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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS- CCT GEOGRAFIA-LICENCIATURA DISCIPLINA: METODOLOGIA E PRÁTICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA I DISCENTE: VITÓRIA FERREIRA DE SOUZA ATIVIDADE 1 – FORMULÁRIO 1)Durante os mais de duzentos anos de monopólio da educação jesuítica no Brasil a Geografia não teve assento nas escolas enquanto disciplina escolar. Não existiram, também, cursos de formação de professores(as) para atuar com o ensino desses saberes (ROCHA, 2000, p.131). Explique: a inserção da Geografia como disciplina escolar e a formação de professores no Brasil. No decorrer do período Imperial, o ensino da geografia permaneceu quase imutável quanto as suas características, constituindo-se com um ensino de índole descritiva. No século XIX, com a criação do Colégio de Pedro II, o ensino de geografia obteve maior relevância na educação. A disciplina de Geografia ganha uma nova conjuntura no currículo escolar, persuadido pelo modelo curricular francês. Em 1931 houve a “inserção” das universidades no sistema de educação. Foram concebidas as faculdades de Educação, Ciências e Letras, dessa forma, anos depois, teriam os primeiros professores licenciados. Mais tarde, os cursos de nível superior, dentre eles o de Geografia, passaram por algumas reformas curriculares, como a implantação dos cursos de licenciatura curta em Estudos Sociais com a duração de 2.025 horas, equivalente a 3 meses. Mas, houveram protestos e resistência por parte dos alunos e dos professores. Também vale ressaltar sobre os professores polivalentes, que podem ministrar aulas sobre diferentes disciplinas que integram o currículo escolar. 2)Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois como qualquer um sabe, “em geografia nada há para entender, mas é preciso ter memória...” De qualquer forma, após alguns anos, os alunos não querem mais ouvir falar dessas aulas que enumeram, para cada região ou para cada país, o relevo – clima – vegetação – população – agricultura – cidades – indústrias (LACOSTE, 1958, p. 21). Considerando esse trecho do livro “A Geografia – isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra,” disserte sobre a contraposição do autor à essa Geografia e o discurso dele (Geografia dos Estados Maiores e a Geografia dos Professores) como contribuição para uma nova Geografia. O autor do texto argumenta que a geografia serve em primeira instância para fazer a guerra, ou seja, os conhecimentos geográficos utilizados como instrumentos de poder. Ela se configura como um saber estratégico, com base nas dinâmicas (conhecimento) dos territórios, suas características físicas, econômicas e sociais. A geografia dos Estados Maiores é “formada” pelas grandes firmas e grandes bancos, vai desde as forças armadas até os grandes aparelhos capitalistas. Dessa forma, acreditavam que não precisavam mais recorrer aos conhecimentos geográficos, o autor discorda argumentando que tudo em nossa volta está em constante transformação, atribuindo certa significância a Geografia e seus saberes. No século XIX surgiu a Geografia dos professores, em que, uma de suas funções era ocultar sua serventia prática como instrumento de guerra. Mas, os conhecimentos acumulados de teses e produções científicas, também poderiam ser úteis para quem estava no poder. Lacoste, afirma que a função ideológica da Geografia dos professores, contribui para persuadir milhões de pessoas. 3)Sem dúvida alguma, essa metamorfose do território em uma ideia de união nacional só poderia se realizar se pudesse contar com o concurso da educação da população, algo que foi negligenciado pela política imperial (VLACH, 2014, p. 38). Partindo dessa citação, comente como ocorreu a disseminação da ideologia do nacionalismo patriótico e a construção da identidade nacional no Brasil, sobretudo no Ceará. A ideologia do nacionalismo patriótico está atrelada a conjuntura territorial brasileira, considerando o território como sujeito do Estado-Nação. As elites intelectuais objetivavam participar da construção do Estado brasileiro, perpassando pela constituição do nacionalismo, que representava a união de todas as classes sociais nesse contexto político. Dessa forma, o sentimento nacionalista deveria ser disseminado por toda a população brasileira. Essa ideologia conduziria todos em direção ao progresso do Brasil, através da alfabetização da população, defendida pelas elites intelectuais como um meio de civilizar a nação brasileira. A educação era entendida como um instrumento para a construção de uma identidade nacional. No Ceará, a Geografia juntamente com a História, foram “responsáveis” por difundir o nacionalismo patriótico, através dos livros cearenses e das reformas educacionais, que objetivavam a construção de uma nova cultura pedagógica. No Brasil e no Ceará, durante a República, o ensino de geografia foi utilizado como instrumento ideológico para construção da identidade nacional e dos valores patrióticos. 4)Disserte sobre a Geografia escolar realizada no Ceará, no período de 1840 a 1947, tema discutido em sala de aula fundamentado no artigo “A Geografia escolar: uma breve história” da autora Eluziane Gonzaga Mendes. O ensino de geografia no Ceará tinha por base a memorização de conceitos e informações, permanecendo com as mesmas características ao longo do tempo. Antes do século XX existiam os compêndios escolares, que eram livros constituídos pela junção de vários textos de carácter científico (o que explica a dificuldade dos alunos do ensino básico de aprender). Não eram considerados materiais didáticos, pois não continham os exercícios de fixação, também não haviam as representações imagéticas (imagens, mapas...), os compêndios tinham uma longa durabilidade (sem atualizações), e muitos deles foram criados pelos próprios professores. A partir do século XX, no Ceará, os livros produzidos demonstravam outras metodologias de ensino, com mapas, imagens, direcionados para a Geografia física (as características físicas do Estado do Ceará), perpassando também pelos aspectos demográficos e econômicos. O ensino de geografia teve maior relevância no período republicano, sendo concebida como uma das principais disciplinas “responsável” pela construção da nacionalidade e dos valores patrióticos. Thomaz Pompeu Sobrinho, foi considerado um dos principais contribuintes para o progresso do ensino da Geografia no Ceará. Na década de vinte a Geografia passou por intensas modificações, com o surgimento de uma nova proposta de ensino, com metodologias mais modernas e com a produção de novos materiais didáticos, com o intuito de levar os professores a adotarem os princípios da Escola Nova. Até o momento, não existia formação superior para o curso de geografia. Em 1940, foi criada a faculdade denominada: Faculdade de Filosofia do Ceará (FAFICE). Em síntese, a geografia no Ceará, transitou do ensino puramente descritivo, memorativo e conceitual, para a ciência capaz de fundamentar as “informações” e transformá-las em conhecimento.
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