador; • Objeto de sua obra: OS FATOS SOCIAIS à Condutas Normativas; • Características dos ‘’Fatos Sociais’’: Coletividade, Anterioridade e Coercibilidade. • CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL x CONSCIÊNCIA COLETIVA (Dualidade Psicossocial) • ANOMIA: Desregramento Social; • A chamada SOLIDARIEDADE: Mecânica (Sociedades Pré- Modernas) e Orgânica (Sociedades Modernas) Durkheim e a Questão do Suicídio • Obra: O Suicídio (1897); • Tese: O suicídio constitui um fenômeno constituído socialmente; • Tipos de Suicídio: • Egoísta • Altruísta • Anômico • OBS: Relevância do Estudo: • Análise Comparativa • Uso da Estatística • Diálogo com a Psicologia • Teoria do Controle O Funcionalismo: Autores Influenciados por Durkheim • O Funcionalismo se popularizou no final do Sec. XIX a partir das obras do sociólogo Émile Durkheim; • Trata-se de uma influência direta do Positivismo de Auguste Comte; • Tese Central: As instituições sociais possuem um papel primordial para o funcionamento salutar da sociedade; • Principais sociólogos: Émile Durkheim (1858-1917), TalcottParsons (1902-1979) e Robert King Merton (1910- 2003); • Temas: Moralidade, Consciência Coletiva, Coesão Social, Formas de Sociabilidade, Família, Educação, Religiosidade, Anomia etc. O Funcionalismo de Talcot Parsons • Professor e pesquisador de Harvard. • A Sociedade como um Sistema: • Conjunto de elementos interconectados, de modo a formar um todo organizado. • Indivíduos são portadores de Papéis sociais. • Reprodução Social: ORIENTAÇÃO e MANUTENÇÃO do Status Quo. • Disfunção: ‘’Problema Hobbesiano da Ordem’’ à ‘’Entropia Social’’. O Funcionalismo de Robert K. Merton • Professor e pesquisador da Universidade de Columbia. • Toda teoria sociológica é um postulado de médio-alcance. • Conceito de Função: ‘’Processos vitais ou orgânicos na medida em que CONTRIBUEM para a MANUTENÇÃO do organismo.’’ • Crítica central de Merton: • 1 - Relativização das necessidades das Funções. • 2 - Nem toda função é necessariamente positiva. • Funções Manifestas x Funções Latentes Para refletir Você sabe o que é tabu? Por Cristiano das Neves Bodart É comum as pessoas usarem a palavra “tabu” para designar uma regra quebrada. Porém, nem todas as regras são tabus. Alguns ainda dirão que trata-se de regras indiscutíveis que não podem ser mudadas. Nesse contexto o termo começa a se aproximar do significado original da expressão “quebrar tabus”, embora não seja esse o seu sentido original e mais adequado. O termo “tabu” está, em seu uso mais adequado, diretamente associado à religião. Trata-se, mais precisamente, do elemento de “limite” e “negativo” da religião, podendo ser uma proibição ou um alerta. O termo surgiu na Polinésia e por meio dos relatos de viajantes Europeus do século XVIII se espalhou pelo ocidente, designando “coisa proibida”, “coisa não permitida”. Durante muito tempo, quebrar um tabu era romper com um código de conduta estabelecido, e isso poderia causar prejuízos seríssimos ao violador. Quebrar um tabu era trazer sobre si a ira do sobrenatural. Para os crentes no sobrenatural, independente de religião, quebrar um tabu é se colocar sujeito à desgraças, acidentes, enfermidades e até à morte. Quebrar tabu é pecar, é desafiar o sobrenatural. Porém, a quebra de tabu pode ser anulada por meio de rituais específicos de purificação. Isso é comum em quase todas as crenças. Há sempre uma segunda chance. Há religião, por exemplo, fundada no perdão, alongando essa possibilidade em até “setenta vezes sete”. O tabu possui basicamente três objetivos claros: • Manter o temor no sobrenatural, à medida que reforça a ideia de castigo. • Unir os membros de um grupo social, separando-os de outros e ampliando a solidariedade do grupo; • Ser elemento básico de controle social: impões certas restrições em determinadas circunstâncias. Os tabus são parte da estrutura normativa da religião. Sem eles o medo deixa de existir e os limites estabelecidos pela religião tornam-se vulneráveis. Quanto mais consolidados os tabus de uma crença, mais obedientes são os crentes às suas regras. Retomando a expressão popular “quebrar tabu”, notamos que existe uma influência muito forte na origem da palavra tabu. De fato quebrar tabu trata-se de romper regras indiscutíveis que não podem ser mudadas, pois teriam sido estabelecidas por seres ou forças sobrenaturais. A entrada, por exemplo, das mulheres no mercado de trabalho foi um tabu quebrado? A resposta é positiva, haja vista que em tempos passados as mulheres eram criaturas destinadas exclusivamente e divinamente ao lar, a madre e a submissão. Muitas mulheres foram castigadas por tentar quebrar esse tabu, outras apontadas como alguém debaixo do juízo dos deuses. A proximidade do uso cotidiano da palavra tabu com o sentido original está associado diretamente e fortemente ao fato de termos uma sociedade impregnada pela religiosidade, cuja as regras morais se fundem e se confundem com regras religiosas, em outros termos, com os tabus. http://www.cafecomsociologia.com/2014/01/voce-sabe-o-que-e-tabu.html SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2. TEÓRICOS SOCIOLÓGICOS 381 SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER Max Weber produziu a sociologia “compreensiva”, em que ele se mostra preocupado com a compreensão das atitudes dos indivíduos na sociedade, considerando que a sociologia poderia, então, explicar melhor determinados fragmentos da realidade social. Diferente do pensamento crítico de Marx, e de sua visão de transformação da sociedade capitalista, Weber, através da sociologia compreensiva, visa compreender as relações sociais. Ele não está pensando em transformação. Para Weber, o indivíduo através de suas ações é quem constrói a sociedade. Dentro da perspectiva da sociologia compreensiva, está a postura do cientista, que deve ser de compreender as relações sociais e analisar sem interferir. O cientista se mantém neutro, analisa o fato sem se relacionar com ele. Para Weber, a sociedade é fruto de ações racionais dos homens, que fazem suas escolhas conscientemente dentro da sociedade. São indivíduos dotados de racionalidade, que pensam, que analisam. Segundo Weber, esses indivíduos são mais importantes que a sociedade, já que são eles que “dão vida” à sociedade. O contrário do pensamento de Durkheim, que via a sociedade como uma instituição que se impõe aos indivíduos quase que totalmente autônoma em relação a estes, o objeto de estudo da sociologia compreensiva, é a ação social dos indivíduos. Esses realizam suas ações vinculadas às ações de outros indivíduos. Realizam-nas pensando no outro indivíduo. Dentro da sociedade estão estabelecidos diversos tipos de ação, mas Weber acredita que existem algumas que são mais efetivas. Ação tradicional,afetiva, racional com relação aos fins e racional com relação aos valores. Quando o sentido das ações é compartilhado por um grupo de pessoas, estabelecemos uma relação social. Na política, Weber buscou compreender os fundamentos da dominação legítima – aquela que é obtida sem o uso da força. Ele identifica três tipos básicos de dominação legítima: a dominação “legal”, que é a obediência baseada através de leis, estatutos e normas estabelecidas em sociedade; dominação “tradicional”, que é a obediência das crenças das santidades e das tradições; dominação “carismática”, obediência no carisma do líder. Outro ponto importante no pensamento de Max Weber é a educação. Ele descreve uma educação racional, em que os indivíduos são preparados para exercer as funções dentro da sociedade. Para Weber, a educação é um instrumento para estratificação social, ela forma o indivíduo. Uma educação para a qual esse indivíduo vai seguir suas ações. Weber vê a educação como uma ação social e aponta três caminhos para a educação: despertar o carisma é o caminho direcionado àqueles indivíduos que são considerados únicos na sociedade, esses poderão se tornar líderes através do desenvolvimento do pensamento. A pedagogia do cultivo forma culturalmente o indivíduo para que possa exercer sua função dentro da estrutura em que ele está inserido. A pedagogia do treinamento prepara um especialista para cumprir determinada função dentro da estrutura hierarquizada e burocrática da sociedade capitalista. A nossa educação é voltada para os três caminhos. Deve haver a união desses termos. A formação deve ser completa dentro dessas três perspectivas, havendo relação desses três caminhos para a educação. Weber possuía um conceito amplo de educação, o que engloba a educação religiosa, familiar, carismática, filosófica, política e especializada. Ele reconheceu que a escola poderia transformar conhecimento em poder. Segundo Weber a sociedade é o fruto das ações racionais dos indivíduos, isso faz com que o indivíduo seja um ser autônomo, livre para escolher. Essa é uma contribuição para implementação de uma escola ideal. O papel do educador e da escola é ajudar o aluno na sua capacidade de reflexão como ser humano. Possibilitando, assim, a criação de mecanismos de mudança dentro da sociedade. A SOCIOLOGIA DE KARL MARX A. O Materialismo Histórico O chamado materialismo histórico constitui, na sociologia de Karl Marx, um marco teórico que visa explicar as mudanças e o desenvolvimento da história, utilizando-se de fatores econômicos. Na perspectiva do materialismo histórico, as mudanças tecnológicas e do modo de produção são os dois fatores principais de mudança social, política e jurídica. O materialismo histórico é associado ao pensamento marxista e muitos acreditam que foi Marx que desenvolveu essa teoria. Contudo, o seu desenvolvimento está presente na história da sociologia e ciência política modernas. Em verdade, o materialismo histórico se popularizou com o desenvolvimento da corrente marxista no final do século XIX e começo do XX. Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende explicar a história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas etc.) B. A Dialética Marxista e a Luta de Classes O mundo social é dialético, isto é, está em constante movimento. Historicamente, as mudanças ocorrem em função das contradições surgidas a partir dos antagonismos das classes no processo da produção social. Exemplo de contradições com os termos relações de produção e forças produtivas: As relações fundamentais de toda sociedade humana são as relações de produção, que revelam a maneira pela qual os homens, a partir das condições naturais, usam as técnicas e se organizam por meio da divisão do trabalho social. As relações de produção correspondem a certo estado das forças produtivas, que consistem no conjunto formado pelo clima, água, solo, matérias- primas, máquinas, mão-de-obra e instrumentos de trabalho. Por exemplo, quando os instrumentos de pedra são substituídos pelos de metal, ou quando o desenvolvimento da agricultura se torna possível pela descoberta de técnicas de irrigação, de adubagem do solo ou pelo uso do arado e de veículos de roda, estamos diante de alterações das forças produtivas, que por sua vez provocarão mudanças nas formas pelas quais os homens se SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2. TEÓRICOS SOCIOLÓGICOS 382 SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 relacionam. Chamamos modo de produção a maneira pela qual as forças produtivas se organizam em determinadas relações de produção num dado momento histórico. Por exemplo, no modo de produção capitalista, as forças produtivas, representadas sobretudo pelas máquinas do sistema fabril, determinam as relações de produção caracterizadas pelo dono do capital e pelo operário assalariado. No entanto, as forças produtivas só podem se desenvolver até certo ponto, pois, ao atingirem um estado por demais avançado, entram em contradição com as antigas relações de produção, que se tornam inadequadas. Surgem, então, as divergências e a necessidade de uma nova divisão de trabalho, a contradição aparece como luta de classes. Vejamos como isso ocorre na história da humanidade. Nas sociedades primitivas, os homens se unem para enfrentar os desafios da natureza hostil e dos animais ferozes. Os meios de produção, as áreas de caça, assim como os produtos, são propriedades comuns, isto é, pertencem a toda a sociedade (comuna primitiva). A base econômica determina certa maneira de pensar peculiar, em que não há sentimento de posse, uma vez que não existe propriedade privada. O modo de produção patriarcal surge quando o homem inicia a domesticação de animais, desenvolve a agricultura graças ao uso dos instrumentos de metal e fabrica vasilhas de barro, o que possibilita fazer reservas. Quais as consequências das modificações das forças produtivas? Alteram-se as relações de produção e o modo de produção: aparece uma forma específica de propriedade (propriedade da família, num sentido muito amplo); diferenciam-se funções de classe (autoridade do patriarca, do pai de família); há alteração do direito hereditário, estabelecendo-se a filiação paterna (e não mais materna). O modo de produção escravista é decorrência do aumento da produção além do necessário à subsistência exigindo o recurso de novas forças de trabalho, conseguidas geralmente entre prisioneiros de guerra transformados em escravos. Com isso, surge propriamente a propriedade privada dos meios de produção, e a primeira forma de exploração do homem pelo homem, com a consequente contradição entre senhores e escravos. Dá-se, então, a separação entre trabalho intelectual e trabalho manual. A ociosidade passa a ser considerada a perfeição do homem livre, enquanto o trabalho manual, considerado servil, é desprezado. O modo de produção escravista é típico da Antiguidade grega e romana. A luta dos povos bárbaros contra o Império romano, no final da Antiguidade, não é senão a luta contra a escravidão imposta pelos romanos. A contradição do regime escravista leva-o à ruína e, para restaurar a economia, são necessárias novas relações de produção. No modo de produção feudal, a base econômica é a propriedade dos meios de produção pelo senhor feudal. O servo trabalha um tempo para si e outro para o senhor, o qual, além de se apropriar de uma parte da produção daquele, ainda lhe cobra impostos pelo uso comum do moinho, do lagar etc. A contradição dos interesses das duas classes leva a conflitos que farão aparecer, paulatinamente, uma nova figura: o burguês. Surgida dentre os servos que se dedicamao artesanato e ao comércio, a nova figura social forma os burgos e consegue, aos poucos, a liberdade pessoal e das cidades. A jovem burguesia está destinada a desenvolver as formas produtivas que, em determinado momento, exigirão novas relações de produção. O modo de produção capitalista é a nova síntese que surge das ruínas do sistema feudal, ou seja, da contradição entre a tese (senhor feudal) e a antítese (servo). O que vimos até agora é que o movimento dialético pelo qual a história se faz tem um motor: a luta de classes. Chama-se luta de classes o confronto entre duas classes antagônicas quando lutam por seus interesses de classe. No modo de produção capitalista, a relação antitética se faz entre o burguês, que é o detentor do capital, e o proletário, que nada possui e só vive porque vende sua força de trabalho. C. A Mais-Valia Mais-valia é um conceito usado para designar a disparidade entre o salário pago e o valor do trabalho produzido. Existem muitos sociólogos que desenvolveram diferentes vertentes para conceber uma explicação para o surgimento e o funcionamento do sistema capitalista. Para Adam Smith, filósofo e economista escocês, o valor do trabalho agregado ao produto é menor que o valor da mercadoria a ser vendida. David Ricardo, economista inglês, afirmava que a questão salarial está ligada às necessidades fisiológicas, isso quer dizer que o valor pago gira em torno das condições mínimas de sobrevivência, ou seja, o ordenado cobre somente o essencial (alimentos, roupas etc.). De acordo com Werner Sombart, sociólogo alemão, o capitalismo não se encontrava aliado somente à economia, mas à essência da burguesia que emergiu no final da Idade Média na Europa. Karl Marx fez uma análise dialética sobre o tema, afirmou que o sistema capitalista representa a própria exploração do trabalhador por parte do dono dos meios de produção e que, na disputa desigual entre capital e proletário, sempre o primeiro sai vencedor. Desse modo, o ordenado pago representa um pequeno percentual do resultado final do trabalho (mercadoria ou produto), então a disparidade configura concretamente a chamada mais-valia, dando origem a uma lucratividade maior para o capitalista. D. Luta de Classes: Motor da História • Entre o operário e o capitalista existe uma contradição, que é produzida desde o princípio de suas relações. • A contradição inicia-se logo no início do sistema capitalista, quando produtor e meios de produção são separados. • A própria apropriação desigual do trabalho está na base desta contradição. • A burguesia cria, sem parar, meios de produção mais poderosos. Mas as relações de produção permanecem inalteradas. • O regime capitalista é capaz de produzir cada vez mais mercadorias, porém a miséria permanece para a maioria. E. O SOCIALISMO UTÓPICO: Antes de Karl Marx • Perspectiva do início de século XIX com amplitude na França, Inglaterra e EUA. • Principal mote do socialismo como um todo: crítica à exploração do homem pelo homem. • Ideal: Expandir e viabilizar o conceito de igualdade esboçada na Revolução Francesa. • Via Pacifista e Reformadora. • Principaisrepresentantes: Claude Saint-Simon, Charles Fourier, Pierre Leroux e Robert Owen. • Influências teóricas: J. J. Rousseau, Thomas More, Tommaso Campanella e GracchusBabeuf. • Principais aspectos e contribuições: equidade, justiça social, comunas auto-sustentáveis, tecnocracia, planejamento industrial, meritocracia, sindicatos etc. Saint-Simon • Visão de Estado como viabilizador da Justiça Social; • Religião como amparo aos oprimidos; • Crítica à ociosidade. Fourier • Idealizador dos Falanstérios SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2. TEÓRICOS SOCIOLÓGICOS 383 SO C IO LO G IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 Owen • Define o capitalismo como um sistema egoísta e selvagem; • Inaugura as cooperativas e sindicatos; • Crítico da religiosidade à Instrumento de Acomodação. Funda o New Harmony Em Sociologia, as categorias e conceitos de Marx e dos chamados socialistas científicos são os mais presentes na estrutura da prova do ENEM. AULAS 16 1. TEÓRICOS CLÁSSICOS APOSTILAS 4 resumos + 20 questões EXERCÍCIOS ONLINE 30 questões CAIU NO ENEM 10 questões REVISÃO NA PLATAFORMA SEÇÃO VESTIBULARES QUESTÃO 01 (UEL) A ópera-balé Os Sete Pecados Capitais da Pequena Burguesia, de Kurt Weill e Bertold Brecht, composta em 1933, retrata as condições dessa classe social na derrocada da ordem democrática com a ascensão do nazismo na Alemanha, por meio da personagem Anna, que em sete anos vê todos os seus sonhos de ascensão social ruírem. A obra expressa a visão marxista na chamada doutrina das classes. Em relação à doutrina social marxista, assinale a alternativa correta. A. A alta burguesia é uma classe considerada revolucionária, pois foi capaz de resistir à ideologia totalitária através do controle dos meios de comunicação. B. A classe média, integrante da camada burguesa, foi identificada com os ideais do nacional-socialismo por defender a socialização dos meios de produção. C. A pequena burguesia ou camada lúmpen é revolucionária, identificando a alta burguesia como sua inimiga natural a ser destruída pela revolução. D. A pequena burguesia ou classe média é uma classe antirrevolucionária, pois, embora esteja mais próxima das condições materiais do proletariado, apoia a alta burguesia. E. O proletariado e a classe média formam as classes revolucionárias, cuja missão é a derrubada da aristocracia e a instauração do comunismo. QUESTÃO 02 (UEG) Para Marx, diante da tentativa humana de explicar a realidade e dar regras de ação, é preciso considerar as formas de conhecimento ilusório que mascaram os conflitos sociais. Nesse sentido, a ideologia adquire um caráter negativo, torna- se um instrumento de dominação na medida em que naturaliza o que deveria ser explicado como resultado da ação histórico- social dos homens, e universaliza os interesses de uma classe como interesse de todos. A partir de tal concepção de ideologia, constata-se que: A. a sociedade capitalista transforma todas as formas de consciência em representações ilusórias da realidade conforme os interesses da classe dominante. B. ao mesmo tempo que Marx critica a ideologia ele a considera um elemento fundamental no processo de emancipação da classe trabalhadora. C. a superação da cegueira coletiva imposta pela ideologia é um produto do esforço individual principalmente dos indivíduos da classe dominante. D. a frase “o trabalho dignifica o homem” parte de uma noção genérica e abstrata de trabalho, mascarando as reais condições do trabalho alienado no modo de produção capitalista. QUESTÃO 03 (UEG) O sociólogo Max Weber desenvolveu estudos sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo. A esse respeito tem-se o seguinte: A. a tentativa de constituir uma ciência da sociedade promoveria um processo de pesquisa multidisciplinar e não especializado e por isso Weber concebia a economia como determinante da cultura e o capitalismo determinante do protestantismo. B. o processo de racionalização era o fio condutor da análise do capitalismo ocidental por parte de Weber e por isso ele analisou o papel da ética protestante, que apontaria um primeiro momento de racionalização na esfera religiosa. C. Weber considerava que as ideias dominantes eram as ideias da classe dominante, que, na modernidade, era a classe capitalista, e por isso a ética protestante desenvolvida pelos comerciantes gerou o espírito do capitalismo. D. a inspiração na dialética idealista hegeliana fez com que Weber focalizasse a questão cultural e desenvolvesse um determinismo cultural segundo o qual o modo de produção capitalista seria produto do protestantismo. E. a concepção weberiana surgiu a partir de uma síntese da filosofia kantiana e marxista e por isso ele focaliza o processo de formação do capitalismo
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