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Laboratório de Fundamentos e Fenômenos dos Transportes ANA CAROLINA MAZI PIZZO JULIANA BOTA KELLEN LECHINOVSKI MONISE FERNANDA MACIEL MELIN OLIVIA ELIAS Fator de Atrito em Dutos De Seção Circular. 1. INTRODUÇÃO A resistência ao escoamento de um fluido ao longo de dutos depende : comprimento e do diâmetro do duto, velocidade e viscosidade do fluido. Fluidos em dutos retos apresentam perda de energia. Essa pode ser diferenciada em dois diferentes tipos, sendo o primeiro chamado de perda de carga distribuída(Hcd), existente em dutos retos, e o segundo encontra-se nos acessórios (válvulas, joelhos, entre outros) chamado de perda de carga localizada(Hcl). 1 Um dos fatores influentes no cálculo da perda de carga é o fator de atrito. Sendo este dependente da velocidade com que o fluido escoa e das imperfeições geométricas contidas na superfície. O conjunto dessas imperfeições na superfície é denominado como rugosidade. Em um escoamento laminar, a rugosidade superficial não apresenta influência no valor do fator de atrito, segundo o postulado, uma camada de fluido de espessura infinetímal se adere a superfície sólida, agindo como uma barreira ao contato direto entre o fluido em movimento e a superfície lisa. Para o cálculo da perda de carga em tubulações, utilizamos a Equação do Movimento com as seguintes restrições: Escoamento contínuo e incompressível; Regime permanente; Escoamento com efeitos viscosos desprezíveis ( fluido ideal); Escoamento macroscópico basicamente em uma só direção : “L”. Após essas considerações, obtém-se a Equação de Bernoulli dada pela equação 1, caso particular da Equação do Movimento. ∆(𝒗)² 𝟐𝒈 + ∆𝑷 𝝆𝒈 + ∆𝒛 = 𝒉𝒄𝒅 (1) Sendo 𝐯 − 𝐯𝐞𝐥𝐨𝐜𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞; 𝐠 − 𝐚𝐜𝐞𝐥𝐞𝐫𝐚çã𝐨 𝐝𝐚 𝐠𝐫𝐚𝐯𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞; 𝐏 − 𝐩𝐫𝐞𝐬𝐬ã𝐨 𝐧𝐨 𝐟𝐥𝐮𝐢𝐝𝐨; 𝛒 −𝐦𝐚𝐬𝐬𝐚 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐜í𝐟𝐢𝐜𝐚 𝐝𝐨 𝐟𝐥𝐮𝐢𝐝𝐨; 𝐳 − 𝐞𝐥𝐞𝐯𝐚çã𝐨 𝐝𝐨 𝐟𝐥𝐮𝐢𝐝𝐨; 𝐡𝐜𝐝 − 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐚 𝐝𝐞 𝐜𝐚𝐫𝐠𝐚 𝐝𝐢𝐬𝐭𝐫𝐢𝐛𝐮í𝐝𝐚; 2 Equação de Bernoulli Analisando-se o duto cilíndrico posicionado na vertical, temos que a vazão fornecida pela bomba centrífuga é constante, portanto, não há variação entra a velocidade no ponto 1 e 2. Considera-se também que a bomba fornece uma carga de elevação alta para que o fluido supere a diferença de altura ∆𝐳. Figura 1 – Esquema de tubulação vertical com escoamento de fluido ocasionado por pela ação de uma bomba centrífuga 3 Portanto, a equação de Bernoulli é simplificada e representada pela equação 2 abaixo para cálculo da perda de carga, ∆𝑷 𝝆𝒈 = 𝒉𝒄𝒅 (2) Para medir-se a variação de pressão entre os dois pontos, em escoamento de fluidos, é utilizado de manômetros do tipo Tubo em “U”. Figura 1.2 – Esquema de unidade experimental para medida de diferença de pressão em escoamento vertical, ocasionado pela ação de uma bomba centrífuga, utilizando manômetro tipo Tubo em “U”. Considerando o sistema representado na figura 2, os pontos A e B indicados no manômetro estão no mesmo nível e portanto as pressões são iguais. A variação de pressão presente na equação de Bernoulli corresponde a variação de pressão no fluido. Mediante a consideração de que a velocidade do fluido não varia devido a vazão, e manipulando as equações, a perda de carga (Hcd) pode ser calculada : (3) 2. OBJETIVOS Tem-se por objetivo a determinação dos valores de perda de carga distribuída (𝒉𝒄𝒅) e do fator de atrito (f) para dutos de seção circular com diâmetros internos (D) e comprimentos (L) variados. 4 3.MATERIAIS E EQUIPAMENTOS Foram utilizados os seguintes materiais para a realização de tal experimento: Módulo didático “Fator de atrito em dutos de seção circular”; Balança; Balde de 60 L; Cronômetro; Termômetro; 5 3.1. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO EXPERIMENTAL O sistema ilustrado pela figura, consiste de um reservatório de 100 litros, de uma bomba centrífuga (1 HP), de dois dutos de latão de diferentes seções circulares (Duto A com ∅ = 𝟕, 𝟖 𝐦𝐦 e Duto B com ∅ = 𝟔, 𝟑 𝐦𝐦) e um manômetro diferencial tipo Tubo em “U”, confeccionado em vidro e sendo o mercúrio o fluido manométrico. 6 Cada tubo é constituído de três tomadas de pressão que são numeradas como 1, 2 e 3. O sistema é capaz de realizar diferentes medidas de pressão entre as tomadas 1-2 e 1-3, cujas distâncias são: 𝑳𝟏−𝟐 = 𝟓𝟎𝐜𝐦 e 𝑳𝟐−𝟑 = 𝟏𝟎𝟎𝐜𝐦. A tubulação é dividida na descarga da bomba, e a água bombeada passa por duas válvulas tipo gaveta, sendo uma que permite a admissão da água no sistema (𝑽𝑺𝑰𝑺𝑻) passando pelo Duto A ou Duto B e a outra válvula faz a água retornar ao reservatório na forma de reciclo ( 𝑽𝑹𝑬𝑪). Além disso, o sistema experimental apresenta dez válvulas do tipo esfera que devem estar totalmente abertas ou fechadas, não em posição intermediária. 7 4.METODOLOGIA – Retirada de Bolhas de Ar do Sistema Encheu-se o reservatório com água limpa até aproximadamente 5 cm do seu nível máximo; Abriu totalmente as válvulas do tipo gaveta ( Vsist e Vrec) girando- as no sentido anti-horário; Posicionou-se todas as válvulas do tipo esfera na posição aberta ( na direção do fluxo); 8 Ligou-se o equipamento posicionando o seletor em liga (L), para cima; Certificou-se que as bolhas de ar estão deixando o sistema ( movimentou as mangueiras de “Poly-Flo” na parte traseira do equipamento para auxiliar a retirada); Após retirada das bolhas de ar do sistema, fechou inicialmente a válvula de drenagem na parte traseira do equipamento e, posteriormente, a válvula de drenagem na parte traseira do equipamento e , posteriormente, á válvula Vman para evitar a expulsão do mercúrio do manômetro. 9 4.METODOLOGIA – Aquisição dos Dados Experimentais Escolheu-se inicialmente um dos dutos ( Duto A ou Duto B) para proceder as medidas experimentais, mantendo-se uma das válvulas aberta; Manteve-se a válvula Vsist totalmente aberta, fechando gradativamente a válvula Vrec. Este procedimento assegurou que a bomba não operasse com vazão mássica muito baixa; Adquiriu-se os valores da queda de pressão referentes aos pontos analisados em cada duto observando-se a deflexão do manômetro do tipo Tubo em “U”; Mediu-se a vazão mássica de água através do sistema, com o auxílio de um recipiente e de um cronômetro. Mediu-se a temperatura de água com um termômetro, pode-se obter sua massa específica e calculou a respectiva vazão volumétrica; Pesou-se inicialmente o recipiente vazio, coletou-se uma quantidade de água durante um intervalo de 20 segundos e pesou- se novamente o recipiente, agora com água e calculou-se a vazão mássica e a vazão volumétrica a partir da massa específica na temperatura medida. Calculou-se a velocidade média do escoamento; Realizou-se a aquisição de dados para três diferentes vazões mássicas para cada duto de escoamento, controlando a válvula Vrec. Iniciou as medidas com a válvula Vrec totalmente aberta, fechou a válvula girando 2,5 vezes para estudar uma vazão mediana, posteriormente mais 2,5 vezes para avaliar a maior vazão possível do sistema. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES Tabela 1- Dados experimentais de altura monométrica e vazão mássica para o Duto A. Duto de diâmetro 7,8mm - Duto A Temperatura da água: 28°C Vrec totalmente aberta Pontos Variação de altura no manômetro (mmHg) Vazão mássica (kg/s) 1-2 4,5 0,1289 1-3 8,5 Vrec totalmente fechada Pontos Variação de altura no manômetro (mmHg) Vazão mássica (kg/s) 1-2 11,5 0,215 1-3 21,6 10 A temperatura medida foi em torno de 28°C. Foi feitoa interpolação das temperaturas para a obtenção da massa específica da água, resultando em 996,162Kg/m3. A massa específica do mercúrio 13.595,1 kg/m3 11 Duto de diâmetro 6,3mm - Duto B Temperatura da água: 28°C Vrec totalmente aberta Pontos Variação de altura no manômetro (mmHg) Vazão mássica (kg/s) 1-2 8,1 0,102 1-3 16,3 Vrec totalmente fechada Pontos Variação de altura no manômetro (mmHg) Vazão mássica (kg/s) 1-2 21,6 0,1798 1-3 43,4 Tabela 2 – Dados experimentais no duto de seção circular de 6,3mm. A velocidade foi calculada a partir da vazão mássica, apresentada na equação 3. v = m ρA (4) Os dados estão organizados na tabela 3. Velocidade no Duto A (m/s) Velocidade no Duto B (m/s) Vrec totalmente aberta 2,71 3,28 Vrec totalmente fechada 3,11 5,79 Tabela 3 - Velocidades nos dutos A e B. 12 Os valores de perda de carga distribuída foram obtidos através da equação 2 enunciada acima. 13 Perda de carga distribuída (Hcd) Vrec totalmente aberta Pontos Duto A (m) Duto B (m) 1-2 0,569 1,02 1-3 1,075 2,06 Vrec totalmente fechada Pontos Duto A (m) Duto B (m) 1-2 1,45 2,73 1-3 1,59 5,48 Tabela 4 – Valores da perda de carga distribuída nos dutos A e B, com variação na abertura da válvula. Através da perda de carga distribuída calculou-se o fator de atrito, baseado na equação 4 e representado na tabela 5. f = hcdD2g v2L (5) 14 Fator de atrito Vrec totalmente aberta Pontos Duto A Duto B 1-2 0,024 0,023 1-3 0,020 0,024 Vrec totalmente fechada Pontos Tubo A Tubo B 1-2 0,046 0,020 1-3 0,025 0,020 Tabela 5 – Valores do fator de atrito nos dutos A e B, com variação na abertura da válvula. A diferença dos valores obtidos nos fatores de atrito, deve-se ao fato das imperfeições geométricas contidas nos dutos de seção circular. Os fatores influentes na perda de carga são: • Material empregado na fabricação dos tubos; • Quantidade de acessórios usados; • Regime de escoamento; • Diâmetro da tubulação. 15 6. CONCLUSÃO A partir dos resultados supracitados, podemos concluir que: A velocidade é inversamente proporcional à área do duto; A perda de carga aumenta conforme a diminuição da seção transversal, pois aumenta a pressão, sendo ela proporcional à perda de carga ; E o fator de atrito diminui conforme a diminuição da seção transversal, pois diminui a área de contato com o fluido. 16 ANEXO – QUESTÕES Questão 4) Os valores de fator de atrito, calculados para os pontos 1-2, nos dois diferentes dutos (A e B), com vazões mássicas referentes às mesmas aberturas de válvulas, são semelhantes? Explique em termos da rugosidade relativa de cada duto. Resposta: Os valores do fator de atrito do duto nos pontos 1-2 são diferentes. Já que a rugosidade relativa é inversamente proporcional ao diâmetro. 16 Questão 5) Os valores de fator de atrito, calculados para o duto B, entre os pontos 1-2 e 1-3, com vazões mássicas referentes às mesmas aberturas de válvulas, são semelhantes? Explique. Resposta: Como a seção do duto não varia, a tabela 5 mostra que o fator de atrito nos pontos 1-2 e 1-3 são semelhantes. 17 Questão 6) Os valores de fator de atrito, calculados para o duto A, entre os pontos 1-2 e 1-3, com vazões mássicas diferentes, são semelhantes? Explique. Resposta: Com auxilio da tabela 5, os valores do fator de atrito entre os pontos 1-2 e 1-3 nas diferentes vazões mássicas não são semelhantes. Já que a velocidade é inversamente proporcional ao fator de atrito. 18 REFERÊNCIAS BRUNETTI, Franco. Mecânica dos fluidos. 2. ed. São Paulo (SP) : Pearson, 2012. 431 p. Inclui bibliografia e índice. FOX, Robert W; PRITCHARD, Philip J; MCDONALD, Alan T. Introdução à mecânica dos fluidos. 7. ed. Rio de Janeiro (RJ): Gen, 2013. 710 p, il. WHITE, F.M. Mecânica dos fluidos. Porto Alegre: Editora McGraw Hill, 2011, 880p. 19
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