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2 Introdução a Citopatologia

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2008 aula 02 
profª Sandra 
I. INTRODUÇÃO À CITOPATOLOGIA 
 
Numa definição literal dizemos que citopatologia é o estudo microscópico morfológico das 
alterações que ocorrem nas células orgânicas esfoliadas fisiologicamente ou por esfoliação artificial. 
Na citopatologia, estuda-se as células descamadas da superfície de uma mucosa por diferentes 
maneiras, tais como: raspagem, lavagem, escovação, aspiração ou líquidos eliminados 
naturalmente como a urina, etc. 
 
I. 1. Aplicação e importância no Sistema Genital Feminino 
O exame morfológico de células descamadas por raspados e escovados da mucosa cervical 
permite a identificação das principais lesões do colo uterino, e dentre essas lesões, o reconhecimento 
das alterações celulares de caráter pré-neoplásico são aquelas de maior importância. 
As células que descamam do epitélio cervical (que inclui a JEC e a zona de transformação), 
começam a se modificar de 10 a 15 anos antes de se tornarem efetivamente invasivas, portanto, há 
tempo suficiente para se fazer um exame preventivo e descobrir a neoplasia ainda na fase pré-
maligna, obtendese cura total da doença. 
O diagnóstico das neoplasias pela citopatologia baseia-se no estudo da morfologia celular, 
usando-se os critérios de malignidade e há mais de 50 anos a citologia oncológica vem sendo 
reconhecida como importante e fundamental instrumento nos Programas de prevenção, identificando 
assim, células pré-neoplásicas e neoplásicas do colo uterino, diminuindo a incidência e mortalidade da 
doença em todo o mundo. 
 
I.2. Método de Papanicolaou 
 
● HISTÓRICO: Dr. George Nicholas Papanicolaou, médico 
endocrinologista grego radicado na Alemanha e depois nos EUA, graças às 
suas pesquisas, descobriu que algumas de suas pacientes apresentavam 
alterações nas células descamadas do colo, quando visualizadas com lente de 
aumento. Já em 1923, ele divulgou sua descoberta através de uma conferência 
e da publicação de um artigo científico, porém sem repercussões na classe 
médica. Os anos se passaram e só em 1943, portanto vinte anos depois, seu 
trabalho foi apresentado num congresso médico, onde finalmente obteve 
sucesso, que permanece até hoje. 
 
 
● ATRIBUIÇÕES: Como método laboratorial, auxilia no rastreamento (screening) de lesões 
precursoras do câncer e nas variadas formas de neoplasia maligna; atua diretamente na identificação de 
casos fatais bem como, diminui o impacto daquelas lesões que potencialmente poderiam causar lesões 
irreversíveis. 
Portanto, como método laboratorial, apesar de críticas e limitações, efetivamente contribui para 
o controle de câncer de colo uterino. 
 
Vantagens do Método: 
- Redução da incidência e mortalidade de câncer de colo uterino; 
- Alta especificidade (poucos casos falso-positivos); 
- Baixo custo; 
- Tolerável pelas pacientes; 
- Fácil aplicação a grandes populações 
 
Desvantagens do Método: 
- Baixa sensibilidade (vários casos falso-negativos); 
-·Grande quantidade de casos insatisfatórios e limitados por razões técnicas; 
-·Depende de treinamento para coleta, fixação, preparo dos esfregaços e sua interpretação. 
 1
II. COLETA DO EXAME CITOPATOLÓGICO 
 
É indicada a coleta dupla, endo e ectocérvice do material cérvico-uterino, distribuído em uma 
única lâmina. 
II.1. Materiais básicos para a coleta: 
• Luvas descartáveis 
 2
• Espátula de Ayre 
• Escovinha Campos-da-Paz 
• Espéculo Descartável 
• Lâminas 
• Recipiente apropriado para o transporte de lâminas 
• Fixador celular (carbovax ou álcool 96%)) 
 
 
 
II.2. Cuidados Pré-Analíticos: 
● ORIENTAÇÃO PRÉVIA À PACIENTE 
-Não estar menstruada; 
-Abstinência sexual de 24 h antes da coleta; 
-Nas 48 h que antecedem o exame não usar cremes, óvulos ou duchas vaginais. 
 
● ANTES DA COLETA 
-Preencher a requisição de exame com: nome, endereço e telefone de contato. 
-Dados como: idade; informações gineco-obstétricas e da atividade sexual; resultados 
colpocitológicos anteriores, são extremamente importantes para a avaliação 
diagnóstica. 
-Usando lápis identificar a lâmina na borda fosca com: as iniciais do 
nome da cliente (todas as iniciais); número da Unidade de Saúde. 
 
II.3. Exposição do colo 
 
-Introduzir o espéculo (não devem ser usados lubrificantes, pois estes 
podem interferir na qualidade do esfregaço; em alguns casos pode-se usar soro 
fisiológico). 
 
-Expor o colo completamente verificando a presença de lesões. 
-Retirar toda secreção existente no colo, utilizando a pinça Cheron e 
gaze. 
 
 
 As secreções apresentam, características diferentes em cada patologia quanto ao aspecto , 
cor , odor e quantidade. Anotar posteriormente esses dados nas na folha de requisição de exames. 
 
II.4. Coleta da ectocérvice 
 
Para a coleta na ectocérvice, girar a espátula de Ayre 360º na parte externa 
do colo, com a parte mais alongada da bifurcação voltada para o orifício. Esse giro 
compreende a volta inteira, percorrendo o contorno do orifício cervical externo, 
para garantir a amostra toda JEC 
 
 
II.4.1. CONFECÇÃO DO ESFREGAÇO ECTOCERVICAL 
 
-Iniciar o esfregaço próximo à borda fosca da lâmina, no sentido vertical 
e de cima para baixo. 
 
 
]II.5. Coleta endocervical 
 
-Com a escovinha colhe-se material do canal endocervical girando-a 
delicadamente 360º no sentido horário. 
 
 3
 
II.5.1.CONFECÇÃO DO ESFREGAÇO ENDOCERVICAL 
-Fazer o esfregaço no sentido horizontal, rolando a escova 
endocervical da metade da lâmina para a direita, com cuidado para não 
sobrepor os esfregaços. 
 
 
 No caso de coletas tríplices, colher do fundo de saco 
vaginal com a extremidade arredondada da espátula de Ayre, 
distendendo-se o material transversalmente, na primeira 1/3 
parte, próximo à parte fosca e inverte-se o sentido das outras 
coletas. 
 
II.6. Fixação 
 
●Finalidade: As células vivas se coram pobremente porque os componentes moleculares são 
muito hidratados. A corabilidade, portanto, só é obtida após a desnaturação e desidratação dos 
componentes celulares. O bom fixador é aquele que têm essas funções e ainda mantém preservadas as 
estruturas celulares, permitindo assim seu estudo. 
 
● Fixadores para uso em citologia 
 
a) "Carbovax" ou similar 
- É uma solução a base de polietilenoglicóis que forma uma película delgada sobre o 
esfregaço, conservando as características tintoriais da célula por um bom tempo. 
- É comercializado na forma de spray e gotas 
 
-A fixação deve ser realizada imediatamente após o término da 
coleta (de 10 a 20 segundos após a coleta). 
-Borrifar a lâmina com o spray fixador, a uma distância de 
aproximadamente 20 cm. 
-Deixar secar a lâmina com o esfregaço para cima e acondicionar em 
recipiente próprio. 
-Caso o fixador seja do tipo em gotas, cobre-se a o esfregaço com o líquido fixador e a lâmina 
deve ser colocada em uma bandeja até secar e depois colocá-la em recipiente próprio. 
 
b) Álcool etílico 95% 
- Outra técnica de fixação consiste em colocar a lâmina em frasco 
apropriado, contendo álcool a 95%, ficando a lâmina totalmente submersa, 
até na hora de proceder a coloração. 
 
II.7. Outras orientações: 
- Nas pacientes histerectomizadas, fazer o esfregaço no fundo de saco vaginal (vide acima); 
- Nas gestantes a coleta endocervical não é contra-indicada, porém, há maior risco de 
sangramento. No colo de útero das grávidas ocorre uma eversão fisiológica, portanto, a coleta 
ectocervical somente com espátula de Ayre, na maioria das vezes fornece um esfregaço satisfatório. 
- A visualização de um colo com aspecto tumoral é uma indicação de encaminhamento direto à 
colposcopia (observação do colo do útero e vagina com câmera especial, para identificação de 
anormalidades), mesmo na vigência de um resultado citopatológico negativo para malignidade (a 
coleta pode ter sido efetuada em área necrótica, onde o resultado poderá ser falso-negativo). 
II.9. Pontos críticos da coleta 
Podem levar a erros graves na interpretação do diagnóstico, ouseja, resultados falso-positivos 
e falso-negativos 
-Excesso de secreção vaginal; 
-Não realização de colheita endocervical; 
-Ausência de material representativo da JEC (células endocervicais e/ou metapásicas) 
-Coleta de pouco material; 
-Sangramento excessivo durante a coleta; 
-Fixação inadequada da lâmina (a pressão do spray pode retirar o material coletado); 
-Demora na fixação do esfregaço, dessecando o material (deve ser inferior a 20 segundos); 
-Lâminas não identificadas com iniciais do nome e local de coleta; 
-Material sem identificação na lâmina e no frasco. 
-Coletar o material erroneamente com swab ou cotonete. 
 
II.10. Periocidade da realização das colpocitologias 
A periodicidade do exame citopatológico adotada nos programas de rastreamento do câncer do 
colo do útero é de três anos, após a obtenção de dois resultados negativos com intervalo de um ano 
(exceto para os casos positivos e em casos de inadequação da amostra). 
 
III. CITOLOGIA EM BASE LÍQUIDA (de "monocamada" ou de camada fina) 
● Princípio: 
Citologia em meio líquido é um processo técnico automático cujo objetivo é melhorar a preparação 
citológica e eliminar muitos dos fatores que limitam a interpretação dos esfregaços convencionais, 
como sangue, exsudado inflamatório, muco, artefatos de fixação e variação da espessura dos 
esfregaços. Obtém-se uma lâmina com maior celularidade, homogeneamente distribuída e com maior 
probabilidade de resultados satisfatórios bem como permite armazenar o material para a realização 
futura de outros tipos de testes. 
 
III. 1 COLETA 
 
 4
A técnica envolve coleta do material ginecológico em 
solução de preservação/fixação, que contém substâncias 
mucolíticas e hemolíticas. Por essa técnica, todo o material 
celular coletado é transferido para o meio líquido. 
 
Emprega-se um Kit de coleta específico, que consiste de 
uma escova para coleta endo e ectocervical (cytobrush) e de um frasco com o meio 
preservativo. Os sistemas DNA-CITOLIQ® (Digene-Brasil) e sistema 
AutoCytePrep™ (Tripath;USA), são os kits comerciais mais citados na literatura. 
 
 
III.2. PROCESSAMENTO TÉCNICO DA 
AMOSTRA 
O material a ser fixado na lâmina é 
submetido no laboratório a processos 
de homogeneização e filtragem, 
obtendo-se lâminas mostrando uma 
camada única de células bem distribuídas, numa área circular pré-definida. 
Vantagens do Método: 
- Ganho de sensibilidade: menor perda de material coletado e melhor distribuição das células; 
- Citologia em monocamada e com fundo mais limpo; 
- Permite a realização do testes moleculares (PCR, Captura Híbrida) a partir da mesma 
amostra; 
 
- Redução de falsos negativos; 
- Redução de casos insatisfatórios; 
- Sensibilidade aumentada na detecção de lesões intraepitelias de Baixo Grau 
 
Desvantagens do método 
- Equipamentos específicos 
- Alto custo 
 
IV. COLORAÇÃO DE PAPANICOLAOU 
A coloração tricrômica de Papanicolaou é a técnica mais utilizada na preparação de esfregaços 
cérvico-vaginais. Adaptações foram realizadas nessa técnica, porém o princípio tintorial fundamental 
foi mantido. 
As células após a fixação, são tratadas com um corante nuclear aquoso, de pH básico 
(Hematoxilina) e contracoradas com Orange G e EA36 que são corantes de pH ácido, solúveis em 
álcool, os quais, reagem com moléculas presentes no citoplasma. 
Esses tratamentos tintoriais concedem uma cor característica aos núcleos e componentes 
citoplásmicos, produzindo três cores básicas, de acordo com a afinidade de cada corante com as 
substâncias ácidas ou básicas da célula: 
 
AFINIDADE DO CORANTE X CÉLULA 
 
CORANTE BÁSICO → cora estrutura ÁCIDA da célula = ESTRUTURA BASÓFILA 
CORANTE ÁCIDO → cora estrutura BÁSICA da célula = ESTRUTURA ACIDÓFILA 
 
 
 
TÉCNICA corante pH cor do núcleo cor do citoplasma 
HEMATOXILINA básico roxa ---- 
--- 
PAPANICOLAOU ORANGE G 
EA36 
ácido 
--- 
tons alaranjados, cor de rosa e 
vermelhos; 
 
verde e várias tonalidades de azul 
 
IV.1. PROCEDIMENTO TÉCNICO 
 
As lâminas fixadas em álcool, contendo os esfregaços 
devidamente identificadas e registradas são colocadas em "berços" para 
coloração e mergulhadas em cubas de vidro contendo os reagentes 
necessários para a coloração. 
 Caso a lâmina tenha sido fixada com o Carbowax ou similar, 
este deve ser removido das células antes do processo da coloração, 
mergulhando-se as lâminas em álcool 95% durante 15 minutos. Feito isso, 
segue-se o protocolo abaixo. 
 
a) Mergulhar (5 imersões) sequencialmente nas cubas com álcool 80 %, 70 e 50 % (hidratação) 
b) Mergulhar (5 imersões) em água destilada. 
c) Corar pela Hematoxilina de Harris durante 3 minutos. 
d) Mergulhar (5 imersões) em água destilada (lavagem) 
e) Mergulhar em solução de ácido clorídrico a 1,0 % misturado com álcool a 50 % cerca de 3 a 
5 vezes (diferenciação→ retira o excesso de hematoxilina). 
f) Lavar em água corrente durante 5 minutos. 
g) Lavar em água destilada (5 imersões) h) Mergulhar (5 imersões) em cada cuba de 50, 70, 80 
% até o 95 % (desidratação). 
i) Corar em Orange G por 2 minutos. 
j) Mergulhar (3 imersões) em cada uma de duas cubas seqüenciais de álcool a 95 % (lavagem). 
k) Corar em EA-36 durante 3 minutos. 
 5
l) Mergulhar (5 imersões) em cada uma de três cubas seqüenciais com álcool a 95 % 
 6
(desidratação). 
m) Mergulhar (5 imersões) numa cuba com álcool absoluto (desidratação). 
n) Mergulhar (5 imersões) numa cuba com solução de partes iguais de álcool e xilol. 
o) Mergulhar (5 imersões) numa cuba com xilol (diafanização) 
p) Montar a lâmina com resina (bálsamo do canadá ou entelan) 
 
 
 Pode haver pequenas variações na técnica de um laboratório para outro. 
 
● Encaminhamento para a leitura 
As lâminas recebem a etiqueta de registro e seguem para leitura em microscópio. 
 
V. COLORAÇÃO DE SHOOR 
A coloração de Shorr que emprega uma mistura de Orange G, Escarlate de Biebrich e Verde 
Brilhante (corante de Shoor) associada ao corante Hematoxilina de Harris é uma técnica baseada 
em princípios semelhantes à coloração de Papanicolaou. 
Os componentes do corante de Shorr favorecem uma melhor visualização da diferenciação 
citoplasmática das células escamosas, sendo que sua maior aplicação é na citologia funcional. 
 
VI. ARQUIVOS 
Os arquivos de lâminas e laudos de citopatologias negativas ou positivas devem ser guardados 
por um período mínimo de 5 anos.

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