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RESENHA DO TEXTO ENTRE DOIS PARADIGMAS - COMBATE À SECA E CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS- CCT
DISCIPLINA: GEOGRAFIA DO NORDESTE
DISCENTE: VITÓRIA FERREIRA DE SOUZA
RESENHA DO TEXTO: ENTRE DOIS PARADIGMAS - COMBATE À SECA E
CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO
SILVA, Roberto Marinho Alves da. Entre dois paradigmas: combate à seca e
convivência com o semi-árido. Sociedade e Estado, Brasília, v. 18, n. 1/2, p.
339-360, 2003.
Roberto Marinho busca analisar as relações existentes entre os dois
paradigmas: o combate à seca e a convivência com o semiárido. O autor aborda
que historicamente foi construído alguns "diagnósticos" do semiárido, associando-o
ao atraso, a seca e a miséria da população.
Há algumas obras citadas pelo autor que contribuíram para a reprodução
desses imaginários, são exemplos: o quinze da Raquel de Queiroz, e os sertões de
Euclides da Cunha. “Os Sertões, de Euclides da Cunha, retrata a área de domínio
do semi-árido como uma realidade hostil ao sertanejo, e O Quinze, de Raquel de
Queiroz, também retrata a seca como explicação da desorganização da vida”.
(SILVA, p.362, 2003).
É possível observar que o fenômeno da seca passa a ser responsabilizado
pelos problemas sociais e econômicos da população. Dessa forma, vários políticos
conseguiram fazer deste problema um grande “negócio econômico” através da
indústria da seca. Esse termo foi criado para se referir às estratégias adotadas por
alguns políticos para conseguirem recursos e verbas governamentais com o
discurso do “combate a seca”, mas que eram utilizadas para o proveito próprio.
No início do século XX surgiram outras obras literárias de alguns autores que
tinham uma visão mais crítica da situação citada anteriormente, e que buscavam
desfazer os mitos sobre a realidade do semiárido nordestino.
Uma das obras é a “Geografia da Fome” do Josué de Castro, lançada em
1946. Nesse livro o autor procura fazer um diagnóstico das causas e das
consequências da fome no Brasil. Ele realiza um estudo sobre os fatores que geram
o problema da fome em uma escala global e traz alguns fatores específicos em
relação às regiões brasileiras. Josué dividiu o país em cinco regiões, analisou as
características naturais, assim como alguns processos históricos como a
colonização, e as transformações políticas e econômicas de cada localidade. E
assim, comprovou que a ocorrência da fome e da desnutrição da população não
tinham relação com fatores naturais, mas sim políticos.
“Com base nesse paradigma, o semi-árido é visto a partir de uma perspectiva
utilitarista de ocupação e de aproveitamento de seus recursos, transformando-os em
riquezas”. (SILVA, p.372, 2003). Tal questão é reafirmada pela indústria da seca,
onde o fenômeno da seca é posto como o responsável pela desordem da vida da
população, mas os reais problemas acabam sendo “camuflados”, como por exemplo
a concentração fundiária e a exploração da mão de obra, que contribuem
diretamente para a precária condição de vida da população.
Ao citar o aproveitamento dos recursos do semiárido, pensa-se nos
desequilíbrios ambientais causados pelas práticas que são inadequadas ao
ecossistema local. A primeira forma de ocupação da região Nordeste foi por meio da
pecuária, que utilizavam práticas como, o desmatamento da mata ciliar para fazer
as pastagens próximas aos rios.
No entanto, ao analisar a função e a importância da mata ciliar é perceptível
que ela representa uma proteção natural aos cursos d’água, contribuindo para que
não ocorra a erosão do solo, o assoreamento do rio, e também impede que alguns
produtos cheguem a ter contato direto com a água, funcionando como um “filtro”.
Dessa forma, ao retirar a mata ciliar ocorre um “efeito em cadeia”, refletindo em um
problema hídrico agravando o fenômeno da seca.
Em resumo, o termo “combate à seca” nos discursos políticos é abordado por
uma perspectiva reducionista. Sabe-se que a seca é um fenômeno natural, que
sempre irá existir, dessa forma a palavra "combate'' apresenta-se inapropriada ao
contexto natural e social do semiárido nordestino. No entanto, há outra perspectiva
que é urgentemente necessária, a convivência com o semiárido e o princípio da
sustentabilidade.
Referências
OLIVEIRA, Marcones. Os 70 anos de “A Geografia da Fome”. Brasil de Fato.
Recife, 2016. Disponível em<
https://www.brasildefato.com.br/2016/07/15/os-70-anos-de-a-geografia-da-fome >
Acesso em 24 Jun 2022.
https://www.brasildefato.com.br/2016/07/15/os-70-anos-de-a-geografia-da-fome

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