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Hepatite infecciosa canina Transmissão A Hepatite infecciosa canina (HIC) é uma doença infectocontagiosa e multissistêmica causada pelo Adenovírus canino tipo-1 (CAV-1). Essa doença acomete canídeos domésticos e silvestres, sendo os cães domésticos jovens e não vacinados particularmente susceptíveis. Após exposição oronasal natural, o vírus inicialmente localiza se nas tonsilas, de onde se dissemina para linfonodos regionais e linfáticos antes de alcançar o sangue pelo ducto torácico. A viremia, que dura 4 a 8 dias após a infecção, resulta na disseminação rápida do vírus para outros tecidos e secreções corporais, inclusive a saliva, a urina e as fezes. As células parenquimatosas hepáticas e endoteliais vasculares de muitos tecidos, inclusive do sistema nervoso central (SNC), são os principais alvos de localização viral e lesão. A principal via de transmissão ocorre pela exposição das mucosas oronasal à urina, saliva, fezes ou secreções respiratórias de animais infectados. O vírus foi isolado de todos os tecidos e excreções de cães infectados, podendo ser excretado pela urina de seis a nove meses se o animal se recupera da fase aguda da doença www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina 1 Sinais clínicos Resistência A HIC é observada com maior frequência em cães com menos de 1 ano de idade, embora cães não vacinados de todas as idades possam ser acometidos. Os cães com acometimento mais grave ficam moribundos e morrem tão rapidamente, em questão de horas após o início dos sinais clínicos, que os proprietários em geral acreditam que o animal tenha sido envenenado. Os sinais clínicos nos cães que sobrevivem ao período virêmico agudo incluem vômitos, dor abdominal e diarreia, com ou sem evidência de hemorragia. Os achados físicos anormais na fase inicial da infecção incluem aumento da temperatura retal (39,4 a 41,1°C) e frequências de pulso e respiratória aceleradas. A febre pode ser transitória ou bifásica no início da evolução da doença. O aumento das tonsilas, em geral associado a faringite e laringite, é comum. Tosse e sons respiratórios ásperos mais baixos à auscultação são manifestações de pneumonia. É comum observar linfadenomegalia cervical com edema subcutâneo da cabeça, do pescoço e de partes pendentes do tronco. Sensibilidade abdominal e hepatomegalia em geral são aparentes no cão com a enfermidade aguda. Pode ocorrer diátese hemorrágica demonstrada por hemorragias petequiais disseminadas e equimoses, epistaxe e sangramento em locais de punção venosa. Icterícia é incomum na HIC aguda, mas é encontrada em alguns cães que sobrevivem à fase fulminante aguda da doença. A distensão abdominal é causada pelo acúmulo de líquido serossanguinolento ou hemorragia. Podem surgir sinais do SNC, incluindo depressão, desorientação, convulsões ou coma terminal em qualquer momento da infecção. Como outros adenovírus, o CAV 1, é altamente resistente à inativação ambiental, sobrevivendo à desinfecção com várias substâncias químicas, como clorofórmio, éter, ácido e formol, e é estável quando exposto a certas frequências de radiação ultravioleta. O CAV 1 sobrevive durante dias à temperatura ambiente em restos no solo, permanece viável por meses a temperaturas abaixo de 4°C e é inativado após 5 min a 50 a 60°C, o que torna a limpeza a vapor um meio plausível de desinfecção. A desinfecção química também foi bem sucedida com o uso de iodo, fenol e hidróxido de sódio. www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina 2 Cães com acometimento leve podem se recuperar após o primeiro episódio febril. Os sinais clínicos nos casos sem complicações costumam durar 5 a 7 dias antes da melhora. É possível encontrar sinais persistentes em cães que também estejam infectados com a cinomose, ou naqueles que desenvolvem hepatite crônica ativa. Geralmente ocorrem edema de córnea e uveíte anterior quando a recuperação começa, e essas podem ser as únicas anormalidades clínicas observadas em cães com infecção inaparente. Cães com edema de córnea apresentam blefaroespasmo, fotofobia e secreção ocular serosa. O embaçamento da córnea em geral começa no limbo e se dissemina em direção central. A dor ocular, presente durante os estágios iniciais da infecção, em geral diminui quando a córnea fica completamente embaçada. No entanto, a dor pode voltar com o desenvolvimento de glaucoma ou ulceração e perfuração da córnea. Nos casos sem complicações, o desembaçamento da córnea começa no limbo e se dissemina na direção central. linfadenomegalia cervical Petéquias hemorragicas Distensão abdominal Embaçamento da córnea www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina 3 Diagnóstico Achados patológicos A confirmação do diagnóstico clínico pode ser obtida por técnicas sorológicas, moleculares, imunofluorescência e isolamento viral. Os achados hematológicos iniciais na HIC incluem leucopenia com linfopenia e neutropenia. Neutrofilia e linfocitose ocorrem mais tarde em cães com recuperação clínica sem complicações. É possível encontrar um número elevado de linfócitos (ativados) corados em escuro e eritrócitos nucleados. Os rins de muitos cães que se recuperam apresentam múltiplos focos brancos a. As sequelas oculares da doença aguda podem incluir glaucoma ou ftise bulbar. A cavidade abdominal pode conter líquido, que varia de transparente a vermelho brilhante. Hemorragias petequiais e equimóticas estão presentes em todas as superfícies serosas. O fígado está aumentado, com aspecto escuro e manchado, em geral apresentando exsudato fibrinoso proeminente na superfície e nas fissuras interlobares. Tipicamente, a vesícula biliar está espessada e edematosa, com aspecto opaco azul esbranquiçado. Hemorragia gastrintestinal intraluminal é um achado frequente. O baço está aumentado e fica protuberante na superfície de corte. Os achados de necropsia ou em biopsias de tecidos de cães em geral podem confirmar o diagnóstico de HIC. Cães que morrem durante a fase aguda da doença costumam estar com a musculatura boa, apesar do edema e da hemorragia de linfonodos superficiais e no tecido subcutâneo cervical. www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina 4 Tratamento O tratamento clínico de cães que desenvolvem HIC é principalmente sintomático e de suporte. A insuficiência hepática fulminante decorrente da necrose hepatocelular é uma causa comum de morte em cães que não sobrevivem aos estágios agudos da doença. Quando não há complicações, a recuperação clínica e a regeneração hepatocelular podem ocorrer com necrose centrolobular. O tratamento é de suporte até que haja tempo suficiente para o reparo hepatocelular. Como em geral os cães estão semicomatosos, é impossível prever se os sinais neurológicos estão relacionados com a hepatoencefalopatia ou a encefalite viral. Contudo, essa questão pode ser parcialmente resolvida verificando a glicemia ou as concentrações de amônia ao se instituir o tratamento. As anormalidades da coagulação características da CID são mais pronunciadas durante os estágios virêmicos da doença. Trombocitopenia com ou sem alteração na função plaquetária em geral é aparente. A proteinúria (primariamente albuminúria) é um reflexo do dano renal causado pelo vírus e em geral pode ser detectada na urinálise aleatória, porque a concentração está acima de 50 mg/dℓ. O aumento da alanina aminotransferase (ALT), da aspartato aminotransferase e da fosfatase alcalina séricas são sinais de necrose hepatocelular e dependem do momento em que é obtida a amostra e da magnitude da necrose hepática. A Bilirrubinúria (quantidades anormais de bilirrubina no sangue) moderada a acentuada é frequente, em decorrência do baixo limiar renal para a bilirrubina conjugada no cão; hiperbilirrubinemia(acúmulo de bilirrubina causando icterícia) é incomum.Com importância diagnóstica, o aumento na ALT, é desproporcionalmente maior do que na bilirrubina sérica, o que a diferencia da maioria das outras causas de necrose hepática disseminada. As medidas da função hepática, como os níveis séricos de amônia ou a retenção de ácido biliar, podem estar aumentadas durante a evolução aguda da HIC ou mais tarde em cães que desenvolvem fibrose hepática crônica. É necessário a colocação imediata de um cateter intravenoso permanente em cães com acometimento grave. O tratamento hídrico com um líquido isotônico poli iônico como a solução de Ringer corrigirá perdas decorrentes dos vômitos e da diarreia e ajudará a baixar a temperatura corporal. www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina 5 PRevenção O tratamento para diminuir a concentração sanguínea de amônia é voltado para a redução do catabolismo proteico pelas bactérias do cólon e para a reabsorção de amônia nos túbulos renais. A produção de amônia a partir da degradação da proteína no intestino pode ser reduzida pela diminuição da quantidade de proteína ingerida e pela cessação da hemorragia gastrintestinal. O cólon pode ser evacuado por limpeza e mediante o uso de enemas acidificantes que aliviam a estase intestinal e retardam a absorção da amônia. A hepatite canina causada pelo CAV 1 é prevenida de maneira eficaz pela vacinação. Uma vez que a doença em cães não vacinados é grave, o vírus é resistente no ambiente e tem um reservatório em carnívoros silvestres, é preciso a a vacinação para fornecer o antígeno principal a todos os cães. Os cães filhotes adquirem a imunidade passiva da mãe, diminuindo por volta das 14 a 16 semanas de idade. O ideal e recomendado é que a vacina polivalente seja dada logo que o filhote complete 6 a 8 semanas de vida, com 3 doses com intervalos de três a quatro semanas e reforços anuais Devido à possibilidade de que a hipoglicemia seja responsável pelo estado de coma, deve se administrar um bolo intravenoso (IV) de glicose a 50% (0,5 mℓ/kg) durante o período de 5 min. É provável que volte a ocorrer hipoglicemia se a infusão contínua de glicose hipertônica não for mantida. A infusão de glicose hipertônica deve prosseguir a velocidade não maior do que 0,5 a 0,9 g/kg/h para que seja utilizada de maneira eficiente. O tratamento da CID depende do estágio do déficit de coagulação. Devido à síntese hepática insuficiente, poderá ser necessário repor os fatores da coagulação e plaquetas por meio da transfusão de plasma fresco ou sangue total, em conjunto com a terapia anticoagulante quando houver incapacidade acentuada da coagulação. www.passeidireto.com/perfil/aline-cristina 6
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