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Interdisciplinaridade tema1 Multicuralidade

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AULA 1 
INTERDISCIPLINARIDADE 
Profª Margarete Terezinha de Andrade Costa 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Pensar sobre interdisciplinaridade exige um olhar amplo, que acople o estar 
aqui e os limiares de onde se deseja ir. Em outras palavras, não se pode pensar 
a relação entre os conhecimentos sem ter noção do espaço em que ela pode 
acontecer. É evidente que esse espaço é desmedido, visto que vivemos em um 
cenário sem limites; convivemos, por meio das possibilidades tecnológicas, em 
todo o planeta ao mesmo tempo e com possibilidades intermináveis de conhecer 
instantaneamente o passado e, com isso, antever o futuro. 
Poderíamos resumir esse pensamento como se fossemos deuses, uma vez 
que temos a possibilidade, com ajuda da tecnologia, de sermos onipresentes e 
oniscientes. Todavia, devemos, como já dito, olhar ao nosso redor e perceber a 
diferença do que se pode fazer daquilo que se faz. Assim, principalmente como 
educadores, devemos conhecer as diferentes, ricas e importantes culturas e o 
processo cada vez mais aberto e possível de globalização. 
Nesta aula, iremos refletir sobre a multiculturalidade, a educação na 
globalização, a cognição e a tecnologia, os paradigmas da ciência e a educação 
do futuro, temáticas que se relacionam e embasam o estudo da 
interdisciplinaridade. 
TEMA 1 – MULTICULTURALIDADE 
Nós, seres humanos, temos características interessantes: ao mesmo 
tempo que somos todos parecidos, com as mesmas necessidades físicas e 
psicológicas como fome, sono, medo, ansiedade, valorização, entre tantas outras, 
também somos diferentes: não há, em todo o universo, duas pessoas exatamente 
iguais. Aliás, igual é uma concepção humana, não havendo nada exatamente 
idêntico. E isso nos leva a uma grande reflexão: em um universo de pessoas 
ímpares, por que a ideia de pensar, gostar ou estudar da mesma forma? 
 Não há dúvidas de que somos heterogêneos, e isso é o nosso grande valor. 
Dessa forma, todas as diferentes culturas têm o seu valor e precisam ser 
igualmente apreciadas, daí a importância de se pensar o multiculturalismo. 
 
 
 
 
 
3 
1.1 Conceituando 
Multiculturalismo é um termo composto pelos seguintes elementos: 
 
Em que: 
• Multi é um prefixo que expressa a ideia de muito, plural; 
• Cultural significa o conjunto de saberes de um indivíduo ou grupo social; 
• -ismo é um sufixo que remete a um conjunto de ideias, uma doutrina. 
 Assim temos: 
 
O termo é polissêmico, isto é, pode ter vários entendimentos. Alguns dizem 
que o multiculturalismo é a convivência de diferentes culturas em um mesmo 
território; outros, que é a relação de várias culturas em distintos ambientes. Ou o 
estudo das culturas díspares espalhadas nos lugares do mundo. O 
multiculturalismo é também denominado de pluralismo cultural, o que reforça a 
ideia da ligação do que diferentes culturas têm em comum ou que podem ser 
compartilhadas, a interligação de grupos culturais distintos. 
O interessante é pensar que todas as culturas têm um valor social e 
histórico, devendo, por isso, ser respeitadas de igual forma e que suas diferenças 
são as características que as tornam ricas. Alguns lugares possuem uma 
diversidade cultural mais acentuada devido a diferentes colonizações e 
imigrações, como é o caso do Brasil; outros ambientes possuem uma cultura mais 
homogênea, sendo imprescindível ressaltar que não se deve considerar nenhuma 
cultura superior a outra. 
O mais importante para nossos estudos é analisar as diferentes culturas e 
a interdisciplinaridade, que também é um termo composto: 
 
 
Multi- cultural -ismo 
Multiculturalismo – vários conjuntos de saberes 
Inter- disciplinar -idade 
 
 
4 
Em que: 
• Inter exprime a noção de relação recíproca; 
• Disciplinar é uma área do conhecimento, que tem um objeto de estudo 
escolar, instrução ou pode ter a conotação de dependência a um conjunto 
de regras com submissão e obediência à autoridade; 
• -idade indica uma qualidade ou condição, normalmente para forma um 
substantivo abstrato, como é o caso. 
Assim, podemos entender que a interdisciplinaridade é a relação entre os 
objetos de estudos de diferentes áreas do conhecimento. Não há como questionar 
a relação explícita entre as visões multiculturais da interdisciplinaridade. 
1.2 Multiculturalismo e interdisciplinaridade 
Olhar o mundo respeitando as diversas culturas e saber fazer uma ponte 
entre os diferentes saberes são bases estruturantes da educação. Se essa for 
voltada para a formação de um cidadão ético, crítico e que busca a transformação 
social, a coexistência das diferenças possibilitará o processo. 
Cabem aqui algumas questões básicas: qual é a real função da escola? 
Por que a maioria das crianças vai à escola? O que se quer com a educação? 
Muitas seriam as respostas e cada uma delas refletiria uma concepção de 
educação. Afirmamos que a escola deveria ter o papel de possibilitar que os 
estudantes tenham e possam fazer escolhas. Talvez isso seja um desejo pessoal, 
mas é desejável que todos os alunos tenham condições de poder escolher 
conscientemente o que querem ser e fazer durante e depois de sair da escola. 
Figura 1 – Papel da educação 
 
Papel da 
educação
na escola
dar o 
poder de 
escolha
 
 
5 
Para isso, sem dúvida alguma, há a necessidade de se conhecer os 
saberes elaborados historicamente e respeitar as diferentes formas de viver de 
cada ser humano, respeitando também as diversas manifestações culturais, 
carregadas de crenças, costumes e valores diferentes dos nossos. Em síntese, é 
preciso ter uma postura multicultural com o olhar interdisciplinar. 
Figura 2 – Postura multicultural e olhar interdisciplinar 
 
Créditos: Lightspring/Shutterstock. 
Essa reflexão, à primeira vista, pode parecer simplista. Mas, como já 
expresso, ao se considerar o contexto em que vivemos, podemos conferir que sua 
execução exige uma maior complexidade. Vamos analisar o porquê disso. 
Em um contexto capitalista, em que as relações são marcadas por uma 
relação de troca em busca de lucro, as lutas pelos direitos civis são uma 
constante, devido à relação de poder de grupos dominantes contra minorias, 
representadas expressamente por mulheres, negros, homossexuais, adeptos de 
religiões afro-brasileiras, pessoas com deficiências, entre tantos outros grupos 
com menor representatividade. Como justificativa da permanência no poder, há 
uma noção de superioridade cultural que é refletida na construção curricular 
escolar. Como isso é replicado por muito tempo, acredita-se que determinados 
saberes também são superiores a outros e que a forma de se transmitirem esses 
conhecimentos também deve ser mantida. 
Uma educação que privilegia determinada visão de mundo e fragmenta o 
conhecimento disciplinarmente vai contra o desejo de educação igualitária para 
todos. 
 
 
 
6 
TEMA 2 – EDUCAÇÃO NA GLOBALIZAÇÃO 
A globalização não é um fenômeno recente. Pedro Alvares Cabral, por 
exemplo, ao navegar pelo oceano, estava realizando a interligação econômica, 
política, social e cultural entre continentes, ou seja, ele estava globalizando. Isso 
se deu várias vezes na história. É claro que com os recursos tecnológicos este 
processo teve uma ampliação imensuravelmente maior que as aventuras 
marítimas do final do século XV. 
A globalização que vivemos tem como base interesses econômicos 
voltados para a perpetuação do capitalismo, base das nossas relações sociais. 
Com isso, os detentores do poder financeiro são os maiores beneficiários que 
transitam entre os recursos disponíveis, sempre na busca de lucro, sendo este 
não só financeiro, mas também de poder na tomada de decisões. Isso é muito 
interessante, visto que, por exemplo, na busca de consumidores, os focos dos 
investidores mudam constantemente. Os investimentos em empresas 
transnacionais podem ser substituídos pelo controle de aparatos tecnológicos. A 
globalização nos mostra um perfil socialindividualista, superficial e massificante. 
São sugeridos, portanto, com base no pensamento de Gadotti (2000), 
termos como planetário ou mundialização no lugar de globalização quando se 
refere aos cuidados com o planeta. 
2.1 Período pós-pandemia do Covid-19 
 Impossível não analisar nosso olhar globalizador depois da pandemia do 
Covid-19, que teve início em 2020. Todos no planeta sentiram as consequências 
das relações entre os países e as formas político-econômicas de tratar esse 
episódio histórico. 
Houve, com a pandemia de Covid-19, uma emergência de ensino na 
modalidade não presencial e, para isso foi necessário o uso da tecnologia, 
modificando a posição dos processos de ensino-aprendizagem para todos. Aqui 
está um ponto muito importante, visto que, diferentemente das primeiras 
tecnologias nem que a comunicação se dava de um para todo, passou-se a ter o 
dispositivo comunicacional que permite a comunicação todos para todos. Talvez 
esse seja o avanço mais significativo: não somente classes sociais privilegiadas 
tiveram que utilizar as tecnologias educacionais, mas toda uma população e das 
mais variadas situações econômicas. 
 
 
7 
Outro ponto relevante que precisamos destacar foi a necessidade também 
emergente de adaptações por parte dos profissionais da educação com o uso dos 
meios digitais. Cabe ressaltar que a tecnologia deu voz a todos e, também, os 
mecanismos de controle para, de um lado, salvaguardar a individualidade e, de 
outro, controlar uma ferramenta poderosa: a comunicação digital. 
Essa modificação social mundial marcou um momento na história da 
educação, pois todos nos deparamos com ferramentas muitas vezes não 
utilizadas ou mesmo vistas como desnecessárias no processo educativo, e o 
resultado dessa experiência trouxe à tona a importância do domínio e uso de 
tecnologia na educação. Mas não foi somente esta a grande mudança. 
Com a óbvia necessidade de aumentar a inclusão digital e social pós-
pandemia de Covid-19, de forma globalizada, permitiu-se a extensão dos espaços 
educativos além da sala de aula. Houve um imperativo de proporcionar aos alunos 
distanciados uns dos outros, novas oportunidade de ensinar e aprender por meio 
das tecnologias digitais móveis e, com isso, a abertura de novas tendências 
políticas governamentais. Assim, a necessidade de se aprender, na prática, como 
utilizar melhor estas tecnologias. 
O desenvolvimento de competências digitais básicas se deu para os 
alunos, para os professores e para gestores escolares em todos os contextos 
mundiais. A alfabetização digital, o uso de tecnologias, ferramentas 
comunicacionais e redes sociais tornaram-se exigências curriculares. Para isso, a 
gerência, integração, avaliação e uso de informações passou a ter papel 
imperativo nos processos educativos, além de estar estendida à sociedade que 
também teve seu processo de informatização e conexão realizável. Percebeu-se 
a possibilidade real de se trabalhar, aprender e estudar de forma remota com uso 
de tecnologias móveis a nível global. 
Todavia, fica claro que, frente ao grande número de possibilidades, o 
engajamento do aluno em relação aos conteúdos a serem aprendidos também 
deveria ser adaptado. A aprendizagem precisaria proporcionar desafios, 
resolução de problemas, jogos, realidade aumentada e, principalmente, uma 
leitura crítica das informações disponíveis em rede, cabendo ao professor buscar 
a superação do uso da tecnologia pela tecnologia e reconhecer uma função maior 
que os simples encantos proporcionados pelos recursos midiáticos. Para isso, faz-
se necessário entender os processos cognitivos e sua relação com a tecnologia. 
 
 
8 
TEMA 3 – COGNIÇÃO E A TECNOLOGIA 
A cognição é a capacidade que nós, seres humanos, temos de processar 
informações e transformá-las em conhecimentos. É como o cérebro interpreta as 
sensações obtidas pelos sentidos, transformando-as em entendimento. Esse 
processo é resultado de uma adaptação biológica nos diferentes estágios de 
desenvolvimento da inteligência (Piaget, 1976) 
O conhecimento também é, por sua vez, uma capacidade humana de 
entender, apreender e compreender informações disponíveis no meio que 
vivemos e aplicá-las elaborando algo novo. 
A cognição utiliza habilidades mentais e cerebrais para organizar os 
conhecimentos, tais como a percepção, atenção, associação, imaginação, juízo, 
raciocínio, pensamento, linguagem e memória. Esses eventos são desenvolvidos 
em todas as fases da vida dos seres humanos. 
3.1 Tecnologia 
A tecnologia entrou nos processos educativos, há muito tempo: o uso do 
giz é uma forma tecnológica de se trabalhar; o livro impresso foi por muito tempo 
uma forte ferramenta utilizada como suporte educacional; a utilização de recursos 
como rádio, televisão e vídeos são formas tecnológicas utilizadas paralelamente 
ao ensino nos diferentes espaços escolares. Já estamos na quarta geração com 
o computador conectado à internet. 
Até muito pouco tempo, a tecnologia digital servia apenas como um recurso 
a mais, sem grandes preocupações metodológicas. A discussão vai além da ideia 
de integrar tecnologias no sistema educativo, devendo estar voltada para as 
mudanças sociais e o ensino tradicional como um processo que deve ser 
repensado. Se a metodologia educacional for tradicional, a tecnologia por si não 
resolverá os problemas educacionais, principalmente porque a sociedade está em 
plena transformação e pede uma formação escolar também pronta para o 
pensamento com bases tecnológicas e digitais. 
Com o surgimento e, principalmente, a divulgação dos recursos 
tecnológicos, houve um significativo aumento dos estudos sobre a cognição 
humana e sua relação com a área computacional. Borges et al. (2004, p. 79) 
fazem uma analogia entre o cérebro e o computador, como os dispositivos de 
entrada e saída e as unidades de processamento. 
 
 
9 
Figura 3 – Analogia entre o cérebro e o computador 
 
Créditos: Planeto F Vectors/Shutterstock. 
 Mesmo havendo alguns pontos em comum, alguns autores discordam da 
comparação entre o cérebro e o computador, principalmente pela emoção, que é 
exclusivamente humana, pelo menos por enquanto. Maturana e Varela (2001) 
apontam a analogia errônea principalmente em relação ao sistema nervoso 
central, como uma unidade que interage por meio de entradas e saídas; para os 
pesquisadores, o cérebro não capta informações, como se pensa; ele reage às 
perturbações do meio e mudanças que estas desencadeiam no organismo. 
 Para Morin (2003), a comparação até seria possível, todavia, ele ressalta 
que o cérebro não foi fabricado como o computador; ele é uma máquina biológica, 
química e elétrica que trabalha com elementos de precisão e imprecisão, certezas 
e incertezas, cruzando rememoração com a invenção e criação. Esclarece que o 
computador realiza grandes performances e que há uma inteligência artificial que 
se limita à computação, enquanto a mente humana associa a computação 
cerebral na cognição, no pensamento que vai além do que é posto. 
Além do encanto, existe outro fato que deve ser considerado, a 
banalização, que ainda persiste, mesmo frente aos avanços teóricos e técnicos 
do uso da internet na educação. Ao abrirem espaço na rede educacional, os 
Dispositivo de 
entrada 
sistema sensor 
Dispositivo 
de saída 
Sistema 
efetor 
Unidades de 
processamento 
Conhecer: 
algoritmo de 
captar, 
representar, 
armazenar, 
recuperar e 
processar os 
atributos, 
coisas ou 
regras para 
transformar 
em símbolos 
 
 
10 
recursos tecnológicos chamaram a atenção da ideologia publicitária e o aumento 
do apelo de venda. Isso não seria problema se não houvesse detrimento dos 
conteúdos e processos comunicacional, já que houve um aumento no lançamento 
de produtos ditos educacionais, mas que não possuem bases científicas sólidas; 
somado ao despreparo na área tecnológica de alguns docentes que não possuemainda um olhar crítico sobre alguns produtos e serviços oferecidos no mercado, 
ou melhor, ainda, não conseguem relacionar os dispositivos dos recursos 
tecnológicos aos princípios educativos que podem ser aproveitados na formação 
educacional. 
Cabe prestar atenção ao termo relacionar, que está diretamente ligado à 
interdisciplinaridade, que realiza a relação entre conhecimentos, estimula a 
criatividade e desperta o interesse. A intenção de uma educação plena é fazer 
com que os alunos adquiram uma visão completa e aplicada dos conteúdos 
trabalhados; o emprego dos meios telemáticos possibilita o detrimento da visão 
parcializada e sem conexão com a realidade, oferecendo dispositivos 
informacionais e comunicacionais mais eficientes e práticos, e isso está se dando 
em todos os níveis de ensino. O advento da pandemia criou a necessidade do uso 
de interfaces disponíveis na internet para a interatividade, compartilhamento e 
participação de todos na elaboração dos saberes. 
Isso também se deu com o trabalho em equipe que desenvolve as 
habilidades socioemocionais. Isso porque a interdisciplinaridade pressupõe a 
integração de saberes e a troca conceituais entre seus participantes pelo 
compartilhamento de conhecimentos, reflexões, descobertas, discussões, que é 
oportunizada pelos meios tecnológicos. 
3.2 Educação e tecnologia 
 Houve um tempo, não muito distante, no qual os alunos iam para a sala de 
informática ter aula envolvendo a tecnologia em tempo e espaço predeterminados. 
Pouco tempo depois, desfechou a discussão sobre a grande problemática do uso 
de celulares pelos alunos durante as aulas. E aí veio a pandemia do Covid-19, 
que forçosamente modificou o paradigma das aulas tradicionais. 
 Até o advento da pandemia, o ensino a distância era visto com certa 
resistência e havia muito preconceito em sua concretização. Depois disso, todos, 
absolutamente todos tiveram que efetivamente utilizar da tecnologia para manter 
os processos educativos, de tal modo que o processo de resistência às aulas on-
 
 
11 
line foi substituído pelo obrigatório mergulho no ciberespaço e utilização das 
tecnologias na educação em tempo integral, na qual a linguagem digital teve que 
ser apreendida e utilizada em tempo recorde. 
 Esse processo modificou a visão engessada das aulas presenciais. Um 
ponto importante desse advento é que, muitas vezes, houve troca dos papéis de 
ensino-aprendizagem tradicionais, visto que alunos ensinaram professores a 
utilizar os recursos da internet. Com isso, o universo educacional teve que ser 
revisto. 
Esses processos fizeram que nos deparássemos com categorias buscadas 
há muito tempo, tais como a autonomia, criticidade e interatividade do e com os 
alunos, o que vem em sentido contrário às tradicionais aulas expositivas e 
bancárias utilizadas por décadas. Ao mesmo tempo, devemos pensar no papel 
tão importante do professor e sua formação, a superação dos modelos 
instrucionistas, reprodutores de saberes de maneira linear e autoritária na qual 
esses são dominadores dos saberes e donos dos processos educativos, que foi 
superado e ressignificado frente às práticas educativas. 
A especificidade educativa e sua centralidade não podem ser suprimidas 
frente a efeitos especiais e recursos tecnológicos simplesmente. A aprendizagem 
deve ter um caráter significativo com rigor e profundidade. O infinito número de 
informações disponíveis digitalmente precisa ter sentido e transformar-se em 
instrumento de interlocução com conteúdos de aprendizagem e desenvolvimento 
cognitivo esperado para aqueles que passam pelo processo educacional. 
Dessa forma, um trabalho educativo voltado para a interação com 
diferentes saberes, somado ao conhecimento das relações estabelecidas entre 
eles e o seu uso eficaz, deve proporcionar um crescimento intelectual efetivo. 
Assim, ao interpretar, criar e se auto-organizar, o estudante e professor estão 
elaborando uma rede de saberes interdisciplinares práticos e uteis para a 
formação de sujeitos ativos e inteirados com o universo em que convivem. 
Paralelamente ao processo exposto, existe outro patamar, que é o 
autodidatismo: ao desenvolver a autonomia do aluno frente às informações 
disponíveis, cria-se a possibilidade de o sujeito buscar conhecimentos de 
interesses individuais. Cabe à educação formal incentivar esse procedimento, 
todavia acenando para alguns cuidados frente ao atributo e à importância do 
autoaprendizado. Deve-se desenvolver no aluno a criticidade quando à qualidade 
do conteúdo, sua significação, seleção das fontes de informação e formas de sua 
 
 
12 
manifestação, sendo também tal habilidade imperiosa na formação de um 
verdadeiro cidadão. 
A sala de aula transformou-se em outro cenário, no qual o modelo de 
transmissão tradicional foi superado. O professor, como mestre que fala e dita, foi 
substituído por um processo de participação genuína, isto é, o processo mecânico 
transformou-se em participação sensório-corporal e semântica (Silva, 2010), os 
fundamentos da interatividade transformaram-se em pilares educacionais e 
formadores de pessoas para a participação cidadã. A interatividade é um conceito 
de comunicação, ele acontece entre seres humanos, seres humanos e máquina 
ou entre usuários e serviços. Para que haja interatividade, ainda segundo Silva 
(2010), é preciso duas relações básicas, a primeira se dá dialogicamente entre o 
emissor e receptor como seres antagônicos e complementares na cocriação da 
comunicação e o segundo é a intervenção tanto do emissor quanto do receptor 
no conteúdo da mensagem. Esses processos modificam a concepção clássica da 
comunicação na qual o emissor emite uma mensagem que é captada pelo 
receptor, por exemplo, na sala de aula tradicional. 
Silva (2010) apresenta alguns fundamentos para a produção e gestão de 
práticas pedagógicas interativas: 
• Participação-intervenção: participar não é apenas responder “sim” ou “não”, 
significa modificar a mensagem; 
• Bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é a produção conjunta da 
emissão e da recepção, é cocriação; os dois polos codificam e decodificam; 
• Permutabilidade-potencialidade: a comunicação supõe múltiplas redes 
articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e 
significações. 
Para dar conta dos compromissos educacionais nacionais, houve 
necessidade de investimento, até certo ponto irrisório, a fim de proporcionar maior 
comunicação e conexão entre as escolas, alunos, famílias e professores. Não 
podemos ser ingênuos, pensando que todos têm o mesmo tipo de acesso à 
tecnologia. No entanto, muito se caminhou nesse sentido; a educação a distância 
teve um disparo em relação ao que acontecia anteriormente. Assim, surgiram 
usos do ensino a distância para grande parte de nossos estudantes. 
Vamos começar revendo o que cada forma de ensino significa. 
 
 
13 
• Aprendizagem remota é a transmissão das aulas em tempo real em 
plataforma de streaming. Nesse modelo, tanto os professores quanto os 
alunos participam da aula ao mesmo tempo, seguindo um calendário similar 
à modalidade presencial. Há uso de recursos didáticos tecnológicos como 
os conteúdos assíncronos; 
• O ensino híbrido, ou blended learning, é a combinação entre o ensino 
presencial e on-line. Nesse modelo, as aulas não precisam, 
necessariamente, ocorrer em tempo real; elas ficam disponíveis para que 
os alunos as acessem quando tiverem oportunidade. 
As aulas presenciais acontecem de forma que os alunos e professores 
estejam no mesmo lugar ao mesmo tempo; as aulas remotas são síncronas, 
acontecem ao mesmo tempo, mas em lugares diferentes; e as aulas híbridas são 
ministradas de forma assíncrona, em tempos e lugares diferentes. 
TEMA 4 – PARADIGMAS DA CIÊNCIA 
Um dos grandes paradigmas da ciência é, sem dúvida, os problemas 
educacionais. Isso ocorre devido à significativa lacuna existente entre os avançose retrocesso vistos dos processos educativos e seus reflexos na vida de todos, 
principalmente ao considerarmos as classes menos privilegiadas e os irrisórios 
investimentos na educação pública em nosso país. 
Não há como não reconhecer as melhorias proporcionadas pela tecnologia 
na qualidade de vida, todavia, esse progresso não atinge a todos, havendo uma 
massa de pessoas sem acesso aos meios de produção dos recursos 
desenvolvidos, sendo somente consumidores desprovidos do controle social e 
econômico de suas próprias vidas. 
4.1 Ciência e educação 
O cerne do processo científico tem seu início na educação básica, a qual 
tem a especificidade de proporcionar bases culturais aos alunos a fim de prepará-
los para agir no mundo. Porém, no decorrer dos tempos, os seres humanos têm 
tido diferentes concepções de educação e de sua importância. 
Cabe reforçar a grande diferença de investimentos na educação pública 
básica, que atinge a maioria dos estudantes do país, refletindo em uma formação 
fragilidade de alunos e consequentemente dos próprios docentes. 
 
 
14 
Um problema de resiliência é que as camadas populares mais simples 
veem na escola espaços que não proporcionam mudanças nos processos sociais 
de forma ampla, contrariando, assim, sua finalidade maior e afastando com isso o 
envolvimento com a ciência como fundamento do entendimento dos processos e 
como caminho de formação de um cidadão crítico e autônomo. 
Dessa forma, distancia-se do pensamento científico na sua formação 
básica, visto que há um número significativo de pessoas para as quais a educação 
foi tida de forma fragmentada e não vinculada ao mundo em que vivem. Assim, o 
processo educativo é visto parceladamente organizado em anos, séries, períodos, 
disciplinas que não se conectam entre si e nem como a realidade vivida. 
Cabe aqui expor a educação internalizada, pensada no final do século XX. 
De acordo com Gadotti (2000), possibilitaram-se planos de educação, com baixo 
custo e elevados benefícios e que tinham como princípio uma educação igual para 
todos, todavia com parâmetro curricular comum, mas não com princípio de justiça 
social. 
Para que se possa ensinar a pensar criticamente, há necessidade de uma 
aproximação dos diversos campos de conhecimento e é necessário haver a 
construção de uma visão que os percorra sob uma mesma ótica. Essa construção 
não pode ser alienatória, improvisada ou realizada em momentos estanques; ela 
precisa ser aprendida e ensinada no espaço educativo. 
A escola precisa proporcionar uma linguagem comum que entenda as 
diferentes abordagens, axiomas e pressupostos científicos, esclarecendo a 
separação didática das ciências e ensinando a retomada da visão holística 
necessária para o entendimento do que está acontecendo ao nosso redor. 
TEMA 5 – EDUCAÇÃO DO FUTURO 
Pensar a educação do futuro é um grande desafio, principalmente frente às 
grandes e principalmente rápidas mudanças vivenciadas na história. Todavia, 
uma assertiva é a centralidade do conhecimento, em contrapartida às múltiplas 
possibilidades metodológicas. Outro ponto convergente é a necessidade de se ter 
uma visão da relação do ser humano com o planeta. 
Dessa forma, é preciso considerar as aceleradas transformações em todos 
os sentidos, seja na área tecnológica, nos costumes e crenças, nos 
conhecimentos e principalmente na educação, e é importante pensar no 
entendimento não limitado das relações e interligações em que estamos inseridos. 
 
 
15 
5.1 Holismo 
 Holismo é um termo derivado do grego holos, que significa “inteiro, 
composto, completo, global, o todo”. O sufixo -ismo também é derivado do grego, 
formando nomes que designam fenômenos, sistemas, doutrinas e conceitos de 
ordem geral. 
 
Dessa forma, holismo é a visão interligada de tudo que nos rodeia, 
inclusive nós mesmos em relação ao outro e a todas as coisas e fenômenos. Essa 
visão embasa a interdisciplinaridade, a multiculturalidade e a globalização, 
elementos necessários para uma educação plena dos cidadãos e que contempla 
as necessidades de sempre. 
5.2 Paradigmas holonômicos 
 Quando percebemos a relação que há entre tudo que nos rodeia, 
entendemos a integralidade dos fenômenos de forma sistêmica. Isto é, existe uma 
organização metódica e generalizada de causa e consequência em tudo que 
existe. Dessa forma, não há como conceber uma educação que seja fragmentada 
e organizada em disciplinas estanque, sem real ligação entre os saberes, como 
propõe a visão cartesiana, que vê o todo como a soma das partes. A visão 
holística é universal e sistêmica, visto que procura a conexão e desconexão entre 
a parte no todo. Segundo Edgar Morin (1993, p. 1), “recolocá-los em seu meio 
ambiente para melhor conhecê-los, sabendo que todo ser vivo só pode ser 
conhecido na sua relação com o meio que o cerca, onde vai buscar energia e 
organização”. 
 Os paradigmas holonômicos têm alicerce no holismo e na complexidade, 
ou seja, na heterogeneidade, diversidade e multiplicidade. Com eles, a ideia de 
certo e errado da visão cartesiana é substituída por escolha, decisão, projeto, 
ambiguidade e síntese. Dessa forma, a formação educacional dos seres humanos 
é tida como um processo de totalidade e a transdisciplinaridade. 
 De acordo com Gadotti (2000), a transdisciplinaridade é entendida com 
uma atitude e um método que vão ao encontro do contexto atual como a 
hol- -ismo holismo 
 
 
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pedagogia da terra, a ecopedagogia e outras vertentes voltadas a uma sociedade 
sustentável. 
 A interdisciplinaridade busca uma melhor forma de trabalhar o 
conhecimento, assim como a trans, multi, pluri e tantas outras formas de se 
trabalhar o processo ensino-aprendizagem. O importante é ter fundamentação 
suficiente para saber escolher e utilizar sempre a melhor metodologia. 
Nesta aula, pretendemos mostrar que há uma nítida relação entre os seres 
humanos entre si e entre eles e o contexto em que vivem. O compartilhamento 
universal do conhecimento carece de uma visão ampla, densa e suficientemente 
fundamentada, que respeite os preceitos multiculturais, globalizados e preparados 
para as inovações tecnológicas que surgiram. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
BORGES, M. E. N. et al. A ciência da informação discutida à luz das teorias 
cognitivas: estudos atuais e perspectivas para a área. Cadernos BAD 2, Lisboa, 
p.80-91, 2004. 
GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação Porto Alegre: Artes Médicas, 
2000. 
MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases 
biológicas da compreensão humana. Trad. Humberto Mariotti; Lia Diskn. 2. ed. 
São Paulo: Palas Athena, 2001. 
MORIN, E. O método 5: a humanidade da humanidade. Trad. Juremir Machado 
da Silva. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2003. 
PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; 
Universitária,1976. 
SILVA, M. Sala de aula interativa a educação presencial e à distância em sintonia 
com a era digital e com a cidadania. Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, 
n. 3, jan.-jun. 2010. Disponível em: <https://bit.ly/3H09p3O >. Acesso em: 24 jan. 
2022. 
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