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1. INTRODUÇÃO À SOCIOOGIA E TEÓRICOS CLÁSSICOS - CONTEÚDO QUESTÕES ORIENTADAS

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FRENTE U | CAPÍTULO 01
SOCIOLOGIA
1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
INTRODUÇÃO
A introdução à Sociologia se faz necessária para 
melhor compreendermos a dinâmica da ciência da 
sociedade e nos familiarizarmos com suas abordagens 
e problematizações.
O fascínio da Sociologia está no fato de que sua 
perspectiva nos leva a ver, sob nova luz, o próprio 
mundo em que todos vivemos. Isto também constitui 
uma transformação da consciência (...). O sociólogo 
não examina fenômenos de que ninguém mais toma 
conhecimento. Entretanto, ele olha esses mesmos 
fenômenos de um modo diferente. 
Berger, 1986, p. 31 e 38)
PARA QUE ESTUDAR SOCIOLOGIA? 
Ao olharmos para a trajetória da Sociologia, percebemos que 
ela surge como uma ciência que estuda as consequências sociais 
do mundo moderno e contemporâneo. De tal modo, temas como 
a ascensão da burguesia e surgimento do proletariado; formação 
do Estado Moderno; industrialização crescente e êxodo rural; 
aglomerados urbanos, conflitos trabalhistas, desemprego e 
marginalidade; trabalho infantil, mendicância, prostituição e 
criminalidade; reivindicações sociais e políticas; desigualdades 
sociais; globalização; impactos trazidos pelas novas tecnologias 
etc. surgem como questões sociológicas a serem exploradas 
e esclarecidas. Assim, nomes como Comte, Durkheim, Marx 
(também Engels) e Weber constituíram aqueles que, pela 
primeira vez, tentaram discutir de forma racional e metódica tais 
pontos que marcam, em menor ou maior grau, o mundo em que 
vivemos.
Apesar disso, mesmo sendo a Sociologia um campo do saber 
que surge como uma “ciência da crise”, independentemente 
dessa conceituação elementar, ela busca um claro entendimento 
dos elementos fundamentais da sociedade em que vivemos. De 
tal modo, algumas dessas subsequentes questões fazem parte de 
suas inquietações:
• Por que as pessoas na maioria das vezes parecem agir ou 
pensar de forma relativamente padronizada?
• Por que existe tanta desigualdade, desemprego, violência 
e criminalidade? Como tudo isto acaba se configurando e 
repercutindo na sociedade? 
• Por que existe a hierarquia e as relações de poder nos mais 
variados setores da vida em sociedade, tais como no Estado, 
na família, na igreja e na escola?
• O que é o Estado e como ele age? Temos direitos e deveres? 
O que é ser cidadão? Somos todos iguais perante a execução 
das leis? 
• Por que alguns grupos ou comunidades agem de um modo 
peculiar e outros de outra maneira? Por que há conflitos 
étnicos e choques culturais? 
• Por que existem movimentos sociais e sindicatos com 
interesses tão diversos?
• O que é cultura? Existe gente inculta? Como os gostos criam 
distinções e preconceitos em todas as camadas da sociedade? 
Como as segregações operam?
• O que é ideologia? O que é alienação? Como isso pode nos 
afetar? Como os meios de comunicação acabam estruturando 
formas de conduta? Por que muitas pessoas seguem a moda 
cegamente? 
Essas são algumas das questões que rondam o pensamento 
sociológico. Portanto, percebamos que muito embora a Sociologia 
se estabeleça enquanto uma ciência do “caos moderno”, por 
assim dizer, na realidade ela passa a querer compreender tudo 
aquilo que, de uma forma geral, incide na vida em sociedade. 
Tudo isso, porque a Sociologia pretende nos ajudar a entender 
com mais domínio essas e tantas outras questões que envolvem 
nosso cotidiano. O fundamental nessa empreitada da Sociologia 
é, sem dúvidas, oferecer-nos conceitos e categorias precisas 
para analisar a sociedade com mais perspicácia. Assim, de um 
modo mais sistemático, consistente e crítico, a Sociologia tenta 
compreender tudo aquilo que é estabelecido socialmente.
É justamente em face de seu papel crítico e não dogmático 
que para Pierre Bourdieu, sociólogo francês, “a Sociologia é 
um esporte de combate.”, pois incomoda muito, revelando e 
desmascarando coisas aparentemente despercebidas se olhadas 
sob o prisma religioso ou do senso comum. A propósito, é nessa 
perspectiva de desvelar coisas não tão visíveis que Peter Berger, 
sociólogo austríaco, compara o papel do sociólogo ao papel 
do detetive, do agente secreto. Berger assim procede porque 
o sociólogo além de tratar dos traços oficiais e conhecidos da 
sociedade, deve também conhecer os bastidores do teatro social 
e, de tal modo, catalogar os traços informais, não oficiais e não 
tão conhecidos por todos. Portanto, o exercício sociológico é uma 
busca incessante e curiosa dos aspectos sociais aparentemente 
não existentes. 
A Sociologia, em virtude da tomada de consciência que 
nos proporciona, tende a formar indivíduos conscientes e 
autônomos, que se transformam em “juízes” da realidade; pessoas 
capazes de analisar por si mesmas o discurso dos políticos, os 
noticiários de jornais, as telenovelas, os programas de rádio etc., 
apreendendo assim o que se oculta nesses mesmos discursos 
e formando seu próprio ponto de vista sobre aquilo que lhes 
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rodeia. Consequentemente, a sociologia acaba por despertar em 
nós o que Charles Wright Mills, sociólogo americano, chamou 
de “imaginação sociológica”, isto é, a capacidade de pensarmos 
o social fora das rotinas comuns e familiares de nossas vidas 
cotidianas, para que assim possamos enxergá-lo de forma 
renovada e reconstruída, ou seja, destituídos dos óculos turvos e 
obsoletos do senso comum.
BERGER, Peter Ludwig. Perspectivas sociológicas: Uma visão humanística. Petrópolis, 
Rio de Janeiro, Vozes, 1986.
COMO A SOCIOLOGIA PODE NOS AJUDAR? 
Ainda para Charles Wright Mills, a Sociologia apresenta muitas 
contribuições práticas para as nossas vidas. Apontando para 
alguns desses aportes, poderíamos dizer que ela nos proporciona 
uma consciência crítica das diferenças socioculturais e uma visão 
mais cuidadosa dos efeitos que algumas medidas políticas podem 
ocasionar, por exemplo. Contudo, inegavelmente, talvez sua maior 
contribuição seja a de nos munir de um autoesclarecimento, isto 
é, de um melhor entendimento sobre nós mesmos e daquilo que 
nos rodeia. 
• Conscientização das diferenças: A Sociologia possui a 
capacidade de nos proporcionar um ponto de vista crítico 
sobre as diferenças socioculturais. Sendo assim, ela nos 
lembra, por exemplo, que há culturas diferentes e não culturas 
inferiores ou superiores, o que nos ajuda a desenvolver 
certa tolerância com grupos culturais diversos. Ela nos 
lembra, ainda, que esquecer todos nossos preconceitos e 
estereótipos além de dedicar algum tempo a tentar conhecer 
a cultura e valores alheios, constituem uma excelente forma 
de entender melhor os outros e a nós mesmos. 
• Visão mais cuidadosa sobre as medidas políticas: As 
pesquisas sociológicas podem fornecer suportes práticos 
na avaliação de medidas políticas. Por exemplo: Um gestor 
público que almeja saber se certa política pública é viável 
numa determinada região, pode solicitar uma pesquisa 
sociológica sobre as práticas e costumes dos agentes sociais 
dessa mesma região. Assim, caso um determinado estudo 
assevere que os indivíduos que aí residem costumam se 
locomover de bicicleta e que há inúmeros acidentes em 
virtude das péssimas condições de tráfego, o mesmo gestor 
pode pensar na possibilidade de construir uma ciclovia nessa 
localidade, medida que poderia ajudar a diminuir os acidentes 
de trânsito que envolvem ciclistas.
• Autoesclarecimento: A Sociologia pode nos oferecer, ainda, 
uma melhor compreensão de nós mesmos, de nossa própria 
trajetória, de nossa historicidade. Quanto mais soubermos 
sobre nós mesmos, mais estaremos aptos para viver melhor. 
Quanto mais soubermos sobre a nossa sociedade e sobre o 
universo social em que estamos inseridos, provavelmente 
estaremos mais aptos para proceder de forma consciente. 
Auxiliar a nos conhecer melhor, bem como observarmos que 
somos agentes sociaisque edificam a história, constituem as 
mais fascinantes tarefas da Sociologia. 
Coragem para pensar
Por daniel martins de barros
Um dos grandes problemas dos debates que vêm 
ocorrendo vem da dificuldade que as pessoas têm de 
diferenciar opinião de conhecimento. Antes de sair 
dizendo que a legalização da maconha é boa ou ruim, que 
a essa ou aquela idade penal é um absurdo, que cotas 
raciais são positivas ou negativas, dê uma olhada nas 
pesquisas que já foram feitas.
“Todo mundo tem direito às próprias opiniões, mas não aos 
próprios fatos.”
Que frase mais apropriada para encerrar o ano. Dita pelo 
sociólogo Daniel Patrick Moynihan, ela é citada no novo livro da 
dupla freakonomics, “Pense como um freak”, lançado esse ano 
pela editora Record. Talvez um dos livros mais importantes do 
ano. Não estou exagerando.
Um dos grandes problemas dos acalorados e estéreis debates que 
vêm ocorrendo, não só no Brasil “dividido” mas no mundo todo, 
vem da dificuldade que as pessoas têm de diferenciar opinião de 
conhecimento. Opinião é um palpite sobre como as coisas são, 
conhecimento é quando tal opinião não só é verdadeira, mas 
com uma justificativa tão racional que supere pontos de vista, 
ideologias, preferências. Muito dos debates acontecem porque, 
crendo que suas opiniões são fatos, as pessoas envolvem-se em 
raciocínios falaciosos, buscando apresentar essa necessária 
justificativa, mas que nesse caso nem existe. A conversa torna-se 
um diálogo de surdos, que não ajuda a esclarecer a questão, nem 
tampouco favorece reflexão ou a construção (e quiçá mudanças) 
de opinião.
Em “Pense como um freak”, Steven Levitt e Stephen Dubner 
resolvem expor o método por trás de seus bestsellers anteriores, 
Freakonomics e SuperFreakonomics, permitindo que todas 
as pessoas desenvolvam esse tipo de raciocínio. E qual é ele? 
Simples: questione. Tenha coragem de questionar não só o 
establishment, mas suas próprias opiniões. Será mesmo que você 
está certo? Mais do que isso: teste. A “abordagem econômica” 
que eles propõem aplicar aos vários domínios da vida, nada mais 
é do que a busca de dados concretos, garimpando pepitas de 
conhecimento no lamaçal das opiniões. Só pensar, influenciados 
por pré-concepções que nem sabemos ter, pode não levar a nada. 
Lembremos da advertência de Willian James, segundo quem 
muitas pessoas acreditam estar pensando, quando estão apenas 
reorganizando seus preconceitos. Ou seja: abrace a dúvida. 
Como eles mostram no livro, a variável que mais leva as pessoas 
a errar é o dogmatismo – a certeza é inimiga do aprendizado.
Permito-me acrescentar uma dica própria, complementar ao 
método freak: pesquise. Você não pode passar a vida criando 
experimentos para pôr à prova todos conceitos que precisa ou 
quer formar. Mas muita pesquisa é feita no mundo. Muita, você 
não imagina. Então, antes de sair dizendo que o casamento gay 
é prejudicial ou não para os filhos, que a legalização da maconha 
é boa ou ruim, que a essa ou aquela idade penal é um absurdo, 
que cadeias são universidades do crime, que cotas raciais são 
positivas ou negativas, dê uma olhada nas pesquisas que já 
foram feitas, mas o faça com coragem de encontrar fatos que 
contradigam sua opinião. Porque se você já tem uma posição 
muito firme sobre determinado assunto, nesse caso, não perca 
tempo. Pensar seria desperdício de energia.
http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/coragem-para-pensar/
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PARADIGMAS CLÁSSICOS DAS CIÊNCIAS 
SOCIAIS
O estudo das primeiras teorias das ciências sociais constitui 
uma forma de abalizarmos os principais conceitos e categorias 
da Sociologia Clássica. Ao entrarmos nesse campo, acessamos 
algumas das peculiaridades das ciências humanas. Assim 
também, aqui consideramos uma das habilidades da prova do 
ENEM, a saber, comparar diferentes pontos de vista, presentes 
em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de 
natureza histórico-geográfica.
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO HUMANO
A emergência do pensamento científico
Pensar cientificamente o ser humano e sociedade resultou 
de um lento processo pelo qual a ciência foi ganhando espaço e 
legitimidade. 
A humanidade desenvolveu diferentes formas de explicação 
a respeito da vida, da natureza e da sociedade em que vive, 
dependendo dos fatores sociais, da tradição, da influência 
de outros grupos e da maior ou menor resistência cultural. 
No mundo antigo, tal qual o entendemos hoje, predominou o 
pensamento mítico e religioso que concebia o mundo como uma 
obra divina, submetida aos desígnios dos deuses.
Para os egípcios, como para os babilônicos, por exemplo, 
a eficiência do pensar limitava-se à praticidade, ou seja, à 
necessidade de solucionar problemas particulares que se 
apresentavam como obstáculos ao transcurso da existência. O 
pensar como um exercício voltado para si mesmo, capaz de se 
desenvolver sem uma aplicabilidade imediata, independente 
das crenças religiosas e do pensamento mítico, teve suas raízes 
históricas na civilização grega.
Tudo começou com os gregos
Entre os séculos VIe V a. C., os gregos romperam com o senso 
comum, com a tradição e com o pensamento mítico. Com essa 
mudança, desenvolveram uma reflexão laica e independente, 
própria do pensamento especulativo, que se debruçava sobre 
o mundo procurando entendê-lo em sua objetividade. Em 
consequência, acabaram por criar a filosofia e muitos dos campos 
do saber até hoje conhecidos, como a geometria e a astronomia.
Alguns historiadores dão o nome de “milagre grego” a esse 
salto qualitativo do conhecimento humano sobre si e a natureza, 
em que se abandona a explicação mítica e o princípio da 
interferência das forças sobrenaturais nos destinos do homem, 
para dirigir-se à obtenção do saber por meio da abstração 
comandada pela razão. A ideia de milagre vem, por um lado, das 
amplas repercussões causadas por essa revolução na vida da 
época e de períodos posteriores e, por outro, da falsa impressão 
de ter sido uma mudança abrupta, vinda do nada e ocorrida 
rapidamente.
A consciência individual emancipava-se à medida que o 
homem grego constatava ser o destino o resultado da ação 
humana, não da vontade dos deuses e do respeito aos rituais 
sagrados. Crescia nele a percepção de si mesmo como um 
indivíduo dotado de razão e capaz de realizar ações inspiradas por 
ela. Apesar do grande avanço no conhecimento da natureza e da 
sociedade proporcionado pelos gregos antigos, a racionalidade e 
a investigação especulativa da natureza só se tornaram formas 
dominantes de pensar muitos séculos mais tarde, a partir do 
Renascimento (séculos XIV-XVI).
O Darwinismo Social 
O século XIX foi marcado pelo desenvolvimento do 
conhecimento científico. A busca por novas tecnologias, 
alavancada pela Revolução Industrial, fez com que os estudiosos se 
multiplicassem nas mais variadas áreas do conhecimento. Nessa 
época, várias academias e associações voltadas para o “progresso 
da ciência” reconheciam a figura dos cientistas e os colocavam 
como importantes agentes de transformação social. No ano de 
1859, um estudioso chamado Charles Darwin transformou uma 
longa caminhada de viagens, anotações e análises no livro “A 
origem das espécies”. Nas páginas daquela obra revolucionária, 
nascia a teoria evolutiva, o mais novo progresso galgado pela 
ciência da época. Negando as justificativas religiosas vigentes, 
Darwin apontou que a constituição dos seres vivos é fruto de um 
longo e ininterrupto processo de transformação e adaptação ao 
ambiente. 
Polêmicas à parte, Darwin expôs que as espécies se 
transformavam a partir de uma seleção em que características 
mais adaptadas a um ambiente se tornavam predominantes. 
Com isso, os organismos que melhor se adaptavam a um meio, 
poderiam sobreviver através do repasse de tais mudanças aos 
seus descendentes. Em contrapartida, os seres vivosque não 
apresentavam as mesmas capacidades acabavam fadados à 
extinção. Com o passar do tempo, observamos que as noções 
trabalhadas por Darwin acabaram não se restringindo ao 
campo das ciências biológicas. Pensadores sociais começaram 
a transferir os conceitos de evolução e adaptação para a 
compreensão das civilizações e demais práticas sociais. A partir 
de então, o chamado “darwinismo social” nasceu desenvolvendo 
a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de 
valores que as colocavam em condição superior às demais. 
Na prática, essa afirmativa acaba sugerindo que a cultura 
e a tecnologia dos europeus eram provas vivas de que seus 
integrantes ocupavam o topo da civilização e da evolução 
humana. Em contrapartida, povos de outras regiões (como África 
e Ásia) não compartilhavam das mesmas capacidades e, por tal 
razão, estariam em uma situação inferior ou mais próxima das 
sociedades primitivas. A divulgação dessas teorias serviu como 
base de sustentação para que as grandes potências capitalistas 
promovessem o neocolonialismo no espaço afro-asiático. 
Em suma, a ocupação desses lugares era colocada como uma 
benfeitoria, uma oportunidade de tirar aquelas sociedades de 
seu estado “primitivo”. Por outro, observamos que o darwinismo 
social acabou inspirando os movimentos nacionalistas, 
que elaboravam toda uma justificativa capaz de conferir a 
superioridade de um povo ou nação. De fato, o darwinismo 
social criou métodos de compreensão da cultura impregnados de 
equívocos e preconceitos. 
Na verdade, ao falar de evolução, Darwin não trabalhava com 
uma teoria vinculada ao choque binário entre superioridade 
e inferioridade. Sendo uma experiência dinâmica, a evolução 
darwiniana acreditava que as características que determinavam 
a “superioridade” de uma espécie, poderiam não ter serventia 
alguma em outros ambientes prováveis. Com isso, podemos 
concluir que as sociedades africanas e asiáticas nunca precisaram, 
necessariamente, dos valores e invenções oferecidas pelo 
mundo ocidental. Isso, claro, não significa dizer que o contato 
entre essas culturas fora desastroso ou marcado apenas por 
desdobramentos negativos. Entretanto, as imposições da Europa 
“superior” a esses povos “inferiores” acabaram trilhando uma 
série de graves problemas de ordem, política, social e econômica.
O Evolucionismo Cultural 
De acordo com a teoria evolucionista da humanidade, a 
história do homem seguiu, desde sempre, um mesmo caminho, 
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linear, progressivo, homogêneo e padronizado, por assim dizer. 
Analisando algumas condições entendidas como universais, 
pode-se traçar o caminho realizado pelo homem desde seus 
primórdios até os dias de hoje, evidenciando uma diferença 
temporal entre aqueles que ainda não possuíam determinados 
estágios desenvolvidos.
Seguindo a tendência de alguns cientistas sociais, que tinham 
como base no séc. XIX as teorias de Lamarck, Malthus e Darwin, 
Lewis Morgan determinou que as condições básicas que se 
pode analisar em cada estágio da história humana são, por um 
lado, as invenções e descobertas e, por outro lado, o surgimento 
das primeiras instituições socialmente constituídas. Assim, 
constatam-se alguns fatos que marcavam a gradual formação e 
desenvolvimento de certas paixões, ideias e aspirações, comuns 
aos humanos em cada estágio. Estes fatos são:
1. A subsistência;
2. O governo;
3. A linguagem;
4. A família;
5. A religião;
6. A arquitetura;
7. A Propriedade.
Cada um desses fatos e seus desenvolvimentos caracterizariam 
a formação de um período étnico, permitindo a sua identificação 
e distinção dos demais. De forma geral, Morgan designou 
três grandes períodos étnicos da humanidade: a Selvageria, a 
Barbárie e a Civilização. Vejamos como ocorreram:
• A selvageria iniciou-se com o surgimento da raça 
humana, adquirindo uma dieta à base de peixes e também 
desenvolvendo o conhecimento e uso do fogo, chegando, por 
fim, à invenção do arco e flecha;
• A barbárie é a fase imediatamente posterior à selvageria, 
tendo como característica distintiva a invenção da arte 
da cerâmica. É também caracterizada pela domesticação 
de animais, bem como do cultivo de plantas através de um 
sistema de irrigação. O uso de tijolos de adobe e pedras na 
construção de moradias também fez parte desse período. 
Por fim, a invenção do processo de fundição do minério de 
ferro e o uso de ferramentas desse metal.
• A civilização, período ao qual pertencemos, tem início, 
conforme Morgan, com a invenção do alfabeto fonético e o 
uso da escrita, estendendo-se, como dito, até a atualidade.
• É assim que Morgan entende o sentido da evolução humana. 
Em cada uma dessas etapas, as invenções passaram por um 
processo de adaptação progressiva. Pode-se entender que 
o homem civilizado, porque tem armas mais sofisticadas, 
instrumentos que exijam uma tecnologia mais avançada 
e instituições mais consolidadas, é o padrão de referência 
para o julgamento dos homens nos tempos anteriores a esse 
status. Mas, será que o índio ou o aborígene não tem cultura? 
Não seguem regras e não possuem, também, linguagem? Essa 
crítica pode ser levantada, pois a chamada civilização torna-
se juiz de si mesma, isso criou o que conhecemos na história 
como Etnocentrismo, ou seja, uma etnia (cultura) no centro, 
julgando as outras a partir de suas próprias condições.
Portanto, é desse modo que a sociedade atual fala em 
progresso, em evolução e institucionalização, pois segue a ideia 
clássica de que a humanidade tem uma mesma origem no tempo, 
embora em espaços diferentes, mas que aquelas sociedades que 
se livram das condições de estágios anteriores, alcançaram o 
nível de civilidade, enquanto as outras que não se livraram dessas 
mesmas condições continuam, seja num estágio de selvageria, 
seja num estágio de barbárie.
O Positivismo 
O positivismo é uma linha teórica das ciências sociais 
esboçada por Auguste Comte (1798-1857), que passou a buscar 
critérios objetivos, sistemáticos e regulares na observação e 
compreensão dos fenômenos sociais. 
Os positivistas abandonaram a busca pela explicação de 
fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, 
para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida 
do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da 
ética. Para Comte, o método positivista consiste na observação 
dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação. O 
fundador da linha de pensamento sintetizou seu ideal em sete 
palavras: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. 
Comte preocupou-se em tentar elaborar um sistema de 
valores adaptado com a realidade que o mundo vivia na época 
da Revolução Industrial, valorizando o ser humano, a paz e a 
concórdia universal.
O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua 
representação máxima, o emprego da frase positivista “Ordem e 
Progresso”, extraída da fórmula máxima do Positivismo: “O amor 
por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”, em plena 
bandeira brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada 
coisa em seu devido lugar conduziria para a perfeita orientação 
ética da vida social.
Embora o positivismo tenha tido grande aceitação na Europa 
e também em outros países, como o Brasil, e talvez seja, a base do 
pensamento da sociologia, as ideias de Comte foram duramente 
criticadas pela tradição sociológica e filosófica marxista, com 
destaque para a Escola de Frankfurt.
É o choque de civilizações?
Por Clóvis Rossi
Atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos. 
Responsáveis: terroristas islâmicos.
Atentados aos trens de Madri. Responsáveis: 
terroristas islâmicos.
Atentados ao metrô e a ônibus de Londres. 
Responsáveis: terroristas islâmicos.
Atentado ao jornal satírico “Charlie Hebdo” em Paris. 
Os autores gritaram que estavam “vingando o profeta”, 
alusão à publicação das charges de Maomé ea sucessivas 
outras edições que radicais muçulmanos acharam 
ofensivas.
Ou seja, por trás de todos os atentados de grande 
repercussão no Ocidente, estão fanáticos muçulmanos.
Culpa do Corão, então? Não, responde, por exemplo, 
Reza Aslan, escritor iraniano-americano, pesquisador de 
estudos religiosos: “A noção de que há uma correlação 
direta entre crenças religiosas e comportamento, 
pode parecer óbvia e autoevidente para aqueles 
são familiarizados com o estudo da religião. Mas [a 
correlação] tem sido menosprezada por cientistas sociais 
que notam que crenças não explicam comportamento, 
que o comportamento é, na verdade, o resultado de 
complexas interações entre uma série de fatores sociais, 
políticos, culturais, éticos, emocionais e, sim, religiosos”.
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O que complica tremendamente a equação é que 
quase todos esses fatores atuam mais ou menos 
simultaneamente sobre as comunidades muçulmanas 
radicadas na Europa. Delas saíram os terroristas 
responsáveis pelos atentados anteriores aos desta quarta 
em Paris, mesmo os do 11 de Setembro, que viveram e se 
prepararam na Alemanha. É o terrorismo “home grown”, 
feito em casa, em tradução livre.
São comunidades que se sentem marginalizadas social, 
política e culturalmente. E é óbvio que só podem se sentir 
emocionalmente tocadas quando veem desabrochar com 
força movimentos islamófobos como o Pegida (acrônimo 
em alemão para Patriotas Europeus contra a Islamização 
da Europa).
A propósito: não deve ser mera coincidência que a 
barbárie contra o “Charlie Hebdo” tenha ocorrido no 
momento em que está sendo lançado o livro “Submissão”, 
em que o polêmico escritor Michel Houellebecq, descreve 
a eleição de um muçulmano como presidente da França 
em 2022 e todo o cortejo de “submissões” que se segue. 
Os radicais islâmicos e os islamófobos europeus acabam 
se alimentando mutuamente.
O atentado ao jornal satírico faz Noureddine Bouzian, 
correspondente em Paris da Al Jazeera, prever que “os 
próximos dias serão muito duros para os muçulmanos 
na França, especialmente se a extrema direita entrar em 
ação”. Faz também Philip Johnston, editor-assistente 
de Opinião do britânico “Daily Telegraph”, reconhecer 
que “atitudes anti-islâmicas começam a se mover da 
extrema direita mais para dentro da corrente principal 
do descontentamento popular”. Para azar de todos, 
parece estar se tornando realidade a profecia do choque 
de civilizações, lançada pelo cientista político Samuel P. 
Huntington, segundo quem as identidades culturais e 
religiosas seriam a principal fonte de conflito no mundo 
contemporâneo. 
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2015/01/1572089-e-o-
choque-de-civilizacoes.shtml
O Positivismo é peça-chave para compreendermos a formação 
da república brasileira e o darwinismo social é o grande suporte 
teórico da ‘’superioridade’’ europeia no século XIX. 
AULAS 16
1. INTRODUÇÃO À 
SOCIOLOGIA
APOSTILAS
4 resumos + 20 questões
EXERCÍCIOS ONLINE
30 questões
CAIU NO ENEM
10 questões
REVISÃO NA PLATAFORMA
QUESTÕES ORIENTADAS
QUESTÃO 01 
(UEL) O lema da bandeira do Brasil, “Ordem e Progresso”, indica 
a forte influência do positivismo na formação política do Estado 
brasileiro.
Assinale a alternativa que apresenta ideias contidas nesse lema.
A. Crença na resolução dos conflitos sociais por meio do estímulo 
à coesão social e à evolução natural da nação.
B. Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os valores 
das gerações adultas.
C. Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições 
sociais e garantem os privilégios dos ricos.
D. Ideal de superação da sociedade burguesa através da 
revolução das classes populares.
E. Negação da instituição estatal e da harmonia coletiva baseada 
na hierarquia social.
QUESTÃO 03 
(UEL) “No início, a ciência quis a morte do mito como a razão 
quis a supressão do irracional, visto como obstáculo a uma 
verdadeira compreensão do mundo, dando início assim a 
uma guerra interminável contra o pensamento mítico. Valéry 
glorificou essa luta destruidora contra as ‘coisas vagas’: ‘Aquilo 
que deixa de ser, por ser pouco preciso, é um mito; basta o rigor 
do olhar e os golpes múltiplos e convergentes das questões e 
interrogações categóricas, armas do espírito ativo, para se ver 
os mitos morrerem’. O mito por sua vez trabalha duro para se 
manter e, por meio de suas metamorfoses, está presente em 
todos os espaços. Do mesmo modo, a ciência atual busca menos 
sua erradicação que seu confinamento. Quando a ciência traça 
seus próprios limites, ela reserva ao mito – e ao sonho – o lugar 
que lhe é próprio.” 
BALANDIER, Georges. A desordem: elogio do movimento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 
1997.p.17.
Com base no texto, é correto afirmar:
A. Pelo fato de ser destituído de significado social, o mito está 
ausente dos espaços sociais contemporâneos.
B. A delimitação da área de atuação do saber científico implica 
na constituição de um lugar próprio para o mito.
C. A morte e o extermínio do mito no ocidente decorrem da 
supervalorização e conseqüente predomínio da razão.
D. Na modernidade, o pensamento mítico é crucial para a 
compreensão científica do mundo.
E. O pensamento mítico se disseminou porque se pauta em 
conceitos e categorias.
QUESTÃO 04 
(UEL) Nas três últimas décadas, os trabalhos publicados por 
Ralph Dahrendorf, Daniel Bell, Alain Touraine e André Gorz 
permitiram ampliar a compreensão do processo de passagem da 
sociedade industrial para a pós-industrial. Desde então, muitos 
dos conceitos que haviam norteado o campo da análise social 
desde o século XIX perderam relevância.
Com base nos conhecimentos sobre o tema, considere as 
afirmativas a seguir.
I. Na sociedade pós-industrial, além da concentração do capital, 
ocorre a perda da identidade coletiva dos trabalhadores, que 
se tornam cada vez mais individualistas.
II. O retorno aos conceitos elaborados à luz da análise social 
do século XIX impõe-se, dada a mobilidade socioeconômica 
desde o advento da sociedade industrial.
III. Com o advento da sociedade pós-industrial, o campo da 
investigação sociológica amplia-se para além dos estudos 
dos movimentos de classe.
374
SOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 1. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA
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IV. O uso de sistemas técnicos oriundos das descobertas 
científicas é o que distingue a sociedade pós-industrial da 
sociedade industrial.
Estão corretas apenas as afirmativas:
A. I e II.
B. I e III.
C. III e IV.
D. I, II e IV.
E. II, III e IV.
SEÇÃO VESTIBULARES
QUESTÃO 01 
(UNIMONTES) O Positivismo foi uma corrente de pensamento 
filosófico predominante no século XIX e início do século XX. Seu 
mais eminente representante foi Auguste Comte (1798-1857), 
que é considerado o precursor da Sociologia.
No que tange às características fundamentais do Positivismo, 
pode-se afirmar, EXCETO: 
A. Para o Positivismo, o conhecimento científico é a “bússola 
da sociedade”. Nesse sentido, é imprescindível que se tenha 
o conhecimento acerca dos fenômenos sociais, para que se 
consiga prever os mesmos e agir com eficácia. 
B. O Positivismo persegue um objetivo principal: descobrir as 
leis gerais que regem os fenômenos sociais. 
C. O Positivismo é uma doutrina filosófica que enfatiza a busca 
pelo conhecimento das singularidades sociais, dando ênfase 
ao estudo interpretativo das ações de indivíduos em uma 
determinada coletividade. 
D. O Positivismo preza pela regularidade, estabilidade e bom 
funcionamento das instituições sociais. 
 
QUESTÃO 02 
(UPE) Nas três primeiras décadas do século XX, embora a 
burguesia já mostrasse sem disfarces a sua faceta conservadora 
e belicista, defrontando-se com um movimento operário 
organizado, e testemunhasse também um acontecimento 
como a instalação do poder soviético na Rússia, conseguia, nãoobstante, controlar, até certo ponto, as ameaças dos movimentos 
e dos grupos revolucionários. Além disso, deve-se mencionar 
que a existência da monopolização das empresas e dos capitais 
daquelas décadas, embora consideráveis, evidentemente eram 
menos acentuadas do que são em nossos dias. Dessa forma, 
a burocratização do trabalho intelectual não era ainda uma 
realidade viva e concreta que aprisionava e inibia a imaginação 
dos sociólogos.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia? São Paulo: Brasiliense, 2006, pp. 76-77.
O texto faz referência a um período da história da Sociologia. 
Sobre esse período, é CORRETO afirmar que:
 
A. o conhecimento sociológico foi organizado com base no 
pensamento iluminista de Descartes. 
B. a escola sociológica francesa se tornou uma referência para 
os estudos da realidade social com base no pensamento de 
Durkheim. 
C. a visão sociológica ofereceria um conhecimento útil para 
consolidar a desorganização social após a Revolução Francesa 
e Industrial. 
D. a pesquisa de campo ganhou destaque com o pensamento 
positivista, orientando o caminho metodológico que o 
sociológico deveria seguir. 
E. o pensamento de Augusto Comte representou um 
importante papel na elaboração do conhecimento sociológico, 
fundamentado na valorização da economia e dos mitos como 
instrumento intelectual para compreender as relações sociais. 
 
QUESTÃO 03 
(UEL) Até o século XVIII, a maioria dos campos de conhecimento, 
hoje enquadrados sob o rótulo de ciências, era ainda, como 
na Antiguidade Clássica, parte integral dos grandes sistemas 
filosóficos. A constituição de saberes autônomos, organizados em 
disciplinas específicas, como a Biologia ou a própria Sociologia, 
envolverá, de uma forma ou de outra, a progressiva reflexão 
filosófica, como a liberdade e a razão.
Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de 
Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12.
Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da Sociologia, 
assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a relação 
entre conhecimento sociológico de Auguste Comte e as ideias 
iluministas.
 
A. A ideia de desenvolvimento pela revolução social foi defendida 
pelo Iluminismo, que influenciou o Positivismo. 
B. A crença na razão como promotora do progresso da sociedade 
foi compartilhada pelo Iluminismo e pelo Positivismo. 
C. O Iluminismo forneceu os princípios e as bases teóricas da 
luta de classes para a formulação do Positivismo. 
D. O reconhecimento da validade do conhecimento teológico 
para explicar a realidade social é um ponto comum entre o 
Iluminismo e o Positivismo. 
E. Os limites e as contradições do progresso para a liberdade 
humana foram apontados pelo Iluminismo e aceitos pelo 
Positivismo. 
 
QUESTÃO 04 
(UPE) Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu 
tempo, os primeiros sociólogos irão revalorizar determinadas 
instituições que, segundo eles, desempenham papéis 
fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem 
ciência assumia como tarefa intelectual repensar o problema da 
ordem social, enfatizando a importância de instituições como 
a autoridade, a família, a hierarquia social e destacando a sua 
importância teórica para o estudo da sociedade.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30.
Com base nele, o surgimento da Sociologia foi motivado pelas 
transformações das relações sociais ocorridas na sociedade 
europeia, nos séculos XVIII e XIX, contribuindo para 
A. o aumento da desorganização social estabelecida pela 
Revolução Industrial. 
B. a organização de vários movimentos sociais controlados por 
pensadores como Saint-Simon e Comte. 
C. a elaboração de um conceito de sociologia incluindo os 
fenômenos mentais como tema de reflexão e investigação. 
D. a criação da corrente positivista, que propôs uma 
transformação da sociedade com base na reforma intelectual 
plena do ser humano. 
E. o surgimento de uma “física social” preocupada com a 
construção de uma teoria social, separada das ideias de 
ordem e desenvolvimento como chave para o conhecimento 
da realidade. 
 
375
EXERCÍCIOSSOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 
QUESTÃO 05 
(UNIOESTE) Os fenômenos sociais são objeto de investigação 
desde o surgimento da filosofia, na Grécia Antiga, por volta dos 
séculos VII e VI a.C.; mas a constituição de uma ciência específica 
da sociedade remonta apenas ao século XIX. Considerando-
se o enunciado acima, assinale a alternativa que apresenta 
as principais causas que contribuíram para o nascimento da 
Sociologia na Europa do século XIX.
 
A. As modificações no modo vigente de compreender os povos 
tribais na Europa do século XIX possibilitaram a constituição 
da Sociologia. 
B. As alterações na mentalidade religiosa na Europa do século 
XIX condicionaram o surgimento da Sociologia. 
C. As mudanças econômicas, políticas e sociais que moldaram 
as sociedades europeias do século XIX geraram perguntas 
(‘questão social’) que demandaram a constituição da 
Sociologia. 
D. As mutações ocorridas na filosofia e na moral das sociedades 
europeias do século XVI contribuíram para o surgimento da 
Sociologia. 
E. As transformações na sensibilidade estética das sociedades 
europeias do século XIX favoreceram o processo de formação 
da Sociologia. 
 
QUESTÃO 06 
(UEMA) A Sociologia como ciência da modernidade foi 
influenciada por várias mudanças decorrentes das revoluções 
burguesas, especialmente na Europa nos séculos XVIII e XIX. 
Para Bourdieu, a singularidade dos estudos sociológicos ocorre 
porque. A sociologia descobre o arbitrário, a contingência, ali 
onde as pessoas gostam de ver a necessidade ou natureza. 
Descobre a necessidade, a coação social, ali onde se gostaria 
de ver a escolha, o livre arbítrio. Uma das características das 
realidades históricas é que sempre é possível estabelecer que 
as coisas poderiam ser diferentes, que são diferentes em outros 
lugares, em outras condições. O que se quer dizer é que, ao 
historicizar, a Sociologia desnaturaliza, desfataliza. 
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica ao julgamento social. São Paulo: Edusp, 2007. 
A partir das singularidades dos estudos sociológicos expressos 
na assertiva de Bourdieu, as correntes de pensamento que 
determinaram o aparecimento da Sociologia como ciência da 
modernidade são conhecidas como: 
A. Nazismo, Criticismo, Anarquismo e Marxismo. 
B. Socialismo, Idealismo, Comunismo e Empirismo. 
C. Cristianismo, Naturalismo, Capitalismo e Fascismo. 
D. Iluminismo, Liberalismo, Racionalismo e Positivismo. 
E. Materialismo Histórico, Democracia, Feudalismo e 
Utilitarismo. 
 
QUESTÃO 07 
(UFU) Na parte mais tardia de sua carreira, Comte elaborou 
planos ambiciosos para a reconstrução da sociedade francesa em 
particular, e para as sociedades humanas em geral, baseado no 
seu ponto de vista sociológico. Ele propôs o estabelecimento de 
uma “religião da humanidade”, que abandonaria a fé e o dogma 
em favor de um fundamento científico. A Sociologia estaria no 
centro dessa nova religião. 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 28. 
Com base nessa assertiva, Comte aponta para o papel da 
Sociologia como ciência fundamental para a compreensão
 
A. da ideia da revolução, como solução para sanar as questões da 
desigualdade social. 
B. da crença na ação dos indivíduos, como fator de intervenção 
na realidade. 
C. do consenso moral, como solução para regular e manter unida 
a sociedade. 
D. dos elementos subjetivos da sociedade, tendo em vista a 
pluralidade social. 
 
QUESTÃO 08 
(UEG) A sociologia nasce no séc. XIX após as revoluções 
burguesas sob o signo do positivismo elaborado por Augusto 
Comte. As características do pensamento comtiano são: 
A. a sociedade é regida por leis sociais tal como a natureza é 
regida por leis naturais; as ciências humanas devem utilizaros mesmos métodos das ciências naturais e a ciência deve ser 
neutra. 
B. a sociedade humana atravessa três estágios sucessivos de 
evolução: o metafísico, o empírico e o teológico, no qual 
predomina a religião positivista. 
C. a sociologia como ciência da sociedade, ao contrário das 
ciências naturais, não pode ser neutra porque tanto o sujeito 
quanto o objeto são sociais e estão envolvidos reciprocamente. 
D. o processo de evolução social ocorre por meio da unidade 
entre ordem e progresso, o que necessariamente levaria a 
uma sociedade comunista. 
 
QUESTÃO 09 
(UNIOESTE) ,A filosofia da História – o primeiro tema da filosofia 
de Augusto Comte –, foi sistematizada pelo próprio Comte na 
célebre “Lei dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar 
porque o pensamento positivista deve imperar entre os homens. 
Sobre a “Lei do Três Estados” formulada por Comte, é correto 
afirmar que:
 
A. Augusto Comte demonstra com essa lei que todas as ciências 
e o espírito humano desenvolvem-se na seguinte ordem em 
três fases distintas ao longo da história: a positiva, a teológica 
e a metafísica. 
B. na “Lei dos Três Estados” a argumentação desempenha 
um papel de primeiro plano no estado teológico. O estado 
teológico, na sua visão, corresponde a uma etapa posterior ao 
estado positivo. 
C. o estado teológico, segundo está formulada na “Lei dos Três 
Estados”, não tem o poder de tornar a sociedade mais coesa e 
nenhum papel na fundamentação da vida moral. 
D. o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três Estados” 
como o momento em que a observação prevalece sobre a 
imaginação e a argumentação, e na busca de leis imutáveis nos 
fenômenos observáveis. 
E. para Comte, o estado metafísico não tem contato com o 
estado teológico, pois somente o estado metafísico procura 
soluções absolutas e universais para os problemas do homem. 
QUESTÃO 10 
(UNICENTRO) Considerando-se as grandes mudanças que 
ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram 
no século XVIII — e que se estenderam no século XIX — só 
foram superadas pelas grandes transformações do final do 
século XX. As mudanças provocadas pela revolução científico-
376
EXERCÍCIOSSOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 
tecnológica, que denominamos Revolução Industrial, marcaram 
profundamente a organização social, alterando-a por completo, 
criando novas formas de organização e causando modificações 
culturais duradouras, que perduram até os dias atuais. 
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia.São Paulo: Persons Prentice Hall, 2004.
Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na 
modernidade, é correto afirmar:
 
A. A intensificação da economia agrária em larga escala nas 
metrópoles gerou o êxodo para o campo. 
B. O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou 
ao crescimento das cidades rurais. 
C. O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a 
diminuição da divisão do trabalho. 
D. A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que 
fez surgir as ciências sociais. 
E. A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os 
novos problemas sociais. 
 
QUESTÃO 11 
(UFU) De um ponto de vista histórico, a Sociologia como 
disciplina científica surgiu ao longo do século XIX, como uma 
resposta acadêmica para os novos desafios da modernidade. 
Além das concepções advindas da Revolução Francesa e dos 
fortes impactos gerados pela Revolução Industrial na estrutura 
da sociedade, muitos outros processos também contribuíram 
para essa nova configuração da sociedade.
Em seu desenvolvimento ao longo do século XIX, a Sociologia 
esperava entender
 
A. os grupos sociais e as causas da desintegração social vigente. 
B. como a Revolução Industrial encerrou a transição entre 
feudalismo e capitalismo, sem prejuízo da classe trabalhadora, 
pois foi beneficiada por esse processo. 
C. a subjetividade dos indivíduos nas pesquisas sociológicas, 
como uma disciplina científica com metodologia própria. 
D. a Revolução Francesa como um marco revolucionário que 
modificou o pensamento, apesar de manter as tradições 
aristocratas. 
 
QUESTÃO 12 
(UEL) O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento 
social, destacando-se, entre seus principais teóricos, Augusto 
Comte e Émile Durkheim.
Sobre a concepção de conhecimento científico, presente no 
positivismo do século XIX, é correto afirmar: 
A. A busca de leis universais só pode ser empreendida no interior 
das ciências naturais, razão pela qual o conhecimento sobre o 
mundo dos homens não é científico. 
B. Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem objeto 
do conhecimento científico, haja vista sua incompatibilidade 
com os princípios gerais de objetividade do conhecimento e a 
neutralidade científica. 
C. Apreender a sociedade como um grande organismo, a 
exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado 
como fonte de influência e orientação para as investigações 
empreendidas no âmbito das ciências sociais. 
D. A ciência social tem como função organizar e racionalizar 
a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender 
suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas 
historicamente. 
E. O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, 
aportando à compreensão da sociedade os valores por ele 
assimilados durante o processo de socialização obtido no seio 
familiar. 
 
QUESTÃO 13 
(UNICENTRO) Seu esquema sociológico era tipicamente 
positivista, ele acreditava que toda a vida humana tinha 
atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a 
pessoa pudesse compreender esse progresso, poderia prescrever 
os remédios para os problemas de ordem social. Era um grande 
defensor da moderna sociedade capitalista. Essa descrição está 
relacionada com o perfil de: 
A. Karl Marx. 
B. Max Weber. 
C. Auguste Comte. 
D. Émile Durkheim. 
E. Herbert Spencer. 
 
QUESTÃO 14 
(UNICENTRO) Uma série de mudanças políticas e econômicas 
ocorreu na Europa, a partir do fim da Idade Média.
O quadro “A liberdade guiando o povo” (1830), de Eugène 
Delacroix, alude a um dos mais importantes acontecimentos 
decorrente desse período na história europeia, a Revolução 
Francesa.
Sobre a ligação entre as mudanças referidas no texto e o 
surgimento da Sociologia, é correto afirmar: 
A. O desenvolvimento da indústria se opunha à formação do 
processo de instalação da sociedade moderna. 
B. A credibilidade da vida social, nas cidades, passa a ser buscada 
na coerência dos textos sagrados e na adoração religiosa. 
C. A vida religiosa foi adquirindo cada vez mais importância, o 
que fez com que a história do cotidiano fosse concebida por 
um olhar sagrado. 
D. A arte renascentista, ao apresentar a forte ligação entre Deus 
e os homens, expressou as transformações sociais de forma 
contundente. 
E. O desenvolvimento tecnológico e a nova postura do homem 
ocidental decorrentes das transformações desse período 
histórico propiciaram o interesse pelo entendimento da vida 
social. 
QUESTÃO 15 
(UNIMONTES) Uma das grandes preocupações de Auguste 
Comte era a crise de sua época, causada, segundo ele, pela 
desorganização social, moral e de ideias. A solução se encontraria 
na constituição de uma teoria apropriada – a Sociologia –, capaz 
de extinguir a anarquia científica vigente, origem do mal. Esse 
377
EXERCÍCIOSSOCIOLOGIA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 
seria, precisamente, o momento em que se atingiria o estado 
positivo, o grau máximo de complexidade da ciência.
Estão corretos os conceitos que foram discutidos e defendidos 
por Auguste Comte como os mais importantes para a sua 
Sociologia:
 
A. estática, dinâmica, individualismo e alienação. 
B. positivismo, ordem e progresso, autoridade moral. 
C. cientificismo, organicismo, evolucionismo e indústria cultural. 
D. consenso moral, altruísmo, contratualismo e individualismo
SEÇÃO ENEM
QUESTÃO 01 
(ENEM) “(...) não vejo nada de bárbaro ouselvagem no que dizem 
daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não 
se pratica em sua terra. (...) Não me parece excessivo julgar bárbaros 
tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar 
tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que 
é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de 
morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos 
e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de 
devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre 
vizinhos nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do 
que assar e comer um homem previamente executado. (...) Podemos 
portanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas 
ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mesmos, que 
os excedemos em toda sorte de barbaridades.”
MONTAIGNE, Michel Eyquemde, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.
Michel de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, as 
guerras das sociedades Tupinambá com as chamadas guerras 
de religião dos franceses que, na segunda metade do século 
XVI, opunham católicos e protestantes. O trecho de Montaigne 
ratifica:
A. a ideia de relativismo cultural, que se baseia na hipótese da 
origem única do gênero humano e da sua religião.
B. a diferença de costumes, que não constitui um critério válido 
para julgar as diferentes sociedades como superiores ou 
inferiores.
C. a estigmatização dos indígenas, que são mais bárbaros do que 
os europeus, pois não conhecem a virtude cristã da piedade.
D. a barbárie, que é um comportamento social que não ocorre 
em uma cultura dita civilizada e racional.
E. a ingenuidade dos indígenas, que equivale à racionalidade dos 
europeus, o que explica que os seus costumes são similares. 
QUESTÃO 02 
(ENEM) Os adeptos do evolucionismo cultural falam em 
progresso, seguindo a ideia clássica de que a humanidade tem 
uma mesma origem no tempo, embora em espaços diferentes, 
mas que aquelas sociedades que se livram das condições de 
estágios anteriores, alcançaram o nível de civilidade, enquanto as 
outras que não se livraram dessas mesmas condições continuam, 
seja num estágio de selvageria, seja num estágio de barbárie. 
De acordo com a teoria evolucionista da humanidade, a história 
cultural do homem seguiu, desde sempre, um mesmo caminho, 
linear e progressivo. 
De um ponto de vista da sociologia mais contemporânea, o 
evolucionismo apresenta graves problemas, pois trouxe o (a): 
A. Crença de que a cultura é um elemento irrelevante no bojo 
das relações sociais e no entendimento das sociedades. 
B. Ideal de que amor, ordem e progresso são elementos 
constituintes de todas as sociedades na História. 
C. Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições 
sociais e garantem os privilégios dos ricos.
D. Ideia de superação da sociedade burguesa através da 
revolução das classes populares.
E. Negação da i ideia de que todas as sociedades são portadoras 
de cultura, uma vez que cultura é sinônimo de civilidade.
GABARITO
VESTIBULARES ENEM
1 C 11 A 1 B
2 B 12 D 2 E
3 B 13 C 3 •
4 D 14 E 4 •
5 C 15 B 5 •
6 D 16 • 6 •
7 C 17 • 7 •
8 A 18 • 8 •
9 D 19 • 9 •
10 C 20 • 10 •
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2
FRENTE U | CAPÍTULO 02
SOCIOLOGIA
2. TEÓRICOS SOCIOLÓGICOS
INTRODUÇÃO
Ao final do século XIX, no período de formação 
da Sociologia enquanto ciência, Émile Durkheim 
preocupava-se em criar regras para o método 
sociológico, garantindo-lhe um status de saber 
científico, assim como as demais áreas do conhecimento, 
a exemplo da biologia, da química, entre outras. 
Contudo, tão importante quanto definir o método, era 
definir o objeto de estudo. Assim, segundo Durkheim, à 
sociologia caberia estudar somente os “fatos sociais”, e 
esses consistiriam em maneiras de agir, de pensar e de 
sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de 
coerção sobre esse mesmo indivíduo.
 A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM 
As respostas para nossa organização social estariam nos fatos 
sociais e, para isso, seria necessária a aplicação de um método 
para os compreendermos melhor enquanto objeto sociológico, 
devendo ser vistos como se fossem “coisas”, objetos passíveis 
de análise, assim como a biologia se debruça sobre uma planta. 
Para ele, o homem naturalmente cria falsas noções do que são 
as coisas que o rodeiam, mas não é através da criação de ideias 
que se chegará à realidade. Para Durkheim, deve-se propor a 
investigação dos fatos para buscar as verdadeiras leis naturais 
que regem o funcionamento e a existência desses, pois possuem 
existência própria e são externos em relação às consciências 
individuais.
Em sua obra intitulada As regras do método sociológico, de 
1895, Durkheim afirma que “espera ter definido exatamente 
o domínio da sociologia, domínio esse que só compreende um 
determinado grupo de fenômenos. Um fato social reconhece-
se pelo poder de coação externa que exerce, ou é suscetível de 
exercer sobre os indivíduos; a presença desse poder reconhece-
se, por sua vez, pela existência de uma sanção determinada ou 
pela resistência que o fato opõe a qualquer iniciativa individual 
que tenda a violentá-lo [...]. É um fato social toda a maneira de 
fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma 
coação exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada 
sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, 
independente das suas manifestações individuais”. Os fatos 
sociais dariam o tom da ordem social, sendo construídos pela 
soma das consciências individuais de todos os homens e, ao 
mesmo tempo, influenciam cada uma.
O importante é a realidade objetiva dos fatos sociais, os 
quais têm como característica a exterioridade em relação às 
consciências individuais e exercem ação coercitiva sobre essas. 
Mas uma pergunta se coloca: de onde vem esta ação coercitiva? 
Pensemos em nossa sociedade atual. Fomos criados, por nossos 
pais e pela sociedade, com a ideia de que não podemos, em um 
restaurante, virar o prato de sopa e beber de uma só vez, pois 
certamente as pessoas vão rir ou talvez achar um tanto quanto 
estranho, já que existem talheres para se tomar sopa. Não existem 
leis escritas que impeçam quem quer que seja de virar o prato de 
sopa, segurando-o com as duas mãos para beber rapidamente. 
No entanto, a grande maioria das pessoas se sentiria proibida de 
praticar isso. Da mesma forma, por que quando trabalhamos em 
um escritório ou algum lugar formal, os homens estão de terno e 
não de pijamas? Isso é a ação coercitiva do fato social, é o que nos 
impede ou nos autoriza a praticar algo por exercer uma pressão 
em nossa consciência, dizendo o que se pode ou não fazer.
Se um indivíduo experimentar opor-se a uma dessas 
manifestações coercitivas, os sentimentos que nega (por 
exemplo, o repúdio do público por um homem de terno rosa) 
voltar-se-ão contra ele. Em outras palavras, somos vítimas 
daquilo que vem do exterior. Assim, os fatos sociais são produtos 
da vida em sociedade, e suas manifestações são o que interessa 
à Sociologia.
Fragmento extraído de http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/durkheim-fato-social.
htm e adaptado por Hiran S. Andrade Jr.
Durkheim e a Anomia 
O conceito de anomia foi cunhado por Émile Durkheim nas 
obras “Da Divisão Social do Trabalho” (1893) e “O Suicídio” 
(1897) e depois utilizado na obra “A Educação Moral” (1902), em 
que abordou o papel da moral no combate ao estado anômico. 
Para Durkheim, a anomia é uma situação social produzida pelo 
enfraquecimento dos vínculos sociais e pela perda de capacidade 
da sociedade regular o comportamento dos indivíduos, gerando, 
por exemplo, fenômenos sociais como o suicídio. 
Trata-se de uma ausência de um “corpo de normas sociais” 
capaz de regular o convívio social marcado pela “solidariedade”. 
Para Durkheim, a anomia é uma etapa temporária, produto das 
rápidas transformações sociais, perda da fé (em seu sentido 
maisamplo) e das tradições. Essa etapa, para ele, é superada a 
partir do momento que grupos de interesses determinam novas 
regras a fim de regulamentar o que encontra-se “desajustado” na 
sociedade, assim como afirmar novas tradições ou refortalecer as 
já estabelecidas. Nesse sentido, anomia seria um mal crônico das 
sociedades modernas, marcadas pelas rápidas transformações 
sociais, as quais levam a situações de desajustes sociais causadas 
pela crise (ou ausência) de uma forte “consciência coletiva”. No 
contexto de uma situação anômica, os limites sociais se encontram 
frágeis ou não existem, não estando claro o que é justo ou injusto, 
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legítimo ou ilegítimo; perdem assim, os indivíduos, as referências 
sociais. Essa situação gera um sentimento de frustração e mal-
estar, parecendo que não existem normas e impera o “tudo pode”.
Características Centrais de Durkheim 
• Um dos pais fundadores da Sociologia Francesa;
• Discípulo de Comte e do Organicismo;
• Autor moralista e conservador; 
• Objeto de sua obra: OS FATOS SOCIAIS à Condutas 
Normativas;
• Características dos ‘’Fatos Sociais’’: Coletividade, 
Anterioridade e Coercibilidade.
• CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL x CONSCIÊNCIA COLETIVA 
(Dualidade Psicossocial)
• ANOMIA: Desregramento Social;
• A chamada SOLIDARIEDADE: Mecânica (Sociedades Pré-
Modernas) e Orgânica (Sociedades Modernas) 
Durkheim e a Questão do Suicídio 
• Obra: O Suicídio (1897);
• Tese: O suicídio constitui um fenômeno constituído 
socialmente; 
• Tipos de Suicídio: 
• Egoísta
• Altruísta
• Anômico 
• OBS: Relevância do Estudo: 
• Análise Comparativa
• Uso da Estatística
• Diálogo com a Psicologia
• Teoria do Controle
O Funcionalismo: Autores Influenciados por Durkheim 
• O Funcionalismo se popularizou no final do Sec. XIX a partir 
das obras do sociólogo Émile Durkheim; 
• Trata-se de uma influência direta do Positivismo de Auguste 
Comte;
• Tese Central: As instituições sociais possuem um papel 
primordial para o funcionamento salutar da sociedade;
• Principais sociólogos: Émile Durkheim (1858-1917), 
TalcottParsons (1902-1979) e Robert King Merton (1910-
2003);
• Temas: Moralidade, Consciência Coletiva, Coesão Social, 
Formas de Sociabilidade, Família, Educação, Religiosidade, 
Anomia etc. 
O Funcionalismo de Talcot Parsons
• Professor e pesquisador de Harvard.
• A Sociedade como um Sistema: 
• Conjunto de elementos interconectados, de modo a formar 
um todo organizado. 
• Indivíduos são portadores de Papéis sociais.
• Reprodução Social: ORIENTAÇÃO e MANUTENÇÃO do 
Status Quo.
• Disfunção: ‘’Problema Hobbesiano da Ordem’’ à ‘’Entropia 
Social’’. 
O Funcionalismo de Robert K. Merton 
• Professor e pesquisador da Universidade de Columbia.
• Toda teoria sociológica é um postulado de médio-alcance.
• Conceito de Função: ‘’Processos vitais ou orgânicos na 
medida em que CONTRIBUEM para a MANUTENÇÃO do 
organismo.’’
• Crítica central de Merton:
• 1 - Relativização das necessidades das Funções. 
• 2 - Nem toda função é necessariamente positiva. 
• Funções Manifestas x Funções Latentes 
Para refletir
Você sabe o que é tabu?
Por Cristiano das Neves Bodart
É comum as pessoas usarem a palavra “tabu” para 
designar uma regra quebrada. Porém, nem todas as 
regras são tabus. Alguns ainda dirão que trata-se de 
regras indiscutíveis que não podem ser mudadas. Nesse 
contexto o termo começa a se aproximar do significado 
original da expressão “quebrar tabus”, embora não seja 
esse o seu sentido original e mais adequado.
O termo “tabu” está, em seu uso mais adequado, 
diretamente associado à religião. Trata-se, mais 
precisamente, do elemento de “limite” e “negativo” da 
religião, podendo ser uma proibição ou um alerta. O termo 
surgiu na Polinésia e por meio dos relatos de viajantes 
Europeus do século XVIII se espalhou pelo ocidente, 
designando “coisa proibida”, “coisa não permitida”. 
Durante muito tempo, quebrar um tabu era romper 
com um código de conduta estabelecido, e isso poderia 
causar prejuízos seríssimos ao violador. Quebrar um tabu 
era trazer sobre si a ira do sobrenatural. Para os crentes 
no sobrenatural, independente de religião, quebrar 
um tabu é se colocar sujeito à desgraças, acidentes, 
enfermidades e até à morte. Quebrar tabu é pecar, é 
desafiar o sobrenatural.
Porém, a quebra de tabu pode ser anulada por meio de 
rituais específicos de purificação. Isso é comum em quase 
todas as crenças. Há sempre uma segunda chance. Há 
religião, por exemplo, fundada no perdão, alongando essa 
possibilidade em até “setenta vezes sete”.
O tabu possui basicamente três objetivos claros: 
• Manter o temor no sobrenatural, à medida que 
reforça a ideia de castigo. 
• Unir os membros de um grupo social, separando-os 
de outros e ampliando a solidariedade do grupo; 
• Ser elemento básico de controle social: impões 
certas restrições em determinadas circunstâncias. 
Os tabus são parte da estrutura normativa da religião. 
Sem eles o medo deixa de existir e os limites estabelecidos 
pela religião tornam-se vulneráveis. Quanto mais 
consolidados os tabus de uma crença, mais obedientes 
são os crentes às suas regras. 
Retomando a expressão popular “quebrar tabu”, 
notamos que existe uma influência muito forte na 
origem da palavra tabu. De fato quebrar tabu trata-se de 
romper regras indiscutíveis que não podem ser mudadas, 
pois teriam sido estabelecidas por seres ou forças 
sobrenaturais. 
A entrada, por exemplo, das mulheres no mercado de 
trabalho foi um tabu quebrado? A resposta é positiva, haja 
vista que em tempos passados as mulheres eram criaturas 
destinadas exclusivamente e divinamente ao lar, a madre 
e a submissão. Muitas mulheres foram castigadas por 
tentar quebrar esse tabu, outras apontadas como alguém 
debaixo do juízo dos deuses.
A proximidade do uso cotidiano da palavra tabu com o 
sentido original está associado diretamente e fortemente 
ao fato de termos uma sociedade impregnada pela 
religiosidade, cuja as regras morais se fundem e se 
confundem com regras religiosas, em outros termos, com 
os tabus.
http://www.cafecomsociologia.com/2014/01/voce-sabe-o-que-e-tabu.html 
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A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER 
 
Max Weber produziu a sociologia “compreensiva”, em que 
ele se mostra preocupado com a compreensão das atitudes dos 
indivíduos na sociedade, considerando que a sociologia poderia, 
então, explicar melhor determinados fragmentos da realidade 
social.
Diferente do pensamento crítico de Marx, e de sua visão 
de transformação da sociedade capitalista, Weber, através 
da sociologia compreensiva, visa compreender as relações 
sociais. Ele não está pensando em transformação. Para Weber, 
o indivíduo através de suas ações é quem constrói a sociedade. 
Dentro da perspectiva da sociologia compreensiva, está a 
postura do cientista, que deve ser de compreender as relações 
sociais e analisar sem interferir. 
O cientista se mantém neutro, analisa o fato sem se relacionar 
com ele.
Para Weber, a sociedade é fruto de ações racionais dos 
homens, que fazem suas escolhas conscientemente dentro 
da sociedade. São indivíduos dotados de racionalidade, que 
pensam, que analisam. Segundo Weber, esses indivíduos são 
mais importantes que a sociedade, já que são eles que “dão 
vida” à sociedade. O contrário do pensamento de Durkheim, 
que via a sociedade como uma instituição que se impõe aos 
indivíduos quase que totalmente autônoma em relação a estes, 
o objeto de estudo da sociologia compreensiva, é a ação social 
dos indivíduos. Esses realizam suas ações vinculadas às ações de 
outros indivíduos. Realizam-nas pensando no outro indivíduo. 
Dentro da sociedade estão estabelecidos diversos tipos de 
ação, mas Weber acredita que existem algumas que são mais 
efetivas. Ação tradicional,afetiva, racional com relação aos 
fins e racional com relação aos valores. Quando o sentido das 
ações é compartilhado por um grupo de pessoas, estabelecemos 
uma relação social. Na política, Weber buscou compreender os 
fundamentos da dominação legítima – aquela que é obtida sem 
o uso da força. Ele identifica três tipos básicos de dominação 
legítima: a dominação “legal”, que é a obediência baseada 
através de leis, estatutos e normas estabelecidas em sociedade; 
dominação “tradicional”, que é a obediência das crenças das 
santidades e das tradições; dominação “carismática”, obediência 
no carisma do líder. Outro ponto importante no pensamento de 
Max Weber é a educação. 
Ele descreve uma educação racional, em que os indivíduos são 
preparados para exercer as funções dentro da sociedade. Para 
Weber, a educação é um instrumento para estratificação social, 
ela forma o indivíduo. Uma educação para a qual esse indivíduo 
vai seguir suas ações. Weber vê a educação como uma ação social 
e aponta três caminhos para a educação: despertar o carisma é 
o caminho direcionado àqueles indivíduos que são considerados 
únicos na sociedade, esses poderão se tornar líderes através do 
desenvolvimento do pensamento. A pedagogia do cultivo forma 
culturalmente o indivíduo para que possa exercer sua função 
dentro da estrutura em que ele está inserido. A pedagogia do 
treinamento prepara um especialista para cumprir determinada 
função dentro da estrutura hierarquizada e burocrática da 
sociedade capitalista. A nossa educação é voltada para os três 
caminhos. Deve haver a união desses termos. 
A formação deve ser completa dentro dessas três perspectivas, 
havendo relação desses três caminhos para a educação. Weber 
possuía um conceito amplo de educação, o que engloba a 
educação religiosa, familiar, carismática, filosófica, política e 
especializada. Ele reconheceu que a escola poderia transformar 
conhecimento em poder. Segundo Weber a sociedade é o 
fruto das ações racionais dos indivíduos, isso faz com que o 
indivíduo seja um ser autônomo, livre para escolher. Essa é uma 
contribuição para implementação de uma escola ideal. O papel 
do educador e da escola é ajudar o aluno na sua capacidade de 
reflexão como ser humano. Possibilitando, assim, a criação de 
mecanismos de mudança dentro da sociedade. 
A SOCIOLOGIA DE KARL MARX 
A. O Materialismo Histórico
O chamado materialismo histórico constitui, na sociologia 
de Karl Marx, um marco teórico que visa explicar as mudanças 
e o desenvolvimento da história, utilizando-se de fatores 
econômicos. Na perspectiva do materialismo histórico, as 
mudanças tecnológicas e do modo de produção são os dois fatores 
principais de mudança social, política e jurídica. O materialismo 
histórico é associado ao pensamento marxista e muitos 
acreditam que foi Marx que desenvolveu essa teoria. Contudo, 
o seu desenvolvimento está presente na história da sociologia e 
ciência política modernas. Em verdade, o materialismo histórico 
se popularizou com o desenvolvimento da corrente marxista no 
final do século XIX e começo do XX.
Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende explicar 
a história das sociedades humanas, em todas as épocas, através 
dos fatos materiais, essencialmente econômicos. A sociedade é 
comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, 
seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o 
edifício em si, a superestrutura, representaria as ideias, costumes, 
instituições (políticas, religiosas, jurídicas etc.)
B. A Dialética Marxista e a Luta de Classes
O mundo social é dialético, isto é, está em constante 
movimento. Historicamente, as mudanças ocorrem em função 
das contradições surgidas a partir dos antagonismos das classes 
no processo da produção social. Exemplo de contradições com 
os termos relações de produção e forças produtivas: As relações 
fundamentais de toda sociedade humana são as relações de 
produção, que revelam a maneira pela qual os homens, a partir 
das condições naturais, usam as técnicas e se organizam por 
meio da divisão do trabalho social. As relações de produção 
correspondem a certo estado das forças produtivas, que 
consistem no conjunto formado pelo clima, água, solo, matérias-
primas, máquinas, mão-de-obra e instrumentos de trabalho. Por 
exemplo, quando os instrumentos de pedra são substituídos 
pelos de metal, ou quando o desenvolvimento da agricultura 
se torna possível pela descoberta de técnicas de irrigação, de 
adubagem do solo ou pelo uso do arado e de veículos de roda, 
estamos diante de alterações das forças produtivas, que por sua 
vez provocarão mudanças nas formas pelas quais os homens se 
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relacionam. Chamamos modo de produção a maneira pela qual as 
forças produtivas se organizam em determinadas relações de 
produção num dado momento histórico. Por exemplo, no modo 
de produção capitalista, as forças produtivas, representadas 
sobretudo pelas máquinas do sistema fabril, determinam as 
relações de produção caracterizadas pelo dono do capital e pelo 
operário assalariado. No entanto, as forças produtivas só podem 
se desenvolver até certo ponto, pois, ao atingirem um estado 
por demais avançado, entram em contradição com as antigas 
relações de produção, que se tornam inadequadas. Surgem, 
então, as divergências e a necessidade de uma nova divisão de 
trabalho, a contradição aparece como luta de classes. Vejamos 
como isso ocorre na história da humanidade. Nas sociedades 
primitivas, os homens se unem para enfrentar os desafios da 
natureza hostil e dos animais ferozes. Os meios de produção, as 
áreas de caça, assim como os produtos, são propriedades comuns, 
isto é, pertencem a toda a sociedade (comuna primitiva). A base 
econômica determina certa maneira de pensar peculiar, em que 
não há sentimento de posse, uma vez que não existe propriedade 
privada. O modo de produção patriarcal surge quando o homem 
inicia a domesticação de animais, desenvolve a agricultura graças 
ao uso dos instrumentos de metal e fabrica vasilhas de barro, 
o que possibilita fazer reservas. Quais as consequências das 
modificações das forças produtivas? Alteram-se as relações de 
produção e o modo de produção: aparece uma forma específica de 
propriedade (propriedade da família, num sentido muito amplo); 
diferenciam-se funções de classe (autoridade do patriarca, do pai 
de família); há alteração do direito hereditário, estabelecendo-se 
a filiação paterna (e não mais materna).
O modo de produção escravista é decorrência do aumento da 
produção além do necessário à subsistência exigindo o recurso 
de novas forças de trabalho, conseguidas geralmente entre 
prisioneiros de guerra transformados em escravos. Com isso, 
surge propriamente a propriedade privada dos meios de produção, 
e a primeira forma de exploração do homem pelo homem, com 
a consequente contradição entre senhores e escravos. Dá-se, 
então, a separação entre trabalho intelectual e trabalho manual. 
A ociosidade passa a ser considerada a perfeição do homem livre, 
enquanto o trabalho manual, considerado servil, é desprezado. 
O modo de produção escravista é típico da Antiguidade grega 
e romana. A luta dos povos bárbaros contra o Império romano, 
no final da Antiguidade, não é senão a luta contra a escravidão 
imposta pelos romanos. A contradição do regime escravista 
leva-o à ruína e, para restaurar a economia, são necessárias 
novas relações de produção. No modo de produção feudal, a 
base econômica é a propriedade dos meios de produção pelo 
senhor feudal. O servo trabalha um tempo para si e outro para 
o senhor, o qual, além de se apropriar de uma parte da produção 
daquele, ainda lhe cobra impostos pelo uso comum do moinho, 
do lagar etc. A contradição dos interesses das duas classes leva a 
conflitos que farão aparecer, paulatinamente, uma nova figura: o 
burguês. Surgida dentre os servos que se dedicamao artesanato 
e ao comércio, a nova figura social forma os burgos e consegue, 
aos poucos, a liberdade pessoal e das cidades. A jovem burguesia 
está destinada a desenvolver as formas produtivas que, em 
determinado momento, exigirão novas relações de produção. 
O modo de produção capitalista é a nova síntese que surge das 
ruínas do sistema feudal, ou seja, da contradição entre a tese 
(senhor feudal) e a antítese (servo). O que vimos até agora é que 
o movimento dialético pelo qual a história se faz tem um motor: a 
luta de classes. Chama-se luta de classes o confronto entre duas 
classes antagônicas quando lutam por seus interesses de classe. 
No modo de produção capitalista, a relação antitética se faz 
entre o burguês, que é o detentor do capital, e o proletário, que 
nada possui e só vive porque vende sua força de trabalho.
C. A Mais-Valia
Mais-valia é um conceito usado para designar a disparidade 
entre o salário pago e o valor do trabalho produzido. Existem 
muitos sociólogos que desenvolveram diferentes vertentes para 
conceber uma explicação para o surgimento e o funcionamento 
do sistema capitalista. Para Adam Smith, filósofo e economista 
escocês, o valor do trabalho agregado ao produto é menor que 
o valor da mercadoria a ser vendida. David Ricardo, economista 
inglês, afirmava que a questão salarial está ligada às necessidades 
fisiológicas, isso quer dizer que o valor pago gira em torno 
das condições mínimas de sobrevivência, ou seja, o ordenado 
cobre somente o essencial (alimentos, roupas etc.). De acordo 
com Werner Sombart, sociólogo alemão, o capitalismo não 
se encontrava aliado somente à economia, mas à essência da 
burguesia que emergiu no final da Idade Média na Europa. 
Karl Marx fez uma análise dialética sobre o tema, afirmou 
que o sistema capitalista representa a própria exploração do 
trabalhador por parte do dono dos meios de produção e que, na 
disputa desigual entre capital e proletário, sempre o primeiro 
sai vencedor. Desse modo, o ordenado pago representa um 
pequeno percentual do resultado final do trabalho (mercadoria 
ou produto), então a disparidade configura concretamente a 
chamada mais-valia, dando origem a uma lucratividade maior 
para o capitalista.
D. Luta de Classes: Motor da História 
• Entre o operário e o capitalista existe uma contradição, que é 
produzida desde o princípio de suas relações.
• A contradição inicia-se logo no início do sistema capitalista, 
quando produtor e meios de produção são separados.
• A própria apropriação desigual do trabalho está na base 
desta contradição. 
• A burguesia cria, sem parar, meios de produção mais 
poderosos. Mas as relações de produção permanecem 
inalteradas.
• O regime capitalista é capaz de produzir cada vez mais 
mercadorias, porém a miséria permanece para a maioria.
E. O SOCIALISMO UTÓPICO: Antes de Karl Marx 
• Perspectiva do início de século XIX com amplitude na França, 
Inglaterra e EUA. 
• Principal mote do socialismo como um todo: crítica à 
exploração do homem pelo homem.
• Ideal: Expandir e viabilizar o conceito de igualdade esboçada 
na Revolução Francesa. 
• Via Pacifista e Reformadora.
• Principaisrepresentantes: Claude Saint-Simon, Charles 
Fourier, Pierre Leroux e Robert Owen.
• Influências teóricas: J. J. Rousseau, Thomas More, Tommaso 
Campanella e GracchusBabeuf.
• Principais aspectos e contribuições: equidade, justiça social, 
comunas auto-sustentáveis, tecnocracia, planejamento 
industrial, meritocracia, sindicatos etc. 
Saint-Simon
• Visão de Estado como viabilizador da Justiça Social;
• Religião como amparo aos oprimidos;
• Crítica à ociosidade. 
Fourier
• Idealizador dos Falanstérios
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Owen
• Define o capitalismo como um sistema egoísta e selvagem;
• Inaugura as cooperativas e sindicatos;
• Crítico da religiosidade à Instrumento de Acomodação. 
Funda o New Harmony
Em Sociologia, as categorias e conceitos de Marx e dos 
chamados socialistas científicos são os mais presentes na 
estrutura da prova do ENEM.
AULAS 16
1. TEÓRICOS
CLÁSSICOS
APOSTILAS
4 resumos + 20 questões
EXERCÍCIOS ONLINE
30 questões
CAIU NO ENEM
10 questões
REVISÃO NA PLATAFORMA
SEÇÃO VESTIBULARES
QUESTÃO 01 
(UEL) A ópera-balé Os Sete Pecados Capitais da Pequena 
Burguesia, de Kurt Weill e Bertold Brecht, composta em 1933, 
retrata as condições dessa classe social na derrocada da ordem 
democrática com a ascensão do nazismo na Alemanha, por meio 
da personagem Anna, que em sete anos vê todos os seus sonhos 
de ascensão social ruírem. A obra expressa a visão marxista na 
chamada doutrina das classes.
Em relação à doutrina social marxista, assinale a alternativa 
correta. 
A. A alta burguesia é uma classe considerada revolucionária, pois 
foi capaz de resistir à ideologia totalitária através do controle 
dos meios de comunicação. 
B. A classe média, integrante da camada burguesa, foi 
identificada com os ideais do nacional-socialismo por defender 
a socialização dos meios de produção. 
C. A pequena burguesia ou camada lúmpen é revolucionária, 
identificando a alta burguesia como sua inimiga natural a ser 
destruída pela revolução. 
D. A pequena burguesia ou classe média é uma classe 
antirrevolucionária, pois, embora esteja mais próxima das 
condições materiais do proletariado, apoia a alta burguesia. 
E. O proletariado e a classe média formam as classes 
revolucionárias, cuja missão é a derrubada da aristocracia e a 
instauração do comunismo. 
QUESTÃO 02 
(UEG) Para Marx, diante da tentativa humana de explicar a 
realidade e dar regras de ação, é preciso considerar as formas 
de conhecimento ilusório que mascaram os conflitos sociais. 
Nesse sentido, a ideologia adquire um caráter negativo, torna-
se um instrumento de dominação na medida em que naturaliza 
o que deveria ser explicado como resultado da ação histórico-
social dos homens, e universaliza os interesses de uma classe 
como interesse de todos. A partir de tal concepção de ideologia, 
constata-se que:
 
A. a sociedade capitalista transforma todas as formas de 
consciência em representações ilusórias da realidade 
conforme os interesses da classe dominante. 
B. ao mesmo tempo que Marx critica a ideologia ele a considera 
um elemento fundamental no processo de emancipação da 
classe trabalhadora. 
C. a superação da cegueira coletiva imposta pela ideologia é um 
produto do esforço individual principalmente dos indivíduos 
da classe dominante. 
D. a frase “o trabalho dignifica o homem” parte de uma noção 
genérica e abstrata de trabalho, mascarando as reais condições 
do trabalho alienado no modo de produção capitalista. 
 
 QUESTÃO 03 
(UEG) O sociólogo Max Weber desenvolveu estudos sobre a 
ética protestante e o espírito do capitalismo. A esse respeito 
tem-se o seguinte: 
A. a tentativa de constituir uma ciência da sociedade promoveria 
um processo de pesquisa multidisciplinar e não especializado 
e por isso Weber concebia a economia como determinante da 
cultura e o capitalismo determinante do protestantismo. 
B. o processo de racionalização era o fio condutor da análise 
do capitalismo ocidental por parte de Weber e por isso ele 
analisou o papel da ética protestante, que apontaria um 
primeiro momento de racionalização na esfera religiosa. 
C. Weber considerava que as ideias dominantes eram as ideias 
da classe dominante, que, na modernidade, era a classe 
capitalista, e por isso a ética protestante desenvolvida pelos 
comerciantes gerou o espírito do capitalismo. 
D. a inspiração na dialética idealista hegeliana fez com que 
Weber focalizasse a questão cultural e desenvolvesse um 
determinismo cultural segundo o qual o modo de produção 
capitalista seria produto do protestantismo. 
E. a concepção weberiana surgiu a partir de uma síntese da 
filosofia kantiana e marxista e por isso ele focaliza o processo 
de formação do capitalismo

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