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Contabilidade e Finanças - MBA 2023

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ANDRÉ DE FARIA THOMAZ
CONTABILIDADE E 
FINANÇAS
MBA
CONTABILIDADE E FINANÇAS
2023
André de Faria Thomaz
PRESIDENTE 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL 
Jorge Apóstolos Siarcos 
REITOR 
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM 
VICE-REITOR 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO 
Adriel de Moura Cabral 
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO 
Dilnei Giseli Lorenzi 
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD 
Franklin Portela Correia
GESTOR DO CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE
Franklin Portela Correia
REVISÃO TÉCNICA
Débora Mendonça Monteiro Machado
PROJETO GRÁFICO
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
CAPA
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
DIAGRAMADORES
Andréa Ercília Calegari
© 2023 Universidade São Francisco
Avenida São Francisco de Assis, 218
CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA 
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – 
ORDEM DOS FRADES MENORES
ANDRÉ DE FARIA THOMAZ
Possui Graduação em BACHAREL EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS pela Faculdade de Minas 
- Faminas (2006). Pós-Graduando em Docência Superior pela Universidade gama Filho 
(2009), Pós Graduado em MBA Executivo em Administração de Empresas (2009-2012), 
Mestre pela Pontifícia Universidade Católica 2011 em Administração, pratica nas funções 
de departamentos Contábil, Financeiro e Pessoal - tendo atuado nestas áreas incluindo 
as Obrigações Acessórias e Obrigatórias, desempenhando atividades como Professor 
em Curso Profissionalizante de Contabilidade e Assessoria empresarial com parceira 
pela Fiemg e Sesi e Curso Omega - BH.(2006-2008) experiencia como Coordenador e 
Professor no Curso de Ciências Contábeis na Faculdade de Minas. Auditor de Gestão 
de Pessoas Internas. Tem experiência na área de Contabilidade atuando e lecionando 
principalmente com Contabilidade Básica, Economia, Planejamento e Contabilidade Tri-
butaria, Contabilidade de Custos e Analise de Custos, Gestão Por Processos, Estrutura 
das Demonstrações Contábeis, Analise das Demonstrações, Contabilidade Gerencial,Te-
oria da Contabilidade, Contabilidade Intermediaria, Contabilidade Internacional, Auditoria, 
Contabilidade Empresarial, Controle Interno, Recursos Humanos, Gestão de Risco. Sou 
Professor nas modalidades EAD e Presencial, Conteudista e Curador de material didático
DÉBORA MENDONÇA MONTEIRO MACHADO
Doutoranda em Administração-Gestão de Projetos. Mestre em Cidades Inteligentes e 
Sustentáveis. Especialista em Empreendedorismo e Inovação. Pós-graduada em Fi-
nanças e Banking. Graduada em Administração de empresas. Certificação profissional: 
Self Coach Practitioner PNL. CPA10. Scrum Fundamentals Certified. Digital Marketing 
Fundamentals. Marketing Research Fundamentals. Marketing Strategy Fundamentals. 
Six Sigma Yellow Belt. 
Professora atuante nos cursos técnicos, graduação e pós-graduação. Eixo de pesquisa 
científica com diversos artigos publicados em Empreendorismo, Inovação e Transfor-
mação Digital no contexto de projetos. Avaliadora Científica da Revista Gestão e Proje-
tos (GeP). Gestora Administrativa/Financeira com foco em operações de planejamento, 
gestão administrativa, financeira e operacional. Vivência em processos de transforma-
ção organizacional, estruturação e reestruturação de negócios. 
A REVISORA TÉCNICA
O AUTOR
SUMÁRIO
UNIDADE 01: ATIVIDADES E CONTROLES FINANCEIROS .............................6
1. Conceitos e fatos históricos ................................................................................6
2. Introdução à contabilidade societária ..................................................................24
3. Demonstrações financeiras e contábeis .............................................................31
4. Situações nas quais se recomenda que não se faça a análise das demonstrações 
contábeis: ................................................................................................................40
UNIDADE 02: INDICADORES FINANCEIROS E DESEMPENHO .....................44
1. Sistemas de indicadores financeiros ...................................................................47
2. Avaliações de empresas......................................................................................72
3. Sistema financeiro nacional ................................................................................77
UNIDADE 03: GESTÃO DE RISCOS E CUSTOS EMPRESARIAIS ...................86
1. Estatística aplicada aos riscos ............................................................................86
2. Mercado financeiro ..............................................................................................102
3. Aplicabilidade de custos ......................................................................................112
UNIDADE 04: CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E TRIBUTÁRIO ...........................124
1. Orçamento de capital ..........................................................................................124
2. Orçamento sobre o processo de gestão .............................................................140
3. Planejamento tributário .......................................................................................145
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Atividades e controles financeiros 
UNIDADE 1
ATIVIDADES E CONTROLES 
FINANCEIROS 
INTRODUÇÃO 
A Matemática Financeira tem como objetivo principal analisar o valor do dinheiro no de-
correr do tempo, seja em aplicações financeiras, seja em pagamentos de empréstimos 
e financiamentos. Graças a ela é possível fazer análises de avaliações de investimentos 
em aplicações financeiras, bem como estudar as melhores condições de pagamento de 
empréstimos. 
Sua sistematização foi definida quando se criaram, inicialmente, os conceitos de capital, 
juros, taxas de juros e montante. Desde então, os cálculos financeiros tornaramse mais 
justos e exatos, sendo considerada uma ferramenta essencial na tomada de decisões e 
na gestão financeira das empresas e das pessoas. 
1. CONCEITOS E FATOS HISTÓRICOS
De acordo com o que nos apresenta Hoji (2004, p. 18), os conceitos fundamentais da 
Matemática Financeira podem ser definidos como: capital, juros, prazo, taxa de juros e 
montante, conforme apontamos a seguir.
O capital é qualquer valor expresso em moeda, disponível em determinada época. É o 
valor, normalmente em dinheiro, que se pode aplicar ou emprestar. É também chamado 
de capital inicial ou principal, representado pela letra “P”.
O capital, por ser um bem, pode ser disponibilizado a outros. Com isso, é possível existir 
uma compensação para quem o possui. Tal compensação é a remuneração desse ca-
pital – a qual chamamos de juros. Por outro lado, há quem necessite de uma quantia de 
capital emprestada ou que necessite adquirir bens de consumo. Para essas pessoas, 
tal benefício deve ser igualmente compensado e o valor dessa renumeração são os 
juros pago a quem disponibilizou o bem ou capital.
A taxa de juros é o índice que determina a remuneração de um capital em um deter-
minado período de tempo. É representada pela letra “i” e está sempre relacionada à 
unidade de tempo do prazo da operação financeira, por exemplo, ao dia (a.d.), ao mês 
(a.m.), ao semestre (a.s.), ao ano (a.a.) etc.
A matemática financeira tem como objetivo principal estudar o valor do dinheiro em função 
do tempo. E possui duas visões que são: Prejuízo (ou despesa), quando ocorre o pagamen-
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to de juros, taxas, impostos etc., caracterizandose para alguns como prejuízo e para outros 
como pagamento de despesas financeiras. E de outro lado, é vista como Lucro (ou receita), 
quando alguém recebe os juros como a remuneração do capital emprestado. 
Resumindo, os juros são a remuneração obtida a partir do capital de terceiros. Essa re-
muneração pode ocorrer a partir de dois pontos de vista: I) de quem paga: nesse caso,os juros podem ser chamados de despesa financeira, custo, prejuízo etc., e II) de quem 
recebe: podemos entender como sendo o rendimento, receita financeira, ganho etc. 
Podemos concluir que os juros só existem se houver um capital empregado, seja este 
capital próprio ou de terceiros.
O sistema de capitalização são os métodos pelos quais os capitais (dinheiro) são remunera-
dos. Os regimes utilizados em Matemática Financeira são SIMPLES e COMPOSTOS. Para 
apresentar a movimentação financeira ao longo do tempo, utilizamos uma representação 
gráfica chamada Fluxo de Caixa. A geração de um fluxo de caixa se inicia pela construção 
de um eixo horizontal, no qual é marcado o tempo da operação a partir do momento inicial. 
As entradas de dinheiro em um determinado momento são indicadas por setas perpendi-
culares ao eixo horizontal e orientadas para cima (↑), enquanto as saídas de dinheiro são 
indicadas com orientação para baixo (↓). É necessário enfatizar que o fluxo de caixa segue 
o referencial do elemento (pessoa física ou jurídica) que executa a ação financeira.
1.1 CALCULADORA FINANCEIRA
A calculadora financeira HP 12C é uma das máquinas mais utilizadas nas resoluções 
de cálculos da Matemática Financeira. Ela possui até três funções por tecla: brancas 
(operações normais); laranjas, que aparecem acima da tecla e são acionadas pela tecla 
(f) antes da operação, e azuis, abaixo da tecla e acionadas pela tecla (g).
Apresentaremos, em síntese, as formas de se executar as operações matemáticas mais 
básicas, assim como as principais funções financeiras (PV, FV, n, i e PMT), juntamente 
com o conteúdo ministrado.
CURIOSIDADE
Para utilização online sugerimos esse site: https://epxx.co/ctb/hp12c.html
 ` Algumas informações relevantes:
 ` ligar/desligar a calculadora: tecla ON;
 ` apagar o que se tem no visor: tecla CLX;
 ` apagar o conteúdo dos registros: (f) (REG);
 ` apagar o conteúdo das memórias: (f) (FIN);
 ` inserir um número, por exemplo: 4.256,73.
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Devemos digitar 4 2 5 6 tecla “.” (ponto) e, a seguir, 7 e 3.
Caso no visor apareça “4,256.73”, devemos trocar a vírgula pelo ponto (no visor) e viceversa. 
Para isso:
 ` desligue a máquina (ON);
 ` aperte, simultaneamente, a tecla ON e a tecla “.” (ponto);
 ` solte primeiro a tecla “.”(ponto) e, em seguida, a tecla ON;
 ` insira novamente o número acima e veja se ficou na notação desejada. Definir o número 
de casas decimais a serem utilizadas:
 ` (quantidade de casas decimais desejadas).
 ` Exemplo: arredondar o n.º 4,2867 para duas casas decimais:
 ` digite o n.º seguido de (f) 2. Aparecerá no visor: 4,29;
 ` insira um número negativo (por exemplo: – 12);
 ` devemos digitar 12 tecla CHS.
 ` Operações elementares: adição/subtração/multiplicação/divisão/potenciação/radiciação.
(Na HP, a operação desejada é a última digitação a ser realizada na operação).
1.2 CAPITALIZAÇÃO SIMPLES
Desse modo, podemos concluir que o cálculo de juros é feito por meio do seguinte pro-
cesso: J = P × i × n
Onde:
J= Juros
P= Valor principal ou valor presente
I= Taxa de juros simples
N= Prazo ou período da transação.
Nas transações financeiras ou comerciais, geralmente, a taxa de juros é expressa no período 
de tempo em que a operação ocorre. Entretanto, em alguns casos, o período da operação 
(investimento ou empréstimo) não coincide com o que a taxa de juros expressa, havendo a 
necessidade de se obter a taxa de juros equivalente ao período da operação financeira.
Traduzindo, capital (C), aplicado a uma taxa (i), necessita do período para produzir um 
montante (M). Neste caso, o período pode ser inteiro ou fracionário, vejamos exemplos: 
1 dia; 1 mês comercial (30 dias), 1 ano comercial (360 dias) etc.
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Resumimos que (n) é o tempo necessário que um certo capital (C), aplicado a uma taxa 
(i), necessita para produzir um montante (M). Nesse caso, o período pode ser inteiro ou 
fracionário, vejamos um exemplo:
 ` período inteiro: 1 dia; 1 mês comercial (30 dias), 1 ano comercial (360 dias) etc.
 ` período fracionário: 3,5 meses, 15,8 dias, 5 anos e dois meses etc.
Então, sempre que a unidade do tempo (t) for diferente da unidade da taxa (i), devemos 
converter o tempo.
 ` 1 mês tem 30 dias;
 ` 1 ano tem 12 meses;
 ` 1 ano tem 360 dias.
Exemplo:
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
+30
DIA
DIA DIA
DIAMÊS
MÊS
ANO
ANO
ANO
ANO
X30 X12
÷30 ÷360
X360
Podemos também considerar que o Montante (M) ou Valor Futuro (FV) ou Soma (S), é 
a quantidade monetária acumulada resultante de uma operação comercial ou financeira 
após um determinado período de tempo, ou seja, é soma do capital (C) com os juros (J).
Assim temos: 
M = C + J
Exemplo 1:
A empresa Sonhos Ltda. possui capital investido no valor de R$ 5.000,00, aplicado a 
uma taxa de juros mensal de 3% durante o período 12 meses. Determine o valor dos 
juros e do montante final dessa aplicação.
J = P * i * n
J = 5000*0,03*12 
J = 1.800 
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O valor de Juros foi R$1.800,00 
M = P + J 
M= 5000 + 1800 
M=6.800
O valor de Montante é R$6.800,00
Exemplo 2:
A Sonhos Ltda. emprestou seu capital de R$ 400,00 pelo regime de juros simples para 
sua filial por uma taxa de 4% ao mês. Obteve como resultado, o montante de R$480,00 
após um certo tempo. Qual foi o tempo da aplicação?
M = P + J
480 = 400 + J 
480 – 400 = J 
80 = J
J = P * i * n 
80 = 400*0,04*t 
80 = 16 * t 
80 / 16 = t 
5 = t Ou seja, O Tempo dessa aplicação foi de 5 meses
Exemplo 3:
Se um capital de R$ 1.000,00 é aplicado a uma taxa de 10% a.m. durante 3 meses, qual 
o valor de juros ao final do período pelo regime de capitalização simples?
J = P * i * n
J = 1000*0,10*3 = 300
Juros pagos serão de R$300,00
Exemplo 4:
Aplicação com juros simples a partir de capital no valor de R$ 40.000,00, aplicados à 
taxa de 0,001% a.d., no período de 125 dias.
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J = P * i * n 
J = 40000*0,001*125 
J = 5.000
Exemplo 5:
Aplicação obteve rendimento de R$1.200,00, aplicado a juros simples, com a taxa men-
sal de 2%. Qual o valor de Juros ao final de 1 ano e 3 meses?
J = P * i * n
J = 1.200*0,02*15 
J = 360
Observe que nesse exemplo ocorreu a conversão do período de 1 ano e 3 meses 
para 15 meses, ação necessária devido à taxa, que era mensal.
Exemplo 6: 
Há um crédito de R$ 50.000,00, pelo prazo de cinco meses, à taxa de juros simples de 
2% a.m., supondo a inexistência de quaisquer outros encargos (IOF, por exemplo). Qual 
o montante após esse período?
M=50000 + (50000*0,02*5) 
M=55.000
Agora utilizando a HP12C:
Atenção: a calculadora estima os juros simples na base de 360 dias e na base de 365 
dias, simultaneamente. Por esse motivo, o período “n” e a taxa “i” devem ser, se neces-
sário, convertidos para dia e taxa anual, respectivamente.
Podese entrar com os dados conforme os passos da Tabela 01:
Tabela 01. Cálculo juros simples HP12C.
CÁLCULO DOS JUROS SIMPLES NA HP12C
PASSO TECLAS VISOR
01 50.000 [CHS] [PV] 50.000,00
02 5[ENTER] 30 [x] [n] 150,00
03 2[ENTER] 12[x] [i] 24,00
04 [f] [INT] 5.000,00 Juros na base de 360 dias
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05 [R↓][x►◄y] 4.93,51 Juros na base de 365 dias
06 [+] 54.931,51 Montante do período na base de 365 dias
07 [x►◄y] 55.000,00 Montante do período na base de 365 dias
Fonte: Elaborado pelo autor(2020)
1.3 DESCONTO COMERCIAL SIMPLES
O desconto comercial simples é a forma de atualizar um valor nominal projetado para 
um momento futuro, pago (ou recebido) antecipadamente. Desconto é a diferença entre 
o valor nominal do título (valor no futuro) e o valor atual (valor na data da quitação ou do 
recebimento do solicitante).
As operações de desconto representam a antecipação do recebimento ou pagamento 
de valores futuros apresentados por títulos (duplicatas, notas promissórias, chequesprédatados etc.). A prática, generalizada no Brasil, é a de utilizar o desconto comercial 
ou bancário (“por fora”) no regime de juros simples.
De acordo com Gitman (2004, p. 57), o desconto é classificado tradicionalmente em 
duas modalidades: desconto racional simples (também chamado “desconto por dentro”) 
e desconto bancário ou comercial simples (também chamado “desconto por fora”).
Assim, ele tem sua aplicabilidade delimitada. A classificação dos descontos se limita a 
simples – também chamado adequadamente de bancário ou comercial – e composto. 
O critério conhecido por desconto “por fora” nada mais é do que o próprio desconto sim-
ples, com características claramente definidas. Já o desconto chamado “por dentro” (ou 
racional), não passa de uma aplicação de juros simples, nos casos em que a incógnita 
é o valor presente. (LEMES, 2002 p. 65).
Pela ampla aplicação da modalidade de desconto comercial simples nas operações 
bancárias ou comerciais de curto prazo, ela será apresentada com detalhamentos e 
especificações.
O desconto simples comercial ou bancário (por fora) é obtido com cálculos lineares. 
Seu cálculo é feito sobre o valor nominal do título. Ele é análogo ao cálculo dos juros 
simples, substituindose o capital (P) na fórmula de juros simples pelo valor nominal (N) 
do título. Temos notações comuns na área de descontos: D = N * id * n
Na expressão para cálculo do desconto simples temos:
d = valor do desconto 
N = valor nominal do título 
i = taxa de desconto 
n = tempo (antecipação do desconto)
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Com base na expressão para o cálculo do desconto, podemos estabelecer outra ex-
pressão matemática capaz de determinar o valor atual comercial, que é dado por:
A = N – d, lembrando que d = N * i * n, logo podemos dizer que A = N – N * i * n
Resumindo, também temos A = N*(1 – i * n).
É importante ressaltar que as operações de desconto comercial devem ser efetuadas 
em períodos de curto prazo, já que em períodos longos o valor do desconto pode ser 
maior que o valor nominal do título.
Exemplo:
A empresa ABC possui títulos no valor total de R$ 10 000,00, descontado à taxa de 
1,5% ao mês, com 25 dias para o chegar o vencimento. Determine:
a. o valor do desconto simples comercial.
b. o valor atual comercial do título.
Então temos os dados:
N = 10.000 
n = 25 dias 
i = 1,5% = 1,5/100 = 0,015 ao mês = 0,0005 ao dia
a. d = N * i * n 
d = 10000 * 0,0005 * 25 
d = 125 
Desconto comercial é de R$ 125,00.
b. A = N – d
A = 10000 – 125
A = 9875
Valor atual, o desconto simples comercial será de R$ 9.875, 00.
1.4 CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA
Capitalização composta é a forma de remunerar o capital pela qual a taxa de juros in-
cide sobre o capital inicial empregado, somado aos juros gerados no período anterior. 
Assim, os juros incidem sempre sobre os montantes gerados após cada período imedia-
tamente anterior ao que está sendo calculado. Ou seja, a capitalização e o rendimento 
gerados pela aplicação são incorporados ao montante total. Dizse, assim, que os juros 
são capitalizados.
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IMPORTANTE
Para gerarmos a fórmula de cálculo que envolve capitalização composta e fazer a cor-
reção dos valores monetários ao longo do tempo, mediante um índice (taxa de juros), 
considerando um capital (P), uma taxa de juros compostos (i), o prazo da operação (n) 
e o montante obtido (M), podemos concluir que o cálculo do montante em regime de 
capitalização composta é feito por meio do seguinte processo:
Montante após o 1.º período: M1 = P + P × i = P × (1 + i).
Montante após o 2.º período: M2 = P + P × i = P × (1 + i)².
Montante após o 3.º período: M3 = P × (1 + i)² × (1 + i) = P × (1 + i)³.
Assim, generalizando, após n períodos, o montante (M) será obtido por:
M = P * (1 + i) n ou também FV = PV * (1+i)n
Onde:
FV = montante
PV = capital
Taxa = i
Prazo = n
As duas fórmulas são iguais, porém escritas de forma diferente.
EXEMPLO 1. 
Francisco Vieira fez uma aplicação em um CDB pelo prazo de dois anos, à taxa de ju-
ros compostos de 16% a.a. líquida. O valor da aplicação foi de R$ 3.500,00. Com base 
nessas informações, pedese:
 ` O valor resgatado (montante)
 ` O valor dos juros
Resolução: 
Dados do problema: (a) Valor presente (PV) = R$ 3.500,00; (b) o prazo (n) = 2 anos; 
(c) taxa de juros compostos = 16% a.a.
Essa operação representa um poderoso conhecimento para analisar e comparar valores mo-
netários ao longo do tempo. A possibilidade de inflação, por exemplo, acarreta alguns efeitos 
sobre preços e salários. O resultado é que eles acabam gerando um poder aquisitivo distinto, 
em função do tempo. Podemos dizer, certamente, que um salário de R$ 3.000,00 terá um po-
der de compra diferente daqui a um mês, um semestre ou um ano. Portanto, na capitalização 
composta, os juros se agregam ao capital para formar o montante do próximo período, sobre 
o qual incidirá os juros daquele período.
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Fórmula: FV = PV * (1 + i)n 
Agora devemos substituir os dados na fórmula:
FV=3500*(1+0,16)2 
FV=3500 *(1,16)2 
FV=3500 *1,3456 
FV=4.709,60 (a) 
Portanto, o valor resgatado foi R$ 4.709,60
b. J =FVPV (J=MP) 
J=4709,603500 
J=1.209,60 
Portanto, os juros correspondem a R$1.209,60 
Então no mesmo exemplo com resolução na HP12C temos: 
3500 tecla CHS depois tecla PV depois tecla Enter 
2 tecla n 
16 Teclai 
Depois tecla FV 
Visor irá aparecer 4.709,60 
Observações:
 ` Na fórmula, a taxa de juros deve sempre se referir à mesma unidade de tempo do período 
financeiro. Caso isso não ocorra, o procedimento de se alterar a taxa de juros para que ela sin-
tonize com a unidade de tempo da operação será visto em um item específico deste capítulo.
 ` O fator (1 + i) n é chamado de fator de capitalização ou fator de acumulação de capital para 
pagamento único.
1.6. EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS E JUROS SIMPLES
Dois capitais com datas de vencimento distintas são equivalentes quando tiverem valo-
res iguais e forem analisados em uma mesma data referencial determinada, à mesma 
taxa de juros aplicada na operação.
O mesmo ocorrerá para um conjunto de capitais. Nesse caso, será feita a análise dos 
valores em planos de pagamentos para que se possa fazer a comparação de valores 
monetários em um momento específico. Geralmente, esse momento específico é o mo-
mento inicial da operação financeira (data da realização do financiamento), ou seja, o 
momento zero.
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Exemplo 1:
Quero substituir um título de R$5.000,00, vencível em 3 meses, por outro, com venci-
mento em 5 meses. Sabendo que esses títulos podem ser descontados à taxa de 3,5% 
ao mês, qual o valor nominal comercial do novo título?
SOLUÇÃO ALGÉBRICA
Dados: 
VN’ = 5.000,00 
i’ = i = 3,5% a.m. = 0,035 a.m. 
n’ = 3 meses 
n = 5 meses
VA = VA’ 
VA = VN . (1 + i . n) 
VA = VN . (1+ 0,035 . 5) 
VA = 0,0825VN 
VA’ = 5.000,00 . (1+0,035 . 3) 
VA’ = 4.475 
VA = VA’ 
0,0825VN = 4.475 
VN = R$5.424,24
SOLUÇÃO ALGÉBRICA
Dados: 
VN1 = 3.000,00 n1 = 2 meses 
VN2 = 3.600,00; N2 = 6 meses i 
= i1 = i2 = 3% a.m. = 0,03 a.m. n 
= 4 meses 
VA = VA1 + VA2
VA = VN . (1 i . n) 
VA = VN . (1 + 0,03 . 4) 
VA = 0,88VN
VA1 = 3.000,00 . (1 + 0,03 . 2) 
VA1 2.820 
VA2 = 3.600,00 . (1+ 0,03 . 2) 
VA2 = 2.952 
VA = VA1 + VA2 
0,88VN = 2.820 + 2.952 
VN = 6.559,00
Logo, o valor do novo título é de R$ 5.424,24
Exemplo 2:
Uma pessoa deseja trocar dois títulos, um de valor nominal de R$3.000,00 e o outro de 
R$3.600,00, vencíveis, respectivamente, dentro de 2 e 6 meses, por um único título vencí-
vel em 4 meses. Sendo a taxa de juro igual a 3% ao mês, qual será o valor do novo título?
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Podese dizer que R$ 1.000,00, hoje, certamente não corresponderão ao mesmo “valor” 
de poder aquisitivo de R$ 1.000,00 daqui a um mês ou um ano. Pois, evidentemente, 
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há uma inflação no período, que faz o dinheiro desvalorizar. Diante disso, apresentamos 
uma situação na qual podemos fazer a análise de duas alternativas de pagamentos de 
um produto que pode ser financiado em condições distintas de tempo.
Para realizar a comparação de valores monetários ao longo de um período, devemos 
eleger um momento em que todos os valores monetários estariam nas mesmas condi-
ções de poder aquisitivo. Assim sendo, de modo padronizado, temos o momento inicial 
(t = 0). Estipulamos esse referencial porque ele pode corresponder a momentos distin-
tos: em um financiamento, ele pode ser o momento da assinatura do contrato e do re-
cebimento do dinheiro emprestado ou do bem adquirido, ou pode ser o momento inicial 
de uma aplicação financeira em um fluxo de valores aplicados.
Assim, tomase o valor atual (valor presente) como o referencial comparativo de valores 
monetários em diferentes períodos de tempo, a fim de analisar o fluxo de valores.
1.7. EQUIVALÊNCIA DE CAPITAIS E JUROS COMPOSTOS
Quando estudamos a equivalência de capitais no regime de juros simples, vimos que 
às vezes temos necessidade de substituir um título (ou mais) por outro (ou outros) 
com vencimento diferente ou, ainda, por necessidade de obtermos dinheiro em caixa 
(entre outros diversos motivos). Assim, no regime de capitalização simples, essa data 
de comparação deve ser a data zero. Em regime de capitalização composta, a data de 
comparação pode ser qualquer uma, porque nos juros compostos são equivalentes aos 
descontos compostos.
Para que exista equivalência, devemos ter: A=A ou seja, Como A = N.(1 + i) n então A? 
= N? (1 – i) n?
Exemplo:
Quero substituir um título de R$ 75.000,00, vencível em 5 meses, por outro com venci-
mento em 3 meses. Sabendo que esses títulos podem ser descontados à taxa de juros 
compostos de 3,0% ao mês, qual o valor nominal do novo título?
Dados: N?= 75.000,00 i’ = i = 3% a.m. = 0,03 a.m. n?= 5 meses n = 3 meses
1ª fase, encontrando o valor de A, com base na antecipação do novo título de 3 meses
A = N.(1 + i) n
A = N. (1 + 0,03) n 
A = N.0,915142 
A = 0,915142N
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Atividades e controles financeiros 
SOLUÇÃO PELA HP12c
1º fase. Achando A'. Nacalculadora siga estes passos:
1
3
0,03 ÷
ENTER
CHS XYX
A = 0,915142
SOLUÇÃO PELA HP12c
2º fase. Encontrado o valor de A'. 
Na calculadora siga estes passos:
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
2ª fase, achando valor de... A?, encontrando o Valor atual (A?), com base no seu ven-
cimento de 5 meses.
A’= N’(1 – i)n’
A’ = 75.000,00.(1+0,03) 5 
A’ = 75.000,00 x 0,862609 
A’ = R$ 64.695,75
75000,00 ENTER
1 ENTER
VA' = R$ 64695,75
0,03 ÷
5 CHS YX X
3ª fase, achando N’
Assim, baseado nos dados anteriores, podemos agora achar o novo Valor Nominal
(N) a pagar do título:
N = R$ 64 695,75 / 0,915142
N = R$ 70 694,92. Podemos arredondar este valor para: N = R$70 695 
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SOLUÇÃO PELA HP12c
3º fase. Achando o valor a pagar 
Na calculadora siga estes passos:
64695,75
0,915142
ENTER
ENTER
N = R$70794,92 aprox... 
N = R$70695,00
N = R$70 695,00 (valor a pagar)
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
NOTA: Observe nesse problema que usamos a data zero como data de comparação. Porém, 
como foi dito anteriormente, essa data em juros compostos pode ser qualquer uma. Apenas 
para comprovarmos, temos: 5 meses – 3 meses = 2 meses (de antecipação), assim, pode-
mos simplificar e fazer a seguinte equação financeira:
N = 75 000,002 = 75 000,00 x 0,94260 = R$70 695,00, ou ainda 
N. (1 + 0,03)2 = 75 000,00
Isolando N temos: N = 75 000,00 / 1,06090 = R$ 70 695,00
1.8 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO
Amortizar significa pagar o principal. Portanto, para Ferreira e Teixeira (2004, p. 150), 
“Amortização é a denominação dada à forma pela qual o principal de um empréstimo 
ou financiamento é devolvido”.
SAC – Sistema de Amortização Constante
Este sistema de amortização tem como característica o valor da parcela do principal cons-
tante. Variáveis são os juros, que vão diminuindo, pois, do saldo devedor anterior se de-
duz o valor da prestação constante, e, consequentemente, o valor da prestação também 
diminui. Conforme Ferreira e Teixeira (2004, p. 158), “Este sistema foi utilizado no Brasil 
para financiamento de imóveis, sendo substituído atualmente pelo SACRE (Sistema de 
Amortização Crescente)”. O seu uso é acordado entre o cliente e a instituição financeira, 
ou, para algumas cooperativas de empregados, o seu uso é obrigatório, de acordo com o 
estatuto delas. Vamos exemplificar o uso desse Sistema de Amortização.
EXEMPLO 1.
Antônio Fulano é funcionário de uma estatal, e é associado à Cooperativa de Crédito 
dessa estatal. No estatuto dessas cooperativas, os empréstimos feitos aos seus as-
sociados usam o Sistema de Amortização Constante. Esse funcionário solicitou um 
empréstimo de R$ 5.000,00 pelo prazo de dois anos. A taxa de juros dessa associação 
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Atividades e controles financeiros 
é de 2,25% a.m. Com base nessas informações, construa a tabela de desembolso 
mensal do funcionário.
Devemos, primeiro, transformar o prazo de dois anos em meses, ou seja, em 24 meses, 
visto que a taxa está indicada ao mês, e o desembolso também é mensal. Primeiro va-
mos calcular o valor da prestação mensal:
Valor do empréstimo = (a) R$ 5.000,00; (b) prazo = 24 meses.
Portanto, a amortização mensal será:
Prestação = 
Valor do empréstimo
número de meses
P =
5.000
24
P = 208,33
DATA JUROS (R$) AMORTIZAÇÃO 
(R$) PRESTAÇÃO (R$) SALDO 
DEVEDOR (R$)
XXX (a) (b) (c) = (a) + (b) (d)
XXX J = C.i.n XXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXX (e) = (d) – (b)
0 0,00 0,00 0,00 5.000,00
1 112,50 208,33 320,83 4.791,67
2 107,81 208,33 215,62 4.583,34
3 103,13 208,33 311,46 4.375,01
... ... ... ... ...
23 9,38 208,33 217,71 208,33
24 4,69 208,33 213,02 0,00
TOTAL 1.406,27 5.000,00 6.406,27 0,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Veja que, nesse sistema de pagamento, a amortização é constante, enquanto os juros 
são decrescentes em virtude de diminuição do saldo devedor, que é igual ao saldo de-
vedor anterior menos a amortização, que é constante.
Sistema de Amortização Francês – SAF (PRICE)
No Sistema de Amortização Francês (SAF) todas as prestações são iguais. O cálculo da 
prestação segue o mesmo critério de pagamentos periódicos, usando o fator do valor 
presente. Uma forma derivada do Sistema de Amortização Francês é a Tabela Price. 
Essa forma usa o conceito de juros equivalente nominal, ou seja, a taxa nominal é dada ao 
ano, e a taxa do período de pagamento é paga de maneira proporcional, no conceito de ju-
ros simples. Vamos aplicar um exemplo para o estudo do Sistema de Amortização Francês.
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EXEMPLO 1. 
Joana Faria fez um empréstimo no valor de R$ 2.000,00, pelo prazo de seis meses. A 
taxa de juros compostos do banco é 3,5% a.m. Com base nessas informações, pedese 
para elaborar a tabela de desembolso mensal de Joana. Primeiro vamos calcular o valor 
da prestação mensal usando o fator do valor presente.
Resolução. Dados: (a) valor presente = R$ 2.000,00; (b) prazo = seis meses; (c) taxa = 
3,50% a.m. Substituindose os dados na fórmula, termos:
Vamos elaborar a planilha de desembolso mensal de Joana.
DATA JUROS (R$) AMORTIZAÇÃO (R$) PRESTAÇÃO (R$) SALDO DEVEDOR (R$)
XXX J = SDn1
.i.j XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX XXXXXXXXXX
XXX (a) (b) = c (a) (c) (d)=SDn1 – Amrtzn
0 0,00 0,00 0,00 2.000,00
1 70,00 305,34 375,34 1.694,66
2 59,31 316,03 375,34 1.378,63
3 48,25 327,09 375,34 1.051,54
... 36,80 338,54 375,34 713,00
23 24,96 350,39 375,34 362,61
24 12,69 362,61 375,34 0,00
TOTAL 252,01 2.0000,00 2252,01 XXXXXXXXX
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Nesse Sistema de Amortização, as prestações são sempre iguais e consecutivas, mas 
encontradaspelo método do fator do valor atual. Veja que sem a planilha é impossível 
verificar quanto se desembolsa de juros mensalmente e quanto se amortiza do princi-
pal. Pela tabela, percebemos que os juros são decrescentes, enquanto a amortização é 
crescente, ou seja, pagase mais juros no início dos pagamentos.
Agora vamos aplicar, em um exemplo, o uso de uma variante do Sistema de Amortiza-
ção Francês: a Tabela Price. Nela, a taxa de juros é dada ao ano, e, para saber a taxa 
aplicada no prazo constante de desembolso, devemos dividir a taxa anual pelo prazo 
da operação contida em um ano.
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Atividades e controles financeiros 
EXEMPLO 2 
Carol Siqueira fez um empréstimo no banco ALFA S.A., no valor de R$ 1.500,00, pelo 
prazo de cinco meses. O banco informou que a taxa nominal de juros é de 44% a.a., 
com capitalização mensal. Com base nessas informações, elabore a tabela de desem-
bolso mensal de Carol.
Veja que a taxa dada é anual, por isso temos que transformála em taxa mensal, pelo 
período de pagamento.
Veja também que junto à taxa de juros anual segue a expressão de capitalização men-
sal. Portanto, estamos diante de taxa de juros compostos equivalente efetiva.
Primeiro, vamos transformar a taxa anual em taxa mensal, proporcional, como se faz 
em capitalização simples.
Transformação da taxa anual em taxa proporcional mensal:
Vamos calcular o valor da prestação mensal de desembolso de Carol, usando o fator 
de valor atual.
Resolução: Dados: (a) valor do empréstimo = R$ 1.500,00; (b) prazo = cinco meses; (c) 
taxa = 3,67% a.m. Substituindose os dados na fórmula, temos:
Vamos elaborar a planilha de desembolso mensal de Carol. O processo, em relação 
ao Sistema de Amortização Francês, é o mesmo. A única diferença ocorre na forma de 
apresentar a taxa de juros, que na Tabela Price é dada ao ano. A tabela tem o mesmo 
formato do SAF, conforme segue:
DATA JUROS (R$) AMORTIZAÇÃO (R$) PRESTAÇÃO (R$) SALDO DEVEDOR (R$)
XXXXX J = SDn1
.i.n XXXXXXXXXX PV = PMT . 
(1 + i)n . i
(1 + i)n – 1 XXXXXXXXXX
XXXXX (a) (b) = c (a) (c) (d)=SDn1 – Amrtzn
0 0,00 0,00 0,00 1.500,00
1 55,00 278,77 333,77 1.221,23
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DATA JUROS (R$) AMORTIZAÇÃO (R$) PRESTAÇÃO (R$) SALDO DEVEDOR (R$)
2 44,78 288,99 333,77 932,24
3 34,18 299,59 333,77 632,65
4 23,20 310,57 333,77 322,08
5 11,81 321,96 333,77 0,00
Total 168,97 1.500,00 1.668,85 XXXXXXXXX
TOTAL 252,01 2.0000,00 2252,01 XXXXXXXXX
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Portanto, verificamos que a diferença entre o Sistema de Amortização Francês e o Sis-
tema de Tabela Price, que é uma variante daquela, se resume na taxa efetiva de juros. 
No Sistema de Amortização Francês, a taxa mensal é equivalente à taxa anual, enquan-
to no Sistema de Tabela Price a taxa de juros equivalente é efetiva, ou seja, a taxa da 
operação é bem superior à taxa nominal anual. Assim, a taxa equivalente a 44% a.a. 
seria uma taxa mensal de [(1,44) 1].100, ou seja, 3,09% a.m. 
No entanto, a taxa efetiva de 44% a.a. corresponde efetivamente a uma taxa de 54,05% 
a.a. [1,03667)121]. 100. Portanto, o Sistema Price é mais oneroso que o Sistema de 
Amortização Francês.
1.9 SÉRIES UNIFORMES
Quando fazemos qualquer operação de crédito, seja pela compra de um bem durável 
financiado, seja pela obtenção de empréstimos junto a instituições financeiras, ou quan-
do fazemos aplicações financeiras em que os depósitos são iguais e consecutivos, não 
pagamos de uma única vez como até agora supusemos em nossos exercícios, mas de 
forma parcelada. Em geral, essas parcelas são iguais e consecutivas. 
Logo abaixo destacamos a fórmula para o cálculo do montante acumulado em opera-
ções em que entram parcelas constantes e iguais.
PMT = abreviatura da palavra inglesa payment. Literalmente significa Periodic Payment 
Amount (ou pagamento periódico). Usamos essa expressão na fórmula para coincidir 
com a tecla existente na calculadora financeira HP12C.
EXEMPLO 1.
Franklyn da Silva deseja depositar mensalmente R$ 200,00 pelo prazo de 5 anos para 
comprar um carro de passeio. O valor à vista desse veículo é R$ 21.000,00. O banco 
no qual essa poupança é depositada remunera seus clientes à taxa de juros compostos 
de 1,55% a.m. Quanto Franklyn terá acumulado em cinco anos? Terá o suficiente para 
adquirir o carro de seus sonhos?
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Atividades e controles financeiros 
Veja que estamos diante de um problemasituação em que fazemos um depósito regu-
larmente, igual e consecutivo para acumular certo capital. Deparamonos com o modelo 
apresentado, em que temos o depósito, o prazo e a taxa. Substituindo os dados na 
fórmula, teremos:
Portanto, em cinco anos, Franklin da Silva terá acumulado um capital de R$ 19.567,65. 
Esse capital não é suficiente para realizar o seu sonho de compra de um carro novo no 
valor de R$ 21.000,00.
EXEMPLO 2. 
No exemplo 1, vimos que o depósito mensal efetuado por Franklyn não é suficiente para 
adquirir o carro novo no período de cinco anos. Mantidas as demais condições, qual 
seria o valor da poupança mensal necessário para adquirir o veículo?
Resolução. Dados: (a) FV = R$ 21.000,00; (b) prazo = 5 anos ou 60 meses, (c) taxa de 
juros compostos = 1,55% a.m.
Portanto, Franklyn deverá fazer uma poupança mensal de R$ 214,64.
2. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
A Contabilidade Societária, conhecida também como Contabilidade Financeira, utiliza ar-
tefatos na elaboração de mensurações de ativos e passivos nos balanços patrimoniais e 
resultados (receitas, custos e despesas), nos demonstrativos de resultados do exercício.
A evolução econômica tem a Contabilidade como sua fiel companheira e, no Direito, os 
diversos sistemas. A Contabilidade é estabelecida como base no perfeito relacionamento 
econômico financeiro na sociedade.
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Frei Lucca Paciolo consagrou, na metodologia das partidas dobradas, o termo fenômeno 
patrimonial como o registro de um fato de causa e efeito nas transações econômicas. 
Nesse conceito iniciase o entendimento da ciência contábil. “Sem contabilidade não se 
cria nem se acumula [sic] conhecimentos econômicos” (Parisi, 2011, p. 301).
Interpretamos como Contabilidade o registro e as escriturações de todos os fatos ocor-
ridos nas organizações. Por meio desse conceito, os administradores têm condições de 
estudar, interpretar, compreender e controlar o patrimônio da empresa, analisando, tam-
bém, a situação econômica e financeira da organização.
É da mensuração, apresentação e evidenciação contábil que se tem a segurança do 
conhecimento das transações efetuadas e, por meio da compreensão por parte dos admi-
nistradores, de estimativas e projeções de transações futuras. É obrigatório que todas as 
empresas de capital aberto apresentem suas demonstrações financeiras elaboradas em 
conformidade com as normas internacionais de contabilidade, segundo a determinação 
da CVM (Comissão dos Valores Mobiliários), em concordância à Lei 11.638, que alterou 
a antiga Lei das Sociedades por Ações.
A CVM – Comissão dos Valores Mobiliários foi criada pela lei Federal nº 6385, em 7 de 
dezembro de 1976, por decreto do Congresso Nacional, e tem por finalidade disciplinar, 
fiscalizar, normatizar, regular e desenvolver o mercado de valores imobiliários e toda in-
dústria de fundos de investimentos.
A contabilidade no Brasil vivenciou um salto evolutivo a partir dos anos 2000, desde a 
necessidade do aprimoramento do olhar científico até a forte influência de convergência 
ao padrão internacional. Eventos como a instituição do BRGAAP (Princípios contábeis 
geralmente aceitos no Brasil) em 2010, o nascimento do CPC em 2005, a promulgação 
da Lei n. 11.638/2007 e a institucionalização do exame de suficiência, causaram grandes 
avanços, que sujeitam a contabilidade brasileira a perseguir a qualidade das práticas e 
técnicas utilizadas nos países e mercados mais desenvolvidos.
Entender a históriada contabilidade no Brasil é fundamental para compreender o con-
texto em que se insere a profissão contábil em nosso país. A contabilidade no Brasil é 
constituída de três momentos históricos demarcadores:
 ` Anterior a 1964, posterior a 1964 e após 2007, com a consolidação jurídica da convergên-
cia ao padrão internacional e o caminho ao BRGAAP.
O ponto de início foi o ano de 1808, durante a instalação do reinado de D. João VI, 
quando foi publicado um alvará que obrigava os contadores gerais da real fazenda a 
aplicarem o método das partidas dobradas na escrituração mercantil.
2.1 USO DO CPC 
Entidade autônoma criada pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo 
estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabi-
lidade e divulgar informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela 
entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu proces-
so de produção e levando sempre em conta a convergência da contabilidade brasileira 
aos padrões internacionais.
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Atividades e controles financeiros 
Então, a criação do CPC (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS) está in-
timamente relacionada à convergência do fluxo de empresas transnacionais e o fluxo 
internacional de capitais e de operações que atravessam as fronteiras, o que já vinha 
sendo praticado em países de economia forte. Criado pela Resolução n. 1055/2005, 
seu objetivo é (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, [20], [s.p.]):
“[...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedi-
mentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir 
a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e 
uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência 
da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.
Assim, seu papel é estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos sobre con-
tabilidade, tendo como objetivo a convergência com as normas internacionais. Cabe 
ressaltar que um pronunciamento contábil não tem o poder de normatizar, mas de emitir 
pronunciamento que se tornam mandatórios por meio de normas emitidas por órgãos 
reguladores que emitem atos próprios para normatizar a atividade contábil.” 
Pronunciamento básico do CPC: estrutura conceitual para elaboração e apresentação das 
demonstrações contábeis. Por exemplo, o Conselho Federal de Contabilidade se apropria 
dos pronunciamentos contábeis para emitir as Normas Brasileiras de Contabilidade. Já a 
Comissão de Valores Mobiliários emite as Instruções Normativas da CVM, por exemplo.
Segundo o regimento interno do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, suas ativida-
des estão pautadas em reuniões realizadas mensalmente, que têm como convidados:
Comissão de Valores Mobiliários – CVM, Banco Central do Brasil – BACEN, Superin-
tendência dos Seguros Privados – SUSEP, Secretaria da Receita Federal do Brasil 
– SRFB, Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN e Confederação Nacional da 
Indústria – CNI.
Tendo em vista que desde 2008 o Brasil conta com o CPC 00 – Estrutura Conceitual – 
que, apesar de constantemente revisado, permanece seguindo os princípios e diretrizes 
das IFRS, os caminhos estão consolidados para uma maior aplicação da abordagem 
comportamental ao exercício da contabilidade brasileira.
As informações contábeis são seguras como prescreve o CPC. Por meio de normas, 
os demonstrativos contábeis são estruturados seguindo padrões para sua certificação 
e publicação. Tais certificações acarretam credibilidade às informações contábeis, as 
quais são utilizadas pelos usuários das informações, caracterizados como usuários in-
ternos e externos.
Entre os usuários das demonstrações contábeis incluemse os investidores, colaborado-
res, bancos, fornecedores e governos; eles utilizam as demonstrações para satisfazer 
algumas das suas diversas necessidades de informações, embora nem toda informa-
ção contábil satisfaça a sua necessidade.
A função da informação da contabilidade procede como ferramenta útil para tomada de 
gestão para esses usuários. Um exemplo que podemos citar são os relatórios contábeis 
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requeridos pelos investidores que desejam conhecer a empresa (situação econômica 
financeira) para seus possíveis investimentos.
O Balanço Patrimonial é um dos demonstrativos contábeis, também usado tanto por 
usuários internos quanto externos. Esse relatório contábil demonstra:
 ` Como o patrimônio de uma determinada empresa está constituído.
 ` A origem dos recursos da empresa por meio do Ativo e Passivo, sejam eles de curto a 
longo prazo.
 ` Situação Líquida Patrimonial.
De nada adiantaria compreender a abordagem comportamental sem relacioná-la com a 
prática na contabilidade, pois esse comportamento interfere diretamente na prática do 
profissional contador. Desse modo, no tópico a seguir, iremos compreender a relação 
prática da abordagem comportamental com a contabilidade.
2.2 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE 
Assaf Neto (2010, p.58) afirma que na abordagem comportamental “[...] a preocupação re-
side na relevância da informação transmitida a responsáveis pela tomada de decisões [...]”.
Diante dessa afirmação, é importante compreender como a produção da informação 
contábil pode ser influenciada pelo olhar do contador sobre os fenômenos patrimoniais. 
Essas influências podem impactar diretamente na representação da informação contá-
bilfinanceira, ameaçando sua fidedignidade.
No contexto da abordagem comportamental, o exercício da contabilidade fica sob a 
responsabilidade dos comitês de pronunciamentos técnicos, pois tem função interpre-
tativa da relação dogmática e epistemológica, considerando a diversidade do caráter 
semântico entre a norma e sua aplicação nas diversas possibilidades comportamentais.
Para atender às necessidades dos usuários, portanto, segundo a abordagem comporta-
mental, é preciso seguir os fundamentos da Estrutura Conceitual Básica, que enumera 
os pressupostos das características qualitativas obrigatórias nos demonstrativos: com-
preensibilidade, relevância, materialidade e confiabilidade (CPC, 2011).
Em suma, a abordagem comportamental ressalta a necessidade de preservar as ca-
racterísticas qualitativas da representação adequada, ou seja, a primazia da essência 
sobre a forma.
Como o desenvolvimento das atividades contábeis está ligado ao registro das mutações 
patrimoniais, é importante compreender a abordagem macroeconômica, que influencia 
o desenvolvimento de atividades de apuração, registro e controle dos fatos patrimoniais.
Para que o resultado final da contabilidade (demonstrativos contábeis) pudesse vir a ser 
inteligível por todos, foi preciso que ela fosse padronizada. Assim, o Conselho Federal 
de Contabilidade (CFC) criou os princípios e as convenções contábeis. Os princípios 
de contabilidade, instituídos pela Resolução CFC nº 750/1993 (CFC, [s.d.]) e, posterior-
mente, alterados pela Resolução CFC nº 1.282/2010 (CFC, [s.d.], são como grandes 
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Atividades e controles financeiros 
placas que nos guiam na direção correta e nos permitem chegar ao nosso objetivo.
I. Princípio da entidade: estabelece que no exercício das atividades contábeis é preciso 
diferenciar o patrimônio da empresa do patrimônio dos sócios, e até mesmo que, em grupo 
de empresas, seja feita a segregação dos patrimônios por CNPJ.
Segundo a Resolução nº 1.282/2010, existe “a necessidade da diferenciação de um 
patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes” (CFC, [s.d.]). Ou seja, 
deve existir a autonomia do patrimônio da entidade, e, portanto, seus ativos, passivos, 
receitas e despesas não se misturam com os de seus sócios.
II. Princípio da continuidade: ao elaborar e apresentar os demonstrativos contábeis, de-
vemos levar em consideração o pressuposto de que a entidade não tem data para encerrar 
as operações e que, assim, continuará as atividadesno futuro.
Segundo Resolução nº 1.282/2010 (CFC, [s.d.]), “a mensuração e a apresentação dos 
componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância [continuidade das ope-
rações no futuro]”. Nesse sentido é preciso que tenhamos cuidado ao avaliar nossos 
ativos, ao fazer a apropriação da depreciação, ao segregar os passivos e ativos no 
circulante e no não circulante etc.
III. Princípio da oportunidade: esse princípio zela pela defesa dos interesses dos usuá-
rios, pois estabelece que, uma vez que o objetivo da contabilidade é disponibilizar informa-
ções que sirvam de subsídio para a tomada de decisão por parte dessas pessoas, é preciso 
que tais informações sejam fornecidas em sua totalidade e no tempo hábil. Segundo a Re-
solução nº 1.282/2010 (CFC, [s.d.]), ser oportuno em contabilidade “referese ao processo 
de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações 
íntegras e tempestivas”.
IV. Princípio do registro pelo valor original: esse princípio determina que qualquer item 
que venha a compor o patrimônio da entidade, seja ativo, seja passivo, deve ter o primeiro 
registro realizado por seu valor original e em moeda nacional, conforme estabelece a Reso-
lução nº 1.282/2010 (CFC, [s.d.]). Assim, é costumeiro ouvirmos que, em obediência a tal 
princípio, devemos lançar os componentes patrimoniais com base nos valores de face do 
documento que originou o bem, o direito ou a obrigação para a instituição em análise.
V. Princípios da competência: as operações e atividades realizadas em uma empresa cau-
sam alterações na composição do patrimônio da entidade. Nesse sentido, o princípio da 
competência expõe que os efeitos de tais atividades devem ser contabilizados no momento 
em que ocorrem, independentemente de ter havido a efetivação financeira de tal operação. 
Segundo a Resolução nº 1.282/2010 (CFC, [s.d.]), “o princípio da competência determina 
que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se 
referem, independentemente do recebimento ou pagamento [...]”.
VI. Princípio da prudência: esse princípio estabelece que em havendo dois valores igual-
mente válidos para um único item patrimonial, este deve ser registrado com o maior valor, 
caso seja um item do passivo, ou com o menor valor, caso seja um item do ativo. Segundo a 
Resolução nº 1.282/2010 (CFC, [s.d.]), é preciso que haja precaução ao julgar valores esti-
mados, “no sentido de que os ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e 
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despesas não sejam subestimados [...]”. Portanto, temos que provisionar valores de maneira 
prudente para conferir maior confiabilidade aos valores patrimoniais.
Então podemos dizer que o objetivo da Contabilidade é estudar, analisar, interpretar, 
compreender, comparar e controlar o patrimônio de uma empresa ou pessoa física, 
além de fornecer informações úteis aos usuários (internos e externos) para a tomada 
de decisões. Seu objeto é o patrimônio formado por um conjunto de bens (carros, pré-
dios, estoques), direitos (contas a receber de curto e longo prazo, bancos, aplicações 
financeiras) e obrigações (contas a pagar a curto e/ou longo prazo), alvo central e mais 
importante do ponto de vista da mensuração da riqueza. Os usuários da informação 
contábil são as pessoas que se interessam pela situação da empresa e buscam na 
Contabilidade as suas respostas. Os usuários das informações contábeis são:
 ` Sócios;
 ` Clientes;
 ` Administradores;
 ` Setor Governamental;
 ` Concorrentes;
 ` ONGs;
 ` Analistas;
 ` Sindicatos;
 ` Consultores;
 ` Fornecedores;
 ` Prestadores de serviços;
 ` Empregados;
 ` Bancos.
A Contabilidade possui “conexões com outras áreas do conhecimento”, sendo assim 
uma ciência interdisciplinar. Para melhor compreensão acerca da interdisciplinaridade, 
a seguir seguemse as outras áreas que se relacionam com a contabilidade, tais como: 
sociologia, direito, psicologia, administração, engenharia de produção, matemático es-
tatístico, filosofia, finanças e controladoria.
O campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades econômicoadmi-
nistrativas (pessoas, patrimônio, titular, capital, ação administrativa e fim determinado). 
Essas entidades classificamse em: entidades com fins econômicos, entidades com fins 
socioeconômicos e entidades com fins sociais.
As entidades com fins econômicos são denominadas empresas públicas, privadas e 
mistas, visam ao lucro para preservar e/ou aumentar seu patrimônio líquido. Exem-
plos: empresas comerciais, industriais, agrícolas, prestadoras de serviços. Por sua vez, 
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Atividades e controles financeiros 
as entidades com fins socioeconômicos são intituladas instituições, visam o superávit, 
sendo revertido em benefício de seus integrantes. Exemplos: associações de classe, 
clubes sociais e etc.
E por fim as entidades com fins sociais que também são denominadas instituições, 
visam ao lucro social, ou seja, o bemestar social, tendo por obrigação atender às neces-
sidades da coletividade a que pertencem. Exemplos: APM, APAE etc.
Após mencionarmos a importância da informação contábil aos seus usuários, afirma 
Marion (2009, p. 28) que uma “empresa sem uma boa Contabilidade é como um barco 
em altomar, sem bússola, totalmente à deriva”.
2.3. O ESTUDO DO PATRIMÔNIO 
Antes de conceituar o que é Patrimônio, podemos relacionálo à nossa vida pessoal. É 
impossível falarmos do mesmo, sem associálos aos bens e sua materialidade. A empre-
sa possui tanto bens materiais (corpóreos ou palpáveis) quanto os bens imateriais (in-
corpóreos ou não palpáveis), que também podem ser conhecidos como bens tangíveis 
ou intangíveis, podendo ser chamados de ATIVO.
Portanto, entendese por bens: coisas úteis capazes de satisfazer às necessidades 
das empresas e pessoas. São classificados da seguinte forma:
 ` Tangíveis: possuem forma física. Exemplos: móveis, veículos e máquinas;
 ` Intangíveis: não tem forma física. Exemplos: marcas e patentes;
 ` Móveis: podem ser removidos pelos proprietários ou por outras pessoas, ou seja, locomo-
vemse. Exemplos: equipamentos, cadeiras, carros etc.;
 ` Imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou 
danos. Exemplos: edifícios, terrenos;
Quanto aos direitos de um Patrimônio, podese dizer que são os que a empresa tem 
o direito de receber de eventos passados e de outrem. Exemplos: vendas realizadas 
a prazo. A compreensão da expressão direitos em Contabilidade referese ao direito de 
receber ou de exigir algo que esteja em poder de terceiros. Exemplos: títulos a receber, 
adiantamentos a receber, adiantamento de salários, empréstimos a receber, todos po-
dendo ser classificados no curto e longo prazo, dependendo da negociação.
Cabe salientar que as Contas do Grupo do Ativo (Bens e Direitos) (lado esquerdo do 
Balanço Patrimonial) possuem Natureza Devedora.
No que diz respeito às obrigações, são valores de propriedades de terceiros que estão 
em sua posse ou que se destinam a financiar as atividades empresariais, ou seja, dívidas 
a serem pagas a terceiros. Exemplos: fornecedores; salários a pagar; tributos a pagar.
Portanto, essas obrigações que a empresa possui com terceiros, isto é, dívidas em valores 
monetários que a pessoa jurídica deve a pessoas físicas ou jurídicas, estão compreendidas 
no grupo do Passivo, e podem ser classificadas no Curto e Exigível de Longo Prazo.
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O Patrimônio Líquido de uma empresa é formado por: (i) Capital: é a soma dos 
valores que os proprietários se responsabilizaram e/ou investiram na empresa; (ii) Re-
servas: são constituídas a partir do Lucro da Empresa, com finalidades legais e estatu-
tárias definidas; (iii) Prejuízos: são resultados negativos obtidos na operacionalidade da 
empresa; (iv) Lucros: são resultados positivos decorrentes da operação da empresa e 
devemser redistribuídos.
As contas do Grupo do Passivo (Passivo Circulante, Não Circulante e PL) (lado direito 
do Balanço Patrimonial) possuem Natureza Credora.
Com isso, a origem de recursos tem por objetivo evidenciar De Onde vêm os recursos 
da empresa, ou seja, sua origem, podendo ser do capital de terceiros ou capital próprio.
O capital de terceiros é o recurso oriundo das pessoas físicas ou jurídicas que não 
fazem parte da Estrutura Societária da Empresa, podendo ser instituições financeiras, 
factoring. O capital próprio é o recurso proveniente da atividade operacional da empresa 
ou dos sócios.
Pode se afirmar que a origem de recursos nada mais é do que a “injeção de dinheiro ou 
bens” que podem ser efetivados por terceiros ou pelos sócios, cuja finalidade é reinves-
tir o mesmo para gerar riqueza à empresa e/ou aos sócios.
Quando se fala em Aplicação de Recursos, é para onde estamos enviando e/ou des-
tinando o dinheiro, ou seja, onde estamos reinvestindo, aplicando o recurso, visando 
gerar mais recurso para empresa.
O modelo simplificado abaixo, busca elucidar a estrutura de um Patrimônio:
DATA JUROS (R$)
Bens e direitos (em posse ou recebíveis) Obrigações (a serem pagas, exigíveis)
Capital de terceiros (Curto e Longo Prazo)
Patrimônio Líquido
Capital Próprio (dos sócios)
APLICAÇÃO DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
O modelo simplificado ilustra de forma sucinta como é o patrimônio de uma pessoa ou 
uma empresa. Do lado esquerdo, ficam as aplicações de recursos, representadas por 
bens e direitos da empresa. Do lado direito, todas as obrigações da empresa, sendo 
elas a curto ou longo prazo, além do dinheiro dos sócios. Podese dizer também que o 
lado direito é conhecido como origens de recursos.
3. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTÁBEIS
A legislação brasileira, desde o antigo Código Comercial, editado em 1850, determina a 
obrigatoriedade das demonstrações financeiras. Essa obrigatoriedade, historicamente, 
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Atividades e controles financeiros 
está ligada à necessidade de usuários externos (credores, bancos, governo etc.) de 
conhecer a situação econômicofinanceira das empresas.
Atualmente, todas as organizações empresariais que detêm um patrimônio devem ela-
borar essas demonstrações financeiras, obedecendo às determinações do Código Civil 
Brasileiro e da Lei n. 6.404/1976. Ou seja, as demonstrações financeiras e contábeis 
são obrigatórias para as entidades, sejam elas empresas com ou sem fins lucrativos.
3.1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP)
O Balanço Patrimonial tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial 
da empresa em determinada data, representando, portanto, uma posição estática. O 
art. 178 da Lei 6.404/76 menciona que “no balanço, as contas serão classificadas se-
gundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o 
conhecimento e a análise da situação financeira da companhia”.
O Balanço Patrimonial é composto por ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO. 
O Ativo compreende os recursos controlados por uma entidade e dos quais se esperam 
benefícios econômicos futuros.
O Passivo compreende as exigibilidades e obrigações, e o Patrimônio Líquido repre-
senta a diferença entre o ativo e passivo, ou seja, o VALOR LÍQUIDO DA EMPRESA. 
Cabe salientar que as contas devem ser classificadas no Balanço de forma ordenada e 
uniforme, para permitir aos usuários uma adequada análise e interpretação da situação 
patrimonial e financeira. Nesse sentido, a Lei 6.404/76, por meios dos arts. 178 a 182, 
definiu como deve ser a disposição das contas, seguindo para o Ativo a classificação 
em ordem decrescente de grau de liquidez, e, para o Passivo, em ordem decrescente 
de prioridade de pagamento das exigibilidades.
No Ativo, são apresentadas em primeiro lugar as contas mais rapidamente conversíveis 
em disponibilidades, iniciando com o disponível (caixa e bancos), contas a receber, 
estoques e assim sucessivamente. 
Para as contas do Passivo, classificamse em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade 
ocorre antes. Conforme conceito geral, os parágrafos 1º e 2º do art. 178 determinam a 
segregação do Ativo e Passivo nos seguintes grupos:
DATA JUROS (R$)
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo Patrimônio líquido
Investimentos Capital social
Imobilizado Reservas de capital
Intangível Ajustes de avaliação patrimonial
Reservas de lucros
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DATA JUROS (R$)
Ações em tesouraria
Prejuízos acumulados
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Como se verifica, os grupos de contas apresentados foram dispostos dentro do critério 
de grau de liquidez mencionado, sendo que dentro de cada grupo, a ordem de liquidez 
e exigibilidade deve ser mantida. Veremos nas próximas unidades o detalhamento des-
sas demonstrações.
Resumindo:
O Balanço Patrimonial é a mais importante demonstração contábil. Atualmente, as dis-
posições a respeito da sua estrutura e forma de apresentação são reguladas pela Lei n. 
6.404/1976, complementada pelos pronunciamentos emitidos pelo CPC.
O Balanço Patrimonial é considerado uma demonstração estática, pois apresenta o 
saldo das contas de natureza patrimonial em uma determinada data. Essas contas são 
divididas em três grupos bem distintos: ativo, passivo e patrimônio líquido.
No ativo são apresentadas as contas que representam os recursos controlados pela en-
tidade – oriundos de transações passadas – e dos quais se espera que resultem futuros 
benefícios econômicos. Anteriormente, o conceito era mais simples: eram os bens e di-
reitos de propriedade da empresa. Entretanto, com a evolução dos eventos econômicos, 
a Ciência Contábil teve que se adaptar, apresentando nas demonstrações não somente 
aquilo que é de propriedade da organização, mas tudo que esteja sob o controle dela.
Já no passivo são representadas todas as obrigações da empresa, ou seja, as dívidas 
dela com terceiros, como fornecedores de bens e serviços, funcionários da empresa, 
impostos e instituições financeiras. Já o patrimônio líquido representa a diferença entre 
o que a empresa tem (seus ativos) e suas dívidas (seu passivo).
3.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DRE
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a apresentação, em forma resu-
mida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, expressa de 
forma a destacar o resultado líquido do período, incluindo o que se denomina de recei-
tas e despesas realizadas.
O CPC 26 (R1), em seu item 95, menciona que: “as despesas são reconhecidas na de-
monstração do resultado do exercício com base na associação direta entre elas e os 
correspondentes da receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre 
despesas e receitas (Regime de Competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou 
combinado das receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas transações 
ou outros eventos (...)”. É por decorrência desse pressuposto que, por exemplo:
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Atividades e controles financeiros 
 ` A receita de venda é contabilizada por ocasião da transferência dos riscos e benefícios, e 
não quando de seu recebimento;
 ` A despesa de pessoal (salários e encargos) é reconhecida no mês em que se recebeu tal 
prestação de serviços, mesmo que paga no mês seguinte;
 ` Uma compra de matériaprima é contabilizada quando do recebimento da mercadoria e 
não quando do seu pagamento;
 ` A despesa do Imposto de Renda é registrada no mesmo período dos lucros a que se refe-
re e não no exercício seguinte, quando é declarada e paga.
Dessa forma, o objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício é fornecer aos usu-
ários das demonstrações financeiras da empresa os dados essenciais da formação do 
resultado (lucro ou prejuízo) do exercício. O art. 187 da Lei 6.404/76 e o Pronunciamento 
Técnico CPC 26 (R1) disciplinam a apresentação dessa demonstração da seguinte forma:
(+) RECEITALÍQUIDA DE VENDA
() Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços prestados
= LUCRO BRUTO
() Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas
(+) Receitas operacionais
(+/) Parcela dos resultados em empresas investidas reconhecidas por meio do método de equi-
valência patrimonial
(=) RESULTADO ANTES DAS RECEITAS E DESPESAS FINANCEIRAS
(+/) Despesas e Receitas financeiras
= Resultado antes dos tributos sobre o lucro
() Despesas com tributos sobre o lucro
(+/) Resultado líquido das operações continuadas e descontinuadas
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
O referido Pronunciamento Técnico aborda ainda outros aspectos relativos a DRE:
01. A necessidade de divulgação, de forma separada, da natureza e montante dos itens de 
receita e despesa quando os mesmos são relevantes;
02. A necessidade de subclassificação das despesas pelo método da natureza da despesa 
ou pelo método da função da despesa.
3.3 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
O objetivo da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é prover informações rele-
vantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos 
durante um determinado período, e com isso ajudar os usuários das demonstrações 
contábeis na análise da capacidade da entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, 
bem como suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa. 
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A Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC), embora empregada há algum tempo pelas 
empresas e compulsória em alguns países desde a década de 1980, tornouse obriga-
tória no Brasil apenas a partir do ano de 2008, com a edição da Lei n. 11.638/2007. Da 
mesma forma, para as sociedades anônimas de capital aberto, foi inserida a obrigato-
riedade de divulgação e apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Em seu item 18, o CPC 3 (R2) estabelece dois métodos, direto e indireto: no método 
direto as classes de pagamentos e recebimentos brutos são divulgadas e, no indireto, 
ocorre os ajustes do lucro líquido ou prejuízo por transações que não envolvam o caixa 
ou pelos pagamentos e recebimentos por competência em caixas operacionais passa-
dos e futuros, ou ainda pelos efeitos da despesas e receitas associadas aos fluxos da 
caixa das atividades de financiamento ou investimento.
Para estabelecer regras de como as empresas devem elaborar e divulgar a DFC, o Co-
mitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu o Pronunciamento Técnico CPC 03 
Demonstração dos Fluxos de Caixa, aprovado pela Comissão dos Valores Mobiliários 
(CVM), por meio da Deliberação nº 641/10. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) 
e o Banco Central do Brasil (Bacen) também regularam a obrigatoriedade da elaboração 
e divulgação da DFC por meio das resoluções n.ºs 1.296/10 e 3.604/08, respectivamente.
As informações da DFC, principalmente quando analisadas em conjunto com as demais 
demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercí-
cio), podem permitir que investidores, credores e outros usuários avaliem:
 ` A capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;
 ` A capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar em-
préstimos obtidos;
 ` A liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa;
 ` A performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de distintos 
tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;
 ` O grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
 ` Os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimento e de 
financiamento.
O CPC 03 Demonstração do Fluxo de Caixa menciona que o Caixa compreende nu-
merário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Já os equivalentes de caixa são 
aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversí-
veis em um momento conhecido de caixa, e que estão sujeitas a um insignificante risco 
de mudança de valor.
As disponibilidades compreendem o caixa puro (dinheiro à mão ou em conta corrente 
em bancos) e as aplicações em equivalentes de caixa, que em um momento de neces-
sidade são transformados em dinheiro.
A Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser elaborada por meio de dois métodos: o 
direto e o indireto.
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O método direto consiste em mensurar diretamente as entradas e saídas de caixa ou 
equivalentes de caixa (disponível) derivados das respectivas atividades.
O método indireto procura reconciliar o lucro líquido do exercício com o caixa gerado ou 
consumido pelas atividades, mostrando quanto desse lucro se converteu efetivamente 
em caixa ou equivalentes de caixa. A estrutura da DFC, elaborada pelo método direto, 
pode assim ser resumida: (o sinal + (mais) representa as entradas de caixa ou equivalen-
tes de caixa e o sinal (menos) representa as saídas de caixa ou equivalentes de caixa).
DATA JUROS (R$)
(+) Recebimento de Vendas 840.000,00
() Pagamento de fornecedores 
(440.000,00)
() Pagamento de salários 
(150.000,00)
() Pagamento de tributos (70.000,00)
() Pagamento de outras despesas operacionais 
(100.000,00)
(=) Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais 80.000,00
(b) Fluxo de Caixa das Atividaese Investimento Valor
() Aquisição do imobilizado em dinheiro (60.000,00)
(=) Caixa Consumido pelas Atividades de Investimento (60.000,00)
(c) Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento Valor
(+) Aumento de capital em dinheiro 50.000,00
(=) Caixa Gerado pelas Atividades de Financiamento 50.000,00
(=) Variação do Disponível (a+b+c) 70.000,00
(+) Saldo do disponível no início do período extraído do Balanço Patrimonial 80.000,00
(=) Saldo do disponível no final do período extraído do Balanço Patrimonial 150.000,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Esse método efetua uma reconciliação entre o lucro do exercício e o fluxo de caixa da 
atividade operacional, efetuando os seguintes ajustes:
 ` adicionar ao lucro todas as despesas que não representam desembolso (depreciação, 
resultado negativo da equivalência patrimonial) entre outros;
 ` excluir do lucro todas as receitas que não representam desembolso (resultado positivo da 
equivalência patrimonial) entre outros.
3.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) tem por finalidade forne-
cer a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas componentes do 
Patrimônio Líquido (PL); faz clara indicação do fluxo de uma conta para outra e indica a 
origem e o valor de cada acréscimo ou diminuição no (PL) durante o exercício. Tratase, 
portanto, de informação que complementa os demais dados constantes no Balanço 
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Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração do 
Fluxo de Caixa (DFC). 
As contas que formam o Patrimônio Líquido podem sofrer variações por inúmeros moti-
vos, além de existirem itens que afetam e não afetam o PL.
Cabe salientar que os itens que podem afetar o Patrimônio Líquido são:
(+/) Acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo do exercício.
() Redução por pagamento de dividendos.
() Redução por pagamento de juros sobre capital próprio.
(+) Acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos (após transitarem pelo 
resultado).
(+) Acréscimo por subscrição e integralização do capital social.
(+) Acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações.
(+) Acréscimo pelo valor de alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição.
(+) Acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures.
(/+) Redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda.
(+/) Acréscimo ou redução por ajustes de exercícios anteriores
() Redução por gastos na emissão de ações.
Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
No tocanteaos itens elucidados acima, as possibilidades não se encontram esgotadas, 
podendo haver outras operações que influenciem o saldo do Patrimônio Líquido. Os 
itens que não afetam o saldo do Patrimônio Líquido podem ser: 
 ` aumento de capital com utilização de lucros e reservas;
 ` apropriações do lucro líquido do exercício, por meio da conta de Lucros Acumulados, para 
a formação de reservas, como Reserva Legal, Reserva para Contingência, Reserva Esta-
tutária, Reserva de Incentivos Fiscais entre outras;
 ` Reversões das Reservas Estatutárias, Contingenciais, de Incentivos Fiscais para a conta 
de Lucros Acumulados;
 ` Compensações de Prejuízos Acumulados com Reservas.
3.5 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
Desde janeiro de 2008, a Demonstração de Valor Adicionado (DVA) passou a ser uma 
demonstração contábil obrigatória no Brasil para as sociedades anônimas de capital 
aberto, de acordo com as alterações da Lei n. 11.638/2007. Essa demonstração eviden-
cia o valor das riquezas criadas pela empresa, bem como sua distribuição, constituindo-
se em ferramenta útil aos vários grupos de usuários da informação contábil.
As informações contidas na DVA foram aprovadas pela Resolução CFC n. 11.348/2008, 
que legitimou a norma brasileira de contabilidade NBC T 3.7. Esse ato aprovou o pro-
nunciamento CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado. A DVA trabalha com o con-
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ceito de geração, aquisição, retenção e distribuição de renda, não identificando despe-
sas e receitas. Essa é a diferença básica em relação à DFC e à DRE. Para se elaborar 
a DVA, devese extrair os dados da Contabilidade, sendo que os valores informados 
precisam ter como base o princípio da competência.
A DVA pode ainda compor o Balanço Social, ou seja, um balanço sobre a relação da 
empresa com o meio em que está inserida. Por isso, esse balanço é constituído não 
apenas pelo DVA, mas também por um Balanço Ambiental, Balanço de Recursos Hu-
manos e Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral.
3.6 NOTAS EXPLICATIVAS
As notas explicativas, conforme podemos observar no quadroresumo exposto anteriormen-
te, é um item obrigatório para todas as empresas que devem elaborar e divulgar as de-
monstrações contábeis. No período anterior à Lei n. 11.638/2007 e aos pronunciamentos 
emitidos pelo CPC, elas eram elaboradas e divulgadas apenas pelas sociedades anônimas. 
Atualmente, no entanto, a sua obrigatoriedade se estende a todas as empresas.
Qual o motivo de elaborar notas explicativas? As demonstrações financeiras tradicio-
nais, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício, apre-
sentam, de forma sintética, a situação patrimonial e financeira de uma entidade.
Entretanto, para que o usuário tenha conhecimento de como tais valores foram avalia-
dos, mensurados ou, ainda, como está composto o saldo de determinado grupo, fazse 
necessária a elaboração e divulgação de notas explicativas.
A Lei n. 6.404/1976, alterada pela Lei n. 11.941/2009, traz em seu artigo 176, parágrafo 4º, 
que as demonstrações deverão ser complementadas por notas explicativas e outros qua-
dros analíticos, ou ainda por demonstrações que sejam necessárias para o esclarecimento 
da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Para a elaboração das notas explica-
tivas há necessidade de se apresentar informações sobre a forma como foram preparadas 
as demonstrações financeiras e quais as práticas contábeis adotadas, além de indicar os 
critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, as dívidas, as opções de compras de 
ações, os ajustes e os eventos subsequentes à data do encerramento do exercício.
Como podemos observar, há uma gama de eventos que devem ser objeto de Notas 
Explicativas.
Os valores contábeis de ativos e passivos reconhecidos que representam itens objetos 
de hedge (proteção contra os riscos de grandes variações de preço) a valor justo que, 
alternativamente, seriam contabilizados ao custo amortizado, são ajustados para de-
monstrar as variações nos valores justos atribuíveis aos riscos que estão sendo objeto 
de hedge. A liquidação das transações envolvendo essas estimativas poderá resultar 
em valores divergentes dos registrados nas demonstrações financeiras devido a possí-
veis imprecisões no processo de sua determinação.
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3.7. NOÇÕES DE AUDITORIA INDEPENDENTE 
Segundo Assaf Neto (2010), outro processo que objetiva contribuir para a fidedignidade 
das demonstrações contábeis é conhecido como auditoria. Esta pode ser tanto interna 
quanto externa. A auditoria interna é realizada por um colaborador da empresa, auxilian-
do na implementação de controles internos. 
Entendese por controles internos todo e qualquer processo cuja finalidade é a melhoria 
de um procedimento ou tarefa em uma empresa para salvaguardar um ativo, adequar 
tarefas e dar suporte aos dados contábeis, entre os quais estão os manuais e o aperfei-
çoamento de processos e fluxos de informação, propiciando que ocorra menos erros e 
haja um maior controle de suas atividades. Cabe citar que a auditoria interna atua como 
um instrumento de suporte aos gestores, subsidiando a geração e monitoramento do 
fluxo da informação das atividades empresariais (ASSAF NETO, 2010).
Auditoria: é a verificação da veracidade das informações contábeis, servindo como 
orientação de procedimentos e até mesmo para a prevenção de fraudes. Pode ser 
interna, quando realizada por profissionais da própria empresa, ou externa, quando 
realizada por auditores independentes. É obrigatória nas sociedades anônimas.
O que vem a ser, afinal, uma demonstração contábil e financeira confiável? O que a 
princípio pode parecer um critério muito subjetivo, na realidade possui alguns indicado-
res objetivos, que devem ser observados na recepção de demonstrações financeiras 
para a realização de um processo de análise.
Para avaliar os aspectos de confiabilidade das demonstrações, podemos utilizar, com 
algumas adaptações, a classificação sugerida por Assaf Neto (2010), que separa as 
demonstrações para análise em quatro situações, indo da situação ideal para análise 
até uma totalmente inadequada. O analista deverá estar atento em relação a cada um 
dos eventos relatados a seguir:
1.Situações ideais para análise das demonstrações contábeis financeiras:
a. A empresa pública e divulga suas demonstrações financeiras em jornal de grande 
circulação, atendendo a todos os requisitos previstos na Lei n. 6.404/1976;
b. As demonstrações possuem parecer do conselho fiscal, relatório da diretoria e 
notas explicativas completas, estando de acordo com o determinado pelas regras do 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis;
c. A empresa possui parecer de auditoria independente, cumprindo a norma de rota-
tividade de auditores, trocando a empresa de auditoria independente periodicamente.
2. Situações que podem exigir algum cuidado por parte do analista:
a. Demonstrações financeiras nas quais o relatório da diretoria se apresenta de forma 
muito resumida;
b. Demonstrações financeiras nas quais as notas explicativas não expõem, de forma 
clara e relevante, informações consideradas necessárias, tendo em vista o ramo de 
atividade e o porte da empresa;
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Atividades e controles financeiros 
c. Empresa com auditoria independente há mais de cinco anos, mas sem rotatividade.
3. Situações que requerem muitos cuidados por parte do analista:
a. Demonstrações financeiras que não são publicadas em virtude da não obrigatorieda-
de legal. Devese levar em consideração o porte da empresa, uma vez que pequenas 
e médias empresas, usualmente, são sociedades limitadas, que estão desobrigadas 
dessa publicação;
b. Demonstrações que não contenham parecer de auditoria independente, ou cujo pa-
recer seja com ressalva, com abstenção de opinião ou, ainda, adverso.
Novamente, devese atentar para o tipo societário da empresa e para a obrigatoriedade 
legal. Em alguns casos, como na concessão

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