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Aula 14

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1 
 CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA 
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
 
 
 
 
 
CURSO: GEOGRAFIA D ISCIPLINA: Geografia Urbana do Brasil 
 
CONTEUDISTA: Marcelo Werner da Silva e Leidiana Alonso Alves 
 
 
Aula 14 – PROBLEMÁTICA AMBIENTAL NAS CIDADES BRASIL EIRAS 
 
Meta 
 
Mostrar que a ocupação desordenada pode gerar problemas ambientais nas 
cidades brasileiras. Mostrar como isso pode acontecer e tem acontecido, e a 
dinâmica envolvida nos impactos ambientais negativos, que tanto interferem no 
dia-a-dia das cidades no Brasil. 
 
Objetivos 
 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
 
1. Entender a problemática ambiental; 
2. Identificar os principais impactos ambientais nos grandes centros urbanos; 
3. Discutir a gestão dos resíduos gerados pelas cidades brasileiras. 
 
 
 
 
 2 
1. Introdução: O que é a problemática ambiental 
 
Desde que o homem surgiu na face da Terra, ele vem causando impactos 
ambientais, positivos ou negativos. As sociedades, inicialmente nômades, 
transitavam pelos ambientes coletando sementes, frutos e caçando pequenos 
animais que poderiam apanhar com as mãos. Desta maneira, os impactos 
causados por essa “economia” eram limitados e a natureza tinha tempo para 
recompor-se. 
 
Com o advento das cidades e da agricultura em 10 mil a. P., estabeleceu-se 
uma divisão do trabalho em que excedentes são gerados em espaços rurais para 
abastecer populações citadinas, que executam atividades de gestão e distribuição 
de produtos, o que determina uma relação diferente com a natureza, que passou a 
ser alterada de forma mais intensa. 
 
A Revolução Industrial, que teve início em meados do século XVIII na 
Europa, contribuiu significativamente para acelerar a velocidade da alteração dos 
ambientes naturais por todo o mundo. Isso também levou a uma concentração de 
pessoas nas cidades pelo esvaziamento do campo por uma agricultura cada vez 
mais comercial e mecanizada. 
 
Tais cidades superpovoadas geram problemas ambientais, principalmente 
pela escala da ocupação e da modificação da natureza. Portanto a problemática 
ambiental urbana, assume um conjunto de denominações como problemas 
ecológicos, ambientais, problemática ambiental, questão ambiental, questão do 
meio ambiente. “São ‘novos’ problemas que mostram as formas predatórias de 
apropriação da natureza” (RODRIGUES, 2016, p. 8). 
 
Há que destacar que não se trata apenas de uma relação entre sociedade e 
natureza, mas que essa é mediada pelas relações sociais. A produção do espaço 
urbano é feita para atender aos desígnios de acumulação dos detentores de 
 3 
capital, mas quem sofre os efeitos mais intensamente dos problemas ambientais 
são as classes trabalhadoras e pobres: 
 
A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da 
intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz respeito não apenas a 
problemas relacionados à natureza mas às problemáticas decorrentes da 
ação social. Corresponde à produção destrutiva que se caracteriza pelo 
incessante uso de recursos naturais sem possibilidade de reposição. Os 
recursos da natureza - não renováveis - uma vez utilizados não podem 
ser reutilizados e assim os ciclos da natureza e da apropriação da mesma 
pela sociedade são necessariamente problemáticos. Os recursos tidos 
como renováveis estão se aproximando, pelo uso destrutivo, dos não 
renováveis e assim complexifica-se a problemática ambiental 
(RODRIGUES, 2016, p.8). 
 
Claro está também que na busca pela perpétua acumulação o capitalismo 
acaba não considerando as consequências de muitas intervenções na natureza, 
como a própria cidade. Na ânsia de ocupar todos os espaços ocupam-se as 
várzeas dos rios que por sua vez são retificados, provocando enchentes. A própria 
impermeabilização do solo é um dos mais graves problemas da forma espacial 
“cidade”. Na fala de David Drew (citado por RODRIGUES, 2016, p. 11) vemos 
como as intervenções na natureza geram problemas “colaterais”: 
 
Quando o homem provoca uma alteração no seu ambiente, visa 
normalmente um fim imediato e óbvio. Por exemplo: a construção de uma 
casa, evidentemente altera o meio pelo fato de substituir um trecho de 
grama ou floresta por um bloco de concreto, madeira e vidro. Mas a 
mudança não se resume a isto. A construção irá alterar parcialmente o 
clima circundante, o clima modificado alterará o caráter do solo e da 
vegetação vizinha e, por sua vez, a mutação do solo e da vegetação 
redundará em alterações posteriores do clima local... ( a nível global). O 
homem alterou pela primeira vez a ação local da atmosfera e, portanto, o 
clima, há 7 ou 9 mil anos, ao mudar a face da terra com a derrubada de 
florestas, a semeadura e a irrigação. As mudanças climáticas daí 
resultantes, porém, foram quase imperceptíveis... 
 
O que o autor destaca é que essas intervenções aumentaram em escala e, 
portanto, em efeitos também. Vivemos em uma sociedade (capitalista), que se vê 
como superior e apartada da natureza. Essa pretensa superioridade faz com que a 
natureza seja vista como mero recurso a ser explorado. 
 4 
A escala de exploração espacial, nessa “sociedade do descartável”, gera 
um descasamento entre espaço e tempo, pois 
 
...na sociedade do descartável, o tempo e o espaço são tidos como 
separados, produzem-se cada vez mais [...] mercadorias - que duram 
cada vez menos-, e utiliza-se de forma intensiva o espaço para produzir 
mais. É preciso considerar que não se pode separar o tempo do espaço, 
pois são a substância material da própria vida (RODRIGUES, 2016, p. 
16). 
 
Mas é o que se faz, como no caso do petróleo, que leva 15 milhões de anos 
para ser produzido em seu ciclo natural e que a sociedade capitalista pode esgota-
lo em pouco mais de 150 anos desde o início de sua utilização: 
 
Houve um tempo em que restos marinhos de microfauna e microflora se 
misturaram com lama e areia formando depósitos sedimentares. Desde a 
era Paleozoica, a parte orgânica dessa matéria foi se deslocando entre 
rochas porosas e permeáveis até armazenar-se sob a forma de petróleo. 
A grande parte das reservas de que dispomos foi produzida a partir de 65 
milhões de anos no período Terciário. Ciclos de 15 milhões de anos são 
necessários para o Planeta produzir naturalmente o petróleo, só 
consumido significativamente na vida do século XIX com os automóveis a 
gasolina. Em 1970, seus tamanhos foram reduzidos face à alta mundial 
dos preços do combustível. Em 1991, na guerra do Golfo Pérsico, a 
acirrada disputa pelas reservas unida ao consumo excessivo sugere um 
possível esgotamento do petróleo mundial durante cerca de 150 anos, 
sem que o Planeta tenha tempo de reproduzir suas reservas. Isso 
significaria que o consumidor de petróleo age num r itmo cerca de 
100 mil vezes mais rápido que seu produtor natural (CAMPOS, 2004, 
p. 8, grifo nosso). 
 
Esse é um dado assombroso, mas que reflete essa maneira de produzir em 
discordância com os ritmos da natureza. Assim nesse caso, como em outros 
recursos naturais gerados em eras geológicas pretéritas, são considerados não 
renováveis, ou seja, não podem ser substituídos na velocidade de seu gasto 
(RODRIGUES, 2016, p. 14). 
 
Do mesmo modo esse descasamento entre tempo e espaço e uma visão de 
uma natureza ilimitada a ser explorada pela sociedade tem levado a problemas de 
poluição do ar e das águas, como veremos adiante. 
 
 5 
Portanto nossa proposição na presente aula é apresentar os principais 
impactos ambientais verificados nas cidades brasileiras. Os principais problemas 
dizem respeito ao lixo produzido por uma sociedade do descartável, a poluição de 
rios e do ar, a falta de saneamento básico, a ocupação desordenada de encostas 
impróprias a esse fim, dentro outros problemas que tem sérios reflexos na saúde 
da população urbana das cidades envolvidas. 
 
 
 1.1 Degradação ambiental 
 
Para entendermos um pouco sobre adinâmica do ambiente, vamos discutir 
as origens e consequências da degradação ambiental, destacando a relação que 
a sociedade vem estabelecendo com a natureza, já que ao mesmo tempo em que 
ela sofre os efeitos causados por ações humanas, procura-se também solucionar 
os problemas e restaurar as áreas degradadas. 
 
O termo degradação ambiental remete ao pensamento sobre algo negativo, 
quase sempre, associado a interferências antropogênicas, que alteram as 
condições naturais do ambiente. Para Sánches (2011), “o agente causador de 
degradação ambiental é sempre o ser humano”, pois os processos naturais não 
degradam, apenas causam mudanças em processos, sendo conhecidos como 
auto-regulação ambiental. 
 
Pela visão normativa da questão, a Política Nacional do Meio Ambiente a 
define como “a alteração adversa das características do meio ambiente” (art. 3º, 
inciso II). Esta definição é ampla e abrange todos os casos de degradação, 
estando diretamente relacionada aos impactos ambientais negativos. 
 
A ideia da degradação refere-se a qualquer estado de alteração ou 
desequilíbrio ambiental, e suas principais origens são o desmatamento, as 
 6 
queimadas e a poluição de forma geral. Vale ressaltar que estes problemas 
afetam a população como um todo. 
 
As ações antropogênicas são responsáveis pelo processo de degradação 
do ambiente. Atualmente, o modo de vida das sociedades está baseado num ritmo 
acelerado de produção e consumo de bens e serviços, com isso, há maior 
necessidade na obtenção de recursos extraídos da natureza e, 
consequentemente, em sociedades com industrialização recente, como no caso 
do Brasil, maior degradação dos recursos naturais. 
 
Além disso, o crescimento populacional das cidades é apontado como um 
dos fatores que degradam o ambiente, mas pode-se dizer que não é o único, nem 
o principal. 
 
Guerra e Cunha (2011) apontam que o manejo inadequado do solo nas 
atividades agropastoris está intimamente ligado à qualidade de vida nas cidades, 
pois se a obtenção de recursos naturais no campo for realizada de forma 
inadequada, também pode degradar os ambientes urbanos. Isso ocorre quando as 
atividades rurais são intensivas no que diz respeito ao uso da água, desmatam 
para expandir a fronteira agrícola e usam inadequadamente os agrotóxicos. De 
forma isolada ou em conjunto, estas ações, causam degradação local, mas podem 
ter consequências regionais quando, por exemplo, os rios e reservatórios são 
assoreados por processos de sedimentação e eutrofização, o que compromete a 
quantidade e qualidade dos recursos hídricos nas cidades. 
 
Desta forma, quando o homem interfere no ambiente, desmatando, 
construindo, plantando, entre outras atividades - ele o transforma e as 
consequências para a sociedade quase sempre são catastróficas (ver figura 14.1). 
 
 7 
 
Figura 14.1 – Aspectos de um ambiente desmatado 
Fonte: Thiago Diniz. 
Original em: https://www.flickr.com/photos/thiagodiniz/6624071517/ 
 
Verbete 
 
O que é Impacto Ambiental? 
 
“É a expressão utilizada para caracterizar uma série de modificações causadas ao 
meio ambiente, influenciando na estabilidade dos ecossistemas. Os impactos 
ambientais podem ser negativos ou positivos, mas nos dias de hoje, quando a 
expressão é empregada, já está mais ou menos implícito que os impactos são 
negativos. Os impactos podem comprometer: flora, fauna, rios, lagos, solos e a 
qualidade da vida do ser humano” (GUERRA, 2008, p. 350). 
 
Fim do verbete 
 
 
 
 
 8 
Atividade 1 (atende ao objetivo 1) 
 
O que é degradação ambiental, impacto ambiental e problemática ambiental 
urbana? 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
 
Resposta comentada: degradação ambiental diz respeito a alterações e 
desequilíbrios causados à natureza, geralmente por influência humana. Já os 
impactos é a mensuração de problemas que podem ser positivos ou negativos, 
mas que geralmente assumem a conotação negativa. Já a problemática ambiental 
urbana diz respeito à soma desses conceitos, relacionando-se à todas as 
interações ambientais que ocorrem nas cidades, gerando então impactos 
negativos causados pelo modo de produção capitalista, que ao ter como objetivo o 
lucro máximo, acaba desconsiderando sua responsabilidade social (e ambiental). 
 
Fim da Atividade 1 
 
2. Problemática ambiental nas cidades brasileiras 
 
 
Para entender os problemas ambientais das cidades brasileiras é preciso 
lembrar que a cidade é “produzida”, construída de determinada forma. Aqui é 
importante relembrar os conceitos das aulas 7 (Desigualdades socioespaciais nas 
cidades brasileiras), 8 (Segregação e pobreza urbana) e 9 ( A luta pelo direito à 
cidade no Brasil) e ver que as cidades brasileiras seguem o padrão de segregação 
 9 
espacial que analisamos no conceito de “fragmentação do tecido 
sociopolíticoespacial”. 
 
Nessas aulas vimos que é intrínseco da produção das cidades brasileiras 
sua desigualdade social, que separa as classes sociais e tem escassas 
possibilidades de inserção das camadas populares, fazendo com que vivam em 
áreas não adequadas, como várzeas de rios, encostas inadequadas e outros 
locais que frequentemente tem causado tragédias urbanas. “Os problemas 
ambientais dizem respeito, portanto, às formas pelas quais o homem produz esse 
lugar com o objetivo de garantir suas condições de sobrevivência” (PEREIRA, 
2001, p. 35). 
 
Para Rodrigues (2016, p. 88) o meio ambiente urbano compreende “o 
conjunto das edificações, com suas características construtivas, sua história e 
memória, seus espaços segregados, a infraestrutura e os equipamentos de 
consumo coletivos”. Pereira complementa dizendo que 
 
o conceito de meio ambiente urbano refere-se ao ambiente construído, 
uma vez que o ambiente natural está desaparecendo das cidades, 
sobrepujado pelas formas concretas de ocupação do território (rios 
canalizados, vegetação derrubada, solo impermeabilizado, entre outras). 
Ao referir-se ao conjunto de atividades exercidas na cidade, o conceito de 
ambiente urbano compreende, portanto, a dinâmica da própria sociedade 
(PEREIRA, 2001, p. 34). 
 
 
A característica de segregação socioespacial entre ricos e pobres nas 
cidades brasileiras leva à que os problemas ambientais sejam “classificados em 
dois tipos: a degradação resultante dos padrões de consumo da parcela da 
população com renda média e alta e os problemas ambientais resultantes dos 
padrões de vida da população de baixa renda” (MUELLER citado por PEREIRA, 
2001, p. 14). 
 
 10 
Vamos analisar agora alguns desses principais problemas ambientais existentes 
nas cidades brasileiras. Iniciaremos com aquelas relacionados à pobreza e falta 
de infraestrutura nas áreas mais carentes das cidades brasileiras, sobretudo em 
relação ao saneamento básico inexistente. No quadro abaixo apresentamos os 
principais impactos ambientais causados pela urbanização, que serve para 
situarmos na problemática ambiental das cidades brasileiras. 
 
Elementos do meio Principais 
Efeitos/Processos 
Principais Efeitos/Processos 
Solo Impermeabilização 
Contaminação 
Erosão 
Relevo Movimentos de massa 
Subsidência 
Hidrografia Desregulação do ciclo hidrológico 
Enchentes 
Poluição de mananciais 
Contaminação de aquíferos 
Ar 
 
Poluição (principais poluentes: SO2, CO, 
Material 
particulado) 
Clima 
 
Efeito estufa 
Ilhas de calor 
Desumidificação 
Vegetação Desmatamento 
Redução da diversidade 
Plantio de espécies inadequadas 
Fauna Reduçãoda diversidade 
Proliferação de fauna urbana 
Zoonoses 
Homem Estresse 
Doenças urbanas (infecciosas, 
degenerativas, 
mentais) 
Violência urbana 
Quadro 14.1 - Principais impactos ambientais da urbanização 
Fonte: BRAGA, 2003, p. 115. 
 
Agora vamos destacar alguns elementos da problemática ambiental e como elas 
impactam as cidades e são impactados por elas. 
 
 11 
 
3.1 Habitações em áreas com aclive acentuado 
 
Pelo quadro 14.1 podemos constatar que a as habitações em locais 
inadequados se relacionam ao relevo, responsável então por movimentos de 
massa e subsidência. Braga (2003, p. 113) considera o 
 
...parcelamento indiscriminado do solo nas periferias urbanas é uma das 
principais fontes de problemas ambientais das cidades. De todas as 
indústrias urbanas poluentes, a “indústria do lote” talvez seja a mais 
perniciosa de todas, pois, além de ser de fácil disseminação, a demanda 
por seu produto é virtualmente inesgotável e seus efeitos são dificilmente 
reversíveis. 
 
A observação do autor se refere à intensificação do processo de ocupação 
do espaço urbano brasileiro, conforme visto nas aulas anteriores. Isto ocorreu 
devido à consolidação do processo de industrialização no Brasil, responsável por 
uma das principais causas para o deslocamento da população do campo em 
direção as cidades. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive e 
trabalha em cidades, número equivale aos níveis de urbanização de países 
desenvolvidos. 
 
Devido à concentração de pessoas e atividades nas cidades, a frequência 
de ocorrência de desastres naturais em áreas urbanas aumentou, transformando 
fenômenos naturais em desastres naturais, responsáveis por perdas materiais e 
humanas. 
 
Os desastres naturais, geralmente, estão associados a fenômenos 
climáticos e ao acelerado processo de urbanização, que nas últimas décadas 
foram potencializados pelas intervenções do homem na natureza, elevando as 
situações de perigo e riscos ambientais. Dentre eles, se destacam as enchentes e 
inundações; as estiagem e secas prolongadas; e a erosão e deslizamentos de 
encostas. 
 12 
A urbanização desordenada nas cidades brasileiras gerou consequências 
negativas para a natureza, pois muitas moradias foram construídas em áreas 
irregulares, como planícies de inundação de rios e lagos, encostas íngremes, 
topos de morro. Este processo, frequentemente, é agravado pelo desmatamento e 
uso inadequado do solo urbano, elevando o nível da erosão e do assoreamento 
dos corpos hídricos, causando enchentes e inundações como a que ocorreu no 
distrito de Xerém no município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro 
em 2013. 
 
 
Figura 14.2 – Enchente provoca desmoronamento de ca sas em Xerém (2013) 
Fonte: Luiz Roberto Lima/Casa Macunaíma-RJ. 
Original em: https://www.flickr.com/photos/percursodacultura/8357818474/in/photostream/ 
 
Buscando garantir as funções ambientais do meio natural e evitar que áreas 
de urbanização recente se tornem áreas de potencial risco de desastres, a 
legislação ambiental brasileira desenvolveu uma série de regras de uso do solo 
urbano que protegem, de forma constante, ambientes naturais frágeis. Assim, a 
determinação de Áreas de Preservação Permanente (APP) parte da ideia de que 
ao preservar espaços naturais com função ambiental importante, também 
regulamentaria o uso do solo em áreas suscetíveis a desastres naturais. 
 13 
 
Porém a realidade é a ocupação destas áreas, que deveriam ser 
preservadas, por populações de baixa renda. Estas habitações populares são 
conhecidas como Favelas (o IBGE as classificam como habitações subnormais, 
conforme visto na aula 8), que surgiram nas cidades junto ao processo de 
urbanização de populações que vindas do campo não tinham acesso a terra para 
construir suas moradias e seus salários eram insuficientes para alugar ou adquirir 
um imóvel regular. Desta forma, o uso inadequado do solo em áreas urbanas 
pressiona os recursos naturais ao causarem desmatamentos ou ocupação de 
áreas destinadas à preservação ambiental. 
 
Tais ocupações irregulares, em encostas com elevada aclividade, geram 
deslizamentos dessas encostas em períodos chuvosos, gerando muitas perdas 
humanas. 
 
Esses deslizamentos, também chamados de escorregamentos de massa, 
podem ser entendidos como movimentos de solos, rochas e vegetações que se 
desprendem de seu lugar de origem (topo ou encostas) e, sob a influência da 
gravidade arrasta moradias, estradas, plantações e outras edificações até 
alcançar a base da encosta (GUERRA e JORGE, 2013, p. 13). Este processo é 
característico de regiões serranas, sendo processos geomorfológicos naturais que 
ocorrem em encostas de vertentes íngremes. 
 
Contudo, o crescimento urbano, junto à ocupação desordenada das 
encostas potencializam os movimentos. A intensidade destes eventos, 
geralmente, está associada à relação que o homem estabelece com a natureza, 
pois para ocupação das encostas, vastas áreas precisam ser desmatadas e nelas 
há construção de casas e ruas, que, em sua maior parte não possuem rede de 
esgoto e galerias pluviais adequadas para suportar o crescimento urbano local, 
causando uma série de problemas. Na Figura 14.3, observa-se um dos pontos de 
 14 
deslizamento na cidade de Teresópolis/RJ, que nos eventos extremos de 2011, 
ocasionou a perda de mais de 900 pessoas vidas. 
 
 
Figura 14.3 – movimento de massa na Região serrana do estado do Rio de Janeiro em 2011 
Fonte: Leidiana Alonso Alves. 
Original em: https://www.flickr.com/photos/135296157@N06/20081130910/in/dateposted-public/ 
 
O processo que envolve o movimento de massas pode ocorre tanto em 
áreas desmatadas, quanto em áreas vegetadas, sob a influência ou não de 
precipitações. Entretanto, a ação antropogênica que transforma a paisagem das 
encostas urbanas deixando o solo desprotegido é a que representa um dos 
principais fatores que influencia e intensifica tal processo. A ocupação inadequada 
destas áreas acontece porque elas são de baixo valor comercial, tornando-se uma 
alternativa residencial para pessoas de baixo pode aquisitivo. No entanto, como 
visto no caso de Petrópolis/RJ, esta forma de ocupação pode constituir riscos ao 
ambiente, às construções e a vida de pessoas que ocupam esses espaços. 
 
Por fim cabe acrescentar que esses movimentos de massa, tem, como 
“principal agente desencadeador a água, seja pela elevação do grau de saturação 
do solo, pelo aumento de seu peso específico, ou mesmo pela ruptura de taludes 
 15 
por pressão hidrostática em trincas e fissuras” (CUNHA, citado por BRAGA, 2003, 
p. 118). 
 
 
3. 2 Enchentes e inundações 
 
O ciclo hidrológico pode ser descrito de maneira simples como “...um 
sistema de armazenagens (água subterrânea, lagos) ligadas por transferências 
(rios), onde ocorrem saídas laterais que permitem o escape de vapor para a 
atmosfera (evapotranspiração)” (BRAGA, 2003, p. 114). 
 
Áreas com ocupação de áreas cada vez maiores, como são as cidades, 
alteram sobremaneira a atuação do ciclo hidrológico. Suas principais alterações no 
ambiente que o afetam são a retirada da vegetação e a impermeabilização do 
solo, que desprotege os corpos d’agua (rios, lagos e lagoas), diminuindo a 
evapotranspiração e a infiltração da água. Muitas cidades, em busca de ocupar 
todos os espaços possíveis também optaram por retificar os rios, aumentando a 
velocidade de deslocamento dos mesmos (BRAGA, 2013, p. 114). 
 
A urbanização altera o ciclo hidrológico através de “uma drástica diminuição 
na capacidade de armazenagem do solo e do subsolo causada pela perda da 
capacidade do solo em absorver as águas pluviais, associada ao aumento do 
escoamento superficial, e o consequente aumento da intensidade do fluxo fluvial, 
bem como da diminuição da saída por evapotranspiração” (BRAGA, 2013, p. 115). 
A principal consequência são as enchentes urbanas, que acometem as cidades 
regularmente.O arranjo espacial das cidades modernas, sobretudo nas metrópoles, faz 
com que a intensidade das alterações ambientais provoque mudanças no ritmo do 
armazenamento de calor e umidade, quando comparado ao campo. As diversas 
edificações e intensidade de uso do solo operam como fatores que condicionam a 
 16 
geração de um “clima urbano”. Vários estudos têm demonstrado que há um 
acréscimo da pluviosidade nas grandes cidades, estas análises partem da 
premissa de que as correntes de ar urbanas são explicadas a partir de processos 
locais, enquanto que os espaços naturais climáticos são gerados em escalas 
menores, e que não são consideradas no planejamento urbano (BRANDÃO, 2014, 
p. 58). 
 
O desenvolvimento urbano provoca vários impactos hidrológicos em 
pequenas áreas que, em longo prazo, podem induzir alterações significativas no 
balanço hídrico das cidades, com efeitos que evoluem de forma lenta e contínua, 
mas que diminuem a qualidade de vida da população. Dentre as causas mais 
comuns destes impactos, podem-se destacar a retificação e canalização de cursos 
d’água, impermeabilização dos solos, a insuficiência na rede de coleta de esgotos, 
o descarte inadequado do lixo, o desmatamento, o adensamento populacional 
indiscriminado e a ocupação das várzeas. 
 
Seus efeitos são o aumento da velocidade e dos picos de vazões nos 
canais, em eventos de precipitação; a degradação da qualidade da água; o 
entupimento de bueiros e galerias de esgotos; a disseminação de doenças de 
contaminação hídrica; a erosão e assoreamento de corpos hídricos; e o aumento 
da quantidade de eventos de enchentes e inundações. 
 
As enchentes e inundações são fenômenos naturais que ocorrem em 
determinadas áreas e períodos do ano. Suas causas correlacionam-se a níveis de 
precipitações nas cabeceiras de drenagem dos corpos hídricos (quantidade e 
duração do evento) e a forma da bacia de drenagem. A figura 14.4 mostra três 
casos diferentes do nível de água num rio ou lagoa: situação normal; nível de 
cheia; e nível de inundação. O termo enchente é definido pela elevação do nível 
do corpo hídrico devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima da calha 
fluvial; enquanto que inundação se caracteriza pela intensidade e distribuição da 
 17 
precipitação pluvial, com taxa de infiltração, saturação do solo e a geomorfologia 
da bacia de drenagem, levando ao transbordamento do corpo hídrico. 
 
Estes processos podem ser intensificados quando há interferência 
antropogênica no uso do solo, que hidrologicamente se caracteriza pela maior 
impermeabilização e aumento do escoamento das águas superficiais (ALMEIDA, 
et al., 2014). 
 
 
Figura 14.4 – Perfil esquemático do processo de enc hente e inundação 
Fonte: Ministério das Cidades/IPT. 2007 apud Tominaga et al. 2009. 
Original em: http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/DesastresNaturais.pdf 
 
No modelo abaixo (Figura 14.5), observa-se o resultado do processo de 
ocupação em áreas de risco. A maior parte destes problemas ocorre devido ao 
crescimento desordenado e a falta de planejamento ambiental adequado nas 
grandes cidades. As áreas que antes eram ocupadas pelos rios e ambientes 
associados, hoje se encontram preenchidas por extensas avenidas e edificações, 
que utilizam as várzeas para desenvolver suas atividades. 
 
 
 18 
 
Figura 14.5 – Modelo que representa a geometria flu vial e a ocupação de várzeas 
Fonte: Adaptado de Tucci, 2006. 
 
Numa escala com maiores detalhes, a Figura 14.6 apresenta a mudança 
que ocorre no balanço hídrico de uma área em que a vegetação natural foi retirada 
no processo de urbanização. As setas indicam a mudança de intensidade nos 
atributos do balanço hídrico. 
 
 
Figura 14.6 – Balanço hídrico indicando a infiltraç ão de água no solo 
Fonte: Adaptado de Tucci, 2006. 
 
Portanto as enchentes estão ligadas, diretamente, à desregulação do ciclo 
hidrológico. Também ligados ao sistema hidrológico e relacionados à urbanização 
crescente, são a contaminação dos mananciais e dos aquíferos (BRAGA, 2003, p. 
118). 
 19 
 
Além dos sérios problemas sociais causados pelas enchentes, também 
podemos contabilizar prejuízos à saúde humana causados por doenças 
contagiosas associados ás aguas das enchentes, como a leptospirose que “é uma 
zoonose transmitida ao homem por uma bactéria presente na urina de certos 
animais, especialmente o rato, cujo meio principal de propagação são as 
enchentes urbanas, que carreiam esses detritos e os colocam em contato 
humano” (BRAGA, 2003, p. 118). 
 
Cabe aqui acrescentar que também o clima urbano é afetado pelo ciclo 
hidrológico. 
 
A impermeabilização, a diminuição de áreas verdes e a poluição 
atmosférica nas cidades causam o fenômeno das ilhas de calor, que está 
associado ao aumento da pluviosidade urbana no verão, contribuindo, 
num círculo vicioso, para o acirramento do problema das enchentes. Vale 
mencionar outro problema climático urbano que é a desumidificação, 
causada, sobretudo, pela diminuição da evapotranspiração com a 
eliminação da vegetação 
 
 
Verbete 
 
O que é uma Ilha de Calor? 
 
“É o aumento da temperatura em determinados pontos de uma área urbana, 
provocado por fatores como a concentração de prédios, que impedem a ventilação 
natural. [...] Uma das formas de evitar a formação de ilhas de calor é a 
manutenção das áreas verdes nos centros urbanos, pois a vegetação altera os 
índices de reflexão do calor e favorece a manutenção da umidade relativa do ar” 
(KRAJEWSKI et al., 2013, p. 377). 
 
Fim do verbete 
 
 20 
 
3.3 Poluição das águas e saneamento ambiental 
 
Um grande problema associado à pobreza e ao não enfrentamento das 
questões sociais nas cidades brasileiras tem sido a falta de saneamento básico. A 
descarga de detritos humanos in natura causa a poluição dos corpos hídricos e 
problemas de saúde pública típicos de países subdesenvolvidos. 
 
A falta de saneamento, que gera o lançamento de esgoto sem tratamento 
em rios e a deficiente armazenagem do lixo, associados às inundações geram 
sérios problemas sanitários e de saúde pública, contribuindo para a veiculação de 
doenças de “veiculação hídrica”, ou seja, que são transmitidas pela água 
contaminado, como leptospirose, hepatites virais, diarreias, dentre outras 
(KRONEMBERGER, 2011). A própria dengue tem está relacionada á falta de 
saneamento domiciliar. 
 
O termo “saneamento ambiental” é mais amplo que o saneamento básico, 
englobando-o bem como várias outras questões correlatas: 
 
Saneamento ambiental abrange aspectos que vão além do saneamento 
básico, englobando o abastecimento de água potável, a coleta, o 
tratamento e a disposição final dos esgotos e dos resíduos sólidos e 
gasosos, os demais serviços de limpeza urbana, a drenagem urbana, o 
controle ambiental de vetores e reservatórios de doenças, a disciplina da 
ocupação e de uso da terra e obras especializadas para proteção e 
melhoria das condições de vida (KRONEMBERGER, 2011). 
 
A falta ou deficiência do saneamento gera vários problemas ambientais, 
como a “poluição ou contaminação na captação de água para o abastecimento 
humano, poluição de rios, lagos, lagoas, aquíferos, doenças, erosão acelerada, 
assoreamento, inundações frequentes, com as consequentes perdas humanas e 
materiais” (KRONEMBERGER, 2011), dentre outras graves consequências. 
Segundo dados do Atlas de Saneamento (2011), 30,5% dos municípios 
brasileiros lançam esgoto não tratado em rios, lagos e lagoas, água que depois 
 21 
será utilizada, em muitos casos, para abastecimento humano. Isso gera custos 
extras para o tratamento dessa água, que também pode causar doenças, 
chamadas de doenças relacionadas com o saneamento ambiental 
inadequado (DRSAI), como diarreias, dengue, leptospirose, dentre outras 
(KRONEMBERGER, 2011). 
 
Em termos do Brasil como um todo 90% dos municípios brasileiros atendem 
todos os seus distritos porrede geral de abastecimento de água. Já as redes de 
saneamento são bem menos difundidas, sendo totalmente tratado apenas em São 
Paulo e no Distrito Federal, com graves implicações na captação de agua e com 
repercussões na saúde pública, como vimos (KRONEMBERGER, 2011). Na figura 
14.7 vemos o percentual de esgoto tratado em relação ao esgoto coletado. Pode-
se notar os índices baixos ostentados pelo pais nesse quesito, o que explica 
muitas das doenças, típicas de países subdesenvolvidos e da falta de saneamento 
com que convivemos. Também percebe-se a disparidade regional do saneamento, 
que relaciona-se à desigual distribuição da riqueza pelo território nacional. 
 
 22 
 
Figura 14.7 – Percentual de tratamento de esgoto no s municípios brasileiros 
Fonte: (KRONEMBERGER, 2011). 
 
 
Além da contaminação pelo esgoto doméstico não tratado, temos também, 
a poluição causada por atividades industriais e mineradoras, dentre outras. São 
atividades que causam danos aos corpos hídricos, ao ar e aos solos. São muitos 
os exemplos, como o caso de Cubatão/SP, que nos anos 1980 sofreu intensos 
processos de poluição causados por indústrias poluidoras aí instaladas. 
 
Outro exemplo que podemos citar é o vazamento de resíduos tóxicos da 
atividade mineradora da empresa SAMARCO, cuja represa com resíduos da 
atividade mineradora se rompeu em 05 de novembro de 2015, na cidade de 
Mariana/MG, mas que gerou devastação ambiental em toda a bacia do rio Doce, 
 23 
atingindo com sua lama tóxica municípios de Minas Gerais e Espírito Santo por 
onde passava o rio e que em muitas destas cidades captavam a água do rio para 
consumo humano. Os danos ambientais estão listados abaixo: 
 
O acidente em Mariana liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de 
rejeitos de mineração, que eram formados, principalmente, por óxido de 
ferro, água e lama. Apesar de não possuir, segundo a Samarco, nenhum 
produto que causa intoxicação no homem, esses rejeitos podem devastar 
grandes ecossistemas. 
A lama que atingiu as regiões próximas à barragem formou uma espécie 
de cobertura no local. Essa cobertura, quando secar, formará uma 
espécie de cimento, que impedirá o desenvolvimento de muitas espécies. 
Essa pavimentação, no entanto, demorará certo tempo, pois, em virtude 
da quantidade de rejeitos, especialistas acreditam que a lama demorará 
anos para secar. Enquanto o solo não seca, também é impossível realizar 
qualquer construção no local. 
A cobertura de lama também impedirá o desenvolvimento de espécies 
vegetais, uma vez que é pobre em matéria orgânica, o que tornará, 
portanto, a região infértil. Além disso, em virtude da composição dos 
rejeitos, ao passar por um local, afetarão o pH da terra e causarão a 
desestruturação química do solo. Todos esses fatores levarão à extinção 
total do ambiente presente antes do acidente. 
O rompimento da barragem afetou o rio Gualaxo, que é afluente do rio 
Carmo, o qual deságua no Rio Doce, um rio que abastece uma grande 
quantidade de cidades. À medida que a lama atinge os ambientes 
aquáticos, causa a morte de todos os organismos ali encontrados, como 
algas e peixes. Após o acidente, vários peixes morreram em razão da 
falta de oxigênio dissolvido na água e também em consequência da 
obstrução das brânquias. O ecossistema aquático desses rios foi 
completamente afetado e, consequentemente, os moradores que se 
beneficiavam da pesca. 
A grande quantidade de lama lançada no ambiente afeta os rios não 
apenas no que diz respeito à vida aquática. Muitos desses rios sofrerão 
com assoreamento, mudanças nos cursos, diminuição da profundidade e 
até mesmo soterramento de nascentes. A lama, além de causar a morte 
dos rios, destruiu uma grande região ao redor desses locais. A força dos 
rejeitos arrancou a mata ciliar e o que restou foi coberto pelo material. 
Por fim, espera-se que a lama, ao atingir o mar, afete diretamente a vida 
marinha na região do Espírito Santo onde o rio Doce encontra o oceano. 
Biólogos temem os efeitos dos rejeitos nos recifes de corais de Abrolhos, 
um local com grande variedade de espécies marinhas (SANTOS, 2016). 
 
São muitos impactos que não podem ser adequadamente mensurados e 
que por isso deveriam ser severamente punidos, o que não aconteceu até hoje. 
 
 
 24 
Verbete 
 
Você sabe o que é poluição? 
De acordo com a legislação brasileira ela é definida como: 
 
“A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou 
indiretamente: prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem 
desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais 
estabelecidos” (POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE, 1981). 
 
Fim do verbete 
 
3.4 A questão do lixo urbano 
 
Em uma sociedade do descartável a principal consequência é a produção de 
resíduos sólidos, popularmente conhecido como lixo . Esse é um grande problema 
para as cidades brasileiras. Antes da industrialização da humanidade, a geração 
de lixo era mínimo, pois todos os produtos naturais utilizados se decompunham 
organicamente, naturalmente. 
 
Hoje há a produção de materiais provenientes do petróleo, como o plástico, que 
não se degrada facilmente, gerando o problema de onde armazena-lo. Como não 
há a preocupação em seu reaproveitamento, há um grande custo sociais para a 
coleta e tratamento, além de áreas imensas que tem que ser encontradas para 
sua disposição final, gerando contaminação do solo, da água e da água, 
proliferação de vetores transmissores de doenças; entupimento das redes de 
drenagem urbana, causadoras de enchentes, a degradação do ambiente e 
depreciação imobiliária, além de inúmeras doenças (MINISTÉRIO DO MEIO 
AMBIENTE, 2016, p. 114). 
 
 25 
Na figura 14.8 vemos como a coleta inadequada de lixo os leva para os rios que 
acabam em grandes represas que são utilizadas para consumo humano, como é o 
caso da Represa Billings, na cidade de São Paulo. 
 
 
Figura 14.8 – Poluição na represa Billings em São P aulo 
Fonte: Milton Jung. 
Original em: https://www.flickr.com/photos/cbnsp/5185872856/in/photolist-8UfXjY-
8UfXfW-8UcSne-8UcSaP 
 
 
O lixo pode ser preliminarmente classificado como “seco” ou “úmido”. O lixo seco é 
potencialmente reciclável, por ser constituído fundamentalmente por embalagens 
e outros materiais não-orgânicos. Já o lixo úmido também é aproveitável, mas se 
constitui em materiais de origem orgânica, podendo ser utilizado para a produção 
de biogás ou servir, após processamento, como adubo orgânico. 
 
Já a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) apresenta uma 
classificação do lixo de acordo com seus riscos potenciais: 
 
Classe I, que são os perigosos, e Classe II, que são os não perigosos. 
Estes ainda são divididos em resíduos Classe IIA, os não inertes (que 
 26 
apresentam características como biodegradabilidade, solubilidade ou 
combustibilidade, como os restos de alimentos e o papel) e Classe IIB, os 
inertes (que não são decompostos facilmente, como plásticos e 
borrachas). Quaisquer materiais resultantes de atividades que contenham 
radionuclídeos e para os quais a reutilização é imprópria são 
considerados rejeitos radioativos e devem obedecer às exigências 
definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. 
 
Os resíduos da atividade industrial e alguns de uso doméstico, “como restos de 
tintas, solventes, aerossóis, produtos de limpeza, lâmpadas fluorescentes, 
medicamentos vencidos, pilhas e outros, contêm significativa quantidade de 
substâncias químicas nocivas ao meio ambiente” (MINISTÉRIO DO MEIO 
AMBIENTE, 2016, p. 116). 
 
Um tipo de lixo que tem crescido muito com o desenvolvimento tecnológico é o 
lixo eletrônico , composto de produtos eletrônicos, como celulares, computadores, 
televisores e outros, cuja utilização temcrescido muito. 
 
Verbete 
 
Lixo Eletrônico 
 
A partir da década de 1980, um novo tipo de componente, quando 
descartado inadequadamente, tornou-se prejudicial ao meio ambiente: o 
lixo eletrônico. São computadores, telefones celulares, televisores e 
outros tantos aparelhos e componentes que, por falta de destino 
apropriado, são incinerados, depositados em aterros sanitários ou até 
mesmo em lixões. Estima-se que até 2004 cerca de 315 milhões de 
microcomputadores tenham sido descartados, 850 mil dos quais no 
Brasil. Além de ocupar muito espaço, peças e componentes de 
microcomputadores feitos de metais pesados apresentam toxicidade para 
a saúde humana. O chumbo dos tubos de imagem, o cádmio das placas 
e circuitos impressos e semicondutores, o mercúrio das baterias, o cromo 
dos anticorrosivos do aço e o plástico dos gabinetes são ameaças 
concretas que requerem soluções em curto prazo. 
A reciclagem é um dos meios de tratar esses resíduos; a outra é a 
substituição de metais pesados por outros componentes menos tóxicos. 
Se prevalecer o princípio do “poluidor pagador”, a tendência apontada 
pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que está em discussão, é a 
de que os fabricantes sejam co-responsabilizados pelos equipamentos 
descartados e sejam incumbidos de lhes dar um fim ambientalmente 
seguro (Revista Tema. Serpro, no 160. Março, 2002.Ano XXVI, citado por 
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2016, p. 116). 
 27 
 
Fim do verbete 
 
Todo o lixo gerado pelas cidades geralmente acaba em locais inadequados, 
conhecidos como “lixões” em que o lixo é simplesmente jogado a céu aberto. 
Segundo o Atlas do Saneamento 2011, do IBGE, 50,8% dos municípios brasileiros 
ainda utilizava essa forma de armazenamento. Na foto 14.8 vemos o lixão de 
Gramacho, na região metropolitana do Rio de Janeiro e felizmente já fechado. 
Nele pode-se observar a mistura de todo o tipo de material a céu aberto e a 
atuação de catadores, expostos a todo o tipo de ameaça à saúde. 
 
Essa forma de armazenamento deveria acabar em 2014, de acordo com a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada pela lei 12.305/2010 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm), que 
prevê sua substituição por aterros sanitários. Porém a não observância deste 
prazo fez com que fossem prorrogados os prazos (2018 para capitais e cidades 
maiores e 2021 para cidades pequenas) e a erradicação efetiva dos lixões ainda é 
incerta. 
 
Segundo Rolnik (2015) interesses políticos barram a implantação dessa política. 
Ademais os aterros sanitários só são viáveis para cidades grandes, motivo pelo 
qual haveria de realizar consórcios entre cidades, o que também é difícil se 
considerarmos a política exercida no pais (sempre no curto prazo). 
 
Outras medidas previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos como a coleta 
seletiva também não têm sido implementadas no ritmo adequado (Onde você 
mora há coleta seletiva?). A logística reversa, em que empresas que produzam 
materiais poluentes sejam responsáveis pelo seu manejo quando perdem a 
utilidade também é de pouca efetividade. 
 
 28 
Enfim, apesar das legislações favoráveis a produção de lixo continua a aumentar. 
Segundo Rolnik (2015), entre 2010 e 2014 a produção de lixo cresceu 29%, 
enquanto a população apenas 6%, sendo que 41,6% dos resíduos ainda vão para 
lixões. Enfim, deve-se repensar em verdade esse modelo de sociedade que 
privilegia o descartável e que não quer se responsabilizar pelos resíduos 
produzidos. 
 
Apesar de toda a discussão em torno do desenvolvimento sustentável, a ideia de 
um equilíbrio entre os recursos naturais e o consumo humano ainda está longe de 
um equilíbrio. 
 
 
Figura 14.9 – Lixão de Gramacho 
Fonte : Foto de Pedro Serra. Original em: 
https://www.flickr.com/photos/blogsemdestino/7185559938/in/photolist-bWXSCs-bWXXgw-
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 29 
 
Atividade 2 (atende ao objetivo 2) 
 
Desconsiderando a questão da pouca oferta de serviços públicos de transporte, 
avalie: as pessoas que vão ao trabalho de carro ao invés de utilizar o transporte 
coletivo causam que tipos de poluição na cidade? 
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________ 
 
Resposta comentada: 
A princípio poluição atmosférica, pela maior emissão de gases, conforme vimos na 
aula 11. Também causam poluição sonora, ao somar-se a uma série de outros 
automóveis e à utilização pouco civilizada da buzina, por exemplo. 
 
Fim da Atividade 2 
 
 
3.5 Poluição atmosférica 
 
O ar é um bem indispensável à vida, no entanto, nos grandes centros 
urbanos é possível perceber, quase que diariamente, que a atmosfera apresenta 
uma camada escura, carregada de substâncias poluidoras que são silenciosas e 
têm o poder de afetar saúde, sobretudo, a visão e o aparelho respiratório. 
 
A poluição atmosférica é um dos mais graves impactos ambientais das 
cidades. Ela tem origem a partir de atividades desenvolvidas, principalmente 
porque há maior concentração de indústrias e grande circulação de veículos 
 30 
automotores. Este tipo de poluição é resultado da elevada quantidade de gases e 
materiais particulados emitidos para a atmosfera por atividades tipicamente 
urbanas. 
 
A poluição do ar pode ter origem natural ou antropogênica. A primeira se 
origina a partir das cinzas expelidas por vulcões, da poeira gerada pelas 
tempestades de areia, da fumaça provocada por incêndios florestais naturais, que 
lançam monóxido e dióxido de carbono na atmosfera, além da emissão natural de 
metano realizada pelos animais na natureza. Já a antropogênica são efeitos dos 
processos de conturbação urbana e industrialização. 
 
As fontes poluidoras podem ser classificadas como primárias e 
secundárias. São considerados poluentes primários aqueles lançados diretamente 
na atmosfera, os exemplos mais comuns destes tipos de poluentes são: o dióxido 
de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx2), o monóxido de carbono (CO) e 
algumas partículas, dentre as quais encontra-se as partículas de poeira. Já os 
poluentes secundários são aqueles que se formam na atmosfera a partir de 
combinações (reações) que ocorrem em certas condições físicas do ambiente. Um 
exemplo disto é a reação do dióxido de enxofre (SO3) e os óxidos de nitrogênio 
(NO, NO2 e N2O), liberados na queima de combustíveis fósseis, (carvão mineral e 
outros poluentes industriais), que em contato com o vapor da água, reagem 
produzindo o ácido sulfúrico (H2SO4), que pode resultar na precipitação em forma 
de chuva ácida, fenômeno atmosférico de escalas local e regional (BRAGA, et al., 
2002). 
 
Fatores naturais (meteorológicos e topográficos) também interferem e 
podem até agravam a concentração e dispersão da poluição atmosférica. Quando 
se trata de fatores meteorológicos, a temperatura, as precipitações e a velocidade 
dos ventos são os principais fenômenos que contribuem com processos que 
mantém a poluição concentrada ou que se disperse na atmosfera. Já os fatores 
topográficos podem ser divididos em dois grupos: as barreiras naturais (p.ex. 
 31 
morros) e os antrópicos (as edificações). Ambos os fatores topográficos dificultam 
a dispersão dos poluentes, deixando-os concentrados. 
 
O fenômeno da Inversão Térmica é definido pela mudançado padrão 
normal da temperatura do ar na Troposfera. Naturalmente espera-se que em 
baixas altitudes a temperatura do ar caia 0,6º C a cada 100 metros de acréscimo. 
Porém, no inverno a temperatura do ar pode ficar menor próximo à superfície do 
que acima dela. Isto se intensifica se houver concentração de poluentes na 
atmosfera, pois eles provocam a diminuição (bloqueio) da radiação solar que 
chegaria ao solo. 
 
Quando o assunto é a poluição do ar, estudos apontam que na maior 
metrópole do Brasil (São Paulo) há uma correlação entre os dias de elevada 
poluição atmosférica e o aumento de internações hospitalares, com registros 
acréscimo nas doenças respiratórias, que afetam principalmente as crianças e os 
idosos, configurando-se como os grupos mais vulneráveis. 
 
Para que esta situação seja modificada, investimentos no sistema de 
transporte coletivo devem ser realizados, com intuito de diminuir a circulação de 
veículos nas ruas; as indústrias devem utilizar equipamentos mais eficientes no 
controle das emissões atmosféricas (filtros nas chaminés, por exemplo); além da 
criação e expansão de áreas verdes urbanas, que absorveriam parte dos gases 
emitidos no sistema urbano. Estas são algumas iniciativas que podem contribuir 
para o equilíbrio ambiental nas cidades e melhorar a qualidade de vida da 
população. 
 
 
 
 
 
 
 32 
3.6 A Poluição visual 
 
Admirar a paisagem, natural ou antrópica, faz parte da natureza humana. 
Quando se trata do cenário urbano, ou seja, aquele criado pelo homem, percebe-
se que ele é carregado de valores arquitetônicos e paisagísticos. Ao refletir sobre 
a paisagem urbana, vale ressaltar que ela integra o conceito de espaço geográfico 
como um todo. 
 
Nas cidades elementos destinados à comunicação ficam expostos na 
paisagem. O acúmulo de faixas, painéis, banners, outdoors, backlights, painéis 
eletrônicos, cartazes, grafites, pichações, fios de eletricidade, edifícios sem 
manutenção, entre outros, são caracterizados como poluição visual. A Figura 
14.10 apresenta uma séria de elementos publicitários, como aqueles já citados, 
concentrados num pequeno espaço. 
 
 
Figura 14.10 – Concentração de informações na paisa gem urbana em Campos dos 
Goytacazes 
Fonte: Leidiana Alonso Alves. 
Original em: https://www.flickr.com/photos/135296157@N06/20691759580/in/dateposted-public/ 
 
 33 
A poluição visual pode ser interpretada como tudo aquilo que foge ao 
padrão urbanístico e ambiental definido numa cidade, ou até mesmo na periferia 
dela. Este tipo de poluição impossibilita a observação das áreas verdes e a 
arquitetura da cidade, que em alguns casos, pode ser considerada como 
patrimônio cultural. 
 
Quando comparada a outros tipos de poluição, percebe-se que a poluição 
visual é tratada como de segundo plano, como algo sem importância, mas ela 
também pode ser prejudicial à saúde, principalmente, quando há muita 
concentração de informações visuais, que pode trazer consequências silenciosas 
para as pessoas que trafegam por esses locais, pois seus efeitos são mais 
psicológicos do que materiais, mas em alguns casos, a concentração de 
informações pode confundir os motoristas e pedestres, uma vez que sua atenção 
é atraída para os anúncios e não para o trânsito, o que potencializa o risco de 
acidentes. 
 
O atual modelo econômico, junto ao competitivo mercado consumidor, 
justifica o exagero de informações nas vias públicas. Neste cenário, a propaganda 
é vista como uma forma de incentivar a população ao consumo exacerbado, 
principalmente, nas grandes cidades, onde a concentração de pessoas é 
acentuada. Desta forma, conclui-se que o excesso de publicidade provoca a 
degradação da paisagem, tornando-se poluição visual. 
 
 
3.7 A Poluição Sonora 
 
O silêncio é um bem estimado por muitos, principalmente, por aqueles que 
habitam os espaços das grandes metrópoles. O crescimento populacional e a 
concentração de atividades nas áreas urbanas contribuem para que o tão 
desejado silêncio seja “quebrado”. 
 34 
O som é um elemento natural, de extrema importância para os seres 
humanos, pois através dele é possível haver comunicação e perceber o que 
acontece ao nosso redor, porém em excesso é uma ameaça à qualidade de vida. 
A poluição sonora é um mal que atinge, principalmente, a população urbana. Ela é 
provocada pelo excesso de ruídos produzidos pela concentração de pessoas, 
propagandas comerciais, obras na construção civil, indústrias, circulação de 
veículos automotores, buzinas, sirenes, alarmes, templos religiosos, bares e casas 
noturnas, aeroportos, etc. Assim como a poluição visual, tema anteriormente 
estudado, a poluição sonora também trás prejuízos a saúde, pois a intensidade 
dos ruídos agride, sobretudo, o sistema auditivo. 
 
Para não haver confusão é importante mostrar que há distinção entre som e 
ruído. Enquanto o som é definido como qualquer alteração de pressão que possa 
ser captado pelo ouvido humano, o ruído caracteriza-se como um conjunto de 
sons indesejados, que ao ser analisado nesta perspectiva, é visto como algo 
negativo, por causar perturbações à sociedade, onde seu nível de tolerância é 
particular de cada indivíduo, embora seja normalizado na forma da Lei. 
 
Visto como um problema ambiental, sobretudo nos espaços urbanos, a 
poluição sonora é caracterizada como qualquer alteração que venha ocorrer no 
som em níveis elevados, deixando os ambientes desagradáveis e que viole a 
regulamentação vigente. 
 
A poluição sonora não se acumula no ambiente, por isso muitas vezes 
passa despercebida, no entanto estudos apontam que o contato prolongado com 
ruídos em volumes excessivos (acima de 55 decibéis durante o dia, segundo a 
OMS) causa danos à saúde, prejudica a captação de informações, reduz a 
capacidade de comunicação e em volumes mais altos, pode ocasionar perdas 
auditivas. Isto se torna nocivo para indivíduos que frequentam os grandes centros 
urbanos, onde as atividades são mais intensas. 
 35 
Juridicamente, o ruído é tratado como algo poluente, sendo assim, a 
poluição sonora enquadra-se como crime ambiental, uma vez que causa danos à 
saúde. O Artigo 54 da Lei Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, diz que: “Causar 
poluição de qualquer natureza em níveis tais que re sultem ou possam 
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de 
animais ou a destruição significativa da flora: res ulta em Pena de reclusão 
de um a quatro anos, e multa”. A Figura 14.11 mostra um decibelímetro, 
aparelho utilizado para realizar a medição do nível de sons e ruídos em diversos 
ambientes. 
 
 
Figura 14.11 – Decibelímetro é o equipamento que me de a pressão em momento de 
fiscalização 
Fonte: Renato Araújo/Agência Brasília 
Original em: https://www.flickr.com/photos/agenciabrasilia/19118846276/ 
 
Para que o ruído provocado por indivíduos esteja dentro das normas legais 
e livres de infrações, deve ser respeitado o nível de ruídos e horários, 
estabelecidos pela NBR 10.152 (Norma Brasileira Regulamentadora), que define 
os limites para a emissão de ruídos para não haver prejuízo público. De forma 
 36 
geral, deve ficar entendido que o silêncio é um direito garantido por lei a todo 
cidadão. 
 
Atividade final (atende aos objetivos 2 e 3) 
 
Procure se informar sobre a questão do lixo urbano na sua cidade. Como é 
realizada a coleta? Você sabe para onde vai o lixo de sua casa, por exemplo? Há 
coleta seletiva? A cidade já se adequou ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos? 
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Resposta comentada: 
Aqui as respostas variam de cidade para cidade. Considere a destinação do lixo 
de sua casa e de sua cidade como um todo. O lixo vai para um aterro sanitário ou 
para um lixão? Existe coleta seletiva? Como é realizada? E se prazo para a 
implantação de aterros sanitários e coleta seletiva será em 2018 para cidades 
grandes de 2021 para as pequenas, como está a situação em sua cidade? 
 
 
Conclusão 
 
Diante do exposto até aqui pudemos perceber a grande quantidade de 
problemas decorrentes da gestão inadequada dos recursos naturais. A forma 
espacial “cidade” invade espaços naturais, não respeitando as áreas de várzeas 
de um rio, por exemplo, o que causa enchentes periodicamente. Claro que não 
podemos esquecer que a ocupação dessas áreas se dá por populações carentes, 
 37 
que muitas vezes não tem outra alternativa habitacional. Volta-se a observar o 
pouco apreço pela resolução efetiva dos problemas por parte dos executivos 
municipais. O mesmo acontece com as ocupações de encostas íngremes. Vimos 
também que a cidade causa, pela forma com que é construída, uma série de 
poluições a que seus habitantes são expostos. E que isso se prende, muitas vezes 
ao modelo de sociedade baseada no consumo de objetos descartáveis, que tem 
que ser manejados para que não causem danos à natureza e à sociedade, 
causando problemas de onde armazenar os resíduos gerados por esse modelo de 
sociedade. E que a não resolução de questões básicas como a do saneamento, 
leva a mais poluição e a doenças de exposição a animais que se reproduzem 
nesses ambientes degradados. É papel do professor de geografia mostrar à 
sociedade os danos causados pela gestão inadequada dos ambientes naturais e 
que as mudanças já sinalizadas nas legislações existentes devem ser 
implementadas para que tenhamos uma cidade mais justa e agradável. Que 
sustentável deixe de ser apenas um slogan e passe a ser uma horizonte palpável 
para uma cidade mais humana e inclusiva. 
 
Resumo 
Na aula 14 abordamos a “Problemática ambiental nas cidades brasileiras”. Mesmo 
a cidade parecendo a antítese perfeita de um meio natural, é forçosa a 
convivência, gerando então degradação ambiental, impactos ambientais ou 
simplesmente, problemas ambientais. Vimos que isso é causado 
fundamentalmente por um modelo de sociedade consumista e de produção 
descartável, gerando resíduos nesse processo que vão gerar poluições as mais 
diversas ao meio urbano, tornando-o insalubre aos seres humanos. As ocupações 
em locais inadequados, seja às margens dos rios, seja em aclives pronunciados, 
gera desastres ambientais. Se por um lado as populações aí instaladas muitas 
vezes não tem outra opção, por outro lado vemos que as administrações 
municipais se sucedem sem que esses problemas sejam atacados. Isso tudo gera 
poluições as mais diversas, seja do ar, dos rios, dos solos e outras como a sonora 
e até a poluição visual. Os problemas ambientais passam pela falta de 
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saneamento, que geral doenças do subdesenvolvimento. A sociedade do 
descartável gera quantidades imensas de resíduos, na forma de lixo, que não são 
devidamente armazenadas e descartadas, gerando ainda mais problemas para as 
cidades brasileiras. Tudo isso nos leva a ver que a questão ambiental aplicada às 
cidades é uma das questões prioritárias para o desenvolvimento da cidadania e de 
uma cidade mais inclusiva. 
 
 
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