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contabilidade_avancada_2020

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Prévia do material em texto

CON
TABILIDADE AVA
N
ÇA
DA
Sérgio A. Porciúncula Jr.
Código Logístico
59589
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6688-9
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 8 9
Contabilidade Avançada 
Sérgio A. Porciúncula Jr.
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e 
do detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: 
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
P871c
Porciúncula Jr., Sérgio A.
Contabilidade avançada / Sérgio A. Porciúncula Jr. - 1. ed. - Curitiba 
[PR] : Iesde, 2020. 
162 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6688-9
1. Contabilidade. 2. Investimentos. I.
20-65596 CDD: 657
CDU: 657
Sérgio A. 
Porciúncula Jr.
Mestrando em Governança e Sustentabilidade pelo 
Instituto Superior de Administração (ISAE). Especialista 
em Controladoria pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS). Graduado em Ciências Contábeis 
pela mesma instituição. Formação em Professional & 
Self Coach (PSC) pelo Instituto Brasileiro de Coaching 
(IBC). Foi professor das disciplinas de Perícia Contábil em 
Ciências Contábeis e Auditoria e Gestão de Risco, além 
de palestrante em treinamentos de contabilidade para 
escritórios jurídicos e instituições de ensino superior. 
Tem experiência nas áreas de consultoria, auditoria 
interna e externa e gestão administrativa e financeira.
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Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
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SUMÁRIO
1 Investimentos em participações societárias 9
1.1 Investimentos: conceitos e classificações 9
1.2 Influência significativa: aquisição e perda 12
1.3 Aplicação do Método da Equivalência Patrimonial 14
2 Redução ao valor recuperável de ativos 37
2.1 Ativos que podem estar desvalorizados 38
2.2 Mensuração do valor recuperável 47
2.3 Desvalorização e sua reversão 55
3 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes 61
3.1 Principais conceitos e critérios de reconhecimento 62
3.2 Mensuração de provisões, passivos e ativos contingentes 72
3.3 Mudanças nas provisões 76
4 Mensuração do valor justo 82
4.1 Principais conceitos do valor justo 82
4.2 Formas de mensuração para ativos e passivos 85
4.3 Técnicas aplicadas à mensuração do valor justo 91
4.4 Hierarquia do valor justo 94
4.5 Identificando transações que são forçadas 102
4.6 Divulgação 102
5 Receita de contratos com clientes 105
5.1 Principais conceitos dos contratos com clientes 105
5.2 Reconhecimento, mensuração e custo do contrato 110
5.3 Julgamentos significativos a serem observados 129
6 Arrendamentos 134
6.1 Principais conceitos de arrendamento 134
6.2 Identificação de arrendamento 137
6.3 Mensuração do arrendamento: inicial e subsequente 143
 Gabarito 157
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APRESENTAÇÃOVídeo
Esta obra trata de tópicos selecionados com base nas práticas 
contábeis adotadas no Brasil por meio dos Pronunciamentos Técnicos 
(também conhecidos como CPC), que são amplamente discutidos 
pelos profissionais contábeis e, muitas vezes, classificados como 
de complexidade média ou avançada devido aos desafios em suas 
interpretações e adoções. 
Nesse sentido, o objetivo principal dessa obra é detalhar esses 
conteúdos buscando torná-los mais acessíveis e de maior compreensão 
para esses profissionais, bem como para o público em geral, que faz uso da 
contabilidade como instrumento de tomada de decisão. 
Nesse viés, no primeiro capítulo discorro sobre os investimentos em 
participações societárias por meio do Pronunciamento Técnico CPC 
18(R2) – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento 
Controlado em Conjunto, passando pelos principais conceitos: influência 
significativa; controle, alcance, uso e descontinuidade do método 
de equivalência patrimonial; alocação de ágio nos investimentos em 
participações; mensuração e reconhecimento.
No segundo capítulo, trato do Pronunciamento Técnico CPC 01(R1) – 
Redução ao Valor Recuperável de Ativos e dos procedimentos a serem 
seguidos pelos profissionais contábeis quanto à identificação dos ativos 
que podem estar desvalorizados, técnicas de mensuração, reconhecimento 
da perda por desvalorização e situações em que pode ocorrer a reversão 
das eventuais perdas apuradas. 
O terceiro capítulo abrange o Pronunciamento Técnico CPC 25 – 
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e as diferenças 
existentes entre Provisões, Passivos e Ativos Contingentes, Contas a Pagar 
e Provisões Accruals. Reconhecimento contábil, mensuração de riscos e 
incertezas, e contrato oneroso também são temas relevantes devido ao 
grau de julgamento profissional aplicado nessas estimativas contábeis 
elaboradas.
Sobre o Pronunciamento Técnico CPC 46 – Mensuração do Valor Justo, 
trato, no quarto capítulo, das formas de mensuração do valor justo, como 
as técnicas de avaliação aplicadas na mensuração, as hierarquias e outros 
temas correlatos que proporcionam o adequado entendimento do uso do 
valor justo nas demonstrações contábeis das empresas. 
No quinto capítulo, abordo o Pronunciamento Técnico CPC 47 – Receita 
de Contrato com Cliente com base no modelo de cinco etapas para 
reconhecimento da receita e os julgamentos significativos e necessários 
para determinadas situações e aspectos de divulgação nas demonstrações 
contábeis.
8 Contabilidade Avançada
No último e sexto capítulo, abordo o Pronunciamento Técnico CPC 06(R2) – 
Arrendamentos, o qual representa um dos melhores exemplos da observância do princípio 
da essência sobre a forma que o profissional contábil deve conhecer. Além disso, discorro 
sobre os principais conceitos, como a identificação de um arrendamento, a mensuração e 
reconhecimento inicial e subsequente dessas transações, os impactos no ativo, no passivo 
e no resultado do arrendador e arrendatário e suas respectivas divulgações.
Por fim, como forma de agradecimento, dedico esta obra a minha esposa, Simone, 
companheira e apoiadora incondicional em todos os momentos da minha vida, a minha 
mãe, Nádia, ao meu pai, Sérgio, aos meus sogros, Paulo e Eva, e in memoriam dos meus 
avós, Maria e José Carlos, e meu irmão, Piérre. 
Investimentos em participações societárias 9
1
Investimentos em 
participações societárias
A necessidade de se estudar os investimentos em participações socie-
tárias nasce das transações de compras e vendas celebradas no nível 
da administração das empresas e que migram para o campo contábil. 
Sob a ótica da formalização dessas compras e vendas, podemos citar 
como exemplos de eventos motivadores: o desenvolver de um plano 
estratégico de diversificação dos resultados por meio do lucro obtido 
com investimentos em outras empresas; a compra de uma empresa 
concorrente no mercado para “controlar” a concorrência e aumentar 
o market share; um plano de expansão das operações e da marca da 
entidade com abrangência internacional.
Pela relevância do assunto, o objetivo deste capítulo é levar até você, 
estudante efuturo profissional contábil, os principais tópicos seleciona-
dos, tendo como principal referência o Pronunciamento Técnico CPC 18 
(R2) – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento 
Controlado em Conjunto, corroborando o relevante papel da contabilida-
de no ambiente corporativo e no apoio à tomada de decisão empresarial.
Boa leitura!
1.1 Investimentos: conceitos e classificações
Vídeo Podem existir várias razões para que a gestão de uma empresa decida investir 
em outras empresas. Independentemente das motivações, é fato que, para o corre-
to prosseguimento desses investimentos, o profissional contábil deve estar atento 
e preparado para acompanhar o desenrolar das transações e os procedimentos 
necessários, com o objetivo de viabilizar, concretizar e proceder os registros contá-
beis adequados.
O estudo, a avaliação e a divulgação dos investimentos em participações societárias 
são o objeto da contabilidade desde a Lei n. 6.404/1976. Entretanto, foi com o advento 
da harmonização das práticas contábeis brasileiras, com a Lei n. 11.638/2007, que os 
pronunciamentos, as orientações e as interpretações técnicas começaram a ser emiti-
10 Contabilidade Avançada
dos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Desde a publicação desses do-
cumentos técnicos, também pudemos verificar alterações significativas no tratamento 
contábil de eventos e transações com a inclusão de conceitos, classificações das par-
ticipações e movimentações societárias, que passaram a ser exigidas e observadas.
No Quadro 1, a seguir, são apresentados os documentos técnicos foco des-
te capítulo e as respectivas normas do Conselho Federal de Contabilidade 
(Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC), as quais endossaram a emissão dos 
Pronunciamentos, e as correspondentes Normas Internacionais (IFRS).
Quadro 1
Relação dos correspondentes CPC, NBC e IFRS
Documentos emitidos pelo CPC NBC emitidas pelo CFC
Normas Internacionais 
de Relatórios Financeiros 
(IFRS)
Pronunciamento Técnico CPC 18 
(R2) – Investimento em Coligada, em 
Controlada e em Empreendimento 
Controlado em Conjunto.
NBC TG 18 (R2) – 
Investimento em Coligada, 
em Controlada e em Em-
preendimento Controlado 
em Conjunto.
IAS 28 – Investments 
in Associates and Joint 
Ventures.
Interpretação Técnica ICPC 09 
(R2) – Demonstrações Contábeis 
Individuais, Demonstrações 
Separadas, Demonstrações 
Consolidadas e Aplicação do Método 
da Equivalência Patrimonial.
ITG 09 (R1) – Demonstrações 
Contábeis Individuais, 
Demonstrações Separadas, 
Demonstrações Consolidadas 
e Aplicação do Método de 
Equivalência Patrimonial.
Sem correspondente 
equivalente no IFRS.
Fonte: Elaborado com base em CPC, 2012b e 2012c.
1.1.1 Conceitos
Antes de avançarmos, destacamos os principais conceitos que lhe auxiliarão no 
entendimento mais aprofundado dos tópicos à medida que são apresentados. Os 
termos são indicados no item 3 do CPC 18 (R2) (2012b) e contam com algumas ex-
plicações complementares, quando necessário.
 • Coligada: “entidade sobre a qual a investidora tem influência significativa”, ou 
seja, detém 20% ou mais do capital votante, sem controlá-la.
 • Controlada: “entidade que é controlada por outra entidade”, ou investidora.
 • Controladora (ou investidora): “entidade que controla uma ou mais 
controladas”.
 • Influência significativa: poder (ou capacidade) que a investidora tem de to-
mar decisões sobre políticas financeiras, operacionais e estratégicas da in-
vestida, sem que haja o controle individual ou o conjunto dessas políticas. A 
influência significativa é presumida quando a investidora detiver 20% ou mais 
do poder de voto da investida, sem deter o seu controle.
 • Controle sobre a investida: “quando a investidora controla e tem preponderân-
cia em decisões, políticas financeiras e operacionais da investida” (CPC, 2012d). O 
controle também se relaciona com os direitos da investidora sobre o que cha-
mamos de retornos variáveis decorrentes de seu relacionamento com a investi-
da e a capacidade da investidora de afetar esses retornos, acessar os benefícios 
e revertê-los para si. Os retornos variáveis podem ser explicados como sendo 
A Lei n. 11.638/2007 aprovou 
os dispositivos para recepcionar 
os Pronunciamentos Contábeis 
(CPC), com base nas International 
Financial Reporting Standard 
(IFRS), em português, 
Normas Internacionais de 
Relatório Financeiro, e concretizou 
o processo de harmonização das 
práticas contábeis adotadas no 
Brasil com as práticas contábeis 
internacionais.
Saiba mais
Investimentos em participações societárias 11
as decisões estratégicas tomadas pela investidora que impactam diretamente 
os resultados operacionais da investida.
 • Negócios em conjunto 1 : “negócio do qual duas ou mais investidoras têm o 
controle conjunto sobre a investida”, estando vinculadas por acordo contra-
tual que dá controle conjunto.
 • Controle conjunto sobre a investida 1 : “quando duas ou mais investido-
ras compartilham o controle de uma mesma investida”, ou seja, não há uma 
única parte que tenha o poder de controle individualmente; esse controle é 
contratual e exige o consentimento unânime das partes que o compartilham.
 • Método da equivalência patrimonial: “método utilizado para refletir na 
contabilidade da investidora as mutações do patrimônio líquido ocorridas 
nas investidas, independentemente se for uma coligada, controlada ou um 
empreendimento controlado em conjunto”.
 • Potencial direito de voto: a investidora detém o poder de voto adicional ou 
a redução do voto de outra parte investidora sobre as políticas financeiras e 
operacionais da investida, que podem ser concedidos por meio de direitos de 
subscrição, opções de compras de ações, debêntures, instrumentos de dívida 
ou semelhantes com potencial de exercício ou conversão. O potencial direito 
de voto de uma investidora também deve ser considerado no momento de 
avaliar se a entidade possui ou não influência significativa ou controle.
1.1.2 Classificações
O CPC 18 (R2) deve ser aplicado em todas as empresas que tenham investimen-
tos em participações societárias, sejam elas investidoras com controle individual, 
com conjunto de investidas ou com influência significativa sobre as investidas.
Você deve estar se perguntando: por que a relação societária entre a investidora 
e a investida é importante? Qual é o impacto de se classificar ou não um investi-
mento de acordo com o CPC 18 (R2)?
A melhor maneira de respondermos a esses questionamentos é observarmos 
na Figura 1 o desdobramento da análise do relacionamento societário entre a in-
vestidora e a investida, bem como seus reflexos.
Figura 1
Árvore de decisão e classificação de investimentos em participações societárias
O investimento é mantido 
para a venda?
2º
CPC 18 (R2) e uso do método 
da equivalência patrimonial
3ºA investidora possui 
influência significativa ou 
acesso aos retornos 
associados aos interesses de 
propriedade na investida?
1º
CPC 48 – Instrumentos Financeiros 
(*)
CPC 31 – Ativo Não Circulante 
Mantido para Venda e Operação 
Descontinuada
Sim
Não Sim
Não
(*) Quando o CPC 48 é selecionado, o método da equivalência patrimonial não pode ser aplicado.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Os negócios em conjunto e o 
controle conjunto devem ser 
analisados com base no CPC 19 
(R2) – Negócios em Conjunto. 
Porém o reconhecimento inicial 
e as mensurações subsequentes 
devem ser feitos de acordo com 
o CPC 18 (R2). Ou seja, a parti-
cipação precisa ser avaliada pela 
equivalência patrimonial.
1
12 Contabilidade Avançada
No primeiro quadro da Figura 1 vemos a análise inicial do relacionamento so-
cietário entre a investidora e a investida. A existência de pouca ou nenhuma in-
fluência significativa (inferior a 20%) ou o não acesso aos retornos variáveis na 
investida definirão se deve ser aplicado o CPC 18 (R2) ou o CPC 48 – Instrumentos 
Financeiros 2 . A interpretação errônea desses conceitos levará ao uso do CPC ina-
dequado e ao registro contábilincorreto das participações societárias.
Passando ao segundo quadro, verificamos que a análise é relacionada com a inten-
ção e a capacidade de a investidora vender o investimento em sua condição presente. 
É importante que o profissional contábil obtenha esses esclarecimentos junto à admi-
nistração da investidora, pois as respostas o orientarão a usar ou não o CPC 31 – Ativo 
Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada 3 .
No terceiro quadro, o profissional contábil poderá, por fim, classificar os inves-
timentos em participações societárias, de acordo com o CPC 18 (R2). Empresas de 
capital de risco, fundos mútuos, trustes e entidades similares não devem utilizar 
o CPC 18 (R2) para investimentos em coligadas e controladas. Estas organizações 
mantêm aplicações em participações societárias para fins de negociação no mer-
cado financeiro e, por isso, devem classificar seus investimentos pelo CPC 48 – 
Instrumentos Financeiros, bem como avaliá-los ao valor justo.
As análises devem ser feitas para cada um dos investimentos que a investidora possui, e sempre que houver alterações nas 
participações societárias.
Importante
1.2 Influência significativa: aquisição e perda
Vídeo A influência significativa é um dos principais conceitos que norteiam a obser-
vância e a aplicação do CPC 18 (R2), e tem um certo nível de subjetividade. Por 
essa razão, entender quando ocorre a aquisição e a perda da influência significati-
va é fundamental para a adoção adequada desta norma técnica pelo profissional 
contábil.
1.2.1 Aquisição da influência significativa
Antes da harmonização das práticas contábeis entre os CPC e os IFRS, as legisla-
ções societária e contábil indicavam que a classificação de coligadas e controladas 
deveria ser feita com base no percentual de participação societária que a investi-
dora possuía sobre as investidas. Certamente, era um critério mais objetivo. Por 
outro lado, muitas vezes não refletia o relacionamento negocial entre investidora 
e investida.
Mas o que é um relacionamento negocial entre empresas? Um exemplo prático 
ocorre quando a investidora se beneficia de sinergias operacionais com as investi-
das, geralmente de maneira exclusiva, decorrentes de poderes que lhe são conferi-
dos por acordos contratuais e instrumentos de capital celebrados entre as partes, 
os quais acabam potencializando os lucros e a geração de caixa para a investidora.
O CPC 48 não será abordado 
neste livro, contudo, seu objetivo 
“é apresentar informações per-
tinentes e úteis aos usuários de 
demonstrações contábeis para 
a avaliação dos valores, época e in-
certeza dos fluxos de caixa futuros 
da entidade” (CPC, 2016).
2
Não trataremos do CPC 31 
neste livro, contudo, seu objetivo 
é “estabelecer a contabilização de 
ativos não circulantes mantidos 
para venda (ou colocados à venda) 
e a apresentação e a divulgação 
de operações descontinuadas” 
(CPC, 2009).
3
Investimentos em participações societárias 13
Antes do CPC 18 (R2), os acordos não eram analisados e/ou divulgados. Esse 
cenário mudou com a introdução do conceito de influência significativa, alinhada 
à Lei n. 6.404/1976 (art. 243, §1º, alterações introduzidas pela Lei n. 11.638/2007 e 
pela Lei n. 11.941/2009).
Assim, de acordo com a legislação societária, o CPC 18 (R2) (2012b), no item 
5, menciona que “se a investidora mantém, direta ou indiretamente (por meio de 
controladas, por exemplo) vinte por cento ou mais do poder de voto da investida, 
presume-se que ela tenha influência significativa [sem controlá-la], a menos que 
possa ser claramente demonstrado o contrário”. Nessa situação, a investida será 
classificada como uma coligada.
Porém, ainda conforme o item 5 do documento, “se a investidora detém, di-
reta ou indiretamente, menos de vinte por cento do poder de voto da investida, 
presume-se que ela não tenha influência significativa, a menos que essa influência 
possa ser claramente demonstrada” (CPC, 2012b). Nesse cenário, a classificação 
do investimento será tratada pelo CPC 48 – Instrumentos Financeiros, conforme 
mencionado no tópico 1.1.2.
A análise completa e adequada da influência significativa prevê que a investido-
ra “considere a existência e o efeito dos direitos de voto potencial que forem pron-
tamente exercíveis ou conversíveis para fins de determinar se possui influência 
significativa ou controle” (CPC, 2012b).
A existência de influência significativa pela investidora é evidenciada por um ou 
mais dos itens listados a seguir, conforme item 6 do CPC 18 (R2) (2012b):
a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida;
b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em deci-
sões sobre dividendos e outras distribuições;
c) operações materiais entre a investidora e a investida;
d) intercâmbio de diretores ou gerentes;
e) fornecimento de informação técnica essencial [Ex.: direitos industriais e 
tecnológicos da investidora que a investida depende].
O item (a) do CPC 18 (R2) indica que a investidora pode deter o direito de 
eleger representantes que ocupam cargos relevantes, os quais decidirão a seu 
favor no estabelecimento e na execução de suas estratégias. Por exemplo, a 
investidora pode selecionar representantes na investida em número suficien-
te de diretores ou conselheiros que decidam a favor dos seus interesses em 
reuniões.
Para o item (b), é possível apontar situação semelhante ao item (a), com 
a clara defesa dos interesses da investidora no processo de elaboração de 
políticas relevantes da investida. Já em relação aos itens (c) e (e), a investido-
ra poderá exercer sua influência na celebração de operações relevantes com 
sua investida, até mesmo em caráter de exclusividade, tendo acesso e com-
partilhando direitos industriais e tecnológicos, o que geralmente é tratado de 
modo sigiloso e confidencial pela maioria da administração de empresas, por 
ser a “alma” do negócio.
14 Contabilidade Avançada
Por último, o item (d) revela que a investidora pode promover o intercâmbio de 
pessoas-chave no nível decisório e mesmo operacional. Além de influenciar nas 
decisões, ela pode “aprender” com o intercâmbio e “copiar” esses procedimentos 
e processos para as suas atividades, sem se preocupar com direitos industriais e 
autorais, o que, sem dúvida, é um grande diferencial negocial e estratégico.
Em suma, a influência significativa é verificada em diversos níveis, naturezas 
e tipos de eventos, mas todos concedendo um benefício diferenciado à investi-
dora, se compararmos com outras partes interessadas (de mercado) fora desse 
relacionamento.
1.2.2. Perda da influência significativa
Da mesma maneira que a investidora pode adquirir influência significativa so-
bre a sua investida, ela também pode perder essa influência, o que ocorre quando 
se deixa de ter o poder de participar das decisões sobre as políticas financeiras, 
operacionais e estratégicas da investida. Isso ocorre com ou sem mudança no nível 
de participação acionária absoluta ou relativa.
Com a perda, a investidora deve suspender o uso do método da equivalência 
patrimonial a partir da data que o fato foi constatado. Se mesmo assim a investi-
dora ainda mantiver participação societária na investida, o investimento passará a 
ser contabilizado como um instrumento financeiro, de acordo com o CPC 48 (2016).
1.3 Aplicação do Método da Equivalência Patrimonial
Vídeo Chegamos ao tema mais relevante desse capítulo: o Método da Equivalência 
Patrimonial (MEP), que é um dispositivo de avaliação dos investimentos em par-
ticipações societárias. Ao todo, existem três métodos: Equivalência Patrimonial, 
Custo e Valor Justo. No entanto, o escopo deste capítulo é tratar do MEP.
O MEP é o método em que o investimento na participação societária da em-
presa adquirida (investida) é inicialmente reconhecido pela investidora pelo seu 
valor de custo (valor pago na aquisição da participação societária). A partir dessa 
data, a participação societária passa a ser ajustada periodicamentepara refletir as 
mudanças no Patrimônio Líquido e os eventos econômicos das investidas (lucros, 
por exemplo).
Esse método deve ser aplicado a partir da data em que a investida se tornar 
uma coligada, uma controlada ou um negócio em conjunto, conforme a previsão 
do CPC 18 (R2) (2012b) e da Lei n. 6.404/1976, art. 248.
Para fins de comparação, no Método do Custo a investidora registra a compra 
da participação societária pelo valor de custo (valor pago) e não faz novas altera-
ções nele, mesmo que ocorram mutações no Patrimônio Líquido das investidas. 
Os dividendos a receber da investida são registrados como receita na investidora, 
quando o direito do recebimento for estabelecido.
Apesar das vantagens, o MEP apresenta complexidades e peculiaridades que 
devem ser observadas com atenção pelos profissionais contábeis. Por essa razão, 
é importante que você conheça os procedimentos para a aplicação adequada.
Investimentos em participações societárias 15
1.3.1 MEP: um guia passo a passo
Você pode estar pensando: entendo que o assunto é complexo e que terei 
dificuldades, mas por onde devo começar? Preparamos um passo a passo com 
orientações e sugestões a serem utilizadas como referência no uso do MEP. Ressal-
tamos que os itens a seguir foram fundamentados na premissa de que a investi-
dora já possui participação societária em uma investida 4 e que, nesse momento, 
ela está efetuando os procedimentos contábeis atualizando os saldos do grupo de 
investimento para a data de um fechamento contábil com base nas mudanças no 
Patrimônio Líquido e nos eventos econômicos das investidas.
1º passo – Levantando e analisando os documentos societários.
Após confirmar a classificação da participação societária no escopo do 
CPC 18 (R2), conforme os passos comentados, o profissional contábil analisará os 
documentos societários e os instrumentos patrimoniais que a investidora celebrou 
com cada uma das investidas. São alguns exemplos:
 • contrato, estatuto social, atas com o aumento de capital e a emissão de novas 
ações e/ou diluição de participação das outras investidoras;
 • atas com deliberação pela distribuição de dividendos intermediários ou aci-
ma dos dividendos obrigatórios;
 • contratos de venda, ou intenção de venda, de participação societária;
 • contratos de elaboração de parceria com outras empresas.
Com os documentos em mãos, o profissional contábil terá condições de avaliar 
a existência de influência significativa por meio de:
a. participação societária da investidora sobre as investidas;
b. efeitos de instrumentos de capital e/ou de dívida; 
c. potenciais direitos de voto.
Dentre esses eventos, (b) e (c) exigem mais atenção do profissional devido à sua 
complexidade, pois, caso se confirmem, assumimos que a investidora teria condi-
ções de converter ou exercer seus direitos potenciais de voto, e eles alterarão o 
percentual de participação a ser aplicado no cálculo do MEP da investidora sobre 
a investida.
Por haver muitos detalhes a serem observados e atendidos, recomendamos 
que o profissional contábil elabore uma planilha eletrônica para auxiliá-lo no acom-
panhamento de todos os eventos societários realizados pela investidora com as 
investidas. A análise desse passo é aplicável a todas as investidas localizadas no 
Brasil e/ou no exterior.
Os reflexos dos eventos descritos em (b) e (c) podem modificar a classificação de um investimento inicialmente contabilizado 
pelo CPC 48 para o CPC 18 (R2), como o uso do MEP e, até mesmo, a necessidade de reapresentação das demonstrações con-
tábeis, conforme o CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro, o qual não é escopo deste livro.
Importante
2º passo – Limite de defasagem entre as datas de demonstrações contábeis da 
investidora e das investidas.
Na próxima seção, 1.3.2, você 
verá os procedimentos que a 
investidora deve seguir quando 
for apurado que passou a deter o 
controle sobre a investida, da qual 
já detinha a participação.
4
16 Contabilidade Avançada
Em relação à defasagem de datas, o CPC 18 (R2) (2012b) e o art. 248 da Lei 
n. 6.404/1976 determinam que a investidora deve utilizar a demonstração contá-
bil mais recente da investida para a realização do cálculo do MEP.
O item 33 do CPC 18 (R2) (2012b, grifo nosso) também indica que “quando o 
término do exercício social da investida for diferente daquele da investidora, a 
investida deve elaborar demonstrações contábeis na mesma data das demons-
trações da investidora”.
Mas como proceder se a investida não puder atender à obrigatoriedade de 
preparar as suas demonstrações contábeis na mesma data da investidora? Quan-
do isso acontecer, serão aceitas demonstrações com uma defasagem máxima 
não superior a dois meses (60 dias) entre as datas de encerramento das demons-
trações contábeis da investida e da investidora.
Fique atento: durante o período de defasagem pode ser necessário fazer ajus-
tes contábeis que impactam a base do valor do MEP em decorrência de efeitos 
de transações e eventos relevantes, como: dividendos pagos, aumento de capital, 
ocorrência de sinistro na empresa e perdas não esperadas. A análise desse passo 
é aplicável a todas as investidas localizadas no Brasil e/ou no exterior.
3º passo – Investidas localizadas no exterior: atenção aos eventos específicos.
O MEP também deve ser adotado para investimentos realizados no exterior. 
Todavia eles precisam ser tratados com um maior nível de atenção devido a even-
tos específicos e reflexos contábeis decorrentes da moeda estrangeira (por exem-
plo: dólar, euro) sobre a moeda brasileira (real), conforme tratado a seguir:
a. Taxa de câmbio usada na integralização de capital de investida no exterior.
A formalização da integralização de capital de uma investida no exterior segue 
os mesmos passos de uma integralização realizada no Brasil, observando as leis 
do país em que a investida está localizada. Assim, esse processo se dá por meio 
dos respectivos documentos societários assinados e vigentes e pela remessa dos 
recursos financeiros da investidora para o país onde a investida está sediada. 
Entretanto, você pode ter a seguinte dúvida: qual taxa de câmbio devo utilizar 
para registrar a integralização de capital nos livros contábeis da investidora no 
Brasil? Pare e reflita sobre essa situação e os fatos apresentados. Na sua opinião, 
qual será a taxa de câmbio que melhor reflete a integralização?
No Brasil, o valor da integralização da investidora deve ser registrado em 
moeda nacional (real) pelo valor efetivamente desembolsado, ou seja, o valor em 
moeda estrangeira da integralização, convertido pela taxa de câmbio corrente na 
data da remessa dos recursos ao exterior.
Considerando que a operação de envio dos recursos financeiros para o ex-
terior é celebrada via banco, a taxa de câmbio será aquela que constar no con-
trato de câmbio assinado entre a investidora e a instituição financeira, o mesmo 
raciocínio funciona para os aumentos de capital subsequentes. A análise desse 
passo é aplicável somente às investidas localizadas no exterior. Para as nacionais, 
a contabilização ocorrerá conforme os atos societários referentes à integralização 
de capital sempre na moeda corrente: o real.
É importante que o 
profissional contábil 
observe o conceito de 
moeda funcional para 
avaliar a moeda na qual 
os registros contábeis 
das transações poderão 
ocorrer. Para se aprofun-
dar no assunto, recomen-
damos o estudo do CPC 
02 – Efeitos das mudanças 
nas taxas de câmbio e 
conversão de demonstrações 
contábeis.
Disponível em: http://www.cpc.
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/
Pronunciamentos/Pronunciamen-
to?Id=9. Acesso em: 27 jul. 2020.
Leitura
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9Investimentos em participações societárias 17
Vejamos o Caso Prático 1 da situação indicada:
A Companhia ABC Brasil (investidora) efetuou o aumento de capital em sua coligada Construldor, localizada na Itália, no valor (em 
euro) de 500.000,00. O contrato de câmbio com a remessa das divisas do Brasil para a Itália foi celebrado no dia 02/02/2019 com 
uma taxa de câmbio de 1 euro: R$ 4,3801. A taxa do câmbio do euro em 28/02/2019 era de 1 euro: R$ 4,4001.
a) Qual será o valor do aumento de capital a ser contabilizado pela investidora no saldo contábil do grupo de investimento 
no fechamento contábil do mês de fevereiro de 2019, em reais?
b) Efetue os respectivos lançamentos contábeis na investidora.
Caso Prático 1
b. Dividendos recebidos de investidas no exterior e no Brasil.
Quando a investidora receber dividendos de investidas no exterior, que são ava-
liadas pelo MEP, o montante deve ser registrado como redução na respectiva conta 
do grupo de investimento, na investidora, em reais, mas observando a conversão 
da moeda estrangeira pela taxa de câmbio na data do recebimento, ou seja, na 
data em que o contrato de câmbio foi efetivado pela instituição bancária pela qual 
os recursos estão sendo recebidos pela investidora.
Mas atenção: se o registro do dividendo na investidora ocorrer antes do recebi-
mento, isto é, pela declaração de dividendo da investida em favor da investidora, a 
taxa de câmbio de conversão será, inicialmente, na data do registro da declaração 
de dividendo pela investidora. As variações cambiais registradas entre a data do 
registro inicial até a data do recebimento serão reconhecidas pela investidora na 
conta de dividendos a receber em contrapartida da conta de investimentos, e não 
serão reconhecidas no resultado ou no Patrimônio Líquido. A análise desse passo 
é aplicável somente às investidas localizadas no exterior.
No caso de dividendos recebidos de investidas nacionais, avaliadas pelo MEP, 
as distribuições recebidas reduzem o valor contábil do investimento e não influen-
ciam as contas de resultado da investidora. Por isso, os dividendos devem ser re-
gistrados a crédito da conta de investimentos e a débito da conta de bancos pelo 
recebimento, ou em dividendos a receber, no caso de o direito ao recebimento ter 
sido estabelecido, mas não recebido.
Para entender melhor as movimentações de dividendos recebidos (tanto de in-
vestidas no exterior quanto no Brasil), pense neles como uma “realização parcial 
do investimento” dos lucros anteriormente reconhecidos pelo MEP. Esse tratamen-
to contábil é diferente do que ocorre no caso de um investimento mantido pelo 
Método de Custo, em que os dividendos são contabilizados pela investidora na 
conta de Receita de Dividendos (Resultado do Exercício), tendo por contrapartida a 
conta de Dividendos a Receber ou Bancos, caso o dividendo já tenha sido recebido.
Observemos o Caso Prático 2:
No dia 18/12/2018, a administração da Construldor (investida localizada na Itália) aprovou a distribuição de dividendos mí-
nimos obrigatórios para a sua investidora, a Companhia ABC Brasil, no valor (em euro) de 50.000,00 para o exercício de 2018, 
com base no pré-fechamento contábil realizado. No dia 18/12/2018, a taxa de câmbio era de 1 euro: R$ 4,4001. O recebimento 
bancário dos dividendos ocorreu em 27/12/18 pela taxa de câmbio de 1 euro: R$ 4,4502.
a) Calcule o valor dos dividendos aprovados em reais, considerando a data de aprovação e a data de recebimento, bem 
como a variação cambial.
b) Efetue a contabilização na investidora na data de recebimento. Considere, também, os lançamentos contábeis do 
efeito da variação cambial.
Caso Prático 2
18 Contabilidade Avançada
c. Uniformidade (ou alinhamento) das práticas contábeis.
O cálculo do MEP pressupõe que as demonstrações contábeis das investidas 
seguem as mesmas práticas contábeis da investidora. Caso a investida adote 
práticas diferentes das usadas pela investidora, será necessário realizar ajustes 
para uniformizar as demonstrações contábeis das empresas antes de se efetuar 
o MEP. Esse passo é relevante se pensarmos que práticas contábeis diferentes 
podem levar a resultados diferentes nas contas patrimoniais e no resultado, o 
que impactará o patrimônio das investidas e, consequentemente, a apuração do 
MEP na investidora.
Você pode estar se perguntando: mas como fazer essa uniformização? 
Muitas vezes, o profissional contábil da investidora deve realizar um levanta-
mento geral – que podemos chamar de diagnóstico contábil – para conhecer 
as práticas contábeis das investidas no país onde elas estão sediadas e quais 
serão os ajustes contábeis necessários para o alinhamento das práticas apli-
cadas pela investidora no Brasil.
Uma boa recomendação é documentar todos os ajustes efetuados em uma 
planilha eletrônica com os registros extracontábeis necessários. Essa medida 
é importante para garantir a uniformização, manter todos os documentos que 
deram suporte, bem como o histórico desses ajustes contábeis realizados ao 
longo do tempo em que estiveram vigentes.
Vejamos um exemplo:
Exemplo
A investida CarGoWayUS, localizada nos EUA, tem como prática contábil local 
efetuar a provisão para estoques de baixo giro considerando um percentual his-
tórico de 2% sobre o saldo total dos estoques de produtos acabados. Esse valor 
foi definido após estudos internos aprovados.
A investidora CarGoWay Brasil possui uma prática contábil mais conserva-
dora. Sua provisão para estoques de baixo giro é de 3% sobre o saldo total 
dos estoques de produtos acabados, também definida com base em estudos 
aprovados.
Para fins de aplicação do MEP, a investidora deve fazer o alinhamento da práti-
ca contábil local da investida CarGoWayUS com a sua prática brasileira. Para isso, 
deverá complementar a provisão da investida em 1%, atingindo o total de 3%, con-
forme detalhes da Tabela 1 a seguir:
Tabela 1
CarGoWayUS (investida)
Saldo contábil – estoque de produtos acabados em 31/12/2019 USD 100.000,00
Percentual de provisão p/ estoque de baixo giro 2%
Saldo da provisão contabilizada pela CarGoWayUS USD 2.000,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
Investimentos em participações societárias 19
Tabela 2
CarGoWayBrasil (investidora)
Percentual de provisão para estoque de baixo giro 3%
Taxa cambial em 31/12/2019 1 USD = R$ 3,80
Complemento de provisão
Percentual da provisão p/ estoque de baixo giro – CarGoWayUS 1%
Valor da provisão p/ estoque de baixo giro – CarGoWayUS USD 1.000,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
Tabela 3
Resumo da planilha de ajuste extracontábil em 31/12/2019
Saldo final – 
CarGoWayUS
Ajuste 
extracontábil 
realizado pela 
CarGoWay 
Brasil
Saldo final – CarGoWayUS após 
ajuste extracontábil realizado 
– CarGoWay Brasil
USD Reais
Estoque de produtos 
acabados
USD 100.000,00 0 USD 100.000,00 R$ 380.000,00
( - ) Provisão para 
estoque de baixo giro
USD 2.000,00 USD 1.000,00 USD 3.000,00 R$ 11.400,00
Percentual de provisão 2% 1% 3% 3%
Fonte: Elaborada pelo autor.
Na planilha de ajuste extracontábil (Tabela 4), o profissional contábil fará um 
lançamento de complemento da provisão para estoque de baixo giro da inves-
tida CarGoWayUS:
Tabela 4
Lançamento do ajuste extracontábil
D Despesa com provisões (resultado) R$ 3.800,00
C Provisão para estoque de baixo giro (R$ 3.800,00)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com o ajuste, o resultado da investida CarGoWayUS será reduzido em 
R$ 3.800,00 (USD 1.000,00). Isso demonstra o porquê de os ajustes extracontábeis 
serem feitos antes de a investidora realizar o cálculo do MEP sobre o saldo das 
investidas.
O procedimento será executado todas as vezes que se aplicar o MEP. Exem-
plos de alguns ajustes extracontábeis são: critérios de classificação e avaliação 
de ativos e passivos (estoques, imobilizado, intangível, investimentos, ativos e 
passivos financeiros etc.); e critérios diferentes de reconhecimento de receitas e 
despesas. Comumente, a análise desse passo é aplicável somente às investidas 
localizadasno exterior. Mas caso haja investidas no Brasil, com práticas contá-
beis diferentes, esse passo também deve ser efetuado.
As planilhas com os ajustes 
extracontábeis devem ser 
utilizadas somente para 
esta finalidade. Caso sejam 
identificadas mudanças de 
estimativas e correções de 
erros contábeis, os ajustes 
não devem ser incluídos 
nesses documentos, mas 
sim acomodados seguindo 
as orientações do CPC 
23 – Políticas Contábeis, 
Mudança de Estimativa e 
Retificação de Erro , o qual 
você encontra no link a 
seguir.
Disponível em: http://www.cpc.
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/
Pronunciamentos/Pronunciamen-
to?Id=54. Acesso em: 27 jul. 2020.
Importante
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=54
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=54
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=54
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=54
20 Contabilidade Avançada
d. Conversão das demonstrações contábeis da investida: de moeda estrangeira 
para moeda local (real).
Esse é um dos assuntos mais desafiadores relacionados com o MEP, por isso o 
seu foco deve ser redobrado.
Encontramos os preceitos desse assunto no CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas 
Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis, entre os itens 38 a 47. 
Apesar de o CPC 02 não ser o foco desta obra, precisamos tangenciar alguns dos 
seus temas e conceitos. Importante ressaltar que esse assunto deve ser objeto do 
profissional contábil desde que a moeda funcional da investida seja diferente da 
moeda funcional da investidora. Se as moedas funcionais foram as mesmas (no 
caso, o real), não há que se tratar de conversão das demonstrações contábeis.
Ao apurar as variações cambiais e a conversão de saldos e transações, é impor-
tante saber que há dois métodos: um para as contas de Ativo e Passivo, que usa a 
taxa cambial de final do exercício (taxa de câmbio oficial), e outro para as contas de 
Resultado, que usa a taxa média mensal oficial e a taxa cambial oficial de final do 
exercício social.
As variações cambiais dos itens monetários (por exemplo, caixa, aplicações fi-
nanceiras, contas a receber, estoques, impostos a recuperar, contas a pagar, em-
préstimos e financiamentos) e não monetários (por exemplo, imobilizado), exceto 
as contas do Patrimônio Líquido, serão registradas em conta específica no Patrimô-
nio Líquido da investida: conta de Ajustes Acumulados de Conversão.
 A conta de Ajustes Acumulados de Conversão não possui a natureza de uma 
conta de reserva, por isso pode apresentar saldo positivo ou negativo.
Os valores contabilizados pela investida, como resultado da conversão da 
moeda estrangeira para reais, serão contabilizados pela investidora no grupo de 
investimentos, como parte da participação que esta possui na investida, e a sua 
contrapartida será no Patrimônio Líquido da investidora, também em uma conta 
de Ajustes Acumulados de Conversão. Os valores registrados nessa conta, no Pa-
trimônio Líquido, serão reconhecidos como receita ou despesa somente quando 
ocorrer a venda ou a baixa da investida. Portanto devem ser segregados e não 
compor o resultado de equivalência patrimonial (no resultado da investidora). Isso 
ocorrerá segundo o que chamamos de contabilização reflexa dos eventos da investi-
da na investidora (explicado no 6º passo). A análise desse passo é aplicável somen-
te às investidas localizadas no exterior.
Vejamos um exemplo detalhando as etapas a seguir:
Exemplo
A investida TrendUS, localizada nos EUA, iniciou as suas atividades durante o 
exercício de 2018 com um capital social de USD 20.000,00. Sua moeda funcional é 
o dólar norte-americano e seu primeiro ano de operações foi 2019. Em 31/12/2019, 
a empresa preparou as suas demonstrações contábeis, conforme indicado a seguir 
(observação: demonstrações contábeis reduzidas para fins didáticos).
Investimentos em participações societárias 21
Balanço Patrimonial (em USD – 31/12/2019)
USD USD
Ativo Passivo
 Caixa 1.000,00 Contas a Pagar 27.000,00
 Estoque 50.000,00 Fornecedores 22.000,00
 Imobilizado 20.000,00
Patrimônio Líquido 
(capital)
20.000,00
Lucros Acumulados 2.000,00
Total 71.000,00 Total 71.000,00
Taxa cambial: 1 USD = R$ 3,00 (em 31/12/2018)
Taxa cambial: 1 USD = R$ 3,50 (em 31/12/2019)
Demonstração do resultado do exercício (em USD)
USD Taxa cambial média trimestral
1º trimestre 2019 300 1º trimestre 2019 R$ 3,10
2º trimestre 2019 440 2º trimestre 2019 R$ 3,20
3º trimestre 2019 540 3º trimestre 2019 R$ 3,30
4º trimestre 2019 720 4º trimestre 2019 R$ 3,40
2.000
Etapa 1 – Convertendo o balanço patrimonial da investida (de USD para 
reais).
Para essa conversão, utilizamos a taxa de câmbio da data de fechamento das 
demonstrações contábeis da investida TrendUS, isto é, 31/12/2019 (R$ 3,50). Porém 
os lucros acumulados referentes aos resultados do exercício serão convertidos para 
reais utilizando outro método. Por ora, demonstramos o resultado da conversão. 
Balanço Patrimonial (31/12/2019)
USD Reais USD Reais
Ativo Passivo
 Caixa 1.000,00 3.500,00 Contas a Pagar 27.000,00 94.500,00
 Estoque 50.000,00 175.000,00 Fornecedores 22.000,00 77.000,00
 Imobilizado 20.000,00 70.000,00
Patrimônio Líquido 
(capital)
20.000,00 60.000,00
Ajustes Acum. de 
Conversão
10.432,00
Lucros Acumulados 2.000,00 6.568,00
Total 71.000,00 248.500,00 Total 71.000,00 248.500,00
Etapa 2 – Convertendo o capital social da investida TrendUS.
A conversão seguirá os preceitos do CPC 02 (2010b), itens 39, 40 e 41. O 
capital social é um item não monetário e deve ser convertido pela sua taxa his-
22 Contabilidade Avançada
tórica, ou seja, a taxa de câmbio da data original em que ocorreu a transação. 
A variação cambial calculada a partir da data inicial não deve ser registrada 
em seu resultado, mas, sim, apresentada em conta específica e separada, no 
Patrimônio Líquido. O mesmo raciocínio ocorrerá para as reservas, a contar 
das datas das suas respectivas constituições.
No exemplo, o capital social da TrendUS em 2018 era de USD 20.000,00 
e não sofreu alterações em 2019. Por isso, na linha de Patrimônio Líquido 
(capital) foi mantido o seu valor de conversão pela taxa de 2018, equivalen-
do a R$ 60.000,00, e não R$ 70.000,00, que seria o cálculo de conversão dos 
USD 20.000,00 × R$ 3,50 – taxa em 31/12/2019. Essa diferença de R$ 10.000,00 
se refere à variação cambial segregada e contabilizada em conta específica no 
Patrimônio Líquido (Ajustes Acumulados de Conversão).
Etapa 3 – Convertendo a demonstração do resultado da investida (de USD para reais).
O resultado da investida TrendUS deve ser convertido pela taxa média (no 
exemplo, foi utilizada a taxa cambial média trimestral). Será apurada a diferença 
da variação cambial da taxa média trimestral e a variação cambial da taxa cambial 
de fechamento em 31/12/2019. Essa diferença será segregada e contabilizada em 
conta específica no Patrimônio Líquido (Ajustes Acumulados de Conversão).
Demonstração do resultado do exercício
USD
Taxa cambial
média trimestral Reais
1º trimestre 2019 300,00 R$ 3,10 930,00
2º trimestre 2019 440,00 R$ 3,20 1.408,00
3º trimestre 2019 540,00 R$ 3,30 1.782,00
4º trimestre 2019 720,00 R$ 3,40 2.448,00
Método de conversão do resultado 
pela taxa cambial média trimestral, 
do exercício de 2019, apurado tri-
mestre a trimestre 2.000,00
R$ 3,28 6.568,00
Método de conversão do resultado 
pela taxa cambial de fechamento, 
em 31/12/2019 2.000,00 R$ 3,50 7.000,00
Diferença de variação cambial en-
tre os métodos
432,00
Etapa 4 – Compondo as variações cambiais do Patrimônio Líquido e dos Lucros 
Acumulados a serem lançadas na conta de Ajustes Acumulados de Conversão.
Você deve ter observado que, na conversão do Balanço Patrimonial, há a conta 
Ajustes Acumulados de Conversão no valor de R$ 10.432,00, a qual é apresentada so-
mente na coluna de saldo, em reais. Esse montante serefere às variações cambiais 
de natureza do Patrimônio Líquido e do Lucro Líquido do Exercício, conforme é deta-
lhado a seguir, com base nas definições do CPC 02 (R2), itens 39, 40 e 41 (CPC, 2010b):
Investimentos em participações societárias 23
Variação cambial do Patrimônio Líquido – Capital Social
USD Taxa cambial Reais
Patrimônio Líquido em 31/12/2018 20.000,00 R$ 3,00 R$ 60.000,00
Patrimônio Líquido em 31/12/2019 20.000,00 R$ 3,50 R$ 70.000,00
Variação cambial apurada e contabilizada em conta específica (ajustes acumulados 
de conversão) (A)
R$ 10.000,00
Variação cambial dos lucros acumulados – Lucro Líquido do Exercício de 2019
USD Taxa cambial Reais
Lucro Líquido pela taxa média trimestral 2.000,00 R$ 3,28 R$ 6.568,00
Lucro Líquido pela taxa de fechamento em 31/12/2019 2.000,00 R$ 3,50 R$ 7.000,00
Variação cambial apurada e contabilizada em conta específica (ajustes acumula-
dos de conversão) (B)
R$ 432,00
Variação cambial total apurada e contabilizada em conta específica (ajus-
tes acumulados de conversão) (A) + (B)
R$ 10.432,00
4º passo – Eliminação do resultado não realizado entre investidora e investidas.
Precisamos observar o item I do art. 248, da Lei n. 6.404/1976, o qual estabe-
lece que, no valor do patrimônio das investidas, “não serão computados os resul-
tados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras 
sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas” (BRASIL, 1976).
Para Gelbcke et al. (2018, p. 198), a origem desse racional da: 
eliminação de lucros não realizados do patrimônio líquido da investida deriva 
do conceito de que as vendas entre empresas do mesmo grupo não geram 
lucro economicamente enquanto não forem vendidos a terceiros (conceito de 
“grupo ou conglomerado econômico”). Portanto, enquanto os ativos transacio-
nados estiverem no Balanço de alguma empresa do grupo, o lucro nele contido 
não está “realizado” .
Os ajustes apurados serão realizados com base no valor do Patrimônio Líquido da 
investida. Assim, teremos o patrimônio da investida ajustado pela eliminação dos re-
sultados não realizados, sobre a qual será aplicado o percentual de participação da 
investidora para o cálculo do MEP. Por fim, é computado o resultado de equivalência 
patrimonial. A análise desse passo é aplicável tanto às investidas localizadas no Brasil 
quanto às no exterior.
O item 28 do CPC 18 (R2) (2012b) traz a referência das transações ascenden-
tes (upstream) e descendentes (downstream) que contemplam qualquer tipo de 
bens e direitos, como: estoques (situação comumente encontrada), imobilizado, 
investimentos e outros ativos. As transações ascendentes são aquelas originadas 
da investida cujo destino é a investidora. Por outro lado, as descendentes são 
aquelas originadas da investidora cujo destino é a investida.
Para que a investida e a investidora 
apurem os valores de eliminação 
do resultado não realizado entre as 
empresas, devem possuir controles 
suficientes para identificar, classi-
ficar e separar as transações feitas 
entre elas das demais transações 
com terceiros, fora do grupo 
econômico.
Importante
24 Contabilidade Avançada
Vejamos um exemplo:
Exemplo
A investida Cia. ABC vende parte dos seus produtos acabados para a sua 
investidora (controladora) Cia. XYZ (operação do tipo upstream). Pelos con-
troles internos da Cia. ABC foi possível identificar que ela apurou um lucro 
de 10% nessas vendas. Em 31/12/2019, o profissional contábil da Cia. XYZ 
está se preparando para fazer o cálculo do MEP da participação societária de 
100% que detém na Cia. ABC, e inicia pelo cálculo de eliminação dos lucros 
não realizados nos estoques:
Tabela 5
Cia. ABC (demonstração somente das vendas entre investida e investidora)
Receita de vendas da Cia. ABC para a Cia. XYZ (investidora) R$ 1.000.000,00
( – ) Custo dos produtos vendidos da Cia. ABC para a Cia. XYZ (R$ 900.000,00)
Lucro Líquido (somente para essas vendas) R$ 100.000,00
Para fins didáticos, não serão incluídas outras despesas nas transações de venda entre a 
investida e a investidora
Lucro Líquido (total) apurado pela Cia. ABC para o exercício de 2019 R$ 300.000,00
A Cia. ABC é tributada pelo IR e CS, em uma alíquota total de 34%
Fonte: Elaborada pelo autor.
Cia. XYZ
Com base nos controles internos da Cia. XYZ, o profissional contábil apu-
rou que todos os produtos acabados vendidos pela Cia. ABC permaneciam 
nos estoques da Cia. XYZ, em 31/12/2019, ou seja, não foram vendidos para 
terceiros. O lucro líquido das transações de venda entre a Cia. ABC e a Cia. 
XYZ deve ser eliminado.
Antes de efetuar o cálculo do MEP, o profissional contábil precisa eliminar 
o lucro não realizado, pois o ativo (produtos acabados) ainda permanece nos 
estoques da investidora Cia. XYZ. É ainda importante lembrar que o lucro não 
realizado deve ser calculado líquido dos tributos, conforme pode ser demos-
trado na Tabela 6.
Tabela 6
Cálculo da eliminação dos lucros não realizados (nos estoques)
Lucro Líquido (somente as vendas da Cia. ABC para a Cia. XYZ) R$ 100.000,00
IR / CS – Alíquota de 34% (tributação da Cia. ABC) (R$ 34.000,00)
Lucro não realizado a ser eliminado na Cia. XYZ (líquido dos tributos) R$ 66.000,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
Investimentos em participações societárias 25
Em seguida, realiza, então, o cálculo do MEP, conforme Tabela 7:
Tabela 7
Cálculo do MEP
Lucro Líquido da Cia. ABC R$ 300.000,00
( - ) Eliminação dos lucros não realizados (nos estoques) (66.000,00)
Novo lucro líquido ajustado (nova base de cálculo para o MEP) R$ 234.000,00
Percentual de participação societária da Cia. XYZ na Cia. ABC 100%
Resultado de equivalência patrimonial apurado para o exercício de 2019 R$ 234.000,00
Lançamentos contábeis do resultado do MEP da Cia. XYZ na Cia. ABC (após a 
eliminação):
D Investimentos na Cia. ABC R$ 234.000,00
C Receita de equivalência patrimonial (R$ 234.000,00)
Fonte: Elaborada pelo autor.
5º passo – Outras mutações no patrimônio das investidas e reflexos na 
investidora.
Quando forem verificadas mutações patrimoniais na investida registradas em 
outros resultados abrangentes e reconhecidas diretamente em seu Patrimônio 
Líquido, elas também deverão ser reconhecidas no Patrimônio Líquido da inves-
tidora, como é explicado no 3º passo (atenção aos eventos específicos), item (d), 
e no 6º passo.
Essas mutações podem ser decorrentes da reavaliação de ativos imobiliza-
dos, quando permitida legalmente, e de diferenças de conversão em moeda 
estrangeira (explicações dessa natureza no 3º passo), quando existirem. A par-
ticipação da investidora nessas mutações patrimoniais deverá ser reconhecida 
em seu Patrimônio Líquido, e não em seu resultado, o que é conhecido como 
contabilidade reflexa. Essa tratativa é mencionada na Interpretação Técnica 
ICPC 09 (R2) (CPC, 2014), itens 60 e 61, e no CPC 26 (2011b).
6º passo – Apuração do resultado de equivalência e lançamentos contábeis.
Estamos chegando ao final da contabilização do MEP. Após o profissional con-
tábil efetuar os passos anteriores, nas situações que forem aplicáveis ao investi-
mento que a investidora possui, ele deve apurar o Patrimônio Líquido ajustado da 
investida, aplicar o percentual de participação societária que a investidora detém 
sobre a investida e, por fim, encontrar o resultado da equivalência patrimonial, 
procedendo os respectivos registros contábeis.
Como você verificou nos temas apresentados, para alguns dos passos anali-
sados há situações específicas em que os lançamentos contábeis necessários vão 
além do registro do resultado de equivalência patrimonial. Para facilitar esse enten-
dimento, dividimos os lançamentos contábeis em dois grupos:
 • Grupo I – Regra geral: lançamentos contábeis do resultado do MEP apura-
dos no resultado da investidora.
26 Contabilidade Avançada
A investidora irá calcular o MEP sobre o Patrimônio Líquido da investida e, con-
sequentemente, sobre o seu lucro ou prejuízo no período, de acordo com a sua 
participaçãosocietária. Os lançamentos contábeis realizados serão dispostos do 
seguinte modo:
Quadro 2
Se a investida apurar lucro no exercício
D/C Conta Descrição da natureza da conta
D – Débito
Investimentos em [...] (ou coligada, ou 
controlada, ou negócio em conjunto)
Conta do grupo de investimentos, Ativo 
não Circulante. Os lançamentos contá-
beis devem ser feitos individualmen-
te, um para cada investida.
C – Crédito Receita de equivalência patrimonial Conta de Resultado.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 3
Se a investida apurar prejuízo no exercício
D/C Conta Descrição da natureza da conta
D – Débito Despesa de equivalência patrimonial Conta de Resultado
C – Crédito
Investimentos em [...] (ou coligada, ou 
controlada, ou negócio em conjunto)
Conta do grupo de investimentos, Ativo 
não Circulante. Os lançamentos contá-
beis devem ser feitos individualmen-
te, um para cada investida.
Fonte: Elaborada pelo autor
 • Grupo II – Lançamentos contábeis do 3º passo: investidas localizados no 
exterior (atenção aos eventos específicos).
O lucro ou prejuízo apurado pela investida refletirá no resultado de equivalência 
patrimonial na investidora, enquanto outras mutações no Patrimônio Líquido 
da investida refletirão no Patrimônio Líquido da investidora (contabilização re-
flexa). Assim, é necessário que o profissional contábil acompanhe a natureza 
dos fatos econômicos da investida e reflita-os na investidora.
Tendo por base as premissas abordadas, retomamos o 3º passo, item (d), 
em que os valores apurados nas conversões das demonstrações contábeis das 
investidas serão registrados em uma conta denominada Ajustes Acumulados 
de Conversão, no Patrimônio Líquido da investida.
Essa movimentação será reconhecida de maneira reflexa no Patrimônio Lí-
quido da investidora. Por isso, recomendamos que ela utilize uma subconta 
específica para cada natureza de outros resultados abrangentes das investi-
das, por exemplo, Ajustes Acumulados de Conversão na Investida [nome da 
investida].
Agora, apresentamos a continuação do exemplo do 3º passo, item (d), da 
investida TrendUS, contemplando a situação da contabilização reflexa:
Investimentos em participações societárias 27
Exemplo
Nesta parte do exemplo, demonstraremos o cálculo do MEP e a segregação das 
variações cambiais do Patrimônio Líquido e do Lucro Líquido da investida na inves-
tidora (contabilização reflexa).
A investidora é a empresa TrendBrasil, localizada no Brasil, que possui 100% da 
participação societária da TrendUS.
Variações cambiais de natureza do Patrimônio Líquido e do lucro líquido apura-
das no exercício, seguindo as definições do CPC 02 (R2) (CPC, 2010b), itens 39, 40 e 41:
Variação cambial do Patrimônio Líquido – Capital Social
USD Taxa cambial Reais
Patrimônio Líquido em 31/12/2018 20.000,00 R$ 3,00 R$ 60.000,00
Patrimônio Líquido em 31/12/2019 20.000,00 R$ 3,50 R$ 70.000,00
Variação cambial apurada e contabilizada em conta específica (Ajustes Acumu-
lados de Conversão) (A)
R$ 10.000,00
Variação cambial dos lucros acumulados – Lucro Líquido no Exercício de 2019
USD Taxa cambial Reais
Lucro Líquido pela taxa média 
trimestral
2.000,00 R$ 3,28 R$ 6.568,00
Lucro Líquido pela taxa de 
fechamento em 31/12/2019
2.000,00 R$ 3,50 R$ 7.000,00
Variação cambial apurada e contabilizada em conta específica (Ajustes Acumu-
lados de Conversão) (B)
R$ 432,00
Variação cambial total apurada e contabilizada em conta específica (Ajustes 
Acumulados de Conversão) (A) + (B)
R$ 10.432,00
Tabela 8
TrendBrasil – Cálculo do MEP
Patrimônio Líquido TrendUS – Saldo inicial em 31/12/2018 R$ 60.000,00
Variações ocorridas no Patrimônio Líquido da TrendUS
 Lucro Líquido no exercício R$ 6.568,00
 Variação cambial sobre o Lucro Líquido do exercício R$ 432,00
 Variação cambial sobre o Patrimônio Líquido R$ 10.000,00
Patrimônio Líquido TrendUS – Saldo inicial em 31/12/2019 R$ 77.000,00
Percentual de participação societária da TrendBrasil na TrendUS 100%
Saldo final do grupo de investimento – Investida TrendUS R$ 77.000,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
Segregação das variações cambiais (Patrimônio Líquido) do resultado de 
equivalência:
28 Contabilidade Avançada
Conforme o CPC 02 (R2) (CPC, 2010b) trata nos itens 39, 40 e 41, a investidora 
deve segregar a natureza das movimentações ocorridas no Patrimônio Líquido da 
investida localizada no exterior e os efeitos da variação cambial do resultado de 
equivalência que se referem à atividade operacional (lucro líquido efetivo), sendo 
que estes devem ser contabilizados no Patrimônio Líquido da investidora, obser-
vando a contabilização reflexa, conforme apresentado nas Tabelas 9 e 10, a seguir.
Tabela 9
Lançamentos contábeis: contabilização reflexa na investidora
Grupo investimentos – Investida TrendUS
D
Subconta – Investimentos na TrendUS – Variação cambial – Patrimônio 
Líquido
R$ 10.000,00
D
Subconta – Investimentos na TrendUS – Variação cambial – Resultado 
da Operação
R$ 432,00
Grupo Patrimônio Líquido – Outros resultados abrangentes
C Subconta – Ajuste Acumulado de Conversão – Investimentos na TrendUS (R$ 10.432,00)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Tabela 10
Lançamentos contábeis: resultado do MEP
Grupo investimentos – Investida TrendUS
D Subconta – Investimentos na TrendUS – Resultado operacional R$ 6.568,00
C Receita de equivalência patrimonial (resultado) (R$ 6.568,00)
Fonte: Elaborada pelo autor.
A utilização de subcontas permite um melhor controle e acompanhamento do 
reconhecimento e da segregação das naturezas das movimentações do Patrimônio 
Líquido da investida na investidora. Lembrando que quando ocorrer a venda (ou 
baixa) do investimento da TrendUS os valores que foram contabilizados no Patri-
mônio Líquido da investidora, em Outros Resultados Abrangentes, Ajuste Acumula-
do de Conversão, serão transferidos para o resultado.
1.3.2 Mudança no relacionamento societário de investida: 
de influência significativa para controle
Todas as aquisições de participações celebradas a partir de 1 de janeiro de 2008 
(após a Lei n. 11.638/2007) devem ser analisadas sob a ótica do CPC 15 (CPC, 2011a).
1.3.2.1 Apuração de ágios: mais-valia das investidas e/ou 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill)
Gelbcke et al. (2018, p. 190) destacam que:
quando o preço de aquisição for maior que o valor patrimonial da parti-
cipação da investida, podem surgir: (a) um ágio por “mais-valia de ativos 
líquidos” pela diferença positiva entre a parte da investidora no valor 
Investimentos em participações societárias 29
justo dos ativos líquidos e o valor patrimonial da participação adquirida 
(se a diferença for negativa teremos um deságio de uma menos-valia); 
e/ou (b) um “ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill)” 
pela diferença positiva entre o preço de aquisição pelo investidor e a 
parte da investidora no valor justo dos ativos líquidos (se a diferença 
for negativa, teremos um “ganho por compra vantajosa”, que deve ser 
reconhecido diretamente no resultado).
O Quadro 4 demonstra a composição do valor pago pela aquisição de uma par-
ticipação societária e a natureza dos desdobramentos contábeis verificados quan-
do a compra é concretizada com base no CPC 15 (2011a). 
Quadro 4
Composição do valor pago na aquisição de uma participação societária
Goodwill
Va
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in
ve
st
id
a
Mais-valia dos ativos líquidos
Valor patrimonial da investida
Fonte: Elaborado pelo autor com base em CPC 15, 2011a.
Você pode estar se perguntando: por que esse assunto está sendo tratado ago-
ra e por que ele é importante? Primeiramente, os ágios são eventos societários 
apurados no momento da compra, podendo fazer com que o valor justo de uma 
participação societária em coligada ou controlada em conjunto seja maior que o 
valor patrimonial da investida. Vale mencionar que, independentemente do tipo de 
ágio apurado, ele não altera o valor patrimonial e contábil da investida; os valores 
são válidossomente sob a ótica da investidora que comprou a participação socie-
tária sobre a investida junto a um terceiro.
A compra de participação societária de terceiros é o fato gerador da mais-valia de 
ativos líquidos, goodwill ou ganho por compra vantajosa. Gelbcke et al. (2018, p. 189) 
apontam que “o valor de aquisição muito provavelmente será diferente do valor pa-
trimonial dessa participação, dando origem ao ágio por mais-valia de ativos líquidos, 
ao ágio por rentabilidade futura (goodwill) ou ao ganho por compra vantajosa”.
1.3.2.2 Alocação do ágio por mais-valia das investidas e/ou do 
ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e 
seus respectivos ajustes extracontábeis
O nível de complexidade e os detalhes desse tema são grandes. Por isso, reco-
mendamos, mais uma vez, que o profissional contábil tenha uma planilha eletrôni-
ca detalhada, elaborada com base nos documentos societários. Essa tabulação dos 
dados será um documento contábil muito importante, pois conterá a memória e o 
histórico dos cálculos de apuração, de alocação e de realização do ágio por mais-valia 
de ativos líquidos e do registro do goodwill.
O CPC 15 define o ágio por 
expectativa de rentabilidade 
futura (goodwill) como sendo “um 
ativo que representa benefícios 
econômicos futuros resultantes 
de outros ativos adquiridos em 
uma combinação de negócios, os 
quais não são individualmente 
identificados e separadamente 
reconhecidos” (CPC, 2011).
Saiba mais
O ágio por mais-valia de ativos 
líquidos será baixado nos registros 
extracontábeis da investidora, 
com base na fundamentação em 
que ele foi constituído, seguindo 
o tempo estimado para a sua 
realização. Entretanto, não é 
permitida a amortização do ágio 
por expectativa de rentabilidade 
futura (goodwill). Este deverá ser 
submetido ao teste de recuperabi-
lidade, anualmente, e será baixado 
seguindo os preceitos do CPC 01 - 
Redução ao Valor Recuperável de 
Ativos.
Saiba mais
30 Contabilidade Avançada
A alocação e o reconhecimento da mais-valia dos ativos líquidos e do 
goodwill são procedimentos que fazem com que sejam reconhecidos, extra-
contabilmente na determinação do Patrimônio Líquido ajustado da investida, 
como parte do processo de aplicação do MEP, ativos e/ou passivos não regis-
trados na investida, cujo controle foi obtido pela investidora, de acordo com o 
item 20 do ICPC 09 (R2) (CPC, 2014). Por exemplo, ativos intangíveis (marcas e 
patentes) formados pela investida, mas que não podem ser reconhecidos con-
tabilmente por ela, pois não atendem às condições previstas no CPC 04 – Ativo 
Intangível (CPC, 2012a).
A diferença apurada entre o valor justo e o valor contábil do acervo líquido 
da investida cujo controle foi obtido será um ajuste extracontábil no Patrimô-
nio Líquido da investida adquirida para fins do cômputo da aplicação do MEP. 
Novamente é importante destacar que essa prática é adotada sob a ótica da 
investidora.
Consta no CPC 09 (R2), item 23, que a investidora é responsável:
pela identificação de todos os itens que resultem em diferenças entre os 
valores contábeis e os valores justos dos ativos e passivos da investida para 
fins de controle de sua realização por amortização, depreciação, exaustão, 
venda, liquidação, alteração no valor contabilizado, baixa, impairment ou 
qualquer outra mutação nos registros contábeis desses ativos e passivos. 
(CPC, 2014)
Os critérios contábeis expostos também estão alinhados com a legislação 
tributária por meio da Lei n. 12.973/2014. Com o advento dessa lei, a ava-
liação de investimento pelo Patrimônio Líquido da investida, por ocasião da 
aquisição da participação, passou a requerer o desdobramento do custo de 
aquisição em:
1. valor de Patrimônio Líquido na época da aquisição;
2. mais ou menos-valia; 
3. ágio por rentabilidade futura (goodwill).
O art. 37, § 3º, inciso I, da Lei n. 12.973/2014, ainda complementa:
Art. 37. No caso de aquisição de controle de outra empresa na qual se 
detinha participação societária anterior, o contribuinte deve observar as 
seguintes disposições: [...]
§ 3º Deverão ser contabilizadas em subcontas distintas:
I - a mais ou menos-valia e o ágio por rentabilidade futura (goodwill) re-
lativos à participação societária anterior, existente antes da aquisição do 
controle. (BRASIL, 2014)
1.3.2.3 Lançamentos contábeis
Seguindo as determinações legais e do CPC/IFRS – em especial, o ICPC 09 
(R2), item 27 –, é necessário contabilizar esses eventos em subcontas especí-
ficas. Por isso, recomendamos que cada investimento tenha as suas próprias 
contas e subcontas, conforme exemplo no Quadro 4.
Investimentos em participações societárias 31
Quadro 5
Lançamentos contábeis
D/C Conta Descrição da natureza da conta
D – Débito
Investimentos em [...] (ou Coligada, 
ou Controlada, ou Negócio em Con-
junto)
Subconta do grupo de investimentos, Ativo não Cir-
culante. Os lançamentos contábeis devem ser 
feitos individualmente, um para cada investida.
D – Débito Mais-valia no Investimento em [...]
Subconta do grupo de investimentos, Ativo não Cir-
culante. Os lançamentos contábeis devem ser 
feitos individualmente, um para cada investida.
D – Débito Ágio por Rentabilidade Futura na [...]
Subconta do grupo de investimentos, Ativo não 
Circulante. Os lançamentos contábeis devem 
ser feitos individualmente, um para cada in-
vestida.
C – Crédito Bancos
Ou qualquer outra conta de onde os recursos 
financeiros foram pagos pela investidora para 
realizar a transação da compra da participação 
societária na investida.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os ajustes apurados pela realização do ágio por mais-valia de ativos líquidos 
serão realizados com base no MEP, ou seja, sobre o valor do Patrimônio Líquido da 
investida. Com isso, teremos a base do patrimônio ajustado pela realização do ágio 
por mais-valia e o resultado da investida sobre a qual será aplicado o percentual de 
participação para o cálculo do MEP. Por último, será apurado o valor do resultado 
de equivalência patrimonial.
Observemos um exemplo:
Exemplo
A investidora InvestCo possuía uma participação societária de 25% da investi-
da ModelInc, o que classificava esse investimento como uma coligada (influência 
significativa), cujo saldo do investimento em 31/12/2018 era de R$ 100.000,00. 
A compra dos 25% da participação societária inicial ocorreu em 2004 e não apu-
rou nenhum valor de ágio. No primeiro trimestre de 2019, a InvestCo efetuou a 
compra da totalidade da participação societária da ModelInc, passando a deter 
seu controle a partir dessa data. Para fins de registro da compra adicional da 
participação de 75%, de atualização do MEP e de segregação/alocação dos ágios 
apurados, de acordo com o CPC 15 (2011a) e o CPC 18 (R2) (2012b), seguem os 
detalhamentos dos procedimentos efetuados – para fins didáticos, não foi tra-
tado do IR/CS incidente sobre os ágios:
a. Adoção do CPC 15 – Apuração do ágio na compra.
Primeiramente, o profissional contábil da InvestCo obteve a documentação 
referente à compra da participação societária adicional adquirida (75%), com o 
objetivo de avaliar a existência de ágio entre o valor do Patrimônio Líquido da 
investida, o valor justo dos ativos líquidos e o valor pago pela investidora.
32 Contabilidade Avançada
Considere os seguintes dados complementares da operação (Tabela 11):
Tabela 11
Dados complementares da operação de compra da participação societária adicional
Data da efetivação da compra 31/03/2020
Valor pago pela InvestCo para comprar os 75% adicionais R$ 1.000.000,00
Valor justo dos ativos líquidos da ModelInc (conforme laudo de avaliação 
preparado por profissionais qualificados e independentes na data-base de 
28/02/2019) R$ 800.000,00
Valor do Patrimônio Líquido da ModelInc (conforme seus livros contábeis) 
em 28/02/2019
R$ 750.000,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com base nesse levantamento, o profissional contábil apurou:
i. mais-valia, conforme os ativos líquidos da ModelInc: R$ 50.000,00;
ii. ágio por expectativade rentabilidade futura (goodwill): R$ 200.000,00.
b. Contabilização da nova participação e alocação dos ágios apurados.
Cabe ao profissional contábil fazer os lançamentos contábeis para registro da 
aquisição adicional de participação societária, de modo a refletir nos saldos contá-
beis do grupo de investimentos da investidora, e da nova realidade verificada após 
a compra da participação na investida ModelInc, fazendo a segregação dos ágios, 
conforme previsto pelo CPC e por legislações específicas (Tabela 12).
Tabela 12
Lançamentos contábeis da aquisição adicional da participação societária da ModelInc
Grupo investimentos na InvestCo
D Subconta – Investimentos na ModelInc – Novo investimento R$ 750.000,00
D Subconta – Investimentos na ModelInc – Mais-valia R$ 50.000,00
D Subconta – Investimentos na ModelInc – Goodwill R$ 200.000,00
C Banco conta Movimento (R$ 1.000.000,00)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Com os lançamentos contábeis, o saldo de investimentos da InvestCo na inves-
tida ModelInc será de R$ 1.100.000,00 (R$ 100.000,00 de participação inicial adqui-
rida e R$ 1.000.000,00 de participação adicional adquirida em 2019). 
Observações:
1. O valor contábil do Patrimônio Líquido da investida ModelInc não sofrerá 
alterações em relação aos valores justos apurados, ou seja, continuará sendo 
de R$ 750.000,00 (data-base de 28/02/2019).
2. As apurações dos ágios ocorreram no nível da investidora InvestCo. Portanto, 
seu profissional contábil é responsável por fazer os ajustes extracontábeis 
necessários para alinhar a nova situação, com base nos CPC 15, CPC 18 (R2) 
e ICPC 09 (R2).
3. O profissional contábil da investidora InvestCo deve acompanhar o 
fundamento econômico da mais-valia contabilizada de modo a realizar 
(baixar) os seus valores pelo decorrer do tempo e os critérios verificados no 
referido laudo de avaliação.
Investimentos em participações societárias 33
4. O goodwill deve ser testado anualmente para fins de recuperabilidade do 
seu valor, em conjunto com o valor do investimento principal na investida 
ModelInc, observando o conceito de Unidade Geradora de Caixa (UGC), 
previsto no CPC 01 (CPC, 2010a).
1.3.3 Reconhecimento de prejuízos nas investidas pelo 
resultado do MEP: Patrimônio Líquido negativo e 
perdas por impairment no goodwill
Devemos lembrar que o resultado da equivalência patrimonial apurado pela in-
vestidora pode ser tanto uma receita quanto uma despesa, a depender dos valores 
auferidos pelas investidas. Prejuízos recorrentes apurados pela investida trazem 
reflexos diretos para a investidora, conforme trataremos a seguir.
1.3.3.1 Patrimônio Líquido negativo
No mundo real dos negócios, não é incomum investidas apresentarem pre-
juízos frequentes, ao ponto de os patrimônios líquidos se tornarem negativos. 
O profissional contábil deve estar atento a essas situações. De modo geral, o 
CPC 18 (R2), item 38 (CPC, 2012b), indica que a “investidora deve reconhecer a par-
te que lhe cabe das perdas nos resultados e nas demais mutações ocorridas no 
Patrimônio Líquido da investida (‘contabilização reflexa’)”. Portanto, se a investida 
tiver prejuízo, o saldo contábil do investimento será reduzido pelo reconhecimento 
da parte da investidora nesse prejuízo.
Importante estar alerta também ao item 39 do CPC 18 (R2), o qual considera que:
o saldo contábil do investimento da investidora foi reduzido a zero pelos pre-
juízos frequentes da investida, perdas adicionais devem ser consideradas, e 
uma provisão no passivo da investidora deve ser reconhecida, somente na 
extensão em que a investidora tiver incorrido em obrigações legais (respon-
sabilidade legal), obrigações construtivas (aquelas que mesmo não formaliza-
das estão relacionadas aos usos e costumes ou por questões éticas) ou tiver 
feito pagamentos em nome da investida. Quando a investida reverter os pre-
juízos, apurando novamente lucro e compensando estes prejuízos apurados, 
a investidora retomará o reconhecimento de sua participação nesses lucros. 
(CPC, 2012b)
Caso a situação indicada no parágrafo anterior não seja constatada, isto 
é, a investidora não tiver incorrido em obrigações legais ou construtivas, ou 
não tiver efetuado pagamentos em nome da investida, a investidora ainda 
deve observar aspectos de divulgação tratados no CPC 45 – Divulgação de 
Participações em Outras Entidades. O item 22 (c) do CPC 18 (R2) exige que 
mesmo que a investidora suspenda: 
o reconhecimento da parte que lhe cabe nos prejuízos da investida quando 
tiver zerado o saldo contábil líquido das contas que integram seu investimen-
to total líquido e caso a investida continue a gerar mais prejuízos, a investi-
dora deve divulgar em nota explicativa à parte não reconhecida nos prejuízos 
que excederem ao investimento total líquido. (CPC, 2012b)
34 Contabilidade Avançada
1.3.3.2 Perdas por impairment no goodwill
Outra maneira de reconhecer perdas de uma investida é por meio do reconheci-
mento de perdas por impairment do ágio (goodwill). Como já mencionado, os valores 
do ágio (goodwill) não são identificados em separado (eles integram o saldo do in-
vestimento). Assim, todo o saldo contábil do investimento é testado em relação ao 
seu valor recuperável, em conformidade com as exigências do CPC 01 (CPC, 2010a).
É importante você saber que esses testes devem ser realizados anualmente e que 
as perdas são identificadas por uma combinação de eventos, os quais podem causar 
a redução no valor recuperável. As perdas apuradas pelo teste de recuperabilidade 
(teste de impairment) para o ágio (goodwill) não poderão ser revertidas.
1.3.4 Descontinuidade do uso do MEP
A investidora deve descontinuar o uso do MEP a partir da data em que o inves-
timento deixar de ser classificado como coligada, controlada ou empreendimento 
controlado em conjunto, ou seja, a investidora não tem mais influência significati-
va ou perdeu o controle sobre a investida, não importando o modo como o fato 
ocorreu (CPC, 2012a).
O profissional contábil deverá efetuar a reclassificação para o resultado do período 
de todos os montantes que estavam anteriormente registrados no Patrimônio Líquido, 
relacionados com o investimento objeto da mudança de mensuração contábil.
Se mesmo após a perda de influência significativa ou de controle a investidora 
permanecer com uma participação societária da investida, e essa participação for 
classificada como um ativo financeiro, a investidora passará a mensurá-la ao valor 
justo, em consonância com o CPC 48 (CPC, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pôde ser observado, o conhecimento sobre investimentos em participações 
societárias é bastante amplo e complexo, e proporciona uma grande oportunidade de 
desenvolvimento ao profissional contábil que se envolver com o seu estudo, podendo 
obter um grande destaque técnico em sua área de atuação.
O fato incontestável é que a internacionalização e a harmonização das práticas 
contábeis serviram para apresentar o profissional contábil em um nível de relevância e 
destaque nunca antes alcançado. Em contrapartida, ele deve estar preparado e atuali-
zado tecnicamente, sob a visão global das oportunidades que essas mesmas práticas 
contábeis podem proporcionar à empresa onde atua.
Portanto, a responsabilidade desse profissional ganha relevância, ao mesmo tem-
po em que o seu protagonismo na preparação e divulgação de informações contábeis 
e financeiras em padrões internacionais também aumenta. Todo esse cenário é uma 
oportunidade sem precedentes àqueles profissionais que querem promover a dife-
rença nas empresas em que trabalham ou para quem presta serviços, contribuindo de 
modo positivo para o sucesso da empresa e para o seu reconhecimento e crescimento 
profissional na organização.
Investimentos em participações societárias 35
ATIVIDADES
1. Qual é a sua opinião sobre a aplicação do método de equivalência patrimonial? Você 
acredita que ele é um recurso relevante para os investimentos em participações 
societárias mantidos por investidoras? Fundamente

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