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Vícios Redibitórios INTRODUÇÃO Refere-se à garantia legal existente quanto aos vícios contratuais. Os vícios contratuais atingem o objeto do negócio, não se confundindo com os vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo E lesão). CONCEITO ―Os vícios redibitórios são defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo ou de doação onerosa, não comum às congêneres, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o negócio não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter abatimento no preço. Por exemplo, novilhas escolhidas para reprodução de gado, porém estéreis‖ (DINIZ, Maria Helena. Código..., 2005, p. 421). Entretanto, como será exposto, o art. 445 do atual código civil diferencia os prazos nos casos em que os vícios podem ser conhecidos de imediato ou mais tarde, razão pela qual entendemos que a atual codificação também trata dos vícios aparentes, como já fazia, mas de forma diferenciada, o Código Civil de Defesa do Consumidor. Imagine-se uma situação em que alguém compra um automóvel do vizinho, que não é profissional nessa atividade de venda de veículos. O carro seminovo apresenta problemas de funcionamento. Como não há relação de consumo, o caso envolve um vicio redibitório, aplicando-se o Código Civil. Sendo assim, o adquirente terá o seu favor as opções e prazos no artigo 445 do CC/2002, conforme será estudado mais adiante. VICIO REDIBITÓRIO # ERRO O erro é vício do consentimento que atinge a vontade, gerando a anulabilidade do negócio jurídico. Está, portanto, no plano da validade do contrato. Você acha uma coisa e é outra. Exemplo: Sambiquira. Vício redibitório é vício da coisa, que gera o abatimento no preço ou a resolução do negócio. Não há dúvidas, por sua natureza, que está no plano da eficácia do contrato. Por exemplo, candelabros prateados que o comprador adquire pensando serem de Prata. Não há defeito ou vício intrínseco a coisa. O que ocorre é vício no consentimento. O negócio é ultimado tendo em vista um objeto com aquelas qualidades que todos esperam que possuam, comum a todos os objetos da mesma espécie. Porém àquele objeto falta uma dessas qualidades, apresentam um defeito oculto, não comum aos demais objetos da espécie. Por todos os ensinamentos, há uma garantia legal contra os vícios rebibitórios nos contratos bilaterais (sinalagmáticos), oneroso e comutativo, caso da compra e venda, devendo também ser incluídas as doações onerosas, conforme preceitua o art. 441, parágrafo único, do CC. CONTRATO ALEATÓRIO Há uma garantia legal contra os vícios redibitórios nos contratos bilaterais, onerosos, comutativos, bem como, nas doações onerosas. ―O artigo 441 do código civil deve ser interpretado no sentido de abranger também os contratos aleatórios, desde que não abranja os elementos aleatórios do contrato‖ (enunciado número 583 do CJF). OBS: caso a álea recaia sobre a qualidade da coisa, não há de se afastar necessariamente a aplicação da disciplina pertinente aos vícios redibitórios, vez que as partes assumiram o risco da coisa a ser entregue se encontrar com vício de qualidade que a torne imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminua o valor. Exemplo: João faz um contrato aleatório com Pedro que tem cavalos, se o cavalo 1 der cria seja macho ou fêmea será dele, no entanto, o filhote nasce com 3 pernas, e é inútil para a finalidade em que João quer destinar. Haverá aqui um vicio, pois João não assumiu o risco em ficar com o cavalo nascido dessa forma. Logo, resolve-se a obrigação. CÓDIGO CIVIL Seção V Dos Vícios Redibitórios Vicio oculto é aquele defeito cuja existência nenhuma circunstancia pode revelar, senão mediante exames e testes. É vicio que desvaloriza a coisa ou torna-se imprestável ao uso a que se destina. Como é comum na doutrina, tal vicio é chamado de redibitório, pois confere à parte prejudicada o direito de redibir, ou seja, rescindir o contrato, devolvendo a coisa e recebendo do devedor a quantia paga. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. É certo que, no momento em que o bem é adquirido, o vicio deve ser tido como oculto para que exista garantia legal. Esse dispositivo leva em conta o primeiro contato da pessoa com a coisa. mas pode ser que estando o bem na posse do adquirente, após uma analise mais apurada e profunda, este perceba o vicio de imediato, sendo o mesmo tipo aparente, nesse momento de contato com a coisa, aplicando-se o art. 445, caput, do CC, quanto ao prazo decadencial. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Assim, aplicando a norma, concluiu o Tribunal do Direito Federal que ―assim, mesmo em se tratando de veiculo com quase dez anos de uso, deve o alienante responder pelo defeito oculto no motor, o qual após dois meses da venda veio e fundir, necessitando de retífica completa. Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. Prazos decadenciais para o adquirente ingressar com as ações edilícias, a saber: - 30 dias para bens móveis; - 1 ano para bens imóveis. Tais prazos devem ser contados, em regra, da entrega efetiva da coisa (tradição real. Mas se o comprador já estava na posse do bem, os prazos serão reduzidos à metade. (15 dias para móveis e 6 meses para imóveis). § 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. Prazos para vícios ocultos ou que, por sua natureza, somente podem ser conhecidos mais tarde. - 180 dias para bens móveis; - 1 ano para bens imóveis. Esses prazos devem ser contados do conhecimento do vicio, o que é mais justo diante do que já prévia o Código de Defesa do Consumidor. Mais uma vez, o dialogo com a lei consumerista é evidente. § 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Estando prejudicado o adquirente, terá ele as seguintes possibilidades jurídicas: 1) Pleitear abatimento proporcional no preço, por meio de ação quanti minoris e ação estimatória. 2) Requerer a resolução do contrato (devolvendo a coisa e recebendo de volta a quantia em dinheiro que desembolsou), sem prejuízo de perdas e danos, por meio deação redibitória. Para pleitear as perdas e danos, deverá comprovar a má-fé do alienante, ou seja, que o mesmo tinha conhecimento dos vícios redibitórios (art. 443 do CC). Todavia, a ação redibitória, com a devolução do valor pago e o ressarcimento das despesas contratuais, cabe o mesmo se o alienante não tinha conhecimento do vicio. Com relação a essas possibilidades, merece aplicação o princípio da conservação do contrato. Sendo assim, deve-se entender que a resolução do contrato é o ultimo caminho a ser percorrido. Nos casos em que os vícios não geram grandes repercussões quanto à utilidade da coisa, não cabe a ação redibitória, mas apenas a ação quanti minoris, com o abatimento proporcional do preço. Anote-se que, segundo a doutrina, se o Vico for insignificante ou ínfimo e não prejudicar as finalidades do contrato, não cabe sequer esse pedido de abatimento no preço. AÇÕES EDILÍCIAS A expressão edilícia tem origem no direito romano, pois a expressão foi regulamentada pela aediles curules, por volta do século II a.C., com o objetivo de evitar fraudes praticadas pelos vendedores no mercado romano. Ressalta-se que os vendedores, em geral, eram estrangeiros (peregrinos) que tinham por hábito dissimular muito bem os defeitos da coisa que vendiam. Ação quanti minoris ou ação estimatória = abatimento proporcional no preço. Ação redibitória = resolução do contrato. OBS: Nos casos em que os vícios não geram grandes repercussões quanto à utilidade da coisa, não cabe ação redibitória, mas apenas a ação quanti minoris, com o abatimento proporcional do preço. AÇÕES EDILICIAS – PRAZOS Nos casos de vícios de fácil constatação, quê que podem ser percebidos de imediato, após o bem ser adquirido: 30 dias para bens móveis; 1 ano para bens imóveis. OBS: Tais prazos devem ser contados da entrega efetiva da coisa. Mas, se o comprador já estava na Posse do bem, os prazos serão reduzidos à metade. Nos casos de vícios ocultos ou que, por sua natureza, somente podem ser conhecidos mais tarde: 180 dias para bens móveis e seis meses para bens imóveis OBS: Esses prazos são contados a partir do conhecimento do vício, isso não se aplicando a regra do prazo pela metade (supra). CLÁUSULA DE GARANTIA Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Essa decadência está ligada à perda do direito de garantia e não ao direito de ingressar com as ações edilícias. Sendo assim, findo o prazo de garantia convencional ou não exercendo adquirente o direito no prazo de 30 dias fixado no artigo 446 do código civil iniciam-se os prazos legais previstos no artigo 445 do código civil. Quando o produto está dentro da garantia e têm um problema, deve informar no prazo de 30 dias, devendo ser informado. Acaba o direito de garantia e entra com ações. EFEITOS A ignorância dos vícios pelo alienante não o exime da responsabilidade. Se os conhecia, além de restituir o que recebeu, responderá também por perdas e danos (art. 443). Nas hipóteses de coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma delas não autoriza a rejeição de todas (art. 503). A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto já existente ao tempo da tradição (art. 444). CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Para as relações entre desiguais (relações de consumo) aplica-se o CDC. Para as relações entre iguais (relações civis) terá aplicação código civil. VÍCIO DO PRODUTO # FATO DO PRODUTO A diferença básica entre o fato do produto e o vício do produto está na lesividade para com o consumidor: Vicio do produto: Existe a perda da qualidade do produto, em que irá apenas lhe diminuir o valor e/ou não cumprir aos fins a que se destinam, porém, não irão oferecer riscos ao próprio consumidor. Fato do produto: O produto oferece risco à segurança do consumidor, trazendo lesividade à saúde, estética, e até mesmo a vida do adquirente. Os vícios de produto são os vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados para o consumo a que destinam ou diminui o valor. Por tais vícios responderão solidariamente todos os envolvidos com o fornecimento, seja o produtor (fornecedor mediato) seja o comerciante (fornecedor imediato), regra esta não aplicável aos vícios redibitórios, pois sendo o Código Civil responde apenas o alienante a coisa. O consumidor prejudicado com os vícios do produto poderá pleitear (art.18 do CDC): - A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso. - A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. - O abatimento proporcional do preço. Art. 18. §1º Não sendo o vício sanado no prazo Maximo de 30 dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e a sua escolha dos itens citados anteriormente. §2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferir a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. §4º tendo o consumidor optado pela substituição do produto e não sendo possível, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço. Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária respeitada às variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Pelos vícios do produto responderão solidariamente todos os envolvidos com o fornecimento, seja o produtor (fornecedor mediato) seja o comerciante (fornecedor imediato), regra esta não aplicável ais vícios redibitórios, pois segundo o CC responde apenas o alienante da coisa. Há uma importante ressalva quanto à solidariedade é feita no §2º do art. 19 do CPC, pelo qual somente o fornecedor imediato será responsável civil na hipótese em que fizer a pesagem ou medição do produto e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo padrões oficiais. CONSUMIDOR PREJUDICADO Substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; Abatimento proporcional do preço. O art. 19 do CDC trata especificamente dos vícios de quantidade, que também geram a responsabilidade solidária dos fornecedores ―sempre que respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo liquido for inferior as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária. O abatimento proporcional do preço. A complementação do peso ou medida. A substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios. A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. O art. 23 do CDC não exime a responsabilidade do fornecedor diante do fato de ele ignorar os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços, consagrando a teoria daconfiança, que mantém relação com a boa-fé objetiva. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade. Art.24 CDC. É vedada a exoneração do fornecedor. Art.25 CDC. Considera-se abusiva a clausula de exoneração do fornecedor. Se a obrigação era de mais de um, responde todos de forma solidária. Ademais, se a causa foi por alguma peça, responderá o fabricante. PRAZO DECADENCIAL 30 dias = tratando-se de fornecimento de produtos não duráveis (aqueles que desaparecem facilmente com o consumo caso de alimentos perecíveis). 90 dias = tratando-se de fornecimento de produtos duráveis (que não desaparecem facilmente com o consumo, caso de veículos e de eletrodomésticos). OBS: Presentes os vícios aparentes, os prazos são contados a partir da entrega efetiva da coisa (26, § 1º, CDC). Por outro lado, havendo vícios ocultos os prazos serão contados a partir do seu conhecimento pelo consumidor (26, § 3º, CDC). OBSTA O PRAZO DECADENCIAL A reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos até a resposta negativa que deve ser transmitida de forma inequívoca. Instauração de inquérito civil pelo Ministério público até o seu encerramento. OBS: Havendo prazo de garantia convencional ou contratual, o prazo de garantia legal somente será contado a partir do término do primeiro (50, CDC). EVICÇÃO Seção VI Da Evicção Significa ser vencido ou ser um perdedor. Como bem esclarece Sílvio de Salvo Venosa, a responsabilidade civil por evicção surge nos contratos consensuais em Roma, em momento correspondente, com menos formalidade, à stipulatio. A evicção pode ser conceituada como a perda da coisa diante de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que atribui a um terceiro. Quanto aos efeitos da perda, a evicção pode ser total ou parcial. Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Percebe-se que há uma garantia legal em relação a essa perda da coisa, objeto do negócio jurídico celebrado, que atinge os contratos bilaterais, onerosos e comutativos, mesmo que tenha sido adquirida em hasta pública. Elementos subjetivos ou pessoais da evicção: - O alienante, aquele que transferiu a coisa viciada, de forma onerosa. - O evicto (adquirente ou avencido), aquele que perdeu a coisa adquirida. - O evictor (ou evecente), aquele que teve a decisão judicial ou a apreensão administrativa a seu favor. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. A responsabilidade pela evicção decorre da lei, assim não precisa estar prevista no contrato, mas as partes podem reforçar a responsabilidade, atenuando ou agravando seus efeitos. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Fica claro que segue o entendimento dominante pelo qual o alienante somente ficará totalmente isento de responsabilidade se pactuada a cláusula de exclusão e o adquirente for informado sobre o risco da evicção (sabia o risco e aceitou). Atenção! - Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento do risco da evicção pelo evicto = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante. - Cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência especifica desse risco por parte do adquirente = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo adquirente pela coisa evicta. - Cláusula expressa de exclusão da garantia, sem que o adquirente haja assumido risco da evicção do que foi informado = direito deste de reaver o preço que desembolsou. Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: evicto é a pessoa prejudicada pela evicção. I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. A norma, como se vê, veda o enriquecimento sem causa, pois leva em conta o momento efetivo da perda. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Prevê não poderá o adquirente haver a coisa deteriorada para si sabendo do vicio e depois se insurgir, pleiteando o que consta no art. 450 do CC. No caso em questão, o dispositivo, em sintonia com a boa-fé objetiva, veda o comportamento contraditório, aplicação da máxima Nemo venire contra factum proprium. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá- las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante. Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida. Abonadas significa descontar no débito. Art. 455. Se parcial, mas considerável a perda, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável a perda, caberá somente direito a indenização. No primeiro caso – evicção parcial e considerável- parece que convém ao evicto fazer a opção de rescindir o contrato, podendo pleitear tudo o que consta do art. 550. De qualquer modo, ele tem ainda a opção de pleitear o abatimento no preço quanto ao valor da perda. Vale dizer que, também no caso de evicção parcial, merece aplicação o principio da conservação do contrato. Assim, o juiz da causa pode entender que a rescisão contratual é o ultimo caminho a ser percorrido. Art. 456. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência) Ora prejudicado pelo novo CPC, pois tal artigo POSSIBILITAVA a denunciação per saltum. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Entendemos que o dispositivo veda a possibilidade de o evicto demandar o alienante se tinha conhecimento do vicio e do risco de perder a coisa, o que de fato ocorreu. CONCEITO É a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. FUNDAMENTAÇÃO Funda-se no mesmo princípio de garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios, estendido aos defeitos do direito transmitido. O alienante é obrigado a resguardar o adquirente dos riscos da perda da coisa para terceiro, por força de decisão judicial (art. 447). EXTENSÃO DA GARANTIA Verbas devidas, além da restituição das quantias pagas: a indenização dos frutos que o adquirente tiver sido obrigado a restituir; a das despesas dos contratos e dos prejuízos que resultarem diretamente da evicção; as custas e os honorários de advogado (art. 450). — Subsiste para o alienante a obrigação de ressarcir os prejuízos ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente (art. 451). — Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção (art. 448). Não obstante a existênciade tal cláusula, se a evicção se der, tem direito o evicto a recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu (art. 449). — Em caso de evicção parcial, mas considerável, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido (art. 455). REQUISITOS a) perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; b) onerosidade da aquisição; c) ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa (art. 457); d) anterioridade do direito do evictor; e) denunciação da lide ao alienante (art. 456). EXCLUSÃO DA GARANTIA Cláusula expressa de exclusão da garantia + conhecimento do risco da evicção pelo evicto = isenção de toda e qualquer responsabilidade por parte do alienante. –Cláusula expressa de exclusão da garantia – ciência específica desse risco por parte do adquirente = responsabilidade do alienante apenas pelo preço pago pelo adquirente pela coisa evicta. –Cláusula expressa de exclusão da garantia, sem que o adquirente haja assumido o risco da evicção de que foi informado = direito deste de reaver o preço que desembolsou. EVICÇÃO TOTAL a) A restituição integral do preço pago. b) A indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir. c) A indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção (danos emergentes, despesas de escritura e registro e lucros cessantes, nos termos dos arts. 402 a 404 do CC; além de danos imateriais). d) As custas judiciais e os honorários advocatícios do advogado por ele constituído. EVICÇÃO PARCIAL A evicção ainda pode ser parcial. Sendo parcial, mas considerável a perda, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque. Sendo parcial a evicção, mas não considerável, poderá o evicto somente pleitear indenização por perdas e danos (art. 455 do CC). Em regra, pode-se afirmar que esta é aquela que supera a metade do valor do bem. BENFEITORIAS NECESSÁRIAS Com relação às benfeitorias necessárias e úteis não abonadas ao evicto pelo evictor deverão ser pagas pelo alienante ao adquirente da coisa, já que o último é tido como possuidor de boa-fé (art. 453 do CC). DENUNCIAÇÃO DA LIDE A denunciação da lide não é obrigatório para o exercício do direito de evicção: ―O direito que o evicto tem de recobrar o preço que pagou pela coisa evicta independe, para ser exercido, de ter ele denunciado a lide ao alienante‖. A denunciação da lide – chamamento de outra pessoa para responder à ação – é uma possibilidade existente no ordenamento jurídico para dar celeridade processual, quando é evidente a responsabilização de terceiro no caso de derrota na ação principal. SE SAIBA SER A COISA ALHEIA E LITIGIOSA Somente será oposta a evicção em relação a imóveis se a controvérsia constar, de algum modo, da matrícula do bem não tenha sido registrada ou averbada na matrícula do bem as seguintes informações: a) registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias; b) averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação de execução ou de fase de cumprimento de sentença, c) averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados, de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e d) averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência. Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
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