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CONTRATO DE TRABALHO A CLT, em seu art. 442, estabelece que contrato individual de trabalho “é o acordo tácito ou expresso, corresponde à relação de emprego”. O contrato de trabalho tem por conteúdo (ou seja, elemento objetivo) a relação de emprego, que se estabelece entre o empregado e o empregador, como conceituados pela CLT, nos arts. 2º e 3º. Trata-se, portanto, de negócio jurídico entre empregado e empregador relativo às condições de trabalho. Pela análise do conceito legal, verificamos que: ● o contrato de trabalho é bilateral, pois decorre da livre manifestação de vontade das partes: ● o empregado é pessoa física e nunca entidade ou pessoa jurídica; ● é um contrato de atividade, pois envolve uma obrigação de fazer; ● tem como objeto serviços não eventuais; ● o empregador pode ser pessoa física ou jurídica; ● o trabalho é prestado em proveito do empregador; ● o empregado está subordinando às ordens do empregador, pois não pode executar o trabalho como lhe aprouver, livre e autonomamente; ● a prestação de serviços é realizada mediante salário, pois o contrato de trabalho é oneroso. A característica típica do contrato de trabalho capaz de diferenciar este contrato dos demais é a dependência ou subordinação do empregado ao empregador (subordinação técnica, econômica, social e jurídica). Atualmente, prevalece na doutrina a existência da subordinação jurídica, uma vez que os empregados estão sujeitos às ordens do empregador em razão de sua situação contratual. O empregador tem o direito de comandar, donde nasce a obrigação do empregado de se submeter a estas ordens. Natureza Jurídica Existem várias teorias que disciplinam o contrato de trabalho (teoria contratualista, anticontratualista, mista, teoria da instituição, teoria do dirigismo contratual etc.). Entretanto, as principais são: a teoria contratualista e anticontratualista. A teoria contratualista entende que a relação entre o empregado e empregador é contratual porque decorre exclusivamente da vontade das partes. A teoria anticontratualista, ao contrário, entende que o empregado se incorpora à comunidade do trabalho (teoria do institucionalismo), pois o objetivo do trabalho é a produção nacional. Não existe autonomia de vontade na discussão das cláusulas contratuais. Por outro lado, a mesma teoria compreende a empresa como uma instituição da qual faz parte o empregado que se submete à autoridade do empregador. A teoria dominante é a de que o contrato de trabalho tem natureza contratual, como uma certa feição institucionalista. A lei brasileira situa-se numa posição intermediária porque conceitua a relação de trabalho como um contrato, mas ao mesmo tempo tem feição de trabalho como um contrato, mas ao mesmo tempo tem feição institucionalista, quando faz alusão à relação de emprego. Para Amauri Mascaro Nascimento (2004, p. 177), o vínculo entre empregado e empregador é uma relação jurídica de natureza contratual. Características do contrato de trabalho a) de direito privado: a relação entre empregado e empregador tem origem no direito civil, sendo que as partes, limitadas às normas trabalhistas, estabelecem seu próprio regulamento; b) consensual: este contrato não é solene, pois não depende de formas especiais para ter validade, bastando o simples consentimento das partes, tácito ou expresso (art. 443 da CLT). A lei não exige forma especial para sua validade; c) sinalagmático: sinalagma significa convenção, pacto, contrato. É um contrato bilateral onde cada uma das partes se obriga a uma prestação (o empregado obriga- se a trabalhar e o empregador, a pagar pelos serviços prestados) Do contrato resultam obrigações contrárias e equivalentes. A parte que não cumpriu sua obrigação da parte contrária. Aplica-se a regra da exceptio nom adimpleti contratctus dos arts. 476 e 477 do Código Civil; d) comutativo: deve haver equivalência entre a prestação de trabalho e a contraprestação dos serviços. e) de trato sucessivo: deve ser continuativo, ou seja, decorrente de uma série de operações, não se completando com um ato singular: f) oneroso: o empregador deve pagar ao menos o salário mínimo ao empregado. A prestação gratuita de serviço não se caracteriza como contrato de trabalho; g) subordinativo: o empregado está subordinado às ordens do empregador. Condições do contrato de trabalho O contrato de trabalho deve obedecer às regras de todos os atos jurídicos, nos termos do art. 8º da CLT, que determina que o direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho. Assim, para a validade do negócio jurídico, deve existir (art. 104 do CC): ● agente capaz: absolutamente incapaz (menores de 16 anos) e relativamente incapaz (16 a 18 anos; ébrios habituais e viciados em tóxicos; os que não podem exprimir sua vontade; pródigos); ● objeto lícto, possível, determinado ou determinável; ● forma prescrita ou não defesa em lei. No direito do trabalho, o agente capaz é o maior de 16 anos, ou no caso do aprendiz, o maior de 14 anos. A capacidade absoluta, no direito do trabalho, se dá aos 18 anos, conforme o art. 402 da CLT. Assim, entre 14 e 18 anos, o menor, para efeitos trabalhistas, é relativamente capaz. Neste caso, o menor poderá trabalhar como empregado, mas o contrato haverá de ser celebrado também pelo pai, mãe ou responsável legal do adolescente. Havendo prestação de serviços por trabalhar menor de 16 anos, o contrato de trabalho é proibido, ou seja, apesar de contrário a lei, produz efeitos como se válido fosse. Durante a vigência do contrato, o menor pode assinar o recibo de pagamento de salário, mas não pode firmar termo de rescisão contratual (art. 439 da CLT). Somente com os pais é válido o TRTC de menor. O menor de 18 anos e maior de 16 anos também não pode realizar trabalho noturno, aquele considerado das 22h00 às 05h00. Já os maiores de 18 anos são totalmente capazes, perante a legislação civil e do trabalho. A segunda condição para o contrato de trabalho é que seu objeto seja lícito entende- se aquele considerado crime ou contravenção penal, contrário a moral e aos bons costumes. Exemplos: matador, banqueiro de jogo do bicho, traficante. Neste caso, se o empregado trabalha diretamente com a atividade ilícita, trata-se à de contrato de trabalho ilícito que não o pagamento de salário ou verbas rescisórias e em rescisórias e em contrapartida, o empregador não poderá pedir a restituição do valor pago. Finalmente, forma prescrita ou não defesa em lei significa dizer que o ajuste não é solene. Uma das características principais do contrato de trabalho é a sua informalidade, prescrita nos arts. 442 e 443 da CLT. No entanto, existem determinados contratos que devem obedecer à forma legal (são regras específicas aos respectivos contratos), tais como: ● o contrato de aprendizagem (art. 428 da CLT); ● o contrato da expediência (art. 443, $ 1º, da CLT; e Lei nº 9.601/98); ● contratos a prazo determinado (art. 433 da CLT); ● contrato em regime de tempo parcial (art. 58-A, $ 2º, da CLT); ● trabalho temporário (art. 11 da Lei nº 6019/74); ● trabalho voluntário (art. 2º da Lei nº 9.608/98), dentre outros. Classificação dos contratos O contrato de trabalho pode ser classificado: 1) quanto à forma, em contrato expresso (escrito ou verbal) ou tácito (arts. 442 e 443 da CLT). O contrato de trabalho escrito não é exigência legal, salvo por expressa determinação para o atleta profissional (Lei nº 6.354/76), artistas (Lei nº 6.533/78), o contrato de aprendizagem (art. 428 da CLT e Decreto nº 31.546/52), o contrato de trabalho temporário (Lei nº. 6.019/74) dentre outros. O contrato de trabalho verbal é aquele em que as partes convencionam verbalmente a prestação de serviços. O contrato de trabalho tácito ocorre quando não há manifestação escrita ou verbal, mas sua existênciaé resultante da prática reiterada da prestação de serviço, sem manifestação contraria por parte do empregador. Importante observa que o contrato de trabalho escrito verbal ou tácito deverá ser sempre registrado na carteira de trabalho do empregado (art.29 da CLT). 2) quanto à jornada: o contrato de trabalho não excederá 8 horas diárias ou 44 horas semanais (art. 58 da CLT), ou pode ser celebrado por regime de tempo parcial. Neste último, a jornada de trabalho do empregado não excede 25 horas semanais (art. 58-A da CLT); 3) quanto à duração: o contrato de trabalho pode ser por tempo indeterminado ou determinado. O ideal para o direito do trabalho é que os contratos de trabalho sejam firmados por tempo indeterminado de forma a prolongar a relação de trabalho até a aposentaria do empregado (regra geral). Isso porque, como explica Pedro Paulo Teixeira Manus (2002, p. 95), o trabalho é a fonte de subsistência do empregado, devendo o legislador fazer o possível para que as relações sejam perenes. De fato, a duração do contrato de trabalho decorre do sentido infinito da duração da empresa e do princípio da proteção do hipossuficiente. É com este espírito que o legislador privilegia o contrato sem prazo determinado, em detrimento dos contratos por prazo determinado, restringindo as hipóteses de predeterminação do prazo (prazo determinado é exceção). Deste modo, verifica-se que a indeterminação do prazo se presume, cabendo à parte interessada o ônus de provar que o contrato foi celebrado por prazo certo. O contrato por tempo indeterminado é, portanto, aquele cujo termo final não foi estabelecido pelas partes. Havendo dúvida ou ausência de estipulação pelas partes, entende-se que o contrato é por tempo indeterminado. O contrato por tempo determinado é aquele em que as partes, na admissão do empregado, fixam seu termo final, ou seja, ajustam antecipadamente seu termo. Por esse motivo, os contratos por tempo determinado são limitados pelo legislador, nos termos do art. 443, §§ 1º e 2º da CLT. No entanto, podem ser celebrados verbalmente. O § 1º do art. 443 da CLT estabelece que o contrato por prazo determinado é aquele cuja vigência depende de termo prefixado; ou da execução de serviços específicos, ou ainda da realização de evento suscetível de previsão. Portanto, o contrato de trabalho pode ser prefixado em dias ou meses, ou em razão de um evento previsível. Ademais, nos termos do § 2º do art. 443 da CLT, o contrato por prazo determinado só será válido em se tratando: ● de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo, ou seja, quando se tratar de serviço breve, efêmero ou temporário. Exemplo: implantação do sistema de computação em uma empresa; ● de atividade empresarial transitória, ou seja, quando a atividade do empregador é episódica, como, por exemplo, uma empresa que só funciona em determinadas épocas do ano (espetáculo teatral ou empresa que fabrica ovos de Páscoa, ou panetone de Natal); ● de contrato de experiência, quando o empregador irá testar a aptidão e a capacidade técnica do empregado enquanto este último avalia se as atividades desempenhadas correspondem as suas expectativas. O contrato por tempo determinado deve observa as seguintes regras gerais: a) não poderá exceder dois anos para os serviços de natureza transitória ou para as atividades empresariais transitórias e o contrato de experiência não poderá exceder dois anos para os serviços de natureza transitória ou para as atividades empresárias transitória e o contrato de experiência não poderá exceder 90 dias (art. 445 da CLT). A legislatória estabelece prazo máximo. No entanto, as partes poderão estabelecer prazos inferiores aos estipulados por lei, na medida de sua conveniência, até atingir o prazo máximo através da renovação (prorrogação) do contrato; b) só pode ser prorrogado por uma única vez, nos termos do art. 451 da CLT. Cumpre notar que a prorrogação nada mais é do que a continuação do contrato anterior e não um novo contrato; c) o contrato por prazo determinado não pode suceder outro em período inferior a seis meses (art. 452 da CLT). Neste caso, não há prorrogação do contrato de trabalho, mas sim sucessão, pois e celebrado um novo contrato. Exceção à regra ocorre se o término do contrato resultou da execução de serviços especializados ou da ocorrência de certo acontecimento. Havendo a sucessão do contrato por prazo determinado por outro em período inferior a seis meses, o contrato de trabalho será considerado para o prazo em indeterminado; d) o instituto da estabilidade no emprego é, em regra, incompatível com o contrato por tempo determinado, porque as partes já estipularam o termo final. Contrato de trabalho por tempo determinado da Lei nº 9.601 de 21/1/1998 (regulamentada pelo Decreto nº 2.490 de 4/2/1998). O contrato por prazo determinado previsto pela Lei nº 9.601/98 permite a contratação de empregados por tempo certo, através de acordo ou convenção coletiva de trabalho, independentemente das condições estabelecidas no § 2º do art. 443 da CLT, em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento para admissões que representem acréscimo no número de empregados. Assim, a contratação da Lei nº 9.601/98 poderá feita no comércio, indústria, serviços e no meio rural. Entretanto, é vetada a contratação de empregados por prazo determinado para a substituição de pessoal regular e permanente contratado por prazo indeterminado. É somente para o acréscimo de pessoal. Através de acordo ou convenção coletiva, as partes estabelecerão a indenização para as hipóteses de rescisão antecipada do contrato, não se aplicando o disposto nos arts. 479 e 480 da CLT. De modo, do acordo ou convenção coletiva que aprovar tais contratações deverão constar: a) indenização para hipóteses de rescisão antecipada do contrato; b) as multas pelo descumprimento de suas cláusulas. Não prevista a indenização na contratação coletiva, haverá nulidade do contrato por tempo determinado. O período de contrato não poderá ultrapassar o prazo de máximo de dois anos, permitindo-se sucessivas prorrogações. Portanto, não se aplica o disposto no art. 451 (referente à impossibilidade de sua prorrogação por mais de uma vez). Ademais, o contrato por prazo determinado poderá ser sucedido por outro de prazo indeterminado, além de estar assegurado o direito à estabilidade provisória (gestante , dirigente sindical, empregado integrante da CIPA e acidentado) durante a vigência do contrato por prazo determinado. O número de empregados contratados por prazo determinado deve observar o limite estabelecido em negociação coletiva, não podendo ultrapassar os percentuais de: a) 50 % dos trabalhadores, para parcelar até 49 empregados; b) 35 % dos trabalhadores para parcelar entre 50 e 199 c) 20% dos trabalhadores para parcelar acima de 200 empregados. Portanto para que as empresas possam admitir com base na lei, deverá haver aumento efetivo de quadro de pessoal e autorização sindical para tal contratação. Os contratos da lei nº 9.601/98 deverão ser obrigatoriamente escritos , pois o inciso II do art. 4º e o § 2º do mesmo artigo determinado que deverá haver o depósito do contrato no Ministério do Trabalho. Conversão do contrato por tempo determinado em indeterminado Para assegurar o cumprimento da regra geral de duração indeterminada dos contratos, a legislação brasileira estabelece como atenção ao não – cumprimento das normas legais a conversão do contrato estipulado por prazo certo em contrato por prazo indeterminado. Assim, o contrato por prazo determinado converte-se em contrato por prazo indeterminado, nas seguintes hipóteses: a) estipulação de prazo maior que o previsto em lei (de dois anos ou 90 dias); b) estipulado de contrato por prazo determinado foradas hipóteses previstas no § 2º do art. 443 da CLT; c) mais de uma prorrogação (art. 451 da CLT); d) sucessão por outro contrato por prazo determinado em prazo inferior a seis meses. Formas de rescisão do contrato por tempo determinado (Contrato Geral e contrato especial da Lei n. º 9601/98) O tempo estipulado do contrato de trabalho é o marco final prefixado pelas partes para sua extinção. Entretanto, havendo a rescisão antecipada sem justa causa, os efeitos do término do contrato dependerão da existência ou não de cláusula que preveja o direito recíproco de rescisão. A regra geral da CLT: se as partes não estipulam a possibilidade de rescisão antecipada do contrato de trabalho por tempo determinado e se rescisão foi provocada pelo empregador este será obrigado a pagar, a título de indenização, a metade da remuneração que o empregador teria direito até o final do contrato, conforme o atr 479 da CLT . Na mesma hipótese, se a rescisão antecipada decorre de vontade do empregado, este deverá indenizar o empregador pelos prejuízos sofridos efetivamente comprovados, até o limite do que lhe seria devido na situação inversa (art. 480 da CLT). Por fim, havendo cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão, as partes poderão rescindir o contrato antecipadamente. Porém, neste caso a rescisão acarretará os mesmos direitos do contrato por prazo indeterminado. Regra da Lei n.º 9601/98: havendo a rescisão do contrato por prazo determinado da Lei nº 9.601/98, a indenização é prevista no acordo ou na convenção coletiva de trabalho que o instituiu. Alteração do Contrato de Trabalho As condições do contrato de trabalho são estabelecidas pelas partes, em regra, no momento da contratação. Porém durante o seu desenvolvimento podem ocorrer condições por motivos econômicos, pessoais, jurídicos etc. A alteração das condições estabelecidas esbarra, em geral, no princípio legal da imodificabilidade, ou seja, da inalterabilidade das condições contratuais. O princípio da imodificabilidade está previsto no art. 468 da CLT, o qual determina que as condições do contrato de trabalho não podem ser modificadas unilateralmente. A inalterabilidade das condições do contrato de trabalho decorre da intervenção do Estado nas relações entre empregado e empregador, para que o primeiro não seja prejudicado com imposições do patrão. Caracteriza-se como norma de ordem pública que restringe a autonomia da vontade das partes contratantes, exprimido a intenção do principio de proteção ao empregado. A regra relativa à imodificabilidade das condições do contrato de trabalho é afastada quando houver concordância do empregado e ausência de prejuízo ao trabalhador. A legislação não explicou como deve ser exercido o consentimento do empregado. Assim, a concordância poderá ser escrita, verbal ou tácita, exceto quando se tratar de contratos de trabalho em que a forma escrita é obrigatória por lei. Quanto ao prejuízo, este pode ser imediato ou mediato, já que a alteração pode causar prejuízo no momento de sua modificação ou logo depois. Portanto, mesmo que exista concordância do empregado, se a alteração causar prejuízo imediato ou remoto ao empregado, esta não será válida, podendo o trabalhador prejudicando postular a recuperação dos danos sofridos com o retorno do contrato à situação anterior. Como bem esclarece Pedro Paulo Teixeira Manus (2002, p. 116), a mutabilidade é característica do contrato de trabalho, devendo, qualquer que seja revestida de validade. Jus variandi e jus resistentiae O jus variandi do empregador é o poder de realizar pequenas alterações no contrato de trabalho que não modifiquem substancialmente o pacto laboral. Decorre do poder de direção do empregador e da subordinação do empregado. Dentre as hipóteses de jus variandi, estão a possibilidade do horário de início das atividades ou até mesmo o turno de empregado (Súmula 265 do TST), além da possibilidade de alterar a sala onde o empregado trabalha, a localização de sua mesa (Martins, 2003, p. 180), ou ainda determinar o retorno do empregado de confiança ao cargo efetivo anteriormente ocupado (parágrafo único do art. 468 da CLT), bem como o retorno do empregado ao cargo anterior, quando chamado a ocupar interinamente, em comissão ou em substituição eventual ou temporária, cargo diverso do que exercia (art. 450 da CLT). Se o empregado entender que a modificação lhe traz prejuízos ou é ilegal, poderá resistir à alteração (jus resistentiae), pleiteando a rescisão indireta do contrato de trabalho (art. 483 da CLT) e indenização. Exceções à regra do art. 468 são as hipóteses previstas na Constituição Federal, que exigem a negociação coletiva (acordo ou convenção coletiva) para a sua validade, como a possibilidade de redução de salário prevista no inciso IV do art. 7º, o aumento da jornada de trabalho nos turnos ininterruptos de revezamento de seis meses para oito horas diárias (inciso XIV do art. 7º). Transferência de empregados Segundo o art. 469 da CLT, a transferência é o ato que altera o contrato de trabalho e provoca a mudança de domicílio do empregado. A regra é que essa transferência não é válida, salvo se preenchidos os requisitos legais. Desta forma, se o empregador “transferir” o empregado para outra seção, filial, setor, conhecimento, ou até mesmo município, mas sem acarretar sua mudança de domicílio, a alteração será considerada válida porque decorre do jus variandi, ou seja, é uma pequena alteração contratual que advém do poder de direção do empregador. (1ª opção – sem mudança de domicílio). Com a referida alteração não pode ser chamada de transferência, o empregado não tem o direito a receber qualquer adicional. Mas, diante da prestação de serviço em local mais distante de sua residência tem direito a um suplemento salarial correspondente ao acréscimo das despesas com transporte (Súmula 29 do TST) Se a alteração contratual acarretar a mudança de domicílio do trabalhador, será considerada transferência e, neste caso sua validade dependerá da concordância do empregado, além da demonstração de necessidade da prestação de serviços pelo empregado na outra localidade. (2ª opção – mudança do domicílio do trabalhador). Segundo o art. 70 do Código Civil de 2002, domicílio é o lugar onde a pessoa natural se estabelece com ânimo definitivo (onde a pessoa mora). No entanto, verifica-se que o legislador trabalhista não foi preciso ao utilizar a expressão domicílio, porque na verdade estava se referindo à ‘’ residência’’, ou seja, ao local onde o empregado permanece com habitualidade. Os requisitos para a validade de transferência são dois: a) consentimento do empregado; e b) demonstração da necessidade de prestação de serviços em outras localidades. A prova da necessidade de serviço é sempre obrigatória. No entanto, o consentimento do empregado não é exigível quando ele é transferido para exercer cargo de confiança, ou a possibilidade de a transferência decorrer de cláusula explicita ou implícita do contrato de trabalho. Assim, se o empregado exercer cargo de confiança, poderá ser transferido, independentemente de sua vontade, bastando para tanto que a empresa prove a real necessidade de serviço. O mesmo ocorre quando a transferência do empregado resultar de cláusula explícita (escrita) ou implícita do contrato de trabalho. Mas, paga o adicional de 25%. Obs: cargo de confiança trabalhista não se confunde com a mera chefia. É um indício. É o cargo com poder de gestão e autonomia organizacional e administrativa: gerentes, diretores, gestores etc. A cláusula será implícita quando decorrente da atividade da empresa ou do empregado, como, por exemplo, aeronauta, ferroviário, viajante, motorista rodoviário, viajante comercial, atleta profissional, dentre outros. Por outro lado, serálícita a transferência quando ocorrer a extinção do estabelecimento (art. 469, § 2º). Também neste caso, não há necessidade de concordância do empregado, pois o objetivo da lei é garantir a manutenção do emprego. Adicional de transferência É o pagamento suplementar de 25% do salário do empregado, devido em caso de transferência provisória para localidade diversa da que resultar do contrato. O direito ao adicional de transferência é exclusivo da transferência provisória, ou seja, não definitiva, mas sim temporária, devendo ser pago enquanto esta durar. Havendo transferência definitiva, o empregado não recebe o adicional, mas tem direito ao pagamento das despesas que efetuar com a mudança. Finalmente, é importante esclarecer que as transferências provisórias, que acarretam a mudança de domicílio do empregado, garantem o direito à percepção do adicional de transferência, mesmo quando o empregado exercer cargo de confiança, ou quando a condição estiver prevista implícita ou explicitamente no contrato de trabalho. A situação dos empregados transferidos para trabalhar no exterior por empresas prestadoras de serviços de engenharia, consultoria, projetos, obras etc., está regulada pela Lei nº 7.064/82, e, segundo boa parte da doutrina, deve ser aplicada analogicamente em todas as hipóteses de transferência de empregado originalmente contratado no Brasil removido para o exterior. Neste caso, a empresa deve garantir ao empregado transferido os direitos previsto na Lei nº 7.064/82, bem como: a) aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho; b) Previdência Social; c) FGTS e PIS / PASEP. A transferência do empregado para exterior depende de autorização do Ministério do Trabalho e não poderá exceder três anos salvo quando lhe for assegurado e seus dependentes o direito de gozar férias anuais no Brasil com despesas de viagem pagas pelas empresas estrangeiras (art 16 da Lei nº 7 .064/82). Perguntas: 1) Quem pode ser considerado empregador? 2) Como é a responsabilidade empregatícia em um grupo de empresas? 3) Caso uma empresa seja incorporada pela outra, como fica a relação de emprego dos funcionários da empresa incorporada? 4) Em um contrato de trabalho há uma cláusula que diz que o empregador não tem qualquer responsabilidade em relação à acidentes de trabalho que acontecem na empresa. Isso pode? 5) O que é um contrato? 6) O que é um contrato de trabalho? 7) Empregado pode ser pessoa jurídica? Por quê? 8) Existe poder de direção do empregador? Isso tem alguma importância para o mercado de trabalho? 9) O que quer dizer que o contrato de trabalho tem natureza institucionalista? 10) Quais são as condições para um contrato existir? 11) Posso empregar alguém para assaltar pessoas? 12) Se uma empregada desconhece a atividade ilícita do empregador, ela tem direitos trabalhistas? 13) É necessário escrever o contrato de trabalho para ele existir? 14) O que é um contrato de trabalho fácto? 15) Qual a regra da duração da jornada de trabalho? 16) Existe contrato de trabalho por tempo indeterminado?
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