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Sheila Prates – 93 PPR I Conjunto de procedimento de diagnóstico que visa obter informações a respeito do padrão, da forma e do contorno dos dentes pilares e tecidos moles adjacentes. É de responsabilidade do cirurgião dentista pois constitui uma das etapas do exame do paciente (análise dos modelos de estudo). Por que delinear? Para complementar o exame clínico Determinar: Diagnóstico Planejamento / plano de tratamento (sequência de trabalho) Execução das modificações do sistema de suporte – em função do plano de tratamento Prognóstico – não há garantia de prognóstico após a instalação da prótese, porque fica de responsabilidade do paciente. Com que delinear? Delineador, paralelômetro, tangenciômetro, paralelímetro Delineador Todas as perpendiculares ao mesmo plano são paralelas entre si – medido o paralelismo relativo de alguma coisa. Haste vertical na base: traça uma perpendicular à base e está presa em um “braço”, por isso, só se movimenta de baixo para cima. Tem um mandril, encaixa as pontas de análise na haste pelo mandril e insere na local estipulado. Se posicionar errado, a ponta vai inclinar e desenha traçados diferentes. Pontas no longo eixo da haste vertical. Existem diversos tipos de delineador, mas todos seguem o mesmo princípio. O porta grafite/cera tem um lado que é só fendido que vai preso na haste do delineador, e o outro lado que forma uma bainha que deixa exposto um dos lados que irá traçar o equador protético. Esse modelo é mais resistente para não deixar a ponta quebrar. A ponta não pode estar irregular, pois não irá traçar o equador corretamente. Mesa porta-modelos → base com trava, com articulação esfenoidal ou junta universal e a porta modelos. Permite a inclinação do suporte e do modelo para qualquer posição. Ântero-posterior, latero-lateral... Pontas recortadoras de cera: forma de facas ou cinzéis. São usadas para identificar a melhor trajetória de inserção ou remoção da PPR e permitem a realização de alívios que bloquearão áreas retentivas não utilizadas na confecção da estrutura metálica da prótese, mantendo a trajetória de inserção e remoção definida. Porta grafite ou cera: em forma de bainha, expõe um lado da ponta e é utilizada para marcar o maior contorno do dente ou outra estrutura. Pontas calibradoras de retenção: usadas para identificar e quantificar áreas retentivas para o correto posicionamento das partes responsáveis pela retenção da prótese. São 3 pontas e correspondem as medidas de retenção horizontal. EXAME DO PACIENTE Cada caso de clínica terá diferentes configurações de desdentamento, com diferentes ocorrências e resultados imprevisíveis. O exame no articulador é fundamental para o tratamento do caso, pode-se restabelecer dimensão vertical para pacientes que perderam essa referência. Se o paciente tiver boa mordida, sem problemas de espaço, sem dentes fora de posição, sem sintomatologia dolorosa, até pode deixar de realizar a moldagem dos modelos de estudo, mas nunca do modelo de trabalho depois. Fora essa condição, montar os modelos de estudo, de preferência em relação cêntrica. EXAME DOS MODELOS DE ESTUDO No articulador No delineador NO DELINEADOR Prótese com extremidade livre pode ser o desenho mais fácil de resolver, mas a execução/manutenção é mais trabalhosa. O paciente vai continuar aplicando maior força mastigatória no dente natural, por ter mais segurança, hábito, força, eficiência... mesmo a oclusão estando estabelecida. Quando se inicia indicações e planejamento na prática, não necessariamente a PPR é mais indicada, sempre pensar na melhor opção para o paciente. EQUADOR PROTÉTICO Linha de maior contorno do dente pilar considerado proteticamente, ou seja, em relação aos demais dentes remanescentes e estruturas adjacentes, e que difere do equador anatômico, que considera cada dente individualmente. Divide-se o dente em duas regiões: Cervical: retentiva – material flexível ou semiflexível Oclusal: não retentiva ou expulsiva – material rígido Localizar área de retenção: saber onde localizar os grandes componentes na estrutura dentária. A inclinação muda o traçado resultante, por isso precisa encontrar a melhor posição que o modelo vai assumir no delineador para sabe o traçado que irá realizar. Para entender o traçado do equador protético pode-se usar o seguinte raciocínio: a inclinação acentuada de um modelo para o seu lado direito propicia a obtenção de um traçado bem próximo à face oclusal, na face vestibular, e bem próximo à cervical, na face lingual/palatina do dente pilar deste lado. Invertendo a inclinação do modelo para seu lado esquerdo e realizando novo traçado, verifica-se que, na face vestibular, o traçado inicialmente oclusal passa a ser cervical, e que na face lingual/palatina, o traçado assume posição próxima à oclusal. Então, o traçado do equador protético é resultante da inclinação assumida pelo modelo na mesa porta-modelos. Modelo girando em torno da ponta de cera/grafite ➔ OBJETIVO FINAL DO DELINEAMENTO – se para cada inclinação for feito um traçado no modelo, teremos vários equadores definidos o que será difícil identificar o equador que será efetivamente utilizado. Por isso, o equador protético é a última etapa do delineamento, depois do registro. A extremidade da porta cera/grafite deve estar sempre posicionada ao nível da cervical, ou abaixo, enquanto se contorna o dente analisado. TRAJETÓRIA DE INSERÇÃO/REMOÇÃO Definido pela inclinação do modelo e representado pela haste vertical do delineador. Trajetória a ser seguida pela prótese desde seu primeiro contato com o sistema de suporte até o assentamento final. Conclui-se, portanto, que o objetivo do processo de delineamento é a definição da trajetória de inserção/remoção para o caso analisado e, por consequência, a obtenção do traçado do equador protético. Representa também a facilidade que o paciente terá para inserir e remover a prótese na boca. Métodos de determinação da Trajetória de Inserção/remoção da PPR Método de Roach (bissetrizes) – 3 pontos (só para definir o plano oclusal) → Plano oclusal Método da conveniência – Applegate – associado ao método de Roach para ter um conjunto melhor de informações. PLANO OCLUSAL 3 pontos em cada arcada - Pontos em planos protéticos A ponta, mantida na mesma altura, toca os 3 pontos determinados: Arco superior: 1 ponto anterior na intersecção o terços incisal e médio dos incisivos centrais e 2 pontos nas cúspides mésio-vestibular dos molares em cada lado. Arco inferior: 1 ponto anterior toca na borda incisal dos incisivos centrais inferiores e 2 pontos tocam nas cúspides médio-vestibular dos molares de cada lado. Marcar os pontos no modelo com lapiseira. Obs: se houver um molar extruído, ou muito inclinado, não serve como base para definição do plano oclusal Caso haja a falta de dentes para a determinação dos pontos, esta pode ser feita com base em planos de cera, determinando pontos virtuais que representam o plano protético para a arcada em questão. A orientação deste plano oclusal perpendicular à haste do delineador é obtida quando a ponta analisadora, numa mesma altura, toca os 3 pontos escolhidos, e é feita por tentativa e erro. Trajetória de inserção de inclinação 0 → trajetória de inserção perpendicular ao plano oclusal, ou de inclinação 0 em relação ao plano oclusal. SEMPRE é começado com essa trajetória. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA TRAJETÓRIA DE INSERÇÃO/REMOÇÃO DA PPR Método das bissetrizes (Roth) Olhar o modelo dos lados, marcar todas as inclinações dos dentes pilares e encontrar a bissetriz. Depois, olhar o modelo por trás, encontrar as inclinações e marcar a bissetriz. Uma fornece a inclinação antero-posterior e a outra a inclinação lateral do modelo. Dentes com inclinações muitodivergentes, a bissetriz pode não ser uma média boa das outras inclinações. Nesse caso a estética é um problema, porque se existir um traçado de equador muito próximo da incisal dos dentes, a quantidade de retenção vai estar sempre mais próxima ao equador protético e o grampo estará visível. Para tentar resolver o problema da estética, o grampo precisa ser colocado na cervical, principalmente na arcada inferior porque a própria projeção do lábio esconde o grampo. O problema é que o grampo segue uma trajetória retilínea até chegar em sua base, ou o grampo não consegue de encaixar até embaixo ou vai sofre uma flexão muito grande. Grande flexão no braço de grampo: força lateral grande no dente. Pode fraturar e deformar plasticamente e perde a capacidade retentiva. Além de ser muito prejudicial ao periodonto, causando luxação no dente e perda do pilar. Se esse caso acontecer, estamos diante de uma situação de INTERFERÊNCIA a colocação da prótese. Retenção excessiva ou obstáculo a entrada da prótese. Se a inclinação do modelo for alterada, portanto, a trajetória de inserção, encontraríamos uma melhor posição para encaixar o grampo na cervical, fazendo com que quando segue a trajetória de inserção, a flexão que ele irá fazer não seja tão exagerada, ou seja, não haverá risco para a escultura metálica nem para o dente pilar, que serão preservados porque a força exercida vai ser muito pequena dentro dos limites. Esse método funciona porque quando a gente pensa na função da prótese, qualquer alimento que tenha a capacidade de aderir na prótese e tender a puxá-la para fora, realiza força perpendicular ao plano oclusal. Portanto: Durante a função mastigatória caso algum alimento fique aderido à prótese haverá o tracionamento da mesma no sentido de removê-la da posição de assentamento, sempre em sentido perpendicular ao plano oclusal. Toda prótese tem a tendência de deslocamento, é preciso impedir que aconteça. COMO? Quando há retenção para trajetória de inclinação 0. Retenção além da necessária. Trajetória Potencial de Deslocamento (TPD) Trajetória pela qual a prótese é tracionada sempre que, em função, existe a tendência ao deslocamento por adesão de alimentos, e que sempre é perpendicular ao plano oclusal. Trajetória de inclinação 0 – se para esta trajetória há retenção suficiente, então o funcionamento da PPR está favorecido → trajetória inicial de delineamento. RETENÇÃO – característica da PPR que lhe confere a capacidade de resistir ao deslocamento vertical no sentido de sua remoção do sistema de suporte. ESTABILIDADE – característica da PPR que lhe confere a capacidade de resistir aos deslocamentos horizontais ou verticais (sentido ocluso-gengival), e que contribui para a retenção por manter o correto posicionamento dos grampos sobre os dentes pilares. A estabilidade é adquirida por meio de contatos de partes rígidas das estruturas com os dentes do paciente: conectores menores, apoios, parte inicial dos grampos circunferencial que são rígidas, braço de reciprocidade, parte do conector maior... qualquer componente rígido da estrutura metálica. Quando o braço de reciprocidade perde o contato do dente antes do braço de retenção, não há reciprocidade efetiva nenhuma, pois o braço de retenção flexiona e empurra o dente, causando trauma no ligamento periodontal e seu movimento. Quando é realizado preparos para planificar a face do braço de reciprocidade e deixa-lo em uma posição mais baixa, o braço de retenção sai do equador protético e o braço de reciprocidade continua em contato com a face oposta do dente, cumprindo com a função de escorar o dente contra a força do braço de retenção, durante a inserção/remoção. Reciprocidade efetiva, protege o dente pilar e evita que ocorra consequência ao dente. ➔Planos Guia de inserção e remoção. PLANOS GUIA Paredes axiais dos dentes pilares, paralelas entre si e com trajetória de inserção definida para a PPR. Faces proximais: mesial e distal livres Faces linguais ou palatinas → A intenção é impedir que a prótese para entrar em posição tenha movimentos oscilatórios. O paciente acaba tendo que morder para entrar em posição, correndo risco de fraturar a prótese. → Planos guia também proporcionada melhor trajetória de inserção/remoção da prótese, é mais seguro, tranquilo e a condição de estabilidade é melhor. Planos guia = entre 2 a 4mm de extensão Procurando plano guia: face plana da faquinha do delineador em contato com a face do dente. Se a face estiver convexa, não existe plano guia e deve ser desgastado. Os desgastes são ao nível do esmalte, planejados no laboratório, feito no modelo e depois cria GUIA DE TRANSFERÊNCIA para levar a boca do paciente e reproduzir o mesmo desgaste no dente Contato muito próximo da cervical também não é adequado, porque fica muito próximo da papila causando problema periodontal. CUIDADO: em esmalte não pode haver formação de degrau → risco de cárie!! RETENÇÃO Localização Calibragem – sempre deve haver contato da parte lateral da haste do calibrador e do disco calibrador com a coroa. Liga de Co-Cr → P e M Titânio ou liga de Ti → P (0,25), M (0,50) e G (0,75) – G é prejudicial para os dentes do paciente e deve ser utilizada com cuidado. ➔ Calibrador em posição ideal. ➔ Calibragem não ideal. Se aumentar a retenção, nunca passará da retenção média, sendo preferencial a retenção P. Pelos menores 1 mm acima da margem gengival livre Ângulo de retenção ou ângulo de convergência Quanto maior o ângulo em que a retenção é encontrada mais efetiva a mesma se torna, pois entra mais rápido na área retentiva, com muito menos exigência de flexão do grampo. Melhora o quadro de retenção. Quando não há retenção no dente, cria-se essa área, com restauração de resina composta, incrementado com abaulamento de resina, formando ângulo de retenção. Distância de ação do grampo: primeiro contato do grampo no dente até sua posição final Quando maior a distância de ação, mais fácil remover o grampo do lugar, especialmente para o braço de retenção. Quando realiza o plano guia, permite que a distância do braço de reciprocidade pode ser maior ou igual ao braço de retenção, favorece o funcionamento do braço de reciprocidade, pois há apoio do dente durante todo o trajeto do braço de retenção. Distância de reciprocidade ≥ braço de retenção → contato simultâneo É ideal que ambos os braços toquem juntos, mas o braço de reciprocidade pode tocar primeiro pois é um braço rígido e não faz força lateral. INTERFERÊNCIAS Retenção excessiva Obstáculo propriamente dito à inserção da PPR Áreas de tecidos moles – pré maxila reabsorvida, dente muito inclinado, vertente lingual da mandíbula, vestibular do rebordo os pré-molares, tórus palatino e mandibular TPD TI ≠ TPD → mudando a trajetória de inserção, elimina a interferência, garante a entrada da prótese na área retentiva de maneira adequada, e quando a prótese estiver em função, na trajetória potencial de deslocamento, uma retenção adicional na área de tecido mole. TRAJETÓRIA DE INSERÇÃO Fatores determinantes em ordem de importância: Planos guias – trajetória única, reciprocidade mais efetiva, melhor estabilidade. Nem todos os casos terão plano guia. Retenção – essencial, PPR não pode ficar sem Ausência de interferências – identificar e evitar que aconteçam Estética – é importante, mas nem sempre a PPR fica perfeitamente estética Métodos de determinação da Trajetória de Inserção-Remoção da PPR → Método de Roach → plano oclusal – sempre começar por esse método, depois junta com método da conveniência → Método da conveniência – dá os 4 fatores da trajetória ideal. Planos guia, retenção, ausência de interferênciae estética → trajetória de inserção → desenho da PPR Trajetória de inserção Inicial ou de diagnóstico – trajetória perpendicular ao plano oclusal, para começar Definitiva – pode mudar a trajetória inicial ou não mudar. Trajetória de inserção ideal Mínima interferência Máxima estabilidade ➔ Reduzir ao mínimo indispensável as intervenções a serem realizadas sobre o sistema de suporte. Registro Pino rígido cimentado ao modelo, fora da área de desenho da estrutura metálica Reposicionamento do modelo no delineador para reanálise: com o modelo na mesa porta-modelos, totalmente solta, prende-se o pino de registro no mandril da haste vertical; ao apertar o mandril a mesa se reorienta; travada, a mesa reposiciona o modelo na inclinação determinada. Resumidamente o processo de delineamento pode ser assim descrito 1. Determinação do plano oclusal do modelo (3 pontos); 2. Poosicionamento do modelo de estudo com o plano oclusal perpendicular à haste vertical do delineador → trajetória de inserção inicial ou de inclinação zero; 3. Identificação de paredes dentais planas, paralelas entre si para esta trajetória de inserção → planos guia. Inclinação do modelo nos sentidos anteroposterior e/ou látero-lateral para localizar o maior número possível de planos guia; 4. Localização e quantificação das áreas de retenção; 5. Verificação da ocorrência de possíveis interferências e da estética; 6. Definição e registro da trajetória de inserção ideal para o caso; 7. Obtenção do traçado do equador protético. Inclinar o modelo de estudo para criar retenção ou equilibrar a distribuição de áreas retentivas é a solução viável para os casos de PPR? Sim, mas é indispensável a presença de planos guia naturais ou de faces dentais que possam ser preparadas como planos guia. Se não houver a presença de planos guia, naturais ou preparados, que vão garantir a trajetória de inserção/remoção única, não e é um erro comum, por levar em conta apenas a retenção. Se garatir que a trajetória de inserção/remoção vai ser diferente da trajetória potencial de deslocamento, a retenção funciona. Se as duas são coincidentes e não havia retenção de um lado, a chance da protese ficar solta vai acontecer. Não é o braço de retenção que retém a protese em função, na prática, é a parte rígida em contato com o plano guia. Todo plano guia feito ou natural tem que ter metal em contato se não, não é plano guia. Parte rígida precisa estar na parede do plano guia.
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